Você está na página 1de 4

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA DA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DO MUNICÍPIO SIGMA

Joana Castro, nacionalidade, estado civil, vereadora, portadora da cédula de identidade RG


nº…, e inscrito no CPF sob o nº…, residente e domiciliada na Rua…, nº…, no município de
…, portadora do Título de Eleitor nº…, Seção…, Zona…, que se encontra em pleno gozo dos
direitos políticos, decorre do fato de ser cidadã, conforme dispõe o art. 5º, inciso LXXIII, da
CRFB/88 e/ou art. 1º,capute parágrafo 3º da Lei nº 4.717/65, por intermédio de seu
advogado que a esta subscreve (instrumento de mandato anexo), vem, perante Vossa
Excelência, impetrar:

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR

Em face do ato do João Santos, nacionalidade, estado civil, Prefeito, portadora da cédula de
identidade RG nº…, e inscrito no CPF sob o nº…, residente e domiciliada na Rua…, nº…, no
município de …, portadora do Título de Eleitor nº…, Seção…, Zona…, conforme art. 6º,
caput, da Lei nº 4.717/65; em face de Pedro Silva, conforme art. 6º,caput, da Lei nº
4.717/65, beneficiário direto do ato praticado e em face do Município Sigma, pessoa jurídica
de direito público interno, na pessoa de seu representante legal, conforme dispões o art. 6º,
§3º, da Lei nº 4.717/65, na pessoa de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos às
seguir aduzidos:

DOS FATOS

O Município Sigma se notabilizou no território nacional em razão da exuberância das


paisagens existentes em sua esfera territorial, entre as quais se destacava uma área de
preservação ambiental localizada na área central do Município.

Essa área foi criada há mais de uma década por força do Decreto nº XX, da lavra do então
Prefeito Municipal, tendo tornado a região tão aprazível que, em poucos anos, foram erguidas
construções em todas as demais áreas livres, valorizando-a sobremaneira.

Em razão desse quadro e da crescente especulação imobiliária, João Santos, recém-


empossado prefeito do Município Sigma, foi instado por Pedro Silva, conhecido construtor e
principal doador de sua campanha eleitoral, a cumprir uma promessa que fizera: João tinha
afirmado que, caso fosse eleito, desafetaria a referida área de preservação
ambiental e permitiria que Pedro ali construísse um conjunto habitacional e comercializar as
respectivas unidades.

Ocorre que, alegando a incidência do princípio da paridade das formas, editou o Decreto nº
YY, no qual o Art. 1º promoveu a desafetação da área de preservação ambiental, tornando-a
bem dominical; o Art. 2º transferiu sua propriedade a Pedro em caráter permanente,
autorizando a construção do conjunto habitacional no local.

Importante ressaltar que a medida adotada por João deu ensejo a um escândalo sem
precedentes no Município Sigma, pois era de conhecimento público que a edição do Decreto
nº YY tinha o objetivo de “retribuir” as doações realizadas por Pedro para a campanha de
João. Além disso, era muito difundida a opinião de que a desafetação da área não poderia ser
realizada por um ato infralegal.

Posteriormente a publicação do decreto, começou a ser percebida a chegada de caminhões e


retroescavadeiras ao centro do Município Sigma, todos de propriedade de Pedro, além do
fluxo de trabalhadores vindos de outros municípios, já que os moradores de Sigma se
negavam a atender às ofertas de emprego para a derrubada das árvores da área de preservação
ambiental.

Desse modo, a autora, vereadora no Município Delta que é limítrofe ao Município Sigma,
impetra ação constitucional mais apropriada ao caso, visando a impedir a desafetação, a
transferência de propriedade da área e a destruição da vegetação, considerando, ao seu ver, a
manifesta nulidade do ato que antecedeu este trágico desfecho, que está a prestes a ocorrer.

PRELIMINARMENTE
a. DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA

No presente caso, tem cabimento da medida liminar, nos termos do art. 5º, §4º da Lei nº
4.717/65, a fim de impedir o ato lesivo, ou seja, a iminente destruição da vegetação em área
de preservação permanente.

Nesse sentido, o artigo 300 do Código de Processo Civil, autoriza ao juiz conceder a tutela
antecipada quando presentes os requisitos da probabilidade do direito e houver perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo.

Ofumus boni iurisdecorre da nítida ofensa aos comandos constitucionais e da plausibilidade


do direito envolvido, o que acarreta a nulidade do Decreto nº YY. Por outro lado, opericulum
in moraresta caracterizado na iminência da destruição de área de preservação ambiental.

i. Do perigo de dano
Há evidente perigo de dano, pois verifica-se através de fotos anexadas o início das derrubadas
das árvores da área de preservação ambiental. Assim, prevê a possibilidade de propositura da
presente ação, o que prova a os fatos narrados, o direito abaixo explanado e os documentos
ora juntados.

É o que se requer.

DO CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR

O artigo 1º e seguintes da Lei nº 4.717/65 aduz que :

Art. 1º. Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades
de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de
seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas
públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja
criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas
incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos
Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas
pelos cofres públicos. (grifos nossos)

Nesse sentido, estamos diante de um remédio constitucional visando a proteção de valor


fundamente, nos termos do art. 5º, LXXIII da CRFB/88.

Dito isto, o ajuizamento da presente é perfeitamente cabível.

DA INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO

Ao Ministério Público é cabível o acompanhamento da ação, que por sua vez atua como
fiscal da Lei com base no parágrafo 46º da Lei 4.717/65.

DO DIREITO

Há evidente violação ao princípio da moralidade administrativa, previsto no art. 37 da Carta


Magna c/c o art. 5º, inciso LXXIII, da CRFB/88. Ainda, é possível a declaração de nulidade
do Decreto nº YY por meio da Ação Popular, já que houve flagrante violação ao princípio da
legalidade, nos termos no art. 2º, alínea c, da Lei nº 4.771/1965.

Outrossim, resta caracterizado a existência de ato lesivo ao patrimônio público, conforme


previsão do art. 1º, caput, da Lei nº. 4.717/65).
No mais, cabe elencar que a desafetação da área de preservação ambiental exigiria a edição
de lei, nos termos do art. 225, § 1º, inciso III, da CRFB/88. Bem como, a doação de área
pública a particular, como retribuição por doação eleitoral, afronta a moralidade
administrativa, protegida pelo Art. 37, caput, ou pelo Art. 5º, inciso LXXIII, ambos da
CRFB/88.

Por fim, a atribuição de um bem público a uma pessoa em particular, sem motivo idôneo,
também afronta a impessoalidade, protegida pelo art. 37, caput, da CRFB/88. Em
consequência, o Decreto nº YY é nulo, nos termos do art. 2º, alíneas c e e, bem como o
parágrafo único, alíneas “c” e “e”, da Lei nº 4.717/65, em razão do desvio de finalidade e de
sua manifesta dissonância das normas constitucionais.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

● Concedida o pedido de tutela de urgência provisória, a fim de impedir o ato


lesivo, ou seja, a iminente destruição da vegetação em área de preservação
permanente;
● Que seja declarado nulidade do Decreto nº YY, impedindo-se, portanto, que
produza seus efeitos;
● Citar os Réus, para a devida contestação a presente ação, sob pena das aplicação
dos efeitos da Revelia;
● Condenar os Réus no pagamento das custas e honorários advocatícios;
● A invalidação do ato lesivo ao patrimônio público e à moralidade condenando o
Réu ao pagamento das perdas e danos;
● A autora indica, de acordo com o §5º do artigo 334 do CPC, que tem interesse na
audiência de conciliação ou mediação.
● Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em
especial prova pericial.

Dá-se à causa o valor de R$....

Termos em que
Pede e Espera deferimento,

Local, data.
Advogado/OAB

Você também pode gostar