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1. DOS FATOS
Inicialmente cabe destacar que a REQUERENTE é empresa que se dedica à
fabricação de etanol e açúcar a partir da industrialização da cana de açúcar, para tanto possui três
estabelecimentos industriais.
Igualmente, esclarece-se que a REQUERENTE não possui áreas agrícolas próprias
para produção de sua matéria prima, a qual é fornecida por terceiros sob regime de fornecimento ou
parceria rural, sempre mediante contratação específica.
Feita esta breve introdução sobre a atividade da REQUERENTE e o seu compromisso
com a sustentabilidade na produção agroindustrial cabe voltar à atenção para os autos de infração
objetos da presente demanda lavrados ainda.
A propriedade alvo da infração está localizada na Fazenda..., situada no Estado de...,
onde foi executada a colheita mecanizada de cana de açúcar crua em outubro de 2018, e os tratos
culturais foram realizados para permitir a rebrota necessária.
Todavia, no início de agosto de 2019, ou seja, antes que a cana de açúcar estivesse
suficientemente madura uma das torres de vigilância da REQUERENTE observou a ocorrência de foco
de queimada no local.
Imediatamente foi deslocada uma equipe de controle munida de dois caminhões pipa
cujo principal objetivo foi a proteção das residências existentes no local. Devido a queimada, não houve
tempo suficiente para maturação da cana de açúcar.
Uma vez controladas as chamas foram consumidos alguns talhões de cana de açúcar
de forma integral, os quais foram objeto de colheita para minimização dos prejuízos, bem como atingida
parte da vegetação nativa da propriedade.
Como resultado dos fatos os agentes militares de fiscalização lavraram em 06/08/2019
em desfavor da REQUERENTE três autos de infração ambiental, no valor total de R$ 480.000,00, os
quais tiveram suas condutas descritas da seguinte forma que segue respectivamente:
1. “Dificultar a regeneração natural de vegetação exótica gramínea e arbustiva, em
área correspondente a 1,29 ha, em área de preservação permanente, sem
autorização da autoridade ambiental competente mediante o uso de fogo”.
2. “Danificar mediante uso de fogo vegetação nativa em estágio médio de regeneração,
em área correspondente a 0,96 ha, em área de especial preservação, sem
autorização da autoridade ambiental competente”.
3. “Fazer uso de fogo em áreas agropastoris, em área correspondente a 33.897 ha,
sem autorização da autoridade ambiental competente”.
Realizado o primeiro atendimento ambiental, foram apresentados os argumentos
relativos à negativa de autoria da REQUERENTE e determinada pelos julgadores que se fizesse
verificação de autoria pelos agentes militares de fiscalização.
Entretanto, foi mantida a infração ambiental, bem como foram triplicadas as multas por
reincidência específica sem indicação do auto de infração ambiental com trânsito em julgado que daria
sustentação.
Apresentadas as defesas tempestivamente (sustentou-se da seguinte forma em suma:
(i) a ilegalidade da majoração da multa;
(ii) violação ao princípio da reserva legal por ter sido a sanção imposta com fundamento em
Resolução;
(iii) da ausência de autoria, relação ou benefício com a infração nos termos da Lei Federal nº
12.651/12;
(iv) inexistência de dolo ou culpa da REQUERENTE;
(v) necessidade de processo administrativo prévio para imposição das sanções;
(vi) ausência de prova técnica e apuração da área autuada;
(vii) desproporcionalidade do valor da multa; e
(viii) pela conversão da multa em serviços ambientais.
Submetido a julgamento pela Coordenadoria de Fiscalização Ambiental - IX houve
parecer indicando que:
(i) o auto de infração estaria revestido de todas as formalidades legais e em conformidade com
a legislação pertinente;
(ii) que a REQUERENTE não apresentou documento técnico corroborando com suas
alegações, contendo a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, recolhida;
(iii) que não há como a multa simples ser precedida de advertência;
(iv) que não seria possível a conversão da multa simples em prestações de serviços de melhoria
ao meio ambiente;
(v) aponta legislação relativa à responsabilidade civil por danos ambientais; e
(vi) que as atenuantes foram analisadas pelos agentes de conciliação, não cabendo a
aplicabilidade das mesmas.
Enfim, quando do recebimento da notificação de indeferimento de defesa
administrativa, foi interposto tempestivamente o recurso administrativo contra as referidas decisões,
reiterando as alegações de defesa que foram então analisadas pela Comissão de Julgamento de Autos
de Infração Ambiental e mantidas conforme relatório final.
Foram então recebidas as notificações de indeferimento do recurso, bem como
necessidade de pagamento das multas aplicadas, informando ainda que não seria mais possível a
interposição de nenhum tipo de recurso administrativo, razão pela qual caso as multas não fossem
pagas, o débito seria incluído em Dívida Ativa para cobrança judicial.
Estes são, em suma, os fatos.
2. DO DIREITO
4. DO PEDIDO
Ante o exposto, requerer-se Vossa Excelência se digne a:
a) Conceder a liminar inibitória, sem a oitiva da parte contrária, para suspender imediatamente o
crédito gerado pelos autos de infração ambiental, assim como impedir a eventual inclusão do
nome da REQUERENTE em Dívida Ativa, bem como a propositura de futura execução fiscal;
b) A citação da Requerida;
c) Que, ao final, seja a presente ação julgada procedente, confirmando eventual liminar concedida
para anular e desconstituir todos os efeitos dos autos de infração ambiental em questão, assim
como a eventual certidão de dívida ativa que o siga eventualmente;
f) Desde já manifesta seu interesse na audiência conciliatória, nos termos do Art. 319, inc. VII do
CPC.
Pede deferimento.
Farenzena Advocacia
OAB/SC