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Sumário: 1. A Necessidade de um Sistema de Ideias Gerais do Direito. 2. A Introdução ao Estudo do Direito. 3. Outros
Sistemas de Ideias Gerais do Direito. 4. A Introdução ao Estudo do Direito e os Currículos dos Cursos Jurídicos no
Brasil.
2.2. Objeto da Introdução ao Estudo do Direito. A disciplina Introdução ao Estudo do Direito visa
a fornecer ao iniciante uma visão global do Direito, que não pode ser obtida através do estudo isolado
dos diferentes ramos da árvore jurídica. As indagações de caráter geral, comuns às diversas áreas, são
abordadas e analisadas nesta disciplina. Os conceitos gerais, como o de Direito, fato jurídico, relação
jurídica, lei, justiça, segurança jurídica, por serem aplicáveis a todos os ramos do Direito, fazem parte
do objeto de estudo da Introdução. Os conceitos específicos, como o de crime, mar territorial, hipoteca,
desapropriação, aviso prévio, fogem à finalidade da disciplina, porque são particulares de determinados
ramos, em cujas disciplinas deverão ser estudados. A técnica jurídica, vista em seus aspectos mais
gerais, é também uma de suas unidades de estudo.
Para proporcionar a visão global do Direito, a Introdução examina o objeto de estudo dos principais
ramos, levando os alunos a se familiarizarem com a linguagem jurídica. O estudo que desenvolve não
versa sobre o teor das normas jurídicas; não se ocupa em definir o que se acha conforme ou não à lei,
pois é disciplina de natureza epistemológica, que expressa uma teoria da ciência jurídica. Concluindo,
podemos dizer que ela possui um tríplice objeto:
a) os conceitos gerais do Direito;
b) a visão de conjunto do Direito;
c) os lineamentos da técnica jurídica.
3.2. Teoria Geral do Direito. Como forma de reação ao caráter abstrato e metafísico da Filosofia
Jurídica, surgiu a Teoria Geral do Direito que, de índole positivista e adotando subsídios da Lógica, é
disciplina formal que apresenta conceitos úteis à compreensão de todos os ramos do Direito. A sua
atenção não se acha voltada para os valores e fatos que integram a norma jurídica e por isso a sua tarefa
não é descrever o conteúdo de leis ou formular a sua crítica. Seu objeto consiste na análise e
conceituação dos elementos estruturais e permanentes do Direito, como suposto e disposição da norma
jurídica, coação, relação jurídica, fato jurídico, fontes formais. Na expressão de Haesaert, a Teoria
Geral do Direito “concerne ao estudo das condições intrínsecas do fenômeno jurídico”.11
Esta ordem de estudo é valiosa ao aprendizado jurídico, contudo carece de importantes unidades que
versam sobre os fundamentos, valores e conteúdo fático do Direito. Daí por que essa disciplina, que
constitui uma grande seção de estudo da Introdução, é insuficiente para revelar aos iniciantes da
Jurisprudentia as várias dimensões do fenômeno jurídico.
A Teoria Geral do Direito surgiu no século XIX e alcançou o seu maior desenvolvimento na
Alemanha, onde foi denominada Allgemeine Rechtslehre. Seus principais representantes foram Adolf
Merkel, Berbohm, Bierling, Binding e Felix Somló.
3.3. Sociologia do Direito. O estudo das relações entre a sociedade e o Direito, desenvolvido em
ampla extensão pela Sociologia do Direito, é um dos temas necessários a uma disciplina introdutória.
Esta, porém, não pode ter o seu conteúdo limitado ao problema da efetividade do Direito, nem
empreender aquela pesquisa em profundidade, a nível de especialização. A Sociologia do Direito não
oferece a visão global do Direito, não estuda os elementos estruturais e constitutivos deste, nem cogita do
problema de sua fundamentação. Além desta série de lacunas, acresce ainda o fato de que o objeto da
Sociologia do Direito não está inteiramente definido e seus principais cultores procuram formar, entre si,
um consenso a este respeito (v. item 6).12
3.4. Enciclopédia Jurídica. A etimologia do vocábulo enciclopédia dá uma visão do que a presente
disciplina pretende objetivar: encyclios paidêia correspondia a um conjunto variado de conhecimentos
indispensáveis à formação cultural do cidadão grego. A Enciclopédia Jurídica tem por objeto a
formulação da síntese de um determinado sistema jurídico, mediante a apresentação de conceitos,
classificações, esquemas, acompanhados de numerosa terminologia. Sem conteúdo próprio, de vez que
procura resumir as conclusões da Ciência do Direito, o que caracteriza a Enciclopédia Jurídica é o
método de exposição dos assuntos, ao dividi-los em títulos, categorias, rubricas, e a tentativa de reduzir
o saber jurídico a fórmulas e esquemas lógicos.
Na prática a Enciclopédia Jurídica não se revelou uma disciplina pedagógica, porque conduz à
memorização, tornando o seu estudo cansativo e sem atingir às finalidades de um sistema de ideias gerais
do Direito. Estendendo o seu estudo aos conceitos específicos, peculiares a determinados ramos da
árvore jurídica, a Enciclopédia Jurídica não evita a dispersão cultural. Querer enfeixar, por outro lado,
todo o panorama da vida jurídica em uma disciplina é pretensão utópica e sem validade científica.13
Como obras mais antigas no gênero, citam-se a de Guilherme Duramti, de 1275, denominada
Speculum Juris, preparada para ser utilizada pelos causídicos perante os tribunais; a Methodica Juris
Utriusque Traditio, de Lagus, em 1543; o Syntagma Juris Universi, de Gregório de Tolosa, de 1617 e a
Encyclopoedia Juris Universi, de Hunnius, em 1638. A Enciclopedia Giuridica, de Filomusi Guelfi, do
final do século XIX, revela a multiplicidade dos temas abordados na disciplina. Além de uma parte
introdutória e uma geral, onde desenvolve, respectivamente, sobre o conceito do Direito e suas relações
com a Moral e aborda o tema da origem do Direito Positivo e o problema das fontes formais, a obra do
notável mestre italiano apresenta uma parte especial, a mais extensa, dedicada aos institutos jurídicos
fundamentais, tanto de Direito Público como de Direito Privado. Nesta parte, o autor faz incursões
demoradas em todos os ramos do Direito, analisando o sistema jurídico italiano. Não obstante o seu
grande valor, essa obra não deve ser catalogada como propedêutica, porque não se limita a analisar os
conceitos gerais do Direito.14
BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL
Ordem do Sumário:
1– Benjamim de Oliveira Filho, Introdução à Ciência do Direito; Miguel Reale, Lições Preliminares de Direito;
2– Miguel Reale, op. cit.; Mouchet e Becu, Introducción al Derecho;
3– Mouchet e Becu, op. cit.; Benjamim de Oliveira Filho, op. cit.;
4– Luiz Fernando Coelho, Teoria da Ciência do Direito.