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Direito Processual Civil IV

(conforme o Novo CPC)


Professor: Marcio Pessoa
Aula 5:
Unidade III – O Processo nos Tribunais

1. Incidente de Assunção de competência


1.1 Conceito
1.2 Características e Pressupostos
1.3 Procedimento e efeitos
2. Incidente de arguição de inconstitucionalidade
2.1 Conceito
2.2 Principais características
Incidente de Assunção de competência

Conceito: É um incidente processual que tem


como objetivo incitar/estimular que o órgão
colegiado maior assuma o julgamento de
determinadas causas que seriam inicialmente
do órgão fracionário menor pertencente ao
mesmo Tribunal.

Objetivo: Prevenir a divergência jurisprudencial


entre órgãos internos do mesmo Tribunal sobre
causas socialmente relevantes (está em
harmonia com o espírito do NPC)

Previsão Legal: art. 947 do NCPC


- O CPC/73 já tratava do assunto, porém o
NCPC dispensou mais cuidado ao instituto

- É um procedimento muito conhecido nos


Tribunais Superiores (STF e STJ), agora
expandido para os outros Tribunais

Objeto: matéria discutida em julgamento de


“i” recurso; “ii” de remessa necessária ou
“iii” de processo de competência originária;
envolvendo relevante questão de direito,
revestida de repercussão social, ou a respeito
seja conveniente a prevenção da divergência
Legitimados:

“i” ex-officio: relator


“ii” a requerimento: da parte, do Ministério
Público; da Defensoria Pública (art. 947, §1º)

- Trata-se de um deslocamento interno de


competência, para que o órgão colegiado
especial, com quórum representativo, julgue
o feito com força vinculantes a todos os
juízes e órgãos fracionários a ele ligados.
-Tem objetivo similar ao do IRDR, porém com
três diferenças básicas:

“i” a assunção tem caráter preventivo, ou


seja, quando ainda não se instalou a
pluralidade de entendimentos;

“ii” não exige a repetição de múltiplos


processos

OBS: em tese, a assunção de competência


não se presta a resolver o problema das
demandas repetitivas
E. nº 334 FPPC: Por força da expressão “sem
repetição em múltiplos processos”, não cabe
o incidente de assunção de competência
quando couber julgamento de casos
repetitivos.

“iii” não há cisão de competência, ou seja,


julga-se o caso todo.

- Possui afinidade procedimental com a


arguição de inconstitucionalidade, pois
remete o julgamento da matéria ao órgão
superior, que incialmente competente para
decidir
Pressupostos

“i” processo com julgamento em curso


(aqueles com resultado proclamado não pode
ser afetado)

“ii” a divergência não pode ser entre juízes e


Tribunais diversos, mas sim entre órgãos do
mesmo Tribunal

“iii” ocorre sobre questão que não se repete


ainda em múltiplos processos
Fases do Procedimento:

- Primeiramente, ao relator (ex-officio ou a


requerimento) caberá decidir sobre o cabimento
ou conveniência da submissão da causa ao
julgamento ao órgão colegiado (art. 947 §1º)

- Uma vez admitido, os autos serão remetidos


àquele órgão maior a quem caberá a decisão
sobre a ocorrência ou não do interesse na
assunção de competência
 Se negada, os autos retornam para o órgão
fracionário
 Se aceita, o órgão colegiado julgará o caso.
(art. 947§2º)
OBS: Repita-se: não há cisão de competência
(como havia no CPC/73 e no atual IRDR).

Efeitos:

- Vinculantes, em relação a todos os juízes e


órgãos fracionários, exceto se houver revisão
de tese (§3º do art. 947)]

- Cabe Reclamação para garantir a


observância da decisão do incidente

E. nº 334 FPPC: O incidente de assunção de


competência aplica-se ao processo do
trabalho.
Incidente de Arguição de
Inconstitucionalidade
- Já existia no CPC/73.
Controle de constitucionalidade no
Brasil:

Difuso/Concentrado
Indireto/Direto
Concreto/Abstrato
Incidental/Principal

Difuso/Indireto/Concreto/Incidental: É quando
Poder Judiciário, ao decidir alguma causa de
sua competência, tenho que apreciar, como
preliminar, a questão de constitucionalidade
Concentrado/Direto/Abstrato/Principal:

Competência do STF e dos TJ’s estaduais

- Refere-se a lei em tese


- A inconstitucionalidade é o pedido principal
- Ao STF compete julgar Leis ou ato
normativos federais em face da CF/88 (art.
102, I, “a”).
- Aos TJ’s compete julgar Leis e atos
normativos estaduais e municipais em face
da CE.
- Será instrumentalizada através de ações
diretas: ADI, ADC, etc.
A declaração de inconstitucionalidade no
controle incidental (difuso)

- Aqui, a declaração de inconstitucionalidade


será realizada por juiz singular ou por qualquer
Tribunal.

- Quando realizada pelos Tribunais, o art. 97


CF/88 exige que a decisão seja pronunciada
pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do órgão especial
(RESERVA DE PLENÁRIO)

- Tem que ser convocada especificamente para


essa finalidade (ainda que o julgamento já corra
no pleno)
Súmula Vinculante nº 10: Viola a cláusula de
reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão
de órgão fracionário de Tribunal que, embora
não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
do poder público, afasta sua incidência, no
todo ou em parte.

OBS: Somente será dispensada a remessa ao


Pleno ou órgão especial quando já houver “i”
pronunciamento destes ou do Pleno do STF
sobre a questão (art. 949, par. único)

- Em Tribunais numerosos, o art. 93, XI da


CF/88 permite a criação de órgãos especiais.
- Neste incidente, há cisão de competência,
pois o pleno ou órgão especial julgará apenas a
alegação de inconstitucionalidade, enquanto
que o processo fica suspenso no juízo
originário (em analogia ao art. 982, I)

- Se o processo principal correr perante o


pleno, não haverá suspensão, pois o incidente
será julgado na mesma sessão (desde que
cumpridas as formalidades do art. 948 a 950)

Objeto: Lei ou ato normativo do poder público.


Atinge: L.Ord., L.Comp., E.C, as CEs, L. Del.,
Dec. Lei, Dec. Leg., Resolução, Decreto, etc.
(art. 948 do NCPC)
Iniciativa: as partes (inclusive assistentes),
ao Ministério Público (parte ou fiscal), ex-
officio pelo Relator ou por outros juízes do
órgão do Tribunal encarregado de julgar a
causa principal

Momento: Qualquer processo sujeito a


julgamento pelos tribunais. Não há preclusão
da possibilidade de provocar a apreciação da
inconstitucionalidade (na petição inicial, na
contestação, nas razões recursais, petição
avulsa ou mesmo na sessão de julgamento).
OBS: Tanto as partes quanto o MP terão que
ser ouvidos antes da decisão (art. 948)
Competência para apreciar o cabimento do
incidente:

- A arguição é feita perante o órgão do Tribunal


encarregado do julgamento do processo (turma
ou câmara)

- Esse órgão não tem competência para


declarar a inconstitucionalidade, mas pode
perfeitamente reconhecer a
constitucionalidade da norma impugnada
(irrelevância das alegações dos interessados)
por decisão irrecorrível (art. 949, I),

- Se o órgão aceitar, a questão será submetida


ao pleno ou órgão especial (art. 949, II)
Julgamento da arguição:

- Compete ao Pleno ou órgão especial julgar a


prejudicial de inconstitucionalidade da lei ou
ato normativo

-É um julgamento de direito, logo, não há


devolução da matéria de fato ou questões
outras que não a impugnada

-O Tribunal não fica adstrito aos fundamentos


trazidos pelas partes (causa petendi)

-Os votos para atingir a maioria absoluta hão


de ser homogêneos
-Se atingir a maioria simples, a
inconstitucionalidade será rejeitada

-A decisão do plenário ou do órgão


equivalente em relação a tese é irrecorrível.
O que se recorre é da decisão do órgão
menor.
Súmula 513 STF: A decisão que enseja a
interposição de recurso ordinário ou
extraordinário não é a do plenário, que resolve o
incidente de inconstitucionalidade, mas a do
órgão (Câmaras, Grupos ou Turmas) que
completa o julgamento do feito.
- O órgão do Tribunal encarregado da decisão
do caso concreto fica vinculado ao
entendimento fixado pelo pleno ou órgão
especial (é uma premissa inafastável)

-O relator pode admitir a presença de terceiros


estranhos ao processo (amicus curiae) para
opinar (art. 950 §3º).

- Nesse caso, o amicus curiae não poderá


formular pedido, tampouco alterar o objeto da
causa ou do recurso.

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