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SENTENÇA
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Lúcia Caninéo Campanhã
Vistos.
plantadas; passou a sofrer campanha caluniosa perpetrada pelo ex-sogro na imprensa e na
polícia; a requerida consiste em empresa de jornalismo que apesar de saber diferenciar
notícia de dossiê plantado participou da campanha para transformá-lo num monstro; a
requerida continua divulgando em seu prejuízo diversas reportagens lesivas, mesmo
sabendo da sua absolvição sumária e que os fatos noticiados são totalmente falsos;
reportou-se ao limite da liberdade de expressão; sustentou que houve violação ao Código
de Ética do Jornalista; a requerida praticou ato ilícito consistente na violação da vida
privada, honra, intimidade, imagem e nome do autor; a requerida divulgou a sua imagem
emplacado e com cabelos raspados por um crime que não cometeu; sustentou por fim o
seu direito de resposta. Requereu a antecipação da tutela e no final a condenação da ré no
pagamento de todos os danos patrimoniais a que deu causa e no valor de um milhão de
reais pelos danos morais, bem como a publicação do seu direito de resposta, sob a forma
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de publicação da sentença, sob pena de multa diária, bem como deferida a tutela
antecipada para a sustação da divulgação pela internet e outros meios das reportagens
objeto da ação, com envio de ofícios ao Google, MSN e Yahoo para que cessem a
divulgação.
Foi deferido parcialmente o pedido de tutela antecipada
(fls.502).
O réu foi citado e deixou transcorrer o prazo legal sem
apresentação de contestação.
É o relatório.
DECIDO.
O feito comporta julgamento antecipado, nos termos do
art.330, inciso II, do Código de Processo Civil.
Nos termos do v. acórdão, a citação se deu validamente
(fls.766), enquanto que a requerida não apresentou contestação.
Com a revelia presumem-se aceitos como verdadeiros os
fatos alegados na inicial, nos termos do art.319 do Código de Processo Civil, em
consequência, entende-se que a requerida participou da campanha caluniosa contra o autor
em detrimento da sua honra e imagem, tendo lhe imputado a pecha de estelionatário
(fls.23), ciente da falsidade da notícia, além de divulgar a sua imagem em condições
humilhantes (fls.294/296).
A Constituição Federal garantiu a liberdade de informação
jornalística, observando-se os demais princípios constitucionais, dentre eles, a
inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas (art.220, §1o).
O direito à liberdade de pensamento não é absoluto, uma vez
que deve observar os limites impostos pelos outros princípios previstos também na Carta
Magna.
No entanto, a condenação restringe-se aos danos morais.
Inviável o acolhimento do pedido genérico de indenização por danos materiais decorrentes
de supostos contratos e negócios perdidos. Os danos materiais devem ser delimitados,
desde logo, não se pode relegar para a fase de liquidação a especificação dos supostos
lucros cessantes.
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não costuma ser deferido nem mesmo nos casos de morte de um ente querido.
No mais, conforme ressaltado na decisão que antecipou
parcialmente os efeitos da tutela, Google, MSN e Yahoo não figuram no polo passivo do
presente feito para sofrer os efeitos da condenação e não há possibilidade de que tais
mecanismos de busca realizem censura prévia.
Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE
PROCEDENTE o pedido, confirmando decisão que antecipou parcialmente os efeitos da
tutela para o fim de condenar a ré na obrigação de se abster de atribuir ao autor a pecha de
estelionatário, golpista e pessoa de alta periculosidade, sob pena de multa diária no valor
de R$ 1.000,00 e para condená-la no pagamento de indenização por danos morais no valor
de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), acrescido de correção monetária a partir da presente
data e juros de 1% ao mês a partir da citação, e improcedentes os demais pedidos
formulados. Considerando que o autor sucumbiu de parte mínima do pedido, arcará ainda
a ré com o pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios que fixo
em 10% sobre o valor da condenação, além das penas decorrentes da litigância de má-fé
(fls.502 e 767).
Tendo em vista pedido do autor, a sentença será publicada
pelo requerido, às suas expensas, após o trânsito em julgado, em veículo próprio ou outro
de idêntica circulação.
P.R.I.
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