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Vladimir Stasiak
Doutorando em Educação. Mestre em Direito. Especialista em Direito Civil e Processual
Civil. Coordenador do Programa de Pós-graduação lato sensu da Facnopar. Membro do
Conselho de Defesa do Consumidor de Arapongas/PR. Membro do Conselho de Ética da
OAB/PR - Subseção de Arapongas. Advogado.
Keywords: Teaching of law - Continued formation - Law teacher - Law lesson - Technical
rationality - Practical Rationality
Sumário:
Considerações iniciais
agoniza, faz-se moribunda, anela por salvação, pede um socorro que não se pode
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predizer chegue ainda a ponto de encontrá-la com vida."
O que se procura demonstrar são as razões que explicam (ainda que não justifiquem,
pois o preparo pode ser buscado a qualquer tempo) o motivo pelo qual se ensina da
maneira que se ensina, não sem perpassar pelos fundamentos para o que se faz
enquanto professores.
Para chegar a esclarecer estes pontos, imprescindível se faz uma verificação dos fatores
que nortearam o surgimento dos cursos de direito no Brasil, haja vista que, desde sua
origem, estes cursos padecem de um referencial metodológico apto a promover os fins
que deles se espera.
A influência dos movimentos políticos não restou à margem desse contexto. A Revolução
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Americana e a Francesa foram de significativa importância, em especial a Francesa,
uma vez que esta reafirmou os ideais liberais pela Europa, e norteou o pensamento da
jovem classe de juristas brasileiros, cuja formação era alcançada na Faculdade de Direito
de Coimbra, onde surgem os primeiros movimentos para a organização dos cursos
jurídicos no Brasil, que culminaram com a instituição dos mesmos em São Paulo e
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Olinda, por força da Carta de Lei de 11.08.1827, que foram denominados, inicialmente,
de Academias de Direito, até que, em 1854, passaram a denominar-se Faculdades de
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Direito.
Não menos importante foi a Reforma Pombalina no ensino jurídico, "os estudantes
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Ensino jurídico: a prática docente do professor de direito
Assim, a partir da orientação legislativa de 1827, em 1828, o curso de São Paulo inicia
seu funcionamento no Convento de São Francisco; e o de Olinda, no Mosteiro de São
Bento. Nestes cursos a "tendência liberal é confirmada pela estrutura 'una', apresentada
pela Carta de Lei de 11 de agosto de 1827, no Brasil, destacando-se que os dois últimos
anos do Curso de Direito seriam destinados ao estudo do direito civil e comercial (quarto
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ano) e ao estudo da economia política e prática processual (quinto ano)."
Por fim, o ponto maior para a caracterização dos contornos liberais (um verdadeiro
processo hegemônico-liberal) é a elaboração do Código Civil (LGL\2002\400), sendo que
nos primeiros movimentos no sentido de sua criação já seguiam o modelo do Código
Napoleônico.
É importante destacar que os cursos eram controlados pelo Governo central, ainda que
localizados em províncias, e de forma centralizada, limitando-se às aulas-conferência, no
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estilo de Coimbra.
A partir de um panorama onde as aulas são assistidas, verifica-se que, mais de cem
anos depois da implantação dos primeiros cursos jurídicos, não há, ainda que o discurso
de San Tiago Dantas tenha sido um marco na trajetória do ensino jurídico brasileiro,
espaços para grandes transformações.
Não eram professores que se buscava. Era fundamental que o formador (inicialmente
das elites), mais que conhecimentos sobre educação, fosse um profissional conhecedor
dos institutos jurídicos, da realidade política do Estado e das questões afetas aos
interesses envolvidos na criação dos cursos jurídicos. Esta cultura ainda prevalece, e
contribui para o distanciamento entre a difusão dos saberes jurídicos e o conhecimento,
por parte do professor, de (e sobre) sua prática pedagógica.
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Ensino jurídico: a prática docente do professor de direito
O professor, que poucas vezes é encontrado nos cursos jurídicos � no mais das vezes o
que se vê é o profissional (advogado, promotor, juiz, etc.) envolvido com a docência,
mas não a desempenhando como atividade principal -, depende, para o desempenho de
suas funções, de conhecimentos educacionais específicos, o que não se vê habitualmente
entre os docentes do curso jurídico.
Ademais, não se pode construir o perfil do professor do curso jurídico com base apenas
nos aspectos técnicos de sua formação. Há que se estabelecer parâmetros a partir dos
perfis técnico, didático e ético.
Cumpre salientar que "um professor de Direito deverá ter preparo técnico, didático e
indiscutível padrão ético. De nada adiantará ser um excelente técnico se for um
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ignorante das coisas da didática e um desqualificado ético." Não é possível pensar
estes momentos de maneira estanque, mas de forma conjugada.
Hoje, caso um jovem que conclua o ensino médio faça a opção de ser um professor de
direito, não encontrará um curso de formação que lhe permita satisfazer suas
aspirações. Seria isso o indicativo de um dos pontos dos quais emerge o problema?
Parece que sim.
O curso jurídico é um curso de bacharelado e, como tal (e não poderia ser diferente),
não traz em sua matriz curricular nenhuma disciplina voltada para as questões
educacionais.
Não obstante isso, caso alguém pretenda ser professor de direito, pode-se ter a ilusão
de que um programa de pós-graduação strictu sensu contribuiria para a superação do
obstáculo, mas não. Atualmente, com raras exceções, não se encontra, seja em nível de
mestrado seja em nível de doutorado, disciplinas de conteúdos educacionais nos
programas de pós-graduação em direito.
Onde buscar, então, a formação necessária para ser um professor de direito? No Brasil,
hoje, não existe uma resposta.
Aquele que queira voltar-se para a carreira docente, a partir de sua formação jurídica,
num curso de sua área de formação, terá que buscar sua formação em programas
específicos da área de educação, cuja formação, ainda que mais adequada, não encontra
o mesmo respaldo nos meios acadêmicos (jurídicos), sendo este profissional (melhor
preparado), não poucas vezes, preterido diante de outro que tenha sua formação em
uma área específica do direito (ainda que não tenha este a mínima noção das questões
presentes em sua prática docente).
A questão educacional não se mostra prioritária nos cursos jurídicos. Valoriza-se quase
que exclusivamente o conteúdo técnico-jurídico, e quando se fala em reflexão, volta-se
para o desenvolvimento do raciocínio jurídico, não das questões educacionais presentes
na atividade docente.
O panorama existente é fonte de distorções e gera deficiências, pois o ideal seria que o
futuro professor de direito, fosse detentor de um grande conhecimento de seu conteúdo
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específico e, ao mesmo tempo, fosse, ao menos, iniciado nos saberes pedagógicos.
Ensinar, para o professor de direito, está distante dos conceitos pedagógicos. Mais que
isso, muitas vezes caminha-se no sentido oposto ao de um saber necessário à prática
educativa. Ensinar, para este mesmo professor, é dom, é intuição, não técnica.
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Ensino jurídico: a prática docente do professor de direito
Não somente neste tópico, mas no conjunto do trabalho, o que se busca é apresentar
elementos para a epistemologia da prática profissional, que Tardif entende como sendo
"o estudo do conjunto de saberes utilizados realmente pelos profissionais em seu espaço
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de trabalho cotidiano para desempenhar todas as suas tarefas."
Uma vez analisando a questão sob a perspectiva do professor de direito, cientes das
dificuldades de ruptura com o modelo tradicional de ensino, não se pode deixar de
buscar a fonte da questão, que indiscutivelmente se encontra no despreparo para o
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exercício da docência.
João Ribeiro Júnior, abordando a questão, diz que "o ensino do Direito, de maneira geral,
desenvolve-se sem a observância dos fundamentos didático-pedagógicos, de modo que
a relação professor-aluno se estabelece sem condições para o desenvolvimento de uma
participação deste último, tornando-o um mero repetidor dos conceitos ensinados pelos
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mestres."
As razões deste contexto são várias, passando pela questão da formação do profissional,
mas também pela postura das instituições de ensino em relação a este mesmo
profissional.
Não é possível dizer que o professor em questão se esquece das lições de Paulo Freire,
em sua obra Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra. Na verdade, com exceções, ele não conhece as lições, o pensamento,
a pedagogia do mencionado professor.
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Ensino jurídico: a prática docente do professor de direito
O professor de direito, como se pode abstrair do que se tem dito, em razão, no mais das
vezes, do despreparo pedagógico, é um transmissor de conhecimentos sem qualquer
preocupação transformadora, centrando suas ações na assimilação, pelos alunos, daquilo
que, no passado lhe fora ensinado por seus mestres.
A influência do modelo vigente é tão forte que quando se pretende utilizar outro método
(que não sejam palestras ou aulas expositivas), a resistência é certa. Admite-se, com
um certo grau de aprovação, a aula expositiva (atualmente a mais freqüente nos cursos
em questão).
A utilização de recursos que vão além do giz e do quadro "negro" verde, não é
igualmente bem recepcionada. Há um verdadeiro descrédito, às vezes pela utilização
inadequada dos recursos possíveis, outras pela deliberada apropriação inadequada e
distorcida de diferentes métodos de ensino.
Por óbvio, estes fatos, serão negados veementemente pelos docentes dos cursos de
direito, mas a constatação é simples: basta uma verificação nos planos de aula (se é que
ele é feito) no momento em que será utilizada uma outra abordagem, para que se
perceba a falta de organização da atividade. Indagado, o professor, por certo, terá
dificuldade de descrever o procedimento de preparação da aula, de como será
trabalhada a questão em sala, ou de que estudos foram feitos para a discussão do
conteúdo. Ou, ainda, em que medida o que se pretende fazer contribuirá melhor para o
processo ensino-aprendizagem.
Confunde-se nos cursos jurídicos, com freqüência, o ensino com a explanação bem
engendrada de determinado conteúdo, com a utilização de recursos lingüísticos, etc.,
ainda que o resultado, em termos de aprendizado, seja deficiente.
Alcança-se a simpatia e o respeito dos alunos mais por estes fatores que pelo resultado
satisfatório do processo. O prestígio não advém de uma prática docente de qualidade (o
viés pedagógico), mas pelo quanto os alunos acreditam que o professor sabe.
Esta inversão de valores conduz a um círculo vicioso, pois o professor não se dispõe a
pagar o preço da inovação, de ser diferente, de enfrentar realmente os problemas
educacionais de sua prática; haja vista saber que enfrentará a resistência, e até mesmo,
inicialmente, o desprestígio perante a comunidade discente.
A formação da pessoa humana, que é o futuro professor (talvez o seja desde sua
existência, faltando-lhe, apenas, a consciência daquilo que é), sua infância, seu medo,
traumas, alegrias e tristezas, integram o portfolio do docente. A construção do caráter,
os valores, as idéias, as crenças, incluídos no contexto psicológico do docente, têm "uma
ação direta na escolha de metodologias, no modo de processar a informação e solucionar
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problemas, marcando a ação do professor."
O professor de direito, em sua maior parte, concebe a ciência de uma maneira estática,
posicionando-se como um transmissor do conhecimento criado pela comunidade
científica, sem questioná-lo, pois quem cria são só os pesquisadores, aos professores
incumbe o papel de transmissores desse conhecimento.
Por esta razão, os cursos jurídicos, excluem-se eventuais exceções, possuem um quadro
docente voltado para a estruturação do ensino através de um professor instrumento,
cuja atividade se dirige à solução dos problemas por meio da aplicação de teorias e
técnica científicas. Não se cria, apenas se transmite conhecimento.
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discurso justificador.
Frente a este obstáculo epistemológico, a superação exige uma ruptura com o saber
acumulado, com o paradigma vigente para, eleito outro, seja possível a (des)construção
do ensino jurídico, de maneira a refundá-lo a partir de um novo referencial teórico.
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Nesta abordagem, elege-se, como possível referencial, os ensinamentos de Zeichner,
para quem a simples reflexão é insuficiente. O processo de reflexão em Zeichner é
coletivo, exigindo o comprometimento de todos os docentes que se propõem à reflexão.
É fundamental que o processo nasça a partir do meio no qual será implantado, e que
haja uma adesão voluntária dos envolvidos. Por óbvio, não se fala de uma situação cuja
idéia tenha surgido necessariamente dos docentes, mas que seja recepcionada pelo
grupo, nunca imposta.
Em sua busca contínua por aprimoramento, o professor não pode perder de vista sua
tarefa de pesquisador, havendo que contemplar a sala de aula como o fértil campo de
pesquisa que é para sua prática docente. O professor reflexivo há que se manter
engajado em novos projetos, atuando para além do saber meramente teórico-disciplinar,
sendo assim valorizado como produtor de saberes pedagógicos.
Não se revela tarefa árdua perceber que o aumento quantitativo dos cursos jurídicos, e o
conseqüente aumento de professores de improviso, agrava o quadro crônico do ensino
jurídico, em especial ante a ausência, na maioria dos casos, de professores capacitados
para o exercício da docência. Fala-se de conhecimentos pedagógicos.
Hoje não se encontra, de regra, o professor de direito que seja, também, detentor de
conhecimentos pedagógicos, necessários para o sucesso de sua atividade. Não poucas
vezes, cumpre observar, o ingresso na carreira docente é feita por seleções (quando há)
pautadas apenas nos conhecimentos técnicos do profissional, e seu sucesso frente aos
administradores das instituições de ensino decorre de seu controle de sala de aula e da
satisfatória transmissão dos conhecimentos acumulados em seus estudos e experiência,
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Ensino jurídico: a prática docente do professor de direito
não existindo o espaço e a capacidade necessária para que o professor seja um produtor
de conhecimento.
Para que se promova o progresso do ensino jurídico, é fundamental, muito mais nos dias
atuais, que haja uma integração entre professor e instituição de ensino; pois a falta de
disposição para mudanças, por parte dos docentes, e a falta de apoio institucional, como
a não implementação de horário remunerado, de local próprio, dentre outros fatores,
impedem a obtenção de resultados satisfatórios.
Outro não parece ser o caminho senão as parcerias colaborativas, de maneira que os
professores de direito, em conjunto com profissionais da educação, aproveitassem a
experiência pedagógica destes.
7. Considerações finais
Salienta-se que tais fatores decorrem de outros mais amplos que os que podem ser
pontuados especificamente. A questão é cultural. E mais, nasce na metrópole, de quem
a colônia recebeu toda a influência colonizadora.
O atual modelo de ensino jurídico não atende aos anseios da modernidade, onde o
acesso a diferentes meios de difusão de conhecimento torna o aluno mais exigente, e
menos tolerante, quanto à prática do docente.
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Ensino jurídico: a prática docente do professor de direito
8. Referências bibliográficas
BASTOS, Aurélio Wander. Ensino jurídico no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2000.
DANTAS, San Tiago. A educação jurídica e a crise brasileira. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1955.
PÉREZ GÓMEZ, Angel. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: Artmed,
2001.
NÓVOA, Antonio (org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1995.
______ (Org.). Ensino jurídico para que(m)?. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2000.
VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo. 2. ed. São Paulo: Perspectiva,
1982.
1. DIP, Ricardo. Direito penal: linguagem e crise. Campinas: Millennium, 2001, p. 142.
4. Cf. VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo. 2. ed. São Paulo:
Perspectiva, 1982, p. 28.
5. Cf. RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, p. 09.
6. MARTINEZ, Sergio Rodrigo. Manual da educação jurídica. Curitiba: Juruá, 2003, p. 27.
7. Idem, p. 28.
8. Cf. RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, p. 09.
9. "O ponto de onde, a meu ver, devemos partir, nesse exame do ensino que hoje
praticamos, é a definição do próprio objetivo da educação jurídica. Quem percorre os
programas de ensino das nossas escolas, e sobretudo quem ouve as aulas que nelas se
proferem, sob a forma elegante e indiferente da velha aula-douta coimbrã, vê que o
objetivo atual do ensino jurídico é proporcionar aos estudantes o conhecimento
descritivo e sistemático das instituições e normas jurídicas. Poderíamos dizer que o curso
jurídico é, sem exagero, um curso dos institutos jurídicos, apresentados sob a forma
expositiva de tratado teórico-prático." DANTAS, San Tiago. A educação jurídica e a crise
brasileira. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1955, p. 15.
11. "As dificuldades comuns aos professores do Ensino Superior decorrem não só do
desconhecimento das finalidades educativas mais gerais, mas também do despreparo
para exercer a docência, sobretudo no que se refere ao relacionamento com os alunos,
ao desenvolvimento de um ensino significativo, à ausência de discussão sobre questões
epistemológica subjacentes à organização do trabalho docente e de propostas de
avaliação de aprendizagem mais justas. Tais dificuldades são justificadas, via de regra,
pela precária formação teórica e prática nos curso de Licenciatura e pela ausência nos
cursos de Bacharelado." ROSA, Dalva E. Gonçalves. Investigação-ação colaborativa: uma
possibilidade para a formação continuada de professores universitários. In: Elianda F.
Arantes Tiballi; Sandramara Matias Chaves (Org.). Concepções e práticas em formação
de professores. Rio de Janeiro, 2003, p. 165.
15. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002,
p. 261.
17. "A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, a que se
funda na sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente
desta competência. O professor que não leva a sério sua formação, que não estude, que
não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as
atividades de sua classe. Isso não significa, porém, que a opção e a prática democrática
do professor ou professora sejam determinadas por sua competência científica. Há
professores e professoras cientificamente preparados mas autoritários a toda prova. O
que quero dizer é que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do
professor. Outra qualidade indispensável à autoridade em suas relações com as
liberdades é a generosidade. Não há nada que mais inferiorize a tarefa formadora da
autoridade do que a mesquinhez com que se comporte. A arrogância farisaica, malvada,
com que julga os outros e a indulgência macia com que se julga ou com que julga os
seus. A arrogância que nega a generosidade nega também a humildade, que não é
virtude dos que se ofendem nem tampouco dos que se regozijam com sua humilhação.
O clima de respeito que nasce de relações justas, sérias, humildes, generosas, em que a
autoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem eticamente, autentica o
caráter formador do espaço pedagógico." FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2001, p. 102-103.
18. GRILLO, Marlene. Transposição didática: uma prática reflexiva. Disponível em:
http://www.wducacaoonline.pro.br/transposicao_didatica.asp?f_id_artigo=196. Acesso
Página 12
Ensino jurídico: a prática docente do professor de direito
em: 20.07.2005.
19. SCHÖN, Donald A. El profesional reflexivo: cómo piensam los profesionales cuando
actúan. Barcelona: Paidós, 1998.
22. PÉREZ GÓMEZ, Angel. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
23. NÓVOA, Antonio (Org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
24. Cf. SCHÖN, Donald A. El profesional reflexivo: cómo piensam los profesionales
cuando actúan. Barcelona: Paidós, 1998, p. 02.
25. "El modelo de racionalidad técnica ha ejercido una influencia tan grande en la
escritura erudita acerca de las profesiones como en las exposiciones críticas sobre el
papel que ejercem en la sociedad en su conjunto." SCHÖN, Donald A. El profesional
reflexivo: cómo piensam los profesionales cuando actúan. Barcelona: Paidós, 1998. p. 2.
27. PÉREZ GÓMEZ, Angel. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre:
Artmed, 2001. p. 97.
30. Neste sentido, ver: FACHIN, Luiz Edson. Limites e possibilidades do ensino e da
pesquisa jurídica: repensando paradigmas. Revista Direito, Estado e Sociedade, n. 15.
Rio de Janeiro, 1999; MARTÍNEZ, Sérgio Rodrigo. Pedagogia jurídica. Curitiba: Juruá,
2002; PÔRTO, Inês da Fonseca. Ensino jurídico, diálogos com a imaginação: construção
do projeto didático no ensino jurídico. Porto Alegre: Fabris, 2000; RODRIGUES, Horácio
Wanderley. Ensino jurídico e direito alternativo. São Paulo: Acadêmica, 1993;
RODRIGUES, Horácio Wanderley (Org.). Ensino jurídico para que(m)?. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2000.
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