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O MERCADO DE CARBONO NOS

CENÁRIOS INTERNACIONAL E
NACIONAL: perspectivas e desafios
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - PPGD/UFSC

Luciana Zanin - Introdução


Nelson Nogueira Amorim - Iniciativas no âmbito internacional
Marjorie Tolotti S de Mello - Tributação /Legislação no Mercado
Regulado Brasileiro
Matheus Costa - Mercado Voluntário Brasileiro/Paralelo com a
compensação ambiental
FUNDAMENTOS DO MERCADO DE CARBONO

Propósito: reduzir a abundância na emissão de carbono e a diminuição


do aquecimento global através de dois modos distintos:
a) redução do estoque existente de carbono
b) redução da emissão de carbono para que o planeta se mantenha em
temperaturas que permitam a existência e a manutenção da vida na
Terra.
O QUE É O MERCADO DE CARBONO?

Mercado de crédito de carbono é o sistema de compensações de


emissão de carbono ou equivalente de gás de efeito estufa. Isso
acontece por meio da aquisição de créditos de carbono por
empresas que não atingiram suas metas de redução de gases de
efeito estufa (GEE), daqueles que reduziram as suas emissões.
Protocolo de Quioto - 1997
O acordo convencionou que cada tonelada de emissão de carbono reduzida equivale
a um crédito. Isso significa que caso uma determinada nação reduzisse suas emissões
além da meta, podiam vender os créditos excedentes a outros países. O protocolo
também já previa que as nações ricas comprassem créditos de carbono ao financiar
projetos que reduzissem a emissão de GEE em países em desenvolvimento – usinas
eólicas no lugar de usinas termelétricas a carvão, por exemplo.
Neste momento, apenas os paises desenvolvidos que possuiam metas de de redução
de GEE podiam comercializar créditos.
Protocolo de Quioto - 1997

Protocolo de Kyoto, que estabeleceu aos países desenvolvidos metas de redução das emissões de gases
responsáveis pelo efeito estufa em 5,2%. Essa porcentagem é relativa aos níveis de emissão do ano de
1990.Os mecanismos criados para que as metas fossem cumpridas passavam pela criação de projetos,
como novas formas de energias renováveis e ações de reflorestamento, entre outros.

Uma vez implementadas essas ações, poder-se-ia trocar créditos de carbono e, até mesmo, vender esses
créditos caso o país ultrapassasse a meta estabelecida pelo protocolo, o chamado Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo. Mas, para um projeto ser validado, deve passar por uma avaliação criteriosa
que garanta a viabilidade da execução e se as metas são mensuráveis, identificáveis e expansíveis em
relação ao que aconteceria caso o projeto não existisse.

Sendo assim, podemos dizer que o Protocolo de Kyoto norteou a regulamentação do mercado de
carbono global em várias partes do mundo para aqueles países que tinham metas obrigatórias para a
redução de emissão de gases.
Acordo de Paris COP 2021

O Acordo de Paris trouxe novas medidas consideradas uma evolução em relação ao Protocolo de
Quioto. Disposto no artigo 6, a maior inovação é o Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável
(MDS) que inclui todos os 196 países signatários do acordo no comércio de emissões de carbono.

Para que os países mesmo livres de metas pudessem se beneficiar com os investimentos na
diminuição da poluição atmosférica local e a redução da degradação ambiental.

As metas propostas no Acordo de Paris, a redução global de gases que causam o efeito estufa
deve ser reduzida, anualmente, entre 1 e 2 bilhões de toneladas por ano.
Como Funciona o Mercado de Carbono?

O mercado de carbono funciona da seguinte maneira: cada empresa


tem um limite para emitir gases que provocam o efeito estufa. Quem
emite menos que o limite, fica com créditos que podem ser vendidos
àqueles que extrapolaram seus limites. O crédito de carbono equivale a 1
tonelada de gás carbônico (ou outros gases) que deixou de ser emitida
para a atmosfera.
ESTRATÉGIAS DO MERCADO DE CARBONO

São duas as estratégias centrais para promover ações de mitigação de emissões de gases de
efeito estufa. A primeira é por meio de políticas de “comando e controle”, em que o Estado
estabelece a regulação direta. Já a segunda é via instrumentos econômicos, por meio da adoção
de incentivos e subsídios e por meio da precificação de carbono. Esta consiste na atribuição de um
preço sobre as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).

Essa precificação pode ser feita de duas formas. A primeira é pela taxação de carbono, que é
o preço a ser pago por unidade de emissão de GEE de modo que o nível agregado de redução de
emissões previamente estipulado seja atingido. A segunda é por meio de um mercado de carbono,
que podem ser voluntários ou regulados.
Mercado Regulado

No caso dos mercados regulados há interação entre os setores


regulados nesse sistema que podem comprar e vender emissões de GEE
(de acordo com permissões estabelecidas em regulamento). O tipo de
mercado regulado mais comum mundialmente é o Sistema de Comércio
de Emissões, sob a ótica do Cap and Trade.
Mercado Voluntário

O mercado voluntário permite que empresas, ONGs, instituições,


governos e cidadãos que assumam a responsabilidade de compensar as
próprias emissões, comprem créditos de carbono de projetos de
terceiros que resultem na redução efetiva das emissões ou captura de
carbono.
Como funciona a venda dos créditos de carbono?

Uma boa parte dos países industrializados não consegue bater sua meta de redução de carbono. Por isso,
o mercado de carbono existe como um incentivo e flexibilização para que os países e empresas possam
atingir suas metas mais rapidamente.

Assim, os países podem realizar a venda de crédito de carbono internacionalmente para outros países ou
ela pode ocorrer também em território nacional. Para as vendas internacionais, há corretoras
especializadas neste tipo de transação, sendo que a principal é a corretora europeia European Climate
Exchange.
Modalidades de venda de crédito de carbono

COMÉRCIO DE EMISSÕES: um país que excedeu o seu limite de produção de carbono compra de outro
país uma fatia daquilo que ele não produziu. Ou seja, se um país ficar abaixo da sua meta, pode vender
créditos de carbono para outro país, para que assim haja a compensação nas taxas de emissão de
carbono. A transação, desta forma, é considerada unilateral.

IMPLEMENTAÇÃO CONJUNTA: os países atuam em conjunto para frear a produção de carbono. Se um


país já sabe que não vai conseguir bater as suas metas de emissão de carbono, pode firmar um acordo
com outro país que já sabe que vai ficar abaixo da meta. Assim, eles se ajudam.
Quais os requisitos para venda de crédito de
carbono?
Para que uma empresa seja elegível para vender carbono, é preciso que ela tenha algum tipo de iniciativa
relacionada à sustentabilidade, tais como:

Plantio de árvores para o reflorestamento ou para que haja absorção do dióxido de carbono;

Produção de energia limpa e de fontes renováveis;

Manutenção de florestas e biomas que capturem o CO2 da atmosfera;

Investimento em estudos e produção de tecnologias a fim de evitar ou diminuir o impacto ambiental.


Como comprovar a não emissão de carbono?

Não é uma tarefa fácil vender carbono, isso porque é preciso


comprovar a não emissão de CO2 por meio de certificados. Portanto, as
empresas interessadas neste mercado devem, primeiramente, contratar
profissionais especializados na área ambiental.
É preciso contratar alguém da área de engenharia florestal, ambiental,
ou correlatas para conseguir quantificar a produção de carbono da empresa.
Como investir no mercado de cabono?

Fundos de investimentos: as perspectivas de crescimento são muito boas e os principais fundos na área,
já contam com milhões de reais em patrimônio e milahres de clientes. O investimento mínimo
normalmente é baixo, a partir de R$ 100. Se você já investe em ações, consulte sua corretora para saber a
disponibilidade desses fundos.

Investimento em biocombustível: assim como o tradicional mercado de investimentos em petróleo, há o


mercado do biocombustível. Nele é possível comprar e vender moedas do que são conhecidos como
Créditos de Descarbonização. Ou seja, créditos para compensar a emissão dos combustíveis fósseis.
INICIATIVAS NO ÂMBITO INTERNACIONAL
INICIATIVAS INTERNACIONAIS
Atualmente, dezenas de sistemas de mercado já foram implementados para a comercialização
de cotas de carbono ou para a taxação das emissões. O primeiro sistema de comércio de
carbono implementado na Europa (EU-ETS), por exemplo, surgiu há 17 anos e está na quarta
fase ( começou a operar em 2005 o primeiro programa desse tipo no mundo, foi instituído por
uma lei do Parlamento Europeu de outubro de 2003).

Já surgiram iniciativas relevantes em países do continente americano, como México e Chile. Na


Ásia, diferentes países têm avançado concretamente na agenda da precificação. Portanto, há
uma grande diversidade de experiências cujo aprendizado pode contribuir para o desenho de
uma política brasileira.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS
1) União Europeia (EU-ETS), primeiro mercado de carbono do mundo;

2) México (SCE – Sistema de Comércio de Carbono), mercado lançado em 2020 que permite
compreender o contexto regional e de países em desenvolvimento;

3) Canadá/ Califórnia (WCI – Western Climate Initiative), mercados considerados maduros;

4 )Japão (Tóquio-CaT – Cap and Trade);

5) Coreia do Sul (KETS – Korean Emissions Trading Scheme), mercados pioneiros que ilustram o
contexto da Ásia.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - UE
Poder Executivo: Comissão Europeia. É constituída por comissários dos 27 países-membros,
sendo um deles o Presidente da Comissão. Os assuntos do mercado de carbono são tratados na
Diretoria de Ação Climática, Subdiretoria de Mercados de Carbono .

Poder Legislativo: Parlamento Europeu. A legislação europeia é implementada pelos


países-membros. A Comissão e o Parlamento têm o papel de criar normas e diretrizes
harmonizadas para regulamentar a implementação da lei. A seguir, cabe a cada país criar sistemas
para operacionalizar as leis.

Governos Nacionais: Governos dos 27 países-membros, Lichtenstein e Noruega. Os assuntos de


mercado de carbono são tratados por autoridades competentes designadas pelos governos.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS

Fonte: CNI
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - JAPÃO
Poder Executivo: Governo da Região Metropolitana de Tóquio.

Poder Legislativo: Assembleia Legislativa da Região Metropolitana de Tóquio.

O programa de comércio de carbono de Tóquio (Tóquio-CaT) é uma estrutura subnacional que


engloba toda a Região Metropolitana de Tóquio. O programa adota um modelo de governança
fortemente centralizado. A gestão é feita quase integralmente pela Secretaria do Meio Ambiente
do Poder Executivo, uma vez que a verificação dos inventários de emissão é realizada pelo setor
privado. No interior da Secretaria do Meio Ambiente existe uma Divisão de Mudanças Climáticas
e Energia e, dentro desta, uma seção dedicada ao sistema de comércio de emissões
INICIATIVAS INTERNACIONAIS
O Tóquio-CaT foi lançado em 2010. Foi o terceiro programa do mundo e o primeiro a
implementar a regulação na ponta do consumo de energia: de grandes prédios comerciais e
residenciais e fábricas que, juntos, emitem em torno de 20% dos GEE (gases do efeito estufa) da
região. O programa foi instituído por uma revisão da Lei de Segurança Ambiental da Região
Metropolitana de Tóquio de junho de 2008. Atualmente, o Tóquio-CaT regula as emissões de
CO2 de aproximadamente 1.200 grandes prédios, plantas industriais, bem como estações de
distribuição e tratamento de água, esgoto e lixo.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - COREIA DO SUL

Poder Executivo: Governo da República da Coreia. Diversos órgãos têm atuação no programa:
gabinete do primeiro-ministro; task force interministerial para comércio de carbono; Ministério
do Meio Ambiente; e Ministério de Estratégia e Finanças.
Poder Legislativo: Assembleia Nacional.
O programa de comércio de carbono da Coreia do Sul (KETS) é uma estrutura nacional com
governança descentralizada verticalmente, ou seja, no interior do Poder Executivo. Este teve
papel central de liderança na criação e implementação do programa de comércio de carbono.
Depois de ter assegurado que as bases do sistema estavam inscritas em lei, o Poder Executivo
desenhou uma estrutura de governança voltada a dar legitimidade ao programa por meio de
responsabilidades compartilhadas entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério das
Finanças. Lançado em 2015, é o segundo maior programa ativo de comércio de carbono do
mundo depois do EU.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - MÉXICO
Poder Executivo: Governo Federal. Na agenda climática, tem atuação por meio da Presidência da
República, do Ministério do Meio Ambiente (Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais,
SEMARNAT) e do Instituto Nacional de Ecologia e Mudanças Climáticas (INECC), órgão científico e
educacional ligado à SEMARNAT.

Poder Legislativo: Congresso Nacional (bicameral), composto de Senado e Câmara de Deputados.

O México possui um arranjo institucional em que convivem uma taxa sobre o carbono, criada em 2013, e
o sistema de comércio de carbono lançado em 2020. Foi possível avançar nessas duas frentes porque o
Poder Executivo exerceu uma forte liderança nos últimos 25 anos. Essa liderança foi complementada na
criação do sistema de comércio de carbono, por uma coliderança pontual do Poder Legislativo. O Sistema
de Comércio de Emissões (SCE México) segue um modelo de governança descentralizada com uma
participação importante do setor privado e da sociedade civil.
INICIATIVAS INTERNACIONAIS - MÉXICO
A liderança do processo de criação e desenvolvimento dos mercados de comércio de carbono
esteve no Poder Executivo. Respeitadas as particularidades de contextos e as escalas
diferentes, o Poder Executivo atuou como catalizador do processo, engajando outros atores,
políticos e representantes do setor privado, quando necessário. Verificou-se que o sucesso na
implementação de programas duradouros esteve associado a três elementos: governos com
uma forte capacidade de articulação que transcende o setor público e favorece um diálogo
aberto com o setor privado, vontade política para avançar na agenda climática como um tema
de Estado e não de governo, com consistência ao longo dos anos e experiência, por parte do
governo, com um sistema de relato obrigatório de emissões.
A experiência Brasileira
Problema das Emissões de Carbonos:

i) Adaptação; ii) Engenharia do Clima; iii) Redução da Emissão de GEE.

Redução:

i) Redução do Estoque de carbono existente; ii) Redução da taxa de emissão;

Redução da taxa de emissão:

i) Imposição de Tributos Ambientais; ii) Criação de incentivos à produção e práticas


sustentáveis
A experiência Brasileira

Experiências de Mercado - Permissões

Exemplo Internacional Paralelo Nacional

Programa de Combate à Chuva Ácida Padrões de qualidade ambiental (PNMA)

Mercado Regional de incentivo ao ar limpo Limites e compensações relacionadas a


qualidade do ar

Negociação de Licenças de Pesca Cotas de pesca


A experiência Brasileira
Mercado Voluntário de Carbono

Compra de venda voluntária por empresas

Critérios menos rígidos

Necessidade de comprovação de similaridade com para utilização no mercado regulado

Dois formatos do Brasil:

● Celebração de Contratos empresariais


● Mercado de criptomoedas
A experiência Brasileira
Verified Carbon Strandard

RINA - Certificadora internacional com mais de 160 anos. Atua no Brasil desde 1994.

Programa de Redução de Emissões; Projeto de Redução de GEE; Mecanismos de Desenvolvimento


Limpo:

Auxilia na implantação de projetos. Obtenção de créditos para serem negociados no mercado de carbono

Procedimento de Validação: Documento da Concepção do Projeto - site da UNFCCC - Validação do


projeto.
Procedimento de Verificação: Publicação do Relatório de Monitoramento - site da UNFCCC -
verificação do projeto.
Prazo: 9 meses até 2 anos.
A experiência Brasileira
Empresa: Carbonext Tecnologia em Soluções Ambientais Ltda

- Reduções Certificadas de Emissão pelo Conselho Executivo da Convenção-Quadro das Nações


Unidas sobre Mudança de Clima (UNFCCC)

- Programa Terra Legal

- Programa REDD+ (Reduções de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal)


A experiência Brasileira
Mercado de Bitcoin

Empresa: Moss - Climatech

Produto: TokenMCO2 - Rede de Blockhain Etherum - certificada junto a Verra (Rina)

1MCO2 = 1 tonelada de CO²

Resultados:
869.858 toneladas de CO² compensados
734 milhões de árvores preservadas
Mais de 10 milhões de dólares enviados para a amazônia em menos de 1 ano
PARALELO COM O MERCADO DE COMPENSAÇÃO
AMBIENTAL
1. Lei da Mata Atlântica

Regra Geral: Todo corte e supressão de vegetação precisa realizar uma compensação
ambiental

Modalidades: (i) Destinação de área equivalente dentro ou fora do imóvel; (ii) Destinação de
área localizada no interior de U.C de domínio público.

Na impossibilidade: Reposição florestal por meio de RPPN ou servidão florestal.

2. Código Florestal

Supressão de Vegetação: Reposição florestal por meio de plantio

Cadastro Ambiental Rural - CAR: (i) Regime de Condomínio/Coletivo; Cota de Reserva


Ambiental
A "REGULAÇÃO" NO CENÁRIO JURÍDICO
BRASILEIRO
LEI Nº 12.187, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2009 (Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC e dá outras providências)

13 ANOS DEPOIS….

DECRETO Nº 11.075, DE 19 DE MAIO DE 2022;

Estabelece os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas, institui o Sistema Nacional de Redução de
Emissões de Gases de Efeito Estufa e altera o Decreto nº 11.003, de 21 de março de 2022.

Institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa - Sinare. Art. 2º Consideram-se:

I - crédito de carbono - ativo financeiro, ambiental, transferível e representativo de redução ou remoção de uma tonelada de dióxido de carbono
equivalente, que tenha sido reconhecido e emitido como crédito no mercado voluntário ou regulado;

II - crédito de metano - ativo financeiro, ambiental, transferível e representativo de redução ou remoção de uma tonelada de metano, que tenha sido
reconhecido e emitido como crédito no mercado voluntário ou regulado;

III - crédito certificado de redução de emissões - crédito de carbono que tenha sido registrado no Sinare;

IV - compensação de emissões de gases de efeito estufa - mecanismo pelo qual a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, compensa
emissões de gases de efeito estufa geradas em decorrência de suas atividades, por meio de suas próprias remoções contabilizadas em seu inventário de
gases de efeito estufa ou mediante aquisição e efetiva aposentadoria de crédito certificado de redução de emissões;
OUTRAS INICIATIVAS LEGISLATIVAS RELACIONADAS AO MERCADO
DE CARBONO
PL 2148/15 e seus APENSOS;

Prevê a redução das alíquotas de tributos sobre a receita de venda dos produtos elaborados com redução das emissões
de gases do efeito estufa (GEE). O texto tramita na Câmara dos Deputados. Os tributos são o Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), a contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins).

Fonte: Agência Câmara de Notícias

PL 528/21: Institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), que vai regular a compra e venda de créditos
de carbono no País. O texto tramita na Câmara dos Deputados.

PL 290/20

Impõe às usinas termelétricas metas de redução ou de compensação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e
assegura a empreendimentos que produzem energia a partir de fontes renováveis – solar, eólica, geotérmica, energia dos
oceanos e da biomassa de origem certificada – direito a títulos que representem créditos de carbono, as chamadas
Reduções Certificadas de Emissão (RCE).
A "REGULAÇÃO" NO CENÁRIO JURÍDICO
BRASILEIRO: DESAFIOS
DESAFIOS: AGENTES SETORIAIS DEVERÃO COMPLEMENTAR A REGULAMENTAÇÃO?

OS DOIS MERCADOS: VOLUNTÁRIO E O REGULADO PODEM CONVIVER JUNTOS (GROSSI, 2022)

Mercado de Carbono com potencial somente para compensações? pois como crédito para outras modalidade de
contratos e obrigações no Direito pode gerar insegurança jurídica;

Dificuldades de implementação pelos setores mencionados no Decreto;


TRIBUTAÇÃO E MERCADO DE CARBONO
Alinhamentos internacionais: ODS n. 13 Ação contra a mudança global do clima;
Adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos;
Política de redução das emissões (abatement), adoção de medidas públicas e privadas de ataque às causas do
efeito estufa (GEE);
Redução nas taxas de emissão (emissions abatment);
A imposição de tributos ambientais constitui uma solução de comando e controle, estabelecendo um padrão de
conduta e sanções fiscais pelo descumprimento;
green taxation = coerência sistêmica
EXEMPLOS DE TRIBUTOS ECOLÓGICOS EM PAÍSES EUROPEUS:
1) TAXAÇÃO DO CARBONO (carbon tax) Incide sobre a utilização de energia a partir de determinado nível de
intensidade (indústria e comércio)
ISENÇÃO DE ATÉ 98% da tributação do carbono p/ indústrias que firmem acordos de investimentos em
eficiência energética;
TRIBUTAÇÃO E MERCADO DE CARBONO
2) Tributação de solventes clorinados;

3) tributação dos resíduos sólidos (waste tax);

4) TRIBUTAÇÃO SOBRE GASES INDUSTRIAIS. HFC, PFC, e SF6

Justiça fiscal e neutralidade fiscal na tributação ambiental = sistema que considera a especificidade e a diferença entre atividades
sustentáveis e atividades poluidoras. Justiça comutativa; Esses princípios garantiriam ordem (consistência) e unidade (coerência)
ao sistema jurídico Brasileiro;

O sentido da neutralidade fiscal está na ideia de que a tributação tem essencialmente um sentido cidadão de estabelecer a correta
contribuição à manutenção da esfera pública e não um mecanismo de intervenção econômica. [...] A utilização da função extrafiscal
do direito tributário deve ser residual, motivada e temporária; A neutralidade fiscal deve indicar que a tributação ecológica deve
procurar ser um elemento de aumento geral de eficácia do sistema e não um obstáculo ao desenvolvimento. [...] A tributação
ecológica deve procurar alcançar simultaneamente justiça e neutralidade fiscal;

DESAFIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM MERCADO DE CARBONO INTERNACIONAL OU NACIONAL: mudanças estruturais no


estímulo por capitais, definição clara de commodities ambientais; instrumentos que garantam o direito de propriedade, criação de
mercados à vista e de futuros; criação e proliferação de mercados de balcão, entre outros; INSEGURANÇA JURÍDICA?

COMBINAÇÃO DE MECANISMOS é a melhor escolha; REGULAÇÃO (fiscalização); TRIBUTAÇÃO (incentivo) e COMÉRCIO


(interesses);
TRIBUTAÇÃO E MERCADO DE CARBONO
Revisão dos instrumentos tributários existentes, avaliação das cadeias produtivas e seus efeitos para o meio ambiente, com a
consequente mensuração de seus custos ambientais, e instituição de tributos que realmente internalizem as externalidades
ambientais negativas, atribuindo aos causadores dos danos o preço de tal reparação, assim como beneficiando aqueles que
produzem externalidades positivas.

TOMASI, Luana Regina Debatin. A TRIBUTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. IN: Ensaios sobre
direito tributário ambiental. Org. LEONETTI, Carlos Araújo. PAZINATO, Liane Francisca Huning. OLIVEIRA, Adrielle Betina.
Florianópolis, SC: Ed. dos Autores, 2020. Disponível em:
https://ppgd.ufsc.br/2021/01/18/e-book-ensaios-sobre-direito-tributario-ambiental/ Acesso em 20 jul 22.

Denise Lucena Cavalcanti: todas as espécies tributárias podem e devem incluir em sua motivação o critério ambiental, passando
esse princípio geral da atividade econômica, previsto no art. 170, inciso VI, da Constituição, a integrar o rol dos princípios
fundamentais do Direito Tributário, que numa visão sistêmica, pode ser um novo inciso (inciso VII), do art. 150, que trata das
limitações ao poder de tributar: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VII – instituir tributo sem a devida observância da defesa do meio ambiente. Dessa
forma, o que deve haver é uma remodelação ecológica do sistema tributário nacional, que passa a considerar o meio ambiente como
diretriz necessária, inclusive, redirecionando ecologicamente os tributos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. ODS. Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/ Acesso em 20 jul 22

CALIENDO, Paulo. Tributação e mercado de carbono. in TÔRRES, Heleno Taveira (org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo Malheiros,
2005, p.872 a 893.

CAVALCANTI, Denise Lucena. Tributação ambiental: por uma remodelação ecológica dos tributos. Nomos: Revista de Pós-Graduação em
Direito da UFC. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/nomos/article/view/353 Acesso em 20 jul 22.

TOMASI, Luana Regina Debatin. A TRIBUTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. IN: Ensaios sobre direito tributário
ambiental. Org. LEONETTI, Carlos Araújo. PAZINATO, Liane Francisca Huning. OLIVEIRA, Adrielle Betina. Florianópolis, SC: Ed. dos Autores, 2020.
Disponível em: https://ppgd.ufsc.br/2021/01/18/e-book-ensaios-sobre-direito-tributario-ambiental/ Acesso em 20 jul 22.

https://www.camara.leg.br/noticias/746463-projeto-regulamenta-mercado-de-negociacao-de-creditos-de-carbono/

https://www.camara.leg.br/propostas-legislativas/2270639

https://www.camara.leg.br/propostas-legislativas/2237082

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