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CENÁRIOS INTERNACIONAL E
NACIONAL: perspectivas e desafios
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - PPGD/UFSC
Protocolo de Kyoto, que estabeleceu aos países desenvolvidos metas de redução das emissões de gases
responsáveis pelo efeito estufa em 5,2%. Essa porcentagem é relativa aos níveis de emissão do ano de
1990.Os mecanismos criados para que as metas fossem cumpridas passavam pela criação de projetos,
como novas formas de energias renováveis e ações de reflorestamento, entre outros.
Uma vez implementadas essas ações, poder-se-ia trocar créditos de carbono e, até mesmo, vender esses
créditos caso o país ultrapassasse a meta estabelecida pelo protocolo, o chamado Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo. Mas, para um projeto ser validado, deve passar por uma avaliação criteriosa
que garanta a viabilidade da execução e se as metas são mensuráveis, identificáveis e expansíveis em
relação ao que aconteceria caso o projeto não existisse.
Sendo assim, podemos dizer que o Protocolo de Kyoto norteou a regulamentação do mercado de
carbono global em várias partes do mundo para aqueles países que tinham metas obrigatórias para a
redução de emissão de gases.
Acordo de Paris COP 2021
O Acordo de Paris trouxe novas medidas consideradas uma evolução em relação ao Protocolo de
Quioto. Disposto no artigo 6, a maior inovação é o Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável
(MDS) que inclui todos os 196 países signatários do acordo no comércio de emissões de carbono.
Para que os países mesmo livres de metas pudessem se beneficiar com os investimentos na
diminuição da poluição atmosférica local e a redução da degradação ambiental.
As metas propostas no Acordo de Paris, a redução global de gases que causam o efeito estufa
deve ser reduzida, anualmente, entre 1 e 2 bilhões de toneladas por ano.
Como Funciona o Mercado de Carbono?
São duas as estratégias centrais para promover ações de mitigação de emissões de gases de
efeito estufa. A primeira é por meio de políticas de “comando e controle”, em que o Estado
estabelece a regulação direta. Já a segunda é via instrumentos econômicos, por meio da adoção
de incentivos e subsídios e por meio da precificação de carbono. Esta consiste na atribuição de um
preço sobre as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Essa precificação pode ser feita de duas formas. A primeira é pela taxação de carbono, que é
o preço a ser pago por unidade de emissão de GEE de modo que o nível agregado de redução de
emissões previamente estipulado seja atingido. A segunda é por meio de um mercado de carbono,
que podem ser voluntários ou regulados.
Mercado Regulado
Uma boa parte dos países industrializados não consegue bater sua meta de redução de carbono. Por isso,
o mercado de carbono existe como um incentivo e flexibilização para que os países e empresas possam
atingir suas metas mais rapidamente.
Assim, os países podem realizar a venda de crédito de carbono internacionalmente para outros países ou
ela pode ocorrer também em território nacional. Para as vendas internacionais, há corretoras
especializadas neste tipo de transação, sendo que a principal é a corretora europeia European Climate
Exchange.
Modalidades de venda de crédito de carbono
COMÉRCIO DE EMISSÕES: um país que excedeu o seu limite de produção de carbono compra de outro
país uma fatia daquilo que ele não produziu. Ou seja, se um país ficar abaixo da sua meta, pode vender
créditos de carbono para outro país, para que assim haja a compensação nas taxas de emissão de
carbono. A transação, desta forma, é considerada unilateral.
Plantio de árvores para o reflorestamento ou para que haja absorção do dióxido de carbono;
Fundos de investimentos: as perspectivas de crescimento são muito boas e os principais fundos na área,
já contam com milhões de reais em patrimônio e milahres de clientes. O investimento mínimo
normalmente é baixo, a partir de R$ 100. Se você já investe em ações, consulte sua corretora para saber a
disponibilidade desses fundos.
2) México (SCE – Sistema de Comércio de Carbono), mercado lançado em 2020 que permite
compreender o contexto regional e de países em desenvolvimento;
5) Coreia do Sul (KETS – Korean Emissions Trading Scheme), mercados pioneiros que ilustram o
contexto da Ásia.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - UE
Poder Executivo: Comissão Europeia. É constituída por comissários dos 27 países-membros,
sendo um deles o Presidente da Comissão. Os assuntos do mercado de carbono são tratados na
Diretoria de Ação Climática, Subdiretoria de Mercados de Carbono .
Fonte: CNI
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - JAPÃO
Poder Executivo: Governo da Região Metropolitana de Tóquio.
Poder Executivo: Governo da República da Coreia. Diversos órgãos têm atuação no programa:
gabinete do primeiro-ministro; task force interministerial para comércio de carbono; Ministério
do Meio Ambiente; e Ministério de Estratégia e Finanças.
Poder Legislativo: Assembleia Nacional.
O programa de comércio de carbono da Coreia do Sul (KETS) é uma estrutura nacional com
governança descentralizada verticalmente, ou seja, no interior do Poder Executivo. Este teve
papel central de liderança na criação e implementação do programa de comércio de carbono.
Depois de ter assegurado que as bases do sistema estavam inscritas em lei, o Poder Executivo
desenhou uma estrutura de governança voltada a dar legitimidade ao programa por meio de
responsabilidades compartilhadas entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério das
Finanças. Lançado em 2015, é o segundo maior programa ativo de comércio de carbono do
mundo depois do EU.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - MÉXICO
Poder Executivo: Governo Federal. Na agenda climática, tem atuação por meio da Presidência da
República, do Ministério do Meio Ambiente (Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais,
SEMARNAT) e do Instituto Nacional de Ecologia e Mudanças Climáticas (INECC), órgão científico e
educacional ligado à SEMARNAT.
O México possui um arranjo institucional em que convivem uma taxa sobre o carbono, criada em 2013, e
o sistema de comércio de carbono lançado em 2020. Foi possível avançar nessas duas frentes porque o
Poder Executivo exerceu uma forte liderança nos últimos 25 anos. Essa liderança foi complementada na
criação do sistema de comércio de carbono, por uma coliderança pontual do Poder Legislativo. O Sistema
de Comércio de Emissões (SCE México) segue um modelo de governança descentralizada com uma
participação importante do setor privado e da sociedade civil.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - MÉXICO
A liderança do processo de criação e desenvolvimento dos mercados de comércio de carbono
esteve no Poder Executivo. Respeitadas as particularidades de contextos e as escalas
diferentes, o Poder Executivo atuou como catalizador do processo, engajando outros atores,
políticos e representantes do setor privado, quando necessário. Verificou-se que o sucesso na
implementação de programas duradouros esteve associado a três elementos: governos com
uma forte capacidade de articulação que transcende o setor público e favorece um diálogo
aberto com o setor privado, vontade política para avançar na agenda climática como um tema
de Estado e não de governo, com consistência ao longo dos anos e experiência, por parte do
governo, com um sistema de relato obrigatório de emissões.
A experiência Brasileira
Problema das Emissões de Carbonos:
Redução:
RINA - Certificadora internacional com mais de 160 anos. Atua no Brasil desde 1994.
Auxilia na implantação de projetos. Obtenção de créditos para serem negociados no mercado de carbono
Resultados:
869.858 toneladas de CO² compensados
734 milhões de árvores preservadas
Mais de 10 milhões de dólares enviados para a amazônia em menos de 1 ano
PARALELO COM O MERCADO DE COMPENSAÇÃO
AMBIENTAL
1. Lei da Mata Atlântica
Regra Geral: Todo corte e supressão de vegetação precisa realizar uma compensação
ambiental
Modalidades: (i) Destinação de área equivalente dentro ou fora do imóvel; (ii) Destinação de
área localizada no interior de U.C de domínio público.
2. Código Florestal
13 ANOS DEPOIS….
Estabelece os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas, institui o Sistema Nacional de Redução de
Emissões de Gases de Efeito Estufa e altera o Decreto nº 11.003, de 21 de março de 2022.
Institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa - Sinare. Art. 2º Consideram-se:
I - crédito de carbono - ativo financeiro, ambiental, transferível e representativo de redução ou remoção de uma tonelada de dióxido de carbono
equivalente, que tenha sido reconhecido e emitido como crédito no mercado voluntário ou regulado;
II - crédito de metano - ativo financeiro, ambiental, transferível e representativo de redução ou remoção de uma tonelada de metano, que tenha sido
reconhecido e emitido como crédito no mercado voluntário ou regulado;
III - crédito certificado de redução de emissões - crédito de carbono que tenha sido registrado no Sinare;
IV - compensação de emissões de gases de efeito estufa - mecanismo pelo qual a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, compensa
emissões de gases de efeito estufa geradas em decorrência de suas atividades, por meio de suas próprias remoções contabilizadas em seu inventário de
gases de efeito estufa ou mediante aquisição e efetiva aposentadoria de crédito certificado de redução de emissões;
OUTRAS INICIATIVAS LEGISLATIVAS RELACIONADAS AO MERCADO
DE CARBONO
PL 2148/15 e seus APENSOS;
Prevê a redução das alíquotas de tributos sobre a receita de venda dos produtos elaborados com redução das emissões
de gases do efeito estufa (GEE). O texto tramita na Câmara dos Deputados. Os tributos são o Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), a contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins).
PL 528/21: Institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), que vai regular a compra e venda de créditos
de carbono no País. O texto tramita na Câmara dos Deputados.
PL 290/20
Impõe às usinas termelétricas metas de redução ou de compensação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e
assegura a empreendimentos que produzem energia a partir de fontes renováveis – solar, eólica, geotérmica, energia dos
oceanos e da biomassa de origem certificada – direito a títulos que representem créditos de carbono, as chamadas
Reduções Certificadas de Emissão (RCE).
A "REGULAÇÃO" NO CENÁRIO JURÍDICO
BRASILEIRO: DESAFIOS
DESAFIOS: AGENTES SETORIAIS DEVERÃO COMPLEMENTAR A REGULAMENTAÇÃO?
Mercado de Carbono com potencial somente para compensações? pois como crédito para outras modalidade de
contratos e obrigações no Direito pode gerar insegurança jurídica;
Justiça fiscal e neutralidade fiscal na tributação ambiental = sistema que considera a especificidade e a diferença entre atividades
sustentáveis e atividades poluidoras. Justiça comutativa; Esses princípios garantiriam ordem (consistência) e unidade (coerência)
ao sistema jurídico Brasileiro;
O sentido da neutralidade fiscal está na ideia de que a tributação tem essencialmente um sentido cidadão de estabelecer a correta
contribuição à manutenção da esfera pública e não um mecanismo de intervenção econômica. [...] A utilização da função extrafiscal
do direito tributário deve ser residual, motivada e temporária; A neutralidade fiscal deve indicar que a tributação ecológica deve
procurar ser um elemento de aumento geral de eficácia do sistema e não um obstáculo ao desenvolvimento. [...] A tributação
ecológica deve procurar alcançar simultaneamente justiça e neutralidade fiscal;
TOMASI, Luana Regina Debatin. A TRIBUTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. IN: Ensaios sobre
direito tributário ambiental. Org. LEONETTI, Carlos Araújo. PAZINATO, Liane Francisca Huning. OLIVEIRA, Adrielle Betina.
Florianópolis, SC: Ed. dos Autores, 2020. Disponível em:
https://ppgd.ufsc.br/2021/01/18/e-book-ensaios-sobre-direito-tributario-ambiental/ Acesso em 20 jul 22.
Denise Lucena Cavalcanti: todas as espécies tributárias podem e devem incluir em sua motivação o critério ambiental, passando
esse princípio geral da atividade econômica, previsto no art. 170, inciso VI, da Constituição, a integrar o rol dos princípios
fundamentais do Direito Tributário, que numa visão sistêmica, pode ser um novo inciso (inciso VII), do art. 150, que trata das
limitações ao poder de tributar: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VII – instituir tributo sem a devida observância da defesa do meio ambiente. Dessa
forma, o que deve haver é uma remodelação ecológica do sistema tributário nacional, que passa a considerar o meio ambiente como
diretriz necessária, inclusive, redirecionando ecologicamente os tributos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. ODS. Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/ Acesso em 20 jul 22
CALIENDO, Paulo. Tributação e mercado de carbono. in TÔRRES, Heleno Taveira (org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo Malheiros,
2005, p.872 a 893.
CAVALCANTI, Denise Lucena. Tributação ambiental: por uma remodelação ecológica dos tributos. Nomos: Revista de Pós-Graduação em
Direito da UFC. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/nomos/article/view/353 Acesso em 20 jul 22.
TOMASI, Luana Regina Debatin. A TRIBUTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. IN: Ensaios sobre direito tributário
ambiental. Org. LEONETTI, Carlos Araújo. PAZINATO, Liane Francisca Huning. OLIVEIRA, Adrielle Betina. Florianópolis, SC: Ed. dos Autores, 2020.
Disponível em: https://ppgd.ufsc.br/2021/01/18/e-book-ensaios-sobre-direito-tributario-ambiental/ Acesso em 20 jul 22.
https://www.camara.leg.br/noticias/746463-projeto-regulamenta-mercado-de-negociacao-de-creditos-de-carbono/
https://www.camara.leg.br/propostas-legislativas/2270639
https://www.camara.leg.br/propostas-legislativas/2237082