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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE

MINAS GERAIS

O município de Mariana/MG, pessoa jurídica de direito público interno,


inscrito no CNPJ sob o nº xxxx, com endereço na Rua: xxxx, nº xxx, Bairro xxx,
CEP xxx, Mariana/MG representado por sua Procuradoria Geral do Município,
vem à presença de Vossa Excelência requerer a SUSPENSÃO DE LIMINAR,
contra decisão liminar proferida nos autos da ação civil pública nº xxxx da Vara
Cível da Comarca de Mariana/MG, que determinou que este Município arque
com medidas mitigadoras em solidariedade com a empresa mineradora xxxx,
acarretando dano grave à ordem pública e econômica deste Município.

DOS FATOS

Trata-se de uma ação civil pública proposta pela Cooperativa dos artesãos
em Pedra Sabão de Mariana/MG, o processo foi direcionado ao juízo
competente que decidiu pelo deferimento da medida liminar como forma de
redução dos danos ambientais e humanos, que são eles:

a) A distribuição de água potável para o consumo humano e bebedouros


para os animais;
b) Monitorar a qualidade da água do rio doce e também do mar a ser
atingido pela lama, e também verificar a presença de algo que possa
contaminar a água;
c) Disponibilizar aeronave para os profissionais envolvidos nas ações
preventivas e de redução da onda de rejeitos;
d) Disponibilizar uma equipe para monitorar os impactos na fauna, flora,
água e para as pessoas, com emissão de laudos técnicos contendo
informação que ajudem a diminuir os impactos, inclusive com avaliações
de cenários futuros.
e) Retirada das comunidades ribeirinhas, abrigando-as e impedindo que
elas sejam afetadas pelas variações do rio.

Conforme liminar publicada em 20 de Janeiro de 2016 no Diário Oficial da


justiça, o juiz decidiu pela aplicação da multa diária no valor de R$
300.000,00 (trezentos mil reais) caso não haja o cumprimento das
determinações acima elencadas em sede liminar, as mesmas penalidades e
obrigações foram impostas à empresa mineradora que devem ser solidarias
para o resguardo do meio ambiente e proteção à população atingida.

DOS FUNDAMENTOS

a) Do cabimento da suspensão de liminar


A suspensão de liminar é um meio de suspender uma decisão judicial
em ações movidas contra o poder público em casos de interesse público ou
de flagrante ilegitimidade, para que se eivte grave lesão à ordem, à saúde,
à segurança e a economia pública. Conforme está previsto no art. 4º da Lei
8.437/92 e art.15 da Nova Lei de Mandado de Segurança nos seguintes
termos:

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o


conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho
fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o
Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público
ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de
manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar
grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito


público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão
à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do
tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso
suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da
sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo
de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à
sua interposição.

Portanto, é necessário que seja interrompido o cumprimento da liminar


paralisando seus efeitos e desobrigando o poder público do cumprimento da
medida a favor da saúde, da ordem pública, economia pública e interesse
público. No caso em questão é inegável a presença de pressupostos
autorizadores da suspensão de liminar, pois o bem jurídico está em questão e
deve ser protegido.

b) Da oitiva de obrigatória da pessoa jurídica de direito público

A medida liminar foi tomada pelo juízo da Vara Cível da Comarca de


Mariana/MG é errônea, pois houve a inobservância da oitiva obrigatória da
pessoa jurídica de direito público interno no prazo de 72 horas (setenta e duas
horas) nos termos do art. 2º da Lei 8.437/92.

Lei nº 8.437 de 30 de Junho de 1992


Dispõe sobre a concessão de medidas cautelares contra atos do
Poder Público e dá outras providências.

Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil


pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência
do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que
deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas.

Portanto, é obrigatória a intimação da pessoa jurídica de direito público para


que no prazo de 72 horas, se manifeste sobre o pedido de liminar, a
inobservância pelo magistrado desta obrigação, importa na decretação de
nulidade da decisão ora proferida.
a) Da implementação da medida liminar e multa diária

O MM.Juíz da Vara Cível da Comarca de Mariana/MG aplicou a multa diária


no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) caso não cumpra as
determinações impostas ao poder público e a empresa de mineração. As
multas não tem natureza indenizatória, e é de extrema importância que o juiz
ao aplicar a multa, leve em consideração a economia daquele contra quem
será aplicada a multa, deve observar com cautela os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, com a finalidade de evitar que esse
procedimento assuma a natureza de confisco do patrimônio público, neste
caso, é uma quantia extremamente alta imposta ao ente público, podendo vir a
prejudicar o cofre público, pois este possui insuficiência de recursos
financeiros.

Nos termos do art.537 § 1º inciso I da Lei 13.105/16 :

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e


poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela
provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que
seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine
prazo razoável para cumprimento do preceito.

§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento,


modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou
excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;

Diante dos fatos apresentados o Município de Mariana não tem


condições financeiras de arcar com todos os encargos impostos em medida
liminar determinada pelo juiz que responsabilizou solidariamente a União, o
Estado de Minas Gerais , o Município de Mariana/MG e a empresa mineradora
pelos danos ambientais causados, embora seja necessário a tomada de
algumas medidas, não devem ser de competência solidária do ente público
municipal em razão da própria deficiência orçamentária inerente ao Município.
Desta forma, o juiz pode excluir ou modificar o valor arbitrado, pois trata-
se de um valor excessivo, podendo causar prejuízos ao Município colocando
em risco à ordem, à saúde, segurança e economia pública nos termos do art.
4º da Lei 8.472/92.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer à Vossa Excelência:

a) a intimação das partes para fins de formação do contraditório no prazo de 5


dias (cinco dias);
b) a intimação da Procuradoria do Ministério Público do Estado de Minas
Gerais como fiscal da sociedade;
c) o deferimento da decisão monocrática de suspensão de liminar nos termos
da Lei 8.437/92 e 7.347/85, sendo vista a flagrante ilegitimidade da decisão,
apta a causar manifesta ofensa pública administrativa e ainda pela ausência
de intimação da Fazenda Pública para audiência com antecedência de 72
horas (setenta e duas horas) da Lei 8.437/92 em seu art.2º

Custas processuais recolhidas, conforme Tabela deste Egrégio Tribunal e


comprovante anexo a essa petição.

Dá-se o valor da causa em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais)

Nestes termos, pede deferimento.

28 de Janeiro de 2016

Advogado(a)xxxx

OAB xxxx/MG

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