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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA

Tribunal de Justiça
JURIS - Consulta Jurisprudência

Poder Judiciário do Estado de Rondônia


2ª Câmara Especial

Data de distribuição: 16/06/2015


Data do julgamento: 22/08/2017

0019300-68.2014.8.22.0001 - Apelação
Origem : 00193006820148220001 Porto Velho/RO
(2ª Vara da Fazenda Pública)
Apelante : SB Comércio Ltda
Advogado : Ely Roberto de Castro (OAB/RO 509)
Apelado : Município de Porto Velho/RO
Procurador : Mário Jonas Freitas Guterres (OAB/RO 272B)
Procuradora: Telma C. L. de Melo
Relator : Desembargador Roosevelt Queiroz Costa

EMENTA

Apelação. Ação declaratória de anulação de auto de infração. Autuação. Descarte


de cosméticos em local impróprio. Infração administrativa ambiental. Código
Municipal do meio ambiente. Previsão legal. Contratação de serviço de coleta e
destinação. Irrelevância. Lei da Política Nacional de Recursos Sólidos.
Improvimento.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece que a contratação de serviços


de coleta de resíduos sólidos não isenta as pessoas físicas ou jurídicas
comerciantes quanto à responsabilidade pelo gerenciamento dos rejeitos.

Mantém-se a autuação administrativa, por descarte irregular de cosméticos,


porquanto, ainda que comprovada a contratação de terceiro para o serviço de
coleta, subsiste a responsabilidade da empresa/recorrente pelo adequado
gerenciamento dos resíduos sólidos.

Havendo previsão da infração no Código Municipal do Meio Ambiente, com


aplicação da sanção no mínimo legal, e inexistindo causa de isenção de
responsabilidade administrativa, impõe-se a manutenção da autuação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os desembargadores da 2ª


Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade
da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, em:

POR UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

Os desembargadores Walter Waltenberg Silva Junior e Renato Martins Mimessi


acompanharam o voto do relator.

Porto Velho, 22 de agosto de 2017.

DESEMBARGADOR ROOSEVELT QUEIROZ COSTA


RELATOR
Poder Judiciário do Estado de Rondônia
2ª Câmara Especial

Data de distribuição: 16/06/2015


Data do julgamento: 22/08/2017

0019300-68.2014.8.22.0001 - Apelação
Origem : 00193006820148220001 Porto Velho/RO
(2ª Vara da Fazenda Pública)
Apelante : SB Comércio Ltda
Advogado : Ely Roberto de Castro (OAB/RO 509)
Apelado : Município de Porto Velho/RO
Procurador : Mário Jonas Freitas Guterres (OAB/RO 272B)
Procuradora: Telma C. L. de Melo
Relator : Desembargador Roosevelt Queiroz Costa

RELATÓRIO

Trata-se de apelação interposta por S.B Comércio Ltda. em face da sentença


proferida pelo juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública desta capital, que, nos autos de
ação declaratória de nulidade de auto de infração, julgou improcedentes os pedidos
iniciais.

Consta que autora/apelante foi autuada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(SEMA), em 25/07/2012, sendo expedido o auto de infração n. 1832, por conta de
descarte de materiais inertes (cosméticos) em local inapropriado. Informou que foi
notificada pela municipalidade para responder a processo administrativo, tendo
apresentado defesa no prazo legal, bem como notas fiscais de devolução de
mercadorias, que as mercadorias encontradas no local da fiscalização, por meio das
quais busca demonstrar que os resíduos foram restituídas à empresa BEL PARAÍBA
DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS DE BELEZA LTDA., restando, a seu ver,
identificado o culpado pelo descarte indevido dos materiais. Afirmou, entretanto, que
a decisão manteve o auto de infração, de forma contrária à prova dos autos, sem
fundamentação jurídico, resultando na aplicação de multa de 100 (cem) Unidades
Padrão Fiscal do Município (UFPM), equivalente à importância de R$ 4.964,00.
Requereu a declaração de nulidade do auto de infração e, por consequência, a
inexigibilidade da multa imposta.

O juízo a quo julgou improcedentes os pedidos iniciais para manter o auto de


infração e a multa aplicada. Argumentou que o descarte dos materiais constitui
infração à legislação ambiental e a responsabilidade da apelante é demonstrada
pelas etiquetas presentes nos produtos encontrados no local da fiscalização.

Irresignado, a empresa/apelante interpôs apelação. Sustentou que contratou uma


terceira empresa para dar a destinação correta das mercadorias vencidas sendo
essa empresa, portanto, a responsável pelo descarte dos objetos de forma indevida.
Requereu o provimento.
Contrarrazões do município pelo não provimento.

É o relatório.

voto

DESEMBARGADOR ROOSEVELT QUEIROZ COSTA

Presentes os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de admissibilidade do recurso,


recebo-o.

O apelante busca o afastamento de sua responsabilidade administrativa pela


infração ambiental.

A tese principal do recurso é a de que a apelante contratou empresa terceirada,


denominada BEL PARAÍBA DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS DE BELEZA LTDA,
para conferir destinação adequada às mercadorias vencidas, defendendo, portanto,
a responsabilidade dessa empresa pelo descarte irregular dos materiais.

Observo, no entanto, que não assiste razão à apelante.

Isso porque a apelante não trouxe aos autos instrumento contratual firmado com a
empresa Bel Paraíba Ltda. capaz de demonstrar que essa pessoa jurídica, de fato,
estaria obrigada contratualmente a conferir destinação adequada aos produtos,
descurando-se do ônus de comprovar fato constitutivo de seu direito (CPC, art. 373,
I).

As notas ficais que acompanham a inicial, demonstrando a restituição de algumas


mercadorias à empresa Bel Paraíba, são insuficientes para comprovar o alegado,
sobretudo por inexistir prova de que as mercadorias representadas pelas notas
fiscais são exatamente aquelas apreendidas em local indevido.

De todo modo, ainda que houvesse prova da contratação, esta não seria suficiente
para isentar de responsabilidade pelos danos ambientais atribuídos à apelante, a
teor do disposto no art. 27, §1º, da Lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional
de Resíduos Sólidos, in verbis:

Art. 27. As pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 são responsáveis pela
implementação e operacionalização integral do plano de gerenciamento de resíduos
sólidos aprovado pelo órgão competente na forma do art. 24.

§ 1o A contratação de serviços de coleta, armazenamento, transporte, transbordo,


tratamento ou destinação final de resíduos sólidos, ou de disposição final de
rejeitos, não isenta as pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 da
responsabilidade por danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento
inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos.

Art. 20. Estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos:

II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que:

b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua
natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares
pelo poder público municipal;

Vê-se, portanto, que, à vista da normatização legal específica, não subsiste a


tentativa de isenção de responsabilidade defendida pela apelante.

Oportuno ressaltar que a autuação baseou-se no Código de Meio Ambiente do


Município de Porto Velho, LC 138/2001, art. 277, XXXVI:

Art. 277: São infrações ambientais:

XXXVI - depositar resíduos inertes de forma inadequada, ou em local não permitido:

Pena: multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Unidades Padrão Fiscal do Município por
metro cúbico ou fração.
Dessa forma, havendo previsão legal da autuação, com aplicação da sanção no
mínimo legal (10 UPFM), e inexistindo causa de isenção de responsabilidade
administrativa em favor do apelante, conclui-se que o ato administrativo de autuação
deve ser mantido, pois em conformidade legal.

Em face do exposto, nego provimento ao recurso e, por consequência, mantenho


inalterada a sentença que julgou improcedente o pedido de anulação do auto de
infração nº 1832, expedido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

É como voto.

Apelação, Processo nº 0019300-68.2014.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 2ª


Câmara Especial, Relator(a) do Acórdão: Des. Roosevelt Queiroz Costa, Data de julgamento: 23/08/2017
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