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PROJUDI - Recurso: 0010561-09.2016.8.16.0194 - Ref. mov. 20.

1 - Assinado digitalmente por Helio Henrique Lopes Fernandes Lima:08850968949


25/03/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima - 8ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
8ª CÂMARA CÍVEL - PROJUDI

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RUA MAUÁ, 920 - ALTO DA GLORIA - Curitiba/PR - CEP: 80.030-901

Autos nº. 0010561-09.2016.8.16.0194

Apelação Cível n° 0010561-09.2016.8.16.0194


24ª Vara Cível de Curitiba
Apelante(s): Misael Duarte Pimenta Neto
Apelado(s): VALDIR JOSE ALVES DA CRUZ e Santos e Ferrer Comunicacao Ltda
Relator: Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima

Apelação Cível. Responsabilidade civil. Ação de reparação de danos morais c/c obrigação
de fazer. Parecer de Promotor de Justiça pelo arquivamento de inquérito policial militar.
Veiculação de notícia com cunho ofensivo em site e perfil pessoal em rede social.
Reconhecimento de conduta ilícita pelo conteúdo publicado no site de notícias. Intuito
difamatório. Utilização de expressões desnecessárias para a informação. Dever de
indenizar configurado. Majoração da condenação do jornalista devida. Obrigação de
fazer. Necessidade de retirada do ar da publicação. Veiculação da decisão judicial
condenatória no mesmo meio de comunicação. Direito de resposta. Redistribuição do
ônus sucumbencial.

Recurso provido.

1) Verifica-se que o jornalista, em manifestação no meio de comunicação “Notícias


Paraná”, não apenas informou a população sobre os fatos, mas também proferiu
opinião no sentido de desprezar e desrespeitar o autor, tanto sobre o seu caráter
quanto sobre a sua competência profissional.

2) Das palavras exaradas pelo jornalista no referido meio de comunicação, é possível


concluir que o autor foi ofendido em sua esfera moral, considerando que restou a sua
imagem, perante a sociedade, como um profissional desqualificado, que coaduna com a
violência policial e é a favor da criminalidade.

3) Como consequência do reconhecimento de ser também ilícita a publicação no site


“Notícias Paraná”, faz-se necessário majorar o quantum indenizatório devido pelo
jornalista, já que é também responsável, juntamente com o meio de comunicação, pelo
conteúdo ofensivo veiculado, eis que de sua autoria.

4) Ante o reconhecimento da ilicitude da conduta da parte ré na veiculação do conteúdo


ofensivo no site “Notícias Paraná”, a necessidade de retirada do ar é medida que se
impõe, com o intuito de cessar e não perpetuar o ato ilícito.

5) Quanto à publicação da decisão final desta demanda no mesmo meio de


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comunicação, tem-se que se trata da forma de a vítima exercer o seu direito de
resposta, objetivando a retratação de seu nome perante a sociedade, conforme
regulamenta a Lei n. 13.188/2015.

6) Com o provimento do recurso de apelação, o ônus sucumbencial merece ser

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redistribuído.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 0010561-09.2016.8.16.0194 da 24ª Vara Cível
do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que é apelante MISAEL DUARTE
PIMENTA NETO e apelados SANTOS & FERRER COMUNICAÇÃO LTDA e VALDIR JOSÉ ALVES DA CRUZ.

I – RELATÓRIO

Misael Duarte Pimenta Neto ajuizou “ação de reparação de danos morais c/c obrigação de fazer”, sob o n.
0010561-09.2016.8.16.0194, em face de Santos & Ferrer Comunicação Ltda. e Valdir José Alves da Cruz,
objetivando a retirada do ar de publicação ofensiva do site “Notícias Paraná” e “Facebook”, além da
condenação da parte ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor mínimo de R$ 30.000,00
(trinta mil reais) e a divulgação da sentença condenatória deste processo nos mesmos veículos em que foram
propaladas as ofensas narradas.

Em sentença (mov. 113.1), o MM. Juiz julgou parcialmente procedente a demanda, para o fim de condenar
somente a parte ré Valdir José Alves da Cruz ao pagamento de indenização por danos morais, na importância
de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), confirmando a liminar que determinou a retirada do ar da publicação com
conteúdo ofensivo da rede social “Facebook”.

Considerando a sucumbência, condenou o requerido Valdir José Alves da Cruz ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios ao patrono da parte autora, fixados na importância de 15% (quinze por
cento) sobre o valor da condenação, e a parte autora ao pagamento de honorários advocatícios ao patrono do
requerido Santos & Ferrer Comunicação Ltda, fixados na importância de 10% (dez por cento) sobre o valor da
causa.

Inconformada, a parte autora interpôs recurso de apelação (mov. 150.1), pleiteando a reforma da sentença
para julgar totalmente procedente a demanda, sustentando, em síntese, que:

a) a parte ré Santos & Ferrer Comunicação Ltda. deve ser condenada ao pagamento de indenização por danos
morais, considerando que extrapolou os limites do direito de livre manifestação, agindo com dolo de ofender,
injuriar e difamar;

b) deve ser majorado o valor indenizatório da condenação do réu Valdir José Alves da Cruz, ante o
reconhecimento de mais uma forma de agressão verbal, mediante veiculação no site “Notícias Paraná”;

c) deve ser determinada a remoção do conteúdo ofensivo do site “Notícias Paraná” e a divulgação da decisão
condenatória deste processo nos mesmos veículos onde foram divulgadas as ofensas e pelo mesmo tempo de
permanência de suas veiculações.
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Somente o réu Santos & Ferrer Comunicação Ltda apresentou contrarrazões (mov. 161.1), vindo os autos a esta
Corte na sequência.

É o relatório.

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II – VOTO

Trata-se de “ação de reparação de danos morais c/c obrigação de fazer ”, em trâmite sob o n.
0010561-09.2016.8.16.0194 perante a 24ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de
Curitiba, ajuizada por Misael Duarte Pimenta Neto em face de Santos & Ferrer Comunicação Ltda. e Valdir
José Alves da Cruz.

Aduz a parte autora que exerce o cargo de Promotor de Justiça junto à Justiça Militar do Paraná e que era
responsável por exarar parecer ministerial no inquérito policial militar instaurado para apuração de eventuais
irregularidades na atuação dos policiais militares envolvidos no evento notório ocorrido em 29/04/2015, em
Curitiba, conhecido como “Batalha do Cento Cívico”.

Afirma que, por inexistir a comprovação de qualquer prática irregular por parte dos agentes públicos, seu
parecer foi no sentido de arquivamento do inquérito policial militar.

Em virtude do referido parecer ministerial, a parte ré publicou no site “Notícias Paraná” e na rede social
“Facebook” conteúdo ofensivo à sua honra e dignidade, extrapolando o direito de liberdade de expressão e de
informação.

Por esta razão, pleiteia a determinação de retirada do ar de publicação ofensiva do site “Notícias Paraná” e
“Facebook”, além da condenação da parte ré ao pagamento de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) a título de
indenização por danos morais e a divulgação da sentença condenatória deste processo nos mesmos veículos
em que foram propaladas as ofensas narradas.

Em sentença (mov. 113.1), o MM. Juiz julgou parcialmente procedente a demanda, para o fim de condenar
somente o requerido Valdir José Alves da Cruz ao pagamento de indenização por danos morais, na
importância de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e determinar a retirada do ar da publicação com conteúdo
ofensivo da rede social “Facebook”, considerando que não existiu qualquer ilicitude na conduta da parte ré
Santos & Ferrer Comunicação Ltda.

Inconformada com a decisão lançada em primeiro grau, apela a parte autora com o intuito de vê-la reformada,
mediante as razões que passo analisar.

Do dever de indenizar da ré Santos & Ferrer Comunicação Ltda

Aduz a parte autora em seu apelo que a parte ré Santos & Ferrer Comunicação Ltda deve ser condenada ao
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pagamento de indenização por danos morais, por ter agido com dolo de ofender, injuriar e difamar a parte
autora, extrapolando, assim, os limites do direito de livre manifestação.

Assiste razão, neste ponto, ao apelante.

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Para a verificação do dever de indenizar, é necessário que estejam devidamente preenchidos todos os
pressupostos da responsabilidade civil no caso em concreto, assim entendidos contemporaneamente o ato
ilícito, o nexo de causalidade e o dano.

Inicialmente, faz-se necessário verificar, portanto, se a conduta adotada pela ré Santos & Ferrer Comunicação
Ltda. pode ser considerada como ilícita.

Da análise da notícia publicada no site “Notícias Paraná” (mov. 1.3, constata-se o título “Impunidade no
Paraná tem nome: Misael Duarte Pimenta Neto”, seguida de uma foto do noticiado. Sobre essa conduta, não
há que se falar em ilicitude, eis que, apesar da utilização de título sensacionalista, não se verifica qualquer
ofensa ao direito da personalidade da parte autora.

Não se pode concluir da mesma forma, contudo, quanto ao conteúdo da referida notícia. Confira-se alguns
trechos da reportagem:

“(...) Desqualificado, comprometido e integrante da banda que prega a violência na


ação policial (...) sequer merece ser chamado de promotor, perpetruou (sic) o segundo
massacre dos professores do Paraná (...). Bocal, vulgar e adepto da violência extrema
(...). Ele, num ato digno dos imbecis que se escondem atrás da impunidade (...). Não
satisfeito com a idiotice que falou, vomitou, ainda, outra mais grave (...).

Na sua sede de sangue e no seu ímpeto de proteger os violentos (...) Se a PM tivesse


matado uns dez ou 15 professores, o tal Misael, com esse pensamento tosco, haveria de
brindar (...). São os misaéis duartes pimentas netos que fazem o Paraná ser o estado
(sic) mais atrasado do sul, e um dos mais violentos e corruptos (...). Desempregado, o
asqueroso Misael não fica. Poderá abrir uma igreja e ser idolatrado como ‘santo’ por
todos os bandidos da face da terra” (Destacou-se).

Verifica-se que o jornalista Valdir José Alves da Cruz, em manifestação no referido meio de comunicação, não
apenas informou a população sobre os fatos, mas também proferiu opinião no sentido de desprezar e
desrespeitar o autor, tanto sobre o seu caráter quanto sobre a sua competência profissional.

Leciona Rui Stocco que a liberdade de imprensa não pode se sobrepor ao direito à honra e imagem da pessoa,
ambos considerados bens jurídicos constitucionalmente assegurados:

"O direito de informar encontra limite no direito individual da pessoa à imagem, à


intimidade, à honra e à vida privada. A solução prática e a perfeita interação e
convivência dos preceitos exige de cada qual que se comporte com cautela e seriedade,
pois a divulgação de informação é um direito, a fidelidade ao fato, a ausência de
excessos ou de sensacionalismo é um dever. Não se admitem insinuações, interjeições,
dubiedades, sensacionalismo ou dramatização ofensiva ou perniciosa sobre fatos
verdadeiros. Condena-se e pune-se no âmbito civil tanto a notícia falsa, forjada e sem
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pertinência fática, ou seja, a notícia inexistente no plano fenomênico, como a notícia
verdadeira, mas, travestida, desvirtuada ou divulg ada com excesso e abuso." (Tratado
de Responsabilidade Civil. 6ªed, SP: Ed. RT, 2004, p. 1763).

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Em casos semelhantes, este e. Tribunal de Justiça tem se manifestado pela caracterização do ato ilícito quando
a veiculação de notícia ultrapassa o intuito de informação, ofendendo a honra do envolvido, conforme pode ser
extraído dos seguintes julgados:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.AÇÃO INDENIZATÓRIA POR


DANOS MORAIS.PUBLICAÇÕES EM BLOG JORNALÍSTICO.CONTEÚDO OFENSIVO.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.
CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. CONFLITO ENTRE LIBERDADE
DE IMPRENSA E DIREITOS DA PERSONALIDADE.ADPF 130. PREVALÊNCIA DA
TUTELA REPARATÓRIA SOBRE A INIBITÓRIA.LEGITIMIDADE DA ATUAÇÃO DA
IMPRENSA QUE SE MEDE PELO INTERESSE PÚBLICO, COMPROMISSO COM A
VERDADE E AUSÊNCIA DE ANIMUS DIFFAMANDI VEL INJURIANDI.
DENOMINAÇÃO OFENSIVA DO PRIMEIRO APELANTE. INTUITO DIFAMATÓRIO.
USO REITERADO DE EXPRESSÃO QUE NÃO SE JUSTIFICA NA VEICULAÇÃO DA
NOTÍCIA OU NA MANIFESTAÇÃO DA CRÍTICA. ABUSO DO DIREITO DE
INFORMAÇÃO EVIDENCIADO.DANOS MORAIS. DEVER DE REPARAÇÃO.
QUANTIFICAÇÃO. CRITÉRIO BIFÁSICO. NOTÍCIA RELATIVA AO SEGUNDO
APELANTE. EMPREGO DE EXPRESSÃO NEGATIVA AMPARADO NOS FATOS
NOTICIADOS. EVIDÊNCIAS DE VINCULAÇÃO A CARGO INEXISTENTE E PARA O
QUAL NÃO POSSUÍA HABILITAÇÃO LEGAL.DANO MORAL NÃO CONFIGURADO.
SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. SUCUMBÊNCIA REDISTRIBUÍDA.
APELAÇÃO CÍVEL PROVIDA EM PARTE.

(TJPR - 8ª C.Cível - AC - 1609596-0 - Região Metropolitana de Londrina - Foro Central


de Londrina - Rel.: Clayton de Albuquerque Maranhão - Unânime - J. 23.03.2017.
Destacou-se)

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - AGRAVO RETIDO -


INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE DEMONSTRAÇÃO DO CONTEÚDO DO VÍDEO DA
REPORTAGEM ÀS TESTEMUNHAS QUE SERIAM OUVIDAS EM AUDIÊNCIA - JUIZ
DESTINATÁRIO DA PROVA - INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 130 E 330 DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL - CERCEAMENTO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA - AGRAVO
DESPROVIDO. APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS -
REPORTAGENS VEICULADAS EM TELEVISÃO - DEVER DE INFORMAR DA
IMPRENSA - INEXISTÊNCIA DE EXCESSO - CONDUTA LÍCITA - NOTÍCIA QUE
APENAS EXPÔS O FATO OCORRIDO -- AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO À DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA - REQUISITOS ENSEJADORES DO DEVER DE INDENIZAR NÃO
CONFIGURADOS - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO - SENTENÇA MANTIDA -
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. "A veiculação de notícia que apenas se
limita a reproduzir informações recebidas e sem qualquer ofensa à honra do envolvido
não é suficiente para caracterizar dano moral, uma vez que a imprensa está apenas
exercendo, regularmente, o seu direito/dever de informação(...)" (TJPR. AC 0626645-1.
10ª Câmara Cível. Vitor Roberto Silva. 11/08/2011)

(TJPR - 9ª C.Cível - AC - 913375-5 - Foz do Iguaçu - Rel.: Domingos José Perfetto -


Unânime - J. 02.08.2012. Destacou-se)
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APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - VEICULAÇÃO
DE MATÉRIA NOTICIANDO A PRISÃO EM FLAGRANTE DO AUTOR, ACUSADO DE
TENTATIVA DE ESTUPRO, POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO E ROUBO -
NOTÍCIA QUE SE ATÉM À SIMPLES NARRATIVA DA DESCRIÇÃO DO BOLETIM DE

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OCORRÊNCIA E DO RELATÓRIO DE ATIVIDADES E SERVIÇOS PRESTADOS PELO
BATALHÃO, AMBOS ELABORADOS PELA POLÍCIA LOCAL - AUSÊNCIA DE
EXCESSO OU ABUSO NA DIVULGAÇÃO - REVIRAVOLTA NO CASO QUE NÃO PODE
SER IMPUTADA AO ÓRGÃO DE IMPRENSA - DEFESA E ESCLARECIMENTOS DO
DEMANDANTE QUE TAMBÉM FORAM NOTICIADOS PELO JORNAL - DIREITO DE
AÇÃO EM FACE DA EX-EMPREGADA, RESPONSÁVEL, EM TESE, PELA
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA - ATO ILÍCITO NÃO CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO
INDEVIDA - SENTENÇA REFORMADA.RECURSO DE APELAÇÃO PROVIDO. Se a
matéria jornalística se atém à simples narrativa dos fatos e relatos feitos pela
Autoridade Policial, sendo redigida com as cautelas necessárias, sem proferir juízo de
opinião, e desprovido do intento de caluniar ou ofender a honra do indivíduo, não há
que se cogitar de ato ilícito, a ensejar a indenização por dano moral.

(TJPR - 10ª C.Cível - AC - 1330493-1 - Cascavel - Rel.: Luiz Lopes - Unânime - J.


18.02.2016. Destacou-se)

Verifica-se, portanto, que a conduta do jornalista no site “Notícias Paraná”, de responsabilidade da ré Santos
& Ferrer Comunicação Ltda., ultrapassou o caráter informativo e utilizou palavras aptas a ofender os direitos
de personalidade da parte autora, caracterizando a sua ilicitude.

Portanto, configurado o ato ilícito, resta analisar a existência do nexo de causalidade, como pressuposto para
caracterizar a responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar. Isso porque a doutrina leciona que:

“(...) o dever ressarcitório somente ocorrerá quando o prejuízo decorrer da ação


antijurídica. Quer dizer: quando uma e outra forem causa do dano. E é por isso que se
diz que o nexo constitui um dos elementos essenciais da responsabilidade civil. (...)”
(PEREIRA, Caio Mário da Silva, atualizador Gustavo Tepedino, Responsabilidade Civil,
12ª edição ver. atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 106).

No caso em tela, verifica-se que a parte autora só passou por um constrangimento e humilhação em
decorrência da prática de ato ilícito pela parte ré, consubstanciado na violação dos direitos da personalidade e
concretizado na divulgação de notícia com juízo de opinião do jornalista, com o intuito de ofendê-lo.

Por fim, quanto ao dano, leciona a doutrina sobre as hipóteses em que se configura a responsabilidade civil
pela produção de danos extrapatrimoniais:

“A noção de dano injusto é também muito útil quando da verificação da


responsabilidade civil por danos extrapatrimoniais. Isso porque a indenização desses
danos deve ocorrer apenas se ‘o constrangimento, a tristeza, humilhação, sejam
intensos a ponto de poderem facilmente distinguir-se dos aborrecimentos e dissabores
do dia-a-dia, situações comuns a que todos se sujeitam, como aspectos normais da vida
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cotidiana’. EM outras palavras: percalços normais da vida das pessoas não se
confiram como dano injusto, de forma que não ocorre a responsabilidade civil”
(ALTHEIM, Roberto. Direito de Danos – Pressupostos contemporâneos do dever de
indenizar. Editora Juruá, 2012, p. 126).

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Portanto, para que haja o dever de indenizar, é necessário que a situação pela qual a vítima esteja passando
supere o mero dissabor do dia-a-dia, sendo constrangida ou humilhada de forma intensa.

No caso em análise, verifica-se que o dano moral é in re ipsa, ou seja, é presumível pelas próprias
circunstâncias, em decorrência da conduta ilícita da parte ré.

Das palavras exaradas pelo jornalista no referido meio de comunicação, é possível concluir que a parte autora
foi ofendida em sua esfera moral, considerando que a sua imagem, perante a sociedade, ficou marcada como
um profissional desqualificado, que coaduna com a violência policial e é a favor da criminalidade.

Portanto, restando demonstrado o dever de indenizar, já que todos os pressupostos da responsabilidade civil
foram preenchidos, impende analisar o quantum indenizatório.

Pleiteia o apelante a condenação de ambos os integrantes do polo passivo da demanda ao pagamento de, no
mínimo, R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Diante da inegável dificuldade em arbitrar o valor para indenizações por dano moral e também da ausência de
critérios legais objetivos, a doutrina tem lançado mão de certos parâmetros.

Devem ser considerados: as circunstâncias do caso concreto, o alcance da ofensa e a capacidade econômica do
ofensor e do ofendido.

A indenização deve ser suficiente para compensar a vítima pelo dano sofrido e, ao mesmo tempo, sancionar o
causador do prejuízo de modo a evitar futuros desvios.

Além disso, a indenização por dano moral não pode constituir fonte de enriquecimento, cabendo ao Judiciário
coibir possíveis abusos.

No caso em análise, é possível considerar como um valor justo de reparação o montante de R$ 20.000,00
(vinte mil reais) pela notícia publicada no site “Notícias Paraná”, a ser arcado somente pela parte ré Santos &
Ferrer Comunicação Ltda.

A quantia deve ser atualizada monetariamente pelo IPCA-E a partir da data do arbitramento (Súmula 362 do
STJ) e acrescidos de juros de mora em 1% (um por cento) ao mês a contar do evento danoso (Súmula 54 do
STJ).

Da majoração do quantum indenizatório quanto ao réu Valdir José Alves da Cruz

Ainda, pleiteia a parte autora em seu apelo pela majoração do quantum indenizatório fixado em primeiro grau
para o réu Valdir José Alves da Cruz, ante o reconhecimento de ser ilícita também a sua publicação no site
“Notícias Paraná”.
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Assiste razão a parte autora, neste ponto.

Isso porque o MM. Magistrado condenou a parte ré Valdir José Alves da Cruz ao pagamento de R$ 15.000,00
(quinze mil reais) a título de ressarcimento pelos danos morais sofridos somente em decorrência de

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publicação em seu perfil na rede social “Facebook”.

Como consequência do reconhecimento de ser também ilícita a publicação no site “Notícias Paraná”, conforme
explanado em item anterior desta decisão, faz-se necessário majorar o quantum indenizatório devido por esta
parte, já que é também responsável, juntamente com o meio de comunicação, pelo conteúdo ofensivo
veiculado, eis que de sua autoria.

Nesse sentido, entende esta c. câmara:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR


DANOS MORAIS. PUBLICAÇÕES EM BLOG JORNALÍSTICO. CONTEÚDO OFENSIVO.
(...) O quantum se mostra adequado, ainda, à vedação de enriquecimento ilícito e às
condições econômicas das partes envolvidas na ação: de um lado, o ofendido é agente
político, Deputado Federal pelo Estado do Paraná e, de outro, os responsáveis pela
conduta reputada ilícita são o jornalista e professor universitário Valdir Cruz e o Blog
Notícias Paraná, veículo de comunicação denominado, na qualidade de microempresa,
Santos e Ferrer Comunicação Ltda. - ME. (TJPR - 8ª C.Cível - AC - 1609596-0 - Região
Metropolitana de Londrina - Foro Central de Londrina - Rel.: Clayton de Albuquerque
Maranhão - Unânime - J. 23.03.2017)

Assim, majoro em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) o quantum indenizatório devido pelo réu Valdir José Alves
da Cruz, o qual, somado à importância de R$15.000,00 (quinze mil reais) já fixada em primeiro grau, totaliza
no montante da condenação para esta parte em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em virtude da publicação
exarada em seu perfil pessoal do “Facebook” e da notícia veiculada no site “Notícias Paraná”.

A quantia deve ser atualizada monetariamente pelo IPCA-E a partir da data do arbitramento (Súmula 362 do
STJ) e acrescida de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês a contar do evento danoso (Súmula 54 do
STJ).

Da retirada do ar da publicação do site “Notícias Paraná” e da publicação da decisão


condenatória no mesmo veículo de comunicação

Por fim, a parte autora pleiteia a retirada do ar da publicação ofensiva do site “Notícias Paraná” e a veiculação
desta decisão judicial no mesmo veículo de comunicação.

O apelo merece acolhimento também neste ponto.

Ante o reconhecimento da ilicitude da conduta da parte ré na veiculação do conteúdo ofensivo no site


“Notícias Paraná”, a necessidade de retirada do ar é medida que se impõe, com o intuito de cessar e não
perpetuar o ato ilícito.
PROJUDI - Recurso: 0010561-09.2016.8.16.0194 - Ref. mov. 20.1 - Assinado digitalmente por Helio Henrique Lopes Fernandes Lima:08850968949
25/03/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima - 8ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Quanto à publicação da decisão final desta demanda no mesmo meio de comunicação, considera-se como uma
forma de a vítima exercer o seu direito de resposta, objetivando a retratação de seu nome perante a sociedade,
conforme regulamenta a Lei n. 13.188/2015, sobretudo no seu art. 2º, que assim dispõe:

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV9F K7UHN HS8MK 5VYMD


“Art. 2o Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de
comunicação social é assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito e
proporcional ao agravo”.

Contudo, tem-se que é possível a publicação deste decisum somente no site ”Notícias Paraná”, já que a mesma
legislação que rege o direito de resposta exclui expressamente do rol de “matéria” os comentários realizados
por usuários da internet nas páginas eletrônicas, conforme se extrai do art. 2º, §2º.

Em casos semelhantes, entende este e. Tribunal:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DANO MORAL. LEI DE IMPRENSA.


INDENIZAÇÃO. CONDENAÇÃO. DANO MORAL CARACTERIZADO. OFENSA À
HONRA DA AUTORA. IMPRUDÊNCIA E NEGLIGÊNCIA DA RÉ, QUE DIVULGOU
NOTÍCIA SENSACIONALISTA QUANTO À PREFERÊNCIA SEXUAL DAQUELA.
DIREITO E LIBERDADE DE INFORMAR QUE NÃO PODE SOBREPOR-SE ÀS
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DE INVIOLABILIDADE À HONRA E IMAGEM DAS
PESSOAS (ART. 5º , X, DA CF. "QUANTUM" INDENIZATÓRIO DESPROPORCIONAL
AO DANO SOFRIDO. POSTULAÇÃO ACOLHIDA SOB O ARGUMENTO DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. PUBLICAÇÃO DO DECISUM NO
MESMO VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO A TÍTULO DE RETRATAÇÃO. DIREITO
ALBERGADO NA RECOMPOSIÇÃO OFERECIDA PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.
RECURSO DA AUTORA PROVIDO E APELO DA PARTE RÉ PARCIALMENTE
PROVIDO.

1- O art. 220 da Constituição Federal, ao dispor sobre a liberdade de informação,


admite, em seu § 1º, a existência de restrições quando a hipótese se enquadrar no art.
5º, X, da mesma Carta, que arrola, dentre os direitos e garantias fundamentais, a
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas,
"assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação.

2- O argumento da empresa-ré de que não agiu com dolo ou culpa, banalizando sua
conduta pelo simples "animus narrandi" das informações que lhe foram repassadas,
não justifica a publicação de notícias de cunho estritamente sensacionalista sobre a
preferência sexual da requerente, vez que tal ato esbarra no inviolável direito à
intimidade.

3- A fixação do valor da indenização a título de dano moral deve nortear-se pelos


critérios da razoabilidade e da proporcionalidade ao dano sofrido.

4- A publicação do decisum que julgou procedente a ação da autora no próprio jornal


de onde surgiu a notícia lesiva à sua moral, objetivando a retratação de seu nome
perante a sociedade em que vive, encontra amparo no conceito de ressarcimento
previsto no novo Código Civil, em seu art. 186, de sorte que plenamente viável e
legítimo o pedido, sendo a tanto inoponível obstáculo advindo da Lei de Imprensa.
PROJUDI - Recurso: 0010561-09.2016.8.16.0194 - Ref. mov. 20.1 - Assinado digitalmente por Helio Henrique Lopes Fernandes Lima:08850968949
25/03/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima - 8ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
6- Recursos de apelação da autora provido e apelo da parte ré parcialmente provido
para: (a) determinar que a empresa-ré promova a devida retratação, nos exatos
termos da fundamentação; (b) reduzir o quantum estipulado à guisa de danos morais
para R$ 30.000,00 (trinta mil reais), acrescidos de correção monetária a partir da
data deste decisum e juros de mora desde a data do evento danoso.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV9F K7UHN HS8MK 5VYMD


(TAPR – 10ª C. Cível (extinto TA) - AC - 239157-3 - Curitiba - Rel.: Guido Döbeli -
Unânime - J. 25.03.2004. Destacou-se)

APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS COM PEDIDO DE RETRATAÇÃO PÚBLICA - AFASTAMENTO DA
PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE RECURSAL - ALEGAÇÃO DE
NULIDADE DA SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO SOBRE AS
QUESTÕES DE FATO - INOCORRÊNCIA - - PUBLICAÇÃO DE CHARGE OFENSIVA
EM PERIÓDICO SINDICAL - AMPLA REPERCUSSÃO - EVIDENTE LESÃO A
DIREITOS DA PERSONALIDADE - HONRA, IMAGEM E DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA - DIREITOS À LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO E DO ACESSO À
INFORMAÇÃO - DIREITOS FUNDAMENTAIS - CONFLITO PRINCIPIOLÓGICO -
PONDERAÇÃO DE INTERESSES - PROPORCIONALIDADE - PROEMINÊNCIA, NO
CASO CONCRETO, DOS DIREITOS À HONRA, IMAGEM E DIGNIDADE - DEVER DE
INDENIZAR CONFIGURADO - QUANTUM INDENIZATÓRIO ADEQUADAMENTE
ARBITRADO NA SENTENÇA - RETRATAÇÃO PÚBLICA DEVIDA NA PROPORÇÃO DO
AGRAVO - ARTS. 5º, V, CF E 944 E 953, CPC - RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO
E NÃO PROVIDO - RECURSO ADESIVO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO
PARA DETERMINAR QUE O RÉU SE RETRATE PUBLICAMENTE.

(TJPR - 8ª C.Cível - AC - 1423117-7 - Curitiba - Rel.: Gilberto Ferreira - Unânime - J.


03.03.2016)

Apelação Cível. Indenização por danos morais. Publicação em periódico. Ofensa à


honra. Dever de indenizar. Valor devidamente fixado. Publicação do decisum
monocrático no mesmo veículo de comunicação, a título de retratação. Recurso não
provido. I - A liberdade de expressão possui limites, estando estes justamente onde
findam a veracidade e o caráter informativo, e surgem as alegações desprovidas de
certeza que ferem a dignidade do homem. II - O quantum indenizatório não deve ser
tão grande que se converta em fonte de enriquecimento, nem tão ínfimo que se torne
inexpressivo. III - A publicação do decisum que julgou procedente a ação do autor no
próprio jornal de onde surgiu a notícia lesiva à sua moral, objetivando a retratação de
seu nome perante a sociedade em que vive, encontra amparo (...). IV - Recurso que não
merece provimento.

(TJPR - 9ª C.Cível - AC - 424228-8 - Londrina - Rel.: Tufi Maron Filho - Por maioria -
J. 11.03.2008. Destacou-se)

Por tais razões, reformo a sentença para o fim de condenar o requerido Santos & Ferrer Comunicação Ltda. a
publicar a decisão que julgou procedente a demanda ajuizada pela parte autora no próprio site onde foi
publicada a notícia ofensiva, mantendo no ar por tempo equivalente.
PROJUDI - Recurso: 0010561-09.2016.8.16.0194 - Ref. mov. 20.1 - Assinado digitalmente por Helio Henrique Lopes Fernandes Lima:08850968949
25/03/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima - 8ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Da redistribuição do ônus sucumbencial

Em razão do provimento do recurso interposto, faz-se necessária a redistribuição do ônus sucumbencial.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV9F K7UHN HS8MK 5VYMD


Nesse sentido, condeno a parte ré ao pagamento das custas e despesas processuais, na proporção de 70%
(setenta por cento) para o réu Valdir José Alves da Cruz e 30% (trinta por cento) para a ré Santos & Ferrer
Comunicação Ltda, e de honorários advocatícios, fixados na importância de 15% (quinze por cento) sobre o
valor da condenação para o patrono da parte autora, a serem arcados por cada réu na mesma proporção, nos
termos do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil, observada eventual concessão de justiça gratuita.

Do exposto, é o voto pelo provimento do recurso de apelação da parte autora, devendo ser reformada a
sentença para condenar:

a) a ré Santos & Ferrer Comunicação Ltda. ao pagamento de R$ 20.000 (vinte mil reais) a título de
indenização por danos morais ao autor e a publicar a decisão que julgou procedente a demanda ajuizada pela
parte autora no próprio site onde foi publicada a notícia ofensiva, mantendo no ar por tempo equivalente;

b) o réu Valdir José Alves da Cruz ao pagamento de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a título de indenização por
danos morais ao autor, nos termos da fundamentação.

III – DECISÃO

Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 8ª Câmara Cível do


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar pelo (a) Provimento do recurso
de Misael Duarte Pimenta Neto.

O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Clayton De Albuquerque


Maranhão, com voto, e dele participaram Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima (relator) e
Desembargador Mário Helton Jorge.

21 de março de 2019

Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima

Des. Relator

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