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DANO AO MEIO AMBIENTE

TJ-SC mantém multa ambiental por


construção de deck de 5 mil m² em APP
CONJUR - 19 de fevereiro de 2022, 16h48

Por Tábata Viapiana

Construir um deck em área de preservação permanente, caracterizada


pela vegetação de restinga, justifica a aplicação de multa ambiental.
Assim entendeu a 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça
de Santa Catarina ao confirmar uma multa pela construção de um deck
de 5 mil m² na Barra da Lagoa, em Florianópolis.

Wikimedia Commons
Município de Florianópolis
(SC)

Consta dos autos que a proprietária do imóvel substituiu uma escada de


quatro degraus por uma enorme estrutura, de 31 metros de comprimento
por 170 metros de largura, montada sobre a faixa de areia, que é uma
área de preservação permanente.

Ela foi multada pela Prefeitura de Florianópolis e acionou o Judiciário


em busca da nulidade da infração. O argumento foi de que não teria sido
minimante comprovado o dano ao meio ambiente com a construção
do deck. Porém, a multa foi confirmada em primeira e segunda
instâncias.

Segundo o relator, desembargador Luiz Fernando Boller, o


descumprimento da legislação que regula o uso e a ocupação do solo faz
presumir, por si só, a ocorrência do dano ambiental, "até porque, se
assim não fosse, a normativa não teria razão de ser, perdendo de vista o
seu objetivo, qual seja, o de preservar o meio ambiente".

O magistrado afirmou que o impacto ambiental pode não ser visível e


nem mesmo perceptível de imediato nestas situações, o que não legitima
a construção em local ecologicamente protegido e nem afasta a
responsabilidade do proprietário.

"De se destacar, ademais, que o simples fato de haver uma edificação em


APP (Área de Preservação Permanente) impede ou, no mínimo,
prejudica a regeneração natural da vegetação nativa, in casu, a restinga,
ante o desequilíbrio ambiental que a obra acarreta", afirmou.

Conforme o desembargador, para a configuração da infração


administrativa, não é necessária a comprovação da lesividade específica
e concreta ao meio ambiente, bastando, para tanto, a construção em solo
não edificável, sem autorização da autoridade competente ou em
desacordo com a concedida, como ocorreu na hipótese dos autos.

"Sobre a temática, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento


pacificado no sentido de que, em se tratando de edificação construída em
APP, e não sendo caso de utilidade pública ou de interesse social, a
responsabilidade é in re ipsa, pois há presunção absoluta de prejuízo ao
bem juridicamente protegido. Dessa forma, não há razão para anular a
multa administrativa impugnada", completou Boller.

Clique aqui para ler o voto do relator


0332782-84.2014.8.24.0023

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