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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG
PROCESSO Nº 5008965-98.2022.8.13.0024
AUTOR: LUCAS ANDRADE DA CUNHA
RÉUS: LOC-LINE GERADORES LTDA + 1

LOC-LINE GERADORES LTDA, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº
11.431.803/0001-17, estabelecida na Rua Joaquim Laranjo,
n.166, bairro Industrial, Contagem/MG, CEP: 32.220-360, e
FERNANDO MENEZES DE SOUZA, brasileiro, casado,
inscrito no CPF: 090.198.936-37, RG:MG14276086,
residente e domiciliado na Rua Sergipe, nº.23, apto 101,
bairro Menezes, Ribeirão das Neves/MG, vêm perante V.
Exa, através de seus procuradores, apresentar sua
CONTESTAÇÃO aos pedidos formulados pelo autor,
fazendo-a com base nos fatos, motivos e fundamentos
seguintes:

DA REALIDADE DOS FATOS

01- Inicialmente, cumpre destacar que NÃO prosperam as alegações da inicial,


restando devidamente impugnadas pelos réus, haja vista que não correspondem à
realidade dos fatos, conforme será demonstrado.

02- Na data de 27/12/2021, o 2º réu (Fernando) conduzia o veículo de propriedade do


seu empregador 1º réu (Loc-Line), Fiat/Palio, placa: HDN-6F19, quando sofreu um
acidente de trânsito ocasionado por culpa exclusiva do autor.

03- Na realidade, o 2º réu transitava com o veículo pela faixa central da Av. Severino
Balesteros Rodrigues, quando após verificar no retrovisor e sinalizar com a seta, mudou
normalmente com veículo para a faixa da esquerda.

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04- Quando já transitava na faixa da esquerda, alguns metros à frente, ao fazer a
conversão à esquerda na Av. João Gomes Cardoso, se viu obrigado a reduzir a
velocidade/parar o veículo em razão de um pequeno congestionamento de veículos
ocasionado pelo semáforo (vermelho), quando então foi abalroado na sua traseira
esquerda pelo veículo conduzido pelo autor, o qual também seguia para a Av. João
Gomes Cardoso logo atrás do veículo dos réus.

05- Na realidade, o acidente foi ocasionado pela falta de atenção e imprudência


do autor, que não percebeu que o fluxo de veículos estava quase parando e não
parou o seu veículo, vindo a colidir na traseira esquerda do veículo conduzido pelo
2º réu:

- Eis a ilustração dos fatos e do acidente (veículo branco: réu / veículo


amarelo: autor), utilizando a imagem aérea do Google Maps:

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- Eis a foto real da saída da Av. Severino Balesteros Rodrigues para a Av. João
Gomes Cardoso:

Obs: Local que em certos horários causa congestionamento de veículos que estão virando à
esquerda por conta do semáforo e grande volume de veículos em circulação.

06- Os réus impugnam expressamente a inverídica a alegação do autor de que


supostamente o veículo conduzido pelo 2º réu “fechou” o veículo do autor ao fazer
conversão sem sinalizar, já que como já explicitado acima, o veículo dos réus já estava na
mesma faixa do veículo do autor, à sua frente, quando foi atingido na sua traseira
esquerda.

07- Na realidade, em se tratando de colisão na traseira, foi o autor que não guardou a
distância necessária para a segura circulação dos veículos e não efetuou a parada do seu
veículo quando necessário no congestionamento, por total falta de atenção.

08- Consoante se infere das fotos dos veículos já anexadas aos autos, veja que o
veículo do 2º réu foi atingido e teve danos na traseira esquerda, enquanto o veículo do
autor teve dano na frente direita, o que corrobora exatamente a dinâmica do acidente
acima explicitada na ilustração.

09- Cumpre salientar também que se fosse verídica a alegação do autor de que ele
seguiria reto, por obvio ele não teria colidido com o lado direito da sua frente do seu
veículo e sim com o lado esquerdo ou centro, conforme ilustração do acidente acima,
sendo certo que, mesmo nesta absurda hipótese, o acidente também teria ocorrido por
culpa do autor, que não observou o veículo a sua frente, não reduziu a velocidade e
acertou a traseira esquerda do veículo dos réus.

10- A própria foto de fl.29 juntada pelo autor evidencia que ele já estava fora da Av.
Severino Balesteros Rodrigues, ou seja, não seguia reto e já havia convergido no
cruzamento para a Av. João Gomes Cardoso quando acertou o veículo do réu que seguia à
sua frente.

11- Ademais, cumpre destacar que quem sofreu danos materiais em razão da
conduta ilícita culposa cometida pelo autor foram os réus, que tiveram o seu veículo
totalmente danificado na parte traseira esquerda, consoante fotos e orçamentos
anexos, devendo o autor ser condenado a indenizar os danos por ele ocasionados no
veículo conduzido pelo 2º réu, de propriedade do 1º réu.

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Logo, não há dúvidas que o acidente de trânsito em epígrafe ocorreu por culpa
exclusiva do autor, o que leva a improcedência dos pedidos da inicial e à procedência do
pedido contraposto formulado pelos réus.

AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA RÉUS


INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR

12- A responsabilidade pelos supostos danos alegados pelo autor somente se


configuraria em caso de ato ilícito doloso ou culposo por parte dos réu, nos termos do
artigo 186 e 927 do Código Civil, o que manifestamente NÃO ocorreu no presente caso.

13- A douta jurista Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil Brasileiro –
Responsabilidade Civil – vol. 7, Ed. Saraiva, p. 37) ensina que:

“a responsabilidade civil não poderá existir sem o vínculo entre a ação


e o dano. Se o lesado experimentar um dano, mas este não resultou da
conduta do réu, o pedido de indenização será improcedente”.

14- Neste caso, inexiste qualquer ato ilícito doloso ou culposo cometido pelos réus
e/ou nexo causal, razão pela qual, não há que se falar em responsabilidade civil dos réus
pelo ocorrido, afastando por completo o dever de indenizar.

15- In casu, o acidente ocorreu por culpa exclusiva do autor na condução do seu
veículo, já que acertou e danificou a traseira esquerda do veículo dos réus, consoante
já explicitado.

16- O Eg.TJMG já pacificou o entendimento de que em caso de colisão na


traseira presume-se a culpa do condutor do veículo que dirigia atrás e não guardou
a distância necessária para a segura circulação dos veículos:

AÇÃO REGRESSIVA DE SEGURO - ACIDENTE DE TRÂNSITO


- COLISÃO NA TRASEIRA - CULPA - PRESUNÇÃO - ÔNUS DA
PROVA. Na condução de veículo deve o motorista guardar
distância de segurança suficiente daquele que segue em sua
frente observando-se a velocidade dos automóveis e as condições
da pista. Nos casos de colisão na traseira, presume-se a culpa do
condutor do veículo que dirigia atrás e não guardou a distância
necessária para a segura circulação dos veículos, sendo que
aquela somente será elidida mediante prova robusta em sentido
contrário.
(TJMG - Apelação Cível 1.0000.21.211864-0/001, Relator(a):
Des.(a) Estevão Lucchesi , 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
25/11/2021, publicação da súmula em 25/11/2021)

17- Logo, restando evidenciado nos autos que o acidente de trânsito em epígrafe
ocorreu por culpa exclusiva do autor, o que leva a total improcedência dos seus pedidos
indenizatórios da inicial e acarreta e procedência do pedido contraposto formulado pelos
réus de indenização por danos materiais, consoante adiante explicitado.

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Portanto, deverão ser julgados improcedentes os pedidos formulados pelo autor na
inicial e julgado procedente o pedido contraposto formulado pelos réus, consoante adiante
explicitado.

INEXISTÊNCIA DE DANOS MATERIAIS INDENIZÁVEIS

I - Despesas com reparação do veículo

18- Alega o autor fazer jus ao pagamento da quantia de R$1.800,00 para reparação das
avarias do seu veículo.

Data venia, razão não assiste ao autor, restando impugnadas as suas alegações e
pleitos da inicial.

19- Inicialmente, cumpre destacar novamente que inexiste no caso dos autos qualquer
culpa dos réus pelo acidente ocorrido, razão pela qual, não há que se falar no pagamento
de indenização por danos materiais a qualquer título, consoante já salientado nos tópicos
anteriores.

20- De qualquer forma, não merece prosperar o valor pleiteado de R$1.800,00 a


título e conserto do veículo, restando impugnados os orçamentos apresentados, já
que estes possuem valores muito acima do valor médio cobrado no mercado,
consoante se infere das simples consultas anexas, bem como também o autor não
trouxe aos autos o comprovante de efetivo pagamento de tal valor de forma a
comprovar o efetivo dano material sofrido e o direito a restituição.

21- Consoante se infere do orçamento utilizado pelo autor para requerer a quantia
acima (fl.43), em relação aos serviços de pintura, lanternagem no importe R$800,00,
verifica-se que tal valor está de acordo com o mercado, porém, o mesmo NÃO ocorre
com o valor das peças indicadas no referido orçamento.

Veja que os valores apresentados pelo autor estão muito superiores ao valor
médio de mercado, já que o “farol de milha direito” custa na realidade R$70,00
(entrega inclusa), o “farol principal direito” custa R$271,00 (entrega inclusa), e a
“grade farol de milha” custa R$50,00 (entrega inclusa), consoante orçamentos
anexos.

Em relação ao item “grade central”, os réus impugnam expressamente ser


devido tal item, posto que ele NÃO foi danificado pelo acidente ocorrido. De acordo
com a própria foto de fl.29, resta claro que somente foi danificado a parte frontal
direita, não havendo qualquer dano na “grade central”, sendo certo que esta custa
no mercado apenas R$55,00 (entrega inclusa).

22- Logo, na remota hipótese de se entender devida a indenização ao autor a


título de conserto de veículo, esta deve ser limitada ao valor de R$1.191,00,
consoante abaixo discriminado e de acordo com os orçamentos anexos:

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ITEM VALOR REAL
Mão de obra – R$ 800,00 (valor indicado no
lanternagem e pintura próprio orçamento autor)
Farol de milha direito R$ 70,00 (orçamento anexo)
Farol principal direito R$ 271,00 (orçamento anexo)
Grade farol de milha R$ 50,00 (orçamento anexo)
Grade central Não danificada no acidente –
vide foto fl.29

VALOR TOTAL R$ 1. 191,00

23- Por fim, no mínimo, também deve ser observada a culpa concorrente do autor na
fixação de eventual indenização, nos termos do art. 945 do CC, reduzindo o valor pela
metade.

II – Lucros Cessantes

24- Alega o autor fazer jus a indenização total de R$1.332,00 referente a 03 (três)
diárias de seu serviço como motorista de aplicativo (R$444,00 cada dia), já que
supostamente o conserto do veículo demorará 03 dias.

Data venia, razão não assiste ao autor, restando impugnadas as suas alegações e
pleitos da inicial.

25- Inicialmente, cumpre destacar novamente que inexiste no caso dos autos qualquer
culpa dos réus pelo acidente ocorrido, razão pela qual, não há que se falar no pagamento
de indenização por danos materiais a qualquer título, consoante já salientado nos tópicos
anteriores.

26- De qualquer forma, também não há que se falar em indenização por lucros
cessantes como requerido na inicial, haja vista o autor ainda não sofreu o prejuízo, já que
sequer deixou o veículo para o conserto.

27- Nos termos do art.402 do Código Civil, os lucros cessantes consistem apenas
no que a parte “deixou de lucrar”:

“Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em


lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além
do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente
deixou de lucrar.”

28- Contudo, consoante se infere da própria inicial, o autor está usufruindo do


seu veículo normalmente e como ainda não foi entregue à oficina para os reparos
estéticos, o autor NÃO sofreu qualquer prejuízo e não deixou de lucrar qualquer
valor, o que leva a improcedência do pedido.

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29- Ademais, também resta impugnada a alegação do autor de que irá perder 03 (três)
dias de trabalho como motorista de aplicativo para consertar o veículo, bem como o valor
de prejuízo alegado de R$444,00 por dia.

30- Isso porque, o dano do veículo do autor demonstrado nas fotos anexadas aos
autos se resume à substituição de peças e uma pequena lanternagem/pintura, o que
demandaria no máximo um 01 (um) dia de serviço, restando impugnado o tempo de
serviço descrito nos orçamentos juntados, posto que não fazem parte do documento
original e notoriamente FORAM INSERIDOS À MÃO PELO PRÓPRIO AUTOR
(veja que a letra de quem escreveu o tempo de serviço é idêntica em todos os
orçamentos).

31- Outrossim, verifica-se também que o autor juntou aos autos apenas o resumo
de ganhos como motorista de aplicativo relativos aos dias que ele obtém valores
maiores (quinta, sexta e sábado), sendo obvio que ele não vai deixar o veículo para
conserto nestes dias, mas sim nos dias de movimento muito menor, como segunda,
terça ou quarta-feira.

Os ganhos do autor nestes outros dias (segunda, terça e quarta-feira)


corresponde, por estimativa, à menos da metade do valor por ele alegado,
considerando-se um ganho médio BRUTO em torno de R$250,00/dia.

32- Se isso já não bastasse, é obvio também que do valor faturado, não é apenas
20% (R$100,00) que corresponde ao gasto com combustível como inveridicamente
alegado pelo autor, mas sim 50% do valor total recebido com corridas, consoante se
infere de simples consultas em pesquisas e matérias jornalísticas já publicadas
(https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2022/03/11/internas_economia,13519
34/amp.html ).

33- Desta forma, eventual dano material sofrido pelo autor ao perder 01 (um) dia
de corrida para conserto do veículo, deve considerar o lucro de R$125,00 (R$250,00
– 50% com gastos de combustível).

Logo, na hipótese de deferimento de indenização por danos materiais (lucros


cessantes), o que se admite apenas por argumentar, deverá a condenação ser limitada a
01 (um) dia, no valor de R$125,00.

34- Por fim, no mínimo, também deve ser observada a culpa concorrente do autor na
fixação de eventual indenização, nos termos do art. 945 do CC, reduzindo o valor pela
metade.

INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS INDENIZÁVEIS

35- Alega a autora fazer jus ao pagamento de indenização por danos morais no
importe de R$3.000,00, sob o fundamento de que “experimentou o amargo sabor de ter
seu bem deteriorado, aborrecimentos sem causa”, “deixou o autor na expectativa de
solucionar o problema amigavelmente”.

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Os réus impugnam expressamente as alegações e o pleito do autor.

36- Inicialmente, cumpre destacar novamente que inexiste no caso dos autos qualquer
culpa dos réus pelo acidente ocorrido, razão pela qual, não há que se falar no pagamento
de indenização por danos morais, consoante já salientado nos tópicos anteriores.

37- Além disso, NÃO ficou comprovado nos autos qualquer dano de natureza
moral sofrido pelo autor, haja vista que do acidente narrado não houve qualquer
dano físico, constrangimento, abalo à sua moral, ou mesmo qualquer prejuízo à sua
imagem.

38- Verifica-se que o autor sequer narra qualquer tipo de situação que tenha lhe
causado dano moral, limitando-se a dizer que “experimentou o amargo sabor de ter seu
bem deteriorado, aborrecimentos sem causa”, “deixou o autor na expectativa de
solucionar o problema amigavelmente”, o que por obvio não se trata de dano moral
indenizável.

39- Cumpre salientar também que desde o ocorrido o próprio autor já tinha ciência que
o acidente ocorreu por sua culpa, inexistindo qualquer promessa dos réus de resolver
qualquer situação. Pelo contrário, foi exigido do autor a solução dos danos materiais que
ele ocasionou aos réus, o que não foi por ele cumprido posteriormente.

40- Além disso, verifica-se que o autor vem utilizando normalmente o seu veículo
desde o ocorrido, não trazendo qualquer prejuízo à sua rotina ou trabalho, tanto que narra
na inicial que terá que parar o veículo por poucos dias para realizar reparos estéticos no
veículo, que não impedem o seu normal funcionamento/deslocamento.

41- Ad argumentandum tantum, na pior das hipóteses, poderia ter ocorrido


apenas um mero aborrecimento, que foge da órbita do dano moral e não faze surgir
o direito à percepção de indenização.

42- Nesse sentido, a jurisprudência pacifica do Eg.TJMG:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - RESPONSABILIDADE


CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - DANOS MORAIS -
MEROS DESABORES.
O dano moral decorre de violação a atributos inerentes ao
direito da personalidade, no que se insere o dano à honra,
imagem, bom nome e fama.
Não comprovado o abalo psicológico ou mesmo as lesões de
ordem mora, indevido o pleito de indenização por danos morais
à vítima de acidente de trânsito.
Ausente qualquer gravidade nas consequências do acidente,
tendo ocorrido nada mais que um susto, aborrecimentos e
dissabores, indevido o pleito de ressarcimento de ordem moral.
(TJMG - Apelação Cível 1.0000.21.224705-0/001, Relator(a):
Des.(a) Marco Aurelio Ferenzini , 14ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 02/12/2021, publicação da súmula em
02/12/2021)

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Portanto, não há obrigação de indenizar o autor por supostos danos morais
sofridos, devendo ser julgado improcedente o pedido.

43- Entretanto, caso V. Exa. entenda devida a indenização a título de dano moral, o
que se admite apenas por argumentar, a mesma deverá ser arbitrada com prudência e
moderação, restando impugnado o absurdo valor de R$3.000,00 arbitrados na inicial.

44- A fixação do dano moral deve evitar sempre o enriquecimento sem causa, da parte
que o requer, conforme entendimento jurisprudencial pátrio já pacificado.

45- No presente caso, deve ser levado em conta que o 1º réu é um empresa pequena
que passa por dificuldades financeiras gravíssimas por conta da pandemia, bem como o 2º
réu é um trabalhador assalariado, que ocupa o cargo operacional, e seus rendimentos não
são capazes de arcar com qualquer pagamento sem prejudicar o sustento da sua família.

46- Além disso, neste caso também deverá ser observado, no mínimo, a culpa
concorrente do autor na fixação de eventual indenização, nos termos do art. 945 do CC,
de forma a reduzir drasticamente valor.

47- O Código Civil prevê que a indenização deverá ser arbitrada moderadamente, de
acordo com a extensão do dano e com a culpa, a fim de não se converter em fonte de
enriquecimento ilícito, como se vê:

“Art. 944 – A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade
da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a
indenização.

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento


danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de
sua culpa em confronto com a do autor do dano.”

Logo, caso V. Exa. entenda pela condenação desta defendente em indenizar o


autor os supostos danos morais sofridos, que estes sejam em observância aos princípios
da proporcionalidade/ razoabilidade e observando no mínimo a culpa concorrente do
autor.

IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

48- A ré impugna expressamente a alegação da autora de que não possui condições de


arcar com as custas e despesas processuais, sem prejudicar o seu próprio sustento.

49- Isso porque, a autora não comprovou nos autos a alegada hipossuficiência, de
forma a demonstrar que faz jus ao referido benefício.

50- Além disso, o próprio autor narrou na inicial que aufere R$444,00 por dia de
trabalho, o que evidencia que o seu ganho mensal ultrapassa os R$10.000,00, razão
pela qual, inexiste a miserabilidade alegada, podendo ele arcar com todas as
despesas processuais.
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51- Ora Exa, o instituto da assistência gratuita deve ser concedido apenas para os mais
necessitados, o que manifestamente não é o caso do autor.

Portanto, requer seja indeferido o pedido de assistência judiciária gratuita à autora.

PEDIDO CONTRAPOSTO

52- Consoante explicitado nos tópicos anteriores, o autor foi o culpado pelo acidente
de transito, devendo este arcar com os danos ocasionados ao veículo dos réus (Fiat/Palio -
Placa: HDN-6F19), nos termos do art.186 e 927 do Código Civil.

53- Conforme orçamentos anexos, o veículo sofreu danos na sua parte traseira
esquerda, sendo necessário a compra de nova peça lateral traseira esquerda, bem
como serviços de mão de obra de recuperação da caixa de roda traseira esquerda,
troca da lateral traseira, recuperação do para-choque traseiro, pintura da lateral e
para-choque, no valor total de R$2.928,00 (dois mil, novecentos e vinte e oito reais),
correspondente ao orçamento de menor valor.

54- O veículo dos réus se encontra atualmente parado aguardando o autor arcar com o
pagamento do conserto, o que não ocorreu até o presente momento.

Logo, deve o autor ser condenado a efetuar o pagamento do valor de R$2.928,00


(dois mil, novecentos e vinte e oito reais), a título de danos materiais, correspondente ao
valor necessário para a realização do reparo das avarias ocasionadas por ele no veículo
dos réus.

DIANTE DO EXPOSTO, os réus requerem:

- seja intimado o autor sob as penas do art.400 do CPC ou seja oficiado a UBER
(Rua Professor Moraes, 216 - Savassi, Belo Horizonte - MG, 30112-020) e/ou a 99 POP
(Rua Gentios, 274 - Térreo - Coracao de Jesus, Belo Horizonte - MG, 30380-472), para
que traga aos autos os extratos com os valores diários recebidos pelo autor, nos meses de
janeiro/2022 à maio/2022.

- seja indeferido o pedido de assistência judiciária gratuita ao autor.

- seja julgada totalmente improcedente a ação principal, condenando o autor ao


pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios.

- seja julgado procedente o PEDIDO CONTRAPOSTO, com fulcro no art. 31 da


Lei 9.099/95, para condenar o autor a pagar aos réus a importância de R$2.928,00 (dois
mil, novecentos e vinte e oito reais), acrescida de juros e correção monetária, a título de
danos materiais, correspondente ao valor necessário para a realização do reparo das
avarias ocasionadas por ele no veículo dos réus.

Protesta por todos os meios de prova em direito admitidas, principalmente


testemunhal e documental e requer o depoimento pessoal do autor, sob pena de confissão.

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Nestes termos,
Pede deferimento.

Belo Horizonte/MG, 12 de maio de 2022.

Pp. ANDRÉ LEÃO FREITAS


OAB/MG Nº 128.238

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