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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO MARANHÃO

Processo N° 0012981-29.2015.4.01.3700 - 5ª VARA - SÃO LUÍS

Nº de registro e-CVD 00423.2018.00053700.1.00107/00032

Processo n. 12981-29.2015.4.01.3700
AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Requerente : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Requeridos : ELISANGELA MARIA MARINHO PEREIRA E OUTRO

DECISÃO

RECEBO a petição inicial; os Requeridos não demonstraram, sob

forma inequívoca, a (i) inexistência do ato de improbidade, a (ii) improcedência da ação ou a (iii)
inadequação da via eleita, impondo, assim, a instauração da presente ação civil por atos de
improbidade, como forma de resguardar o interesse público.
Nesta fase de admissibilidade da petição inicial (LIA 17 §§ 7º, 8º e 9º),
por força da natureza peculiar da ação civil por atos de improbidade administrativa, prevalece o vetusto
princípio in dubio pro societate; durante a instrução probatória plena, todavia, será possível investigar
exaustivamente os fatos descritos na petição inicial e, assim, identificar os elementos objetivos e
subjetivos que integram a tipologia da LIA.
À espécie, as provas que guarnecem a petição inicial revelam indícios de
irregularidades com relação ao dever de proteger o patrimônio público.
Assim, conforme as provas que instruem a petição inicial – e que não
foram impugnadas oportunamente pelos Requeridos -, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais
de Itapecuru-Mirim noticiou a ocorrência, no ano de 2013, durante a gestão da Requerida Elisângela
Maria Marinho Pereira no cargo de Secretária Municipal de Educação, de incineração de dez mil livros
didáticos (edições 2011 a 2013), provenientes do Ministério da Educação, seguindo orientação da
Administração Municipal; a incineração teria ocorrido na empresa Cerâmica Estrela, localizada na BR
222.
Estes livros, segundo as provas existentes nos autos, encontrar-se-iam
hígidos e, assim, em condições de serem distribuídos para as escolas do Município de Itapecuru-Mirim.

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Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL JOSÉ CARLOS DO VALE MADEIRA em 02/10/2018, com base na Lei 11.419 de
19/12/2006.
A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 19783793700257.

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Processo N° 0012981-29.2015.4.01.3700 - 5ª VARA - SÃO LUÍS

Nº de registro e-CVD 00423.2018.00053700.1.00107/00032

Por outro lado, a Requerida Elisângela Maria Marinho Pereira, em sede

de procedimento administrativo – Processo Administrativo Disciplinar n. 01/2013 -, atribui a
responsabilidade pela incineração ao Requerido Francisco de Assis Gomes Marques.
Este evento, porque danoso ao patrimônio público, reclama criteriosa
investigação para identificar – em atividade probatória intensa – a responsabilidade ou não dos
Requeridos, precisando, assim, suas condutas, que se ajustam, ao menos em primeiro instante, ao tipo
da LIA 10 X, sendo adequada a medida judicial ora examinada, eis que voltada para a proteção do
patrimônio público (CF 129 III c/c LIA).
Por oportuno, registre-se que o fato de o inquérito policial instaurado em
desfavor dos Requeridos sobre os mesmos fatos debatidos nos presentes autos, não repercute
necessariamente, por decorrência da independência das jurisdições; os objetos das ações criminal e
cível, ainda que instauradas sobre os mesmos fatos, não se confundem e, assim, podem ter desfechos
distintos, sem que ocorra o fenômeno da contradição.
Assim, recebida a petição inicial, citem-se os Réus para oferecerem, se o
desejarem, respostas (LIA 17 § 9).
Intimação do Autor dispensada nesta oportunidade, por ausência de
utilidade.
São Luís, 02 de outubro de 2018.

JOSÉ CARLOS DO VALE MADEIRA

Juiz Federal

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