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Curso: Lições Essenciais para Advogar com Excelência


Disciplina: Advocacia na Prática: desafios e resultados
Professor: Diego Spencer

REF.: MODELO DE MEMORIAIS EM RECURSO DE APELAÇÃO

MEMORIAIS
APELAÇÃO Nº 000XXXX-XX.2009.8.17.0420
APELANTE: ANTÔNIO XXXXXXXXX
APELADO: Ministério Público do Estado de Pernambuco
RELATOR: Des. Josué XXXXXXXX
COLEGIADO: 4ª Câmara de Direito Público

Cuida-se, na origem, de açã o de improbidade administrativa proposta em face do Ex-


Prefeito do Município de XXXXXXXXXXXX, Sr. Paulo XXXXXXXXXXXX, e do Ex-Secretá rio de Finanças,
Sr. Antô nio XXXXXXXXXXX, ora Apelante, no período entre 1997 e 2004, em virtude da suposta prá tica
de atos ímprobos por suposta ilegalidade do Termo de Parceria firmado entre o Município e o
XXXXXXXXXXXXXX, certificado como OSCIP, para execuçã o do serviço de coleta de lixo.
Ao que se infere a partir da confusa petição inicial, percebe-se que o Parquet
afirmou, em síntese, a existência de dois fatos atinentes à causa de pedir, a saber: (a) inexistência à
época de legislação municipal que autorizasse o pacto de termo de parceria entre o Município e
OSCIP, e (b) que o objeto da contratação seria o fornecimento de mão-de-obra de garis e não o
serviço de coleta de lixo, pelo que deveria ser computado nas despesas com pessoal para fins de
verificação do limite da LRF. A partir disso, o Ministério Pú blico alegou que teriam se configurado
atos de improbidade administrativa que (i) causou danos ao erário por liberar verbas públicas sem a
observância das normas atinentes – art. 10, XI, LIA; e (ii) que ofendeu os princípios administrativos, pela
prática de ato visando fim proibido em lei ou regulamento – art. 11, I, LIA.
A Sentença julgou procedente a demanda para condenar ambos os Réus por atos
de improbidade administrativa que causaram prejuízos ao erário e violaram princípios
administrativos, apontando subsunção às hipóteses dos arts. 10, VIII, e 11, I, da Lei nº 8.429/92,
aplicando-lhes as sanções de suspensão dos direitos políticos e vedação de contratar com o
Poder Público ou receber incentivos fiscais por 5 (cinco) anos.
Em suas razões, o MM. Juízo a quo AFASTOU DE PRONTO A PRIMEIRA CAUSA DE
PEDIR, qual seja, inexistência de autorização legal para pacto de termo de parceria entre
Município e OSCIP, por verificar a autorizaçã o a todos os entes federativos assinalada pelo art. 9º, da
Lei nº 9.790/99. Contudo, asseverou que o serviço objeto do termo de parceria em comento não
estaria enquadrado dentre as hipóteses legais para contratação de OSCIP e que a realização de
concurso de projetos seria impositiva para escolha da entidade a ser contratada.
Apenas com base nisso, entendeu que “considerando que os demandados, na condição de
gestores máximos das finanças municipais, agiram em desacordo consciente com a legislação pertinente
(da qual não poderiam alegar desconhecimento, conforme art. 3º da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro), ultrapassando a barreira da mera ilegalidade formal/procedimental, entendo
configuradas as condutas descritas no art. 10, inc. VIII, e no art. 11, inc. I, ambos da lei 8.429/92” para
condenar ambos os Réus à s sançõ es acima descritas, sem a especificaçã o ou individualizaçã o das
condutas que teriam configurado ato ímprobo, nem mesmo a identificaçã o dos critérios legais para
caracterizaçã o de uma ilegalidade como tal, de forma totalmente desprendida dos ditames legais
aplicá veis, sem sequer identificar qual teria sido o prejuízo ao erá rio verificado, um completo absurdo
jurídico!

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Disciplina: Advocacia na Prática: desafios e resultados
Professor: Diego Spencer

Ora, Excelência, é de evidência solar que ao Requerente enquanto Ex-Secretário


de Finanças do Município descabia deliberar sobre o ajuste de qualquer tipo de contratação
lato sensu levada a cabo pelo Município, bem como sobre a forma de contabilização das
despesas com pessoal do Município, uma vez que: (a) existia procuradoria constituída para esta
finalidade; (b) existia comissã o de licitaçã o com a expertise necessá ria e com as atribuiçõ es funcionais
atinentes; (c) o Apelante nã o possui formaçã o jurídica para dispor ou opinar sobre regime de
contrataçã o; (d) a contrataçã o em questã o – termo de parceria com OSCIP para execuçã o de serviços
de limpeza urbana – guarda pertinência temá tica com pasta estranha à gerida pelo Apelante; (e) a
realizaçã o de contrataçõ es de empresas prestadoras de serviços ou fornecedoras de mã o-de-obra em
nada era atinente à s funçõ es do ora Requerente enquanto Secretá rio de Finanças, as quais – repita-se –
guardam conexã o exclusivamente com a aná lise dos valores a receber e a pagar do Município a partir
dos elementos que já lhe vinham instruídos; (f) cabia à Contadoria, formada por profissionais com o
know how técnico necessá rio, organizar toda a contabilidade da gestã o municipal, inclusive – por ó bvio
– no que diz respeito aos gastos com pessoal, sendo totalmente absurdo sequer se cogitar a
responsabilidade do Apelante enquanto Secretá rio de Finanças por eventual falha na contabilizaçã o
dos gastos com pessoal aqui tratada de forma obscura e imprecisa pela sentença guerreada.
Tanto é inexistente o ato de improbidade administrativa apontado pelo decisum
apelado que sequer houve a quantificaçã o ou indicaçã o de um mínimo lastro do suposto dano ao
erá rio que teria sido causado pela conduta ímproba do ora Apelante, caindo por terra a
fundamentaçã o da sentença apelada de que o serviço contratado de coleta de lixo/limpeza urbana
seria de natureza essencial e, por isso, nã o terceirizá vel ao terceiro setor através de OSCIP. Acontece
que atividades de limpeza historicamente sã o compreendidas dentre as atividades acessó rias passíveis
de terceirizaçã o pela Administraçã o Pú blico, desde o Decreto nº 2.271/97 até hoje pela Portaria nº
443 do Ministério do Planejamento, de 27 de dezembro de 2018, sendo pacífico o entendimento do
Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco – TCE/PE de que os gastos com pessoal da OSCIP nã o se
confundem e por isso nã o devem ser contabilizados com os do Ente Pú blico, o que se observa do
precedente do Processo TC nº XXXXXXX, cujo excerto do acó rdã o assim dispõ e: “III. A despesa com
pessoal da OSCIPs (entidade privada) não se confunde com a despesa com pessoal do órgão estatal
parceiro. A celebração de um termo de parceria visa à execução e fomento de atividades de interesse
público por pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, onde a gestão dos recursos públicos
objeto do termo de parceria, inclusive quanto à contratação de pessoal e/ou arregimentação de
voluntários, fica a cargo da OSCIP.”.
Ante o exposto, observa-se que a demanda em análise, máxima vênia, representa
um genuíno e completo descaso irresponsável por parte da acusação, que se valeu de uma
argumentação gritantemente insubsistente, sem qualquer demonstração dos elementos
necessários à configuração de ato ímprobo e muito menos para identificação da
responsabilidade de cada um dos demandados, ausente sequer um mínimo lastro probatório
que pudesse sustentar as afirmações confusas e baseadas em “achismos” da peça vestibular, o
qual foi acatado, lamentavelmente, pela insustentável sentença apelada, sem qualquer
fundamentação minimamente razoável para demonstrar verificados os requisitos para
aplicação de sanções por ato de improbidade administrativa, pelo que faz jus ao julgamento
pela reforma integral da sentença recorrida, com novo julgamento pela total improcedência da
demanda em face do Apelante, conforme evidenciado da leitura dos autos.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Recife/PE, 29 de janeiro de 2019.

DIEGO LEITE SPENCER


OAB/PE nº XXXXX

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