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ESTADO DO MARANHÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO
1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE PINHEIRO

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA 1ª VARA DA COMARCA


DE PINHEIRO/MA.

Autor: Município de Pinheiro


Requerido: José Arlindo Silva Sousa
Processo n.º 1314-15.2013.8.10.0052 (13172013)

MANIFESTAÇÃO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARA/NHÃO, por meio de


seu Promotor de Justiça abaixo assinado, no uso de suas atribuições constitucionais e legais,
vem, MANIFESTAR-SE nos autos da Ação Civil Pública por ato de improbidade
Administrativa proposta pela Município de Pinheiro –MA em face de José Arlindo Silva
Sousa nos seguintes termos:

I- Relatório

O Município de Pinheiro propôs Ação Civil Pública por ato de Improbidade


Administrativa em face do ex prefeito José Arlindo Silva Sousa, tendo em vista que, em tese,
praticou ato de improbidade administrativa consistente em malversação de recursos públicos
provenientes do convênio (048/2009), tendo como objeto a pavimentação asfáltica em vias
urbanas no valor total de dois milhões e cem mil reais, firmado com a Secretaria Estadual de
Infraestrutura.

Alega o Município que o Requerido ao deixar de prestar contas com o


Órgão Estadual gerou transtornos de diversas ordens à municipalidade. Conduta, que
enquadra-se a perfeição como ato ímprobo, causando prejuízo ao erário público.

Requereu, assim, a condenação do Requerido nas sanções do art. 12, III da


Lei 8.429/92.

Processo foi instruído com documentos de fls. 06/25.

Petição inicial deferida às fl.26.

Citado, o Requerido apresentou contestação às fls. 31/41, oportunidade em


que refutou genericamente os fatos notificados na inicial, enfatizando: a) a inexistência de
improbidade administrativa, explicitando as receitas e despesas efetivadas, o modo de
execução do convênio e concluindo que a prestação de contas deu-se de forma parcial em
razão do não cumprimento integral por culpa exclusiva do Ente Estadual, vez que este deixou
de repassar o restante do valor de sua responsabilidade e no mérito requereu a improcedência
da peça exordial. E, como pedido contraposto em desfavor do autor pleiteou: condenação do

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autor por litigância de má-fé; indenização por danos morais no importe cem mil reais;
retratação pública; multa de dez mil reais;

Por conseguinte, à fl.198v, despacho deste Douto Juízo, determinou vistas


ao Ministério Público.

Eis o Relatório.

II- Do Processo

1. Da atuação do Ministério Público como Fiscal da Lei

A Lei 8.429/92 dispõe:

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo
Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias
da efetivação da medida cautelar.
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará
obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.

Os doutrinadores Daniel Amorim e Rafael Carvalho, sobre a atuação do


Ministério Público ensinam:

Em razão do disposto no art. 17, § 4º da LIA, sendo proposta a ação de


improbidade administrativa pela pessoa jurídica interessada o Ministério
Público devera atuar na ação como fiscal da Lei, não havendo possibilidade
de formação de litisconsórcio ativo ulterior e, por consequência natural, não
podendo o Ministério Público atuar como autor da ação. 1

Verifica-se, portanto, que o Ministério Público, no presente caso, não é


litisconsorte do autor, zelando, tão somente, pela correta aplicação da lei e,
consequentemente, pela devida proteção do patrimônio público.

2. Da Instrução Processual

A Lei da Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92) objetiva punir os


praticantes de atos dolosos ou de má-fé no trato da coisa pública, assim tipificando o
enriquecimento ilícito (art. 9), o prejuízo ao erário (art. 10) e a violação a princípios da
Administração Pública (art. 11).

No presente caso, a conduta imputada ao então prefeito municipal


configura, em tese, ato de improbidade administrativa, tendo em vista que, segundo a
narrativa, houve irregularidades em prestações de contas de convênios firmados entre a
1
NEVES, Daniel Amorim Assumpção e OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende de. Manual de
Improbidade Administrativa. Ed. Método. 4.ed.pág.141.

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municipalidade e a Secretaria Estadual de Infraestrutura, violando princípios constitucionais e


causando danos ao erário público.

Conforme consta na LIA, constitui ato de improbidade ato de improbidade


administrativa:

XIV- Celebrar contrato ou outro tipo de instrumento que tenha por


objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada
sem observar as formalidades previstas na lei;

O deslinde da questão é verificar se o requerido aplicou os recursos


recebidos integralmente na realização das atividades previstas no contrato, se esta execução
deu-se em conformidade com as normas e padrões definidos na legislação, para que
finalmente haja a comprovação da conduta ímproba do agente público.

III – Do pedido

Terminada a fase postulatória, REQUER o MINISTÉRIO PÚBLICO


a intimação das partes para especificarem as provas que pretendam produzir, justificando,
objetiva e fundamentadamente, sua relevância e pertinência.

Nestes Termos
Pede deferimento.

Pinheiro-MA, 02 de outubro de 2016.

FREDERICO BIANCHINI JOVIANO DOS SANTOS


Promotor de Justiça

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