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BETIM/MG
AÇÃO ORDINÁRIA
face a VALE S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas sob o nº 33.592.510/0001-54, com sede na Praia de Botafogo, n° 186 -
Torre Oscar Niemeyer, 9º andar, bairro Botafogo, Rio de Janeiro/RJ, CEP 22250-145,
conforme fatos e direitos abaixo expostos.
I - PRELIMINARMENTE
I.1 - DA CITAÇÃO DA RÉ – CITAÇÃO ELETRÔNICA
Nos termos do que dispõe o artigo 246, do CPC/15, bem como o que foi
definido no Aviso nº. 36/CGJ/2020, a Ré deve ser citada obrigatoriamente por correio
eletrônico.
II - SINOPSE
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II.1 - HISTÓRICO PREGRESSO - A TRAGÉDIA DE BRUMADINHO – O MAR
DE LAMA - CONSEQUÊNCIAS
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fiscaliza a atividade minerária e pela autoridade licenciadora do
Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).
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II.2 - DA PRESENTE LIDE – BAIRRO CITROLÂNDIA – OMISSÕES E
ILÍCITOS PRATICADOS POR PARTE DA RÉ – DA SITUAÇÃO DA PARTE
AUTORAL ENQUANTO RESIDENTE A BEIRA DO RIO PARAOPEBA
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Pois, por ser residente em uma região afetada no caso de rompimento de
barragens, fato é que o imóvel do Autor resta desvalorizado EM FUNÇÃO DE ESTAR
A BEIRA DO RIO PARAOPEBA.
Por fim, o Autor vem a este Excelso Pretório com o fito de ser indenizado,
considerando o dano percebido contra si, praticado pela Ré, e conforme direito que será
exposto na sequência.
III - DO DIREITO
III.1 - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RÉ – OPERAÇÕES DE
MINERAÇÃO – TEORIA DO RISCO INTEGRAL
Art. 14 ...
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é
o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos
Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e
criminal, por danos causados ao meio ambiente.
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Inclusive, a partir de tal dispositivo, temos a hermenêutica doutrinária
denominada teoria do risco integral. Tal teoria é uma doutrina jurídica que se aplica em
casos de responsabilidade civil, especialmente em casos de danos ambientais e acidentes
de trabalho. Segundo essa teoria, o causador do dano deve ser responsabilizado
independentemente de sua culpa, uma vez que se beneficia da atividade que gerou o
risco.
Em outras palavras, isto implica dizer que, se alguma pessoa, seja ela física
ou jurídica, ou empreendimento, é causador de um dano ou degradação ambiental,
deverá ela suportar a responsabilização civil ambiental, respaldada na teoria objetiva e
do risco integral, além de ser solidária àqueles que contribuíram para tais danos.
Além do mais, o ilícito persiste, uma vez que o Estado de Minas Gerais
promulgou a Lei Ordinária 23.291/19, que dispõe sobre as barragens a montante no
território mineiro, mas também traz a ordem expressa de sua descaracterização, como se
vê do seu artigo 13, e parágrafos, in verbis:
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COLOMBO, Silvana Raquel Brendler. A responsabilidade civil no direito ambiental. In: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, IX, n. 35, dez. 2006. Disponível em: Âmbito Jurídico - Educação jurídica gratuita e
de qualidade (ambitojuridico.com.br) . Acessado em: 01/03/2023
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Art. 13 Fica vedada a concessão de licença ambiental para operação
ou ampliação de barragens destinadas à acumulação ou à disposição
final ou temporária de rejeitos ou resíduos industriais ou de mineração
que utilizem o método de alteamento a montante.
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e com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível
socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte da empresa, orientando-se
o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com
razoabilidade, valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à
realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, de modo que, de
um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem recebe a
indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais
experimentados por aquele que fora lesado.
2. No caso concreto, recurso especial a que se nega provimento.
(REsp n. 1.374.284/MG, relator Ministro Luis Felipe Salomão,
Segunda Seção, julgado em 27/8/2014, DJe de 5/9/2014.)
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
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não admitirá como razoável que a vítima tenha que suportar a lesão.
Assim, surgirá a obrigação de indenizar, em regra pela prestação de
indenização do equivalente pecuniário. (grifo nosso)
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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA -
ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE REJEITOS DA MINA
CÓRREGO DO FEIJÃO, EM BRUMADINHO - PRELIMINARES -
INÉPCIA DA INICIAL - INOCORRÊNCIA INTERESSE DE AGIR
- DIREITO INDIVIDUAL HOMOGÊNEO NÃO SUJEITO À AÇÃO
COLETIVA PROPOSTA - LEGITIMIDADE ATIVA - TEORIA DA
ASSERÇÃO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - TEORIA DO
RISCO INTEGRAL - INDENIZAÇÃO PELA DESVALORIZAÇÃO
DE IMÓVEL SITUADO EM BRUMADINHO - AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO - INDENIZAÇÃO INDEVIDA. I - O ajuizamento
de demanda coletiva não obsta que a parte busque, por meio de ação
individual, o reconhecimento do seu direito, visto que não há a
ocorrência de litispendência ou de conexão, podendo, portanto,
coexistirem ações individuais correlatas à demanda coletiva, não
havendo que ser falar em falta de interesse da agir. IV- Há
legitimidade ativa quando o autor, em ação de conhecimento versando
sobre indenização individual, e não de cumprimento de acordo
firmado em ação coletiva em decorrência dos danos causados à
coletividade, não pleiteia direito difuso, mas apenas a condenação da
requerida ao pagamento da quantia que entende devida. V- É
incontroverso que a mineradora ré causou grave dano ambiental em
razão do rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão, em
Brumadinho, cabendo, entretanto, à vítima a comprovação dos danos
individuais experimentados, dos quais pretende reparação, e do nexo
de causalidade. VII- Em se tratando da desvalorização de imóveis,
impõe-se uma análise/averiguação por quem possui expertise no
assunto (arquiteto/engenheiro ou corretor), não se prestando a tanto
apenas os documentos que indicam tal fato. VI- Não tendo a parte
autora se desincumbido de produzir a prova pericial necessária para
apuração da existência, qualificação, quantificação e extensão dos
danos materiais alegados, impõe-se a manutenção da sentença que
julgou improcedente seu pedido de indenização pela alegada
desvalorização do seu imóvel, em razão da tragédia de Brumadinho.
(TJMG - Apelação Cível 1.0000.22.075611-8/001, Relator(a): Des.(a)
João Cancio , 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 30/08/2022,
publicação da súmula em 30/08/2022) – grifo nosso.
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Isto porque, em análise a ação civil pública, instaurada pelo Ministério
Público, de nº. 5000053.16-2019.8.13.0090, aponta que o ocorrido em Brumadinho
afetou, diretamente, o mercado imobiliário da região, como colacionamos abaixo:
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Assim, o Autor busca a reparação por danos materiais, a serem apurados
mediante prova pericial a tempo e modo, contra a Ré.
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