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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE xxxxx

A ASSOCIAÇÃO DOS PESCADORES DE XXXX, da comarca de xxx, com fundamento no


artigo 5º, I da Lei 7347/85, vem por meio da presença de Vossa Excelência, propor a
presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR

contra a EMPRESA XXXX LTDA., pessoa jurídica de direito pú blico, CNPJ nº ............, com
sede na cidade de xxx, representada pelo Sr..., prefeito da cidade xxxxx, inscrito no CPF sob
o nº ....... e RG nº ........., residente e domiciliado na Rua ............., nº ......., Bairro ........, conforme
os fatos e fundamentos que passam a expor:
DOS FATOS
A atividade da empresa ré consiste no processo de reciclagem de placas de chumbo das
baterias automobilísticas, que sã o descartadas e fundidas em fornos de altas temperaturas,
sendo derretido o chumbo e colocado em moldes, para ser vendido como matéria prima
para a fabricaçã o de outros produtos.
Desta forma, a Associaçã o de Pescadores, que tem por finalidade social, além da defesa dos
direitos e interesses de pescadores, a defesa do meio ambiente, constatou, através de
aná lises técnicas realizadas e comprovadas pelo IBAMA e FATMA, por intermédio do Laudo
xxx – IBAMA/FATMA/EQP.MULT., que o vapor do derretimento de chumbo produzido
pelos fornos e dispensados pela chaminé da empresa xxxx LTDA., tem lançado influentes
tó xicos – chumbo e carbono, tem gerado a contaminaçã o da Lagoa xxxx.
E, ainda, devido ao processo de derretimento de chumbo produzido pelos fornos da
empresa ré verificou-se a contaminaçã o da lagoa, bem como, a mortandade dos peixes além
de prejuízos financeiros para cem famílias de pescadores que moram ao redor da lagoa e
vivem da pesca tradicional.
Todavia, a empresa Ré, apesar de estar comprovado mediante laudo tal contaminaçã o, nã o
adotou medidas efetivas para sanar o problema.
DIREITO
DA COMPETÊNCIA
Conforme Artigo 2º da Lei 7357/1985, é competente para julgar a Açã o Civil Pú blica o foro
do local onde ocorreu o dano:
Art. 2º As açõ es previstas nesta Lei serã o propostas no foro do local onde ocorrer o dano,
cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Pará grafo ú nico A propositura da açã o prevenirá a jurisdiçã o do juízo para todas as açõ es
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
(Brasil, 1985)
Assim, o Juízo da vara da Fazenda Pú blica da Comarca de xxxx – onde ocorreu o dano - é o
competente para decidir sobre a presente açã o.
DO CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA
A Lei 7347/85 que trata da Açã o Civil Pú blica, em seu artigo 1º estabelece que:
Art. 1º Regem-se pelas disposiçõ es desta Lei, sem prejuízo da açã o popular, as açõ es de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
I – ao meio ambiente
[...]
IV – a qualquer outro interesse difuso e coletivo. (Brasil, 1985) (grifo nosso)
Como já exposto nos fatos, o processo de derretimento de chumbo produzido pelos fornos
da empresa ré verificou-se a contaminaçã o da lagoa xxxxx, prejudicando assim o meio
ambiente em questã o, que é um direito difuso, de acordo com os ensinamentos de Marcelo
Abelha (2004, p. 43).
“O interesse difuso é assim entendido porque, objetivamente estrutura-se como interesse
pertencente a todos e a cada um dos componentes da pluralidade indeterminada de que se
trate. Nã o é um simples interesse individual, reconhecedor de uma esfera pessoal e pró pria,
exclusiva de domínio. O interesse difuso é o interesse de todos e de cada um ou, por outras
palavras, é o interesse que cada indivíduo possui pelo fato de pertencer à pluralidade de
sujeitos a que se refere à norma em questã o”[1]
Como bem pontua Marcelo Abelha, direito difuso é aquele que pertence a todos
abrangendo uma totalidade abstrata e indeterminada. Neste viés, percebe-se, que a
agressã o ao meio ambiente atinge a todos e, ainda, no que tange acerca dos direitos
individuais homogêneos das cem famílias que foram prejudicadas pela contaminaçã o da
lagoa impossibilitando a pesca, sua maior fonte de renda.
DA LEGITIMIDADE ATIVA
Os legitimados concorrentes a proporem a Açã o Civil Pú blica, nos termos do art. 5º da Lei
7.347/85 e Lei 8.078/90, sã o o Ministério Pú blico, a Uniã o, os Estados e Municípios, além
das autarquias, empresa pú blica, fundaçõ es, sociedade de economia mista ou associaçõ es
constituídas a pelo menos 01 ano (art. 5º, XXI da Constituiçã o Federal) e que provem
representatividade e institucionalidade adequada e definida para a defesa daqueles
direitos específicos:
Art. 5º Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Embora a Associaçã o de Pescadores xxx tenha apenas 6 meses de tempo de instauraçã o, tal
legitimidade encontra respaldo jurídico no artigo 5º da Leinº7.347, de 24 de julho de
1985 :
Art. 5o Têm legitimidade para propor a açã o principal e a açã o cautelar:
[...]
§ 4.º O requisito da pré-constituiçã o poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja
manifesto interesse social evidenciado pela dimensã o ou característica do dano, ou pela
relevâ ncia do bem jurídico a ser protegido.
Dessa forma, possui interesse social da parte autora, ficando demonstrado, inclusive, que
pela dimensã o do dano provocado, por meio de laudo pericial, a contaminaçã o existente na
lagoa em questã o.
A legitimidade ativa deste remédio constitucional é concorrente, autô noma e disjuntiva,
pois, cada um dos legitimados pode impetrar a açã o como litisconsorte ou isoladamente.
Fica demonstrado, entã o, a legitimidade ativa da Associaçã o de Pescadores da Lagoa para
ingressar como polo ativo nesta açã o civil pú blica.
DO SUJEITO PASSIVO
Para José Maria Tesheiner,
[...] Em relaçã o à legitimaçã o passiva nas açõ es coletivas, se considerada a generalidade dos
casos, nã o se encontram maiores discussõ es sobre quem deva figurar no polo passivo. Em
princípio, as mesmas pessoas (físicas ou jurídicas) podem ser apontadas como parte
passiva tanto nas açõ es individuais quanto nas coletivas.[2]
Resta afirmar, que todos aqueles que causaram prejuízo ao meio ambiente, podem, ser
sujeitos passivos numa Açã o Civil Pú blica, qual seja, a pessoa jurídica de direito privado
empresa xxxxxx LTDA.
DA LIMINAR
O artigo 12 da Lei 7347/85, admite a possibilidade de pedido liminar:
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificaçã o prévia, em
decisã o sujeita a agravo.
Consoante a existência da possibilidade para expedir medida liminar, considera-se,
necessá rio que se conceda para que, a empresa Ré tome as devidas providências para que
cesse a contaminaçã o da lagoa em questã o.
Visto que configura o “Fumus Boni Iuris”, pois, através de aná lises técnicas realizadas e
comprovadas pelo IBAMA e FATMA, por intermédio do Laudo xxx –
IBAMA/FATMA/EQP.MULT., que o vapor do derretimento de chumbo produzido pelos
fornos e dispensados pela chaminé da empresa xxxx LTDA., tem lançado influentes tó xicos
– chumbo e carbono, tem gerado a contaminaçã o da Lagoa xxx, demonstrando assim, que o
direito pleiteado de fato existe.
Também se configura o “Periculum In Mora” pois, devido ao processo de derretimento de
chumbo produzido pelos fornos da empresa ré verificou-se a contaminaçã o da lagoa, bem
como, a mortandade dos peixes além de prejuízos financeiros para cem famílias de
pescadores que moram ao redor da lagoa e vivem da pesca tradicional.
Enseja-se com o pedido de liminar que a ameaça ao meio ambiente, qual seja, a
contaminaçã o da lagoa xxx causada pelo processo de derretimento da empresa
supracitada, seja cessado, com as medidas necessá rias para a diminuiçã o da contaminaçã o
do vapor lançado pelas chaminés.
Dessa forma, o pedido liminar consiste em suspender as atividades da empresa até que seja
executado medidas definitivas para o dano causado pelo processo realizado pela empresa
ré.
E, ainda, que seja estipulado astreintes pelo Juiz, a fim de que tenha cará ter reparador e que
obrigue a parte ré a cumprir tal ordem judicial.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) Que se conceda a liminar nos termos do artigo 12 da Lei 7347/85, para que seja cessada
a contaminaçã o proveniente do vapor da chaminé da empresa ré;
b) Caso nã o seja concedido pedido liminar, que ocorra a cassaçã o da licença definitiva das
atividades da empresa ré e, ainda, estipulado astreintes em caso de descumprimento de
ordem judicial;
c) A citaçã o dos réus, para contestar a presente açã o, sob pena de revelia e confissã o,
consoante o CPC, com base no Artigo 19 Da Lei 7347/85;
d) A procedência dos pedidos com a condenaçã o dos réus para a cessaçã o da contaminaçã o
gerada pelo processo de derretimento do chumbo provindo pelas chaminés e a despoluiçã o
da lagoa, mediante critérios adotados pelo ó rgã o ambiental competente, exigindo-se a
reparaçã o do valor do dano causado à s famílias em R$ xxxx (valor por extenso) e que seja
devidamente colocado filtros ou equipamentos nas chaminés a fim de diminuir a
contaminaçã o;
e) A condenaçã o dos réus ao pagamento das custas, honorá rios.
DAS PROVAS
Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial, pelos
documentos acostados à inicial.
DO VALOR DA CAUSA
Dar-se-á a causa o valor de R$ xxx (valor por extenso).
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Nú mero de Inscriçã o na OAB]
ROL DE DOCUMENTOS:
Laudo xxx – IBAMA/FATMA/EQP.MULT.

[1] ABELHA, Marcelo. Açã o Civil Pú blica e Meio Ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitá ria, 2004.
[2] TESHEINER, José Maria.Partes e legitimidade nas ações coletivas.in Revista de Processo
n. 180. Sã o Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2010. p. 23.

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