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Tribunal Judicial da Comarca do Porto Este

Juízo Central Cível de Penafiel - Juiz 1


Processo nº 32/19.0TPRT

Exmo. Senhor Juiz de Direito

OS SEGUROS SÃO AQUI, S.A., Ré nos autos acima identificados, em que é Autora ANA
LUÍSA MARTINS VAZ, vem, nos termos do disposto no art. 569.º do CPC, apresentar a
sua

CONTESTAÇÃO

o que faz nos termos e com os fundamentos seguintes:

I. DA ILEGITIMIDADE DA RÉ

1.
Através do contrato de Seguro titulado pela apólice n.º1234567890, Transportes
Rápidos Lda., transferiu para a R. a responsabilidade civil decorrente da utilização do
Veiculo com a matrícula 20-EE-59 – cfr. doc. n.º 1, que aqui se junta e se dá por
integralmente reproduzido.

2.
Porém, em 20/12/2016, o tomador do seguro vendeu o dito Veículo a Transporte Silva,
Lda – cfr. doc. n.º 2, que aqui se junta e se dá por integralmente reproduzido.

3.
Estipula DL n.º 522/85 de 31/12, no seu artigo 13.º, n.º1, que, no caso de alienação do
veículo, o contrato de seguro não se transmite, cessando os seus efeitos às 24 horas do
dia da alienação.
4.
Ora, o contrato de seguro acima mencionado cessou às 24h, do dia 20 de Dezembro de
2016.

5.
Por força de tal cessação, no dia 02 /01/2017, data em que ocorreu o sinistro, a R. já
não era civilmente responsável pelos danos causados a terceiros pelo veículo M.

6.
Tal cessação, porque é anterior à data do sinistro, é, nos termos do artigo 13.º, n.º1,
do citado diploma legal, oponível ao lesado.

7.
Assim, a Ré é parte ilegítima na presente ação.

8.
Nos termos do artigo 577.º, a) do Código de Processo Civil, tal ilegitimidade configura
uma exceção dilatória.

9.
Cuja procedência implica a absolvição da R. da instância, nos termos do artigo 278.º,
n.º1, a) e 577º, a), ambos, do Código de Processo Civil.

10.
Em conformidade com o exposto deverá a R. ser absolvida da instância.

II. DOS FACTOS

11.
Caso se entenda não existir ilegitimidade da Ré, no que não se concede, a presente
ação sempre deverá improceder também de facto, por ser destituída de todo e
qualquer fundamento e sentido de razoabilidade, conforme melhor se evidenciará.

12.
Aquando do sinistro o pesado de passageiros, que circulava no Itinerário Principal nº4
(IP4), fazia o percurso Vila Real-Faro, com paragens no Porto e em Fátima.

13.
O condutor do veículo em questão, Armando Sousa, tem 27 anos de experiência
enquanto motorista de pesados de passageiros.

14.
Durante a sua carreira, o referido condutor não foi sujeito a qualquer infração
rodoviária, conforme consta da Certidão de Registo de Infrações do Condutor – cfr.
doc. n.º 3, que aqui se junta e se dá por integralmente reproduzido.

15.
No dia em questão, o condutor tinha entrado ao serviço às 15h, estando,
efetivamente, ao serviço da Iberobus S.A há mais de 7 horas.

16.
Contudo, antes de iniciar o percurso Vila Real – Faro fez uma pausa de 3h, obedecendo
assim às exigências legais, ao contrário do alegado no artigo 21º da petição inicial
Condutor – cfr. doc. n.º 4, que aqui se junta e se dá por integralmente reproduzido.

17.
Refira-se ainda que a sociedade Iberobus, S.A. está presente no mercado português
desde 1989 e, ao longo dos anos, nunca foi sancionada por violar o período de
descanso obrigatório dos trabalhadores nem foi objeto de qualquer denúncia à ACT.

18.
Acresce ainda que a visibilidade da via encontrava-se reduzida devido a nevoeiro
denso.

19.
O veículo segurado circulava no sentido Vila Real – Porto, na via que lhe era destinada,
conforme resulta, inequivocamente, da sinalização aí colocada – cfr. doc. n.º 5, que
aqui se junta e se dá por integralmente reproduzido.

20.
Deste modo, a Autora, ao circular na mesma via que o pesado de passageiros, seguia
efetivamente em contramão, em total desrespeito pela sinalização aposta e pelos
preceitos que regulam o trânsito rodoviário.

21.
O veículo segurado pela Ré circulava respeitando o limite de velocidade legalmente
imposto.

22.
Importa ainda esclarecer que a Autora omitiu que circulava, à 1:40h, momento do
sinistro, com o farol dianteiro esquerdo fundido – cfr. doc. n.º 6, que aqui se junta e se
dá por integralmente reproduzido.

23.
O que é particularmente relevante quando, conforme alegado na petição inicial, mais
precisamente no artigo 8º, a faixa de rodagem encontrava-se com escassa iluminação
artificial.

24.
Deste modo, devido à falta de iluminação também do carro da Autora tornou-se
bastante árduo para o condutor do pesado de passageiros aperceber-se da presença
do veículo da Autora, que segui em contramão.
25.
Assim, e apesar de circular dentro dos limites de velocidade e na via que lhe era
destinada, Armando Sousa foi incapaz de imobilizar o veículo atempadamente devido
à falta de iluminação da via e do carro da Autora que, reforça-se, seguia em
contramão.

26.
Contudo, tentou travar o veículo de modo a não embater na Autora – o que se
afigurou impossível.

27.
Estando o automóvel segurado pela Ré imobilizado a cerca de 7 metros do local do
embate e atentando às marcas de travagem referidas na petição inicial, tal permite-
nos concluir que o pesado de passageiros circulava a uma velocidade igual ou inferior a
50 km/h, respeitando os limites de velocidade legalmente previstos.

28.
O que é confirmado pelas marcas de travagem, demonstrantes de que o veículo não
circulava em excesso de velocidade, mas antes que teve de efetuar uma travagem de
emergência brusca, para evitar colidir com o veículo da Autora.

Isto posto:
29.
Aceitam-se, por corresponderem à verdade, os factos alegados nos artigos 1º a 16º e
22º a 39º da petição inicial.

30.
Impugnam-se especificadamente um a um e todos no seu conjunto, os factos
constantes dos artigos 17º, 18º, 19º, 20º, 21º e 40º da petição inicial.

III. DO DIREITO
31.
A Ré não aceita qualquer responsabilidade pelo acidente em causa nos autos, uma vez
que não se encontram preenchidos os requisitos da responsabilidade civil
extracontratual, mencionados no artigo 483º do Código Civil.

32.
Na verdade, a responsabilidade civil que se discute apenas poderá ser assacada à
Autora, que circulava em contramão e sem a iluminação exigida, em total arrepio não
só pela sinalização aposta no local de embate, como pelos preceitos legais aplicáveis.

33.
Mais se diga que, ainda que nunca pudesse ser assacada qualquer responsabilidade ao
condutor do veículo segurado ou à sociedade Iberobus, S.A., o primeiro cumpriu com
todas as diligências exigidas a um condutor do pesado de passageiros, à luz do critério
do homem médio em face do condicionalismo próprio inerente à situação concreta.

34.
Até porque, conforme o artigo 7º do Regulamento (CEE) nº 3820/85 do Conselho de 20
de Dezembro de 1985, “após 4 horas e meia de condução, o condutor deve fazer uma
pausa de pelo menos, 45 minutos, exceto se iniciar um período de repouso” e o
condutor do veículo pesado fez uma pausa de 3 horas antes de iniciar o trajeto,
observando assim a disposição legal.

35.
O condutor do veículo pesado de passageiros atuou com todas as diligências que lhe
eram exigíveis.

NESTES TERMOS, e nos demais de Direito que V. Exa.


doutamente suprirá deve:
A) Ser julgada procedente a exceção de ilegitimidade da
Ré e, consequentemente, ser a mesma absolvida da
instância;
Ou, caso assim não se entenda,
B) A presente ação ser julgada improcedente, por não
provada e, em consequência, ser a Ré absolvida do
pedido;

PROVA:
- DOCUMENTAL: 7 documentos que ora se juntam.
- TESTEMUNHAL:

1.ª – Cátia Maria Soares Ramos, identificada com o cartão de cidadão n.º 27638263,
válido até 14 de maio de 2020, casada, secretária, residente na Rua da Tristeza, n.º
500, código postal n.º 4440-501 – Valongo;

2.ª – Joana Antonieta Marques e Silva, identificada com o cartão de cidadão n.º
43257356, válido até 18 de janeiro de 2021, casada, reformada, residente na Rua de
Cima, n.º 403, código postal n.º 4440-404 – Valongo;

3.ª – Marco António Silva Castro, identificado com o cartão de cidadão n.º
34573625, válido até 19 de abril de 2020, casado, empresário, residente na Rua
Carvalho de Sá, n.º 50, código postal n.º 4420-596 – Gondomar.

Todas a notificar.

JUNTA: 7 documentos e procuração.

Os Advogados,

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