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1.

MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

A modificação de competência, também conhecida como prorrogação de competência, ocorre


quando o âmbito de competência de um juiz ou tribunal é maximizado, possibilitando que
aprecie e julgue processos para os quais, em regra, não seria a autoridade judiciária
competente. Cabe esclarecer, no entanto, que a legislação brasileira admite, apenas, que a
competência relativa sofra modificação.

Sobre o tema, é de suma importância a compreensão do princípio da perpetuatio jurisdicionis,


cuja guarida encontra-se no artigo 43 do Código de Processo Civil, cuja redação dispõe que
“determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial,
sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente,
salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta”.

Tal norma consagra a estabilização da competência, após a sua fixação. Desse modo, via de
regra, quando um processo é distribuído para determinado juízo, ele deverá para sempre
tramitar neste mesmo juízo, até o fim de seu julgamento. Porém, o dispositivo em comento
prevê exceções ao princípio da perpetuação da jurisdição, ou seja, hipóteses fáticas que
permitem a modificação da competência.

A primeira hipótese é aquela que se caracteriza quando um órgão judiciário é suprimido, ou


seja, quando ele deixa de existir, por exemplo, em virtude de alguma alteração na lei de
organização judiciária do Tribunal de Justiça de determinado Estado.

A segunda hipótese decorre da alteração da competência absoluta, quando, por exemplo, são
instituídas, em uma comarca, varas que sejam especializadas em determinada matéria, o que
acarretará a concentração dos processos que versem sobre tal matéria na nova vara que foi
criada.

Cabe salientar, ainda, que o artigo 54 do Código de Processo Civil estatui que “a competência
relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta
Seção”.

Tanto a conexão como a continência têm em comum a identidade parcial dos elementos da
ação. Caso haja, todavia, em duas ou mais ações, identidade total de elementos da ação, ou
seja, a mesma causa de pedir, o mesmo pedido e as mesmas partes, restará caracterizada a
litispendência, cuja consequência é a extinção do processo sem resolução de mérito dos
processos que forem litispendentes.

Por outro lado, havendo identidade parcial dos elementos processuais, os processos que
tiverem alguns desses elementos em comum entre si serão reunidos, com o objetivo de
possibilitar que seja proferida uma decisão uniforme para esses processos.

Nesse sentido, a conexão acontece quando forem comuns, entre duas ou mais ações, a causa
de pedir ou o pedido. É o que prevê o artigo 55 do Código de Processo Civil, transcrito a seguir:

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir.

§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já
houver sido sentenciado.

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§ 2º Aplica-se o disposto no caput:

I - a execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;

II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.

§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação
de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão
entre eles.

Note que o parágrafo terceiro permite que haja a reunião de processos, mesmo que não sejam
conexos entre si, ou seja, ainda que não tenham em comum o pedido ou a causa de pedir,
bastando que busquem evitar que decisões judiciais contraditórias ou conflitantes sejam
proferidas.

Noutro eito, a continência ocorre quando existe identidade entre a causa de pedir e as partes.
No entanto, o pedido de uma das ações é mais amplo que o das demais e, por isso, essas ações
serão reunidas para que sejam julgadas conjuntamente. Acerca do tema, vale a transcrição dos
artigos 56 e 57 do Código de Processo Civil:

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às
partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no
processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso
contrário, as ações serão necessariamente reunidas.

Os artigos 58 e 59 do Código de Processo Civil regulamentam a fixação da competência judicial


para o julgamento de ações contigentes ou conexas, ao disporem que caberá ao juízo prevento
apreciá-las. Em outras palavras, compete ao juiz que tiver atuado primeiramente no processo:

Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão
decididas simultaneamente.

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Não é apenas o Código de Processo Civil que contém previsões de modificação de


competência, pois a Constituição Federal, em seu artigo 109, § 5º, consagra o incidente de
deslocamento de competência, prevendo que “nas hipóteses de grave violação de direitos
humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja
parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.

Convém ressaltar que é também possível a modificação da competência a partir da adoção do


foro de eleição, cuja previsão encontra-se no artigo 63 do Código de Processo Civil, adiante
transcrito:

Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo
foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.

§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir


expressamente a determinado negócio jurídico.

§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.

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§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de
ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.

§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação,


sob pena de preclusão.

Outra regra digna de nota é aquela contida no artigo 60 do Código de Processo Civil, que
estabelece que, “se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou
subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a
totalidade do imóvel”. Em outras palavras, prevalecerá, em casos dessa natureza, a regra da
prevenção, isto é, o juízo competente será determinado a partir do momento em que houver a
distribuição ou o registro da petição inicial.

Para encerrar o presente tópico, cabe frisar que o juízo competente para apreciar a ação
acessória é o mesmo que for competente para o julgamento da ação principal, nos termos do
artigo 61 do Código de Processo Civil:

Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal.

2. DERROGRAÇÃO

A ação de derrogar consiste em deixar sem efeito algo que estava previsto ou determinado. A
derrogação, por conseguinte, consiste na revogação, supressão ou no cancelamento de uma
norma, uma regra ou um hábito.

Exemplos: “O governo anunciou a derrogação da medida que impedia comercializar matérias-


primas com o país vizinho”, “O nosso partido comprometeu-se a trabalhar por derrogação da
Lei 3.258”, “Confirmando-se a derrogação da norma, centenas de empresas podem instalar-se
na zona que atualmente se encontra vedada”.

Derrogação tácita e expressa

É possível distinguir duas classes de derrogações. As derrogações tácitas têm lugar quando
uma nova norma deixa sem efeito aquelas que a precediam e que ordenam o oposto à norma
promulgada. As derrogações expressas, no que lhes diz respeito, mencionam diretamente que
norma é anulada.

Na revogação expressa, se caracterizam como objetos os textos legais, enquanto na revogação


tácita o objeto é uma norma jurídica.

A revogação tácita acontece sempre que normas subsequentes no tempo se encontram em


contradição umas com as outras. E há o emprego do que é conhecido como critério
cronológico, a fim de solucionar essa questão.

Derrogação de lei

A derrogação de lei é quando uma lei acaba atuando para a revogação de outra lei, qual é
subsequente, mas com essa fazendo com que a vigência da lei seja cessada em parte. Isso é
um conceito comum em Portugal, sendo que para se ter conhecimento se uma lei é
subsequente a outra é necessário analisar a data da publicação no chamado de Diário da

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República (jornal oficial da República Portuguesa), desse modo, não se deve analisar a data
que ela entrou em vigor.

Derrogação e ab-rogação

Quando se trata do meio jurídico e legal, tanto normas quantos leis encontram-se sempre
sendo adaptadas para atenderem as necessidades dos diais atuais e estarem de acordo com o
que é hábito na sociedade qual fazem a regulamentação. Posto isso, as normas do direito não
estão salvas de sumirem conforme o tempo passa.

E ao ato de deixar uma norma sem efeito é dado o nome de revogar, quando então é eliminada
a obrigatoriedade. Mas para que isso aconteça, a lei que atua nessa revogação deve ter uma
hierarquia igual a dessa.

Quando acontece uma revogação total, a ela é dada o nome de ab-rogação, já a revogação
parcial leva o nome de derrogação.

Assim, derrogação se trata da revogação em parte de uma lei em virtude de se publicar uma
nova lei, com a outra parte ainda vigorando. Mas a nova lei que derroga a anterior deve
declarar abertamente a revogação de certos dispositivos, além do que, essa outra parte pode
ser extinta ao se publicar uma lei nova que trate da mesma matéria, mas de maneira distinta.

Há quem tenha o hábito de usar esses dois termos erroneamente como sinônimos. Mas aqui é
importante esclarecer que derrogação é um conceito distinto de ab-rogação, sendo esse último
a revogação completa de uma lei.

Inclusive, um caso de derrogação foi no Código Civil de 2002 no Brasil, em comparação com o
Código Comercial de 1850, qual esse de 2022 acabou por fazer a derrogação, já que teria
afetado apenas a primeira parte do mesmo.

3. PRORROGAÇÃO

O que é a prorrogação?

A prorrogação é um termo utilizado em diversas áreas, como direito, esportes e administração,


para se referir ao ato de estender o prazo de uma determinada atividade, contrato ou
competição. Trata-se de uma medida que permite prolongar o tempo estabelecido
inicialmente, seja por motivos de necessidade, conveniência ou estratégia.

Prorrogação no direito

No âmbito jurídico, a prorrogação é um recurso utilizado para estender o prazo de


cumprimento de uma obrigação ou para prolongar a validade de um contrato. Essa medida
pode ser solicitada por uma das partes envolvidas ou ser determinada por um juiz,
dependendo do caso. A prorrogação pode ser concedida em situações em que há dificuldades
para cumprir o prazo estabelecido inicialmente, como atrasos, imprevistos ou necessidade de
mais tempo para a realização de determinada atividade.

Prorrogação de prazos

A prorrogação de prazos é uma medida utilizada para estender o tempo estabelecido para a
realização de determinada atividade, tarefa ou entrega de um projeto. Essa prática é comum
em diversas áreas, como construção civil, desenvolvimento de software, produção industrial,

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entre outras. A prorrogação de prazos pode ser solicitada por uma das partes envolvidas ou ser
determinada pela autoridade responsável, mediante análise dos motivos e justificativas
apresentadas.

Prorrogação de prazos processuais

A prorrogação de prazos processuais é uma medida adotada no âmbito jurídico, quando há


necessidade de estender o prazo para a prática de determinados atos processuais, como
apresentação de contestação, produção de provas ou interposição de recursos. Essa medida
pode ser solicitada por uma das partes envolvidas ou ser determinada pelo juiz, mediante
análise dos motivos e justificativas apresentadas. A prorrogação de prazos processuais visa
garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório, assegurando que todas as partes tenham
tempo suficiente para exercerem seus direitos.

4. CONEXÃO

Na definição trazida por Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2020, p. 142), a conexão é um
mecanismo processual que permite a reunião de ações em curso, para que tenham julgamento
conjunto. Trata-se de um instituto que pressupõe a existência de demandas distintas, mas que
possuem certo vínculo entre si.

A definição legal é trazida pelo art. 55, caput, do Código de Processo Civil:

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir.

Da sua leitura, extrai-se que o requisito básico da conexão é a identidade de pedido ou causa
de pedir. Não se exige, ao mesmo neste momento, que as partes sejam comuns.

Todavia, ainda segundo Gonçalves (2020, p. 142), o operador do direito precisa ter especial
cuidado para não desvirtuar o instituto. Em seu raciocínio, nem sempre este critério será
suficiente, sendo necessário conjugá-lo com outro, finalístico, que visa evitar decisões
conflitantes e favorecer a economia processual. Ora, se a conexão não for proveitosa, seja
porque os processos estão em fases muito distintas, seja por inexistir risco de sentenças
contraditórias, não haverá motivo para reunir as causas.

De mais a mais, também não há motivo para a reunião das ações caso uma destas já houver
sido julgada, conforme dicção do parágrafo 1º do art. 55, CPC. Nota-se que este dispositivo
positivou a Súmula 235 do Superior Tribunal de Justiça, que há muito havia firmado
entendimento sobre o tema.

Art. 55, § 1º. Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.

Súmula 235 STJ. A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.

Acrescenta-se que a legislação atual determina a reunião dos processos tanto nas ações
conexas de conhecimento ou de execução de título extrajudicial relativas ao mesmo fato
jurídico, como nas execuções fundadas no mesmo título executivo (art. 55, § 2º, CPC). Por

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outro lado, por interpretação sistemática, se mostra incabível caso uma das demandas estiver
vinculada a uma hipótese de competência absoluta.

Apesar da previsão legal ser clara o bastante para solucionar a maioria dos problemas relativos
à conexão, é preciso pontuar que a doutrina diverge quanto à obrigatoriedade da reunião de
processos. Juristas como Fredie Didier, Cássio Scarpinella Bueno e Leonardo Carneiro da Cunha
entendem se tratar de regra processual cogente, que torna imperativa a reunião dos processos
pelo juiz quando preenchidos os requisitos (DIDIER JÚNIOR, 2017, p. 259). Outros, como
Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2020, p. 145), visualizam que existe uma margem de avaliação
disponível ao magistrado para que, no caso concreto, avalie se a reunião será economicamente
proveitosa.

Consigna-se que o Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar o então vigente art. 105 do Código
de Processo Civil de 1973, firmou o entendimento de que a reunião dos processos por conexão
configura faculdade atribuída ao julgador [1]. Neste cenário, compete ao magistrado avaliar a
intensidade da conexão e o grau de risco da ocorrência de decisões contraditórias. O Tribunal
Superior, todavia, ainda não se manifestou expressamente sobre a previsão constante na
legislação em vigor.

Não há dúvida, contudo, quanto à possibilidade da conexão ser reconhecida de ofício e a


qualquer tempo, por se tratar de ordem pública. Seja ela alegada por alguma das partes ou
visualizada a necessidade pelo magistrado, a reunião das ações será sempre no juízo prevento,
que será aferido com base na regra do art. 59, CPC:

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Por seu turno, se o autor já souber da existência de causa apta a ensejar a conexão dos
processos quando do ajuizamento da demanda, deverá atentar ao art. 286, I, CPC, que impõe
a distribuição por dependência. O mesmo dispositivo é aplicável à continência, que será
abordada na sequência.

Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:

I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;

Por fim, cumpre ressaltar ainda a hipótese mais flexível trazida pelo art. 55, § 3º, CPC, que
impõe a reunião de processos para julgamento conjunto, ainda que sem conexão entre eles,
quando houver risco de prolação de decisões conflitantes. Consoante os ensinamentos de
Fredie Didier (2017, p. 261):

A conexão, neste caso, decorrerá do vínculo que se estabelece entre as relações jurídicas
litigiosas. Haverá conexão se a mesma relação jurídica estiver sendo examinada em ambos os
processos, ou se diversas relações jurídicas, mas entre elas houver um vínculo de
prejudicialidade ou de preliminaridade [...].

O exemplo trazido pelo autor supracitado é a existência simultânea de ação de despejo por
falta de pagamento e de ação de consignação em pagamento dos mesmos aluguéis. Apesar dos
pedidos e da causa de pedir serem diversos, ambos os processos discutem a mesma relação
jurídica locatícia, devendo ser reunidos por economia processual e para evitar decisões
conflitantes.

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5. CONTINÊNCIA

A continência, tal como a conexão, é uma forma de modificação da competência. A relação


existente entre as demandas, no entanto, é diversa, configurando-se quando existir identidade
de partes e de causa de pedir, e o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
Nesse sentido, o art. 56 do CPC:

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às
partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

Duas ponderações são necessárias aqui. A primeira diz respeito à exigência de não apenas um
elemento comum, como ocorria na conexão, mas sim dois (partes e causa de pedir), o que
demonstra a existência de risco ainda maior caso os processos tramitem em separado. A
segunda, por seu turno, se refere à própria natureza do instituto, que pode ser compreendido
como uma espécie de conexão. Nas palavras de Fredie Didier (2017, p. 261):

O conceito de continência, curiosamente, está contido no conceito de conexão, previsto


no caput do art. 55 do CPC, pois para que haja continência é necessária a identidade de causa
de pedir, e se isso ocorre já o caso de conexão; a continência é exemplo de conexão.

Consigna-se que a reunião dos processos, no caso da continência, somente ocorrerá se a ação
continente (a mais ampla) for proposta após a ação contida (a mais restrita). Isto se deve ao
fato de que não haverá utilidade no ajuizamento da ação contida quando outra mais
abrangente estiver em curso, pois um ou mais de seus pedidos nesta estarão incluídos.

Por outro lado, se em uma demanda há três pedidos e a ação posterior, dita contida, repete um
ou dois deles, não se está lidando em verdade com uma situação de continência, mas sim
de litispendência parcial. Em outros termos, aquilo que se pede já está incluído na pretensão
deduzida em processo anterior, situação que enseja a extinção sem resolução do mérito. O
art. 57 do CPC resume este raciocínio:

Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no
processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso
contrário, as ações serão necessariamente reunidas.

Como exemplo de continência, elenca-se a hipótese na qual determinado indivíduo pugna pela
anulação integral de um contrato em um processo, tendo anteriormente pedido a anulação de
apenas uma de suas cláusulas. No caso descrito, a pretensão que questiona o negócio jurídico
como um todo é mais ampla, e exige, portanto, a reunião das ações.

Lembra-se que as demais regras aplicáveis à conexão também são cabíveis para a continência,
como é o caso da reunião no juízo prevento. Além disto, como o liame advindo da continência
é ainda maior que o existente na conexão, não existe dúvida quanto é necessidade de
apreciação conjunta, que será obrigatória.

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