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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
LFC
Nº 70073782062 (Nº CNJ: 0142321-58.2017.8.21.7000)
2017/CÍVEL
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ACÓRDÃO
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RELATÓRIO
DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA (PRESIDENTE E RELATORA)
DÉCIO ANTÔNIO COLLA apela da sentença que, nos autos da Ação Civil
Pública por Atos de Improbidade Administrativa ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO,
assim dispôs:
Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o
pedido, na presenta ação civil pública, ajuizada contra Décio
Antonio Colla, para condenar o réu ao pagamento de multa
civil no valor equivalente a 50 (cinquenta) vezes a
remuneração atual do Prefeito Municipal de São Francisco
de Paula. A partir da presente data sofrerá correção
monetária pelo IGP-M e o acréscimo de juros legais
moratórios. Suspendo os direitos políticos do demandado
pelo prazo de 5 (cinco) anos. Imponho, ainda, a proibição
de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
sócio majoritário pelo prazo de 3 (três) anos.
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a serem firmados entre o Município e o Hospital Municipal, ações para viabilizar melhorias
na qualidade da saúde da população de São Francisco de Paula. Afirma que o contrato de
gestão e demais aditivos são perfeitamente legais, sendo que as contratações neles constantes
são admitidas pelo ordenamento jurídico. Colaciona doutrina e jurisprudência que entende
pertinente à matéria. Requer o provimento do apelo.
Com contrarrazões, o Ministério Público exarou parecer pelo desprovimento
do apelo, vêm os autos conclusos para julgamento.
Observado o disposto nos artigos 931 e 934 do CPC.
É o relatório.
VOTOS
DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA (PRESIDENTE E RELATORA)
O Ministério Público, por seu agente na Comarca de São Francisco de Paula
interpõe a presente ação civil pública por ato de improbidade administrativa contra Décio
Antônio Colla com base no Inquérito Civil nº 47/2010, pois na condição de Prefeito do
Município de São Francisco de Paula firmou contrato de gestão com o Hospital Municipal
com o objetivo de burlar as exigências constitucionais da realização de concurso público
para o ingresso em cargos públicos, em desrespeito ao Princípio da Impessoalidade no
acesso às funções públicas, uma vez que as contratações realizadas contavam com a
indicação do demandado, de acordo com seu interesse pessoal e político-partidário, sendo
que, posteriormente os contratados desempenhavam suas atividades na Secretaria Municipal
de Saúde. Segundo a inicial, tal pratica acarretou dispensa indevida do processo seletivo. Em
decorrência, postulou o autor a condenação do réu nas sanções do art.12, inc. III, da LIA
pela prática da conduta prevista no art.11 da mencionada lei.
Analiso as preliminares suscitadas:
Inaplicabilidade da LIA aos agentes políticos e competência do Juiz de 1º
Grau:
O réu/apelante sustenta a inaplicabilidade da Lei nº 8.429/92 ao caso
concreto, uma vez que os Prefeitos Municipais estão sujeitos ao regime especial do Decreto-
Lei nº 201/1967, que dispõe sobre os crimes de responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores.
Sustenta que os Prefeitos não podem ser submetidos a dois regimes diferentes de imputação
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Nulidade da sentença:
Não há falar em nulidade da sentença por ausência de fundamentação. A
sentença analisou à exaustão os fatos narrados na inicial, apreciando cada uma das condutas
imputadas ao réu de forma pormenorizada.
Ao contrário do alegado, o juízo a quo externou de modo conciso, porém
satisfatório, as razões de sua decisão. Ora, a controvérsia dos autos foi devida e
exaustivamente enfrentada quando da prolação da sentença, não se devendo confundir
decisão contrária aos interesses do réu com eventual vício.
Não bastasse isto, inexiste obrigação de o julgador pronunciar-se sobre cada
alegação trazida pelas partes, de forma pontual, bastando que apresente argumentos
suficientes às razões de seu convencimento, atendendo, com isso, o disposto no art. 93, IX da
CF.
Por tais razões, não merece guarida a preliminar de nulidade da decisão
recorrida por ausência de fundamentação.
Rejeito a preliminar.
Mérito:
Quanto ao mérito, a prova dos autos é firme e coerente no sentido da prática
dos atos de improbidade administrativa perpetrados por Décio Antônio Colla, os quais
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ocorreram de forma continua e crescente durante o seu mandato, uma vez que o vínculo
ilegal mantido inicialmente para a contratação de ACS- Agentes Comunitários de Saúde, no
transcorrer de três anos transformou-se em contratação de ACS, PSF-Programa Saúde da
Família e outros servidores como porteiros, serventes, vigilantes.
Tais fatos restaram amplamente evidenciados nos apontamentos das
Auditorias do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul dos exercícios de 2006,
2007, 2008 e 2009, os quais relatam a conduta reiterada do réu na terceirização dos serviços
de saúde pelo Município de São Francisco de Paula junto ao Hospital Municipal. Na prática,
o que se verificou foi o fornecimento de mão-de-obra escolhida pelo administrador público
sem a realização de concurso público. A utilização de pessoa jurídica como suposta
prestadora de serviços serviu para ocultar a pratica de conduta afrontosa ao ordenamento
jurídico e violadoras dos Princípios Administrativos, uma vez que os valores repassados para
a Organização Social em questão eram utilizados em sua totalidade para custear a
contratação de pessoal escolhido pelo demandado para o desempenho de funções na própria
Secretaria Municipal de Saúde ou nas unidades subordinadas como postos de saúde,
unidades básicas de saúde, farmácia popular e CAPS.
Acerca da forma como o administrador municipal contratava os servidores
para o hospital municipal a prova testemunhal não deixa dúvida acerca das práticas narradas
na inicial. Para melhor elucidar transcrevo os depoimentos colhidos em juízo e transcritos na
sentença recorrida:
Testemunha: Sim.
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técnica e profissional?
Juiz: O senhor ouviu falar que alguém foi contratado por algum
favor político ou coisa que o valha?
Testemunha: Não.
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Testemunha: Sim.
Testemunha: Sim.
Testemunha: Sim.
Testemunha: Não.
Testemunha: Sim.
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Testemunha: Sim.
Testemunha: Sim.
Testemunha: Sim, vinha pronto para essa moça e ela que fazia
contracheque, ela que distribuía, contratos ela que fazia tudo.
Testemunha: Tudo.
Testemunha: Isto. Daí eu passava para ela: “vai ser tal dia o exame
do Fulano”. Daí aí era com eles.
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Testemunha: Sim.
Testemunha: Não.
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Juiz: Os profissionais?
saúde?
Testemunha: Não sei, não sei lhe dizer como é que funcionava
esses critérios.
Testemunha: Sim.
Testemunha: Não.
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Testemunha: Sim.
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Testemunha: Foi esse último contrato que foi feito pelo hospital,
porém trabalhando na Secretaria da Saúde.
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Testemunha: É.
Testemunha: Exatamente.
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Testemunha: Sim.
Testemunha: Eu pedi.
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Testemunha: Sim.
Testemunha: Sim.
Testemunha: Sim.
coisas.
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Testemunha: Sim.
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Testemunha: Não.
Testemunha: Técnicos.
Testemunha: Sim.
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Testemunha: Não.
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