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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE

MINAS GERAIS

O Município de Mariana/MG, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito


no CNPJ sob o nº xxxx, com endereço na Rua: xxxx, nº xxx, Bairro xxx, CEP
xxx, Mariana/MG representado por sua Procuradoria Geral do Município, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência interpor:

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Contra decisão liminar proferida nos autos da ação civil pública de nº xxxx da
Vara Cível da Comarca de Mariana/MG pelos motivos de fato e de direito a
seguir aduzidos.

Advogado(a) da Agravante: Dr(a) xxxx, inscrito(a) na Ordem dos Advogados


do Brasil, Seção de Londrina, sob o nº xxxx, com escritório profissional sito a
Rua: xxx, nº xx, Bairro xxxx, CEP xxx, Mariana/MG

Advogado(a) do Agravado: Dr(a) xxxx, inscrito(a) na Ordem dos Advogados


do Brasil, Seção de Londrina, sob o nº xxxx, com escritório profissional sito a
Rua: xxx, nº xx, Bairro xxxx, CEP xxx, Mariana/MG

Com base no art. 1017 do NCPC juntam:

A) Petição inicial;
B) Contestação;
C) Petição que ensejou a decisão agravada;
D) Própria decisão agravada;
E) Certidão da respectiva intimação;
F) Procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

RAZÕES DO RECURSO

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA,

EMÉRITO DESEMBARGADOR RELATOR


A respeitável decisão liminar proferida nos autos da ação civil pública
determinou que este Município arcasse com medidas mitigadoras acarretando
dano grave à ordem pública e econômica deste Município.

Autos de Origem nº xxxxxx

Vara Cível Comum da Comarca de Mariana/MG

Agravante: Município de Mariana/MG

Agravado: Cooperativa dos Artesãos em Pedra Sabão de Mariana/MG

DOS FATOS

Trata-se do deferimento da medida liminar como forma de redução dos danos


ambientais e humanos, que são eles:

a) A distribuição de água potável para o consumo humano e bebedouros


para os animais;
b) Monitorar a qualidade da água do rio doce e também do mar a ser
atingido pela lama, como verificar a presença de algo que possa
contaminar a água;
c) Disponibilizar aeronave para os profissionais envolvidos nas ações
preventivas e de redução da onda de rejeitos;
d) Disponibilizar uma equipe para monitorar os impactos na fauna, flora,
água e para as pessoas, com emissão de laudos técnicos contendo
informação que ajudem a diminuir os impactos, inclusive com avaliações
de cenários futuros.
e) Retirada das comunidades ribeirinhas, abrigando-as e impedindo que
elas sejam afetadas pelas variações do rio.

Conforme liminar publicada em 20 de Janeiro de 2016 no Diário Oficial


da justiça, o juiz decidiu pela aplicação da multa diária no valor de R$
300.000,00 (trezentos mil reais) caso não haja o cumprimento das
determinações acima elencadas em sede liminar, as mesmas penalidades e
obrigações foram impostas à empresa mineradora que devem ser solidarias
para o resguardo do meio ambiente e proteção à população atingida.

DOS FUNDAMENTOS

a) Do Direito e das razões do pedido de reforma

A medida liminar foi tomada pelo juízo da Vara Cível da Comarca de


Mariana/MG está equivocada, pois houve a inobservância da oitiva obrigatória
da pessoa jurídica de direito público interno no prazo de 72 horas (setenta e
duas horas) nos termos do art. 2º da Lei 8.437/92.

Lei nº 8.437 de 30 de Junho de 1992


Dispõe sobre a concessão de medidas
cautelares contra atos do Poder Público e dá outras
providências.

Art. 2º No mandado de segurança coletivo


e na ação civil pública, a liminar será concedida,
quando cabível, após a audiência do representante
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá
se pronunciar no prazo de setenta e duas horas.

Portanto, é obrigatória a intimação da pessoa jurídica de direito público para


que no prazo de 72 horas, se manifeste sobre o pedido de liminar, a
inobservância pelo magistrado desta obrigação, importa na decretação de
nulidade da decisão proferida.

b) Da multa diária e medida liminar

O MM.Juíz da Vara Cível da Comarca de Mariana/MG aplicou a multa diária


no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) caso não se cumpra as
determinações impostas ao poder público e a empresa de mineração. As
astreintes não tem natureza indenizatória, é de extrema importância que o juiz
ao aplicar a multa, leve em consideração à economia daquele contra quem
será aplicada a multa, deve observar com cautela os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, com a finalidade de evitar que esse
procedimento assuma a natureza de confisco do patrimônio público, neste
caso, é uma quantia extremamente alta imposta ao ente público, podendo vir a
prejudicar o cofre público, pois este possui insuficiência de recursos
financeiros.

Nos termos do art.537 § 1º inciso I da Lei 13.105/16:

Art. 537. A multa independe de


requerimento da parte e poderá ser aplicada
na fase de conhecimento, em tutela provisória
ou na sentença, ou na fase de execução,
desde que seja suficiente e compatível com a
obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito.

§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a


requerimento, modificar o valor ou a
periodicidade da multa vincenda ou
excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou
excessiva;
Desta forma, o juiz pode excluir ou modificar o valor arbitrado, pois trata-
se de um valor excessivo, podendo causar prejuízos ao Município colocando
em risco à ordem, à saúde, segurança e economia pública nos termos do art.
4º da Lei 8.472/92.

O Município de Mariana não tem condições financeiras de arcar com


todos os encargos impostos em medida liminar determinada pelo juiz que
responsabilizou solidariamente a União, o Estado de Minas Gerais , o
Município de Mariana/MG e a empresa mineradora pelos danos ambientais
causados, embora seja necessário a tomada de algumas medidas, não devem
ser de competência solidária do ente público municipal em razão da própria
deficiência orçamentária inerente ao Município, portanto, devem ser arcados
unicamente pela empresa mineradora. É de extrema urgência a suspensão dos
efeitos da medida liminar podendo destacar dois requisitos importantes como o
“ fumus boni iuris” em razão da ameaça de lesão ao erário, a medida liminar
impõe ao Município um valor exorbitante de multa, prejudicando os serviços
essenciais básicos e ainda o “periculum in mora” pois existe o perigo de
dano ou risco, uma demora em suspender os efeitos dessa liminar pode
provocar danos irreversíveis às finanças do Município e a continuidade dos
serviços públicos, colocando em risco a ordem, saúde e economia públicas.

DO PEDIDO

Ante o exposto requer à Vossa Excelência:

a) A intimação das partes para fins de formação do contraditório;


b) A intimação da Procuradoria do Ministério Público do Estado de Minas
Gerais como fiscal da sociedade;
c) Deferimento da suspensão de liminar nos termos da Lei 8.437/92 e
7.347/85, sendo vista a flagrante ilegitimidade da decisão, apta a causar
manifesta ofensa pública administrativa e ainda pela ausência de
intimação da Fazenda Pública para audiência com antecedência de 72
horas (setenta e duas horas) da Lei 8.437/92 em seu art.2º

Nestes termos, pede deferimento.

28 de Janeiro de 2016

Advogado(a)xxxxxx

OAB xxxxxx/MG

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