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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO AO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS EM SALVADOR/BA
GABINETE PFE/IBAMA/BA

INFORMAÇÕES EM MANDADO DE SEGURANÇA n. 00004/2021/GAB/PFE-IBAMA-BA/PGF/AGU

NUP: 02001.014390/2021-53
INTERESSADOS: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS - IBAMA
ASSUNTOS: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO

Segue, abaixo, minuta de informações para análise, acréscimos e supressões, subscrição e


ajuizamento.

Salvador, 19 de julho de 2021.

(assinado eletronicamente)
CristianoMeyerBarbuda
PROCURADOR FEDERAL
Advocacia-Geral da União

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br


mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 02001014390202153 e da chave de
acesso 9634c0a6

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL CÍVEL E CRIMINAL DA SSJ DE
BARREIRAS-BA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BARREIRAS-BA,

PROCESSO: 1003738-61.2021.4.01.3303

IMPETRANTE: JOSE HUMBERTO PRATA TEODORO

IMPETRADO: Coordenador de Processo Sancionador do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis

Encaminho a Vossa Excelência as Informações prestadas por esta Autoridade Coatora Subscritora, na
forma a seguir.

Na oportunidade, apresento protestos de elevada estima e consideração.


EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL CÍVEL E CRIMINAL DA SSJ DE BARREIRAS-BA DA
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BARREIRAS-BA

O Coordenador de Processo Sancionador do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente


e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, nos autos do Mandado de Segurança em epígrafe, apresentar

I N F O R M A Ç Õ E S,

conforme os fatos e fundamentos jurídicos que seguem.

1. SÍNTESE DA LIDE

1. Trata-se de Mandado de Segurança preventivo impetrado por JOSÉ HUMBERTO PRATA


TEODORO, contra atos potenciais desta autoridade coatora, com pedido de liminar para que “seja
deferida a suspensão dos efeitos do Auto de Infração nº 713485/D, por se referir a sanção alcançada
pela prescrição, além de ilegalmente majorada em virtude da aplicação irregular de critérios de
atualização e correção”
2. Submetendo-se a demanda ao juízo de cognição de urgência, Vossa Excelência, com
absoluta correção decidiu pela não concessão da liminar haja vista que, com bem ali exposto, não haver
como presente o fumus boni iuris.
3. Além disso, destacou a decisão com precisão:

Pois bem. Tem-se um Auto de Infração que remonta 22/06/2012 (id 575554889 - Pág. 1) e
decisões administrativas posteriores, com atos convergindo para a subsistência da
autuação/multa, por o impetrante “desmatar 495,00ha (quatrocentos e noventa e cinco
hectares) de vegetação nativa de cerrado, no local denominado Fazenda Vereda dos
Buritis, no Município de São Desidério/BA, com utilização de correntão, contrariando a
condicionante VII da Autorização de Supressão de Vegetação, e em desacordo com a
Portaria IMA nº 10.787/90”, em procedimento administrativo no qual foi assegurado ao
autuado, ao que se percebe em juízo preliminar, o direito ao contraditório/defesa.

(...)

Assim, a questão pede detido exame que justifique o afastamento de ato administrativo em
vigor, que, como é sabido, goza de presunção de legitimidade e veracidade, não sendo
aceitável seu eventual afastamento por medida liminar, a não ser diante de situação de
vício concretamente apontado e aferível de plano, o que não é caso dos autos.

4. Embora Vossa Excelência já tenha constatado, de plano, a impossibilidade do pedido levado


a juízo no presente writ, a autoridade imputada de coatora passará a demonstrar, a seguir, que a parte
impetrante pretende por meio deste processo, segurança suscitando pretensos fundamentos cujo
afastamento se dá pela mera análise dos documentos por ela própria encartou aos autos, diante da
legislação incidente.

2. DA DECADÊNCIA PARA IMPETRAÇÃO DO MS

5. Nos termos do artigo 23 da Lei nº 12.016/2009:

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento
e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

6. De acordo com a certidão constante do processo judicial em apreço, o presente mandado


de segurança foi impetrado em 10/06/2021.
7. Entretanto, como se verifica da cópia integral do procedimento, a autuação data de
22/06/2012 (Auto de Infração 713485D); tendo sido objeto de plena ciência pelo impetrante, o qual
protocolou defesa desde 23/07/2012 (fl. 25).
8.
9. O procedimento administrativo foi objeto de decisão administrativa de primeiro grau
em 10/09/2015 (Decisão Administrativa Eletrônica de lª Instância - Auto de Infração N° 102/2015 -
BAR/GEREX); e de regular recurso interposto pelo impetrante em 03/11/2015 (fl. 70)
10. Foi exarada decisão de última instância, a Decisão Recursal - Desprovimento nº
357/2019-COPSA/CGFIN/DIPLAN datada de 12/08/2019.
11. Trata-se, repita-se de decisão de última instância, de modo que a notificação respectiva se
refere tão-somente ao pagamento da sanção pecuniária, não mais se discutindo o mérito da autuação.
12. É importante também destacar que tanto a suposta cobrança abusiva de juros quanto
a alegada prescrição intercorrente teriam ocorrido, segundo o próprio impetrante, há muito
mais do que 120 (cento e vinte) dias.
13. Com efeito, no tópico relativo à prescrição intercorrente (que sequer ocorreu como se verá a
seguir) o impetrante alega que o termo a quo do prazo respectivo teria ocorrido em " 05/05/2016: Juízo
de Retratação (fls 184)"; de modo que teria esta se ultimado no ano de 2019.
14. Já no tópico relativo à abusividade da cobrança, se afirmou que os juros teriam incidido
desde o início da autuação, datada de 22/06/2012 (o que se demonstrará, cabalmente, ser inverídico).
15. Portanto, a presente via mandamental não se presta mais a atacar o mérito administrativo,
eis que decorridos mais de 120 dias de cada um dos atos imputados de abusivos na petição inicial.
16. Diante do exposto, de rigor reconhecer-se a decadência do direito de impetrar mandado de
segurança e extinguir o feito com resolução do mérito, nos termos do artigo 269, inciso IV, do CPC.

3. DA LEGALIDADE DOS ATOS PRATICADOS NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

3.1. Da Regularidade Formal do Procedimento Administrativo

17. Dispõe a Constituição da República:

Art.225.Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§1º-Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I-preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;
II-preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III-definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção;
IV-exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que
se dará publicidade;
V-controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI-promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente;
VII-proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco
sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
§2º-Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.
§3º-As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§4º-A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da
lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto
ao uso dos recursos naturais.
§5º-São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§6º-As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas.

18. Dispõe, à sua vez, a Lei de Crimes e Infrações Administrativas Ambientais (LCIAA –
L9605/98 e alterações)(negritamos):

Art.70.Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as


regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
§1ºSão autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar
processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do
Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de
fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.[...]
§3ºA autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é
obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo
próprio, sob pena de co-responsabilidade.[...]

19. Com base em tais dispositivos, foi lavrado Processo Administrativo para apuração de
infração ambiental, instaurado a partir da lavratura do Auto de Infração nº 713485-D, em 22/6/2012,
tendo por objetivo apurar conduta imputada ao autuado, que teria incorrido na conduta de “ desmatar
495 hectares de vegetação nativa de cerrado, no local denominado Fazenda Vereda dos Buritis, no
município de São Desidério, Bahia, com utilização de correntão, contrariando a condicionante VII da
autorização de supressão de vegetação e em desacordo com a portaria IMA nº 10.787/2009.”.
20. O processo originou-se a partir de Relatório de fiscalização (fls. 3-5 do Processo nº
02058.000130/2012-54) o qual atestou insofismavelmente q u e "A autoria da infração foi identificada
através da Fiscalização da Operação Veredas III e do levantamento do NÚCLEO DE
GEOPROCESSAMENTO/GEREXJBARREIRAS/BA." (fls. 3)
21. O auto de infração foi devidamente lavrado com menção aos seus dispositivos legais, os
art. 70, § 1º, e art. 72, incisos II e VII da Lei 9.605/1998, e art. 3º, incisos II e VII, e art. 53 do Decreto
6.514/2008. Conforme art. 53 do Decreto 6.514/2008: "Explorar ou danificar floresta ou qualquer tipo de
vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, localizada fora de área de reserva legal averbada,
de domínio público ou privado, sem aprovação prévia do órgão ambiental competente ou em desacordo
com a concedida: Multa de R$ 300,00 (trezentos reais), por hectare ou fração, ou por unidade, estéreo,
quilo, mdc ou metro cúbico". Por isso, a fundamentação para a lavratura do auto de infração está
demonstrada.
22. O processo administrativo encontra-se devidamente motivado por meio dos documentos
Relatório de fiscalização (fls. 3-5), Laudo técnico de geoprocessamento (fls. 14-15) e Relatório de
fiscalização, referente ao auto de infração nº 583161-D, lavrado anteriormente e substituído pelo atual
(fls. 59-62).
23. O Relatório de fiscalização (fls. 59-62), juntamente com Registro fotográfico, mostrou o uso
de correntão. Os atos da administração encerram presunção de legitimidade, pressuposto factível de
que o ônus da prova em questão se inverte para quem a invoca, conforme o Art. 36 da Lei Federal n°
9.784/99 e Art. 118 do Decreto Federal n° 6.514/08. Simples manifestações de discordância, quando
desprovidas de elementos relevantes de prova em contrário, são insuficientes para buscar a anulação.
24. Vale ressaltar que os autos foram instruídos, ainda, com Parecer Jurídico da Procuradoria
Federal Especializada-PFE; Decisão sobre a lavratura do novo auto de infração (fls. 13), Laudo técnico de
geoprocessamento (fls. 14-15), Termo de Compromisso junto ao Ibama para desembargo (fls. 16-18),
Desembargo do Termo nº 433215-C (fls. 19).
25. O autuado foi regularmente notificado em 06/7/2012 pelos correios com aviso de
recebimento (fls. 24), tendo apresentado defesa em 23/07/2012.
26. O processo foi objeto de Manifestação instrutória (fls. 56), concedendo-se, inclusive, ao
impetrante, prazo para apresentar alegações finais (fls. 57).
27. Em 10/9/2015 a autoridade julgadora de 1ª Instância prolatou decisão em que homologou o
auto de infração, com multa no valor de R$ 148.500,00, e manutenção do termo de embargo, até
regularização da atividade: (i) Certificado de Regularidade do Cadastro Técnico Federal - CTF; (ii)
Cadastro Ambiental Rural - CAR (CEFIR na BA, desde que devidamente migrado ao SICAR); (iii) Outorga
(dispensa) para o uso da água; (iv) Licença Ambiental válida (fls. 63).
28. O autuado foi devidamente notificado em 14/10/2015 (fls. 68), apresentando recurso em
3/11/2015 (fls. 70), o qual veio a ser julgado em última instância, por meio da Decisão Recursal -
Desprovimento nº 357/2019-COPSA/CGFIN/DIPLAN já transitada em julgado.
29. Como se vê, da mera análise dos autos do procedimento administrativo se extrai a plena
legalidade da atuação administrativa do ponto de vista formal, tendo tido o impetrante diversas
oportunidades de defesa a qual foi exaurida até a última instância.
30. De se ressaltar, ainda, que houve pleno reconhecimento do cometimento da infração e
aceitação da sanção correspondente pelo impetrante na medida em que este solicitou conversão da
multa em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. O pedido
está consubstanciado às fls. 88v do processo em anexo.

3.2. Da regularidade material da autuação. Improcedência das alegações da


petição inicial
3.2.1. Da existência de causa de interrupção da prescrição intercorrente

31. O Impetrante alega, como fundamento de sua petição inicial, haver incidido uma hipotética
prescrição intercorrente. Com efeito, assim alega:

III.a. Da Prescrição Intercorrente


24. Conforme se verifica da cópia integral dos autos do processo administrativo (Doc. 03),
da Decisão Administrativa de 1ª Instância (Doc. 03, fls. 75/76) prolatada em 10/09/2015 foi
interposto Recurso Administrativo (Doc. 03, fls. 88/126) em 03/11/2015. A partir de então,
foram praticados os seguintes atos pela Autarquia Ambiental:

- Em 05/05/2016: Juízo de Retratação (fls 184);


- Em 18/06/2019: Relatório de 2ª Instância (fls. 187/191); e
- Em 12/08/2019: Decisão Recursal (fls. 194/195), cuja notificação somente foi emitida em
03/03/2021.
25. Veja-se, portanto, que entre a prolação do referenciado “Juízo de Retratação ” e do
“Relatório de 2ª Instância ” , transcorreu período superior a 03 (três) anos,
operando-se PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE, nos termos do art. 1º, §1º, da Lei nº
9.873/99.

32. Entretanto, Excelência, observa-se, claramente, do P.A em anexo, que ocorreu ato
interruptivo da prescrição em sua modalidade intercorrente.
33. Aplicam-se, in casu , os termos da Orientação Jurídica Normativa PFE/IBAMA nº 06 –
exaustiva sobre o tema constante da página institucional da PFE-IBAMA na REDEAGU.
34. No que pertine às presentes informações, sobrelevam-se os seguintes excertos, da OJN, com
grifos aditados:


II. Prescrição: modalidades.
(...)
II.II. Prescrição da pretensão punitiva intercorrente.
23. Segundo Maria Helena Diniz, a prescrição intercorrente "é admitida pela doutrina e
jurisprudência, surgindo após a propositura da ação. Dá-se quando, suspensa ou
interrompida a exigibilidade, o processo administrativo ou judicial fica paralisado por incúria
da Fazenda Pública”. (grifo nosso).
24. Essa modalidade de prescrição está expressamente prevista na legislação ambiental,
especificamente no §2° do artigo 21 do Decreto nº 6.514 de 2008, in verbis:
Artigo 21
(...)
§ 2 º Incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração
paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho , cujos
autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem
prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação (redação
dada pelo Decreto nº 6.686 de 2008). (sem negrito no original)
25. O texto acima transcrito é idêntico ao da legislação geral (§1º do artigo 1° da Lei n°
9.873 de 1999), na qual tem seu fundamento. Pelo que se percebe da sua leitura, a
prescrição intercorrente é aquela que tem curso somente durante o processo que visa à
apuração a infração ambiental.
26. Diante desse quadro, no contexto do processo administrativo de apuração de infração
ambiental, a prescrição da pretensão punitiva intercorrente tem lugar a partir da lavratura
do auto de infração e enquanto perdurar o procedimento apuratório. Assim, durante o
processo, transcorrem, concomitantemente, os prazos da prescrição da pretensão punitiva
intercorrente (de 03 anos) e da prescrição da pretensão punitiva propriamente dita (em
regra, de 05 anos).
27. Necessário esclarecer que a lavratura do auto de infração caracteriza-se como termo a
quo da prescrição intercorrente (§1° do artigo 21 do Decreto nº 6.514 de 2008), uma vez
que dá início à apuração da infração ambiental.
28. No procedimento administrativo para apuração da infração e consolidação da sanção
incide, repita-se, além da prescrição da pretensão punitiva propriamente dita, que se inicia
no momento do fato (ação ou resultado), a prescrição intercorrente de três anos, que
decorre da evidente inércia do ente ambiental ao apurar a autoria e materialidade da
infração, após iniciado o processo administrativo, com a lavratura do auto de infração.
29. Nesse caso, [somente] quando sobrestado o curso do processo administrativo
por mais de três anos, e desde que, nesse período, não tenha sido praticado
qualquer ato processual, operar-se-á a prescrição extintiva intercorrente.
30. A paralisação, porém, deve ser imputável à Administração, pois o instituto tem por
escopo sancionar a inércia do titular do direito, ou da pretensão, ou seja, penalizar aquele
que, detendo o poder/dever de punir o infrator e exigir o adimplemento de uma dada
obrigação, não age quando o sistema lhe conferia legitimação. Sendo esse o propósito do
instituto, forçoso concluir que não restará configurada a prescrição intercorrente em
hipóteses nas quais o sobrestamento do feito decorre de ação ou omissão do administrado.
(...)
72. Pelo que se infere da leitura do dispositivo legal retromencionado, a paralisação
capaz de ocasionar a prescrição intercorrente é aquela causada pela
Administração, que deixa o processo sem andamento, “pendente de julgamento
ou despacho”. Sendo assim, naqueles momentos em que se oportuniza a manifestação do
Autuado não tem curso o prazo da prescrição intercorrente. Apenas quando termina o
prazo para manifestação do Autuado é que se inicia o da prescrição intercorrente.
(...)
7 7 . Diante desse quadro, não importa se o ato de impulso do processo foi
praticado visando à apuração da infração e confirmação da pena de multa, à
verificação do estado dos bens depositados em nome do próprio autuado, ou à
solicitação de análise de documentos de regularização, para fins de
levantamento do embargo; qualquer movimentação dada ao processo, pela
Administração, visando ao correto deslinde do feito, importa na interrupção do
prazo prescricional intercorrente. Até mesmo porque, nesses casos, não há a
inércia, ou a desídia, que dá causa à prescrição. Na realidade, seria desarrazoado
punir a Administração que, na busca definir todos os aspectos decorrentes do
cometimento da infração ambiental, pratica, no mesmo processo, atos que se
referem tanto às medidas estritamente punitivas, quanto às cautelares.

35. Cumpre trazer à transcrição o disposto na Lei 9.873/1999 sobre o assunto:

Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor,
contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
dia em que tiver cessado.
§ 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três
anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou
mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso.
§ 2o Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a
prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.

36. Aplicando-se a sistemática acima delineada, percebe-se que não houve paralisação dos
autos do processo; ao revés ocorreu interrupção da prescrição intercorrente por meio do
Anexo (5317369) SEI 02058.000130/2012-54 / pg. 192, acostado ao Relatório - 2ª Instância
DICON 5315976.
37. Vislumbra-se, claramente, a existência de movimentação processual entre o Juízo de
Retratação (fls 184), datado de 05/05/2016; e o Relatório de 2ª Instância (fls. 187/191), datado de
18/06/2019, período em que, alega o impetrante, teria havido a prescrição intercorrente.
38. A mera consulta do Anexo demonstra que, em 20/06/2016 se deu o “DESP. De
ENCAMI-N” do servidor Hugo Leonardo Mota Ferreira, “para atendimento prévio, conforme
art. 8º da Instrução Normativa nº 10/2012".
39. Houve, portanto, encaminhamento, nessa data, ao setor competente do IBAMA-SEDE
conforme artigo que fundamenta o despacho respactivo, e que segue abaixo transcrito:

Art. 8º - O atendimento processual imediatamente após o registro do auto de infração no


competente sistema caberá ao Nuip/Sede ou ao Nuip nos estados, conforme a competência
da respectiva autoridade julgadora, podendo ainda ser realizada pelo Grupo de Cobrança
de Grandes Devedores constituído junto à COADM/Diplan.

40. Demonstrado cabalmente, portanto, que não houve paralisação processual que tenha
alcançado o triênio de que trata o art. 1º, § 1º da Lei 9.873/1999, de modo que a alegação
correspondente é evidentemente improcedente.

3.2.2. Da inequívoca competência do IBAMA para fiscalizar e aplicar sanções no


caso concreto

41. Prossegue o impetrante na petição inicial alegando a existência de uma “presunção de


legalidade, regularidade e veracidade dos atos praticados pelo órgão licenciador primário, bem como da
prevalência da atuação e discricionariedade deste” .
42. A alegação é evidentemente improcedente porquanto inverte por completo a ordem
constitucional vigente. Ignora os arts. 23, VI, e 225 da Constituição Federal, bem como os princípios da
prevenção e do controle do poluidor pelo Poder Público. Ao discorrer sobre o último, Edis Milaré,
inclusive, remete diretamente ao art. 23, VI. In verbis :

“4.2.6. Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público


Resulta das atribuições e intervenções do Poder Público necessárias à manutenção,
preservação e restauração dos recursos naturais, com vistas à sua utilização racional e
disponibilidade permanente. Neste sentido, o preceptivo constitucional inserto no art. 23,
caput, VI, que estabelece a solidariedade de todos os entes do Poder Público para
a proteção do meio ambiente e o combate a todas as formas de poluição.” [1]
[grifou-se]

43. Portanto, a competência para fiscalizar tem previsão na Carta Magna, no seu art. 23, inciso
VI, que assim dispõe:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
VI- proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

44. Na competência comum, o campo de atuação é conjugado entre várias entidades, sem que
o exercício de uma venha a excluir a competência de outra. Trata-se de competência cumulativa,
simultânea e paralela. Assim é que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estão
autorizados pela própria Constituição a agir simultaneamente em relação às matérias indicadas no art.
23, não apenas na execução das leis e serviços de sua esfera, mas também das demais esferas, em
sistema de cooperação, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
nacional.
45. Assim, complementando o dispositivo supra transcrito com o que dispõe o art. 225 do
mesmo Diploma Constitucional, infere-se que o poder de polícia ambiental deve ser exercido por todos
os órgão executores da política nacional do meio ambiente integrantes do SISNAMA.
46. As atribuições do IBAMA, autarquia integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente, como
órgão executor (art. 6º, da Lei N.º 6.938/81), inserem-se no âmbito do poder de polícia ambiental. Por
meio do exercício desse poder de polícia - mecanismo expressamente previsto no direito positivo
brasileiro, que serve como instrumento para que o Estado possa atingir os fins colimados em
conformidade com o princípio da supremacia do interesse público – essa Autarquia realiza a fiscalização
para prevenir a ocorrência de danos ambientais e punir aqueles já ocasionados.
47. Seguindo o entendimento esposado na Constituição Federal, a Lei 9.605/98 previu tanto no
seu art. 70,§ 1º, quanto no seu art. 76, a competência comum dos órgãos ambientais das três esferas da
Federação para lavrar auto de infração e instaurar processo administrativo para apuração de infração
administrativa ambiental. Eis o que dispõem:

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar
processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem
como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou
Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.
[grifou-se]

48. Compartilhando desse entendimento, transcreva-se a ementa de acórdão proferido pelo


Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO - AMBIENTAL - MULTA - CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES


COMUNS - OMISSÃO DE ÓRGÃO ESTADUAL - POTENCIALIDADE DE DANO AMBIENTAL A BEM
DA UNIÃO - FISCALIZAÇÃO DO IBAMA - POSSIBILIDADE.
1. Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da
licença ambiental, pode o IBAMA exercer o seu poder de polícia administrativa,
pois não há confundir competência para licenciar com competência para
fiscalizar.
2 . A contrariedade à norma pode ser anterior ou superveniente à outorga da
licença, portanto a aplicação da sanção não está necessariamente vinculada à
esfera do ente federal que a outorgou.
3. O pacto federativo atribuiu competência aos quatro entes da federação para proteger o
meio ambiente através da fiscalização.
4 . A competência constitucional para fiscalizar é comum aos órgãos do meio
ambiente das diversas esferas da federação, inclusive o art. 76 da Lei Federal n.
9.605/98 prevê a possibilidade de atuação concomitante dos integrantes do
SISNAMA.
5. Atividade desenvolvida com risco de dano ambiental a bem da União pode ser
fiscalizada pelo IBAMA, ainda que a competência para licenciar seja de outro
ente federado.
Agravo regimental provido.
(AgRg no REsp 711.405/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 28/04/2009, DJe 15/05/2009)
[grifou-se]

49. Saliente-se, ainda, com fulcro no que foi exposto acima, que, no que se refere à
competência para fiscalizar atribuída ao Ibama pela Carta Constitucional, não há espaço para se falar
em competência própria, como ocorre com a competência para o licenciamento. A competência para o
exercício do poder de polícia ambiental é comum e deve ser executado por Municípios, Estados, Distrito
Federal e União, por intermédio de seus órgãos e autarquias instituídas para esse fim.
50. Nesse contexto, mostra-se incompreensível a tentativa de blindar aqueles que ofendem ao
meio ambiente, sob o argumento de que o princípio da preponderância de interesse deve ser também
aplicado para a competência fiscalizatória.
51. Imagine-se a situação de ente institucionalmente destinado a proteger o meio ambiente se
confrontar com situação de iminente dano ambiental, ter totais condições de combatê-lo, e
simplesmente “cruzar os braços”. Em face do dever institucional de proteger o meio ambiente, a
autarquia certamente sujeitar-se-ia a todo tipo de responsabilização pela ilegalidade
(inconstitucionalidade) cometida.
52. A pretensão do mandamus viola a competência comum para proteger o meio ambiente,
estabelecida no art. 23, inciso VI, da Carta Magna. A restrição fiscalizatória que o impetrante pretende
estabelecer para que um ente possa cumprir sua função institucional de proteger o meio ambiente é de
tal ordem que o mandamento constitucional se tornaria praticamente letra morta, ou, na melhor das
hipóteses teria a sua efetividade drasticamente reduzida, na contramão do quanto é preconizado pela
ciência constitucional hodierna (v. o princípio da máxima efetividade das normas constitucionais ).
53. A preponderância da postulação limitadora trazida pelo impetrante, portanto, representa
um sério retrocesso na longa história de desenvolvimento da efetividade das normas constitucionais e
dos direitos fundamentais, situação que violaria também o princípio constitucional da vedação do
retrocesso.
54. Ressalte-se que o direito ao meio ambiente equilibrado é atualmente considerado pelos
constitucionalistas, quase sem exceções, como um direito fundamental.
55. No procedimento administrativo que gerou o presente writ, comprovou-se cabalmente, após
todo o desenvolvimento processual com respeito ao contraditório e devido processo legal, a violação
das normas ambientais pelo impetrante, não sendo exigível cobrar atitude diversa do IBAMA que não a
autuação e o embargo das atividades dos responsáveis.
56. Nenhum órgão ou ente legalmente instituído para proteger o meio ambiente pode ficar à
mercê da atuação dos demais ao se deparar com a degradação ao meio ambiente. Não lhes é exigível
que se furtem de cumprir sua função institucional. Não há a possibilidade de adotar o entendimento
contrário, sem que se viole necessariamente os art. 23, inciso VI, e o art. 225 da Lei Maior, bem como as
demais disposições legais supra referidas.

3.2.3. Da correta aplicação da correção monetária e juros de mora pelo IBAMA e


inscrição no CADIN

57. Prossegue o impetrante com a alegação de que “foram aplicados juros e mora sobre valor
da multa imputada a despeito desta somente se tornar exigível a partir do trânsito em julgado da
Decisão Administrativa de 2ª instância”, de modo que haveria “ilegalidade dos cálculos de atualização
do débito efetuados pelo IBAMA, que torna ilegal e abusiva a pretensão de inscrição do Impetrante no
CADIN”.
58. A afirmação não condiz com os dados constantes do procedimento administrativo em
anexo.
59. Com efeito, consta claramente da mais recente “Memória de Cálculo (10212584) SEI
02058.000130/2012-54 / pg. 219”, datada de 21/06/2021:

Data Julgamento Recurso: 12/03/2021


Data Ciência Julgamento Recurso: 12/03/2021
Data Inicio Juros: 18/03/2021
²Valor Crédito: R$ 0,00

60. Não restam dúvidas, portanto, de que os juros somente foram cobrados a partir
do trânsito em julgado do procedimento administrativo, ao revés do que alega o impetrante.
61. Cumpre ressaltar que eventual discordância sobre o resultado monetário advindo da
operação de correção monetária e juros aplicados no processo administrativo, suscitaria a necessidade
da realização de perícia contábil e instrução processual, o que seria incompatível com a presente e
estreita via do mandado de segurança.
62. No que pertine à inscrição no CADIN, diga-se que a verificação da legalidade da restrição
imposta ao impetrante em decorrência da inscrição no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados
do Setor Público Federal - CADIN está condicionada à evidência de autorização legislativa que o admita.
63. É evidente que o direito/dever dos órgãos e das entidades da Administração Pública Federal,
direta e indireta, de inscrever as pessoas jurídicas, de direito público ou privado, no CADIN deve estar
previsto em norma, atendendo, assim, o pressuposto abstratamente fixado pela lei, como elemento
informador que autoriza a efetivação do ato.
64. A legislação de regência, a Lei n º 10.522/2002, que dispõe sobre o Cadastro Informativo de
Créditos Não Quitados do Setor Público Federal – CADIN, estabelece:

Art. 2º O CADIN conterá relação das pessoas físicas e jurídicas que:


I – sejam responsáveis por obrigações pecuniárias vencidas e não pagas, para com órgãos e
entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta;
(....)
Art. 3º As informações fornecidas pelos órgãos e entidades do CADIN serão centralizadas no
Sistema de Informações do Banco Central do Brasil – SISBACEN, cabendo à Secretaria do
Tesouro Nacional expedir orientações de natureza normativa, inclusive quanto ao
disciplinamento das respectivas inclusões e exclusões.

65. Vale consignar que o inciso I do art. 2 º da Lei nº 10.522/2002 proporciona sentido certo,
mormente em se considerando que encerra comandos consistentes em definir as hipóteses em que os
órgãos e entidades da Administração Pública Federal promoverão a inscrição das pessoas físicas e
jurídicas no CADIN.
66. Como se vê, a não inclusão no CADIN dos responsáveis por obrigações pecuniárias
vencidas e não pagas junto aos órgãos e entidades da Administração Pública
Federal extrapola o comando explícito da norma, na forma prevista no art. 2 º da Lei
nº 10.522/2002, bastante para exprimir sua finalidade. A não inclusão no CADIN somente seria factível
se estivesse autorizada expressamente.
67. Assim, a exclusão do nome dos responsáveis por obrigações pecuniárias vencidas e não
pagas junto aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal do CADIN encontra vedação legal
e conflita com o disposto no art. 37 da Constituição Federal, que pauta a atuação dos órgãos da
administração pública ao Princípio da Legalidade, cuja consequência imediata é a proibição de não
fazer se há determinação de adoção de medida no Direito.
68. As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública e seus preceitos não podem ser
descumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma
vez que contém verdadeiros poderes-deveres, irrelegáveis pelos agentes públicos.
69. Nesse contexto, não há suporte legal que autorize o Ibama a proceder a
exclusão do nome do impetrante no CADIN, sem a devida regularização da situação que deu causa
ao registro, vez que a eficácia de toda atuação administrativa dos órgãos e entidades da Administração
Pública Federal está condicionada a observância da lei.
70. Portanto, como se disse acima, existindo débito constituído do autor com o Ibama, enquanto
não regularizada a situação que deu causa à sua inclusão no CADIN, a baixa do respectivo registro não
poderá ser efetivada.
71. E, mesmo que se diga que tal constrição é inadequada, enquanto se processa judicialmente
o pedido de anulação do Auto de Infração, o registro da inscrição no CADIN somente pode ser suspenso
nos estritos termos do art. 7º da Lei nº 10.522/2002, que dita:

Art. 7º Será suspenso o registro no CADIN quando o devedor comprove que:


I – tenha ajuizado ação, com objetivo de discutir a natureza da obrigação ou o seu valor,
com o oferecimento de garantia idônea e suficiente ao Juízo, na forma da lei;
II – esteja suspensa a exigibilidade do crédito objeto do registro, nos termos da lei.

72. O Superior Tribunal de Justiça, pacificando qualquer controvérsia existente quanto ao


assunto, definiu nos Embargos de Divergência n. 645.118/SE, da relatoria do Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, que é imprescindível o oferecimento de garantia idônea e suficiente para
suspensão do registro no CADIN, nos termos do art. 7º da Lei n. 10.522/02. Confira-se:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INSCRIÇÃO NO CADIN. NATUREZA DO DÉBITO (LEI


10.522/02, ART. 2º, § 8º). HIPÓTESES LEGAIS AUTORIZADORAS DA SUSPENSÃO DO
REGISTRO (LEI 10.522/02, ART. 7º).
1. A pura e simples existência de demanda judicial não autoriza, por si só, a suspensão do
registro do devedor no CADIN. Nos termos do art. 7º da Lei 10.522/02, para que ocorra a
suspensão é indispensável que o devedor comprove uma das seguintes situações: "I -
tenha ajuizado ação, com o objetivo de discutir a natureza da obrigação ou o seu valor,
com o oferecimento de garantia idônea e suficiente ao Juízo, na forma da lei; II - esteja
suspensa a exigibilidade do crédito objeto do registro, nos termos da lei.".
Precedentes: AGREsp 670.807/RJ, Relator p/ Acórdão Min. Teori Albino Zavascki, DJ
4.4.2005; AGREsp 550775 / SC , 2ª T., Min. Eliana Calmon, DJ 19.12.2005; EDAGREsp
635999 / RS, 1ª T. , Min. Luiz Fux, DJ 20.06.2005; EDREsp 611375 / PB, 2ª T., Min. Franciulli
Netto, DJ 06.02.2006.
2. Embargos de divergência a que se dá provimento.
(EREsp 645.118/SE, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
26.04.2006, DJ 15.05.2006 p. 153).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - TRIBUTÁRIO - AÇÃO ANULATÓRIA DE


DÉBITO FISCAL - PRETENDIDA EXCLUSÃO DO REGISTRO DA EMPRESA NO CADIN - DÉBITO
DISCUTIDO EM JUÍZO - INEXISTÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE GARANTIA OU SUSPENSÃO DA
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO - REQUISITOS EXIGIDOS PELA LEI N. 10.522/02.
Para suspensão do registro do devedor no CADIN, o artigo 7º Lei n. 10.522/02 requer, nas
hipóteses em que o débito fiscal é objeto de discussão em juízo, o oferecimento de garantia
idônea e suficiente ou a suspensão da exigibilidade do crédito. Assim, não basta que
requeira em juízo a anulação do débito, pois é indispensável o preenchimento dos demais
requisitos exigidos pelo ato normativo supra referido.
"A pura e simples existência de demanda judicial não autoriza, por si só, a suspensão do
registro do devedor no Cadin. Nos termos do art. 7º da Lei 10.522/02, para que ocorra a
suspensão é indispensável que o devedor comprove uma das seguintes situações: 'I - tenha
ajuizado ação, com o objetivo de discutir a natureza da obrigação ou o seu valor, com o
oferecimento de garantia idônea e suficiente ao Juízo, na forma da lei; II - esteja suspensa a
exigibilidade do crédito objeto do registro, nos termos da lei.' (AgRg no REsp 670.807/RJ,
Relator p/ Acórdão Ministro Teori Albino Zavascki, DJ 4.4.2005). No mesmo sentido: AgRg
no REsp 670.556/SE, Relator Ministro Luiz Fux, DJ 01.8.2005 e REsp 495.038/PE, Relator
Ministro Teori Albino Zavascki, DJ 4.4.2005.
No caso dos autos, inexistindo a suspensão da exigibilidade do crédito ou a prestação de
garantia, não há razão para que se determine a não-inscrição do executado do CADIN, ao
contrário do que restou consignado no v. acórdão embargado ao dar parcial provimento ao
recurso especial.
Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, a fim de negar provimento
ao recurso especial.
(EDcl no REsp 611.375/PB, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em
01.09.2005, DJ 06.02.2006 p. 243)

73. Esta também tem sido a posição deste Tribunal Regional Federal da 1ª Região:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL.


EXCLUSÃO DO REGISTRO DO NOME DO DEVEDOR DO CADIN. REQUISITOS DO ART. 7º DA
LEI 10.522/2000 NÃO COMPROVADOS. IMPOSSIBILIDADE.
1. Nos termos do art. 7º da Lei 10.522/2000, só é possível suspender a inscrição no CADIN
se o devedor ajuizar ação para discutir o débito, com o oferecimento de garantia idônea e
suficiente ao Juízo, ou se a exigibilidade do crédito objeto do registro estiver suspensa.
2. Não comprovada nenhuma das hipóteses, não há razão para excluir o nome do devedor
do CADIN.
3. Agravo de instrumento provido.
(AG 2005.01.00.039338-4/MG, Rel. Desembargador Federal Antônio Ezequiel da Silva,
Sétima Turma, DJ de 07/12/2006, p.146)

74. Assim, para suspensão da inscrição no CADIN não bastaria o simples ajuizamento de ação
judicial, tendo por objeto a dívida constituída. Seria imprescindível o oferecimento pelo autor e devedor
de garantia idônea e suficiente na forma da Lei, o que não se realizou no caso dos presentes autos,
obstando-se a pretensão do writ.

4. DA LIMINAR

75. A Impetrante pediu a antecipação da tutela, inclusive sem nossa oitiva. Descabe,
entendemos, tutelá-lo, tampouco antecipar seu pedido.
76. No caso em tela, seria necessário que a Impetrante apresentasse prova inequívoca de que
a ação administrativa é nula, e demonstrasse que há, hoje, receio de dano irreparável concernente ao
evento. Em verdade, está a pretender a Impetrante uma tutela meramente patrimonial e individual,
quando é o meio ambiente, bem coletivo, que prevalece nesta seara. O Princípio
d a Precaução determina a inversão d o periculum in mora. Assim também o fumus boni iuris,
que, a priori, surge sempre em prol do meio ambiente. Sob tal enfoque, temos que o risco que se
apresenta é exatamente o contrário: a imposição à coletividade de um dano
ambiental irreversível. Assim, vê-se que a Impetrante:

1. não colaciona prova inequívoca do que alega, de modo que lhe incumbirá a
juridicamente impossível tarefa de produzir prova neste feito;
2. não atenta para o plus sobre seu ônus probatório em razão da presunção de
legitimidade do ato administrativo, circunstância que está a lhe exigir, mais do que já se
exige ordinariamente, provar de pronto o alegado;
3. não atenta para a inversão do periculum in mora e do fumus boni iuris, que, em matéria
ambiental, em virtude do Princípio da Precaução é o inverso de tal pretensão.

77. Em razão de todo o exposto, esta Autoridade pugna pelo indeferimento do pedido de
antecipação dos efeitos da tutela.

5. CONCLUSÃO

78. Ante o exposto, o Informante requer:

1. O Indeferimento da Liminar, por ausência dos requisitos legais;


2. A extinção da ação sem julgamento do mérito em face da decadência, na forma do
Código de Processo Civil e LMS;
3. A Denegação da segurança:

3.a) p o r falta de liquidez e certeza, já que a Impetrante não prova, de pronto, as


alegações da inicial, carecendo de prova técnica incompatível com o presente rito;
3.b) em razão da legalidade dos atos autárquicos;

79. Acompanham as presentes informações cópia integral do procedimento


administrativo nº 02058.000130/2012-54.

Termos em que,
pede deferimento. RODRIGO Assinado de forma digital por
RODRIGO GONCALVES SABENCA
GONCALVES Dados: 2021.07.23 12:02:16
SABENCA -03'00'

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br


mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 02015000079202097 e da chave de
acesso 3398ca4e

[1] MILARÉ, Edis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina,


jurisprudência, glossário. 6.ª ed. São Paulo: RT, 2009, p. 826.
SEI 02058.000130/2012-54
Documento assinado eletronicamente por CRISTIANO MEYER BARBUDA, de acordo com os normativos
legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código
677673029 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a):
CRISTIANO MEYER BARBUDA. Data e Hora: 19-07-2021 10:56. Número de Série: 17506571. Emissor:
Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.

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