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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA SUBSEÇÃO

JUDICIÁRIA DE FLORIANÓPOLIS - SC

Objeto: Anulação do Auto de Infração nº...


Termo de Embargo nº...

RECORRENTE..., nacionalidade..., inscrito (a) no RG sob o nº..., CNH nº..., e


CPF nº..., residente e domiciliado (a) em..., nº..., Bairro..., Cidade..., UF...,
CEP..., tendo sido autuado através do auto de infração em anexo, vem, a
presença, por seu procurador firmatário, vem à presença de Vossa Excelência,
propor a presente

AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL

com pedido de tutela antecipada de urgência


Em face de INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERSIDADE – ICMBio, pelo seu representante legal, com sede na Rua...,
número..., Centro, Florianópolis-SC, CEP..., pelos fatos e fundamentos que
seguem.

1. INTRÓITO

Cumpre inicialmente informar que o demandante é legítimo proprietário


de um terreno com área de 3.000 m² (três mil metros quadrados), localizado no Bairro de
Ratones em Florianópolis.

Destaca-se que o antigo proprietário adquiriu a posse da gleba através


da Escritura Pública de Doação, lavrada na Escrivania de Paz do Distrito de Ratones, Livro em
20/01/1987, tendo como donatária...

Portanto, emerge, que sob a área em questão não incide qualquer


interesse federal capaz de limitar o exercício inerente ao instituto da propriedade, porquanto a
gleba impugnada “não se trata de terreno de marinha de domínio da União Federal”.

Ademais, o vigente Plano Diretor do Município de Florianópolis, Lei


Complementar n° 482 de 14 de janeiro de 2014, quanto ao Zoneamento ali incidente, classifica
o terreno como Área de Uso Limitado, razão pela qual são inteiramente permitidas as
atividades ali desenvolvidas, tendo o demandante inclusive obtido em 12 de junho de 2017
autorização de Corte e Supressão de Vegetação do Órgão Competente.
Também de se notar que o imóvel possui inscrição imobiliária municipal
de número.... para o fim de cobrança de Imposto Sobre Propriedade Territorial Urbana – IPTU,
e recebe fornecimento e ligação de energia elétrica na rede oficial da Celesc desde 1968.

Conforme se depreende do Estudo Técnico elaborado pelo Engenheiro


Florestal, devidamente acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART - no
local, objeto da autuação, não incidem qualquer das situações que qualificam a área como de
preservação permanente.

No entanto, mesmo demonstrada a situação de adequação da atividade


no imóvel quanto ao zoneamento urbanístico ali aplicável e autorização de Corte e Supressão
de Vegetação, em 10 de novembro de 2019, agente da autarquia federal ICMBio, lavrou o
Auto de Infração número...., em desfavor do Autor, aplicando apenamento pecuniário e
lavrando termo de embargo, sem apontar as coordenadas do local.

Entretanto, respeitando o embargo imposto na gleba, o Autor exercendo


o direito de tapagem realizou o cercamento do imóvel para impedir a circulação de estranhos
em sua propriedade, situação que ensejou a lavratura de novo Auto de Infração número...

Ocorre que as penalidades impostas ao peticionante destoam do


acervo probatório fático e jurídico que guarnecem a propriedade, porquanto, além de inexistir
competência do ICMBio, a área não é considerada de preservação permanente.

2. DO AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL

Analisando o Auto de Infração aqui impugnado, verifica-se que no campo


n.º 13, destinado à descrição sumária da infração consta:

Destruir e danificar 8,87 hectare de Floresta Ombrófila Densa em estágio


avançado de regeneração, situada em área de preservação permanente de
margem de rios e entorno de nascentes tributárias do Rio Ratones, com danos
a biodiversidade da Estação Ecológica Carijós e seu entorno. Fica Embargada
a área danificada, conforme mapa 01 em anexo. Ficam apreendidas as 31
manilhas (tubos) de alvenaria com diâmetro aproximado de um (1) metro.

Em seguida, nos campos no 14, 15 e 16 consta que a conduta do


demandante está, supostamente, enquadrada como infração ao preceituado nos artigos 43 e
93, do Decreto n.º 6.514/08; art. 4º, I, a); IV, da Lei n° 12.651/12 e art. 1º do Decreto
94.656/1987, respectivamente

Decreto nº 6.514/08:
Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural
ou utilizá-las com infringência das normas de proteção em área considerada
de preservação permanente, sem autorização do órgão competente, quando
exigível, ou em desacordo com a obtida:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
por hectare ou fração.
[...]
Art. 93. As infrações previstas neste Decreto, exceto as dispostas nesta
Subseção, quando forem cometidas ou afetarem unidade de conservação ou
sua zona de amortecimento, terão os valores de suas respectivas multas
aplicadas em dobro, ressalvados os casos em que a determinação de
aumento do valor da multa seja superior a este.

Lel n° 12.651-12
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura
mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de
largura;
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,
qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta)
metros;

Decreto nº 94.656/1987
Art. 1º Art. 1º Ficam criadas, em terras de domínio da União, nos Estados de
Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo, as Estações Ecológicas abaixo
especificadas:
I - Estação Ecológica de Carijós - localizada no Município de Florianópolis,
Estado de Santa Catarina, composta das seguintes áreas, assim descritas e
caracterizadas: [...]

No campo n.º 20, referente às demais sanções administrativas aplicadas


consta:

Fica embargada a área objeto do Auto de Infração.

Por fim, foi aplicada pena pecuniária no valor de R$ 80.000,00.

Ocorre que após receber a autuação supracitada e exercendo seu


direito de tapagem para evitar que terceiros adentrem ou invadam sua propriedade, o autuado
iniciou o cercamento da área próxima a avenida, sem danificar qualquer espécie de vegetação.

No entanto, para surpresa, os agentes fiscais do ICMBio retornaram ao


local e lavraram novo Auto de Infração Ambiental por suposto descumprimento da autuação
anterior, conforme infere-se do campo n.º 13, destinado à descrição sumária da infração
consta:

Descumprir embargo determinado por força do Auto de Infração... de..., com


impacto sobre a Estação Ecológico de Carijós. Fica embargado a área
embargada pelo Auto de Infração Ambiental conforme mapa novamente
entregue ao autuado em anexo ao presente Auto de Infração.

Em seguida, nos campos no 14, 15 e 16 consta que a conduta do


peticionante está, supostamente, enquadrada como infração ao preceituado nos artigos 79 e
93, do Decreto n.º 6.514/08; e art. 1º do Decreto 94.656/1987:

Art. 79. Descumprir embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas:


Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Por fim, foi aplicada nova penalidade pecuniária também no importe de


R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Como é evidente, o auto de infração impugnado traduz pena


administrativa severíssima, porquanto impede o aqui peticionante de dar destinação adequada
e proteção à gleba urbana de sua legítima propriedade, devidamente inscrita no cadastro
municipal para fins de cobrança de Imposto Predial e Territorial Urbano.

Destarte, a restrição que se quer impor ao administrado aniquila o


direito de tapagem, atentando contra o destino natural do imóvel de forma confiscatória.

Diante de tais fatos, se requer desde já a invalidação do Auto de Infração


Ambiental, conforme adiante se demonstrará.

3. DA AUSÊNCIA DE INTERESSE FEDERAL - DA INCOMPETÊNCIA DO INSTITUTO


CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE – ICMBio - LEI
COMPLEMENTAR n.º 140 DE 08 DE DEZEMBRO DE 2011.

Inicialmente cumpre asseverar à incompetência do Instituto autuante


para lavrar auto de infração e aplicar sanções administrativas, como ocorreu no caso vertente.

Compulsando o teor Lei n.º 11.516, de 28 de agosto de 2007, que dispõe


sobre a criação do ICMBio e respectivo Decreto n.º 6.100, de 26 de abril de 2007, algumas
considerações merecem ser observadas.

Segundo o teor do art. 1º da referida lei, o ICMBio é classificado como


uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de:

I- executar ações da política nacional de unidades de conservação da


natureza, referentes às atribuições federais relativas à proposição,
implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de
conservação instituídas pela União;
(...) IV- exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de
conservação instituídas pela União;

O texto da lei é bastante claro ao fixar as atribuições do referido órgão,


proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas pela União.
Sucede que a localização da gleba objeto da autuação está distante a
mais de 8 (oito) quilômetros da Estação Ecológica Carijós, fato que por si só não confere
legitimidade ao ente federal para lavrar autos de infração e aplicar severas sanções
administrativas, além do que no caso vertente o ato de fruição da propriedade privada não está
representando dano ambiental algum, mesmo porque dano ambiental não pode ser objeto de
mera suposição oficial, o qual na hipótese de existência deve ser cabalmente provado, quanto a
sua extensão.

A carência de interesse federal qualificado também decorre da não


inserção do imóvel próximo a Estação Ecológica Carijós restando eliminada qualquer
controvérsia ainda existente acerca da competência em matéria ambiental e de suma
pertinência ao caso em apreço.

O imóvel está situado no Distrito de Ratones, não perfazendo qualquer


limite com a Estação Ecológica Carijós nos termos do art. 1º da Lei nº 94.656/97.

Conclui-se, portanto que na hipótese sob comento inexiste qualquer


interesse federal que justifique a atuação do Instituto Chico Mendes nos moldes preconizados
na da Lei n.º 11.516/07.

Em decorrência das alegações expendidas, a autuação aqui combatida


deve ser considerada nula de pleno direito, porquanto ausentes todos os permissivos legais
justificativos da atividade da autoridade ambiental.

4. DO DIREITO DE TAPAGEM. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL

Emerge da autuação em tela, lavrada por agentes ficais do ICMBio, que


o peticionante foi autuado por supostamente “descumprir o termo de embargo determinado por
força do Auto de Infração Ambiental de. . . ”.
Embora não constem as razões que ensejaram o suposto
descumprimento da autuação anterior, o ato deflagrador foi o cercamento da gleba objeto da
lide objetivando proteger a propriedade de invasões de terceiros.

Deste modo, o peticionante se fez valer do direito preconizado no art.


art. 1228, do Código Civil que assim preconiza:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e


o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.

Isto porque, o autuado está protegendo sua residência de invasões de


terceiros e que seu terreno se torne depósito de resíduos sólidos e entulhos.

Ademais, colaciona-se das fotografias anexas que o cercamento da


gleba ocorreu próximo a calçada e a via pública.
Diante destes fatos, o peticionante apenas legitimou seu direito de
tapagem pelos motivos consubstanciados da defesa administrativa apresentada anteriormente.

Assim, ante o exposto, o impetrante apenas exerceu o direito de


tapagem assegurado no art. 1.228, do Código Civil.

Portanto, o direito de tapagem é o poder ou faculdade do proprietário de


um prédio que lhe permite, a todo o tempo, murar, valar, rodear de sebes ou tapar de qualquer
modo esse prédio.

Ao exercer este direito, o proprietário deve ter o cuidado de não privar os


prédios vizinhos do apoio necessário para evitar desmoronamentos ou deslocação de terra,
sob pena de ter que indenizar os vizinhos pelos danos que venha a causar com tais obras,
mesmo que tenham sido tomadas as precauções julgadas necessárias.

Por outro lado, o direito do peticionante de cercar sua propriedade,


encontra-se guarida no art. 1277, do Código Civil, que assim dispõe:

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer


cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos
que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.

Portanto, objetivando assegurar a proteção de sua residência de


invasões de terceiros, depósito de resíduos sólidos e entulhos, o peticionante exerceu o direito
de tapagem assegurado do codex Civil.

Assim, o cercamento da propriedade nos limites do arruamento oficial


não implica qualquer agressão ambiental, mas exercício legítimo de direito de tapagem para
garantir a segurança e não invasão de sua propriedade.

Outrossim, o cercamento da propriedade visa impedir que a gleba objeto


da autuação se torne um depósito de resíduos sólidos, haja vista, que moradores do local
habitualmente depositam tais resíduos em terrenos baldio.

Deste modo, o ato de cercamento da propriedade do demandante não


pode caracterizar descumprimento do Termo de Embargo, porquanto, se está protegendo a
propriedade de invasores e principalmente pelo fato da gleba estar próximo ao arruamento
oficial, conforme infere-se da fotografia anexa.

Portanto, pela fotografia acima, verifica-se que o requerente apenas


exerceu seu direito de tapagem, cercando sua propriedade para evitar invasões e danos.

5. DA AUSÊNCIA DE ZONA DE AMORTECIMANETO DA ESTAÇÃO


ECOLÓGICA CARIJÓS

Destaca-se ainda que embora a gleba objeto da autuação esteja


totalmente longínqua da Estação Ecológica Carijós, afastando a competência do ICMBio para
lavrar a atuação aqui debatida, a Unidade de Conservação não possui Zona de Amortecimento.

Salienta-se que a Zona de Amortecimento é uma área estabelecida ao


redor de uma unidade de conservação com o objetivo de filtrar os impactos negativos das
atividades que ocorrem fora dela, como: ruídos, poluição, espécies invasoras e avanço da
ocupação humana, especialmente nas unidades próximas a áreas intensamente ocupadas.

A ZA foi criada pelo artigo 2º, inciso XVIII da Lei nº 9.985/2000, que a
define como o "entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão
sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos
sobre a unidade". As zonas de amortecimento não fazem parte das Unidades de Conservações
mas, localizadas no seu entorno, têm a função de proteger sua periferia, ao criar uma área
protetiva que não só as defende das atividades humanas, como também previnem a
fragmentação, principalmente, o efeito de borda.

Pela Resolução CONAMA nº 428, de 17 de dezembro de 2010,


atividades que possam afetar a zona de amortecimento só terão seu o licenciamento ambiental
concedido após autorização do órgão gestor da unidade de conservação que ela circunda, que
fará tal decisão mediante devidos estudos ambientais - EIA/RIMA. Se a Unidade foi
estabelecida sem a definição de zona de amortecimento, empreendimentos com capacidade
de impacto significativo ao ambiente deverão respeitar uma faixa estabelecida de 3 km de
distância e serão obrigados a obter o licenciamento.

Como cediço a gleba autuada está distante a mais de 8 (oito)


quilômetros da Estação Ecológica Carijós o que afasta a competência de autuação da
autarquia federal em lavrar a autuação.

Portanto, ausente a Zona de Amortecimento o ICMBio não pode implicar


restrições de atividades realizadas ocorridas a mais de 8 (oito) quilômetros de distância da
gleba objeto da lide.

Assim, à vista do exposto, constata-se de maneira insofismável que a


incompetência do ICMBio para lavrar a autuação impugnada, bem como resta descaracterizada
qualquer suposta agressão a Estação Ecológica Carijós, eis que não se trata de área de
proteção integral e as atividades ali desenvolvidas estão de acordo com o zoneamento
estabelecido para o local.

6. O VALOR DA MULTA

Verifica-se que o apenamento pecuniário foi arbitrariamente fixado acima


do mínimo legal.

Isto porque não consta na autuação o motivo que levou o agente fiscal a
estipular tal valor, o que impossibilita o peticionante de formular defesa a respeito desse ponto.

A Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da


Administração Pública Federal, estabelece no art. 50 que todo ato administrativo deverá ser
motivado sempre que:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses ; e II – imponham ou


agravem deveres, encargos ou sanções.
Logicamente, estaria o agente dispensado de motivar o valor se tivesse
sido fixado a multa mínima prevista no dispositivo que fundamentou a lavratura do Auto de
Infração.

Ocorre que foi aleatoriamente estipulado valor exorbitante, sem a


observância dos fundamentos legais que regulam o arbitramento da multa, inviabilizando o
contraditório e a ampla defesa, direitos fundamentais garantidos no art. 5º, LV, da Constituição
Federal.

Preceitua o art. 6º da Lei nº 9.605/98, que dispõe sobre as sanções


penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente:

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente


observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de
interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Por sua vez, o Decreto Federal nº 6.514/08, que regulamenta a lei em


alusão, dispõe em seus artigos 8º, V, 12 e 18:

Art. 8º As penas restritivas de direito são:


[...] V - prestação pecuniária; [...]
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou
à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz,
não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil
a que for condenado o infrator. [...]
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se
revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser
aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica
auferida.

Destarte, a legislação ambiental aufere parâmetros para o arbitramento


do valor da prestação pecuniária, não podendo a autoridade deixar de observá-los, sendo
obrigada a motivar expressamente a razão do valor fixado.

Vale transcrever a ementa do seguinte julgado:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. AUTO DE INFRAÇÃO


AMBIENTAL. MULTA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. ART. 6º, DA LEI
9.605/98. SUBSTITUIÇÃO POR AUTO FUNDAMENTADO. CONSTRUÇÃO
EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ALEGAÇÕES NÃO
COMPROVADAS. DILAÇÃO PROBATÓRIA.
1. O art. 6º da Lei 9.605/98, que dispõe sobre sanções administrativas e
penais decorrentes de atividades lesivas ao meio ambiente, traz os elementos
que devem ser considerados quando da dosimetria da pena aplicada.
Destarte, a cominação de multa além do mínimo legal impõe a devida
fundamentação, tendo por norte os parâmetros legalmente fixados.
2. É imperiosa a anulação de multa fixada pelo IBAMA, em valor superior ao
mínimo legal, sem qualquer motivação. Todavia impende ressalvar ao órgão a
lavratura de novo auto que, sem a irregularidade apontada, comine a devida
multa, já que não pode o Poder Judiciário incentivar a impunidade de infrações
ambientais como construção proibida em área de preservação permanente.
[...] 5. Remessa necessária e recurso desprovidos. (TRF5, Apelação em
Mandado de Segurança nº 70550 RJ 2005.51.11.000380-5, Juiz Federal
Convocado Marcelo Pereira/no afast. Relator, Oitava Turma Especializada,
DJU 16/02/2009)

Assim, é nulo o Auto de Infração Ambiental impugnado, haja vista a


ausência de motivação a respeito do valor fixado para a penalidade de multa, de forma a
cercear os direitos fundamentais ao contraditório e à ampla defesa.

7. DO MÉRITO

7.1 AUSÊNCIA DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

No tocante à imputação de que o imóvel em enfoque, cuja propriedade


está sendo exercida legitimamente pelo peticionante, está inserido em área de preservação
permanente por ali incidir “Floresta Ombrófila Densa em estágio avançado de regeneração,
situada em área de preservação permanente de margem de rios e entorno de nascentes
triubutárias do Rio Ratones”, colhe-se ser acusação administrativa improcedente, tanto porque
no local inexiste esta configuração.

A propósito, infere-se do incluso Parecer Técnico elaborado pelo


Engenheiro Florestal, documento acompanhado da necessária Anotação de Responsabilidasde
TécnIca - ART, que a região onde se localiza o imóvel em tela NÃO é considerada área de
preservação permanente , conforme a transcrição integral abaixo formalizada.

Em vistoria realizada na área, constata-se que a mesma se encontra


localizada em área de meia encosta, com declividade inferior a 35%,
possuindo em certos trechos áreas planas, predominância de vegetação nativa
em estágio médio e avançado de regeneração natural, com algumas espécies
de cultivares de plantio de cafezal em certo trecho da área.
A vegetação de sub-bosque é caracterizada por samambaias e plantas
herbáceas, características de vegetação do ecossistema local.
Presença de solos arenosos, sendo o horizonte “A” caracterizado de depósitos
de sedimentos orgânicos lixiviados, com alguns matacões aflorados e
presença de seixos de pequeno porte.
Não existe curso de água na área de meia encosta nem nascentes, apenas
algumas calhas secas de condução de água pluvial em épocas chuvosas.
Presença de algumas árvores derrubadas pela ação dos ventos.
Existe sobre a área vestígios de construção de um antigo engenho de
farinha e caminho de carro de boi, sendo a área explorada pelos antigos
proprietários com plantio de cultivares na época.
Diante da situação física e topográfica existente na área, me dão condições
técnicas de afirmar que a área não é considerada de área de preservação
permanente de acordo com a legislação ambiental em vigor, podendo ser
explorada de forma sustentável, respeitando a legislação ambiental em vigor
e o Plano Diretor do Município de Florianópolis, fazendo assim cumprir a
questão socioambiental da propriedade.
Florianópolis, 10 de dezembro de 2019.

Portanto, ao verificar as conclusões do estudo técnico anexo, verifica-


se, pois, que o imóvel do peticionante não está inserido em APP.

8. A TIPIFICAÇÃO INADEQUADA

A conduta imputada como infringida ao peticionante é aquela tipificada


no art. 43, do Decreto Federal nº 6.514/08, in verbis:

Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural


ou utilizá-las com infringência das normas de proteção em área considerada
de preservação permanente, sem autorização do órgão competente, quando
exigível, ou em desacordo com a obtida:

Entretanto, o ato infracional acima descrito não se aplica aos atos


praticados, porquanto o autuado:

a) não destruiu ou danificou florestas ou demais formas de vegetação


natural;
b) não utilizou a área com infringência das normas de proteção em área
considerada de proteção permanente;

Destarte, o fato descrito no Auto de Infração em discussão não


encontra subsunção na norma apontada como infringida, razão que impõe a sua anulação.

9. A INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DANO AMBIENTAL IMPUTÁVEL AO RECORRENTE.

Infere-se que a autuação em debate foi imposta ao peticionante por


descumprir o Termo de Embargo lavrado pelo Auto de Infração Ambiental

Ocorre que após a lavratura da autuação primitiva o autuado tão


somente realizou o cercamento da gleba para impedir que estranhos adentrasse na sua
propriedade, exercendo o legítimo direito de tapagem.
Porém, o agente fiscal lavrou novo auto de infração por suposto
descumprimento do termo de embargo lavrado anteriormente, aduzindo que o cercamento
gerou dano ambiental.

Sucede que o conceito jurídico de “dano” deve seguir a interpretação

proveniente dos textos normativos, inexistindo possibilidade de livre apreciação pela


Administração, porquanto na hipótese não há margem para discricionariedades, eis que se
trata de conceito vinculado.

Assim, o administrado deverá se orientar pela competência técnica da


Administração, para demonstrar a existência ou não e a real extensão deste suposto dano.

O cerne do problema está situado na questão do entendimento correto


do conceito do dano ambiental no sentido do art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81.

É pacífico na doutrina que a definição de dano ao meio ambiente é


respondida pela legislação material referente à proteção ambiental.

Destaca Viana Bandeira:

“na indagação sobre o conteúdo do conceito" dano ambiental", teríamos de


considerar que o mesmo, por um lado, apresenta-se como um fenômeno
físico-material, por outro lado pode integrar um fato jurídico qualificado por
uma norma e sua inobservância e que somente pode cogitar-se um dano se a
conduta for considerada injurídica no respectivo ordenamento legal; assim a
injuridicidade decorre da violação de um interesse juridicamente protegido”. 1

Portanto, “não basta a simples opinião pessoal do aplicador do Direito (agente


administrativo, promotor, juiz) que certo comportamento" faz mal ao meio
ambiente"; sempre deve haver uma norma que proíbe certa atividade ou
protege determinado bem ecológico. É claro, que no ato da subsunção dos
fatos ao texto da norma sempre vai haver influência da atitude pessoal do
intérprete.”2

No caso sub studio não basta apenas o agente autuante afirmar que
ocorre dano “pelo simples cercamento da propriedade”, que frise-se, ocorreu próximo a calçada
e via de frente para a gleba; deverá ele provar, nas vias ordinárias, existir um nexo causal que
possa determinar ou não a efetiva existência desse dano e qual a sua extensão e
consequências.

Pode-se então afirmar que, onde existir poluição no sentido do art. 3º,
III, da Lei n° 6.938/81, muitas vezes vai haver também um dano ambiental de acordo com o
art. 1º, inciso I, da Lei 7.347/85, visto que a definição do conceito de dano na lei processual se
rege pelas normas do direito ambiental material.
1
(Evandro F. de Viana Bandeira, O Dano Ecológico nos quadros da responsabilidade civil , in: Adilson A. Dallari/ Lúcia V.
Figueiredo - Coord., Temas de Direito Urbanístico - 2, 1991, Edit. RT, p. 265, 268).
2
Cf. Karl Engisch, Introdução ao Pensamento Jurídico , 6. ed., 1983, Fund. Calouste Gulbenkian, Lisboa, p. 205; Miguel
Reale, Lições Preliminares de Direito, 22. ed., 1995, Edit. Saraiva, p. 285.
Portanto, “nem toda alteração negativa do meio ambiente pode ser
qualificada como poluição ou dano. Na verdade, o conceito e o conteúdo do dano ambiental
na legislação ficaram relativamente indefinidos.”3
Hely Lopes Meirelles assevera:

"de um modo geral as concentrações populacionais, as indústrias, o comércio,


os veículos, a agricultura e a pecuária produzem alterações no meio ambiente,
as quais somente devem ser contidos e controlados quando se tornam
intoleráveis e prejudiciais à comunidade, caracterizando poluição reprimível.
Para tanto, a necessidade da prévia fixação técnica e legal dos índices de
tolerabilidade, dos padrões admissíveis de alterabilidade de cada ambiente,
para cada atividade poluidora"4.

A doutrina aponta as características do dano ambiental:

“a sua anormalidade, que existe onde houver modificação das propriedades


físicas e químicas dos elementos naturais de tal grandeza que estes percam,
parcial ou totalmente, sua propriedade ao uso; a sua periodicidade, não
bastando a eventual emissão poluidora e a sua gravidade, devendo ocorrer
transposição daquele limite máximo de absorção de agressões que possuem
os seres humanos e os elementos naturais.” 5

Assim, não há como imputar genericamente, sem a comprovação de


nexo causal, a existência de dano direto ou indireto à Unidade de Conservação Federal pelo
simples cercamento da propriedade realizado próximo a calçada e via de frente ao imóvel
autuado.

Ney de Barros Bello Filho afirma:

“(...) parece não ser simples a tarefa de estabelecer a distinção entre o dano
direto e o dano indireto, eis que esta última expressão é dotada de forte carga
de imprecisão, sendo alvo de críticas acerbadas (cf. Miguel Reale Júnior; A
Lei Hedionda dos crimes ambientais – artigo publicado no Jornal Folha de São
Paulo, em 06/04/98).
Sem perder de vista tal dificuldade, pode-se afirmar que o dano direto
resultaria do próprio comportamento do agente, repercutindo imediatamente
sobre a unidade de conservação tutelada. Já o dano indireto seria aquele
causado por via oblíqua, transversa, através de meios mediatos como por
exemplo, a introdução de animais ou substâncias químicas capazes de
danificar a unidade de conservação”6

3
(Cf. Jair Lima Gevaerd Filho, Anotações sobre os conceitos de Meio Ambiente e Dano Ambiental , in Revista de Direito
Agrário e Meio Ambiente, Curitiba, 1987, p. 17.)
4
Proteção ambiental e Ação Civil Pública, in Revista dos Tribunais, n.º 611, 1986, p. 11.
5
Paulo A. Leme Machado, ob. cit., p. 253; Fábio D. Lucarelli, ob. cit., p. 10.
6
Costa Neto, Nicolao Dino de Castro, Crimes e Infrações Administrativas (Lei 9.605/98) –
Brasília: Brasília Jurídica, 2.000, pág. 215.
Necessário, portanto, debater os supostos danos ambientais que
fundamentaram a autuação, um a um.

10. DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E DA INEXISTÊNCIA DE PROVA DE DANO POR


PARTE DO AUTUADA

A responsabilidade administrativa não se funda na teoria objetiva, mas


sim, na teoria subjetiva, COM A NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE DOLO OU CULPA,
e prova específica do dano ambiental derivado da conduta imputada ao ora peticionante.

Destaca-se que a imputação correspondente ao descrito no art. 43 do


Decreto n.º 6.514/08 NÃO ostenta a modalidade culposa.

Como é sabido, o dolo em sentido amplo, no que pertine à vontade livre


e consciente do agente em produzir e causar o resultado lesivo depende de prova robusta que
ateste esta intenção.

Esta inquestionável evidência por si só afasta a possibilidade de


imputação infracional a título de dolo ou culpa, ou seja, vontade livre e consciente ou ainda
conduta imprudente, negligente ou imperita, de modo a provocar degradação e destruição de
vegetação em Área de Preservação Permanente.

Assim, ressalta-se que jamais ocorreu dolo ou culpa, porquanto,


conforme exposto, não se trata de área de preservação permanente. Ademais, até o dia 13 de
janeiro de 2014, ou seja um dia antes da entrada em vigor do Novo Plano Diretor de
Florianópolis, a gleba sob comento estava classificada Área de Exploração Rural, zoneamento
que à época dispensava qualquer licenciamento urbanístico para a sua utilização.

Ademais, os danos alegados pelo demandado foram ocasionados por


caso fortuito, em decorrência de vendavais que derrubaram inúmeras árvores no local, fato
este comprovado pelo Órgão Municipal.

11. DA TUTELA DE URGÊNCIA

Determina o artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015 que: “A


tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade
do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

Sendo assim, para a concessão do provimento liminar existem


pressupostos específicos para sua concessão. São eles i) a probabilidade do direito e ii) o
perigo de dano, que, presentes, determinam a necessidade da tutela antecipada e a
inexorabilidade de sua concessão, para que se protejam aqueles bens ou direitos de modo a
se garantir a produção de efeitos concretos ao final provimento jurisdicional.

Transcreve-se o art. 300 do Código de Processo Civil:


Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo. § 1o Para a concessão da tutela de urgência, o
juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para
ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação


prévia. § 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida
quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Destaca-se a inexistência de irreversibilidade da medida, consoante


disposto no § 3º, do dispositivo acima transcrito, eis que a edificação impugnada serve de
sustento para o peticionante e sua família.

O provimento aqui pleiteado é plenamente reversível, provisório e


revogável através de simples despacho.

A incidência do perigo de dano é facilmente vislumbrada eis que o


embargo no local impede o demandante de dar a destinação que almeja de seu patrimônio,
porquanto, a lavratura do Auto de Infração pelo ICMBio é descabida, haja vista, que a Unidade
de Conservação está distante do local há mais de 8 (oito) quilômetros.

Ademais, a concessão da tutela de urgência também deve recair para


possibilitar o cercamento da propriedade que está limítrofe ao arruamento oficial, o que por si
só afasta qualquer dano supostamente alegado pelo demandado.

A medida ora pleiteada, portanto, comporta prestação preliminar, o que


desde já se requer para suspender o Termo de Embargo e possibilitar que o demandante
exerça seu direito sobre a propriedade, por ela não interferir em área de preservação
permanente, tampouco causar danos a Unidade de Conservação.

Outrossim, ressalta-se que as intervenções na propriedade foram


precedidas de autorização, sendo que em 27 de julho de 2019 o demandante obteve da
Fundação Municipal do meio Ambiente – FLORAM a Autorização número... autorizando para:

Reaproveitamento da água, construção de açude, limpeza para


desobstrução de vala e cortes dos exemplares atingidos pelo vendaval.

Portanto, as atividades exercidas na gleba sob litígio foram precedidas


de autorização do Órgão Ambiental competente, qual seja, a FLORAM.

11.1 DA PROBABILIDADE DO DIREITO

Evidente que a consequência as provas colacionadas nos autos,


demonstram que a propriedade autuado encontra-se distante mais de 8 (oito) quilômetros da
Unidade de Conservação.
Além do que, o direito de tapagem na gleba de propriedade do
demandante é perfeitamente viável, a fim, de evitar invasões e danos à sua propriedade.

Ademais, cabe destacar que desde 1968 há uma pequena casa de


madeira, de pouco mais de 40m² no local.

Outrossim, o demandante obteve da Fundação Municipal do Meio


Ambiente – FLORAM as autorizações para reaproveitamento da água, construção de açude,
limpeza para desobstrução de vala e cortes dos exemplares atingidos pelo vendaval.

Deste modo, esta evidenciado a boa-fé do demandante e probabilidade

do seu direito.

11.2 DO PERIGO DE DANO

Em relação ao segundo requisito para a concessão da medida liminar


pleiteada, o perigo de dano, mostra-se evidente, porquanto, a autuação em tela é descabida
pelo fato da propriedade estar distante há mais de 15 quilômetros da Unidade de Conservação,
não justificando a competência do demandado para lavrar as autuações em debate.

Por outro lado, caso a propriedade não seja cercada o demandado


sofrerá com invasões e principalmente com o depósito resíduos sólidos e entulhos de obras,
razão pela qual, caso não entenda Vossa Excelência por suspender os efeitos das autuações,
que seja deferido o cercamento do terreno.

A providência urge neste momento, estando aí representado o perigo de


dano irreparável, na remota hipótese de não ser deferida a tutela de urgência para cercamento
da propriedade a fim de evitar novas autuações já que o depósito de resíduos sólidos e
entulhos de obras poderá ocasionar novas autuações.

12. REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

a) preliminarmente, seja reconhecida a incompetência do Instituto Chico


Mendes para realizar a autuação impugnada, sobretudo pela ausência de interesse federal e
pelo fato da gleba estar distante a mais de 15 quilômetros da Estação Ecológica Carijós;

b) também preliminarmente, seja reconhecida a ausência de motivação


na estipulação do valor atribuído à penalidade de multa, bem como, por conseguinte, o
cerceamento do direito à ampla defesa, invalidando-se a autuação;

c) A concessão da ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, para suspender os


efeitos dos Auto de Infração Ambiental e do Termo de Embargo lavrados pelo ICMBio, e
consequentemente impedir a execução das drásticas sanções administrativas aplicadas,
entre elas a cobrança de R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais);

d) Alternativamente ao pedido da alínea “c”, seja concedida a


antecipação da tutela para que seja realizado o cercamento da gleba, evitando que o
demandante sofra com invasões e colocação de resíduos sólidos e entulhos de obra em sua
propriedade.

e) no mérito, seja dado provimento à defesa, com o reconhecimento

da insubsistência do segundo auto de infração ambiental ante a inexistência de


descumprimento do Termo de Embargo, porquanto, o peticionante exerceu tão somente o
direito de tapagem de sua propriedade esculpido no arts. 1.228 e 1.277, ambos do Código Civil.

f) No que tange ao Auto de Infração Ambiental número..., seja


declarado nulo, porquanto, inexistiu qualquer violação às normas ambientais, sendo que as
atividades realizadas no local foram precedidas de autorização, e pelo fato da gleba não estar
inserida em área de preservação permanente.

g) Provar o alegado por todo o meio de prova em direito admitida,


em especial a prova pericial e testemunhal, e outros que se fizerem necessários para o deslinde
da causa.

Dar-se-á à causa o valor de R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais).

Pede deferimento.

Florianópolis, 06 de março de 2020.

Advogado
OAB/SC

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