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Natureza jurídica
A natureza jurídica do IRDR é de incidente processual. Não tem natureza de recurso, pois falta a
taxatividade. Ademais, o Tribunal pode julgar apenas a tese jurídica, não está julgando em concreto o
processo, mas sim os juízes competentes. Diferentemente dos recursos, que julga-se a causa em
concreto. Alem disso, também não possui natureza de ação, pois pressupõe a existência de ações
sobre uma mesma matéria. Assim, não se trata de ação coletiva.
Cabimento
Requisitos para que um IRDR seja admitido (artigo 976, incisos I e II e § 4º do NCPC) são os seguintes:
a) Repetição efetiva de processos que possuem controvérsia sobre questão unicamente de direito.
b) Risco de ofensa à isonomia e à segurança.
c) Ausência de afetação de recurso repetitivo em tribunal superior.
Observações:
● Os requisitos do IRDR são requisitos cumulativos;
● A questão pode dizer respeito a direito material ou processual; a direito local ou nacional
ou, ainda, a direito constitucional ou infraconstitucional.
● Não há um número mínimo de causas, mas pressupõe uma quantidade de processos
que colocam em risco a isonomia e a segurança.
● OBS: O FPPC 87 diz que “a instauração do IRDR não pressupõe a existência de grande
quantidade de processos versando sobre a mesma questão, mas preponderantemente o risco
de quebra da isonomia e ofensa a segurança jurídica.
● A questão pode se originar de um processo que tramita em primeira ou em segunda
instância. Assim, ressalta-se que não há necessidade de ter um processo em segunda Instância
para haver a possibilidade do IRDR.
● OBS: De acordo com o ENFAM 22, a instauração do IRDR não pressupõe a existência
de processo pendente no respectivo tribunal.
● Não há possibilidade da instauração do incidente preventivo. Assim, o IRDR nunca é
preventivo. É preciso que já existam processos repetitivos (EFETIVA REPETIÇÃO).
● O incidente pode ser suscitado mais de uma vez. Se for inadmitido, pode ser suscitado
novamente, desde que preenchido o requisito faltante.
● O mérito do incidente será apreciado mesmo que haja desistência ou abandono do
processo que o originou.
Legitimidade
O IRDR pode ser suscitado pelos seguintes legitimados:
a) Juiz ou Relator;
b) Partes;
c) Ministério Público;
d) Defensoria Pública.
Observações:
● O juiz e o relator podem suscitar inclusive de ofício;
● O Presidente do Tribunal, o Presidente do colegiado e os demais integrantes do
colegiado NÃO podem suscitar o incidente, ou seja, se o processo é no tribunal só o RELATOR
poderá suscitar o IRDR.
● Caso não suscite o incidente, o Ministério Público participará do mesmo como fiscal da
ordem jurídica (Lembrar que no CPC/73 era “fiscal da lei”).
● O membro do Ministério Público assume a titularidade do incidente caso ocorra
desistência ou abandono do processo.
● Embora não esteja expressamente previsto no Novo CPC, cumpre salientar que a
legitimidade da Defensoria Pública é restrita à defesa dos necessitados ou dos hipossuficientes.
● O juiz e o relator suscitam o incidente por ofício; os demais legitimados, por petição.
Competência
O IRDR será dirigido ao Presidente do Tribunal Local e será julgado pelo órgão indicado no regimento
interno do tribunal, entre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência.
De acordo com o FPPC 343, o IRDR compete ao Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional, ou seja,
tribunal local (necessariamente!).
Ademais, destaca-se que quando o incidente se originar de processo que tramita em primeira instância,
o Tribunal fixará apenas a tese. Quando o incidente se originar de processo que tramita no tribunal, este
fixará a tese e julgará, em concreto, o processo (Ver o artigo. 978, parágrafo único do NCPC).
Procedimento
A) A parte legitimada suscita o incidente perante o Presidente do Tribunal, por ofício ou petição,
instruindo com os documentos necessários.
B) O IRDR será distribuído ao colegiado competente que fará a sua admissibilidade, verificando se
estão presentes os requisitos do IRDR.
C) Admitido o IRDR, o relator determinará a suspensão de todos os processos com a mesma matéria,
individuais ou coletivos, de primeira ou segunda instância, que tramitam no Estado ou Região. A
suspensão terá o prazo máximo de 01 (um) ano. Após esse período, os processos continuarão a correr.
Vale lembrar que há uma possibilidade de extensão do sobrestamento para todo o território nacional,
qual seja: o legitimado pode requerer ao Presidente, do STJ ou STF, a suspensão de todos os
processos em curso no território nacional, que versem sobre a mesma matéria. Neste caso, cessa a
suspensão se não for interposto recurso especial ou recurso extraordinário contra a decisão proferida
no IRDR.
D) O relator ouvirá as partes (do processo originário), o Ministério Público e os demais interessados, no
prazo de 15 dias, podendo deferir a participação do “amicus curiae”, bem como marcar audiência
pública ou requisitar informações.
E) No julgamento do IRDR haverá possibilidade de sustentação oral, sendo que poderão falar: o autor, o
réu, o Ministério Público e demais interessados.
F) O Tribunal fixará a tese jurídica e decidirá, em concreto, o recurso, o reexame ou a ação, se for o
caso (se o processo tramitar no tribunal).
Recursos
Das decisões do IRDR podem caber os seguintes recursos:
a) Embargos de declaração;
b) Recurso especial;
c) Recurso extraordinário.
Observações:
● Só cabe recurso especial ou recurso extraordinário da decisão de méritodo IRDR.
● O recurso especial e o recurso extraordinário da decisão do IRDR terão efeito
suspensivo. Lembre-se: a regra é que eles não possuem efeito suspensivo.
● Os recursos podem ser interpostos pelas partes, pelo Ministério Público, pelo terceiro
prejudicado e pelo “amicus curiae”.
Objetivo
Prevenção contra o RISCO DE DIVERGÊNCIA entre os órgãos internos do tribunal em torno de
questões de repercussão social que ultrapassam o interesse individual Cria-se um PRECEDENTE.
Finalidade
A finalidade é a prevenção ou a composição de divergência, entre órgãos fracionários do tribunal.
Assim, no exemplo acima, se a corte especial julgar irá prevenir a divergência dentro do próprio tribunal.
Requisitos
● a) Existência de recurso, remessa necessária ou processo de competência originária em
tribunal. Não é ENTRE tribunais, mas sim entre Órgãos do mesmo tribunal.
● b) É preciso que exista uma relevante questão de direito a respeito da qual seja
conveniente a prevenção ou a composição da divergência entre órgãos do tribunal.
● c) É necessária grande repercussão social.
● d) É preciso haver a ausência de repetição em múltiplos processos, pois não é
microssistema de casos repetitivos.
Pressupostos
O processo, para justificar o incidente, deverá encontrar-se em estágio de julgamento em curso.
Divergência não pode ser entre posições de juízes e tribunais diversos. Deve ser apenas entre órgãos
do próprio tribunal.
O incidente ocorre sobre questão que não se repete ainda em múltiplos processos
Fases do procedimento
➢ 1ª fase
○ 1 - Recebimento do processo pelo tribunal.
○ 2 - Relator delibera, de ofício ou a requerimento, (juízo cognitivo sobre a presença
dos requisitos do 947 – relevante questão de direito e grande repercussão social )
sobre o cabimento e a conveniência da submissão da causa ao julgamento do
órgão encarregado da uniformização da jurisprudência do tribunal Obs: o relator
deve verificar se em relação a controvérsia há repetidos processos em julgamento
OBS: a decisão do relator NÃO decide o incidente, mas apenas se o processo tem
possibilidade de ser encaminhado ao órgão colegiado.
➢ 2ª fase
○ Os autos são remetidos ao órgão maior, a quem caberá a decisão sobre a
ocorrência ou não do interesse público na assunção de competência (art. 947, §2º).
○ Haverá o deslocamento da competência: órgão colegiado menor (fracionado) para
órgão colegiado maior. Haverá mais uma análise de admissibilidade - verificação
da existência de interesse público (947, § 2º)
➢ 3ª fase
○ Remessa dos autos para análise do interesse público.
■ Negada: processo retorna ao órgão fracionário primitivo
■ Reconhecida: o colegiado julga o recurso, a remessa necessária ou o
processo de competência originária
Procedimento
● a) Preenchidos os requisitos, o relator propõe o redirecionamento da competência, de
ofício ou a requerimento.
● b) O órgão colegiado competente para conhecer do processo, envia os autos ao órgão
que o regimento indicar.
● c) O órgão indicado pelo regimento, reconhecendo o interesse na assunção da
competência, julga o processo em concreto.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
➢ Controle incidental
○ Qualquer órgão judicial, ao decidir alguma causa de sua competência, tem que
apreciar, como preliminar, a questão da constitucionalidade da norma legal
invocada pela parte. “... havendo o controle incidental, que é exercido por qualquer
órgão judicial (sistema difuso), onde a questão da constitucionalidade é examinada
como preliminar da decisão. É o chamado controle indireto de
inconstitucionalidade.”
➢ Controle direto
○ Realizado pelo STF e TJ’s (a inconstitucionalidade é objeto da ação)
LEI ESTADUAL ou LEI FEDERAL x CF (STF CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE)
ATO NORMATIVO (ESTADUAL OU FEDERAL) x CF (STF CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE)
INICIATIVA DA ARGUIÇÃO
Partes, Assistentes, Ministério Público, Relator ou outros julgadores do órgão do tribunal
Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder
público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à
câmara à qual competir o conhecimento do processo.
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão
especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do
Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
JULGAMENTO DA ARGUIÇÃO
O Tribunal pode não reconhecer a incompatibilidade alegada pela parte, mas declarar a
inconstitucionalidade da lei frente a outro dispositivo de natureza constitucional
O órgão do tribunal encarregado da decisão do caso que motivou o incidente ficará vinculado ao
entendimento fixado pelo Tribunal Pleno.
➢ TUTELAS PROVISÓRIAS
Situações concretas em que a duração do processo e a espera podem gerar prejuízo para uma das
partes.
Medidas Cautelares - Conservar bens ou direitos, cuja preservação se torna indispensável à boa e
efetiva prestação final, na justa composição do litígio.
Caracteristicas
Fundamenta-se em URGÊNCIA ou EVIDÊNCIA (294, CPC);
Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em
caráter antecedente ou incidental.
Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas.
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer
tempo, ser revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o
período de suspensão do processo.
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela
provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento
provisório da sentença, no que couber.
Tem eficácia no curso do processo, mas pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo (296, CPC)
O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória.
A decisão do juiz precisa ser motivada (298, cpc)
TUTELA DE URGÊNCIA
Baseia-se na necessidade de se assegurar o provimento jurisdicional, retirando do risco o bem jurídico
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a
caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
TUTELAS CAUTELARES (conservativas) - proteger pessoas, provas e bens em situação de risco, Ex:
assegurar bens em execução, guarda provisória de pessoas.
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para
asseguração do direito.
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que
a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a
citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre
que possível.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano
ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese
firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de
depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de
multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do
autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
Sumariedade - Simplificar o rito, mas sem abdicar da finalidade de compor o mérito de maneira
definitiva.
Provisoriedade - Não se revestem de caráter definitivo. Destinam-se a durar por um espaço de tempo
delimitado.