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EXMO. SR. DR.

JUIZ FEDERAL DA ____ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA


DO ESTADO DO CEARÁ – UNIDADE DO JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL DE FORTALEZA.

NB DO AD: XXXXXX
DATA DO REQUERIMENTO: 04/09/2017

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileira, casada,


autônoma, portadora do CPF nº XXXXXXXXXXXXXXXXXX, com RG nº
XXXXXXXXXXXXXX, residente e domiciliada na Rua do XXX, XXX, bairro
XXX, CIDADE – UF, CEP: XX-XXX, email: EMAIL, neste ato representado
por seu advogado com escritório profissional situado na XXXXXXX, CEP:
XX-XXX-XXX, conforme rodapé, com fulcro nos arts. 59 a 63 e arts. 42 a
47, todos na Lei 8.213/91, promover a presente:

AÇÃO DE RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO


DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E EM PEDIDO
SUCESSIVO E NÃO ALTERNATIVO A CONCESSÃO DE AUXÍLIO-
ACIDENTE,

em face do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social,


autarquia federal com endereço na Rua Pedro Pereira, nº 383, Centro,
Fortaleza/CE pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor para, ao
final, requerer:

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Inicialmente, requer a AUTORA a concessão dos benefícios da
JUSTIÇA GRATUITA, na forma da lei, visto que não dispõe de recursos suficientes
para arcar com os ônus financeiros do processo, sem prejuízo ao próprio sustento.
Assim, amparado pelos Arts. 98 e 99 do CPC/15 requer de V. Exª. a concessão dos
auspícios da Justiça Gratuita, o que faz apresentando a Declaração devida em anexo.
In verbis:

Art. 98, CPC/15: A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou


estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei. [...]
Art. 99, CPC/15: O pedido de gratuidade da justiça pode ser
formulado na petição inicial, na contestação, na petição para
ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
[...] § 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural.
§ 4o A assistência do requerente por advogado particular não
impede a concessão de gratuidade da justiça. [...].

I – DOS FATOS

Inicialmente, cumpre destacarmos que o auxilio acidente


também é cabível em casos de sequelas de doenças o que compete esta demanda
à justiça federal.

A requerente foi acometida de Neoplastia Maligna em 2011


(CID 10 C-53), realizou tratamento e intervenção cirúrgica necessária, no entanto
restou comprovado que continua a sentir várias dores e em 2012 constatou-se um
tumor em sua região pélvica normalmente, foi submetida à Radioterapia terapia e
quimioterapia. A autora é segurada do INSS, e nessa qualidade deu entrada ao
benefício previdenciário de auxílio doença em 04/09/2017, devido incapacidade
laborativa causada pelas doenças, conforme documentos Laudo médico a seguir:

Porém, em decorrência dessas doenças, a autora é passível


ainda de ser portadora de sérias sequelas que no momento, está incapacitando-a para
o trabalho, não conseguindo assim suprir suas necessidades, necessitando de ajuda de
amigos e familiares.
Apesar disso, o perito do INSS lhe deu alta, negando o
benefício do auxílio doença requerido na data supracitada, e não lhe atestando o
direito da autora receber o auxílio doença, como indenização pela sua incapacidade de
trabalho. Por essa razão, a autora necessitou tentar sobreviver de forma árdua,
agravando a sequela que fora acometida, levando-a a não conseguir mais prover o
sustento de sua família sequer com o mínimo existencial ao bem estar do ser humano.
Dessa forma, resta ajuizar a presente ação para que o direito da
autora lhe seja reconhecido e deferido.
II – DO DIREITO

O Auxilio doença é o beneficio concedido ao segurado,


quando este fica transitoriamente incapacitado para trabalhar. Assim como aduz, o
artigo 60 da Lei n.º 8.213/91 com redação dada pela Lei n.º 9.528/97.
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do
décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais
segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele
permanecer incapaz.
Nesse aspecto, corrobora os entendimentos jurisprudenciais:

TRF-3 - APELAÇÃO CÍVEL AC 00056623720164039999


SP (TRF-3)
Jurisprudência•Data de publicação: 24/07/2017
Ementa: PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DO
AUXÍLIO DOENÇA EM APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ INDEVIDA. INCAPACIDADE TOTAL E
TEMPORÁRIA COMPROVADA. MANUTENÇÃO DO
AUXÍLIO DOENÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA.
JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
I- Os requisitos previstos na Lei de Benefícios para a concessão da
aposentadoria por invalidez compreendem: a) o cumprimento do período de
carência, quando exigida, prevista no art. 25 da Lei nº 8.213 /91; b) a
qualidade de segurado, nos termos do art. 15 da Lei de Benefícios e c) a
incapacidade definitiva para o exercício da atividade laborativa. O auxílio
doença difere apenas no que tange à incapacidade, a qual deve ser
temporária. II- A carência e a qualidade de segurado da parte autora
encontram-se comprovadas, uma vez que, na esfera administrativa, a parte
autora estava recebendo o benefício de auxílio doença desde 23/4/10,
tendo a presente ação sido ajuizada em 25/7/11, pleiteando a sua
conversão em aposentadoria por invalidez. III- Quanto à alegada
incapacidade, conforme parecer técnico elaborado pelo Perito (fls. 99/108),
cuja perícia realizou-se em 16/8/13, a autora, nascida em 25/7/61,
artesã, foi acometida
de neoplasia maligna do colo do útero em agosto de 2009,
tendo sido submetida a procedimento cirúrgico e, desde 2010, faz
tratamento contínuo com quimioterapia e radioterapia, sem previsão de
alta. Apresenta, atualmente, metástase abdominal. Concluiu o Sr. Perito
que há incapacidade total e temporária para o trabalho, sugerindo o
afastamento por um período de um ano, devendo a mesma ser reavaliada
posteriormente. IV- Diante da conclusão do laudo pericial de que há
incapacidade total e temporária para o trabalho, deve ser julgado
improcedente o pedido de conversão do auxílio doença em aposentadoria
por invalidez. No entanto, tendo em vista a cessação do auxílio doença
NB 540.578.953-0 em 21/12/11 (fls. 125), no curso do processo, e a
manutenção da incapacidade temporária para o trabalho, determino o
restabelecimento do auxílio doença...

Ressalta-se ainda que o Auxílio-acidente é o benefício


concedido ao segurado, quando consolidada lesão decorrente de acidente de qualquer
natureza, resulte em sequelas que impliquem na redução da capacidade física para o
trabalho que habitualmente exercia, ainda que essa redução seja mínima ou em grau
leve. Assim prescreve o artigo 86 da Lei n.º 8.213/91 com redação dada pela Lei n.º
9.528/97:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de
qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Redação dada
pela Lei nº 9.528, de 1997).
§ 1º. O auxílio-acidente mensal corresponderá a 50% (cinquenta por
cento) do salário de benefício e será devido, observado o disposto do § 5º,
até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito
do segurado.”
§ 2º. O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da
cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração
ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua cumulação com
qualquer aposentadoria.
§ 3º. O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de
aposentadoria, observado o disposto no § 5º, não prejudicará a
continuidade do recebimento do auxílio-acidente.”

Ademais, destaca-se a essência dos benefícios auxilio doença e


acidentários na legislação brasileira descritas pelo procurador federal Hermes Arrais
Alencar, em sua obra Benefícios Previdenciários (2006, p. 225, ed leud) que assim
demonstra:

“O auxílio-acidente ostenta nível intermediário entre o auxílio-doença e a


aposentadoria por invalidez. Estes somente têm lugar quando verificada a
incapacidade total do segurado, ao passo que o auxílio-acidente é passível
de ser deferido sempre que presente incapacidade parcial, porém,
permanente, em virtude de seqüela deixada por infortúnio”. (grifo nosso)
O tema é revelado com apoio doutrinário de Tupinambá
Miguel Castro do Nascimento, que esclarece:

"É elemento componente da conceituação do acidente do trabalho a


ocorrência da lesão corporal de perturbação funcional que resulte em morte,
incapacidade total ou definitiva ou temporária ou em redução da
capacidade. Não se repara, infortunisticamente, o simples dano
objetivamente visto; sim aquele que repercutindo na atividade laboral,
ocasione morte, a perda, redução permanente ou temporária da capacidade
do trabalho" (Comentários à Lei de Acidente do Trabalho, Aide, 5ª ed.,
1984, págs. 52/53).

Com efeito, o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina,


entende seja concedido o benefício auxílio-acidente conforme aqui requerido:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. REDUÇÃO DA CAPACIDADE


LABORAL COMPROVADA. 1. Quatro são os requisitos para a concessão do benefício em
tela: (a) qualidade de segurado; (b) a superveniência de acidente de qualquer natureza; (c) a redução
parcial e definitiva da capacidade para o trabalho habitual, e (d) o nexo causal entre o acidente a
redução da capacidade. 2. Comprovada a redução parcial e definitiva da capacidade para o trabalho
habitual, é devido o auxílio-acidente. (TRF-4 - AC: 152914220154049999 SC
0015291-42.2015.404.9999, Relator: PAULO AFONSO BRUM VAZ, Data de
Julgamento: 24/11/2015, QUINTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 02/12/2015).

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. IMPLANTAÇÃO DO


BENEFÍCIO. 1. Comprovada a diminuição da capacidade laboral decorrente da existência de
lesões consolidadas ocasionadas por acidente de qualquer natureza, é devido o auxílio-acidente. 2.
Ordem para implantação do benefício. Precedentes. (TRF-4 - APELREEX:
50184648620154049999 5018464-86.2015.404.9999, Relator: MARCELO DE
NARDI, Data de Julgamento: 01/12/2015, QUINTA TURMA, Data de Publicação: D.E.
02/12/2015).

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. VIABILIDADE. É devido o auxílio-


acidente, como indenização, quando após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer
natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia. (TRF-4 - APELREEX: 129057320144049999 SC 0012905-
73.2014.404.9999, Relator: PAULO PAIM DA SILVA, Data de Julgamento:
08/10/2014, SEXTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 16/10/2014).

Portanto, no caso em tela, não resta dúvidas de que a autora


devido ao agravo das sequelas está incapacitada para seu labor fazendo jus ao
beneficio de auxilio doença, bem como, continuamente após o devido processo de
restabelecimento e homologação, a concessão do auxílio-acidente devido à
Requerente com a data correspondente a entrada do requerimento.

II – DA TUTELA DE PROVISORIA DE URGÊNCIA

Leciona o artigo 294 do CPC que a tutela provisória pode


fundamentar-se em urgência ou evidência. Por sua vez, nos termos do artigo 297 “O
juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela
provisória.”.

A Tutela de Urgência encontra previsão expressa no artigo 300


do CPC, in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
[...]
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.

Dessa forma, para o deferimento da tutela pretendida faz-se


necessário o preenchimento dos requisitos exigidos, quais sejam: probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. No presente caso
encontram-se presentes os requisitos acima mencionados.

A probabilidade do direito está devidamente preenchida, uma


vez que resta comprovado nos atestados e demais documentos médicos anexos que
demonstram o estado de incapacidade da parte autora, comprometendo seriamente a
sua própria subsistência e meios os para provê-lo.

Quanto ao risco ao resultado útil do processo, também está


devidamente preenchido, tendo em vista que trata-se de prestação com natureza
alimentar e caráter social.

Por tais razões, requer a postulante que lhe sejam


antecipados os efeitos da tutela de urgência definitiva para o fim de
determinar ao INSS que restabeleça, de imediato, o beneficio de DO
AUXÍLIO-DOENÇA E SUCESSIVAMENTE E NÃO ALTERNATIVO A
CONCESSÃO DO AUXILIO ACIDENTE em seu favor, até a sentença final.

II – DO PEDIDO
À vista do exposto, arrazoado e fundamentado,
consubstanciando-se nos fatos narrados na exordial e no Direito aplicável à espécie,
REQUER se digne Vossa Excelência:

a) O recebimento e processamento da presente AÇÃO DE


RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA OU
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E EM PEDIDO SUCESSIVO E
NÃO ALTERNATIVO A CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE, com os
documentos que a instruem;

a.1) A concessão dos beneficio da justiça gratuita, com fulcro


no artigo 98 caput, § 1º, § 5º do Código de Processo Civil, uma vez que a parte
Autora não possui condições de arcar com as custas processuais;

a.2) O deferimento do pedido de concessão dos


efeitos da tutela provisória, inito litis e inaudita altera pars, para o fim de
determinar ao INSS que, conceda, imediatamente, o beneficio de AUXÍLIO-
DOENÇA a autora, até sentença final, na forma do art. 300, do CPC;

b) CITAÇÃO DO RÉU – INSTITUTO NACIONAL DO


SEGURO SOCIAL – INSS, na pessoa de seu representante legal, para, querendo,
apresentar defesa, no prazo legal, sob pena de revelia e presunção de verdade quanto
aos fatos articulados;

c) PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. A procedência da presente


ação, condenando o INSS a:

c.1) Restabelecimento do benefício de auxílio doença ou


aposentadoria por invalidez, caso a perícia constante incapacidade permanente, e
em pedido sucessivo e não alternativo a concessão do auxílio acidente, desde a data
da impugnação do auxílio doença ( NB N.º XXXXXX);
c.2) pagar à parte autora as diferenças verificadas relativamente
às prestações vencidas até a última competência referida nos cálculos a ser realizado,
com atualização monetária e acréscimo de juros de 1% (um por cento) ao mês, desde
a citação;
d) EMOLUMENTOS JUDICIAIS E SUCUMBÊNCIA.
À condenação da autarquia, ao pagamento das custas processuais, dos honorários de
advogado, a título de sucumbência, na base de cálculo de 10% (dez por cento) sobre
o total a ser apurado em fase de liquidação de sentença.

e) PROVAS. A produção de todas as provas em direito


permitidas, especialmente prova pericial para este fim, com fundamento no art. 130,
do CPC, juntada de documentos novos, realização de exames.

f) Na PROCEDÊNCIA da presente demanda, o que se


requer desde já, seja condenada a Autarquia Ré, a pagar os valores atrasados por meio
de Requisição de Pequeno Valor – RPV (e/ou Precatório), expedido de acordo com a
Resolução nº 438/2005, oriunda do Conselho da Justiça Federal – CJF, sendo que os
valores a título de honorários de sucumbência, sejam expedidos em nome do
causídico FELISBERTO ALEXANDRE ROCHA, brasileiro, casado, advogado,
inscrito na OAB/CE 28.451, com endereço profissional em nota de rodapé.

Dá-se à causa, o valor de R$ 57.240,00 (cinquenta e SETE


mil, duzentos e quarenta reais), ficando desde já renunciado o valor que por
ventura venha exceder ao valor correspondente a soma de 60 (sessenta) salários
mínimos, teto dos Juizados Especiais.

Nestes termos,
Pede deferimento.

LOCAL-DATA
ADVOGADO
OAB/UF

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