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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

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C211? s, CAIMI, Sérgio (fictício nesse momento) 04.10.19

Saneamento: História; Água; Esgoto; Paraná - Foz do Iguaçu: Gráfica………

Páginas: 230f

1………………….2……. I. Título

CDU ………………. Foz do Iguaçu.

Nome: ………………CRB/…………
UNIVERSIDADE - Campus ………

Revisores: Delcy Pereira Carvalho Filho


PREFÁCIO
DEDICATÓRIA

Dedico primeiro a Deus, a meus Pais Nelson


Luiz Caimi e Dorvalina da Rosa Caimi (In
memória),

Que me deram a vida e por ter nascido em


Água, Sangue e Espírito.

Ao Sebastião Pereira, meu primeiro Chefe na


Sanepar, ao Engenheiro José Augusto Carlessi
que foi o primeiro Gerente Regional, ao Dr.
Stenio Sales Jacob que por três mandatos
exerceu o cargo de Diretor Presidente da
Sanepar, Ex-vereador, Prefeito e Deputado
Estadual Dobrandino Gustavo da Silva, por não
medirem esforços para o desenvolvimento e o
crescimento do Saneamento do Município de
Foz do Iguaçu, melhorando de forma
significativa as condições de saúde da
população e do saneamento ambiental.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os colaboradores da Sanepar listados abaixo, que contribuíram


de forma relevante no andamento da pesquisa dessa obra. Com eles o livro ficou mais
rico e informações mais precisas.
Roberto Paulo Zielinski, Neri Vitoriano Correa, Jean Carlos Vivan, Jacir Francisco
Busnelo, Rodrigo Berlanda Viana, Elizeu Mendes Cruz, Romilson Gonçalves, Elizabete
Aparecida Maier, Anderson Broco, Valcir Nunes Duarte, Natalia Perez.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 16

CAPÍTULO I - SANEAMENTO NO MUNDO - BREVE HISTÓRICO........................................ 18


1.1 POVO CELTA. (ALEMANHA, FRANÇA E AUSTRIA).................................................................... 21
1.2 ROMA - POVO ETRUSCO ..................................................................................................................... 21
1.3 CLOACA MAXIMA .................................................................................................................................. 21
1.4 HISTORIA DOS AQUEDUTOS............................................................................................................. 23
1.5 IDADE MEDIA. ........................................................................................................................................ 27
1.6 NAS AMERICAS - NO PERU ................................................................................................................ 28
1.7 OUTRAS CULTURAS NAS AMERICAS ............................................................................................. 28
1.8 A CIVILIZAÇAO DOS MAIAS PODE TER DESAPARECIDO POR FALTA DE AGUA............ 29
1.8 DISPONIBILIDADE DE AGUA NO MUNDO ................................................................................... 30
1.9 ALTERNATIVAS DA ATUALIDADE ................................................................................................... 32

CAPÍTULO II: BRASIL .................................................................................................................... 33


2.1 ENTENDENDO UM POUCO DA HISTORIA DO BRASIL ............................................................ 35
2.2 SALVADOR ................................................................................................................................................ 36
2.2 RIO DE JANEIRO ..................................................................................................................................... 36
2.3 A QUEDA DO IMPERIO ........................................................................................................................ 38
2.4 AGUA E ESGOTO NO BRASIL A PARTIR DO SECULO XIX........................................................ 41
2.5 PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO - PLANASA ................................................................... 41
2.6 FALENCIA DO PLANO .......................................................................................................................... 42

CAPÍTULO III - PARANÁ ................................................................................................................ 44


3.1 TEMPO DOS AGUADEIROS ................................................................................................................. 44
3.2 PREOCUPAÇAO COM A AGUA EM CURITIBA: DOS CHAFARIZES AO PRIMEIRO
ENCANAMENTO ............................................................................................................................................ 45
3.3 O ENGENHEIRO REBOUÇAS .............................................................................................................. 47
3.4 EVOLUÇAO HISTORIA E TECNOLOGICA DO SANEAMENTO DO PARANA ....................... 50
3.5 (1919 a 1934) - DEMANDAS TAMBEM HAVIAM NO INTERIOR DO ESTADO DO
PARANA ............................................................................................................................................................ 51
3.6 ESTAÇOES DE TRATAMENTO DE AGUA........................................................................................ 54
3.7 SERVIÇOS DE AGUA E ESGOTO NO INICIO DA DECADA DE 60 ........................................... 54
3.8 AGEPAR ..................................................................................................................................................... 55
3.9 DESENVOLVIMENTO DO SANEAMENTO NO PARANA............................................................ 56
3.10 INCORPORAÇAO DO DAE................................................................................................................. 59
3.11 DECADA DE 2000 ............................................................................................................................... 62

CAPÍTULO IV - CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU


.............................................................................................................................................................. 64
4.1 CARACTERISTICAS GEOLOGICAS ................................................................................................... 64
4.2 HIDROGEOLOGIA .................................................................................................................................. 67
4.3 HDROGRAFIA .......................................................................................................................................... 69
4.4 EVOLUÇAO SOCIAL, ECONOMICA E POPULACIONAL ............................................................. 70
4.5 HISTORIA DO SANEAMENTO NO MUNICIPIO............................................................................ 71
4.6 DECADA DE 60 ....................................................................................................................................... 73
4.7 PIONEIROS DO TEMPO DO DAE ...................................................................................................... 75
4.8 PROJETO E IMPLANTAÇAO DE NOVA ESTRUTURA ................................................................. 86
4.9 DECADA DE 70 ....................................................................................................................................... 89
4.9.1 Laudo de Avaliação – ( 1971) .......................................................................................... 89
4.9.2 Estrutura da Época e Evolução ....................................................................................... 91

CAPÌTULO V - COMPLEXO DO RIO TAMANDUÁ .................................................................... 95


5.1 ESTRUTURA PARA DISTRIBUIÇAO DE AGUA. ............................................................................ 98
5.2 DECADA DE 80 .....................................................................................................................................100
5.3 DIFICULDADES ENFRENTADAS A EPOCA .................................................................................105
5.4 ESTRANGULAMENTO DO SISTEMA E A GRANDE CRISE POR FALTA DE AGUA .........107
5.5 SANEPAR EM APUROS, BAIRROS SEM AGUA. O QUE EXPLICAVA ROQUE PARA OS
SEUS USUARIOS ..........................................................................................................................................110
5.6 VERAO DE 1989 - RACIONAMENTO INEVITAVEL ..................................................................117
5.7 PROJETO PILOTO DE COBRANÇA DE MULTA POR FURTO DE AGUA ..............................119
5.7.1 Poços Artesianos: Testes não Corresponderam as Expectativas de Vazão ...127

CAPÌTULO VI - ENGENHEIRO JOSÉ AUGUSTO CARLESSI .................................................136


6.1 NOVOS TEMPOS – GERENCIA REGIONAL DE FOZ DO IGUAÇU – PR ...............................137
6.2 INFRA ESTRUTURA EM COLETA E TRATAMENTO DOS ESGOTOS ..................................141
6.3 CONSTRUÇAO DO PREDIO DA ADMINISTRAÇAO DA GERENCIA REGIAONAL –
ORDEM DE SERVIÇOS CANCELADA ....................................................................................................146

CAPITULO VII – ENGENHEIRO EDGARD FAUST FILHO.....................................................148


7.1 DADOS DO SISTEMA OPERACIONAL DE AGUA/ESGOTO NO ANO DE 2002 ................150
7.1.1 Implantação do IS0 14.001 - Sistema de Gestão Ambiental - SGA. 1998 .......151
7.1.2 Política Ambiental Implantada à Época ....................................................................153
7.1.3 Atendimento aos Usuários nos Bairros .....................................................................156
7.1.4 Programa de Rádio “Pergunte que a Sanepar Responde”...................................157
7.2 LEGISLATIVO DE FOZ DO IGUAÇU INDICA RESCISAO DE CONTRATO SANEPAR ......158
7.3 RECICLAGEM DO LODO DE ESGOTO GERADO NAS ESTAÇOES DE TRATAMENTO ...162
7.4 O CRESCIMENTO EM SANEAMENTO CONTINUOU ACELERADO, ALIADO AO
DESENVOLVIMENTO URBANO DO MUNICIPIO DE FOZ DO IGUAÇU ......................................165
7.5 PROGRAMA ESTADUAL DE SANEAMENTO RURAL ...............................................................167

CAP VIII – AVANÇAR EM SANEAMENTO ERA PRECISO EM FOZ DO IGUAÇU ..............169


8.1 PROJETO PILOTO – INSTALAÇAO DE LACRE ESPECIAL TIPO A NO CAVALETE .........175
8.2 PROJETO PILOTO DE IMPLANTAÇAO DE REDE DE AGUA EM (PEAD) NA VILA “A” DE
ITAIPU. (POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE). 2010. .................................................................176
8.3 PROGRAMA DE ENERGIA RENOVAVEL. PROJETO PILOTO .................................................179
8.4 PROPOSTA PARA RENOVAÇAO DO CONTRATO DE CONCESSAO DA PREFEITURA
MUNICIPAL COM A SANEPAR ................................................................................................................182

CAPITULO IX - 2011 a 2018. SANEAMENTO TEVE BAIXO PERCENTUAL EM


CRESCIMENTO REAL ...................................................................................................................186
9.1 MULHERES EXECUTAM SERVIÇOS DE CAMPO NO SANEAMENTO DE FOZ DO IGUAÇU
...........................................................................................................................................................................187
9.2 RENOVAÇAO DO CONTRATO DE CONCESSAO NO MODELO CONTRATO DE
PROGRAMA ...................................................................................................................................................188
9.3 OBRAS IMPLANTADAS - 2011 a 2018. MAIS SIGNIFICANTES ...........................................191
9.4 ESTRUTURA ATUAL DA CIDADE DE FOZ DO IGUAÇU ...........................................................192
9.5 PROCESSO DE TRATAMENTO E DISTRIBUIÇAO DE AGUA PARA A COLETIVIDADE 194
9.6 PROCESSO DE TRATAMENTO/CAPACIDADE DE PRODUÇAO ............................................202
9.6.1 Processo de Tratamento Anaeróbio ...........................................................................203
9.6.2 O que pode ser Lançado na Rede Coletora de Esgoto ...........................................204
9.7 LEGISLAÇAO PERTINENTE AO CONTRATO DE PROGRAMA 108/2014 ......................210
9.8 TARIFAS E SUBSIDIO CRUZADO ....................................................................................................211

CAPITULO X - GOVERNO DO CARLOS MASSA RATINHO JUNIOR E FRANCISCO


LACERDA BRASILEIRO ................................................................................................................215
10.1 COMPOSIÇAO ACIONARIA DA SANEPAR .................................................................................217

BIBLIOGRAFIA SELECIONADA .................................................................................................220

GLOSSÁRIO .....................................................................................................................................223
ANEXOS - INDICADORES DE SANEAMENTO DE CAPITAIS E OUTRAS CIDADES DO
BRASIL ............................................................................................................................................................227
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa dos Antigos Impérios: África e Oriente Médio, 3500-60 a.C. ......... 20
Figura 2 - Mapa da Cidade de Roma, tempo do Império Romano. ......................... 22
Figura 3 – Túnel de esgoto da Cidade de Roma para o Rio Tibre ........................... 23
Figura 4 - Aqueduto da Cidade de Roma de abastecimento público. ...................... 24
Figura 5 – Poço de José, construído há mais de 1000 anos a.C............................. 25
Nota: ........................................................................................................................ 25
Figura 6 – Parte do Aqueduto das Águas Livres, cujas nascentes se localizavam a
58 quilômetros de Lisboa.......................................................................................... 26
Figura 7 – O Aqueduto Alviela tem 114 quilômetros de extensão, captando água das
nascentes do rio que leva o mesmo nome a nordeste da cidade de Lisboa ............ 27
Figura 8 - Mapa dos Antigos Impérios: Adaptado: Américas e Extremo Oriente.3500
a. C.-900 d.C. - Citado por Marriott (2016). .............................................................. 30
Figura 9 - Luiz Fhilippe de Orléans e Bragança, com Economista Sérgio Caimi e
Engenheira Janaína da Silva Caimi .......................................................................... 40
Figura 10 - Aguadeiros de Paranaguá/Aguadeiros de Curitiba. Obras de construção
do Reservatório do Alto São Francisco. Adaptado Schuster (1994) ......................... 44
Figura 11 - Reservatório do Alto São Francisco. Obra iniciada em 1904 e concluída
em 1906.................................................................................................................... 46
Figura 12 - Chafariz localizado hoje na Praça Zacarias em Curitiba ....................... 47
Figura 13 - Engenheiro Rebouças ........................................................................... 49
Figura 14 - Logomarca do DAE - PR – (1928). ........................................................ 52
Figura 15 - Ozires Stengbel Guimarães .................................................................. 60
Figura 16 - Presidente da Sanepar Carlos Afonso Teixeira de Freitas .................... 62
Figura 17 – Mapa do Compartimentos Geológicos do Paraná ................................ 65
Figura 18 – Mapa das Unidades Geológicas do Paraná ........................................ 66
Figura 19 – Mapa dos Tipos de solo nos limites municipais de Foz do Iguaçu ....... 67
Figura 20 – Mapa das Unidades Aquíferas do Estado do Paraná ........................... 68
Figura 21 – Mapa das Bacias Hidrográficas do estado do Paraná .......................... 69
Figura 22 – Mapa do Território Federal do Iguaçu em 1944, Capital do Iguaçu, atual
cidade de Laranjeiras do Sul, Pr. .............................................................................. 72
Figura 23 - Mapa da Cidade de Foz do Iguaçu da época. (final da década de 1960).
................................................................................................................................. 74
Figura 24 - Tampão de Poço de Visita do DAE, fabricado em ferro fundido (T50) .. 77
Figura 25 - Imagens 1 e 2. Construção da Estação de Tratamento de Água do rio
Tamanduá, ano de 1978. .......................................................................................... 84
Figura 26 – Filhos do Sr. Nelson Arlindo Maier ....................................................... 85
Figura 27- Barragem de Captação de Água do Rio Boyci (1971) ........................... 86
Figura 28 - Decantadores da ETA Boyci (1971) ....................................................... 87
Figura 29 - ETA (Estação de Tratamento de Água) do Rio Boyci e Casa de
máquinas, almoxarifado com alpendre nos fundos para armazenamento de tubos de
PVC. (1971) .............................................................................................................. 87
Figura 30 - Reservatório de água Elevado 200 m3, situado na Rua Almirante Barroso
esquina com a Rua Antônio Raposo. Ao lado um reservatório enterrado com
capacidade de 400 m3 e casa de bombas - 1971 ..................................................... 88
Figura 31 - Setor da Administração Central e do Atendimento ao Público
Personalizado, Situado a Rua Antônio Raposo número 693, esquina com a Rua
Almirante Barroso. Ano de 1971. Continua até os dias atuais sem muitas
modificações............................................................................................................. 88
Figura 32 - Placa da Inauguração das Obras de Saneamento de Foz do Iguaçu,
março de 1971.......................................................................................................... 92
Figura 33 - Barragem de nível Rio Tamanduá (1980). ............................................. 96
Figura 34 - Estação de Tratamento de Água do Rio Tamanduá (1980). .................. 96
Figura 35 - Placa da Inauguração da Captação, Adução, Tratamento de Água -
agosto de 1978. ........................................................................................................ 97
Figura 36 - foto Adutora de ferro fundido de 500mm. Obra de 1978. Instalada as
Margens da Br. 469, altura do chocolate caseiro. ..................................................... 99
Figura 37 - Vidal Maria de Souza - Funcionário Aposentado no Ano de 2011. ...... 108
Figura 38 - Inauguração do Sistema de Abastecimento de Água do Bairro Porto Belo
(1987) ...................................................................................................................... 114
Figura 39 - Foto de Sérgio Caimi - de 1989 – Sagaz, encarou o desafio e implantou
medidas para minimizar o problema de falta de água, as duras penas. .................. 115
Figura 40 - Foto da Estação de Tratamento do Tamanduá - Decantadores e Filtros.
................................................................................................................................ 118
Figura 41 - Foto do Chefe do Escritório Regional da Sanepar de Foz do Iguaçu
(Sérgio Caimi, dezembro de 1989) .......................................................................... 118
Figura 42 - Sérgio Caimi e Abel Baez. Hidrômetros fraudados em apenas um dia
(1988). .................................................................................................................... 120
Figura 43 - Identificação e eliminação de uma ligação direta (1988) ..................... 120
Figura 44 - Sérgio Caimi – Veículo Picape Fiat E 23 (1985). ................................. 121
Figura 45 - Wilson Hout, Departamento de Comunicação da Sanepar de Curitiba.
............................................................................................................................... 121
Figura 46 - Foto do panfleto entregue para os usuários da Sanepar de Foz do
Iguaçu (1989) ......................................................................................................... 122
Figura 47 - Vereador Alberto koebl (1991) ............................................................. 124
Figura 48 – Foto Roque Luiz Schornobay, participou de reunião na Câmara de
Vereadores para tratar o assunto da Falta de água em Foz do Iguaçu. 1987 ........ 125
Figura 49 - Prefeito Álvaro e Sergio Caimi visitando as obras de perfuração dos
poços artesianos .................................................................................................... 128
Figura 50 - Obra de ETA Vila C, Lago de Itaipu. 1990 - Acervo Sanepar............... 129
Figura 51 - Stenio Sales Jacob, Marco Antônio Cenovicz em visita as obras de
captação e estação de tratamento do complexo Vila C, Lago de Itaipu. (1991). .... 130
Figura 52 - Foto Stenio Sales Jacob Diretor Presidente da Sanepar, Engenheiro
Newlton de Abreu Sodré (Im memória) Superintendente Regional Oeste e Sérgio
Caimi Chefe do Escritório Regional de Foz do Iguaçu. Reunião de ajuste do
cronograma na execução da obra do Lago de Itaipu (1991). ................................. 131
Figura 53 - Foto Evento aconteceu no mês de abril do ano de 1992. ................... 132
Figura 54 – Foto do Diretor-Presidente da Sanepar Stenio Sales Jacob - Entrevista
sobre a falta de água e informações sobre recursos aplicados na construção do
complexo ETA Vila C. 03 de fevereiro de 1993. ..................................................... 133
Figura 55 - Foto Engenheiro Civil Jose Augusto Carlessi (1992)........................... 137
Figura 56 - Foto Prefeito Dobrandino Gustavo da Silva com o Presidente da
Sanepar à época, Norman de Paula Arruda. Inauguração de parte da estrutura de
captação de água no Lago de Itaipu. Ano de 1991. ............................................... 138
Figura 57 - Foto Posse do Primeiro Gerente Regional da Sanepar de Foz do Iguaçu
ano de 1994. Stenio Sales Jacob, Diretor Presidente, Carlessi, Engenheiro Mario
Baggio Diretor de Operações e o Diretor Técnico Engenheiro Marco Antônio
Cenovicz. ................................................................................................................ 138
Figura 58 - Foto Dobrandino Gustavo da Silva, Prefeito Municipal, Carlos Afonso
Teixeira de Freitas, Diretor-Presidente da Sanepar, Rogério Pinto Muniz, Diretor
Técnico da Sanepar. ............................................................................................... 142
Figura 59 - Foto Início das obras da Estação de Tratamento de Esgoto (9) - Boyci -
Final da Ra Marechal Deodoro - Ano 1993 - Diretor-Presidente da Sanepar Carlos
Afonso Teixeira de Freitas, Engenheiro José Augusto Carlessi e o Fiscal de Obras
Ermínio Gotardo. .................................................................................................... 144
Figura 60 - Foto Construção da Obra ETE Beira Rio. 1997 - Acervo Sanepar ...... 145
Figura 61 - Foto Obras de Ampliação do Sistema de Coleta de Esgoto em Foz do
Iguaçu. .................................................................................................................... 145
Figura 62 - Foto Inauguração do Sistema de Abastecimento de Água de Foz do
Iguaçu. Governador Jaime Lerner, Prefeito Harry Daijó, Carlos Afonso Teixeira de
Freitas, Diretor Presidente da Sanepar - Ano 1998 – Etapa final. .......................... 149
Figura 63 - Foto Estrutura fixa da Captação de água Bruta, Decantadores e Calha
Parshal. Lago de Itaipu. (1998). ............................................................................. 149
Figura 64 - Foto Gerente Edgard Faust Filho em reunião de preparação e
conscientização sobre a implantação do Certificado ISO - 14.001 - ...................... 155
Figura 65 - Foto Unidade Móvel de Atendimento - Ano 1998 - Atendente Neri
Vitoriano Corrêa ..................................................................................................... 157
Figura 66 - Foto Captação de Água Rio Tamanduá - a Montante da ETA. ............ 166
Figura 67 - Foto Prefeito Sâmis da Silva e Sérgio Caimi, assinam o contrato de
parceria entre a Sanepar e a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu. Implantação da
estrutura do Saneamento Rural da Vila Aparecidinha - Ano, março de 2004 ......... 168
Figura 68- Foto Inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto de Três Lagoas.
Roberto Requião, Governador do Estado do Paraná, Paulo Macdonald Guhisi,
Prefeito Municipal e Stenio Sales Jacob, Diretor Presidente da Sanepar. ............. 172
Figura 69 - Foto Tubo de 60mm de material PEAD – Polietileno de alta densidade,
aplicado no projeto Vila A. ...................................................................................... 178
Figura 70 - Foto Equipamento (Tatuzão) utilizado para a implantação de rede de
água em PEAD por cravação de toda a quadra, (processo não destrutivo). .......... 178
Figura 71 - Foto Reator ETE Ouro Verde, Balão de armazenamento do Gás Metano
e a Casinha onde funciona o complexo produtivo de energia elétrica. ................... 180
Figura 72 - Fotos Estrutura de Algumas Obras de Reservatórios e ETE Existente no
Ano de 2010. Acervo – SANEPAR – GRFI ............................................................. 184
Figura 73 – Esquema de proteção do Rio ............................................................. 193
Figura 74 - Foto Complexo atual da Estação de Tratamento de Água Vila C -
Refugio Biológico de Itaipu. Crédito Labanca - GRFI – 2018 ................................. 195
Figura 75 - Foto Complexo da Captação de água Fixa e Flutuante do Lago de Itaipu
- Rio Paraná ........................................................................................................... 195
Figura 76 - Foto Visão geral do Mapa do Cadastro de Cobertura de Redes de Água.
............................................................................................................................... 202
Figura 77 - Foto Emissário instalado no leito do Rio M’Boyci, localizado na baixada
da Rua Belarmino de Mendonça. ........................................................................... 204
Figura 78 - Mapa: Visão geral do mapa da cidade de foz do Iguaçu, quanto a
cobertura com redes de esgotos, estações elevatórias e as estações de tratamento
de esgoto. ............................................................................................................... 206
Figura 79 - Foto Vista aérea do complexo da Estação de Tratamento de Esgoto 09 -
Iate Clube – ............................................................................................................ 206
Figura 80 - Foto Reatores da ETE 9 e os Leitos de Secagem do Lodo de Esgoto -
Corpo Receptor Rio Paraná ................................................................................... 207
Figura 81 - Foto Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgoto 5 - Jupira, com
vista da Ponte Internacional da Amizade e Ciudad del Leste – Micro Centro e Leitos
de secagem do Lodo do Esgoto, Emissário do Lançamento do Efluente Tratado EM
PEAD 300m. Corpo Receptor Rio Paraná. ............................................................. 207
Figura 82 - Foto Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgoto 2 - Ouro Verde -
Shalon. Reator, Leito de Secagem, Casa de Geração de Energia Elétrica através do
Gás Metano, Balão de Armazenamento do Gás, Barracão da Estocagem e cura do
Biosólido (lodo) higienizado e calado. .................................................................... 208
Figura 8 - Foto Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgoto 5, Beira Rio - Rio
Paraná, Localizada no final da Av. Beira Rio, Centro velho da cidade. .................. 208
Figura 84 - Foto Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgoto Três Lagoas .. 209
Figura 85: Maquete Esquemática do Interior de um Ralf....................................... 209
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Investimentos de 1971 a 1980 - Foz do Iguaçu - Cód. 017 ..................... 93


Tabela 2 - Investimentos de 1981 a 1990, em Dólares/ano ................................... 106
Tabela 3 -- Água ..................................................................................................... 150
Tabela 4 - Esgoto .................................................................................................. 150
Tabela 5 - Investimentos de 1991 A 2000. ............................................................. 158
Tabela 6 - Comparativo com algumas Cidades do Brasil. ...................................... 160
Tabela 7 - Impactos Positivos Potenciais do Uso Agrícola do Lodo ....................... 164
Tabela 8 - Produção e Distribuição do Lodo - Biossólido ....................................... 164
Tabela 9 - Perdas no Sistema Distribuidor (%) - PSD 12 (2004 a 2018) ................ 174
Tabela 10 - Investimentos de 2001 a 2010 ............................................................ 180
Tabela 11 - Demonstrativo de Receitas, Custos, Despesas e Investimentos no
município de foz do Iguaçu ..................................................................................... 181
Tabela 12 - Investimentos de 2011 a 2018 ............................................................. 191
Tabela 13 - Volumes de Água Aduzidos, Produzido e Micromedidos - PSP e PSD 198
Tabela 14 - Evolução da População Urbana de Foz do Iguaçu. ............................ 198
Tabela 15 - Crescimento de Ligações de Água de Foz do Iguaçu ......................... 199
Tabela 16 - Extensão de Redes de água e Esgoto - Foz do Iguaçu – em metros
lineares. .................................................................................................................. 199
Tabela 17 – Ligações Atendidas com o Programa da Tarifa Social. ....................... 200
Tabela 18 - Crescimento de Ligações de Esgoto de Foz do Iguaçu. ..................... 204
Tabela 19 - Indicadores das Maiores Cidades do Paraná – ANO DE 2019 ............ 211
Tabela 20 - Sistema de Gerenciamento Comercial – SGC .................................... 213
Tabela 21 - Sistema de Gerenciamento Comercial – SGC .................................... 213
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - de taxas de crescimento urbano geométrico ....................................... 101


Quadro 2 - Estrutura e Responsabilidade definidas para a Implementação do
Sistema de Gestão Ambiental - Foz do Iguaçu - 1999 ........................................... 152
Quadro 3 - Abastecimento de água na Cidade de Foz do Iguaçu, no primeiro
trimestre de 2002 .................................................................................................... 160
Quadro 4 - Energia a partir de tratamento de esgoto ............................................ 179
Quadro 5 - Composição da Equipe de Administração da Gerencia Regional de Foz
do Iguaçu. Gestão 2005-2010. ............................................................................... 185
Quadro 6 - Outorga de Lançamentos, Volume anual m3/h e Vazão Máxima m3/h,
das Estações de Tratamento de Esgotos de Foz do Iguaçu. ................................. 205
16

INTRODUÇÃO

História é uma palavra com origem no antigo termo grego “historie”, e,


significa “conhecimento através da investigação”. É uma ciência que investiga o
passado da humanidade e o processo de evolução, tendo como referência um lugar,
uma época, um povo, um indivíduo específico ou como no caso a seguir: A História
do Saneamento no Paraná e em Foz do Iguaçu. Através do estudo histórico, obtém-
se um conjunto de informações sobre o processo histórico que compreende fatos
ocorridos no passado que contribuem para a compreensão do presente. A história
pode relatar a evolução do saneamento da comunidade. Ademais tal estudo, refere-
se ainda ao desenvolvimento das comunidades humanas, bem como os
acontecimentos gerais, fatos ou manifestações.

O Objetivo nesse livro é contar a rica história da evolução do saneamento


ambiental do Paraná e de Foz do Iguaçu, com algumas entradas concisas no mundo
e no Brasil que considero importante para a compreensão atual de todo o processo.
Nossa intenção não é entrar na área técnica da engenharia do saneamento que é
bem mais complexa, mas, sim descrever a evolução e perspectiva do saneamento
básico, uma vês que se trata de um importante serviço para a saúde da população e
do saneamento ambiental de um município, que poderá servir como fonte de
pesquisas para estudantes do segundo grau, acadêmicos das engenharias,
Professores que se interessarem pelo tema, bem como para a Prefeitura Municipal.

Na obra, apresentamos fundamentalmente quatro aspectos da história:


a) Saneamento nas primeiras comunidades organizadas do Mundo;
b) Relatos do início do saneamento no Brasil;
c) No Paraná, dos chafarizes ao primeiro encanamento em Curitiba, não de
ferro, mas de cobre;
E em Foz do Iguaçu, mais enfaticamente a partir da década de 60 até o ano
de 2018, estruturado por décadas e por gestões de Governadores, Deputados e
Prefeitos, bem como profissionais da Sanepar. Da captação a estação de tratamento
de água no Rio Boyci, Rio Tamanduá e do moderníssimo complexo construído no
lago de Itaipu, Rio Paraná, refúgio biológico. Dos investimentos em água, esgoto e
bens de administração identificados por décadas, dos projetos pilotos iniciados e
17

testados em Foz do Iguaçu e implantados a nível de Paraná pela Sanepar. Do


estrangulamento do sistema de abastecimento de água, da falência do Plano
Nacional de Saneamento – PLANASA a nível de Brasil, bem como entrevistas com
pioneiros da cidade que viveram no tempo do departamento de água e esgoto
(DAE), do primeiro chefe do departamento nos anos de 60 até os dias atuais. Do
início na década de 1990 na construção das estações de tratamento dos esgotos, as
ampliações e modernizações do sistema, tratamento do lodo do esgoto, despoluindo
rios e córregos da cidade, até a produção de energia elétrica através do gás metano
gerado no processo de tratamento de esgoto.

Ressalto que não se trata de uma publicação de cunho técnico. Nem será a
minha pretensão de apresentar uma perfeita e completa cronologia dos fatos. Mas,
os principais acontecimentos políticos e de resolução dos problemas vividos na área
por seus habitantes, já que não se pratica ações concretas na área de saneamento
sem o envolvimento de nossos políticos e gestores afins. Espero que a leitura desse
livro traga conhecimentos aqueles que buscam conhecer o alicerce estruturante do
sistema (água e esgoto), visando sempre o bem estar da população e o equilíbrio do
meio ambiente em que vivemos. Assim, me sentirei gratificado.

(Sérgio Caimi)
18

CAPÍTULO I - SANEAMENTO NO MUNDO - BREVE HISTÓRICO

“Louvado seja, meu Senhor, pela irmã água, que me é útil e humilde
e precioso e casta”. (O Cântico do Irmão Sol – São Francisco de
Assis).
“Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Por isso a
excelência não é um ato, mas sim um hábito”. (Aristóteles).

Hoje em dia com a moderna tecnologia e auxílio da (telemática), casamento


da telefonia com a informática “com “software” e gerenciadores implantados em
processos de captação, tratamento, armazenamento e distribuição de água tratada,
coleta e tratamento do esgoto, com sua mão direita ou com a esquerda você
consegue abrir meia volta da torneira instalada na pia da cozinha, no banheiro de
sua casa ou apartamento, nos centros urbanos ou em comunidades Rurais. Mas,
nem todas as comunidades recebem água tratada e de boa qualidade, muito
embora, o grande problema no mundo e em algumas regiões seja a falta de
investimentos no setor, e a falta de vontade política. A população necessita de um
maior volume de informações, principalmente, as crianças quando de sua formação.

De qualquer forma o que nos chama atenção é que centenas de milhares de


pessoas em todo o mundo vivem sem acesso à água limpa para beber, de acordo
com a Organização Internacional WATERAID*, relatório do dia 22/03/17, por ocasião
do dia Mundial da água. Imagine então a questão do acesso das habitações com
relação a coleta do lodo do esgoto gerado a partir da utilização da água.

Atualmente, segundo dados do referido relatório, 663 milhões de pessoas


ainda estão sem água potável nos centros urbanos e em áreas rurais. O problema
afeta principalmente os países mais pobres, mas, contudo, está presente também
em algumas economias mais desenvolvidas ou em desenvolvimento. Países
Africanos, Angola, República Democrática do Congo e Guiné Equatorial encabeçam
a lista dos países mais afetados pela falta de água potável. Em cada um deles mais
de dois terços dos habitantes em zonas rurais estão desprovidos de água limpa. Em
todo o Mundo, cerca de três em cada dez - em um total de 2,1 bilhões não tem
acesso à água limpa em casa e seis em cada dez - ou, 4,2 bilhões - carecem de
saneamento seguro. Também confirmam esse cenário a (OMS) Organização
19

Mundial da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF), dados
divulgados também no ano de 2017.

A água potável, o saneamento e a higiene em casa não deve ser privilégio


apenas daqueles que são ricos ou vivem em centros urbanos, sendo esses alguns
dos requisitos mais básicos para a saúde humana e todos os países têm a
responsabilidade de garantir que todos possam acessá-los. Bilhões de pessoas
tiveram acesso a serviços básicos de água e saneamento com um esforço tímido,
mas esses serviços não foram necessariamente água potável e saneamento seguro.
Em muitas casas, instalações de saúde e escolas ainda faltam água e sabão para a
lavagem das mãos. Isso coloca todas as pessoas, especialmente crianças
pequenas, em risco de contrair doenças como a diarreia. E, todos os anos em média
361 mil crianças com menos de 5 anos morrem por deficiência desse serviço, por
não receberem água de qualidade, bem como pela transmissão de doenças como
cólera, disenteria, hepatite A e febre tifoide. Água segura, saneamento eficaz e
higiene são fundamentais para a saúde de cada criança e de cada comunidade,
sendo, portanto, essenciais para a construção de sociedades mais fortes, saudáveis
e mais equitativas. À medida que avança esse serviço nas localidades mais
vulneráveis junto às crianças mais desfavorecidas, oportuniza-se a elas condições
favoráveis para que desfrutem de um futuro melhor com horizonte mais próspero.

Aproximadamente no ano 5.000 (a.C.) (p.13), grupos de agricultores se


estabeleceram na área fértil do Sul da Mesopotâmia (atual Iraque) conhecida então
como Suméria. A partir desse início humilde, formou-se a primeira grande civilização
do mundo. Vivendo nos vales ao longo dos rios Tigre e Eufrates (Mesopotâmia, em
grego, significa (terra entre rios), os agricultores sumérios conseguiram obter fartas
colheitas de cereais e outros produtos agrícolas, cujos excedentes lhes permitiram
se fixar no lugar). Os excedentes eram também trocados por ferramentas e
utensílios de metal produzidos por povos que viviam em regiões extremamente
distantes, como as que hoje fazem parte do Paquistão e do Afeganistão. Sendo suas
terras sujeitas a inundações, os sumérios construíram uma rede de valas e canais
de escoamento. Já em meados do ano 3.000 a.C., algumas cidades-estados haviam
se desenvolvido na região. A maior delas era Ur na Caldéia, com população em
torno de 40 mil habitantes.
20

Figura 1 - Mapa dos Antigos Impérios: África e Oriente Médio, 3500-60 a.C.
Fonte: Adaptado de Emma Marriott (2016, p. 200).

Uma das comunidades urbanas mais desenvolvidas do mundo surgiu por


volta do ano 2.500 (a.C), no vale do Baixo Indo, hoje parte do Paquistão. Além de
ser, sob muitos aspectos, mais avançada que o Antigo Egito, era mais extensa,
cobrindo uma área de aproximadamente 500 mil km2, contra 63 mil do Egito. Foi a
primeira civilização a surgir no Sul da Ásia e deveu seu desenvolvimento às terras
férteis do vale e água em abundância para uso na agricultura, para consumo e para
as necessidades básicas do povo. 100 sítios relacionados à civilização do Indo
foram escavados por arqueólogos, e o trabalho ainda nos dias atuais estão em pleno
desenvolvimento. O maior desses assentamentos inclui as cidades de Harappa,
Mohhenjo-Daro e Dholavira, cada uma com população entre 30 e 40 mil habitantes.
Sólidos prédios construídos com tijolos de barro cozido e organizados em um
planejamento urbano, comum a muitas das cidades e dos vilarejos do lugar.
Registros da época indicam que, essas povoações também se destacam por alguns
dos sistemas de saneamento mais avançado da história (p. 22). Quase todas as
habitações de Mohenjo-Daro dispunham de vaso sanitário conectado a esgotos
revestidos com tijolos, que corriam sob as ruas.
21

1.1 POVO CELTA. (ALEMANHA, FRANÇA E ÁUSTRIA)

Tribos indo-europeias que por volta do ano 500 a.C. habitavam o sudoeste da
Alemanha, o noroeste da França, os celtas eram cavaleiros habilidosos e viveram
originalmente na região do mar Cáspio. Os mais antigos registros arqueológicos que
se conhecem - túmulos de chefes em Hallstatt, Áustria - datam de 700 (a.C.) E, mais
ou menos 400 (a.C.), tribos celtas entraram na Itália, estabelecendo-se no vale do
rio Pó. Ao mesmo tempo, outras tribos celtas rumavam para o sul, invadindo a
França e a Espanha. A leste, penetraram a Anatólia (onde fundaram a Galácia), e a
oeste, as Ilhas Britânicas. Em sua maior parte, eram povos agrícolas que
desenvolveram o arado puxado a bois em vez de equipamentos manuais e viviam
em aldeias bem definidas e sobretudo historiadores encontraram vestígios de obras
de canalização de água bruta do rio para o centro das comunidades, mas,
efetivamente não se sabe como funcionava na realidade a distribuição.

1.2 ROMA - POVO ETRUSCO

Eram habitantes da antiga Etrúria (moderna Toscana, na Itália), (p.42). A


cultura Etrusca se desenvolveu na Itália a partir de 800 a.C. Nos séculos VI e VII
a.C., os etruscos dominavam parte da Itália central e sua arte e arquitetura tiveram
grande influência sobre Roma, fundada em 753ª a.C. De acordo com a tradição
romana foi estabelecida por diversas comunidades, inclusive etruscos e latinos.
Rômulo, seu primeiro rei e fundador, foi sucedido por seis reis que eram tanto de
origem latina quanto etrusca.

1.3 CLOACA MÁXIMA

A Cloaca máxima foi um dos primeiros sistemas de coleta de esgoto do


mundo. Construída na antiga Roma para drenar os marshes locais e retirar o esgoto
da cidade mais populosa do mundo, transportava os efluentes para o rio Tiber, que
corria ao lado da cidade.
22

O nome significa (O Maior Esgoto). Conforme sua tradição, sua construção foi
iniciada por volta de 600 a.C pelo rei Lucius Arquinius Priscus. Esta obra pública foi
projetada por engenheiros Etruscos e grandes quantidade de mão de obra das
classes pobres de Roma. Embora hoje só se observa a parte enterrada, túneis
embaixo de Roma, estudos indicam que originalmente era um dreno aberto, formado
pela canalização de riachos das três colinas vechinhas, através do Fórum e depois
para o Tiber. Este dreno a céu aberto foi sendo coberto gradualmente, à medida que
o espaço dentro da cidade foi ganhando valor.

Existem numerosas ramificações do esgoto principal, mas todos parecem ser


drenos de banheiros públicos, casas de banho e outros edifícios públicos.
Residências privadas e condomínios usavam cisternas para o esgoto. A Cloaca
Máxima recebeu manutenção adequada durante a existência do Império Romano, e
existem evidências de que continua funcionando bem depois da queda do Império
Romano do Ocidente. Diferentes estilos de construção e materiais de várias épocas
indicam que o sistema era mantido com frequência. Recentemente, alguns trechos
foram conectados para ajudar no combate ao refluxo do Rio.

Figura 2 - Mapa da Cidade de Roma, tempo do Império Romano.


1
Nota: Adaptado

1
A Cloaca Máxima era protegida, conforme a mitologia pela deusa Cloacina. A saída no rio
Tiber é ainda visível perto da ponte Rotto, e perto da Ponte Palatino. Há uma escala que
conduz a Cloaca Máxima perto da Basílica Julia no Fórum.
23

Figura 3 – Túnel de esgoto da Cidade de Roma para o Rio Tibre

1.4 HISTÓRIA DOS AQUEDUTOS

Os aglomerados surgiram, desde os mais remotos tempos, em regiões


banhadas por cursos d'Água. No ensino primário este detalhe fazia parte do
aprendizado da história dos povos, sempre intimamente ligada à água. De acordo
com Shuster (1994) em sua obra, em comemoração aos 30 anos da SANEPAR,
(Resgate da Memória do Saneamento Básico do Paraná), parte dos anexos, “o que
não se sabe, de forma segura, é de que maneira teve início o que modernamente se
denomina de saneamento básico. Ficou perdido este período histórico. Mas, há
registros, há escritos muito antigos a respeito e que foram resgatados pelos
pesquisadores. Adiante veremos registros históricos acerca do assunto”.

Um dos mais antigos manuscritos de que se tem notícia é de autoria de


Sextus Julius Frontinus (35 d.C./104 d.C.), um experiente general romano e que foi,
certamente, o primeiro Superintendente de Águas da história da humanidade. Das
Águas de Roma. Ele escreveu (Das Águas da Cidade de Roma), no título original
(De A quis Urbis Romae) (97 d.C. há 104 d.C.) e cujo o relatório foi preservado, não
de forma como foi escrita, mas através de reproduções que se aproximam do
original, feitas ao longo dos séculos seguintes. Uma das traduções para o português
24

é do engenheiro civil sanitarista Wolfgang G. Wiendl, publicada pela Cetesb, São


Paulo em, 1983. Outra publicação é da Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba,
Cagepa, no mesmo ano.

Roma, fundada por Rômulo e Remo, segundo a lenda, na época de Sextus


Julius Frontinus já não era mais abastecida por poços ou fontes. Os romanos, assim
como os chineses, os hindus, os hebreus, os gregos, os egípcios e, mais próximos
de nós, os astecas, já tinham certo domínio de conhecimentos para aproveitamento
público de água para irrigação, elevação mecânica, uso de dejetos, etc. Assim é que
Roma, no esplendor de suas conquistas, já era servida por 10 aquedutos, com uma
extensão de 421.950 metros, dos quais 368.067 metros eram subterrâneos. Nada
mais recomendável que o sistema tivesse o seu Superintendente de Água. Sobre
ele, pesou a responsabilidade de abastecer uma população de 1.200.000 habitantes.

Aproximadamente em 38 d.C., foi construído o aqueduto de Cláudia e, em 50


d.C., Ateneo realizou estudos recomendando a purificação da água e o uso de
filtração simples e múltipla. Em Roma os aquedutos levavam água aos reservatórios
e destes a tanques menores, com vazões controladas por comportas, privilegiando,
primeiro, as fontes públicas, depois, os banhos, e, finalmente, os lares dos mais
abastados.

Figura 4 - Aqueduto da Cidade de Roma de abastecimento público.


Nota: Um exemplo da engenharia dos Romanos direcionadas ao saneamento básico. Adaptado p. 34.
25

Figura 5 – Poço de José, construído há mais de 1000 anos a.C.


Nota: 2

O Engenheiro Paulo Bezerril Júnior, assim conceituou o ilustre administrador


romano: (…) Apesar de não contar com os sofisticados recursos tecnológicos
disponíveis nos dias de hoje, aquele militar e (engenheiro) tinha plena consciência
de que só administraria bem o sistema se quantificasse as águas. Assim, estendeu
detalhada análise, seja sobre o que realmente se fornecia aos consumidores (dentro
da atual preocupação de (hidrometria) e (micromedição), seja sobre as quantidades
totais produzidas e fornecidas (macromedição na produção e na distribuição).
Aquedutos, contudo, não eram obras apenas da Roma dos Césares, do Egito dos
Faraós ou da França de Luiz XV. Nas terras de Portugal, há um grande número

2
O poço ainda pode ser visto no Cairo. A água era elevada mecanicamente de uma profundidade de 90 metros
até a superfície, utilizando-se duas juntas de animais, uma delas operando em uma câmara intermediária, a 45
metros de profundidade e a outra à superfície do solo.
26

deles, principalmente em torno de Lisboa, construídos no século 18, um dos quais


durante o reinado de D. João V e concluído 100 anos depois. Foi chamado de
(Aqueduto Geral das Águas Livres), com 58 quilômetros de comprimento, tornando-
se o grande abastecedor de Lisboa. Outro, mais extenso, com 114 quilômetros de
extensão, é de Alviela, cuja construção foi iniciada em 1871 e concluída em 1880,
relata o Engenheiro, (p.10).

Figura 6 – Parte do Aqueduto das Águas Livres, cujas nascentes se localizavam a 58


quilômetros de Lisboa.

Obras antigas que hoje se podem chamar de saneamento básico, resistiram


até nossos dias, enquanto a maioria e os próprios conhecimentos, em muitos casos,
se perderam por não fazer parte do saber do povo. Por conta disso, depois de
avanços consideráveis, com o advento da Idade Média na Europa e o esmagamento
da minoria que detinha os atributos do conhecimento, houve margem a violento
retrocesso nas condições de salubridade em todo o mundo. Ninguém, praticamente,
tomou banho, em quase mil anos.
27

Figura 7 – O Aqueduto Alviela tem 114 quilômetros de extensão, captando água das
nascentes do rio que leva o mesmo nome a nordeste da cidade de Lisboa

1.5 IDADE MÉDIA.

No início da Idade Média (século V d.C. , ao século XV d.C), com a queda do


Império Romano no Ocidente, surgem novas regiões como Gália, Germânia,
Espanha, Portugal e novas organizações socioeconômicas que se consolidam no
sistema feudal. A água é entendida como um elemento vital para o desenvolvimento
econômico. Rodas d'água e moinhos foram projetados para fornecer força motriz na
moagem, tecelagem, tintura e curtimento, atividades de transformação de
propriedades dos senhores feudais e o abastecimento era feito por meio de
captação direta dos rios, diferente das práticas romanas de captar a água de longas
distâncias. A população da época tinha um consumo de água de apenas um litro por
habitante diariamente. O baixo consumo acarretou em graves consequências à
saúde pública. Foi a época do lançamento dos dejetos nas ruas, das sucessivas
epidemias.
28

1.6 NAS AMÉRICAS - NO PERU

Os paracas, cuja cultura estava relacionada à civilização chavín (p.49),


floresceram de 900 a 400, aproximadamente, na península desértica ao norte de
Lima. O que se sabe sobre os paracas provém das escavações feitas na década de
1920 em Cerro Colorado, que revelaram túmulos em forma de poços, cada um
contendo inúmeros corpos, embrulhados em tecidos de textura intrincada. Outra
civilização conhecida como moche, surgiu mais ao norte, em Sepé, na costa
peruana e segundo consta, os moches se destacaram por seus objetos de cerâmica
detalhadamente pintados (e por produzi-los, pela primeira vez, através de moldes,
permitindo assim a produção em massa de alguns tipos), por sua metalurgia e as
monumentais construções em forma de pirâmides, conhecidas por Buacas e a maior
era a Huaca del Sol, que com 40 metros de altura foi a maior construção pré
colombiana no Peru. Os moches, que tinham sua cultura baseada na agricultura,
desenvolveram sofisticadas técnicas de irrigação e introduziram o uso do guano
(excrementos de aves) como fertilizante e, racionavam (naquela época) a água que
disponibilizavam para abastecimentos das necessidades humanas.

1.7 OUTRAS CULTURAS NAS AMÉRICAS

Na América do Norte, prevalecia a vida nômade, característica da Idade da


Pedra, embora por volta do ano de 500 a.C., surgissem novos métodos de
agricultura, notadamente no vale do rio Ohio. Por volta de 200 d.C., os índios
conhecidos como mogollon, que viviam nas montanhas a sudeste do Arizona e no
sudoeste do Novo México, viviam em pequenos “pueblos” com casas
semienterradas. Mais ao Sul, no México e por volta do século VIII, a cidade hoje
conhecida como Monte Albá foi uma das primeiras da América Central. Situada no
alto de uma colina do estado de Oaxaca, surgiu como centro da antiga cultura
zapoteca e abrigava grandes praças, passagens subterrâneas, canalizações de
água até ao centro das comunidades que possuía quadras para jogos com bolas e
elaboradas sepulturas. Atingiu o apogeu entre os anos de 400 e 500, mas foi
abandonada por volta de 750.
29

1.8 A CIVILIZAÇÃO DOS MAIAS PODE TER DESAPARECIDO POR FALTA DE


ÁGUA

A civilização mais avançada e duradoura das Américas pré-colombianas foi a


dos maias, estabelecida no Sul do México e na Guatemala. Dando seguimento a
algumas das tradições dos vizinhos olmecas (como construção de templos), os
maias atingiram o auge entre os séculos IV e VIII, embora a civilização maia, no que
se refere a cidades estabelecidas, tenha se iniciado por volta do ano 600 a.C., (p.
71). Boa parte da civilização maia trabalhava na terra, cultivando lavouras, como
milho, em clareiras que abriram na floresta pluvial, eram singulares, no sentido de
que sua civilização surgiu em matas pluviais, em vez de planícies fluviais.

Atingiu seu ápice durante o período clássico (250-950), de acordo com


edição especial n. 14 do Sientfific American Brasil. No auge, em 750, a população
ultrapassou 13 milhões de habitantes. Porém, pouco tempo depois, entre 750 e 950,
houve rápido declínio. Centros urbanos densamente povoados foram abandonados,
e seus impressionantes edifícios viraram ruínas. A razão do colapso repentino é
explicada em estudos da atualidade que, de maneira reduzida a civilização maia
enfrentou períodos de seca prolongado e sobreviveu nas terras altas da Guatemala
e na península de Iucatã até a chegada dos conquistadores espanhóis no século
XVI. Várias cidades da época foram projetadas para coletar a água de chuva e
canalizá-la em canteiros, escavações e depressões naturais especialmente
preparados para impedir que ela se infiltrasse no solo. A cidade de Tikal, tinha
inúmeros reservatórios que, juntos, podiam armazenar o suficiente para atender as
necessidades de água potável de cerca de 10 mil pessoas por 18 meses.
Construíram também reservatórios no topo das montanhas, aproveitando a
gravidade para distribuir a água por canais em complexos sistemas de irrigação.
Apesar da sofisticação de sua engenharia hidrológica, eles dependiam em última
instância das chuvas sazonais para repor seus reservatórios, pois a água
subterrânea natural era inacessível em parte considerável de seus domínios. Diego
de Landa, bispo de Yucatã escreveu em 1566: (A natureza trabalhou de maneira tão
diferente neste país no que diz respeito aos rios e nascentes, que em todo o mundo
eles correm sobre o solo, mas aqui eles fluem por passagens secretas
subterrâneas).
30

Os maias foram capazes de atingir o lençol freático nas várias colinas da


região e de escavar poços. Mas, em direção ao Sul, a paisagem se elevava e a
profundidade até o lençol freático aumentou o que torna impossível o acesso à água
subterrânea com a tecnologia da época. Em suma, acabaram-se as opções.

Figura 8 - Mapa dos Antigos Impérios: Adaptado: Américas e Extremo Oriente.3500 a. C.-
900 d.C. - Citado por Marriott (2016).

1.8 DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO MUNDO

Dois mil anos antes de Cristo, entre os persas, havia leis que proibiam o
lançamento de excretas nos rios, no livro sagrado Zenda Vesta, Zoroastro prescreve
abluções diárias para saúde e higiene. Na história dos sumérios, entre 5 mil e 4 mil
a.C., diz a lenda que, sobre todos os deuses, reinava Enkri, isto é, a “Água
Primordial”, resultando desse deus Apson, as “Águas Doces”, e Tiamant, as “Águas
Salgadas”.

No Egito, a água era armazenada em potes de barro durante vários meses,


sofrendo decantação até que fosse destinada ao consumo humano. Esse método de
tratamento era utilizado em 1450 a.C., Também milênios antes de Cristo, chineses e
japoneses serviam-se da filtração por capilaridade para obter água em condições de
potabilidade, conta Aristides Almeida Rocha (p. 14).
31

A água, como não podia deixar de ser, é citada inúmeras vezes na Bíblia. O
Gênesis 2:10 fala: “E saía um rio de Édem para regar o jardim; e dali se dividia e se
tornava em 4 braços” Também no Gênesis 2:5, 6:10 e em Jó 14:9, ressalta-se a
importância da água para a vegetação. Em Jô 8:11 e Isaias 1:30, é enfatizada a
grande quantidade de água que exigem certas plantas.

Ainda em Jô 22:7, Provérbios 25:25 e Apocalipse 7:16, comenta-se a


importância da água para saciar a sede e a utilidade como refrigerante.

São João 2:11 aconselha preservar a água guardando-a em potes e talhas de


barro ou, como recomendavam Samuel 26:11 e São Marcos 14:13, a transportá-la
em cântaros.

Em Reis 20:20, sugere-se a canalização desde a fonte para distribuir a água


às cidades, e Samuel 9:11 descreve os profissionais que transportavam a água, e
Jeremias 5:4 lamentava às vezes ser escassa e vendida por alto preço.

No Êxodo 7:21 e em Ezequiel 7:15, assinala-se o uso da água para as


práticas religiosas, abluções, devoções, milagres etc. No entanto em Êxodo 15.23,
além de outras passagens, aparecem também informações de que frequentemente
ela estava imprópria para quaisquer usos.

O volume total de água na terra é da ordem de 1.44 bilhão de quilômetros


cúbicos, (p. 96), distribuídos da seguinte forma: 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos
nos oceanos, 29 milhões nas geleiras e calotas polares, 8,5 milhões no subsolo, 200
mil nos lagos e rios e 15 mil quilômetros cúbicos na atmosfera. Ou seja, de toda a
água do planeta, cerca de 97% são de água salgada e 3%, é de água doce. Desse
volume 76,51% concentra-se em geleiras, 23,22% em rios e lagos e apenas 0,27% é
de água doce com qualidade para consumo, e concentram-se distantes das
concentrações populacionais. Este volume, no entanto, representa metade da tampa
de uma garrafa de 2 litros. De acordo com uma pesquisa feita pela Organização
Mundial da Saúde (ONU), do consumo anual de água potável por habitantes em
metros cúbicos revelou, na América do Norte e Central o consumo é de 1451 m3,
Europa 626 m3, Oceania 586 m3, Ásia 542 m 3, América do Sul 332 m3 e África é de
199 m3. E, dentre os países que sentem falta do produto, a água disponível por
habitantes em metros cúbicos revelou o Egito com 936 m3, reduzindo para 503 m3
em 2050, com maior disponibilidade e a Líbia com 111 m3, caindo para 31 m3 por
32

habitantes, é o país que mais apresenta o menor resultado, e que fatalmente terá
sérios problemas de abastecimento de água potável no ano de 2050.

Gráfico 1 - Países que sentem falta de água

1.9 ALTERNATIVAS DA ATUALIDADE

Uma estratégia recentemente desenvolvida vem sendo adotada na região


com destaque para Israel, que desenvolveu a maior usina de dessalinização do
mundo. Ela consiste, basicamente, em retirar a água do mar e transformá-la em
água potável, própria para consumo. Apesar de o País ser dominante nesse tipo de
tecnologia (além de ser líder em técnicas de aproveitamento do uso da água), esse
processo é considerado muito caro, além de ser considerado altamente poluente.
Assim, dificilmente os demais países da região adotarão esse recurso em futuro
próximo, em função de seus elevados graus de subdesenvolvimento e dependência
econômica.
33

CAPÍTULO II: BRASIL

A grande loucura é descurarmos as coisas úteis e necessárias,


entregando-nos, com avidez, às curiosas e nocivas. Em verdade,
temos olhos e não vemos. (Frei Tomás de Kempis, 1380 – 1471).
Como é difícil fazer as pessoas compreenderem que o ideal não
existe, que o equilíbrio pessoal e a harmonia com que se vive
sonhando só chega depois de anos de lutas e sofrimento. E, mesmo
assim, só vem como toques de graça e paz. (Jean Vanier).

No Brasil, boa parte da população não tem acesso à água potável. Segundo a
Secretaria de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente, o território brasileiro contém
cerca de 12% de água doce do planeta. O país detém em torno de 2000 mil
microbacias espalhadas em 12 regiões hidrográficas, como a Amazônia por
exemplo.

Essa abundância, entretanto, não significa que o recurso seja inesgotável. A


água sempre estará disponível, mas se sabe hoje que isso não significa água para
todos e um dos problemas é que a disponibilidade de água é muito desigual.

A região norte, por exemplo, tem 6% da população brasileira e 68,5% da água


doce; já o Sudeste tem 40% da população e 6% da água doce, enquanto o Nordeste
possui pouco mais de 3,5% da água doce e 29% da população, o Centro-Oeste tem
6% e o Sul com 6,5% com maiores números de habitantes, segundo dados do último
relatório do Instituto Trata Brasil elaborado no ano de 2017 conforme mostra o
gráfico a seguir.
34

Gráfico 2 - Distribuição de Água no Brasil por Regiões


Fonte: Instituto Trata Brasil (2017)

Um estudo técnico elaborado pela Associação Brasileira de Engenharia


Sanitária e Ambiental (ABES) no início de 2018, o programa de saneamento em
termos de abastecimento de água potável, mostra a cobertura de 85,4% da
população e de coleta de esgoto de 65,3%. Ainda temos no Brasil aproximadamente
29.200,000 (vinte e nove milhões e duzentas mil) pessoas sem acesso à água de
boa qualidade e 69.400,000 (sessenta e nove milhões e quatrocentas mil) sem
acesso a rede de coleta de esgoto. Entendemos que é uma situação que deve gerar
preocupação para quem administra e investe na área (o Governo, Empresas
Estaduais de Saneamento, as Autarquias), pois, a água sem qualidade sendo
ingerida pelo homem, pode causar inúmeras doenças maléficas capazes de levar o
indivíduo a óbito se não tratada a tempo. Na mesma direção um indicador ainda pior
é o tratamento dos dejetos: de pouco mais da metade da população brasileira
atendida por rede coletora, o índice de tratamento é muito baixo, girando em torno
de 35%.

Durante a história do Saneamento no Brasil identificamos vários fatores que


dificultaram o progresso nesse campo ao longo dos anos. Podemos citar alguns
obstáculos que impediram o desenvolvimento nessa área não tenha atingido
crescimento expressivo, dentre eles:
35

1) A falta de planejamento;

2) O volume insuficiente de investimentos;

3) A baixa qualidade técnica dos projetos em algumas regiões e a


dificuldade para obter financiamentos e licenças para as devidas obras,
bem como vontade política.

2.1 ENTENDENDO UM POUCO DA HISTÓRIA DO BRASIL

Não se pode escrever sobre saneamento básico, sem antes de tudo, entender
um pouco da história do Brasil, a partir da chegada da Família Real que fugiram de
Portugal devido a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte em 1808, naquele ano
marcante para o Brasil.

Ao ler a partir do ano de 2009, 2012 e 2014 e agora relendo as três obras que
considero as mais importantes sobre história do Brasil, (1808, 1822 e 1889), do
autor Laurentino Gomes, paranaense de Maringá nascido no ano de 1956, jornalista
e formado pela Universidade Federal do Paraná, com pós-graduação em
Administração pela Universidade de São Paulo e cursos nas universidades de
Cambridge, na Inglaterra, e Vanderbilt, nos Estados Unidos. Laurentino narra que D.
João VI foi o único soberano europeu a colocar os pés em terras americanas em
mais de quatro séculos, e foi quem transformou uma colônia em um país
independente. No entanto, seu reinado no Brasil padece de um relativo
esquecimento. A fuga da família real para o Rio de Janeiro ocorreu num dos
momentos mais apaixonantes e revolucionários do Brasil, de Portugal e do Mundo.
Guerras napoleônicas, revoluções republicanas e escravidão formaram o caldo no
qual se deu a mudança da corte portuguesa e sua instalação no Brasil. O Propósito
do livro 1808 de Gomes, foi resgatar e contar de forma acessível a história da corte
portuguesa no Brasil e devolver seus protagonistas à dimensão mais correta
possível dos papéis que desempenharam há mais de duzentos anos. Como vimos
nas narrativas, esses personagens podem ser, sim, inacreditavelmente caricatos,
mas isso é algo que se poderia dizer de todos os governantes que os seguiram,
inclusive alguns muito atuais. (...)
36

2.2 SALVADOR

Na (p.113), Gomes relata que, apesar do seu movimentado porto e de sua


importância política, Salvador era uma cidade relativamente pequena, de apenas
46.000 habitantes, um pouco menor do que o Rio de Janeiro, que, nessa época,
tinha 60.000 pessoas. Sua localização, sobre um terreno muito elevado correndo em
declive para o mar, seguia à risca a estratégia militar adotada pelos portugueses
para a defesa do império. Lisboa e o Porto, em Portugal, Luanda, em Angola,
Macou, na China, Rio de Janeiro e Olinda, no Brasil, seguiam o mesmo modelo. “As
igrejas, conventos, edifícios públicos e residências das famílias mais abastadas
ficavam na cidade alta. Na cidade baixa senão comerciantes” O deslumbramento da
paisagem, porém, se convertia em decepção quando o visitante entrava na cidade.
Maria Graham achou tudo muito sujo e decadente. “A rua pela qual entramos
através do portão arsenal é, sem dúvida nenhuma um lugar mais sujo que eu jamais
estive”. Nos espaços que deixam livres, ao longo da parede, estão vendedores de
frutas, salsichas, chouriços, peixe-frito, azeite e doces, negros trançando chapéus ou
tapetes, cadeiras, cães, porcos, aves domésticas, sem separação nem distinção.
Como a sarjeta corre no meio-fio da rua, tudo ali se atira das diferentes lojas, bem
como das janelas. Ali vivem e alimenta-se os animais”. As Naus que partiram de
Portugal com destino ao Brasil tendo rotas traçadas pelos comandantes, tinha
objetivo aportar no Rio de Janeiro, mas D. João VI alterou o traçado e aportou em
Salvador em 1808.

2.2 RIO DE JANEIRO

Depois de permanecer em Salvador por 30 dias, a Corte Portuguesa chegou


Rio de Janeiro e ali se estabeleceu. Depois da ocupação de Lisboa pelos Franceses,
o Rio de Janeiro se tornou o mais importante centro naval e comercial do império (p.
156). Mais de um terço de todas as exportações e importações da colônia passavam
pelo seu porto, bem à frente de Salvador que, apesar da importância da produção de
açúcar no Nordeste, nessa época respondia por apenas um quarto do comércio
exterior das Américas. Segundo cálculos do historiador Manolo Garcia Florentino,
37

nada menos do que 850.000 escravos africanos tinham passado pelo porto do Rio
no século XVIII, o que representava pouco menos da metade de todos os negros
cativos trazidos para o Brasil nesse período.

“A limpeza da cidade estava aos urubus”, escreveu o historiador Oliveira Lima


(p. 157). Alexander Caldcleugh, um estrangeiro que viajou ao Brasil entre 1819 e
1821, ficou impressionado com o número de ratos que infestavam a cidade e seus
arredores. “Muitas das melhores casas estão de tal forma repletas deles que durante
um jantar não é incomum vê-los passeando pela sala”, afirmou. Devido à pouca
profundidade do lençol freático, a construção de fossas sanitárias era proibida. A
urina e as fezes dos moradores, recolhidas durante a noite, eram transportadas de
manhã para serem despejadas no mar por escravos que carregavam grandes tonéis
de esgoto nas costas. Durante o percurso, parte do conteúdo desses tonéis, repleto
de amônia e ureia, caía sobre suas costas negras. Por isso, esses escravos eram
conhecidos como “tigres”. Devido à falta de um sistema de coleta de esgotos, os
“tigres” continuaram em atividade no Rio de Janeiro até 1860 e no Recife até 1882.
O sociólogo Gilberto Freyre diz que a facilidade de dispor de “tigres” e seu baixo
custo retardou a criação das redes de saneamento nas cidades litorâneas
brasileiras, (p.158).

A chegada da família real produziu uma revolução no Rio de Janeiro. O


saneamento, a saúde, a arquitetura, a cultura, as artes, os costumes, tudo mudou
para melhor --- pelo menos para a elite branca que frequentava a vida na corte.
Entre 1808 e 1822 a área da cidade triplicou com a criação de novos bairros e
freguesias. A população cresceu 30% nesse período, mas o número de escravos
triplicou, de 12000 para mais de 36000. O tráfego de animais e carruagens ficou tão
intenso que foi preciso criar leis e regulamentos para discipliná-lo. A rua da Direita
tornou-se, a partir de 1824, a primeira da cidade a ter numeração predial e o trânsito
organizado pelo sistema de mão e conta mão.

Em sua obra 1889 (p. 70-71), Gomes descreve que entre 1872 e 1895 nas
grandes capitais, a paisagem urbana se transformara completo. Em algumas delas,
as ruas centrais eram iluminadas por lampiões a gás, mais eficientes do que as
antigas lanternas a óleo de baleia, de manutenção difícil e funcionamento incerto.
Também foram instaladas redes de tráfego urbano em Salvador, Rio de Janeiro, São
Luiz, Recife, Campinas e São Paulo. Em 1887, sete linhas de bonde transportavam
38

1,5 milhão de passageiros por ano na capital paulista. O Rio de Janeiro era a vitrine
de todas as mudanças. A cidade recebera arborização em 1820, calçamento com
paralelepípedos em 1853, iluminação a gás em 1854, bondes puxados a burro em
1859, rede de esgoto em 1862, abastecimento domiciliar de água em 1874, com
caixas de água importadas da França e instaladas nas principais capitais, conforme
relato de Alemão Koseritz, citado por Gomes. Euclides da Cunha, engenheiro e
escritor, ativista republicano em 1889 e autor de Os Sertões, uma das mais
importantes obras literárias brasileiras que tive a oportunidade de ler no ano de
1978. “Certa vez definiu o Brasil como “o único caso histórico de uma nacionalidade
feita por uma teoria política”. Segundo ele, as instituições nacionais construídas no
Império baseavam-se em conceitos políticos e filosóficos importados de fora, que
pouco tinham a ver com a realidade observada nas ruas e nos campos de um
território ermo, pobre e atrasado. O Brasil da teoria era diferente do Brasil da
prática”.

2.3 A QUEDA DO IMPÉRIO

“Nas últimas semanas do ano de 1889, os tripulantes de um navio brasileiro


ancorado no porto de Colombo, capital do Ceilão (atual Siri Lanka), foram pegos de
surpresa pelas notícias que chegavam do outro lado do mundo”. (Brasil República)”,
anunciava o telegrama recebido pelo almirante Custódio José de Melo, comandante
do cruzador Almirante Barroso. “Bandeira mesma sem coroa...”, acrescentava a
mensagem. Despachado do Rio de Janeiro, o telegrama só confirmava os rumores
que a tripulação tinha ouvido na escala anterior, na Indonésia. Dizia-se que o
governo do Brasil havia sido derrubado. Mais do que isso, o país passara por uma
drástica mudança de regime. O Império brasileiro, até então tido como a mais
estável e duradoura experiência de governo na América Latina, com 67 anos de
história, desabara na manhã de 15 de novembro. A Monarquia cedera lugar a
República. O austero e admirado imperador Pedro II fora obrigado a sair do país.
Vivia exilado na Europa, banido para sempre do solo em que nascera. Enquanto
isso, os destinos da nova República estavam nas mãos de um marechal já idoso e
39

bastante doente, o alagoano Manoel Deodoro da Fonseca, considerado até então


um monarquista convicto e amigo do imperador desposto”.

A viagem nas leituras das obras de Laurentino Gomes, me dá a impressão de


que estamos vivendo aqueles momentos da chegada e governo da Família Real no
Brasil e que governaram a colônia e depois o País Brasil. Defender um país de
dimensões continentais como o nosso, não deve ter sido fácil para os “Orleans e
Bragança”.

Recentemente conheci Luiz Philippe Maria José Miguel Gabriel Rafael


Gonzaga de Orléans e Bragança que nasceu no Rio de Janeiro em 03 de abril de
1969, um cientista político, ativista, empresário brasileiro e príncipe de Orléans e
Bragança no Brasil e França. Em fevereiro de 2019 assumiu mandato de deputado
federal pelo estado de São Paulo, tendo sido eleito nas eleições gerais de 2018 pelo
PSL (Partido Social Liberal), com 118.457 votos. É descendente dos imperadores
Dom Pedro Primeiro e Dom Pedro II (portanto membro da família imperial brasileira).

Fhilippe foi cofundador do movimento acorda Brasil, tendo sido favorável ao


impeachment de Dilma Rousseff além de ter sido o membro da família imperial
brasileira a ocupar um cargo político de relevância desde a Proclamação da
República em 15 de novembro de 1989. Por parentesco, Sobrinho do príncipe D.
Luiz Gastão de Orléans e Bragança, atual chefe da Casa Imperial do Brasil é autor
do livro “Brasil é um país atrasado”? --- o que fazer para entrarmos de vez no século
XXI (2017).
40

Figura 9 - Luiz Fhilippe de Orléans e Bragança, com Economista Sérgio Caimi e


Engenheira Janaína da Silva Caimi
Nota: Evento Cúpula Conservadora das Américas. Foz do Iguaçu, dezembro de 2018.
41

2.4 ÁGUA E ESGOTO NO BRASIL A PARTIR DO SÉCULO XIX

No final do século XIX, ocorreu a organização dos serviços de saneamento e


as províncias entregaram as concessões às companhias estrangeiras,
principalmente inglesas. O Governo de São Paulo construiu o primeiro sistema de
abastecimento de água encanada, entre 1857 e 1877, após assinar contrato com a
empresa Achilles Martin D´Éstudens. Em Porto Alegre, o sistema de abastecimento
de água encanada foi concluído em 1861, e o do Rio de Janeiro em 1876, por
Antônio Gabrielli. Com o uso do decantador Dortmund, o sistema do Rio de Janeiro
se tornou pioneiro na inauguração em nível mundial de uma Estação de Tratamento
de Água (ETA), com seis filtros rápidos de pressão ar/água.

Posteriormente com na péssima qualidade dos serviços prestados pelas


companhias estrangeiras, o Brasil estatizou o serviço de saneamento no início do
século XX. A partir dos anos 1940, se iniciou a comercialização dos serviços de
saneamento. Surgem então as autarquias e mecanismos de financiamento para o
abastecimento de água, com influência do Serviço Especial de Saúde Pública
(SESP).

O primeiro indício de saneamento no Brasil ocorreu em 1561, quando Estácio


de Sá mandou escavar no Rio de Janeiro o primeiro poço para abastecer a cidade.
Em 1673, deu-se início ao primeiro aqueduto do País, que ficou pronto em 1723,
transportando águas do rio Carioca em direção ao Chafariz. Atualmente o aqueduto
é conhecido como os Arcos da Lapa. Em 1746, foram inauguradas linhas adutoras
para os conventos de Santa Tereza, e na Luz, em São Paulo. Na capital paulista, o
primeiro chafariz foi construído em 1744 e em 1842, havia cinco chafarizes na
cidade. No período colonial, ações de saneamento foram feitas de forma individual,
resumindo-se à drenagem de terrenos e instalação de chafarizes.

2.5 PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO - PLANASA

Não há como se falar em Planasa sem nos lembrarmos da Aliança para o


Processo, oficializadas em agosto de 1961, e que objetivava um efetivo processo de
42

desenvolvimento econômico para o continente latino-americano. Para os países


latino-americanos a Aliança para o Progresso representou uma possibilidade de
auferir recursos necessários para resolver as necessidades básicas de infraestrutura
(p. 172).

No seu livro (Movimentos Sociais e Políticas Públicas), Pedro Jacob


esclarece: (Em 1968, o sistema financeiro de saneamento é subordinado ao BNH
que, a partir de então, passa a conduzir os destinos da política nacional de
saneamento. No início de 1970, estimula-se a formação de empresas estaduais de
saneamento básico que, ao retirar dos municípios a atribuição de construir e operar
sistemas de abastecimento de água, eliminam o peso das pressões localistas que
impedem uma tarifação realista (…). Desenvolve-se (a partir de então) um processo
de centralização política e tributária no País em favor do Governo Federal e em
detrimento das finanças públicas municipais). Destarte, dentre as metas do Planasa
estava a de prover até 1980, 80% da população dos centros urbanos com água
potável e 60% com serviços de esgotos. Meta ambiciosa, ante o déficit do
atendimento nos quatro cantos do País.

Em 13 de outubro de 1969, o Decreto Lei 949, autorizou que o Banco


Nacional de Habitação (BNH) passasse a aplicar nas operações de financiamento
para o saneamento, além de seus próprios recursos, os do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS). Em 1971, foi instituído o Plano Nacional de Saneamento
(PLANASA), onde foram consolidados os valores que surgiram nos anos de 1950,
autonomia e autossustentação, por meio das tarifas e financiamentos baseados em
recursos retornáveis. As decisões passaram a ser concentradas, com imposições
das companhias estaduais sobre os serviços municipais, e uma separação das
instituições que cuidavam da saúde e as que planejavam saneamento.

2.6 FALÊNCIA DO PLANO

Com a falência da PLANASA e a extinção do BNH, o setor de saneamento


viveu um vazio institucional. Em 1991, a Câmara Federal iniciou debates com a
tramitação do PLC 199, que dispunha sobre a política nacional de saneamento.
Após quatro anos de discussões foi vetado integralmente o PLC 199, sob a
43

justificativa do governo federal de que era incompatível com a Lei das Concessões.
Em 1995, a Lei de Concessão nº 8.987 regulamentou o artigo 175 da Constituição
Federal, que previu a concessão de serviços públicos e autorizou a outorga desses
serviços. Foram tentadas estratégias de privatização com outros Projetos de Lei
para o saneamento, como o PLS 266 que buscava transferir a titularidade dos
serviços para o Estado, com um inter-relacionamento entre União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.

O PL 4.147/2001 foi mais uma tentativa de tomar dos Municípios a titularidade


dos serviços de saneamento. Todos os projetos foram negados no Congresso
Nacional por iniciativa do movimento municipalista brasileiro, que batalhou pelo
arquivamento definitivo de tais propostas. Em 2004, a Lei da PPP (Parceria Público-
Privada), nº 11.079, definiu regras gerais para licitar e contratar parcerias público-
privadas por parte dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e dos
municípios, permitindo que fossem realizadas as primeiras concessões para
companhias privadas. A resolução nº 518 do Conselho Nacional do Meio Ambiente -
Conama e do Ministério da Saúde, estabeleceu norma e padrões de potabilidade da
água para o consumo humano, iniciando a formação do marco legal do setor de
saneamento no Brasil.
44

CAPÍTULO III - PARANÁ

A vida só pode ser compartilhada olhando-se para trás; mas só pode


ser vivida olhando-se para frente. (Sören Kierkegaard).
A única pessoa que jamais erra é aquela que não faz nada. (Eleonor
Roosevelt).

A partir da emancipação política do Paraná, em, 1853, ocorreram grandes


transformações, principalmente na implantação de uma mínima infraestrutura,
compatível com o grau da Província. O próprio governo imperial fez algumas
exigências para a homologação do processo de emancipação, como a construção
de estradas, de pontes e outras obras de reformulação urbana de Curitiba. E na
relação de outras obras estava enumerado, evidentemente, o serviço de água (p.
23). Para conduzir os trabalhos, a administração provincial contratou o medidor de
terras Pierre Taulois, que elaborou o primeiro grande plano de reformulação de
Curitiba. E foi por aí que começou a longa trajetória do que é hoje o saneamento
básico do Paraná.

3.1 TEMPO DOS AGUADEIROS

Figura 10 - Aguadeiros de Paranaguá/Aguadeiros de Curitiba. Obras de construção do


Reservatório do Alto São Francisco. Adaptado Schuster (1994)
45

Durante 200 anos, os aguadeiros traziam água da fonte às casas de família,


cobrando um tostão (100 réis) por barrilzinho. Era uma carroça, com um barril
deitado, tendo uma grande torneira. A carroça percorria a Vila e depois a Cidade,
parando nas casas dos fregueses, com o fim de supri-los de água necessária ao
consumo da família. E, caso curioso: os burricos, de tão habituados a esse trabalho
diário, já sabiam onde parar, (talvez por instintos).

Quanto à água para os banhos e lavagem das casas, aproveitava-se a água


das chuvas, através de calhas, em pipas, nos quintais. Isso porque ainda não se
enceravam os assoalhos das casas. Esse costume higiênico veio mais tarde.

A Fonte Velha viu o passar dos anos. O manancial, rico de início, começou a
dar sinais de exaustão. Viu a cidade crescer e suas águas não eram mais
suficientes. Em outubro de 1908, poucos meses depois de inaugurado o Sistema de
captação, reservação e distribuição de água de Curitiba, o prefeito parnanguara
Caetano Munhoz da Rocha, assinou a Lei 147, autorizando o Poder Executivo a
(chamar concorrentes neste Estado, no de São Paulo e Rio de Janeiro, pelo espaço
de 60 dias para estabelecer nesta cidade os serviços de abastecimento de água e
rede de esgotos).

3.2 PREOCUPAÇÃO COM A ÁGUA EM CURITIBA: DOS CHAFARIZES AO


PRIMEIRO ENCANAMENTO

Mesmo havendo preocupação quanto à reserva de água em Curitiba, não era


bem disso que a Cidade estava necessitando nos idos de (1860, p. 40).

Se, de um lado, ocorria o desenvolvimento da Capital provincial mais do que


outras cidades, necessário se fazia do outro lado, que se tomassem os devidos
cuidados em relação a um assunto tão sério como o do fornecimento de água de
boa qualidade para suprir as necessidades da população. Rio de Janeiro, São
Paulo, Recife, por exemplo, estavam bem adiantadas quanto ao abastecimento de
água em Relação a Curitiba. Por lá já existiam chafarizes. Por aqui, nem isso ainda.
De esgoto sanitário, pouco se falava. Era luxo, para a época. Em capitais mais
46

desenvolvidas já havia um precário serviço de esgotamento sanitário. Conta, a


propósito, a (História do Saneamento de Pernambuco).

Figura 11 - Reservatório do Alto São Francisco. Obra iniciada em 1904 e concluída em 1906

Por aqui nada disso acontecia. Mas, de qualquer forma era preciso melhorar o
deficiente sistema de fornecimento de água, primeiramente. Mais tarde, haveria de
se pensar também em termos de esgoto sanitário. Em 1861 o presidente da
Província, José Francisco Cardoso, relata o empenho de verba para a construção do
Chafariz da Capital. Não era apenas, a capital a querer o seu chafariz. Em outas
cidades provinciais, nos anos de 1868, 1870 e 1874 foram erguidos chafarizes em
Ponta Grossa, Antonina, Paranaguá e Guaratuba. E foi por aí que começou a
história do primeiro encanamento de água do Paraná, não de ferro, mas de cobre.
Em Curitiba, conta Benedito Nicolau dos Santos ao proferir uma palestra no Círculo
de Estudos Bandeirantes, no dia 29 de março de 1943 em homenagem aos 250
anos da fundação da cidade: (“as águas dos chafarizes das Praças da Ordem e 19
de dezembro), de aproveitamento público, mesmo nas épocas anormais das secas
de longa estiagem, não eram muito estimadas por apresentarem mau sabor e
trazerem suspeitas de contatos e infiltrações com despeja do caseiro do mais alto
47

nível. Revela ainda Benedito Nicolau dos Santos que (o engenheiro Rebouças,
Antônio Rebouças Filho, ao passar em companhia do Presidente da Província,
Venâncio Lisboa, bem junto da fonte, notou, provou da água que dali surgia aos
borbotões e corria com abundância, valeta abaixo à procura do (rio) Ivo. Veio-lhe,
então, a ideia de aproveitamento daquele manancial para suprir de água a
população da cidade. Também naquela época, (rara a casa que não possuísse o seu
poço de serventia, algumas até de água superior, sob o ponto de vista de pureza, às
da bica e dos retros citados chafarizes)”.

Figura 12 - Chafariz localizado hoje na Praça Zacarias em Curitiba


Nota: Inaugurado no ano de 1871

3.3 O ENGENHEIRO REBOUÇAS

Antônio Rebouças Filho, engenheiro que se notabilizou com o projeto da


Ferrovia- Curitiba Paranaguá foi encarregado e teve autorização do presidente para
dar início aos estudos para (feitura do projeto) do encanamento entre o Campo do
Olho d'Água, e o encaminhamento até os chafarizes em construção na cidade. O
chafariz conhecido na época como Largo da Ponte, começou a ser planejado em
48

1870 e com ele surgiu o primeiro encanamento de água para abastecimento público
do Paraná. Daria certo a pretensão daquele engenheiro negro? Mais do que isso
sua decisão entrou para a história do Saneamento.

Os estudos demoraram seis meses. Rebouças, (de 1 de maio a 20 de junho


de 1871, deu os passos necessários para a execução da tarefa). Mas, tocar o
projeto, nos termos da engenharia, não era fácil. (Em primeiro lugar, a dificuldade
estaria na aquisição de tubos, uma vez que o Brasil não possuía indústria que
pudesse fornecê-los). O remédio foi encontrar o material adequado nas fundições
Hargreaves e Couto e Santos, que produziam dutos específicos para a condução de
gás, que na época iluminavam as ruas do Rio de Janeiro. A empresa, na pessoa de
seu diretor, prontificou-se a servi-lo, embora aquela tubulação de cobre fosse
dispendiosa, considerando que apenas água passaria por ela (pág. 43). De ferro
sairia mais em conta, mas onde encontrar o bendito material? A solução estaria no
cobre mesmo, embora o custo fosse exorbitante, relata Benedito Nicolau dos
Santos.

Rebouças, então, encomendou a tubulação, elaborou o projeto de cantaria e


no dia 29 de maio (1871) estavam soldados os primeiros 21 tubos de conexão. As
torneiras vieram da Europa e o poste sextavado que as receberia fora feito por
artífice da terra de Curitiba. (Em setembro, no dia 8, do ano de 1871 dia da
Padroeira de Curitiba, tudo estava pronto.

O Presidente Venâncio Lisboa, pessoa que pôs fé na sugestão do projeto,


teve seu nome gravado nas torneiras. Já, Antônio Rebouças Filho, engenheiro negro
que ganhou vulto respeitável por sua operosidade e competência, entrou para a
história como autor da ideia e executou o projeto.
49

.
Figura 13 - Engenheiro Rebouças

A obra representou para a vida da população o que de melhor poderia ser


executado, pois atingiu todas as classes sociais, permitindo, inclusive, o
barateamento dos serviços dos aguadeiros, os quais puderam dispor com maior
comodidade da sociedade com animais de montaria ou de carga, que se
restringiriam a servir das bicas mais antigas. Isso porque, principalmente, até hoje
cavalo nenhum aprendeu a tomar água em torneira). O chafariz do Largo da Ponte,
ou Praça Zacarias de hoje, foi um marco singelo na história da cidade. Os
aguadeiros, ou pipeiros sobreviveram durante 40 anos, sumindo aos poucos em face
da modificação dos tempos e da instalação de rede de água em Curitiba. Ainda hoje,
quem passar pela Praça Zacarias pode ver o velho chafariz. Ou a velha torneira.

É importante destacar que a partir do primeiro feito sobre encanamento de


água na Capital Paranaense as coisas não foram fáceis de se conduzir, pois além da
falta de recursos financeiros não havia tecnologia suficiente para se fazer uma
revolução no setor, muito embora houvesse muita boa vontade dos governantes em
Curitiba que já pensavam no interior do Estado.
50

3.4 EVOLUÇÃO HISTÓRIA E TECNOLÓGICA DO SANEAMENTO DO PARANÁ

O primeiro encanamento de água no estado do Paraná foi o pontapé inicial


decisivo para que outros projetos viessem a ser desenvolvidos para a melhoria da
qualidade de vida da população. Em 1877 foram realizados estudos para a
implantação do primeiro sistema de abastecimento de água de Curitiba. O projeto do
engenheiro Gotteb Wieland previa a captação de água no Tanque do Taborda, à 5
quilômetros de distância do Largo da Matriz. As obras, nunca foram realizadas e em
28 de março de 1879 foi lavrado o primeiro contrato visando a execução dos estudos
e respectivo projeto para abastecimento de água na Capital. O contrato foi assinado
entre o Governo da Província e o engenheiro Joaquim Rodrigues Antunes, que
também não se concretizou.

A partir do ano de 1885 o governador da Província, Carlos Augusto de


Carvalho, decidiu que os serviços de água e esgoto passariam para a jurisdição do
Município de Curitiba. A Câmara Municipal chamou pra si a solução do problema. A
seis de abril desse ano (1885) o presidente da Câmara, Emygdio Westphalen,
assinou contrato com o engenheiro Fernando Matos, objetivando a execução das
obras (necessárias para derivar as águas do rio Birigui, ou de seus efluentes e
distribuir pela cidade de Curitiba a quantidade de água necessária para o
abastecimento) da população. As obras não saíram do papel. Já em 1899 o prefeito
da cidade Cícero Gonçalves Marques lançou o primeiro edital de concorrência para
a realização das obras do sistema de abastecimento de água de Curitiba. O projeto
previa a captação nos rios Campinha e Queimados, no município de Deodoro (atual
município de Piraquara). O projeto nunca foi levado adiante. Em 02 de abril de 1903
o presidente do Estado, Francisco Xavier da Silva, sancionou o projeto de n. 39, de
autoria do deputado congressista Vicente Machado da Silva Lima, autorizando o
governo (a contratar pelo meio que julgar mais conveniente, o serviço de
abastecimento d'Água e de esgoto na cidade de Curitiba), podendo para isso
despender até a quantia de 6.000:000$000 (seis mil contos de réis) e em 1904 foi
celebrado um contrato entre o governo do Estado e os engenheiros Álvaro de
Menezes e Octaviano Augusto Machado de Oliveira, para construção do que viriam
a ser o primeiro sistema de abastecimento de água e o primeiro sistema de esgoto
sanitário de Curitiba. O projeto contemplava a construção do primeiro reservatório de
51

água potável do Paraná, o do Alto São Francisco. Em seguida à 25 de abril do


mesmo ano foram iniciados oficialmente os trabalhos da Companhia de
Melhoramentos de São Paulo, empresa criada para execução das obras. O
lançamento festivo da pedra fundamental foi realizado no local (destinado à
instalação bacteriana de esgotos, contíguo à fábrica de fósforos), atual sede
administrativa da Sanepar e em 1908 foi inaugurado oficialmente o Reservatório do
Alto São Francisco, ou seja, o primeiro sistema público de abastecimento de água
do Paraná que contava com 34.838 metros de rede e 28 torneiras públicas. No
mesmo ano entrou em operação o primeiro sistema de coleta, remoção e tratamento
de esgotos. O esgoto era coletado através de 50.000 metros de rede e removido
para as (instalações bacterianas) da rua Engenheiros Rebouças, onde passava por
um processo de tratamento primário, através de digestores. Não obstante tais
investimentos, no ano de 1917 foi registrado uma ocorrência de epidemia de
doenças de veiculação hídrica: febre tifoide e infecções paratíficas em função do
crescimento da cidade e as péssimas condições do saneamento naquele ano.
Sendo assim, foi criada em 12 de janeiro de 1917, pelo decreto n. 22, a “Secção de
águas e Esgotos de Curitiba”.

3.5 (1919 a 1934) - DEMANDAS TAMBÉM HAVIAM NO INTERIOR DO ESTADO DO


PARANÁ

Não tinham como não investir na área de saneamento básico, as doenças se


proliferavam e em 1919 o Governo do Estado contratou o engenheiro Francisco
Saturnino Rodrigues de Brito, o “Pai da Engenharia do Brasil”, para elaboração de
projetos de modernização de sistemas de saneamento básico, não só na capital,
mas também que servisse de modelo para o interior. Com técnicas mais modernas
foi preciso criar no ano de 1924 a “Diretoria do Serviço de Água e Esgotos” pelo
presidente do Estado, Caetano Munhoz da Rocha através da Lei 2.257. Em 1928 o
presidente do Estado, Affonso Alves Camargo criou pelo decreto n. 28 o
Departamento de Água e Esgoto (DAE), onde que em 1934 a partir do qual teve
início a interiorização dos serviços de água e esgoto. As primeiras Secções dos
52

Serviços de água e Esgoto a serem criadas por Decretos foram as de Ponta Grossa
(1934), Jacarezinho em 1938, Cambará (1941) e Irati e Morretes em 1942.

Figura 14 - Logomarca do DAE - PR – (1928).

O DAE foi transformado em entidade autárquica em 1949 pela Lei 188, de 13


de janeiro, sancionada pelo governador Moysés Lupion. Como entidade autárquica,
suas atribuições extrapolavam o que determinava o Decreto 2.257, o da
regulamentação. A partir da edição da Lei 188, ao DAE estavam afetos técnica,
administrativa e financeiramente os serviços públicos de abastecimento de água e
esgoto e sua exploração industrial e comercial bem como os serviços de instalações
sanitárias na Capital e em todas as demais cidades que já possuíam ou viriam a
possuir aqueles serviços públicos explorados pelo Estado. Está no artigo 1.

Entre as novas atribuições do DAE, estavam as seguintes:

a) “cuidar da manutenção”, conservação e ampliação das atuais instalações


de abastecimento de água ou de esgotos da cidade de Curitiba, e de
todas as outras atualmente sob sua jurisdição, bem como daquelas que
futuramente forem incorporadas à sua organização;
53

b) projetar e mandar executar todas as obras julgadas de interesse para


manutenção, conservação e melhoria das instalações mencionadas na
alínea anterior;

c) elaborar o plano de saneamento estabelecido pelo Decreto Lei n. 569, de


9 de julho de 1947, tornando-o extensivo a todas as cidades do Estado
não incluídas no mesmo plano;

d) estabelecer o plano de financiamento destinado à execução das obras de


saneamento compreendidas no referido plano e de outras mais julgadas
necessárias;

e) executar as referidas obras, sob qualquer regime de trabalho em


obediência ao plano elaborado, atendendo as necessidades locais das
cidades beneficiárias, bem como aos recursos de que dispuser para esse
fim, que provenha de operações de crédito, quer de dotações
orçamentárias, ou créditos especiais concedidos pelo Governo do
Paraná”, haviam outras, mas essas eram as principais.

Pelo teor da Lei, percebe-se que, após os momentos de indefinições dos anos
anteriores, o Estado resolveu assumir oficialmente os serviços de saneamento
básico no Paraná. A partir de então, quando do surgimento de uma nova cidade, já
se sabia ou se propunha que os serviços de abastecimento de água e esgotos
estariam sob a tutela do Governo estadual, o que de fato aconteceu.

No início da década de 40, com os planos de interiorização do DAE, foram


realizadas obras de saneamento básico nos seguintes municípios: União da Vitória,
Rio Negro, Lapa, Sertanópolis, Apucarana, Rolândia, Antonina, Palmeira, Piraí do
Sul, São Matheus do Sul, Guarapuava, Palmas, Antônio Rebouças, Cambé, Mallet,
Tomazina, Andirá, Tibagi, Ribeirão Claro, Joaquim Távora, Campo Largo, Londrina e
Foz do Iguaçu. A 19 de abril de 1941 foram inaugurados os serviços de água e
esgotos da cidade de Cambará. A 10 de Novembro de 1941 foi a vez da inauguração
das obras de Irati. (p. 139).
54

3.6 ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

Curitiba e Castro foram as duas primeiras cidades do Paraná a dispor de


estações de tratamento de água que, entraram em funcionamento em 1945, ambas
projetadas no governo do Interventor Manoel Ribas muito embora não há muitos
registros, são igualmente marcos históricos do saneamento básico do Paraná. O
início das obras do reforço do abastecimento de ETA Tarumã em Curitiba, que
contemplou a continuidade a construção do reservatório do Cajuru e a barragem de
captação das águas do Rio Piraquara, bem como a estação elevatória e as linhas de
recalque, deu-se no dia 10 de novembro de 1942. Com relação a modernização
tanto das estações de tratamento de água (ETA) e das estações de tratamento de
esgotos (ETE).

3.7 SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO NO INÍCIO DA DÉCADA DE 60

A situação do saneamento básico bem no início da década de 60 é mostrada


na mensagem que o Governo do Estado enviou à Assembleia Legislativa, no início
de 1960.

A situação do Paraná no concernente à água e esgoto é bastante


precária. Apenas 8,3% da população é servida por rede de
abastecimento de água, e apenas 4,1% é servida de rede de
esgotos. Das 221 sedes municipais, 13 possuem ambos os serviços,
e 37 somente o de água. Das 20 cidades mais populosas do Estado
(segundo o censo de 1950), apenas 11 possuem serviços de água
satisfatórios.

Cabe ao Governo do Estado, através do Departamento de Água e


Esgotos, a maiores parcelas dos serviços acima mencionados (90%
das redes de esgoto e 66% das de água). Em Curitiba, que possui o
melhor serviço no Estado, há uma população não abastecida de
água da ordem de 100.000 habitantes, enquanto quase 160.000 não
são atendidos pela rede de esgotos. Além disso, pela inexistência de
número de hidrômetros necessário, há um desperdício de água que
alcança 30% do consumo.

Um ano depois a situação não era muito diferente. Deduz-se da mensagem


anual do Governo à Assembleia Legislativa:
55

Apesar de que, pelos investimentos maciços que exige, o problema


do saneamento merece soluções de caráter econômico, não
podemos deixar de reconhecer que se trata de um problema social,
agravado pela urbanização que o desenvolvimento acentua, e de
sérias repercussões, sobre o nível média da saúde da população (p.
144).

Naquele ano o Governador Ney Braga e sua equipe sentiam a necessidade


de uma maior agilização dos serviços de saneamento básico, uma vez que o DAE
possuía limitações quanto ao recebimento e aplicação dos recursos. Projetos de
obras havia, mas faltavam os recursos. E para consegui-los, o então governador,
através do DAE, encaminhou um projeto ao Banco Interamericano de
Desenvolvimento para que, a partir daí, fossem possíveis obras de vulto para as
cidades do interior.

Mas, as coisas não iam de vento em popa e o governador viu-se na


dependência de ter que agilizar a máquina administrativa.

3.8 AGEPAR

Em 23 de janeiro de 1963, o Governador do Estado do Paraná, Ney Braga,


sancionou a Lei 4.684 autorizando o Poder Executivo a constituir uma sociedade por
ações, com a denominação social de Companhia de Água e Esgotos do Estado, lei
essa publicada no Diário Oficial no dia seguinte à sanção. A 27 de novembro foi
assinado o Decreto 13.577, que aprovava o regulamento da Lei 4.684, e dispunha
sobre o Fundo de Águas e Esgotos, embutido no mesmo documento. Na época o
governo tinha muitas dificuldades administrativas com a máquina pública e o setor
de água e de esgotos não fugia a regra. Como o Paraná vivia num estado de quase
penúria a Agepar substituiu o DAE (Departamento de Água e Esgotos), visando
acelerar o setor em todo o estado e dar folego ao caixa estadual para investir mais
em saúde e em educação e também em acessos (estradas) para melhorar a vida
dos paranaenses.

Em 1963, foi elaborado um plano de saneamento destinado a beneficiar 60


cidades do Estado, bem como o encaminhamento dos respectivos projetos técnico-
econômicos à Aliança para o Progresso, objetivando a obtenção de financiamentos
56

para o setor. De acordo com Schuster (1994, p.146-152) ainda em 63, era a intenção
do governo do Estado promover, futuramente, a transferência dos serviços de água
e de esgotos sob sua jurisdição às administrações municipais, associadas ou não à
Agepar, ou então incorporadas a esta. Fosse ou não um projeto rigorosamente
pesado, na verdade muitos prefeitos, principalmente de municípios de menor porte,
achavam que cada coisa deveria vir no seu devido tempo e que, essa
municipalização dos serviços de água e de esgotos sanitários deveria ficar para as
“calendas gregas” (postergado).

Em 19 de junho de 1964 com a Lei 4.878 foi alterado o nome da Companhia


de Água e Esgotos do Paraná, AGEPAR, para Companhia de Saneamento do
Paraná, SANEPAR. A mudança do nome foi autorizada pela referida lei citada, pelo
Governador Ney Braga e nesse mesmo dia foi realizada a Assembleia Geral
Extraordinária para a troca da denominação social e respectiva alteração dos
estatutos.

LEI N. 4878
Data: 19 de junho de 1964
Autoriza o Poder Executivo a alterar o nome da Companhia de Água
e Esgotos do Paraná - AGEPAR, para Companhia de Saneamento
do Paraná - SANEPAR.
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARANÁ,
DECRETOU E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
Art. 1 - Fica o Poder Executivo autorizado a alterar o nome da
Companhia de Água e Esgotos do Paraná - AGEPAR, constituída na
forma da Lei n. 4684, de 23 de janeiro de 1963, para Companhia de
Saneamento do Paraná - SANEPAR.
Art. 2 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.
Palácio do Governo em Curitiba, em 19 de junho de 1964
(aa) Ney Braga
Alípio Ayres de Carvalho
Felipe Aristides Simão Ref. prot. 9962-64-PG - 22275
Publicado no D.O.E. n. 89, de 20 de junho de 1964.

3.9 DESENVOLVIMENTO DO SANEAMENTO NO PARANÁ

De acordo com Schuster pág. 156, “que a Sanepar tinha como função não
substituir o DAE, mas sucedê-lo. Como autarquia, o DAE não mais preenchia as
necessidades do Estado. Assumindo o Governo do Paraná, Ney Braga considerou
57

necessário um processo de modernização da máquina administrativa, o que


realmente ocorreu. Tinha como finalidade ser fomentadora do desenvolvimento do
saneamento básico no Paraná, como empresa que financiaria sistemas de água e
de esgotos. Tanto que no início havia até uma política para que determinados
serviços, que eram explorados pelo Estado, passassem para as prefeituras, como
de fato ocorreu, como por exemplo, o caso de Paranaguá”, que é administrada pelo
Município até os dias atuais.

A Sanepar é uma empresa que deu certo e é uma das primeiras do País. É
uma grande vitória, pode-se dizer, pois afinal de contas, foi uma empresa criada
pequena e que teve sucesso. Acrescenta Schuster, que a Sanepar sempre foi
tomada como modelo de empresa pois, foi uma das primeiras de saneamento básico
do País e desde que foi criada serviu de modelo para outras empresas de
saneamento. Inclusive a CAEMA (Companhia de água e Esgotos do Maranhão) foi
criada com subsídios colhidos na Sanepar.

Com a Sanepar, estava o Paraná instrumentalizado para um novo perfil do


saneamento básico, fixando-se diretrizes para uma política mais agressiva no setor.
Como explicou o seu primeiro diretor-presidente, Ozires Stenghel Guimarães, a
função maior da Sanepar era a de “fomentadora do desenvolvimento do saneamento
básico no Paraná”. A exploração dos sistemas continuaria - apenas por mais alguns
anos - sob a responsabilidade do DAE, cabendo à nova empresa a missão de
estudar, projetar e construir os sistemas de água e de esgotos sanitários.

No seu primeiro ano de atividades, “malgrada a insuficiência de meios,


material e pessoal”, como revela o primeiro relatório da Sanepar, o de 1964, foram
realizados estudos e projetos com a ajuda de parcelas do fundo de águas e de
Esgotos. Recursos das tarifas? Nem pensar, pois, segundo Ozires Guimarães,
“tinham valores muito baixos, aquém da realidade”. “Não havia quase receita de
conta d'água”, completou o engenheiro Arnaldo Grassi que foi, depois de exercer
várias funções no DAE, diretor de Operações na Sanepar de novembro de 1975 a
março de 1979. Certamente, não ocorreria o milagre da multiplicação, mas alinhava-
se uma mudança de mentalidade política em relação ao problema do saneamento
básico, mudança essa que ganhou corpo a partir, principalmente, da década de
1970.
58

“As prefeituras eram muito pobres, tinham pouca arrecadação e se nós não
suportássemos com o Estado a construção de obras, era difícil que algum município
pudesse ter água. Os maiores, sim, mas os pequenos, nunca”. (Ex-governador Ney
Braga).

Daí, porque os municípios buscavam socorro no Estado para resolver quase


todos os seus problemas, o do abastecimento de água entre eles, e que campeavam
por todas as cidades que cresciam e cuja população queria se servir das
comodidades que a saúde estava a exigir e que a modernidade lhes assegurava. Os
recursos do Estado, contudo, não afloravam facilmente para o setor do saneamento
básico. Havia outras prioridades. Rodovias, por exemplo, para abrir novos caminhos
e permitir o povoamento e o desenvolvimento do Estado.

“Enquanto a Sanepar lutava para conseguir recursos para implantação de


sistemas de água, os recursos iam mais fáceis para outros setores, como a Rodovia
do Café, obra importante, que realmente trouxe um desenvolvimento muito grande
para o Paraná” (Ozires Stenghel Guimarães).

Nem por isso os recursos deixaram de ser obtidos, através de convênios com
órgãos do Governo Federal, que na época tinha seus olhos voltados para a
municipalização. Em 1966, o número de financiamentos, inclusive com recursos do
FAE, chegou a 22, enquanto que outras 60 prefeituras procuravam se enquadrar na
política de ação do governo para os serviços de água e esgotos, relata SCHSTER -
Sanepar Ano 30, Resgate da Memória do Saneamento Básico do Paraná, (pág.
150). Mais tarde, mais precisamente a 23 de março de 1972 a Sanepar aderiu ao
Planasa (Plano Nacional de Saneamento), através do extinto Banco Nacional da
Habitação. Objetivando justamente a preservação da saúde e a garantia do bem-
estar da população brasileira, o Planasa tinha entre as suas metas:

1) eliminação do déficit do setor de saneamento básico, permitindo o


equilíbrio entre a demanda e a oferta dos serviços no menor tempo, com
um mínimo de custos;

2) a manutenção, em caráter permanente, do equilíbrio entre a demanda e a


oferta de bens e serviços, no campo do saneamento básico;

3) o atendimento de todas as cidades brasileiras, mesmo nos núcleos


urbanos mais pobres;
59

4) o desenvolvimento de programas de pesquisa, treinamento e assistência


técnica.

Teve início, então, o desenvolvimento de ações visando o cumprimento das


metas do plano no Paraná. Uma nova postura política, por parte dos
administradores, mais comprometida com os problemas da saúde da população,
passou a evoluir. O saneamento básico ganhou importância, pois era preciso
preservar homens, mulheres, crianças, da cidade e do campo, do perigo da
ocorrência de epidemias registradas em todo o mundo, a maioria das quais pela
ausência de índices mínimos de saneamento.

3.10 INCORPORAÇÃO DO DAE

Ameaças, resistência, inconformismos foram vividos pelos personagens das


duas partes, do DAE e da Sanepar. Simplesmente, o pessoal do DAE não aceitava a
extinção do órgão e muitos não punham fé no futuro da nova empresa.

Mas a decisão havia sido tomada em nível de Governo, abrindo caminho à


incorporação. Caminho que, por sinal, começou já no primeiro semestre de 1971
quando foi designada a comissão composta por Mozart Correia Souza, Luiz
Romaguerra Neto, Allan Stradioto e Kinitiro Nagayama (crachá número um da
Sanepar), para avaliação dos bens do DAE.

No final daquele ano, mais exatamente (p.164), no dia 31 de dezembro,


houve a Assembleia Geral Extraordinária dos acionistas da Sanepar para exame do
laudo de avaliação, e cuja assembleia foi presidida pelo secretário de Viação e
Obras Públicas, o ex-presidente da Sanepar, Ozires Stenghel Guimarães. O
governador Viriato Parigot de Souza assinou o Decreto 12.194, incumbindo a
Sanepar da exploração, manutenção e operação dos sistemas que estavam sob a
responsabilidade do DAE.

Decreto 1.194
O governador do Estado do Paraná, usando das atribuições que lhe
confere o artigo 47, item XVII, da Constituição Estadual, o disposto
na Lei n. 6.684, de 23 de janeiro de 1963, do Decreto-Lei federal n.
60

200, de 25 de janeiro de 1967, e do Ato Institucional n.8, de 2 de abril


de 1969,

Decreta:
Art. 1 - Fica a Companhia de Saneamento do Paraná, Sanepar,
incumbida da exploração, manutenção e operação dos sistemas de
abastecimento de água e de coleta de esgotos sanitários das
seguintes cidades, ora sob a responsabilidade do Departamento de
Água e Esgotos: Cambará, Campo Mourão, Castro, Cornélio
Procópio, Curitiba, Foz do Iguaçu, Irati, Lapa, Palmeira, Piraí do Sul,
Piraquara, Rio Negro, Santo Antônio da Platina, São José dos
Pinhais e Siqueira Campos.

Art. 2 - Este decreto entrará em vigor a 1 de janeiro de 1972,


revogadas as disposições em contrário.
Curitiba, em 30 de dezembro de 1971, 150 da Independência e 83 da
República”.
(aa) Pedro Virigot Parigot de Souza
A partir do ano de 1972, com a adesão ao Planasa a Sanepar
começa efetivamente a dotar as cidades paranaenses com
infraestrutura nessa área.

Figura 15 - Ozires Stengbel Guimarães


Nota: Primeiro Diretor Presidente da Sanepar. (1963).

Em 1979 o governador Jayme Canet Júnior inaugurou a primeira grande


barragem de acumulação de água para abastecimento público no Paraná. A
barragem Piraquara I, no Rio Cayugguava, Região Metropolitana de Curitiba, com
capacidade para 23 milhões de litros de água, e que tem uma dupla finalidade:
61

armazenar água bruta, disponibilizando mais matéria-prima para enfrentar períodos


de estiagem, e regular a vazão do Rio Iguaçu. Em 29 de fevereiro de 1980 entra em
operação a primeira grande estação de tratamento de esgotos de Curitiba, a ETE
Belém, que utiliza o processo desenvolvido na Holanda, conhecido como “aeração
prolongada por fluxo orbital”, ou “cieculo Carroussel”. Até então, o esgoto coletado
era lançado, sem tratamento, no Rio Belém, que recebia uma carga poluidora de 15
toneladas de DBO (Demanda Biológica de Oxigênio) /dia.

E, no ano de 1981 foi implantado o “Sistema de Atendimento Telefônico - 195


e em seguida (1982)” ano em que ingressei na Companhia (03/05/82) na Cidade de
Foz do Iguaçu, foi implantado o Sistema Gerencial de Manutenção (SGM), que
proporcionou uma visão integrada no atendimento às demandas diárias de serviços
e otimização de todo o processo, do atendimento ao cliente à execução dos serviços
solicitados. Já naquelas décadas outras grandes obras foram implantadas em todo o
Estado e fundamentalmente também cabe destacar, que com o avanço da
tecnologia foi possível em 1988, implantar também o sistema de leitura e entrega de
contas de forma simultânea, modelo pioneiro no setor de saneamento no Brasil.

Seguindo a tendência da globalização e de novas demandas no ano de 1991


foram adotadas as políticas do Meio Ambiente, da Qualidade Total e do Patrimônio
Histórico do saneamento aliado a uma política de tarifa social (Homero Guido) para
as famílias menos favorecidas. Entrou nesse mesmo ano em operação o Sistema
Tibagi, para atender os municípios de Londrina e Cambé, considerado por
engenheiros do Brasil, um dos mais avançados sistemas de abastecimento de água
do sul do país.

Em 1997- A Sanepar é a primeira empresa de saneamento da América Latina


a receber a certificação NBR ISO 9002:1994 para um sistema produtor de água, a
unidade de Produção Itaqui, em Campo Largo. Também foi o ano de criação do
Prêmio da Qualidade em Saneamento (PNQS), premiada com Troféu Nível I, para a
Unidade de Cornélio Procópio. Desde então, acumula troféus conquistados por
regionais de todo o Estado, inclusive Foz do Iguaçu em 2015, no nível II. No ano de
1999 o Sistema de Foz do Iguaçu recebe a certificação pela ABNT NBR ISO
14001:1994. É a primeira das Américas a conquistar o certificado ambiental para os
processos de água e esgoto (Do Rio ao Rio), e também em todos os processos
desenvolvidos pelos colaboradores em todas as áreas. A cada 2 anos, com
62

planejamento é certificado e a última auditoria externa aconteceu no dia 23 de


novembro de 2018, através do Instituto Tecnológico do Paraná - TECPAR, o de
número 10074355, na segunda revisão, emitido no dia 29 de novembro de 2018 e
com validade até o dia 22 de dezembro de 2020, ABNT NBR ISO 14001:2015.

Figura 16 - Presidente da Sanepar Carlos Afonso Teixeira de Freitas


Nota: recebe o Certificado Ambiental, acompanhado da Equipe da Gerência de Foz do Iguaçu
dezembro de 1999.

3.11 DÉCADA DE 2000

Entrou em funcionamento no ano de 2002 a Estação de Tratamento de Água


(ETA) Iraí, considerado o maior do Paraná e é atingida a marca de 2.000.000 de
ligações de água pela Sanepar. Mudando um pouco o seu foco de atuação, a
Sanepar também em 2002 assume a gestão do Aterro Sanitário de Cianorte e inicia
as atividades na área de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos. Já em 2006 foi
atingida a marcas de 1.000.000 de ligações de esgoto e em 2007 foi emitida a
primeira fatura de água em Braille, seguindo determinação da Lei Estadual N.
15.427. O ano de 2004 foi comemorado o Centenário do Saneamento do Paraná.
Em 2008 na minha gestão como Gerente Regional da Unidade de Foz do Iguaçu,
63

trabalhamos no projeto de Energias Renováveis em conjunto com a Itaipu


Binacional. A Estação de Tratamento de Esgotos Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, foi
a primeira unidade de tratamento do Brasil a gerar energia elétrica a partir do
processamento do gás metano (subproduto do tratamento de esgoto doméstico)
com a implantação e da interligação do excedente produzido de energia, injetada na
rede pública da Copel. Trataremos com mais detalhes esse projeto nos capítulos
futuros.

No ano de 2010 foi atingido a marca de 2.500.000 ligações de água e a


Sanepar assume a gestão do Aterro Sanitário de Apucarana. Já em 2012 foi atingida
a marca de 1.500.000 ligações de esgoto nas cidades operadas pela Sanepar no
Paraná assumiu a gestão do Aterro Sanitário de Cornélio Procópio. Ampliação dos
canais de comunicação com seus clientes. Um novo “Website”, muito mais interativo,
assim como a atuação nas redes sociais. Também reforçou seu perfil de empresa
acessível à população com o lançamento de seu Portal de Transparência. Também
foram assumidos os serviços de limpeza e educação ambiental nas praias do litoral
do Paraná durante a operação verão. Aproximadamente 10 toneladas de lixo por
semana são encaminhadas para destinação correta. Em 2013 aconteceu a
comemoração dos 50 anos da Sanepar que chega ao cinquentenário como
referência entre as melhores empresas de saneamento do País. Aproximadamente
10,4 milhões de pessoas recebem água tratada e 6,7 milhões são atendidas com
coleta e tratamento de esgoto. O Aterro Sanitário de Cianorte recebeu a certificação
NBR ISO 14001:2004. O aterro, administrado pela Sanepar, é o primeiro do Paraná
a receber a certificação que garante que o aterro opera dentro das mais rígidas
normas ambientais. Em 2015 a Sanepar recebeu o prêmio Valor 1000 de melhor
Companhia de água e Saneamento do Brasil, concedido pelo jornal Valor
Econômico.

Em 2018 os números da Sanepar divulgados no relatório da administração


davam conta de que a Companhia atendia 346 municípios, 100% de cobertura na
rede de água, 72,5% de cobertura de rede coletora de esgoto, 3,1 milhões de
ligações de água, 2,1 milhões de ligações de esgoto, 54 mil Km de rede de água, 35
mil Km de rede coletora de esgoto e mais de R$ 6 bilhões em investimentos nos
últimos oito anos.
64

CAPÍTULO IV - CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO


DE FOZ DO IGUAÇU

Ninguém me olha, mas minha corrente escondida se regozija já


quando chega a primavera, porque, se dentro há sombras, há
plantas florescendo fora. Minhas águas doces, enquanto a sede
mata, o rosto satisfeito do sedento retratam. (La Hermana Água –
Amado Nervo, poeta espanhol).
Primeiro diga a você mesmo o que quer ser na vida. Depois, faça o
que é preciso fazer para alcançar o seu objetivo. (Autor
desconhecido). Adaptado por Sérgio Caimi, outubro de 2019.

O município de Foz do Iguaçu situa-se no Extremo Oeste do Estado do


Paraná, na fronteira com as repúblicas do Paraguai e da Argentina. As suas
fronteiras naturais com estes países são o Rio Paraná, a oeste, e Rio Iguaçu ao sul.
O território é composto de duas partes que foram destruídas com a formação do
Lago de Itaipu em 1982. A maior porção do território é limitada ao norte pelo Lago de
Itaipu e a leste pelos municípios de Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do
Iguaçu. Coordenadas geográficas a 5 graus 32’.45” de Latitude Sul e a 54 graus
37’.7” Longitude oeste de Greenwich. Solo com terra roxa prevalece em cerca de
70% da área total do município, apresentando boa fertilidade e resistência a erosão.
Vegetação tem características da área onde predomina as espécies subtropicais
úmidas, outras espécies de climas mais temperados e ainda, folhagens
semipermanentes. O Clima é subtropical, com chuvas intermitentes, sendo muito
quente no verão e fresco no inverno. As temperaturas variam de 35 a 40 graus
centígrados no verão a -2, no inverno

4.1 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS

O município de Foz do Iguaçu localiza-se no compartimento geológico


denominada Bacia do Paraná, conforme apresentado no Erro! Fonte de referência
ão encontrada.6.
65

Figura 17 – Mapa do Compartimentos Geológicos do Paraná


Fonte: Adaptado de Mineropar

A Bacia do Paraná cobre uma área de aproximadamente 1,5 milhão de km²,


cobrindo as regiões dos segundo e terceiro planalto. Em toda sua extensão
territorial, a Bacia do Paraná é dividida em três conjuntos litológicos: Cenozóico,
Mesozóico e Paleozóico (Mineropar).

O município de Foz do Iguaçu encontra-se localizado no conjunto litológico


Mesozoico (Erro! Fonte de referência não encontrada.), caracterizado por sua
edimentação e magmatismo básico e alcalino.
66

Figura 18 – Mapa das Unidades Geológicas do Paraná


Fonte: Adaptado de Mineropar

Foz do Iguaçu está inserida na meso região oeste, cujo substrato rochoso é
formado por rochas ígneas básicas de Formação Serra Geral, composta por
basaltos maciços e amigdaloides, afaníticos, cinzentos e pretos, raramente
andesitos, e intercalações de arenitos finos. Essas rochas têm baixo índice de
vulnerabilidade à denudação, com alta resistência a intemperismo e erosão.

Os terrenos do Parque Nacional do Iguaçu são parte integrante dos extensos


derrames vulcânicos que ocupam considerável área na Bacia do Paraná da ordem
de 1.200.000 km². Tais derrames foram originados de atividades vulcânicas não
explosivas, através de grandes fraturas. O vulcanismo da Bacia do Paraná é
imediatamente anterior à abertura sul-alatina, posicionando-se entre o Jurássico
superior e o Cretáceo Inferior entre (145 e 120 Ma.).

Possui extensiva cobertura de solos argilosos residuais, maduros que nas


porções de cotas mais elevadas e aplainadas são constituídas pela denominada
“terra roxa”. A maioria dessas terras pertence à classe II de fertilidade e topografia
levemente ondulada, sendo interessante para plantio de diversas culturas.
67

O solo da região tem predomínio de latossolos nas áreas com cotas mais
elevadas e nitossolos nas margens dos cursos d’água. Além disso, possui pequena
porção de gleissolos também.

Na região do Parque Nacional do Iguaçu, as rochas vulcânicas geralmente


apresentam composição básica, do tipo toleítico. Associadas a estas, ocorrem
esporadicamente efusivas ácidas e intermediárias, respectivamente de caráter
dacítico e andesítico’.

Figura 19 – Mapa dos Tipos de solo nos limites municipais de Foz do Iguaçu
Fonte: Adaptado ITCG

4.2 HIDROGEOLOGIA

O município de Foz do Iguaçu está localizado bem na divisa entre as


unidades aquíferas Serra Geral Norte e Serra Geral Sul, conforme mostrado na
Erro! Fonte de referência não encontrada..
68

Figura 20 – Mapa das Unidades Aquíferas do Estado do Paraná


Fonte: Adaptado do ITCG

De acordo com o Instituto das águas do Paraná, o aquífero Serra Geral Norte
compreende as rochas basálticas da formação Serra Geral, com uma área de
afloramento de aproximadamente 102.000 km², subdividida em Unidade Serra Geral
Norte (aproximadamente 64.000 km²) e Serra Geral Sul (38.000 km²).

O Aquífero Guarani engloba toda a área do terceiro planalto paranaense, que


compreende o município em questão, e os poços nele perfurados apresentam
produtividade média de 300 m³/h.

Na região compreendida pelo Parque Nacional do Iguaçu existe uma das


maiores e mais importantes reservas mundiais de água subterrânea que é o Grupo
São Bento, principalmente no que concerne à Formação Botucatu (Aquífero
Guarani). Os derrames basálticos constituem um bom aquífero fraturado,
representados pelas tramas estruturais, configuradas pelos sistemas de fraturas
tanto tectônicos como atectônicos.

O referido aquífero tem sido responsável pelo abastecimento de um grande


número de comunidades nas circunvizinhanças do PNI, apresentando com relativas
frequências, a ocorrência de água mineral em poços tubulares, mineralização essa
condicionada à presença de calcita, natrolita e escolecita. O volume extraído é
variável em função da existência ou não de extensos alinhamentos. Na região há
69

poços tubulares profundos nos aquíferos fraturados, com produções em torno de 60


m3/h, ou seja, inferior à média do Aquífero Guarani.

As características hidro químicas das águas dos aquíferos da região


apresentam diferenças em função das diversas litologias existentes. Todas as águas
advindas de poços analisadas se revelaram próprias para consumo humano,
inclusive existindo águas mineralizadas que são comercializadas.

4.3 HDROGRAFIA

O núcleo urbano de Foz do Iguaçu localiza-se sobre um divisor de águas, que


separa as bacias hidrográficas dos dois maiores cursos d’água do Estado do
Paraná, são eles: Rio Iguaçu e Paraná. A bacia do Iguaçu está localizada mais a sul
do município, enquanto a bacia Paraná III contribui principalmente para o Lago da
Itaipu, mais a norte do município, conforme mapa da Erro! Fonte de referência não
ncontrada..

Figura 21 – Mapa das Bacias Hidrográficas do estado do Paraná


Fonte: Adaptado de IAPAR
70

Os afluentes destes dois corpos d’água formam a rede fluvial do município,


podendo-se destacar nove bacias hidrográficas menores, sendo sete destas
inseridas na área urbana, que são descritas a seguir:

RIO IGUAÇU: Rio que nasce próximo à Curitiba e segue próximo à divisa
com o estado de Santa Catarina até o sul do município de Foz do Iguaçu. Neste
trecho de jusante, sua bacia é denominada Baixo Iguaçu e compreende os seguintes
afluentes de destaque: Rio Tamanduá, Rio Tamanduazinho, Rio Carimã, Rio São
João, além dos cursos d’água do Parque Nacional.

RIO PARANÁ: Rio formado pelo Rio Tietê, Rio Paranaíba, Rio Grande e
Paranapanema cuja bacia abrange grande parte dos estados de São Paulo; Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Paraná. Neste trecho, a bacia é
denominada Paraná III e compreende os seguintes afluentes de destaque: Rio
Mathias Almada, Rio M’Boicy, Rio Pomba-Cuê, Rio Guabiroba, entre outros. A
Barragem do Itaipu, a norte do município, represa o Rio Paraná formando o Lago da
Itaipu.

RIO TAMANDUÁ: afluente do Rio Iguaçu, encontrando-o pelo lado sudoeste


da cidade de Foz do Iguaçu, este corpo d’água possui uma bacia de drenagem de
145 km², extensão desde a BR-469 de 27.900 m, com largura variável entre 3 a 10
m. Ele é utilizado como manancial abastecedor do município. Todos os rios que
cortam a cidade de Foz do Iguaçu são rios de Classe II. O volume de água dos rios
perenes aumenta muito nas épocas de chuvas em virtude de uma conjugação de
fatores tais como: solo pouco permeável, extinção de cobertura vegetal primitiva e
impermeabilização da superfície.

4.4 EVOLUÇÃO SOCIAL, ECONÔMICA E POPULACIONAL

Terra devoluta do Brasil começou com a ocupação da fronteira no último


quarto do século XIX pelo Exército Brasileiro, para garantir a soberania nacional,
numa região que era explorada por empresas madeireiras e ervateiras argentinas,
com mão-de-obra paraguaia frequentemente em regime de semiescravidão dos
“mensus” (trabalhadores de descendência indígena). Durante um século a região
71

evoluiu segundo o ritmo ditado por esta economia extrativa, completando com isso
os dois primeiros ciclos econômicos do município, com início em 1870 e término no
ano de 1970. (CAIMI, 2000).

A partir da década de 1970, Foz do Iguaçu apresenta uma história singular,


iniciada com o ciclo da construção da hidrelétrica de Itaipu, que perdurou até 1980,
proporcionando o aumento exponencial da população. O canteiro de obras no Rio
Paraná chegou a ter mais de 40.000 trabalhadores, principalmente barrageiros vindo
de todo o País, acompanhado de pessoal técnico de alto nível, que construíram a
usina considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno. Devido a ocupação
agrícola do Oeste do Paraná por colonos vindos do Sul do País, ainda era uma
pequena cidade de 28.000 mil habitantes em 1968, mas já com algumas
características especiais, graças à presença militar e de outros órgãos federais
necessários à formação nacional.

A Itaipu mudou todos os prognósticos do município de Foz do Iguaçu. A


população cresceu rapidamente: em 1970 eram apenas 34.000 habitantes: em 1980,
136.000: em 1990 atingiu-se a marca de 190.000 pessoas. Os trabalhadores que
deixavam o canteiro de obras fixaram residências na cidade, e muitos aventureiros
chegaram à Foz do Iguaçu atraídos pela perspectiva de bons negócios no chamado
Novo Eldorado brasileiro.

O terceiro ciclo foi caracterizado pela junção do turismo de compras,


decorrente dos sucessivos planos econômicos a partir do Cruzado, em 1986 e pela
exportação, que obteve grande impulso no período de 1977 a 1994. Mas, com a
implantação do Plano Real em julho de 1994, as empresas exportadoras perderam
força devido a globalização e aos poucos foram desaparecendo e enfraquecendo o
comércio exterior, que decretou o fim desse ciclo.

4.5 HISTÓRIA DO SANEAMENTO NO MUNICÍPIO

A história do saneamento de Foz do Iguaçu remonta a década de 40. Há


poucos registros, mas em função da interiorização do DAE (Departamento de Água
e Esgoto) do Paraná, foram executadas redes de água e esgoto na cidade e nos
municípios considerados naquela época em expansão populacional no interior do
72

Paraná e Foz do Iguaçu foi um deles. Mais precisamente há registros de que em


1951 no dia 19 de julho, foi fundada a ACIFI - Associação Comercial e Industrial de
Foz do Iguaçu, para defender evidentemente a classe industrial e comercial que,
juntou forças com o executivo e o legislativo de Foz do Iguaçu para defender os
interesses, junto aos órgãos do governo, mas, também para coordenar os projetos
de desenvolvimento da cidade.

Assim começava a luta destes empresários, em face de falta de


comunicação, buscar melhorias para as estradas de acesso à cidade,
escolas, água tratada, luz e saneamento básico, implantação de órgãos
federais e estaduais para orientação e fiscalização. Essa luta não foi em
vão, as melhorias logo se fizeram notar, lentamente, mas de forma
inexoráve. (PERCI LIMA, p. 27).

Nesse período histórico do Paraná, Foz do Iguaçu pertencia ao Território


Federal do Iguaçu, cuja Capital era atual cidade de Laranjeiras do Sul, terra de
nascimento do Autor da presente obra.

Figura 22 – Mapa do Território Federal do Iguaçu em 1944, Capital do Iguaçu, atual cidade
de Laranjeiras do Sul, Pr.
Fonte: Perci Lima (p. 157)
73

Terra abençoada por Deus, a região oeste do Paraná se desenvolvia


rapidamente por possuir um clima úmido e temperado, com uma agricultura já em
expansão e com fauna e flora em abundância. Sendo assim, Foz do Iguaçu tinha
também suas riquezas, confrontando com os rios Paraná, rio Iguaçu com as
Cataratas do Iguaçu (em Guarani, “Água grande” I = água, Guaçu=grande), além de
importantes afluentes, no caso Arroio Monjolo, Rio Almada, Rio Boyci sendo
manancial de abastecimento de água doce desde a época em que José Maria de
Brito, sargento do exército brasileiro em uma expedição no ano de 1889 chegou com
sua tropa, abrindo picadas na selva, nas três Fronteiras, que é conhecida não só no
Brasil, mas no mundo todo. Os rios Almada e Boyci serviram a população com água
de boa qualidade e o Rio Tamanduá fornece até hoje uma parte da população da
região sul de nossa cidade, embora com o crescimento da população foi-se
deteriorando suas margens e sua nascente que se localiza no município de Santa
Terezinha de Itaipu. De qualquer forma, merece sempre a atenção não só das
autoridades do município bem como da concessionária que se serve com essa
matéria-prima, e que ainda não pode abrir mão da captação, tratamento e
distribuição da água.

Os primeiros moradores de nossa cidade, fixaram residências onde hoje se


encontra a Capitania dos Portos do Rio Paraná, Prefeitura Municipal e a Paróquia
São João Batista, que em 1907 antes da fundação do Município o único religioso
que visitou o local, duas ou três vezes, foi um Padre de Possadas. Posteriormente,
os padres itinerantes da Congregação do Verbo Divino vinham atender a região uma
vez por ano, em penosas viagens a cavalo que durava até três meses, mato
adentro. Em 1916, foi concedido oficialmente o terreno para a instalação da Igreja e
em 1923 os primeiros religiosos chegaram a caráter definitivo sendo, Monsenhor
Guilherme, Padre João Progzeba e Irmão Bianchi, vindos da Paróquia de
Guarapuava, conforme dados oficiais da Paróquia.

4.6 DÉCADA DE 60

A Cidade se resumia na Av. Brasil e algumas ruas do atual Centro, Vila


Paraguaia, Vila Maracanã e seu primeiro bairro, Vila Yolanda. O sistema de
74

abastecimento de água foi construído pelo então DEA (Departamento de Água e


Esgoto) a partir de 1940. Com o passar daqueles anos, a manutenção das
instalações tanto de água como de esgoto, sofria com falta de recursos do tesouro
do estado para manter em funcionamento a estrutura existente. Com relação aos
investimentos futuros, devido ao crescimento da população, necessidade de
abertura de novos bairros, precisavam ser realizados, mas não havia, em relação ao
saneamento, projeto de expansão, nem dotação orçamentaria para tanto.

Figura 23 - Mapa da Cidade de Foz do Iguaçu da época. (final da década de 1960).


Nota: Acervo Sanepar.

No ano de 1968, um estudo elaborado pelo Governo do Estado do Paraná


(gestão do Governador Paulo Pimentel), apontava deficiência na infraestrutura de
saneamento, do abastecimento de água e coleta e remoção de esgoto. O Município
contava na época com uma população de 28.000 habitantes na área rural e 4.000 na
área urbana e 3.500 domicílios atendidos com ligações de água tratada e 525
ligados à rede coletora de esgoto. A fonte de captação se dava através de 3 poços
artesianos fechados com capacidade de 50 m3/h e um reservatório com capacidade
para 30 m3 localizados na Vila Itajubá, onde atualmente se encontra a estrutura
administrativa da Coordenação de Redes da Gerência Regional de Foz do Iguaçu -
75

GRFI, Coordenação Industrial, Centro de Controle Operacional, na rua Estanislau


Zambrzycki número 573 em frente ao Supermercado Muffato Bocai.

4.7 PIONEIROS DO TEMPO DO DAE

“A vida só pode ser compartilhada olhando-se para trás; mas só pode


ser vivida olhando-se para frente. (Soren Hierkegaard).
“Foge da tristeza, pois a tristeza só penetra nos corações apegados
as coisas do mundo. (Pe. Pio).

Primeiro chefe do “DEA” (DEPARTAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO) da cidade


de Foz do Iguaçu

Engenheiro Francisco BUBA. (In - memória).

Entrevista no dia 11 de janeiro de 2020, os 11.22 minutos, proferida em sua


casa na Cidade de Foz do Iguaçu – Paraná.

O Engenheiro Civil Francisco Buba, foi o primeiro Chefe do Departamento de


água e esgoto da cidade de Foz do Iguaçu, nomeado pela diretoria, no governo do
então Governador Paulo Pimentel.

Chegou em Foz do Iguaçu, no ano de 1962, juntamente com seu Pai,


Francisco Buba Junior, com a empresa FL-BUBA, prestadora de serviços gerais e
obras pesadas, do qual Francisco filho era contratado da empresa no cargo de
Engenheiro Civil. Vieram com a responsabilidade de construir a estrada ligação de
Foz até o Porto Meira, no Rio Iguaçu, área deserta naquele tempo e com suntuosa
mata de primeiro e segundo estágio de regeneração. Trouxeram o primeiro trator de
esteira de marca FIAT 55 CV, que também era único da região Oeste e Sudoeste do
Paraná. Tiveram, se não, aboletar-se e fixar residência nessa magnifica localidade já
naquela época.

“Para manter o trator em operação depois de construir a referida estrada e as


obras do colégio agrícola, como o trator era o único de esteira fora de uma
colonizadora, era bastante solicitado em consequência de diversos serviços,
contratação particular. O principal objeto foi a estrada do porto Meira. Na verdade,
inúmeros serviços foram aparecendo. Posteriormente, foram contratadas a
76

execução de galerias de águas pluviais, o que demandava mão de obra


praticamente única o que se referia, no sentido de serviços públicos e como
consequência lógica foram aparecendo, devido que aqui em foz do Iguaçu na
década de 60, era um deserto e com uma população pequena, mas sobretudo, já
demostrava crescimento vertiginoso e a Prefeitura precisava expandir a estrutura
urbana da cidade. Fizemos as construções de portos as margens dos rios paraná e
Iguaçu, portos estes dedicados a exportação de madeira. Assim começaram as
exportações (roliça) e depois madeiras serradas pelas serrarias de todo o Oeste e
Sudoeste do Paraná, onde nessa década começou o progresso regional com o
lançamento de diversas pequenas cidades, nasceram Toledo, em uma série
bastante grande de colonização. Já no ano de 1970 foi fundada a BUBA Indústria e
Comércio Ltda.

“O senhor Ex. Prefeito Francisco Guaraná de Meneses (19951-1955) segurou


a ponta e a FL-BUBA, realizou a execução de importantes serviços demandados
pelo município, carente de estrutura interna de engenharia e com qualidade”.

“Fui nomeado Pelo DAE, como o primeiro chefe para administrar a água e o
esgoto da cidade de Foz do Iguaçu e construímos (Estado) em parceria com a
Prefeitura, muitas redes de água e fundamentalmente as primeiras redes e ligações
de coleta dos esgotos domiciliar e comercial. Rede de água com tubos de ferro
fundido e de esgoto com manilha de barro, era o material padrão que tinha no
mercado, e os dejetos lançados in natura para o rio Boyci e Paraná, dependendo da
topografia do terreno, bem como os poços de visitas em alvenaria e tampão padrão
em ferro fundido, sendo uma cada esquina, para facilitar a manutenção e
desobstrução, caso as redes viessem sofrer entupimentos por descarte de objetos
estranhos em seu interior. Já naquele tempo A rede de coleta era implantada no
meio da rua, devido que o DEA, não possuía fartos recursos, já que dependia de
numerário do caixa do governo do estado, e naquele tempo quase não havia
dinheiro para investir e realizar a manutenção nessa área de água e esgoto”.

“Como Chefe do Departamento de Água e Esgoto e Engenheiro Cível de Foz


do Iguaçu, coordenei o planejamento de uma nova estrutura e participei da
elaboração dos projetos e da construção de nova captação de água no Rio Boyci,
estação de tratamento com decantadores, reservatórios na ETA, e Reservatórios
enterrado e elevado construídos no terreno adquirido pelo departamento, instalação
77

de todos os equipamentos, linha de recalque, visando assegurar uma maior


produção de água e com qualidade, que a população, embora pequena já
demandava naquela época. Nessa época o escritório do DAE situava-se na Rua
Marechal Floriano, esquina com a Rua Belarmino de Mendonça, onde hoje se
encontra a APASFI”.

O DEA tinha muitas normativas e o padrão de construção do processo todo


seguia uma cartilha muito rigorosa, com a marca do então departamento, que
suponho certamente deva ainda ter algumas redes de saneamento, resistindo ao
tempo, no centro velho de Foz”.

Figura 24 - Tampão de Poço de Visita do DAE, fabricado em ferro fundido (T50)


Nota: situado na Travessa Lineu Rosa, entre a Av. Brasil e Juscelino Kubistchek.

IVO KALICHEVSKI

Ivo nasceu em Foz do Iguaçu no ano de 1955. Filho de Casemiro Kalichevski


e de Dona Aldina. Seus Avós chegaram em Foz do Iguaçu no ano de 1939 vindo do
Rio Grande do Sul e se estabeleceram nas terras devolutas do Estado próximo do
78

Parque Nacional do Iguaçu, área de mata virgem, Sanga Funda próximo do Rio São
João. De Guarapuava até aqui, a viagem da caravana durou cerca de 30 dias,
abrindo picada na mata, continha dois carretões puxado por cavalos, onde em um
eram transportados os alimentos e no outro as ferramentas da época. Quando
encontravam um rio que possibilitava a passagem a viagem continuava, mas, ao se
depararem com águas altas em função de chuvas intensas, era necessário montar
acampamento próximo da margem e esperar o nível da água baixar. A construção de
casas e benfeitorias foi feita com madeira de lei da própria floresta. A árvore era
derrubada, descascada e serrada com serrote utilizando-se de força braçal. Tal
madeira servia de alicerce dentre outras aplicações. A tora, de acordo com o
comprimento era instalada sobre madeira roliça de tamanho menor, cavado um túnel
sobre ela e com o serrote grande um se postava embaixo e o outro em cima,
possibilitando produzir a tábua como planejaram. Naquela época não havia pregos
compridos, o recurso foi fazer a armação com encaixe na própria madeira e a
cobertura era preparada de tabuinha de cedro. Em 1952 o governo federal legalizou
as terras nessa região. Mais tarde no ano de 1965 a família adquiriu propriedade já
na Av. Jorge Schimmelpfeng. Depois, seu pai Casemiro abriu um comércio (60-70)
Casa Nossa Senhora Aparecida, na estrada para as cataratas, atual Av. Cataratas,
esquina com a Rua Irlanda Kalichevski, onde hoje funciona as Organizações
Kalichevski - Assessoria Contábil e a Cantina (casa de madeira construída pelo seu
Casemiro), consta o restaurante o Empório com Arte.

Na entrevista, Ivo mostrou-me o local onde seu Pai furou um poço com 20
metros de profundidade, após ser quebrada as pedras que apareceram na obra,
captando água de melhor qualidade, através de sistema manual (bomba de água a
manivela). A execução de redes de água e ligações chegou na Vila Yolanda no ano
de 1980, sistema já operado pela Sanepar. Assim como aconteceu em Curitiba e
outras cidades que eram operadas pelo Estado do Paraná através do Departamento
de Água e Esgoto, não foi diferente por aqui, a maioria dos servidores não aceitaram
assinar contrato com a nova empresa de saneamento e a direção resolveu transferi-
los para outros órgãos pertencente ao Estado. Os que detinham maior conhecimento
foram para a Agencia de Rendas, ou para a Coletoria do Estado e os que
executavam serviços braçal, foram para a Delegacia de Polícia Civil, passaram a
atuar como policiais armados, e a maioria assassinados em confronto com a
79

bandidagem que por aqui tinham se instalado. O terreno que atualmente é de


propriedade da Sanepar, pertencia ao também pioneiro Estanislau Zambrzcki, o
comércio estava instalado onde se encontra atualmente o Mercado Muffato, de
nome Casa Mineira.

ANDRÉ CARDOSO

André Cardoso, morador antigo em Foz do Iguaçu, chegou por aqui no ano de
1952 junto com sua família que se estabeleceram na rua Marechal Deodoro número
368. Completou no mês de janeiro de 2019, 83 anos de idade e mora no mesmo
endereço, lembra-se muito bem e conta com riqueza de detalhes como iniciou os
trabalhos de saneamento básico em Foz do Iguaçu através do Departamento de
Água e Esgoto (DAE), braço do Governo do Estado do Paraná, no setor. Foi
funcionário por mais de 20 anos da empresa Enerluz na área de vendas de materiais
elétricos e hidráulicos de propriedade do Sr. Alfredo Keller. Acompanhou o
crescimento da cidade e lembra que Foz era uma cidade pequena, no início com
apenas três ruas, quando aqui chegamos, sendo Av. Brasil, Almirante Barroso e a
Rua Santos Dumont e as últimas duas não eram completas, quando chovia o
lamaçal se apresentava e não era fácil andar a pé. Desde a década de 50 existia
rede de água e esgoto apenas na Av. Brasil e nos órgãos públicos que estavam
localizados no marco zero da cidade, ou seja, Paço Municipal, Delegacia de Polícia,
Mesa de Rendas, Coletoria do Estado bem como a Igreja Matriz São João Batista.

A maioria do povo possuía um poço de serventia que em média atingia a


profundidade de entre 11 a 12 metros, e a água apresentava boa qualidade, após
transpor a camada composta pelo cascalho. Em locais que era pura terra vermelha a
água continha odor forte e de cor amarelada, o tratamento se fazia com uma
quantidade de cal virgem ou uma pedra de sal grosso. O DAE era operado por Júlio
Bruczeniski. O sistema era muito precário, melhorou depois que foi feita a barragem
de captação e estação de tratamento e distribuição de água no Ribeirão Boyci no
ano de 1971, e a operação da caixa de água da Rua Almirante Barroso, próximo de
minha residência. Foi necessário negociar com o DEA para encanar água tratada do
centro velho alto até nossa casa. Abrimos manualmente cerca de 80 metros de vala
e compramos os materiais que na época era tubo de ferro fundido de diâmetro
80

nominal '50' mm, onde eu trabalhava. Não se lembra de pagar por boletos a despesa
de consumo de água mensal após a instalação da rede de distribuição pública, mas
acredita que a cobrança era feita através do carnê de IPTU. (O Sr. André faleceu
meses depois). Im memória.

ENNES MENDES DA ROCHA

Ennes, como é conhecido na sociedade Iguasuense, desembarcou em Foz do


Iguaçu em outubro do ano de 1967, com 37 anos de idade, vindo da cidade Canção
Maringá, onde por lá aos 12 anos de idade começou a trabalhar na radiofonia. Veio
com o objetivo de implantar por aqui na fronteira uma sorveteria, pois se falava muito
sobre as altas temperaturas em Foz do Iguaçu, e, deveras, um bom sorvete,
ninguém resiste no verão. A fábrica se chamava (BISBOM), produção de sorvetes de
diversos sabores, gelo, já no início do ano de 1968. Perdurou o negócio até meados
1974, quando tomou a decisão de vendê-lo. Decidiu ele em cursar Faculdade de
Ciências Sociais em Jandaia do Sul PR., e depois, mais tarde, fez especialização
em Geografia. Atuou em sala de aula como Professor nas áreas referidas em Foz do
Iguaçu, no então Colégio Estadual Dr. Manuel Corner, atual Bartolomeu Mitre e em
Colégios de Santa Terezinha de Itaipu por mais de 10 anos. Experiente em
comunicação, seu primeiro contado com a tradicional Rádio Cultura de Foz do
Iguaçu deu-se, em função da divulgação pela rádio de um anúncio avulso. Na época
a direção comercial estava sob o comando de Fernando Campeã. Nesse período o
que havia de tecnologia para a escrita na época, era máquinas de escrever e ali
tinha uma novíssima da marca Olivetti. Ao iniciar o texto sugerido por Ennes, o
redator buscava as letras vagarosamente e a demora se prolongava. Ennes disse ao
Fernando: “deixa eu redigir esse texto, eu sei datilografar”. E assim o fez. Para se ter
uma ideia, um bom datilógrafo tinha que atingir mais de 150/160 toques por minuto,
tendo Ennes atingido essa média conforme ele me contou no dia 19 de novembro
de 2019, dia em que tive a alegria de entrevistá-lo. Ao perceber a sua eficiência e
dinamismo, a direção da Rádio Cultura, já no dia seguinte contratou-o para prestar
serviços no grupo de comunicação por meio expediente, na parte da edição de
matérias que seriam vinculadas, anúncios e outros trabalhos.
81

A Rádio, nesse tempo estava estabelecida na Rua D. Pedro I, n. 180. Quando


assumi em 1989 a Chefia do Escritório Regional de Foz do Iguaçu, muitas vezes fui
entrevistado pelo Ennes e outros jornalistas em um momento muito difícil para nós
que gerenciávamos o setor de saneamento em Foz do Iguaçu, época que estava
escasso o bem precioso e vital que mantém vivo o homem e todos os demais seres
nesse planeta, a (água). Mais tarde, mudou de endereço, para a Rua Marechal
Floriano e logo em seguida para Av. Costa e Silva e hoje opera na Rua Francisco
Rosa e Silva n.28 Parque Presidente I.

Interessantíssimo, o que me contou Ennes sobre o saneamento no tempo do


DEA e depois a Agepar, o que viria a ser a Sanepar: Nos primórdios tudo era difícil.
Quando aqui cheguei, fixamos residência onde ainda moro, na Rua Vinanti Otremba,
563, Vila Maracanã, ao lado da Diocese de Foz do Iguaçu, Cúria, que veio bem
depois. Aquela época a água era de poço. Ainda na Gestão do Prefeito Coronel
Clóvis Cunha Viana e do Arquiteto Décio Luiz Cardoso, Secretário de Planejamento,
Jairo de Oliveira Secretário de Obras Públicas, o planejamento para as obras de
infraestrutura era feito pensando-se em um horizonte de mais de 30/40 anos. A
canalização de água em frente de minha casa (água da rede pública) e também a
instalação das redes de coleta dos esgotos, à época, foi executada por volta do ano
de 1976/1977, elas eram de grande porte para nossa pequena cidade. “Tudo era
consideravelmente bem dimensionado: as manilhas de barro para coleta dos
esgotos foram colocadas no meio da rua: juntamente a cada 80/100 metros, um
ponto de inspeção”. “Eu havia plantado na calçada da rua de minha casa 6 mudas
de árvores bem pequenas. Elas foram crescendo aos poucos: 4 sibipirunas e 2
flamboyants. Na execução das redes de água, necessário foi negociar com a equipe
técnica para que pudéssemos salvar as árvores. Foi o que aconteceu. Apenas 2
árvores foram sacrificadas. Houve a mudança do traçado de centímetros na hora
pelos engenheiros, não causando dificuldades maiores para atender a coletividade.
Quem passar pelo centro de Foz do Iguaçu, ainda em algumas ruas, pode ver os
tampões de esgoto funcionando até hoje, e olhe que se passaram mais de 50 anos.
As obras resistiram ao tempo e ainda resistirão por muito mais. “Em 1983 cursei pela
Adesgue (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra), o curso que
direcionava seus formados a desenvolverem Ações Sociais em Foz do Iguaçu, bem
82

como no Brasil”. Ennes ainda trabalha para a Rádio Cultura, comentarista do


Programa “Contra Ponto”, do qual sou um ouvinte assíduo.

TERCIO ALVES DE ALBUQUERQUE

Político Iguasuense, Tércio chegou à Foz do Iguaçu no início da década de


1970. Em 1972 elegeu-se Vereador por sufrágio de votos pela ARENA e no seu
mandato foi Presidente da Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu, por isso por
duas vezes exerceu o cargo de Prefeito Municipal, nos anos de 1973 e 1974.

“Em Foz do Iguaçu nesse tempo não tinha nada. Foi uma luta muito grande e
tínhamos que ir amealhando a coisa pública para conseguir pagar as contar do
pequeno município, já que por aqui o povo andava muito com bicicletas, pois ruas de
forma boa não existia, e com muita labuta fomos abrindo os acessos e estruturando
com uma infraestrutura mínima. O Estado do Paraná lançou o PRODOPAR, uma
linha de crédito e premiou nossa cidade com um bom valor, hoje seria em torno de
R$- 500.000.000,00 (quinhentos milhões de Reais), e a partir desse projeto foi
possível ampliar as redes de água e esgoto no centro, energia elétrica, abertura de
novas ruas, galerias de águas pluviais e telefonia, nas vilas próximas da Prefeitura.
Isso permitiu adequar a cidade para receber a Itaipu Binacional, que chegou para
construir a barragem no rio Paraná para produzir energia elétrica.

“Fui o primeiro Deputado Estadual eleito por sufrágio de votos no município


de Foz do Iguaçu, no ano de 1976 e reeleito em 1981. Nessa época (primeiro
mandato) a cidade já enfrentava falta de água devido a chegada de trabalhadores
em massa por aqui. Junto com o Governador do Estado do Paraná, trabalhei para
que a Sanepar implantasse um novo ponto de captação de água e nova estação de
tratamento, que foi no Rio Tamanduá, e a construção foi bastante rápida, foi possível
inaugurar no ano de 1978 quando Jayme Canet Junior era o Governador e o Prefeito
Coronel Clovis Cunha Viana. Fizemos gestão também na área de habitação e
conseguimos recursos onde foi implantado o primeiro conjunto habitacional para
famílias de baixa renda, denominado Profilurbe I, na região do Porto Meira. Mais
tarde foi o Conjunto Libra, onde o foco era para famílias com uma renda maior ou
para a classe média e também a ampliação das redes de água no famoso bairro
Rincão São Francisco, executadas no ano de 1982 pela Sanepar, através de um
83

aditivo ao contrato de concessão com a Prefeitura, também água para o recém


criado município de Santa Terezinha de Itaipu que foi emancipado no dia 03 de maio
de 1982. Exerci mais tarde, Cargos de Diretor de Coordenação e Diretor
Administrativo da Itaipu Binacional em Foz do Iguaçu. Construímos forças políticas
juntamente com o Diretor Geral Ministro Costa Cavalcante, Deputados Federais pelo
Paraná Arnaldo Busatto e Antônio Mazurek e com nosso Prefeito Coronel Clóvis
Cunha Viana, nos governos de Ney Braga, Jaime Canet Junior e Emilio Gomes que
possibilitou o início do desenvolvimento estrutural e econômico, não somente de
Foz, mas, de todos os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu. Além de recursos do
estado, veio muitos do governo federal em função do pacto que fizemos e o Ministro
Costa Cavalcante possuía um grande trânsito e defendeu a estruturação dos
municípios da região em todas as áreas. Ali, nessa época foi que iniciou o
desenvolvimento também no campo econômico, tanto que me tornei amigo pessoal
de todos esses grandes homens públicos que o Brasil tinha por aqui, bem como no
estado do paraná”.

Tércio Albuquerque foi também Secretário Estadual do Trabalho, Emprego e


Promoção Social, no governo de Orlando Pessutti e sempre foi fugaz em seu
trabalho, no sentido de sempre, em primeiro lugar atender a população de Foz do
Iguaçu.

NELSON ARLINDO MAIER

Nelson Arlindo Maier nasceu em Erechim (RS) e se mudou junto com seus
pais para a Cidade de Cascavel em 1958, década da imigração de descendentes
alemães e Italianos, que deixaram o Sul do Brasil e vieram morar no Oeste e
Sudoeste do Paraná. No ano de 1973, Nelson se mudou para Foz do Iguaçu para
trabalhar na construção civil em empresas da área como carpinteiro e no dia
03/02/1976, foi contratado pela Engepar - Construtora de Obras que detinha o
contrato para a implantação do novo complexo de água denominado Rio Tamanduá,
também na função de carpinteiro. Após o termino da obra, quando do início efetivo
da operação, foi contratado pela Sanepar no mês de março de 1978 na função de
Operador de Bombas.
84

Contou-me ele que na fase da construção da Barragem, da ETA, da Linha de


recalque, e dos reservatórios da Republica Argentina e da Vila A de Itaipu., o
Engenheiro Irineu Delai era o Chefe da Sanepar de Foz do Iguaçu e foi o
responsável por lhe contratar na Companhia. Em seguida, Delai foi transferido para
Curitiba e assumiu em seu lugar o Engenheiro Domingos Budel que permaneceu até
início do ano 1980, com a chegada de Carazzai e depois do Sebastião Pereira,
vindo de Cascavel. Budel foi para Curitiba onde exerceu diversos cargos de gestão,
inclusive o de Diretor de Investimentos da Sanepar, no segundo mandato do
Governador do Paraná, Roberto Requião.

Figura 25 - Imagens 1 e 2. Construção da Estação de Tratamento de Água do rio


Tamanduá, ano de 1978.
85

Mais tarde foi promovido para Operador de Tratamento de água até se


aposentar ao completar os 35 anos de trabalho e a idade mínima. Vendeu sua Mão
de Obra e sua inteligência para a Companhia de água e esgoto do Paraná por
exatos 22 anos, quando pediu exoneração no início da década de 2.000. Morador
antigo do Remanso Grande, pode testemunhar a chegada do Saneamento Rural e
de que forma se fazia a operação, tendo diante a comunidade a responsabilidade de
administrar o pequeno sistema através de um poço artesiano, já que a Sanepar não
atendia aquele local com água do sistema público.

Figura 26 – Filhos do Sr. Nelson Arlindo Maier

“Orgulhoso de seu trabalho, teve um período que residiu em uma das casas
da Sanepar no pátio de ETA onde nasceram seus três filhos. “Criei meus Filhos com
o suor de meu trabalho diário e em escalas de revezamento durante 22 anos. Me
sinto grato que 2 (dois) deles seguiram a carreira do Pai. Edson Carlos Maier hoje
funcionário de carreira da Sanepar, está na função de Técnico Operacional,
86

(tratamento de água) no complexo Vila C e Elizabete Aparecida Maier é Técnico


Administrativo na Coordenação de Clientes em Foz do Iguaçu”.

4.8 PROJETO E IMPLANTAÇÃO DE NOVA ESTRUTURA

A partir do estudo, (de 1968), elaborou-se um projeto de nova estrutura de


saneamento para a cidade de Foz do Iguaçu, com uma barragem, uma ETA
(Estação de Tratamento de Água), Reservatórios, Adutora de água para transportar
a água tratada até os reservatórios do centro, rede de distribuição de água para
abastecer a comunidade e de rede de esgoto, construção civil ( casas para abrigar
funcionários), escritórios administrativo e de atendimento ao público, conforme a
demanda existente naquela época, de acordo com registros fotográficos do ano de
1971.

Figura 27- Barragem de Captação de Água do Rio Boyci (1971)


87

Figura 28 - Decantadores da ETA Boyci (1971)

Figura 29 - ETA (Estação de Tratamento de Água) do Rio Boyci e Casa de máquinas,


almoxarifado com alpendre nos fundos para armazenamento de tubos de PVC. (1971)
88

Figura 30 - Reservatório de água Elevado 200 m3, situado na Rua Almirante Barroso
esquina com a Rua Antônio Raposo. Ao lado um reservatório enterrado com capacidade de
400 m3 e casa de bombas - 1971

Figura 31 - Setor da Administração Central e do Atendimento ao Público Personalizado,


Situado a Rua Antônio Raposo número 693, esquina com a Rua Almirante Barroso. Ano de
1971. Continua até os dias atuais sem muitas modificações.
89

4.9 DÉCADA DE 70

4.9.1 Laudo de Avaliação – ( 1971)

No dia 24 de novembro de 1971, a Assembleia Geral Extraordinária da


Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR, aprovou uma comissão de
peritos conforme nominados, para um minucioso levantamento técnico dos bens
pertencentes ao Estado do Paraná em Curitiba e algumas cidades do interior, em
torno de (25), e Foz do Iguaçu era uma delas, assim descrevem os profissionais:

FOZ DO IGUAÇU - Cód. 017 (décima sétima cidade incorporada pela


Sanepar).

Imóveis, Construção Civil, Adutora, Redes de Distribuição de água, Rede de


Esgoto, Veículos e seus Pertences, Bens Móveis, Equipamentos, Material de
Estoque, conforme relatório abaixo com valor apurado de Cr$ - 1.637,871,00 (Um
milhão, seiscentos e trinta e sete mil e oitocentos e setenta e um Cruzeiros. Curitiba,
27 de dezembro de 1971. Era o que havia em Foz do Iguaçu na no finalzinho do
tempo do D.A.E.
90
91

4.9.2 Estrutura Da Época E Evolução

Importante destacar que, a Estação de Tratamento de Água do Ribeirão


Boyci, era composta por 2 (dois) decantadores de 240,00 m 2 cada um e
profundidade média de 2,60 m, floculador de chicanas de concreto ciclópico, filtros
rápidos, e um reservatório enterrado, tanque de 8,00x6,00x3,00 metros de
profundidade e paredes de 0,20 m de espessura. Ainda, 3 (três) poços artesianos
profundos fechados com capacidade para 8 m3/h, 18 m3/h e 24 m3/h, localizados no
terreno da estação de tratamento de água.

É salutar fazermos uma correção com relação as capacidades dos


reservatórios central e de distribuição de água por bombeamento superior e daí,
distribuindo e atendendo a população com água por gravidade topográfica.

Todas as informações davam conta de que nessa estrutura a capacidade total


de reservação era de 500 m3. (250 m3 enterrado e 250 m3 na caixa de água
elevada). Na verdade e como bem relataram no laudo técnico acima, a capacidade
real é de; (Reservatório elevado com capacidade para 200 m 3 ), (duzentos metros
cúbicos) e reservatório enterrado com capacidade para 400 m 3 (quatrocentos metros
cúbicos), construídos no terreno da sede, que existe até hoje, porém com a
implantação do projeto e estruturas no Rio Paraná (Lago de Itaipu, Refúgio Biológico
Vila “C”), após as obras de anéis de distribuição com todas as interligações, essa
unidade foi desativada, ou seja, não opera mais, mas trata-se de uma referência
importante para a população de Foz do Iguaçu, e merece cuidados especais, e
quem sabe um tombamento para que figure como patrimônio histórico do
saneamento de nossa cidade, através de um Projeto de Lei de proposição Executivo
Municipal, ou do Legislativo.

A estrutura de saneamento era composta no ano de 1971, com 17.467,00 m


de rede de distribuição de água em tubos de ferro fundido de diâmetro de 60 mm;
1.014,00 m de tubos de ferro fundido de 75 mm; 2.360,00 metros de tubos de
diâmetro 100 mm; 376 m de tubos de ferro fundido de 125 mm; 1.508,00 m de tubos
diâmetros de 150 mm; 120 m de tubos de diâmetro de 200 mm, além uma linha de
adura de 949,00 de tubos de ferro fundido, diâmetro 250 mm; 1.030,00 m de tubos
de ferro fundido de 150 mm, que saia da estação de tratamento de água do Boyci e
92

ligava aos reservatórios instalados central, ligando redes que se localizavam


instaladas basicamente no centro da cidade, Vila Maracanã, Vila Itajubá e a Vila
Paraguaia. Sendo, 10.170,00 m. de manilhas de barro de 6” (seis polegadas);
1.259,00 m de manilhas de barro de 8” (oito polegadas) e 770 m de manilhas de
barro de 10”, redes de coleta de esgoto que fazia parte do acervo da cidade de Foz
do Iguaçu.

O complexo foi inaugurado e entrou em funcionamento no Mês de Março do


ano de 1973, de acordo com a foto abaixo, sendo o Governador do Estado do
Paraná Dr. Paulo Cruz Pimentel, Secretário de Obras Públicas Eng. Enéas Muniz de
Queiroz, Diretor do DAE (Departamento de Água e Esgoto) Eng. Gerhard Leo
Linzmeyer, Chefe do D.O.I Eng. Arnaldo Grassi e o Fiscal das obras o Eng. Marcos
R. Andreata. Projetada para atender a demanda de água tratada de 1971 a 1991,
esgotou sua capacidade de produção, ficando obsoleta já na metade da década de
70, devido o início das obras da Hidrelétrica Binacional, que iniciou suas atividades
no ano de 1974, aumentando consideravelmente a população, trazendo um novo
ciclo de desenvolvimento no município. A construção da usina causou forte impactos
em toda a região do estremo oeste do Paraná, principalmente em Foz do Iguaçu, em
virtude de o canteiro de obras estar situado no Município.

Figura 32 - Placa da Inauguração das Obras de Saneamento de Foz do Iguaçu, março de


1971
93

O número de habitantes cresceu 21,31% de 1968 a 1970, de 301,35% do ano


de 1970 até 1980. Comparando o total em 22 anos foi de 459,73%, crescimento
muito atípico para o município, mas justificado devido a chegada dos trabalhadores
que construiriam Itaipu, e o número de ligações de água cresceu 49,37% de 1968 a
1970, de 102,26% de 1970 a 1980 sendo total de 591,40%, no período. Com relação
ao aumento do número de ligações de esgoto foi de 36,07% de 1968 a 1970, de
177,20% de 1970 a 1980.

Tabela 1 - Investimentos de 1971 a 1980 - Foz do Iguaçu - Cód. 017


Sistema de
Unidade Sistema de Administração Total dos
Exercício Abastecimento de
Monetária Esgoto e Outros Investimentos
Água
1971 Cr$ 780.655,00 280.927,00 576.291,00 1.637.871,00
1972 US$ 0,00 0,00 0,00 0,00
1973 US$ 0,00 0,00 0,00 0,00
1974 US$ 364.172,93 79.283,93 29.834,49 473.291,35
1975 US$ 360.318,06 214.292,90 0, 00 574.610,96
1976 US$ 2.131.453,06 810.153,48 20.701,79 2.962.308,33
1977 US$ 1.036.421,58 768.944,69 0,00 1.805.366,27
1978 US$ 2.561.216,32 1.168.811,52 32.752,67 3.762.780,51
1979 US$ 197.503,42 196.337,45 2.073,56 395.914,43
1980 US$ 231.210,49 82.142,04 10.086,28 323.438,81
Total US$ 6.682.295,86 3.319.966,01 95.448,79 10.297,710,66
Fonte: Relatório Patrimonial da Sanepar de Foz do Iguaçu. Setembro de 2010.

Pode se verificar no relatório dos peritos de dezembro de 1971, que o sistema


de Foz do Iguaçu alcançou um ativo de CR$ 1.637,871,00 (Um milhão, seiscentos e
trinta e sete mil, oitocentos e setenta e um cruzeiros), referente a água/esgoto e
bens patrimoniais, conforme relatado na p. 81, no ano de 1973 com a extinção do
DAE, a Sanepar assumiu a operação e manutenção do município de Foz do Iguaçu,
mesmo sem nenhum contrato de concessão. Conforme o gráfico dos investimento
do ano 1972 a 1973, não houve aplicação de recursos financeiros em obras de
ampliação do sistema. Já, em 1974 foi pouco mais de US$ 473.200,00
(Quatrocentos e setenta e três mil e duzentos dólares). No período de 1973 até 1980
o aporte de recursos para melhorias foi na ordem de US$ 10.000,000,00 (Dez
milhões de dólares). Os valores de investimentos mais representativos ocorreram
94

entre os anos 1976 à 1978, devido evidentemente ao crescimento da população


residente em função da usina, o ciclo do turismo de compras, da exportação onde
foram necessários um novo planejamento e a implantação de um novo complexo,
aumentando a produção de água, captação e estação de tratamento e de
reservatórios. Enquanto a população cresceu 381% de 1970 à 1980, o número de
ligações de água foi de 102,96% e de esgoto 177,20% e comparando em relação
aos investimentos do ano de 1973 até 1980, alcançou 2.425,22% ou seja,
praticamente o percentual foi de 6 vezes maior do que o crescimento da população,
por isso buscou-se a resolução dos problemas de falta de oferta de produção de
água em virtude da explosão demográfica no município. Em 6 anos o sistema de
produção saiu de uma realidade precária em termos de produção, para a
implantação de uma nova estrutura, resolvendo naquele período a falta de água. E,
em relação ao saneamento (esgoto) não era prioridade, mas sim água de boa
qualidade e em quantidade, suficiente para a demanda apresentada. Mas, viria
rapidamente ao esgotamento na década seguinte, do ano de 1981 até 1990, década
considerada por analistas do sistema econômico /financeiro, como a década
perdida, conforme apresentaremos a seguir. (os municípios crescerem, mais não se
desenvolveram em infraestrutura).
95

CAPÌTULO V - COMPLEXO DO RIO TAMANDUÁ

Quanto mais o homem for humilde e submisso a Deus, tanto maior a


sua sabedoria a serenidade em todas as coisas. (Frei Tomás de
Kempis, 1380 – 1471).
As palavras de um homem são águas profundas, a fonte da
sabedoria, é manancial que jorra. (Provérbio 18).

Após o desenvolvimento do projeto estrutural e de viabilidade para construir


novo ponto de captação de água, estação de tratamento mais moderna, linha de
adutoras de recalque e novos reservatórios, o manancial escolhido foi o do Rio
Tamanduá. Os investimentos nos anos de 1976, 1977 e 1978 foram na ordem de
US$ 6.000,000,00 (seis milhões de Dólares): projeto construções, equipamentos,
desapropriações de terrenos, tendo em vista que a população residente e
consumidora já cravava nos 130.000 habitantes no ano de 1978. A captação do Rio
Tamanduá cuja definição e liberação de outorga foi de 450 litros por segundo.

O Rio Tamanduá é um afluente do Rio Iguaçu, com uma bacia hidrográfica de


132 K2 (pertencente a Bacia do Baixo Iguaçu) e a projeção à época era para
resolver o problema de abastecimento de água pelos próximos 20 anos. A captação
realizada mediante barragem de nível de concreto, com tomada localizada na
margem direita do Rio. A tomada de água ocorre através de derivação por um canal
de concreto, que alimenta um poço de sucção e uma estação elevatória de água
bruta, com operação manual, que atuava em regime contínuo com três conjuntos de
moto bombas (1 de reserva) e a adutora de água bruta foi constituída por tubos de
ferro fundido¨ com diâmetro de 500 mm e extensão de 163 metros até a chegada na
ETA (Estação de Tratamento de Água).
96

Figura 33 - Barragem de nível Rio Tamanduá (1980).

Figura 34 - Estação de Tratamento de Água do Rio Tamanduá (1980).


97

A ETA denominada Tamanduá foi inaugurada no ano de 1978 e é uma


estação do tipo convencional com decantação acelerada, cuja capacidade nominal
inicial era de 450 l/s, e funcionava em regime contínuo de 24 h/dia.

Encontra-se até os dias atuais a placa da inauguração do Complexo do Rio


Tamanduá, conforme podemos ver logo abaixo na foto, com as seguintes
denominações:

GOVERNO - JAIME CANET JÚNIOR

ESTADO DO PARANÁ - SECRETARIA DO INTERIOR

Cia de Saneamento do Paraná - SANEPAR

Sistema de Abastecimento de água de FOZ DO IGUAÇU.

Secretário do Interior: Dr. Noel Lobo Guimarães

Prefeito Municipal: Clóvis Cunha Viana

Presidente da Sanepar - Eng. Cláudio N. Oliveira Araújo

Participação Financeira - B.N.H. (Banco Nacional da Habitação).

Figura 35 - Placa da Inauguração da Captação, Adução, Tratamento de Água - agosto de


1978.
98

5.1 ESTRUTURA PARA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA.

Logo na saída da Estação de Tratamento foi instalado uma estação elevatória


de água tratada que faz o recalque desde a saída da ETA Tamanduá até o setor
denominado aeroporto no sentido portão do Parque Nacional do Iguaçu. Tal sistema
operava com apenas um conjunto moto bomba, e funcionava de 15 à 20horas/dia,
com capacidade de vazão de 40 m3/h e altura manométrica de 30 MCA (Metros de
Coluna de Água).

Uma derivação da adutora de 500 mm que margeia a BR 469 até o centro de


reservação da Av. República Argentina foi executada de 200 mm para abastecimento
sob pressão, para atender a região sul onde estão os bairros do grande Porto Meira.
Em seguida no caminhamento da adutora foi instalado o complexo da Estação
Elevatória Tratada para sucção da água e abastecer a Vila Iolanda, em via pública
na Av. das Cataratas. Tal sistema operava de forma automatizada com “Timer” de 12
a 15 horas/dia e com vazão de 100 m3/h e altura manométrica de 53 Metros de
Coluna de Água (MCA).

Chegando na Av. República Argentina no (Reservatório Apoiado) próximo à


Rua Ranieri Mazzili, foi erguido em concreto armado, retangular, com volume
Nominal de 4.000 m3, esse complexo que distribuía água através de gravidade para
os reservatórios do centro da cidade, construídos ainda na época do DEA,
localizados na Rua Almirante Barroso esquina com a Rua Antônio Raposo e era o
coração de distribuição nessa região, sendo um reservatório enterrado feito em
concreto armado, retangular com capacidade de armazenar 400m 3 de água tratada,
e com recalque para o reservatório (Reservatório Elevado), localizado ao lado com
capacidade de 200 m3, construído em concreto armado do tipo cilindro, conforme
mostra a foto da página 81. Da ETA do Rio Tamanduá até o reservatório de 4.000
m3 a adução era feita por 7.320 metros de linha de ferro fundido de diâmetro de 500
mm.

A unidade do complexo 4.000m3, recebia a água da ETA Tamanduá,


bombeava para o reservatório denominado charutão localizado no bairro São
Francisco e tinha uma capacidade de armazenamento de 200 m3, de forma elevada,
construído em concreto armado de tipo cilíndrico, responsável pela distribuição
99

naquela região. Também recalcava para a Vila A de Itaipu, para o reservatório 1.500
m3 instalado na Av. 9 esquina com a Av. 3, e mais um reservatório elevado de 200
m3, fazia a distribuição de água por gravidade para a região Norte da Cidade.

Um (Reservatório Elevado) estava localizado em Três Lagoas, metálico, de


formato cilíndrico e com capacidade de armazenar 50 m3 de água para distribuir
apenas para a região de 3 lagoas sem interferência do sistema central de Foz do
Iguaçu, sendo a fonte de captação provinha de 2 poços tubulares profundo
localizado na bacia do Rio Matias Almada, poço CBS-01 e CBS-02 com conjunto de
motobombas submersas com capacidade de extrair entre 42 - 43 m3/h, com altura
manométrica de 75 MCA e potência de 15,5 e 20 c.v./220v respectivamente. O
tratamento consistia na desinfecção com cloro líquido (Hipoclorito) diluído em uma
caixa de 500 litros de água e injetado na saída dos poços que distribuía para os
consumidores daquela região. De 1985 a 1986, trabalhei na operação e tratamento
de água dos referidos poços.

Figura 36 - foto Adutora de ferro fundido de 500mm. Obra de 1978. Instalada as Margens da
Br. 469, altura do chocolate caseiro.
Nota: Existente - Crédito - Sérgio Caimi - maio de 2019. De aparência e cuidados não compatível
para uma rodovia federal, que transitam turistas para visitar as Cataratas do Iguaçu.
100

5.2 DÉCADA DE 80

Os anos 80 se tornaram conhecidos pelos historiadores e pesquisadores


como a década perdida, devido a planos econômicos que não deram certo, a
inflação descontrolada, desemprego e queda no consumo. No setor de saneamento
isso refletiu negativamente, com a falência do Plano Nacional de Saneamento
(Planasa). Relatório da Sanepar, em 1974, diz o seguinte: “(...)” A experiência
acumulada pela Sanepar de 1963 a 1972 fez com que, ao passar a integrar o Plano
Nacional de Saneamento, estivesse estruturada e preparada para fazer face à
ambiciosa meta preconizada no Planasa de atingir até o final da década de 70 o
abastecimento de 80% da população, antecipando-se ao Estado do Paraná que
apresentava uma meta de pouco mais de 50% da população urbana”. Em 1981,
foram fixadas novas metas para o Planasa até 1990”. Ou seja, servir pelo menos
90% em relação a redes de água potável e 65% com os serviços de esgotamento
sanitários. Nos últimos anos da década de 80 as metas do Planasa sofreram
grandes mudanças, principalmente como resultado da falta de recursos provocada
pelo acirramento da crise econômica e pela diminuição do poder de investimentos
do Governo Federal. Em 1985 foi extinguido o BNH, passando todos os seus
encargos para o setor de saneamento básico, como por exemplo a Caixa Econômica
Federal e outros setores. A partir da segunda metade da década de 80 as metas dos
planos começaram a se pulverizar pelas companhias estaduais que, cada vez mais,
passaram a assumir um papel importante dentro da política de saneamento. E, com
o Governo Federal obrigado a reduzir os investimentos nas obras de infraestrutura,
em função dos problemas econômicos, os governos estaduais tiveram que assumir
este papel, trazendo para si a responsabilidade e a solução dos problemas
existentes e o famoso plano foi extinto.

Nessa década inicia-se a grande explosão demográfica do município, com


abertura de inúmeros loteamentos, a construção de edifícios e da infraestrutura
hoteleira, com um crescimento em média entre 11% e 13% ao ano, contrariando
taxas médias de outras cidades do Paraná, que giravam em torno de 4% a.a.
Registra-se neste aspecto um crescimento desordenado sem o desenvolvimento
adequado em todos os serviços de infraestrutura da cidade.
101

Quadro 1 - de taxas de crescimento urbano geométrico


ANOS TAXAS % PERÍODO
40/50 6,78 a.a.
50/60 9,46 a.a.
60/70 9,65 a.a.
70/80 13,52 a.a.
Fonte - IBGE

Como em outras áreas, a infraestrutura de saneamento (água e esgoto) não


foi compatível com a demanda existente e necessária para satisfazer as
necessidades básicas da população. Em 1986, começa a grande crise no sistema
de abastecimento de água no município, devido a uma demanda reprimida, à qual, a
produção de água não atendia toda a população.

No dia 19 de novembro de 1980, através do Projeto de Lei N. 1076, a Câmara


Municipal de Foz do Iguaçu decretou e o Prefeito Eng. Coronel Clóvis Cunha Viana
sancionou a referida lei que autorizou o Poder Executivo Municipal a conceder com
exclusividade à Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR, Exploração e
Operação dos Sistemas de Abastecimento de água Potável e Coleta e Remoção de
Esgotos Sanitários Municipais que entrou em vigor na data de sua publicação.

Na Gestão do Prefeito Coronel Clóvis Cunha Viana, mais precisamente no dia


16 de março de 1981, foi assinado o primeiro contrato de concessão para
exploração dos serviços públicos de abastecimento de água e remoção de esgotos
sanitários, entre a Companhia de Saneamento do Paraná- SANEPAR denominada
de CONCESSIONÁRIA, e a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, PODER
CONCEDENTE, o de número COC-244/81, pelo prazo de 30 anos, obedecida a
legislação vigente e aplicável à espécie, para a época.

Dentre as atribuições delegadas, competia a Sanepar com exclusividade,


diretamente, ou mediante contrato com entidade especializada em engenharia
sanitária o que segue, de acordo com cláusulas preestabelecidas:

a) Estudar, projetar e executar as obras relativas à construção, ampliação


ou remodelação dos sistemas públicos de abastecimento de água
potável e de esgotos sanitários municipais;
102

b) Atuar como órgão coordenador, executor ou fiscalizador de execução


dos convênios celebrados para fins do item “a”, entre o Município e
órgãos Federais ou Estaduais;

c) Operar, manter, conservar e explorar os serviços de água potável e


esgotos sanitários;

d) Emitir, fiscalizar e arrecadar as contas dos serviços que prestar.

Foi delegado também, a competência para fixar tarifas que permitiam a justa
remuneração do investimento, melhoramento e a expansão dos serviços que
asseguravam o equilibro econômico e financeiro do sistema explorado, nos termos
do Convênio firmado entre o Governo do Estado do Paraná e o BNH, de acordo com
o disposto nos incisos I e II do artigo 167, da Constituição Federal, entre outas
atribuições. Observa-se que para a época, a legislação vigente não exigia
tratamento do esgoto, apenas coletar e dar o destino final. No caso de Foz do
Iguaçu, era lançado diretamente no corpo receptor do Rio Boyci, afluente do Rio
Paraná.

No dia 30 de Abril de 1981 A Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu (PODER


CONCEDENTE), através do segundo Termo Aditivo ao contrato de concessão com a
Concessionária Sanepar, em sua cláusula Segunda, se comprometeu a implantar
rede de abastecimento de água no Bairro São Francisco, em Foz do Iguaçu, num
total de 3.100m, conforme as cláusulas a seguir; “Terceira:- Pelos serviços ora
contratados, a Concessionária receberá a importância global e fixa de Cr$
3.500.000,00 (Três milhões e quinhentos mil cruzeiros), e que foram pagos de
conformidade com o desembolso do convênio 89/80 relativo ao segundo Programa
de Investimentos Urbanos para cidades de porte médio do Estado do Paraná,
mediante a apresentação por parte da Sanepar de faturas relativas aos serviços
executados”. Parágrafo Único:- As partes signatárias em função do acordo ora
celebrado, definiram em fixar que à medida que a Concessionária receber o
numerário, outorgará ao poder CONCEDENTE ações preferências do capital da
CONCESSIONÁRIA. Quarta; - As despesas decorrentes de execução do objeto do
aditivo foram atendidas com recursos oriundos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento Urbano.
103

Eng. Clóvis Cunha Viana

Prefeito Municipal de Foz do Iguaçu

Eng. Ingo Henrique Hubert

Diretor-Presidente da Sanepar

Eng. Paulo Roberto Maingué

Diretor Financeiro da Sanepar.

O Termo Aditivo de número 39/83 foi assinado no dia 05 de maio de 1983,


referente valor investido em melhorias e ampliação do sistema de abastecimento de
água de Foz do Iguaçu no valor de 20.663,134 UPC, recursos aplicados pela
Sanepar e transformado na época em Ações Preferências de seu capital social em
favor do município. A quantidade de ações em setembro de 2010 era de 60.482
(sessenta mil, quatrocentas e oitenta e duas).

BARTOLOMEU ALVES DE OLIVEIRA

Iniciou sua carreira no saneamento ainda no DAE – Departamento de Água e


Esgoto do Estado do Paraná, na cidade de Ribeirão do Pinhal no ano de???? .NA
FUNÇÃO DE =

O DESCONHECIDO (*)

Como rotina da época, o DAE, no Natal de 1963, distribuiu presentes aos


filhos dos empregados. O Bartolomeu Alves de Oliveira estava em sua casa, em
Ribeirão do Pinhal, quando viu estacionar à frente de sua residência, uma camionete
F-100, descendo dela o Fiorindo Verner, então chefe da “Secção” de Santo Antônio
da Platina, e um senhor cuja identidade lhe era desconhecida. O Fiorindo comunicou
que havia algumas caixas para ele na carroceria para serem descarregadas. O
Bartolomeu virou-se para o desconhecido e lhe disse:

Faça-me o favor de descarregar as caixas. O Fiorinos ficou perplexo e


emudeceu. E somente então lembrou-se de apresentar o tal senhor desconhecido.
104

“Bartolomeu, apresento-lhe o Dr. Francisco Borsai Netto, diretor da Divisão do


Interior”. Borsai deu um sorriso e ajudou a descarregar as caixas3.

SEBASTIÃO PEREIRA

Nos primeiros anos de 1980, a Sanepar de Foz do Iguaçu denominava-se


(Sistema Polo de Foz do Iguaçu), com uma chefia formal, tendo como Chefe o
Administrador Sebastião Pereira e 2 Supervisores de áreas: Produção e Distribuição
de água potável, Lodacir Bem e de Manutenção e Ampliações de Redes, execuções
de ligações, Bartolomeu Alves de Oliveira, subordinado ao primeiro. Todos os
projetos e empenhos maiores eram aprovados pelo Chefe do Escritório Regional de
Cascavel (ERCA) onde tinha a sua base, responsável pelo gerenciamento de água e
esgoto, dos contratos de concessões dos municípios da região oeste e sudoeste.

Chegou à Foz do Iguaçu em fevereiro de 1981 vindo de Cascavel o legionário


Servidor da Sanepar, Sebastião Pereira, até então um soldado do saneamento. Veio
investido no cargo de Supervisor Comandante Chefe do Escritório de Foz do Iguaçu,
considerado o mais complexo sistema de saneamento do Paraná devido já, com
sinais de forte expansão, enfrentou as adversidades e deu sua parcela significante
na área que, além do município sede, onde já havia a negociação para assinatura
do primeiro contrato de exploração dos serviços públicos com prazo de 30 anos, que
foi assinado entre o município e a Sanepar, na primeira quinzena do mês de março
de 1981 e que abrangia o então distrito de Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do
Iguaçu e São José do Itavó, abrindo diversas vagas de trabalho nas três áreas
operacionais consideradas fundamentais para cumprir o compromisso assumido
com o poder público que assentiu a jovem companhia tais responsabilidades. Veio
para substituir o então Supervisor Claudionor Carrazedo, que apresentava
deficiência em sua gestão administrativa, estava debalde e deveras atônito,
permanecendo no comando até o mês de agosto de 1983, predecessor de Roque
Luiz Schrornobay.

3
SCHUSTER, Zair Olival Luiz. Extraídos de o Livro Sane folclore do Jornalista e Funcionário da
Sanepar. 1. Edição, 1994.
105

5.3 DIFICULDADES ENFRENTADAS À ÉPOCA

Conforme entrevista concedida no mês de dezembro de 2019, Sebastião citou


algumas dificuldades para administrar o Sistema de Abastecimento de Água e
Coleta de Esgotos em Foz do Iguaçu.

1) “A falta de equipamentos para a execução dos serviços de Escritório, bem como os


serviços de campo (serviços de manutenção em geral). Até hoje ainda sinto a
penúria que nossos colegas se submetiam. Aquele sol escaldante, típico do verão de
Foz do Iguaçu e lá seguiam os destemidos obreiros com seus kits ferramentas (a
picareta, a pá e a cortadeira), para em muitos casos romper asfalto ou até mesmo
concreto, para garantir ao usuário o fornecimento de água em boa qualidade ou a
desobstrução de uma rede de esgoto, ocasionada até pelo uso inadequado de
algumas ações de parte da população ainda inconsciente naquele tempo”.
2) “E, lutávamos com dificuldade apresentada pela falta de anéis de distribuição de
água, reservatórios e até produção, frente a uma demanda que crescia numa
proporção nunca vista. Pois, a cidade motivada pela construção de Itaipu, expandia
de forma acelerada. Os serviços de esgotamento sanitário não se falavam nessa
época, ainda muito longe de atender a demanda existente. Aliás, nem dá para dizer
que havia demanda porque era fato que cada munícipe cuidava da sua própria forma
de descartar seus dejetos. Mesmo o poder público, o pouco esgoto sanitário que
coletava os lançava in natura no Rio Paraná, sob a alegação que o referido corpo
receptor era suficientemente capaz de absorver tal carga orgânica”.
3) “Até um certo tempo a qualidade do manancial (Rio Tamanduá), era relativamente
boas as condições de tratamento que dispúnhamos. Mas, com a mecanização das
terras, sem o menor cuidado com a preservação, a turbidez da água bruta in natura,
elevou-se proporcional a capacidade de tratamento da Estação de Tratamento de
Água. Então bastava chover a montante da ETA, para termos problemas de
desabastecimento”.

Sebastião Pereira Administrador de Empresas, fez carreira na Sanepar


sempre no comando de equipes de trabalho. Ingressou como Servidor no dia 25 de
maio de 1976 e encerrou seu contrato quando se aposentou em 24 de fevereiro de
2017 mais de 40 anos de serviços prestados para a companhia na área de
saneamento. Quando deixou a terra das cataratas, foi transferido para Toledo com a
designação e fez parte da equipe que implantou a Gerencia Regional daquela
cidade, no cargo de Chefe da Divisão Administrativa e Financeira. Em seguida,
voltou para Cascavel e trabalhou mais alguns anos, sendo novamente transferido,
desta vez para Ponta Grossa, na função de Controller até o dia de sua
aposentadoria.
106

No início do mês de fevereiro do ano de 1982, participei do concurso (Teste


Seletivo) juntamente com mais 6 ou 7 concorrentes. Vencidas as etapas, Sebastião
pereira encaminhou o processo de seleção para a Divisão Administrativa e Recursos
humanos da Sanepar em Cascavel, indicando, que Sérgio Caimi havia atingido a
maior nota e autorizou a contratação de mais um servidor. Vencida a burocracia, fui
contratado e no dia 3 de maio daquele ano, iniciei minha carreira na jovem empresa
de saneamento, no tempo que o Brasil era governado por uma junta de militares,
Regime Militar, onde que, quem era do bem e produzia, não enfrentava nenhum
problema.

Com o fim do Planasa, a fonte de financiamentos do governo federal secou e


Foz do Iguaçu amargou uma crise na área de saneamento sem precedentes.
Conforme mostra a tabela a seguir, os investimentos foram basicamente para
manter e operar o sistema existente, sem a devida ampliação em produção de água
potável.

Tabela 2 - Investimentos de 1981 a 1990, em Dólares/ano


Sistema de Total dos
Unidade Sistema de Administração e
Exercício Abastecimento investimentos
Monetária Esgoto Outros
de Água Realizados
1981 US$ 300.898,62 1.031,21 12.271,14 314.200,97
1982 US$ 568.526,20 2.094,45 15.070,80 585.691,45
1983 US$ 279.890,86 303,06 7.827,87 288.021,79
1984 US$ 67.890,98 3.121,81 0,00 70.352.79
1985 US$ 136.531,06 19.647,74 2.231,54 158.410,34
1986 US$ 348.783,59 18.698,68 4.707,19 372.189,46
1987 US$ 290.221,20 12.977,95 67.118,84 370.317,99
1988 US$ 389.236,47 279.009,04 49.746,77 717.992,28
1989 US$ 187.606,16 309.398,18 84.820,83 581.825,17
1990 US$ 510.866,54 431.527,04 87.517,20 1.029.910,78
Total US$ 3.079.791,68 1.077,809,16 331.312,18 4.488.913,02
Fonte- Sanepar - Relatório do Balanço Patrimonial de Foz do Iguaçu - setembro de 2010

Fazendo um paralelo entre os recursos aplicados em aumento de produção


de água potável nos anos 70, com os valores dos anos 80, verifica-se uma redução
de (-165,00%), no caso do sistema de Foz do Iguaçu. Esse fator reflete o que já
107

descrevemos sobre a criação e a falência do Planasa, através do BNH (Banco


Nacional de Habitação), na segunda metade da década de 80, com sua extinção e o
fim dos financiamentos para saneamento do Governo Federal, para os Estados,
através das Companhias Estaduais.

5.4 ESTRANGULAMENTO DO SISTEMA E A GRANDE CRISE POR FALTA DE


ÁGUA

A cidade conviveu aproximadamente 6 anos com o risco de colapso no


abastecimento. Os registros indicavam que 50% dos habitantes sofriam com a falta
d’água diariamente, causando inúmeras reclamações dos usuários da Sanepar,
aumentando as filas no atendimento personalizado e pelo 195. Com a falta de água,
o ar nas tubulações fazia com que as faturas entregues aos clientes apresentassem
volume medido bem acima da média, elevando o valor faturado e causando
insatisfação dos usuários. Além da deficiência em investimentos, havia carência de
pessoal e equipamentos, a concessionária teve que conviver com diversas
manifestações da sociedade civil organizada, Imprensa e as associações de
moradores, com passeatas, panelaço em frente ao escritório central, com apoio da
câmara de vereadores. Em 1989, o poder Legislativo chegou a propor projeto de lei
para rompimento do contrato de concessão.

Na segunda metade dos anos 80, mais precisamente de 1987 a 1990,


ocorreu o estrangulamento do sistema de abastecimento de água. O Complexo do
Rio Tamanduá não era mais suficiente para atender a demanda, o sistema operava
com sua capacidade de captação e tratamento no limite máximo de 420
(Quatrocentos e vinte) litros de água por segundo e contava com 6.350 metros
cúbicos de armazenamento, frente a uma demanda em torno de 550 (quinhentos e
cinquenta) litros por segundo demandando necessidade de aumento de
reservatórios em torno de 25% do existente.

Vidal Maria de Souza, hoje funcionário aposentado da Sanepar desde 2011,


trabalhou na equipe de manutenção, ampliações e fiscalizações de redes, ramais de
água e esgoto por mais de 20 anos. Relata Vidal que na época os trabalhos eram
feitos “no braço”, ou seja, manualmente. “Não tínhamos equipamentos adequados
108

para o trabalho nem veículos apropriados, era bicicleta mesmo. Fazíamos qualquer
tipo de intervenção nas redes e ramais na picareta, pá e na enxada. O material de
redes de água tubos e conexões eram soldáveis e de esgoto só existiam manilhas
de barro. Quando vinha uma máquina cedida pela Prefeitura para ajudar na
manutenção de redes de água e esgoto em locais de difícil acesso ou redes antigas
com profundidade fora dos padrões a gente ficava muito contente, era uma beleza,
somente orientava o operador da retroescavadeira. Quando recebemos lá por 1980
as varetas de ferro com engate cada uma média 1,50 mts., podendo ser alçada, de
um poço de visita a outro que a distância padrão é de 80 mts., para desobstrução de
uma rede de esgoto ou ramais, aí já ficou mais fácil, não fazíamos muita força. Mas,
o mais difícil era a população sofrer com falta de água e num calor de 40 graus. Por
volta do ano de 1986 recebemos uma máquina retroescavadeira, aí melhorou muito
e eu fui o primeiro operador. Mais tarde a Sanepar inovou e adquiriu os caminhões
retro, ou seja, caminhão para transporte de materiais diversos e adaptado com um
conjunto que operava como retroescavadeira também”. “Os registros de
reclamações sobre manutenção eram apontados em um pedaço de papel sem
muitas informações e nós tínhamos dificuldades muitas vezes de encontrar o
endereço do problema. Computador nosso pessoal da área comercial não sabia que
bicho era e tinham até medo. No escritório também os documentos eram
preenchidos à mão ou escritos com máquinas de escrever Facitt ou Olivett”.

Figura 37 - Vidal Maria de Souza - Funcionário Aposentado no Ano de 2011.


109

SEBASTIÃO PRIMILA

Primila, como era chamado pelos colegas da Sanepar em Foz do Iguaçu,


trabalhou na Sanepar por mais de 25 anos, quando se aposentou. Também
enfrentou todas as dificuldades na operação do sistema de água e esgoto. Em seu
depoimento disse; “Tive a honra de participar do grupo de funcionários da Sanepar.
Entrei na Sanepar em janeiro de 1973 e sai em 1998. Trabalhei em todos os setores,
criei meus filhos trabalhando na Companhia. O aprendizado que adquiri durante o
tempo em que estive na Sanepar, aplico hoje no meu dia a dia com meus
colaboradores. Tivemos muitos desafios durante minha estada na Sanepar, porém
tive sempre apoio tanto dos companheiros de jornada como dos superiores.” Depois
de se aposentar, Primila prestou consultoria para diversas empresas privadas de
saneamento no estado do Mato Groso. Atualmente é empresário no ramo de criação
de aves para a empresa Copacol, no município de Campina da Lagoa, estado do
Paraná.

Com a problemática não restava outra alternativa senão buscar outra fonte de
captação. Nesse período a Sanepar iniciou os projetos para captação e estação de
tratamento com ponto mais favorável, em função do crescimento dos bairros para a
região leste e norte (Projeto Vila C de Itaipu, Lago Itaipu no Rio Paraná) com
recursos na ordem de CR$ 15.000.000,00 (Quinze milhões de Cruzeiros), o que
aumentaria dos 450 litros por segundo para 729 l/s. O Projeto técnico foi concluído
no ano de 1988 e o pedido de financiamento da obra encaminhado para a Caixa
Econômica Federal e também foi incluído no Programa Mínimo do Banco Mundial.

Marcada pela euforia da mudança dos rumos políticos, o Brasil vivia a


esperança da queda do Governo Militar, surgiam novas lideranças, no Paraná. Foi
Eleito Governador do Estado por sufrágio José Richa MDB (1983 - 1986) nas
eleições do ano de 1982 assim como em Foz do Iguaçu os Deputados Estaduais
Sérgio Spada pelo MDB e Tércio Alves Albuquerque reeleito pela ARENA que era do
partido alinhado com o Prefeito Coronel Clóvis Cunha Viana. Nos anos seguintes a
cidade cresceu assustadoramente e muitas obras públicas foram executadas com
apoio do Governador e dos Deputados, tais como construções de escolas, grandes
avenidas, telecomunicações e um pouco mais de saneamento.
110

ROQUE LUIZ SHORNOBAR

No início do ano de 1983, o MDB do Foz do Iguaçu era comandado por Altair
Ferraz da Silva como Presidente da Legenda e o experiente Contador Nadir
Rafagnin sob a batuta de Dobrandino Gustavo da Silva, onde o emedebista Roque
Luiz Schornobay, já nos primeiros meses de 1983, foi nomeado e se fixou como o
novo Chefe do Escritório Regional da Sanepar de Foz do Iguaçu, já com sua
estrutura operacional debilitada e com sinais de falta de água na cidade. Mas, o
novo comandante imprimiu um ritmo acelerado em sua gestão administrativa que
perdurou até dezembro de 1988.

5.5 SANEPAR EM APUROS, BAIRROS SEM ÁGUA. O QUE EXPLICAVA ROQUE


PARA OS SEUS USUÁRIOS

Essa foi a manchete trazida pelo Jornal da época Nosso Tempo do dia 11 de
novembro de (1987, p. 10-11), por Juvêncio Mazzarollo, em uma entrevista com o
Chefe do Escritório, devido diversas áreas de cidade que se defrontavam
frequentemente com o problema pra abrir uma torneira e não encontrar água. A
Sanepar estava de calça curta e sem um horizonte para resolver definitivamente o
caso, sendo que nesse ano iniciou o que foi chamado pela população “A Sanepar
tem muito cano, para pouca água”.

“A origem das dificuldades de hoje está no fato de que as previsões de


crescimento populacional de foz do Iguaçu feitas quando da estação de tratamento
de água no Tamanduá, obra concluída em 1978, falharam. A estação foi
dimensionada para atender a demanda de água na cidade por 20 anos 1978/1998
de acordo com as projeções de crescimento populacional feito com base no ritmo
que se verificava naquela época. Esperava-se, inclusive que, quando Itaipu
concluísse a construção da barragem e dispensasse os trabalhadores em massa, o
crescimento populacional da cidade diminuísse, mas aconteceu o inverso. O ritmo
de crescimento continuou frenético”. A Sanepar à época tinha 20 mil ligações de
água no município e em média segundos dados da companhia, cada ligação
abastecia entre 5 a 6 pessoas, ou seja, em torno de 100 a 120 mil usuários, e de
acordo com estimativas do IBGE o município tem mais de 145.000 habitantes, com
111

demanda reprimida entre 8 a 10 mil ligações de água, ou em torno de 60.000


pessoal sem água potável”.

Naquele tempo engenheiros projetistas da Sanepar haviam descartados o


manancial do Tamanduá para ampliação da produção de água e concluído estudos
e o projeto para captar água do lago de Itaipu, em conjunto com engenheiros da
Prefeitura Municipal e a equipe da Itaipu Binacional, até porque a Binacional havia
passado para a Sanepar a gestão do abastecimento de água dos conjuntos
habitacionais denominados Vila A e Vila B, que já sofriam com falta do líquido em
alguns horários do dia, assim como no AKLP, Porto Belo, bairros da região norte
mais populosos e o famoso Rincão São Francisco.

“Trabalhamos atualmente com quatro caminhos para instalação de redes de


água. O primeiro é por lei quando o loteador particular implanta e vende terrenos
num loteamento parcelado, deveria ele a instalar a rede de água que já está incluído
no preço de venda do lote, mas isso não está sendo cumprido. Não raro, em Foz do
Iguaçu, loteadores passaram o trator para lá e para cá, abriram as ruas, venderam
os terrenos e não deixaram qualquer infraestrutura, em mais de 90% dos casos.
Então o cidadão compra o terreno e, como o loteador não instalou rede de água,
vem à Sanepar reivindicar, nessa altura os empresários estão criando bovinos na
região norte do Brasil”, Os outros caminhos informado pelo Chefe do Escritório era
no sentido de o futuro usuário pagar para que a Sanepar levasse a rede até sua
residência arcando com os custos: investimentos próprio da Sanepar que não
passava de 5% ao ano e o último, se trabalhou muito na década de 80, com mão de
obra do próprio solicitante ou da Prefeitura Municipal (abertura e fechamento das
valas), materiais de responsabilidade da Sanepar, com um desconto de 50% do
valor para execução de um metro linear. Mas, adiantava pouco, a água já estava
faltando e a esperança naquele ano de 87, sobretudo que no final de 1988 tivesse
pronta a captação e estação de tratamento no lago e interligação com o sistema
daquela época, mas isso não ocorreu tão de pressa.

“A água da Sanepar não está tão cara. A taxa mínima é de 10 mil litros por
mês (10m3) e custa hoje 79 cruzados, enquanto que no Rio Grande do Sul é de 115
e no Mato Grosso do Sul de 125 cruzados. Da para dizer que nossa água não é tão
cara – são apenas 12 cruzados por metro cúbico de água que levamos às
residências, quando seu custo real, em relação a taxa mínima é de (7,90 cruzados).
112

Pelo esgoto, onde a respectiva rede está instalada, o usuário paga 80% sobre o
valor do consumo de água”. O preço mínimo incide sobre a taxa mínima de consumo
de água, que é de 10 metros cúbico. Sobre cada metro cúbico consumido além da
taxa mínima, incide uma sobre taxa progressiva, que pode representar um
acréscimo de até 100%. É, o que se chama de “tarifação social”, onde o preço da
água aumenta proporcionalmente ao volume consumido. É, daí que a empresa tem
lucros para aplicar na ampliação de SUS serviços.

Em relação a qualidade da água fornecida para a população no final da


década de 80, Schornobay disse o seguinte: “Todas as coletas analisadas pelos
técnicos no laboratório de Curitiba, em nenhuma dessas, apresentou
comprometimento e dúvidas que pudéssemos tomar as providências necessárias,
tanto do rio, bem como após o tratamento ainda em dias de muita chuva, quando
distribuídas nos diferentes pontos da cidade, não constatamos que a água fornecida
pela Sanepar possuí impurezas. Não se constatou presença de nenhum dos
produtos agrotóxicos de uma longa lista (Aldrín, Basagran) pesquisados na água. A
tendência do agrotóxico na água é ir ao fundo, num processo de decantação natural.
Por isso, a presença desses produtos nocivos na água é mais facilmente constatável
na enxurrada. Mas o certo é que as análises da água servida à população nunca
acusaram presença de agrotóxico, mesmo assim pode alguma dose mínima estar
eventualmente presente, mas em quantidade que não represente em absoluto a
saúde, assim como estabelece a legislação do Ministério da Saúde do Brasil, que
segue recomendações e normas internacionais para o caso específico,
principalmente da Organização Mundial da Saúde.

Em 1985, pós militarismo, teve eleição direta e o Prefeito eleito foi Dobrandino
Gustavo da Silva que conquistou o voto popular com seu discurso fácil e que o
povão entendia, prometendo resolver os graves problemas estruturais que se
apresentavam naquele ano. O mandato foi de 1986 - 1988, e de grandes avanços.
Popular, Silva descentralizava o governo municipal e realizava reuniões nos bairros
de Foz do Iguaçu, os mais populosos e que tinham problemas em diversos setores,
principalmente nas regiões denominadas na época, Porto Meira, Rincão São
Francisco, Três Lagoas, AKLP, Vila C, Vila Portes, Porto Belo, Jardim América entre
outras. Além de levar todos os Secretários e Diretores do Município, também
convidava e exigia a presença de um representante de todos os órgãos públicos
113

estaduais para sem delongas nem burocracia, encaminhar ali mesmo à noite as
demandas da população. A mais enfática queixa em todos os bairros era sobre o
abastecimento de água, pouco se falava em esgoto. Cansado das reclamações dos
moradores, chamou o Chefe da Sanepar de Foz do Iguaçu que ele mesmo havia
indicado para comandar a área, Roque Luiz Schornobay, para uma conversa em seu
espaçoso gabinete no Palácio das Cataratas, que deveras, não foi nada animadora
para o comandante da Sanepar. Em determinado momento, um pouco lacônico,
chamou seu chefe de gabinete e pediu uma ligação telefônica direto para o
Governador do Estado (1987 – 1991) que era Álvaro Dias de seu próprio partido
PMDB, pedindo-lhe as devidas providências para sanar as inconformidades em
saneamento e urgência do Estado em determinar que a Sanepar construísse a
captação no Lago de Itaipu. Atuando no cargo de Supervisor Comercial, acompanhei
a reunião e saímos do gabinete do Dino como o povo o chamava, com as orelhas
vermelhas, cenhos fechados e com os cabelos eriçados, mas, contentes com a ação
do Prefeito que não tinha meias palavras e com posicionamento sempre firme.

Tendo em vistas que em 1988, ano de eleições para Prefeito e Vereadores em


todo o Brasil e a legislação não previa a reeleição. Dobrandino sacou da cartola e
lançou para sucessão o jovem Engenheiro Álvaro Apolônio Neumann que era seu
Secretário de Obras, com vitória fácil contra os concorrentes da época que eram de
partidos de direita. Mas, ao chegar ao Palácio das Cataratas em janeiro de 1989,
Álvaro já tinha a lista de Secretários e Diretores de sua confiança, não cedendo
pressões e indicações da ala comandada pelo Dobrandino. O PMDB, tinha se
expandido em número de filiados e figurava como o maior partido da cidade e o
Chefe da Sanepar Roque Luiz Schornobay (1983 - 1988), foi nomeado Secretário de
Administração do Município na gestão de Álvaro, (1989 - 1992).
114

Figura 38 - Inauguração do Sistema de Abastecimento de Água do Bairro Porto Belo (1987)

Governador do Paraná Álvaro dias, Prefeito de Foz do Iguaçu Dobrandino


Gustavo da Silva, Engenheiro Álvaro Apoloni Neumann Secretário de Obras e
Roque Luiz Schornobay Chefe do Escritório Regional de Foz do Iguaçu.

O Gerente do Escritório Regional da Sanepar de Cascavel, Eng. Marco


Antônio Cenovicz, buscava um Engenheiro Cível ou um Administrador para nomear
como chefe do Escritório de Foz do Iguaçu e tentar melhorar a imagem da empresa
na cidade bem como resolver de vez o desabastecimento. Vários profissionais da
Sanepar de Cascavel Curitiba e de Londrina, vieram para Foz e presenciando por
algumas semanas o caos no setor, não suportaram a situação e retornaram para
suas bases de lotação, não aceitando o convite. Drásticas Medidas deveriam ser
tomadas. Então, Eng. Marco Antônio elevado a Diretor Técnico de Engenharia da
Sanepar no Estado, decidiu nomear no dia 09/08/89, através da resolução 052/89, o
funcionário de carreira que respondia informalmente pela gestão desde de janeiro de
1989, SÉRGIO CAIMI, para responder e gerenciar oficialmente os serviços de
saneamento de responsabilidade da Companhia em Foz do Iguaçu.
115

Figura 39 - Foto de Sérgio Caimi - de 1989 – Sagaz, encarou o desafio e implantou medidas
para minimizar o problema de falta de água, as duras penas.

Com o crescimento acelerado de novas construções, prédios residenciais,


comerciais, industriais (hotelaria de ponta) e de casas mais populares, a
concessionária não atendia a demanda que estava reprimida. A falta de segurança
dos empreendedores e construtores levou a perfuração de poços artesianos em
larga escala no centro de Foz do Iguaçu, bem como nos bairros para garantia de
abastecimento, muito embora eram executadas mais de 300 ligações de água por
mês. Perfuração aleatória e muitas vezes sem estudo da carta hidrológica, uns se
deram bem, já outros não tiveram a expectativa inicial com a previsão de captação
subterrânea de água para atender os empreendimentos.

No aquífero Serra Geral Sul, os poços nele perfurados, produziam uma média
entre 60/90 m3/h com profundidade que variava entre 150 a 200 metros. Podia
chegar até 300 m3/h, caso a profundidade do poço tubular chegasse em até 600/900
metros, atingindo o aquífero Guarani. Os usuários que decidiram perfurar tais poços,
não voltaram mais utilizar água da Sanepar, salvo aqueles que devido à proliferação
de poços no mesmo manancial subterrâneo, perdiam capacidade de produção vindo
a secar totalmente. Aquífero fraturado, as análises de laboratório referente à
condição da qualidade da água apresentavam características não apropriadas, não
116

sendo de potabilidade aceitáveis pela Vigilância Sanitária e Ambiental. Foi detectado


a presença de coliformes totais, ferro, manganês, nitrito e nitrato em excesso e
também o PH (Potencial Hidrogenado), fora dos padrões estabelecidos pela portaria
específica do Ministério da Saúde. A partir desses laudos, quem possuía um poço
poderia, sob risco, responder por ações civil e criminal, devido exposição das
pessoas ao risco de serem contaminadas por beber água sem qualidade nenhuma.
Deveriam sim, ter implantado no mínimo tratamento pela simples cloração,
desinfecção da água e a Sanepar não possuía e não possui poder de polícia ainda
hoje, cabendo tal fiscalização através da Vigilância Sanitária Municipal.

A forte cobrança da população, que sofria pelo desabastecimento,


associações de moradores órgãos afins, fez com que fossem tomadas medidas
paliativas de emergência, como algumas citadas abaixo:

a) Avaliação do crescimento da população bem como a demanda de novas


ligações de água;

b) Avaliação do volume de projetos de abertura de novos loteamentos;

c) Preparação de medidas emergenciais para solucionar em parte, o


sofrimento da população devido à falta de água;

d) Reunião de emergência com o Prefeito da época Dobrandino Gustavo da


Silva e em seguida, Álvaro Apolônio Neumann, sempre acompanhados da
equipe da Secretaria de Obras e de Planejamento.

e) Avaliação do financiamento do projeto para construção da obra de


captação e estação de tratamento no rio Paraná, bem como reservatórios
e adutoras de água bruta e tratada, ampliação da capacidade de
reservação de água na Vila A de Itaipu.

f) Rodízio de abastecimento no verão;

g) Projeto emergencial para a perfuração de 3 poços artesianos nas regiões


mais afetadas;

h) Alternativas de conseguir água tratada pela estação de Itaipu, que


abastecia a Vila C, operada na época pela Binacional e também pela
captação de Furnas, as duas instaladas no Lago de Itaipu.
117

i) E, por fim, plano emergencial de rodízio de abastecimento, informações


reais da situação da crise, comunicação para a população, comunidade
cível organizada, para os Vereadores, bem como pedido para os usuários
a instalação de caixas de água e campanha de economia de água, nas
residências, nos comércios bem como para a rede hoteleira, para a
imprensa e trabalho por parte da equipe de Foz do Iguaçu para a redução
das perdas físicas de água, que apresentava um índice bem acima da
média de outras cidades do Paraná e do Brasil que, girava em torno de
46% (quarenta e seis por cento), ao mês.

5.6 VERÃO DE 1989 - RACIONAMENTO INEVITÁVEL

A vazão do Rio Tamanduá era de aproximadamente 2.000 litros por segundo


e merecia atenção, na questão da preservação da mata ciliar, cuidados especiais da
principal nascente no município de Santa Terezinha de Itaipu. Os agricultores foram
envolvidos, orientados e treinados a preservar a margem do rio em suas
propriedades e também com relação ao plantio e aplicação de produtos fertilizantes
nas culturas na bacia do Rio, bem como a destinação correta das embalagens, em
parceria com a Sanepar, Prefeitura Municipal, Instituo Ambiental do Para (IAP) e da
Emater. No inverno seco o consumo de água reduzia pela metade, mas no verão
voltava aumentar de forma progressiva, em função de altas temperaturas. Sem
aumento de produção, a forma encontrada foi (racionamento) interromper o
abastecimento de água para os usuários do Centro, Porto Meira, Jardim Jupira, Vila
Portes, Jardim América, Vila Paraguaia, Jardim Central e adjacências, ao meio dia
(12h) e bombear a água para a região leste e norte da cidade, ou seja, Conjuntos
Libra, Portal da Foz e para o grande São Francisco, Vilas A e B de Itaipu, AKLP
(Jardim Carla, Petrópolis, Laranjeiras) entre outros, retornando o abastecimento à
meia noite. Quem não possuía um reservatório adequado em seu imóvel, ficava sem
água por aproximadamente 12 horas ou mais. Não adiantava naquela época
esconder o problema, mas sim buscar soluções para resolver definitivamente a crise
que se instalou devido à falta de investimentos. Ao final de 1989 a Sanepar era
responsável e distribuía água para 78% da população da cidade com um sistema
118

muito precário e obsoleto. No verão de 1989 já se previa de 30.000 para 45.000 mil
litros por dia, um aumento na demanda de 50%, mas não havia recursos financeiros
e não se enxergava a luz no fim do túnel, senão, administrar o problema e aguardar
a solução com a implantação de nova estrutura mais moderna, era o que restava.

Figura 40 - Foto da Estação de Tratamento do Tamanduá - Decantadores e Filtros.


Nota: Foto Jornal Nosso Tempo. Edição do dia 06/12/1989, p., 16 e 17. População à flor da Pele.

Figura 41 - Foto do Chefe do Escritório Regional da Sanepar de Foz do Iguaçu (Sérgio


Caimi, dezembro de 1989)
Nota: Informações reais da situação do Abastecimento de água em Foz. Gerou Crise Política Interna
com a Chefia Superior baseada em Cascavel. “Não adiantava esconder”.
119

5.7 PROJETO PILOTO DE COBRANÇA DE MULTA POR FURTO DE ÁGUA

Além da falta de água, calor exorbitante, demanda por expansões de redes de


água e novas ligações, ocorreram fenômenos de sucessivos furtos de água, através
de ligações diretas, introdução de objetos estranhos ao hidrômetro e outros. “Nossas
equipes de campo ao identificarem os fatos e após as providências cabíveis em
cada caso, encaminhavam para as providências junto ao setor de Atendimento ao
Público/Faturamento. Nessa década (80) a Sanepar não possuía uma norma interna
e nem detinha um sistema para cobrança de multas. Na condição de responsável
pela área comercial elaboramos um procedimento específico para aplicação de
multas para cobrar dos usuários infratores como um projeto piloto com prazo de seis
meses para avaliação” (Sérgio Caimi).

Nosso projeto foi elaborado baseado nas médias de consumo do usuário no


período de 6 meses que multiplicado por 12 meses, se chegava ao número de
metros cúbicos supostamente desviados e não medido, calculado com valores da
tarifa, de acordo com a categoria cadastrada, no Sistema Comercial. A forma
encontrada pela Diretoria Administrativa foi de que apresentasse os valores ao
consumidor orientando o mesmo comprar no Banco do Estado do Paraná -
Banestado, um cheque administrativo em nome da Companhia de Saneamento do
Paraná - Sanepar, pagável na Agencia João Negrão em Curitiba. Os cheques eram
enviados para Curitiba através do malote dos Correios. O volume em dinheiro
arrecadado no período do (projeto piloto), podia naquela época comprar 22
Wolswagem Fusca O Km. Vieram para Foz do Iguaçu o Superintendente Regional
Sul do qual Foz fazia parte, Bernardo Trupel Neto, Irineu Jacon Superintendente
Comercial e Gilson Luiz Baggio Chefe do Setor Comercial de Cascavel, ver de perto
como se fazia os procedimentos. Levaram o modelo para a Capital e eu fui chamado
para participar de uma reunião com todos os Chefes de Setor Comercial de todo o
Estado, onde descrevemos todo o procedimento e criamos a primeira Norma Interna
a nível de estado sobre cobrança pecuniária e implantado uma conta de faturamento
de serviços. Mais tarde, na década de 90 ela foi remodelada e hoje funciona e com
multas pesadas para quem pratica tal feito.
120

Em Foz do Iguaçu, na área Comercial e Administrativa a Sanepar possuía


somente um Fusca de número A47 e Um Fiat 147 com carroceria. Não conseguimos
ver a cor dos carros novos, porque a Diretoria enviava para a Regional em Cascavel,
e de lá vinha carros velhos e já em estado de desgaste bem avançado.

Figura 42 - Sérgio Caimi e Abel Baez. Hidrômetros fraudados em apenas um dia (1988).

Figura 43 - Identificação e eliminação de uma ligação direta (1988)


121

Figura 44 - Sérgio Caimi – Veículo Picape Fiat E 23 (1985).

Figura 45 - Wilson Hout, Departamento de Comunicação da Sanepar de Curitiba.


Nota: Foto da capa da campanha de Educação Ambiental (1989).
122

Figura 46 - Foto do panfleto entregue para os usuários da Sanepar de Foz do Iguaçu (1989)

Wilson Hout do Departamento de Comunicação da Sanepar de Curitiba


preparou uma campanha de conscientização para os consumidores, sobre a
necessidade de se economizar água no verão de 1988 a 1990, que foi vinculada
também nas rádios da cidade e televisão, além dos jornais da época. “Estamos
atravessando um momento difícil. E precisamos conscientizar a população, de que
apenas ela pode, através da economia de água, minimizar seu próprio sofrimento”.
No panfleto conforme figura acima, trazia a seguinte redação:

“Economize água. Um pingo intermitente caindo de uma torneira pode dar a


impressão de que ocasiona um desperdício desprezível, mas não é bem assim,
principalmente quando se considera que torneiras pingando existem. Uma torneira
mal fechada perde a cada dia 40 litros se gotejando, 2089 litros com uma abertura
de 1 milímetro; 4.152 se a abertura for de 2 milímetros; 6.440 se for de 6 milímetros;
25.536 se for de 9 milímetros e de 35.934 litros se a abertura for de 12 milímetros”.
“Para levar água tratada até você, a Sanepar investe muito dinheiro, desde a
captação, adução, tratamento, armazenagem e distribuição até a operação e
manutenção de todo o Sistema. E, você sabe melhor do que ninguém o quanto isso
custa para você. Por isso, atenção: o verão está chegando e com ele cresce a
123

população de nossa cidade, cresce o consumo de água e, o pior: muitas vezes


cresce o uso inadequado, e vem o desperdício”.

“Por isso, verifique as instalações hidráulicas da sua casa para evitar


vazamentos, esteja atento e comunique a Sanepar sobre vazamentos na rua, e, o
mais importante: não gaste água à toa, nem permita que alguém o faça. A Sanepar
está fazendo o possível e o impossível para levar a água e tudo o que ela traz de
bom até você”.

Informações simples, mas que ajudaram a população a cuidar de seu


ambiente e não desperdiçar água”. Essas informações ainda são de grande valia
para os usuários da Sanepar nos dias atuais. Portanto, uma meta cumprida pela
administração da Sanepar de Foz do Iguaçu, época de muito trabalho e sacrifício.

Nessa aridez, porém, já havia o projeto de construir uma nova captação de


água no lago de Itaipu que significaria a solução definitiva para o abastecimento de
água em Foz do Iguaçu. Mas, não havia disponibilidade de financiamento do
Governo Federal e nem recursos próprios da Companhia. E, por sinal o lago era
considerado um manancial inesgotável. O Diretor-Presidente da Sanepar, Nivaldo
Krueger, que uma semana depois da notícia recebida de Foz do Iguaçu de que a
equipe realizaria racionamento de água, anunciou o seu compromisso com a
execução da obra e prometeu iniciá-la ainda naquele ano de 1989 e que seria
concluída em meados de 1991. Até lá a equipe se virava como podia e fosse o que
“São Pedro quisesse”. Não faltava o líquido nos Mananciais do município, o que era
difícil chegar até ele e aproveitá-lo para captação, tratamento e reservação e
distribuição para o povo. A comunidade soube usar, mas, mesmo assim faltou e
muita água até final de 1991.
124

Figura 47 - Vereador Alberto koebl (1991)

A comunidade organizada, a Imprensa, o Executivo Municipal, bem como a


Câmara de Vereadores tiveram um papel fundamental para o encaminhamento da
resolução definitiva da falta de água. Imbuídos em ajudar, mesmo se tivesse que ir à
guerra.

Os Presidentes do Legislativo do período juntaram-se a população e


enfrentaram de frente o descaso do Governo do Estado, já que a Sanepar era uma
Empresa de Economia Mista com comando do Governo Estadual.

Em 1985/1986 foram Presidentes da Câmara Perci Lima/Justino Bianco: Em


1987/1988 José Cláudio Rorato: Em 1989/1990 Ennes Mendes da Rocha e 1991 e
1992, Alberto Koebl. A situação chegou a tal ponto de gravidade que o Vereador
Alberto Koebl apresentou um projeto de Lei propondo o cancelamento do contrato
de concessão entre o Município e a Sanepar.

“A precariedade do sistema da estatal local da Sanepar e a consequente


ameaça de colapso no serviço vem se agravando a ponto de até chegar ao nível
mais crítico. Várias denúncias foram feitas por parte da população e de autoridades
constituídas, sem que nenhuma providência real fosse tomada a não ser promessas.
Agora vamos tomar as rédeas da situação, para resolver isso que aí se instalou”,
125

lamentava o Vereador. “É só ler nos jornais o que o chefe da Sanepar falou. Vai
racionar água ainda esse ano e disse claramente que não adianta esconder o
problema, tem que resolver de imediato, furar poços, buscar de outro ponto a
captação, mas tem que resolver, a população não aguenta mais”.

Figura 48 – Foto Roque Luiz Schornobay, participou de reunião na Câmara de Vereadores


para tratar o assunto da Falta de água em Foz do Iguaçu. 1987
Fonte: Arquivo Sanepar.

Prefeito Álvaro Apolônio Neumann após desentendimento político com o


PMDB, rompeu com Dobrandino e levou no ano de 1989, sua equipe de jovens
administradores que deixaram o partido e fundaram em Foz do Iguaçu as fileiras do
PSDB dos Tucanos. Não que isso viesse a atrapalhar as negociações com a
Sanepar e o Governo do Estado do Paraná. Álvaro Prefeito ajudou e muito na
resolução da questão em pauta, inclusive firmando parceria na liberação de terrenos
do município para perfurar poços profundos e também com recursos financeiros,
porém, encontrou pela frente o rancoroso Governador do Estado do Paraná, Roberto
Requião (1991 - 1994), que não tinha papas na língua e castigou um pouco o
Prefeito em função do racha no partido do Governador aqui na fronteira. De qualquer
forma o relacionamento com a Sanepar sempre foi cortes e de solidariedade.
126

Uma demanda com relação a coleta de esgoto foi equacionada com


assinatura do Termo Aditivo (TA-127/89) entre o Prefeito Álvaro Neumann e o
Presidente da Sanepar, Nivaldo Passos Krueger no dia 06 de outubro de 1989, com
relação a ampliação de redes de esgotos no bairro Profilurb II, região do grande
Porto Meira. Obra referente a execução de 3.100 m de rede coletora de esgoto,
ligações prediais e poços de visitas no valor de 137.020 BTNs (Bônus do Tesouro
Nacional).

Além dos Presidentes do Legislativo no período, outros Vereadores se


empenharam no caso do saneamento. Carlos Grellmann que iniciou a careira
política na juventude do MDB e depois passou ao PDT, Paulo Garcia, entre outros.
Grellmann, além de usar a tribuna para criticar e com razão as autoridades, solicitou
providências por escrito ao Presidente da Sanepar da época, Roque Pirágine, ainda
no ano de 1987. Em 13 de Fevereiro de 1989 o Vereador fez nova cobrança à
Sanepar através de ofício e recebeu a seguinte resposta oficial do Presidente que
sucedeu a Roque, Dídio Costa Rocha Loures, esclarecendo o seguinte: “Para
implantação e melhoria do sistema de abastecimento de água já contamos com o
projeto técnico concluído e o pedido de financiamento para execução das obras
encontra-se no Governo Federal, cujos recursos estão sendo negociados da ordem
de 1.000,125 ORTNs. Tão logo sejam equacionados tais recursos as obras serão
implantadas”. “Até o momento os recursos não foram liberados e Foz do Iguaçu não
tem mais água para distribuir a população. O fato é de extrema gravidade” disse
Carlos Grellmann. “Em menos de 5 anos já passaram 3 (três) Presidentes na
Sanepar e nós continuamos sem uma resposta convincente, e o povo é que paga o
pato”. Em setembro de 1989 foi determinado pelo Diretor-Presidente Nivaldo Passos
Krueger licitação para perfuração de 2 poços artesianos profundos nas regiões de
maior falta de água na rede de distribuição, São Francisco, Parque Morumbi II e
adjacências, com conclusão dos testes de vazão em julho de 1990.

Em abril de 1990, o saneamento do Paraná administrado pela Sanepar


obteve o melhor índice de eficiência entre todas as Companhias Estaduais que
operavam no Brasil. A Sanepar auxiliou o Governo Federal nas definições de
prioridades no setor de saneamento básico a nível nacional. Uma equipe de técnicos
foi a Brasília e trabalhou com a Secretaria Nacional de Saneamento, vinculada ao
Ministério de Ação Social. Na época o Presidente da Companhia Norman de Paula
127

Arruda Filho enfatizou a posição de destaque da empresa no setor, acrescentando


que a Sanepar estava em dia com seus compromissos junto à Caixa Econômica
Federal e apresentava naquele ano os melhores índices de eficiência, porque além
de assessorar o Governo Federal nas prioridades do saneamento, a Sanepar
trabalhou em conjunto com diversas Secretarias inclusive para a definição de uma
política tarifária nacional. “O Governo Federal também está interessado em
programas de saneamento rural, onde a Sanepar já era considerada modelo pela
atuação que desenvolvia para as comunidades de agricultores paranaenses”. Mas,
Foz do Iguaçu estava ainda sofrendo com falta de água.

5.7.1 Poços Artesianos: Testes não Corresponderam as Expectativas de Vazão

A Diretoria da Sanepar autorizou em fevereiro de 1990 a licitação de poços


artesianos profundos em Foz do Iguaçu na bacia do Rio tamanduazinho. A
perfuração dos mesmos chegou a uma profundidade de 150/170 metros e nos testes
de vazão não apresentaram um volume de água esperado pelo projeto, mesmo
assim foram aproveitados e colocados em operação no final do ano de 1990,
próximo a chegada do verão e auxiliaram no reforço ao abastecimento de água para
aquelas regiões. Não contentes a equipe que administrava o sistema de
saneamento de Foz do Iguaçu em conjunto com o Prefeito Álvaro Apolônio
Neumann fizeram gestões junto ao Governo do Estado e foi conseguido em
processo de emergência a perfuração do terceiro poço no Jardim Santa Rosa no
final da Av. Paraná, na propriedade do Pioneiro Senhor Pedro Lakcos, interligado ao
sistema público de distribuição de água por redes já existentes de DN (Diâmetro
Nominal) de 50 mm. Destaca-se o empenho pessoal do Prefeito onde a Prefeitura
Municipal investiu 25% do valor da obra e a Sanepar 75% em parceria inédita para
aquela década. “Com a integração destes três poços à rede de abastecimento, Foz
do Iguaçu não terá problemas no próximo verão. Pelas estimativas dos engenheiros
da Sanepar de Foz do Iguaçu, os três poços deverão dar uma vazão de 2,4 milhões
de litros por mês e com isso não teremos mais problemas com falta de água nos
próximos dois anos, mas a solução definitiva só virá com a construção de uma nova
fonte de captação, junto ao lago de Itaipu”, relatou o Prefeito Álvaro em matéria de
128

“A GAZETA” do Iguaçu do dia 14 de junho de 1990. Os recursos foram liberados e a


obra da nova captação de água no manancial Rio Paraná, iniciou no último trimestre
de ano de 1990, um alívio para o Prefeito e para a equipe que tocava o saneamento
em Foz do Iguaçu. O índice de desabastecimento que chegou em 50% em 1988,
reduziu para 40% em 1989 e com o terceiro poço artesiano profundo baixou em
novembro de 1990 para mais ou menos 35%.

Figura 49 - Prefeito Álvaro e Sergio Caimi visitando as obras de perfuração dos poços
artesianos

No dia 19 de outubro de 1990, foi assinado o Termo Aditivo de número (TA-


177/90) entre o Município de Foz do Iguaçu e a Sanepar (Poder Concedente e
Concessionária), objetivo de ampliação do sistema distribuidor e produtor de água
tratada na cidade de Foz do Iguaçu, através do Programa Estadual de
Desenvolvimento Urbano (PEDU), subprograma de saneamento desenvolvido pelo
Governo do Estado do Paraná. Na cláusula terceira ficou estabelecido que os
intervenientes, para a execução do empreendimento do objeto do referido termo,
foram definidos recursos na ordem de 1.003,976 BTN's. sendo que a Sanepar
participaria de 75% (752,981 BTN's) e o Município com 25% (250.944 BTN's). Os
valores foram aplicados na Obra da Captação e Estação de tratamento de água da
Vila C de Itaipu.
129

Assinaram o TA 177/90,

Prefeito de Foz do Iguaçu: ÁLVARO APOLONI NEUMANN

Diretor Presidente da Sanepar: NORMAN DE PAULA ARRUDA FILHO

Diretor Financeiro da Sanepar: KENITIRO NAGAYAMA

Advogado da Sanepar: LINEU MARQUES FILHO

Figura 50 - Obra de ETA Vila C, Lago de Itaipu. 1990 - Acervo Sanepar.

No ano de 1991 as obras do complexo produtivo denominado (VILA C),


estavam em andamento e com atraso de cronograma físico. Ainda sentindo falta de
água em alguns bairros a população desconfiada reclamava do desabastecimento e
descaso da Sanepar. Na eleição para Governador e Deputados, elegeu-se Roberto
Requião Silva e Mello por sufrágio universal Pelo Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB). Assumiu o Governo do Paraná em 15 de março de 1991. e por
Foz do Iguaçu como Deputado Estadual Dobrandino Gustavo da Silva. Requião
nomeou para Diretor-Presidente da Sanepar Dr. Stenio Sales Jacob, Administrador
de Empresas. O Primeiro ato de Dobrandino como Deputado Estadual foi uma
gestão eficiente junto ao Governador e o novo Diretor-Presidente da Cia. de
Saneamento do Paraná para solucionar de vez a falta de água em Foz do Iguaçu,
130

solicitando aumento de recursos e a aceleração das obras de captação da estação


de tratamento da Vila C e interligação ao velho sistema de distribuição que sofria
com pouca água. Determinado, Stenio veio a Foz visitar as obras, tendo realizado
reuniões com a equipe de operação, com engenheiros da Sanepar e os da
empreiteira construtora onde determinou novo cronograma, dando prazo final para
conclusão, foi o que aconteceu. Em 1992 foi entregue para a população a primeira
etapa das obras do Lago de Itaipu e que foi interligada ao sistema existente através
de adutora do lago no refúgio biológico Vila C, (Adutora de água bruta) até o
complexo da Estação de tratamento e depois recalcada até os reservatórios para a
Vila “A”. Nos anos de 1994, 1995 e 1996 foram concluídas as fases complementares
com construções de novos reservatórios e a rede de anéis de distribuição, dotando a
cidade de Foz do Iguaçu, uma das cidades do interior do Paraná, com o que havia
de moderno em obras de engenharia e saneamento no Brasil. O sonho, enfim, havia
se tornado realidade.

Figura 51 - Stenio Sales Jacob, Marco Antônio Cenovicz em visita as obras de captação e
estação de tratamento do complexo Vila C, Lago de Itaipu. (1991).
131

Figura 52 - Foto Stenio Sales Jacob Diretor Presidente da Sanepar, Engenheiro Newlton de
Abreu Sodré (Im memória) Superintendente Regional Oeste e Sérgio Caimi Chefe do
Escritório Regional de Foz do Iguaçu. Reunião de ajuste do cronograma na execução da
obra do Lago de Itaipu (1991).

Dentre muitos projetos e obras de inovação tecnológica que foi implantado na


Sanepar a partir do ano de 1991 tiveram importância significativa o Sistema On-Line
para todo o Estado e leitura e a emissão de faturas simultâneas através do
Microcomputador Portátil (primeira Versão Datapron) que pesava em torno de 3 kg.
Implantado em Foz do Iguaçu no início daquele ano, facilitou e muito os trabalhos
dos leituristas, do pessoal do atendimento ao público (atendentes comerciais),
reduzindo substancialmente os custos no processo. A primeira leitura e emissão da
fatura na hora foi realizada pelo Leiturista Romilson Gonçalves em 04 abril de 1992,
em uma residência na Vila “A” de Itaipu. Teve a presença do Superintendente
Comercial Paulo Müller, Gerente Regional de Cascavel Antônio Pontes, Chefe da
Divisão Comercial de Cascavel Rubens Lopes Fernandes, Superintendente Regional
do Oeste Engenheiro Newton de Abreu Sodré, Chefe do Escritório Regional de Foz
do Iguaçu Sérgio Caimi, autoridades municipais, Associação de moradores e a
imprensa local.
132

Figura 53 - Foto Evento aconteceu no mês de abril do ano de 1992.

Em 03 de Fevereiro de 1993, o Presidente da Sanepar Stenio Sales Jacob


acompanhado do Governador do Estado do Paraná, Roberto Requião, visitaram as
obras concluídas do complexo Vila C no Lago de Itaipu. De acordo com o Presidente
“Só nos últimos meses a Sanepar investiu mais de 40 bilhões de Cruzeiros, na
captação e tratamento de água em Foz do Iguaçu. Grande parte dos recursos
aplicados, não podem ser vistos pela população. Ou estão enterrados debaixo da
terra ou como é o caso dessa grande obra que está instalada próximo ao Lago de
Itaipu, no Rio Paraná. Mas o que importa é que, a cidade de Foz do Iguaçu não
sofrerá mais com falta de água. A partir de agora cabe aos dirigentes de Foz do
Iguaçu planejar o crescimento da população e também ir ampliando a capacidade de
produção de água, conforme a necessidade, finalizou”.
133

Figura 54 – Foto do Diretor-Presidente da Sanepar Stenio Sales Jacob - Entrevista sobre a


falta de água e informações sobre recursos aplicados na construção do complexo ETA Vila
C. 03 de fevereiro de 1993.

“Os 30 anos da Sanepar são muito significativos”. A história da Companhia


comprova que conseguiu evoluir no decorrer do tempo.

Esta evolução se deu em consequência do esforço e do preparo de seu


quadro de técnicos que não se acomodaram diante dos desafios, cada vez maiores,
para gerar uma empresa ágil e eficiente de tal maneira que, seus objetivos de dar
um atendimento exemplar à população fossem rigorosamente cumpridos.
Saneamento básico significa medicina preventiva, pois garante a saúde e melhorias
na qualidade de vida das pessoas. A Sanepar tem se destacado como empresa
modelo para o Brasil e América Latina, não só pela qualidade de seus projetos,
obras, serviços e produtos, mas sobretudo, pela visão clara de seu papel social
como empresa pública que é. A meta é atender 100% da população do Paraná com
água tratada nos sistemas onde opera e também levar este benefício à população
das pequenas comunidades rurais.

A vontade política e a determinação de um governo comprometido com a


população de seu Estado farão com que está ousada meta seja cumprida. O
Governador Roberto Requião estabeleceu como prioritária a ação da Sanepar no
paraná, e para isso temos recebido todo o apoio administrativo e político para que a
134

Companhia continue avançando para a modernidade e leve à frente seu nobre


trabalho. A Sanepar nestes dois anos de administração de Roberto Requião tem
conseguido, através de transparência, e serenidade, superar sua média histórica de
desempenho financeiro e, em todos os níveis, graças às parcerias com as
prefeituras municipais e a certeza de seus fornecedores de que a Companhia
cumpre em dia seus compromissos.

A credibilidade conquistada pela Sanepar faz com que as obras se


multipliquem por todo o Estado. Programas como o de saneamento rural, expansão
das redes de distribuição e ampliação do número de ligações para atendimento da
população mais carente das nossas cidades, têm possibilitado ampliar o acesso à
água tratada de milhares de paranaenses. Para 1993 temos uma grande expectativa
de avançarmos ainda mais através de grandes programas como o Prosam
(Programa de Saneamento Ambiental), Prosege (Programa de Ação Social em
Saneamento e Pedu (Programa de Desenvolvimentismo Urbano do Estado do
Paraná), que juntos movimentarão, a partir deste ano, recursos em mais de 80
municípios em toadas as regiões do Paraná. Recursos conquistados graças ao
desempenho não só da Sanepar, mas de um Estado equilibrado e consequente”.

STÊNIO SALES JACOB

Presidente da Companhia de Saneamento do Paraná - Jornal de Foz -


Informe Especial - 28/01 a 03/02/1993 por ocasião da visita do Governador do
Estado e do Presidente da Sanepar no Município de Foz do Iguaçu. Fala em
comemoração dos 30 anos de existência da Companhia de Saneamento do Paraná
- Sanepar.

A realidade da cobertura com saneamento em Foz do Iguaçu no ano de 1993,


girava em torno de 85% da população abastecida com água tratada, cerca de
35.000 ligações e aproximadamente 15% (em torno de 7.000 ligações), com coleta,
remoção dos esgotos sanitários.
135

ASSUNÇÃO DO BAIRRO DA VILA “C” DE ITAIPU.

As famílias residentes na Vila C de Itaipu eram abastecidas com água tratada


pela própria binacional, com captação de água, tratamento e distribuição, sem
custos para as famílias dos trabalhadores. Havia uma (ETA) Estação de Tratamento
de água metálica e um reservatório também metálico. A Sanepar assumiu o
abastecimento do conjunto no segundo semestre de 1991, antes do funcionamento
do complexo do lago que estava em andamento. Tal processo de assunção dos
serviços foi bastante traumático tendo em vistas que as famílias do local não
pagavam tarifa de água para a usina, de forma que, o consumo por residência era
exorbitante por não haver micro medidor, redes e ramais internos possuírem
vazamentos. Após remodelamento das redes, ramais, cavaletes com hidrômetros,
emissão das faturas de cobrança pela água, começaram a aparecer os problemas
de excessos de consumo. Houve uma revolta geral dos consumidores que não
aceitavam tal faturamento, promovendo uma série de reuniões com a Associação
dos Moradores, a Cooperativa Habitacional da Fronteira que assumiu alguns
compromissos na transição. Participei de mais de 20 reuniões com a comunidade
juntamente com a Coa fronteira, Secretários e Diretores da Prefeitura bem como da
Itaipu. O inconformismo, a indignação e descontentamentos eram gerais, porque as
faturas da Sanepar começaram a chegar nos imóveis e havia de serem pagas, se
não, como de praxe, o desligamento do fornecimento por inadimplência acontecia.
Aliado ao calor, excesso de consumo verificado nas faturas, os problemas internos
foram resolvidos depois de um ano, onde a Sanepar determinou a substituição dos
ramais padrão Sanepar, na parte interna das casas. Depois de aproximadamente 1
ano e meio a vida da população daquele conjunto voltou ao normal.
136

CAPÌTULO VI - ENGENHEIRO JOSÉ AUGUSTO CARLESSI

O cofre cheio de dinheiro público pertence a outrem. Nunca tive


ganância em ataca-lo. Só preciso de amigos fiéis, um lar para
descansar junto à minha família, beber um bom vinho independente
da marca. Não levamos nada com a gente, quando formos
chamados por Deus. (CAIMI, 2019).
A água é essencial para a vida. A civilização é, em parte, um diálogo
entre o homem e a água. (Indira Gandhi, ex. primeira ministra da
Índia).

De Família pioneira do Município de Santa Terezinha de Itaipu, Engenheiro


Carlessi como era chamado, ingressou na Sanepar em Cascavel na função de
Engenheiro Fiscal de Obras onde atuou na região Sudoeste do Paraná. Aceitou um
convite para ser o Chefe da Divisão Regional de Foz do Iguaçu e assumiu em junho
de 1992. Jovem e determinado, rapidamente conquistou a equipe e se integrou à
sociedade Iguaçuense, encarando os problemas de frente: a deficitária estrutura de
saneamento de Foz do Iguaçu e a carência de pessoal desde a assunção do
Sistema de Saneamento do município pela Sanepar em janeiro de 1972. A estrutura
de comando maior denominada Escritório Regional, tinha sua base na Cidade de
Cascavel. Devido à morosidade no andamento dos processos, a equipe de Foz do
Iguaçu iniciou um movimento político, baseado em definições de novas regras,
pedindo mais atenção para a região, não aceitando mais ser administrada de tão
longe. Contribuiu para implantação de uma Gerência Regional em Foz do Iguaçu,
abrangendo os municípios de Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel
do Iguaçu. O Movimento foi encampado por José Augusto Carlessi e Sérgio Caimi,
que aconteceu logo em 1994.
137

Figura 55 - Foto Engenheiro Civil Jose Augusto Carlessi (1992).

6.1 NOVOS TEMPOS – GERENCIA REGIONAL DE FOZ DO IGUAÇU – PR

Em Julho de 1994, o último ato do Diretor Presidente da Sanepar Dr. Stenio


Sales Jacob, antes de deixar a Presidência da empresa para se candidatar a uma
vaga de Deputado Estadual pelo PMDB, foi assinar o projeto de implantação da
Gerência Regional de Foz do Iguaçu (GRFI), com sede administrativa no Município,
graças ao bom relacionamento da equipe que administrava a Sanepar com o então
Prefeito Dobrandino Gustavo da Silva que, havia chegado ao poder na Prefeitura
pela segunda vez (1993 - 1996) do mesmo partido do Governador Roberto Requião,
o PMDB. A partir desse ato, o saneamento de Foz do Iguaçu, passou a ser
gerenciado por um gerente direto com a Diretoria em Curitiba, cortando o umbigo
com os asseclas de Cascavel, gerando uma grande ciumeira, pelas bandas da
cidade das cobras.
138

Figura 56 - Foto Prefeito Dobrandino Gustavo da Silva com o Presidente da Sanepar à


época, Norman de Paula Arruda. Inauguração de parte da estrutura de captação de água no
Lago de Itaipu. Ano de 1991.

Figura 57 - Foto Posse do Primeiro Gerente Regional da Sanepar de Foz do Iguaçu ano de
1994. Stenio Sales Jacob, Diretor Presidente, Carlessi, Engenheiro Mario Baggio Diretor de
Operações e o Diretor Técnico Engenheiro Marco Antônio Cenovicz.

A Diretoria veio a Foz do Iguaçu para uma Reunião com o Prefeito


Dobrandino Gustavo da Silva trazendo duas outras resoluções de nomeação do
139

futuro novo Gerente. Uma do Engenheiro Carlessi e outa, cujo o nome não sabemos
até hoje. Stenio na sua sabedoria e competência, perguntou ao Prefeito quem ele
indicaria ou queria para gerenciar a Regional daquele dia em diante. Sabiamente o
Prefeito de pronto respondeu: “O Carlessi é Claro”. E assim se procedeu.

Com a nova estrutura, além do Gerente, foram abertas 3 (três) outras Chefias
formais. A Comercial, Divisão Administrativa e a Divisão Técnica de Engenharia. Eu
buscava a Divisão Comercial por ter conhecimento técnico, mas o time de Cascavel
rapidamente acertou a nomeação do Economista Paulo Roberto Dall’Stella. Paulo
Roberto, era uma pessoa que tinha uma alegria e o coração puro, homem justo, de
modo que ganhou minha confiança e convivemos muito bem os mais de dois anos
que trabalhamos juntos. Determinado, ele me presenteou com o Livro (O MAIOR
SUCESSO DO MUNDO), Bestseller do Escritor Og Mandino, fascinante obra onde
se apresenta como José, narrando a história de Zaqueu Ben Joshua do tempo de
Herodes.

DEDICATÓRIA

Amigo Sérgio

“Jamais procures ser diferente do que és, isto porque tu já és o maior sucesso
da tua família e dos teus amigos” – Abração, do seu Amigo Paulo Roberto.
(18/11/94).

Do inconformismo que eu vivia, ao ler o livro logo em seguida, meu coração


foi curado do feroz corozão que dentro dele tinha se instalado, voltando o Amor e a
Paz para com as pessoas que, permanece intrinsicamente até hoje. Como a morte
um dia chega para todos nós, para Paulo foi no dia 18 de novembro de 1996, de
infarto fulminante na Vila A de Itaipu, onde ele morava, exatamente dois anos depois
de ter assinado a dedicatória no livro. (18/11/94).
140

CHEFE DA DIVISÃO ADMINISTRATIVA POR UMA NOITE

Estando preenchida a vaga de Chefe da Divisão Comercial, fui nomeado


como Chefe da Divisão Administrativa e Financeira, departamento que deveria ser
implantado na nova estrutura da nova Gerencia Regional. Ao receber a resolução de
nomeação comemoramos. Era uma quinta feira lá pelas 17,00h, onde fizemos a
primeira reunião de organização de espaço e de pessoal. No dia seguinte, perto das
9.00 horas da manhã, um fax símile chegou da Diretoria de Operações, dando conta
de minha exoneração e da nomeação do Cascavelense Antônio da Silva, sem
nenhuma explicação e com os dizeres finais. “Cumpra-se”.

Passados aproximadamente 2 anos, Antônio não contente com a Chefia


Administrativa e Financeira, aromou uma confusão, para tentar aportar ao cargo de
Gerente. Não obstante, indicava algumas situações de irregularidades em alguns
processos. Não teve outra alternativa, senão, o gerente tira-lo do cargo. Antônio foi
nomeado Gerente em Francisco Beltrão e lá foi denunciado por desvios de conduta,
e veio a perder o cargo de Gerente Regional daquele município.

TARIFA SOCIAL

A População de baixa renda de Foz do Iguaçu foi beneficiada com a


implantação ainda no ano de 1992, do Projeto por parte da Sanepar denominado
(TARIFA SOCIAL HOMERO HOGUIDO), antecipando-se a outras Companhias do
país. Com ela, os consumidores que ganhavam até dois salários mínimos, moravam
em casas com até 80 metros quadrados e consumiam até 15 metros cúbicos de
água/mês, recebiam redução de 46% na tarifa de água e 66% na de esgoto. O
benefício atingiu cerca de 6.000 famílias no início do programa em Foz do Iguaçu e
aproximadamente de 150.000 em todo o Paraná. E, o preço cobrado para executar
uma ligação de esgoto para baixa renda foi reduzido em 92% do valor original,
benefícios esses que faziam parte das diretrizes do novo governo.

O Termo aditivo de número TA 49/93, assinado entre a Sanepar e a Prefeitura


Municipal de Foz do Iguaçu no dia 03 de Abril de 1993, possibilitou o início dos
projetos e execução de obras para ampliação do sistema de esgotos sanitários,
remoção e construção de estações elevatórias e de tratamento e consequente
devolução da água limpa para os Rios Boyci e Paraná, reduzindo os impactos
141

ambientais provocados devido ao lançamento do esgoto nos corpos receptores sem


o devido tratamento, década de 90. O Ministério Público atuou com firmeza nesse
aspecto, passou a cobrar mais enfaticamente as empresas de saneamento dos
estados que possuíam concessão com os Municípios.

Na cláusula Primeira estabelecia: - Este aditamento objetiva estabelecer as


condições para a ampliação do Sistema de esgotos sanitários de Foz do Iguaçu.
Cláusula Segunda: - As obras consistirão basicamente de: 5.500 metros de rede
coletora, respectivas ligações prediais e poços de visitas. Na cláusula terceira coube
a Sanepar a elaboração dos projetos técnicos, prestação de orientações técnicas
necessárias o fornecimento de todos os materiais necessários e a fiscalização das
obras planejadas. Coube a Prefeitura Municipal a execução das obras e
desapropriação de terrenos necessários.

Prefeito Municipal: DOBRANDINO GUSTAVO DA SILVA

Diretor-Presidente da Sanepar: STENIO SALES JACOB

Diretor Técnico da Sanepar: MARCO ANTÔNIO CENOVICZ

Advogado da Sanepar: LINEU MARQUES FILHO

Sendo, uma das testemunhas Roberto Requião, então Governador do Estado


do Paraná.

6.2 INFRA ESTRUTURA EM COLETA E TRATAMENTO DOS ESGOTOS

Com o termo aditivo TA-182/93, assinado entre as partes no dia 08 de outubro


de 1993, deu-se início efetivamente na construção da primeira Estação de
Tratamento de esgoto de Foz do Iguaçu. Na cláusula Primeira foram estabelecidas
as condições da ampliação através do Programa de Ação Social em Saneamento -
PROSEGE, da Secretaria Nacional de Saneamento. A definição de acordo com o
projeto foi de ampliar 27.830 metros de rede coletora, 1.496 ligações prediais, 4.804
metros de interceptores, uma Estação Elevatória, 95 metros de linha de recalque e a
(ETE 9 M’boyci), no final da Rua Marechal Deodoro. Os valores para investimentos
foram definidos na ordem de CR$ - 186.268.000,00 (Cento e oitenta e seis milhões,
duzentos e sessenta e oito mil cruzeiros), referente a setembro de 1993. Assinaram
142

o Termo Aditivo o então Prefeito do Município Dobrandino Gustavo da Silva, o


Presidente da Sanepar Stenio Sales Jacob, o Diretor Técnico Marco Antônio
Cenovicz e o Advogado Lineu Marques da Silva.

Esse termo aditivo veio a ser alterado em 21 de maio de 1996 através de um


novo aditivo, tendo em vistas mudanças de diretrizes do Governo Federal e o
PROSEGE passou a ser gerenciado pelo Ministério de Planejamento e Orçamento,
mas o teor praticamente ficou o mesmo e as obras tiveram início nesse mesmo ano
(1996). O novo TA de número 116/96 foi assinado por Dobrandino Gustavo da Silva,
Prefeito Municipal, Carlos Afonso Teixeira de Freitas, Diretor-Presidente da Sanepar
e Rogério Pinto Muniz então Diretor Técnico no Governo de Jaime Lerner (1995 -
1999), com definição do valor de R$ - 1.143.911,53 (Um milhão, cento e quarenta e
três mil, novecentos e onze reais e cinquenta e três centavos).

Figura 58 - Foto Dobrandino Gustavo da Silva, Prefeito Municipal, Carlos Afonso Teixeira de
Freitas, Diretor-Presidente da Sanepar, Rogério Pinto Muniz, Diretor Técnico da Sanepar.

Equacionada a questão da água potável, o Governo do Estado por meio da


Sanepar, de relatórios oficias, verificou-se a empresa atendia apenas 16% da
população urbana com coleta e remoção de esgotos. O projeto global para
ampliação do sistema de coleta de esgotos financiado pelo Governo Federal,
(Secretaria Nacional de Saneamento) previram a instalação de cinco estações de
143

tratamento de esgoto, seis estações elevatórias e a ampliação da rede coletora que,


depois de concluídas, todo esgoto coletado seria tratado na sua totalidade. “ Após a
conclusão deste projeto, a Sanepar vai contribuir para recuperação dos rios Boicy,
Almada e Paraná praticando uma política ecologicamente correta, que vem de
encontro com a filosofia da empresa que se refere a preservação de possíveis
mananciais”, ressaltou o Engenheiro José Augusto Carlessi, Gerente Regional de
Foz do Iguaçu em entrevista para o Jornal Gazeta do Iguaçu do dia 15 de Fevereiro
de 1995 (página 22), informando que o índice de atendimento passaria para 30% da
população, um número considerado alto se analisado a nível nacional a situação do
saneamento dos municípios brasileiros. O projeto atenderia de pronto a comunidade
residente na bacia do Rio Boyci além do Centro, moradores do chamado CR-1, Alto
São Francisco, Polo Centro, Vila Itajubá, Bom Jesus, Matilde, Jardins Eldorado,
Social I e II, Esmeralda, Cláudia, Iguaçu, Loteamento Roth e parte da Vila Yolanda.
Ao todo, foram concluídos 30 mil metros de tubulações de esgoto, o que possibilitou
a execução de 1.496 novas ligações à rede. A primeira Estação foi executada no
final da Rua Marechal Floriano Peixoto composta por três módulos, com capacidade
de tratar 300 litros por segundo. As Estações projetadas para Foz do Iguaçu, além
da ETE 09, outras seriam executadas no Jardim Festugato, Jardim Jupira, Ouro
Verde e Três Lagoas, do tipo “RALF”, (Reator Anaeróbico de Leito Fluidizado) que
realiza o tratamento por meio de um processo natural, que dispensa aplicação de
produtos químicos e equipamentos movidos à energia elétrica.

No ano de 1995, o Ministério Público do Paraná, comarca de Foz do Iguaçu,


através do Promotor Público Dr. Renan Fava, ingressou com uma Ação Cível
Pública, com objetivo de condenar a Sanepar a devolver valores referente a taxa de
esgoto cobrada de seus usuários em função de períodos nos quais não havia ainda
o tratamento final do lodo e por entender que os rios Boyci e Paraná estavam sendo
contaminados. A ação tramitou por todas as instâncias da justiça tendo o trânsito em
julgado no ano de 2003 (processo executivo), e a execução de fato no ano de 2007.
Com a definição da legitimidade do usuário, dispondo direito de ressarcir os valores
recolhidos, a Sanepar iniciou a devolução dos numerários, tendo findado entre os
anos de 2011 e 2012. Por outro lado, o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurante de
Foz do Iguaçu, deram início também com uma ação idêntica, mas, não lograram
êxito no decorrer do processo.
144

Os valores devolvidos das taxas cobradas indevidamente, segundo a decisão


judicial, em seu total não foram divulgados pela Sanepar, porém dentro de uma
análise técnica jurídica e comercial o montante pode ter ultrapassado a casa dos R$-
82.500.000,00 (Oitenta e dois milhões e quinhentos mil reais), um pouco mais de
US$- 15.000.000,00 (Quinze milhões de Dólares), demostrando que a empresa
sempre cumpriu e sempre cumprirá suas responsabilidades fundadas nas decisões
judiciais.

Figura 59 - Foto Início das obras da Estação de Tratamento de Esgoto (9) - Boyci - Final da
Ra Marechal Deodoro - Ano 1993 - Diretor-Presidente da Sanepar Carlos Afonso Teixeira de
Freitas, Engenheiro José Augusto Carlessi e o Fiscal de Obras Ermínio Gotardo.
145

Figura 60 - Foto Construção da Obra ETE Beira Rio. 1997 - Acervo Sanepar

Figura 61 - Foto Obras de Ampliação do Sistema de Coleta de Esgoto em Foz do Iguaçu.


146

6.3 CONSTRUÇÃO DO PRÉDIO DA ADMINISTRAÇÃO DA GERENCIA


REGIAONAL – ORDEM DE SERVIÇOS CANCELADA

Devido a implantação da Gerencia Regional no ano de 1994, era necessário


aumentar o espaço físico para abrigar a nova equipe. O então gerente engenheiro
José Augusto Carlessi anunciou a necessidade de pessoal no Jornal interno de
nome diálogo e a notícia se espalhou no Estado todo. 30 dias depois, havia chegado
à Foz do Iguaçu, atraídos por um aumento no salário de 25%, entre 15 e 20
funcionários de carreira liberados pelos seus chefes das bases onde trabalhavam na
Companhia. Passados 6 meses foi-se conhecendo o perfil profissional de cada um.
Os que não foram demitidos, pediram transferência de volta ou conseguiram ser
liberados com vaga e tudo para outra cidade, já que por aqui, demandava trabalho
de qualidade em suas funções. Ficaram apenas 2 ou 4 com capacidade técnica
operacional/administrativa, sendo 2 deles (Francisco Alves Moreira e Elizabeth Vilas-
Boas), que se aposentaram por aqui sem nenhum problema. Como sempre dizia o
Engenheiro “Vieram trabalhar conosco um monte de servidores (curva de rio) e
achavam que em Foz era o Paraiso”. Um projeto Arquitetônico de um escritório para
abrigar a Administração da Gerência, foi elaborado pela Prefeitura de Foz do Iguaçu,
gestão do então Prefeito Dobrandino Gustavo da Silva, para implantar numa área
vaga na Rua Almirante Barroso esquina com a Rua Antônio Raposo, terreno próprio
da Sanepar, uma edificação de aproximadamente 650m2, térreo e mais dois
pavimentos. Carlessi, fez gestões para construir a obra que foi orçada e licitada,
tendo como vencedora a Construtora Engrenagem Saneamento Ltda. Em 1995 a
empreiteira instalou o canteiro de obras e já havia construído as sapatas. Veio a Foz
do Iguaçu para uma visita o então Diretor de Engenharia da Sanepar de Curitiba,
Alberto Zocco Junior, no início do Governo de Jaime Lerner. Por ser avarento, Zocco
estava no gabinete do gerente onde, tomando um cafezinho, elogiou o espaço
grande e bem arborizado, quando de repente virou os olhos e viu a movimentação
dos operários que estavam no início da obra. Perguntou ao gerente qual a
empreiteira que tinha sido contratada e o Dr. Carlessi respondeu que era a
Engrenagem de Cascavel. Era uma sexta feira no período da tarde
aproximadamente 15.30h, e na segunda feira lá pelas 11.00h, o fax instalado na sala
do gerente começou imprimir uma mensagem, ao tirar o papel da máquina, leu e me
147

mostrou. Sem nenhuma sisudez ordenou o cancelamento da Ordem de Serviço,


meramente por birra política e a construção nunca mais foi erguida. (...) Foi o
primeiro ato maldoso na nova Gerencia Regional, outros vieram mais tarde que não
me proponho a relatar nesse livro. Foi a partir dessa decisão que a Gerencia de Foz
do Iguaçu funcionou em imóveis locados e o primeiro foi onde prosperou por muitos
anos no prédio do antigo Hotel Paraná. Depois, em 1997 foi alugado um novo
espaço na Rua Marechal Floriano próximo ao Hotel Nadai, que operou até meados
do ano 2002. Necessitando de um local mais amplo, a administração ainda na
gestão do Engenheiro Edgar Faust Filho, alugou um outro espaço maior, um imóvel
localizado na Santos Dumont 460, centro, onde abrigava toda a estrutura da
gerencia regional de Foz do Iguaçu, Unidade de Projetos e Obras, Núcleo Jurídico,
com aproximadamente 1.000m2 de área livre, amplo estacionamento. Ali despachei
quando gerente da Sanepar por 6 anos e 3 meses e o ultimo pagamento do aluguel
que certifiquei, foi no mês de março de 2011, em torno R$. 5.500,00, para pagar o
proprietário Sr. Chan. Existia também compromisso de contrato em pagar o IPTU,
que na média, não passava de R$- 6.000,00 por mês o que dava o valor de R$-6.00
o metro quadrado. A gestão seguinte defendeu e alugou um imóvel na Av. Brasil n.
569 quase em frente ao Shopping Kamalito, no ano de 2014, que tem área de
aproximadamente 1.015m2, e com pequena, se não minúscula área de
estacionamento, pelo valor mensal de R$. 25.000,00, mais o valor de R$-
6.308,00de IPTU, bem como outras taxas, onde funciona atualmente. Aluguel do
metro quadrado mais caro de Foz do Iguaçu.
148

CAPITULO VII – ENGENHEIRO EDGARD FAUST FILHO

Mesmo que já tenha feito uma longa caminhada, sempre haverá


mais um caminho a percorer. (Santo Agostinho).
E eis aqui um varão chamado Zaqueu, o qual era chefe entre os
publicanos, e era rico; E ele procurava ver quem era Jesus; mas não
podia, devido à multidão, porque era pequeno de estatura. (Lucas,
19: 2,3).

Com as mudanças no comando do Governo do Paraná e da estrutura da


Sanepar na segunda metade da década de 90 (Governo Jaime Lerner ), assumiu em
Julho de 1997 a Gerência Regional de Foz do Iguaçu o Engenheiro Sanitarista
Edgard Faust Filho, com a missão de dar continuidade aos trabalhos de atendimento
das demandas da população de Foz do Iguaçu, não somente a água tratada para
todos, mas fundamentalmente a missão de elevar os índices de saneamento, com
ampliações de redes de coleta de esgotos bem como continuar as construções das
ETEs, responsáveis pelo tratamento dos esgotos coletados. Respondeu pela
Gerência até o primeiro trimestre do ano de 2003. Elevou a cobertura de
saneamento de 17%, da cidade com redes, para 45%, em mais de seis ano de
gestão. Em 1997 tinha em torno de 9.000 ligações de esgoto e chegou próximo de
24.000, crescimento em torno de 26% no período. O percentual de tratamento dos
esgotos coletados passou de 2,24%, para 97,77% do coletado, dados registrados no
final do ano de 2002.
149

Figura 62 - Foto Inauguração do Sistema de Abastecimento de Água de Foz do Iguaçu.


Governador Jaime Lerner, Prefeito Harry Daijó, Carlos Afonso Teixeira de Freitas, Diretor
Presidente da Sanepar - Ano 1998 – Etapa final.

Figura 63 - Foto Estrutura fixa da Captação de água Bruta, Decantadores e Calha Parshal.
Lago de Itaipu. (1998).
150

7.1 DADOS DO SISTEMA OPERACIONAL DE ÁGUA/ESGOTO NO ANO DE 2002

Tabela 3 -- Água
Nível de Atendimento com Água 99%
População Urbana 266.800
Número de Ligações de Água 60.529
Extensão de Redes de Distribuição (metros) 1.019.136
Estações de Tratamento de Água 2
Capacidade de Tratamento ETA Vila C 800 l/s
Capacidade de Tratamento ETA Tamanduá 350 l/s
Capacidade de Reservação (m3) 25.740
Poços Tubulares Profundos 3
Fonte: Sanepar de Foz do Iguaçu.

Tabela 4 - Esgoto
Número de Ligações de Esgoto 23.798
Nível de Atendimento com Coleta de Esgoto 45%
Índice de Tratamento dos Esgotos Coletados 98%
Extensão de Rede Coletora (metros) 309.608
Estações de Tratamento de Esgoto Concluídas 4 (a quinta em execução) 3 lagoas.
Capacidade de Tratamento 670 l/s
Elevatórias de Esgoto (Transposição de Bacia) 10
Nível de Tratamento dos Efluentes 97,77
Fonte: Sanepar Foz do Iguaçu ano de 2002.

Com maior apoio da Diretoria da Sanepar de Curitiba, Edgar pode reorganizar


e estruturar a força de trabalho da época que vinha sofrendo pelas dificuldades,
tanto na área operacional, quanto na administrativa. A Reorganização da estrutura
administrativa, possibilitou a criação de duas Gerências bem definidas, a de Receita
(Unidade de Receita de Foz do Iguaçu - URFI) e a de Manutenção e Ampliações de
Redes de Água e Esgoto (Unidade de Manutenção de Redes - USMR-X). A
mudança de postura dos funcionários e ações voltadas para uma nova realidade
administrativa e Ambiental, atingiu significativos resultados para a empresa e
fundamentalmente para os consumidores e a sociedade como um todo.
151

7.1.1 Implantação do IS0 14.001 - Sistema de Gestão Ambiental - SGA 1998

Para o desenvolvimento e implantação do Sistema de Gestão Ambiental em


todas as atividades desenvolvidas pela empresa em Foz do Iguaçu (Operacionais,
Administrativas e Comerciais), foram implantadas uma série de atividades que era
requisito da Norma NBR ISO 14.001: 1996: Sistema de Gestão Ambiental - SGA,
especificação e diretrizes para o uso, onde, passamos a descrever as mais
principais:

Elaboração de Diagnóstico Ambiental realizado em todo o sistema de Foz do


Iguaçu, através de equipes próprias sob a coordenação de um profissional
contratado, este instrumento visou identificar as principais lacunas e pontos fortes do
sistema de Foz do Iguaçu bem como de um planejamento com mais consistências
relativamente a etapas e prazos e identificar recursos para a viabilização do projeto.

Definição da Política Ambiental e seus Princípios em conjunto com a Diretoria


da Sanepar. A elaboração de um Programa de Autodesenvolvimento composto por
eventos de treinamentos voltados para a força de trabalho, tanto os funcionários
efetivos, os terceirizados e fornecedores, totalizou mais de 1400 horas de
treinamento possibilitando uma mudança de perfil de cada envolvido, bem como
forma de conscientizar 100% da equipe para o sucesso do projeto que sem os
trabalhadores seria impossível alcançar os resultados esperados.

No ano de 1998 foi criado o Comitê de Gestão Ambiental composto pelos


Gerentes de Foz do Iguaçu, Gerente de Meio Ambiente e de Qualidade que priorizou
levantamentos e determinação dos Aspectos e Impactos Ambientais, baseado na
análise de seus processos, produtos e serviços. Com base nesse levantamento foi
caracterizado cada aspecto e definida sua significância que na época registrou-se
mais de 100, que tiveram avaliações periódicas e tratamento específico no
andamento do processo de implantação bem como o levantamento de mais de 95
referentes a legislação ambiental aplicável, internacional, federal, estadual e
municipal aplicadas na área de saneamento.

Definição dos Objetivos, Metas e Programas de Gestão Ambiental (PGA) para


cada objetivo foram estabelecidos com ações a serem realizadas, nominando seus
responsáveis, estabelecido prazos e recursos financeiros necessários para o
152

cumprimento. No início para visar a melhoria contínua foram implantados 15


objetivos, 36 metas e 150 PGA (Programa de Gestão Ambiental), correspondendo a
mais de 150 diferentes ações para atender os requisitos da norma do Sistema de
Gestão Ambiental.

Quadro 2- Estrutura e Responsabilidade definidas para a Implementação do Sistema


de Gestão Ambiental - Foz do Iguaçu - 1999
ESTRUTURA RESPONSABILIDADE

Diretoria Definir as diretrizes e política ambiental

Participar de reuniões de análise críticas (análises e decisões sobre o


desempenho e resultados do SGA, ações corretivas e preventivas relevantes
e resultados de auditorias)
Analisar e liberar recursos
Avaliar os resultados e melhorias do SGA

Representar a Diretoria na implementação e manutenção do SGA


Propor as diretrizes e política ambiental
Comitê de Gestão Preparar as reuniões de análise crítica com a Diretoria
Ambiental Participar das reuniões de análise críticas
Aprovar os objetivos e Metas do SGA
Detectar oportunidades de melhoria no sistema

Estabelecer e controlar os Planos de Ação, baseados nos objetivos e metas


Gerentes das Participar do Comitê de Gestão Ambiental
Unidades do
escopo Levantar os resultados e melhorias do SGA
Detectar e providenciar o tratamento de ações corretivas e preventivas

Planejar e viabilizar as auditorias ambientais internas;


Coordenação de Planejar e viabilizar as verificações da eficácia de ações corretivas e
Meio Ambiente preventivas;
Corporativa Atualizar e disponibilizar a legislação ambiental pertinente;
Participar do Comitê de Gestão Ambiental.

Corpo de Auditores
Executar as auditorias ambientais internas
ambientais interno

Propor, melhorar e executar procedimentos documentados de rotina e


Coordenadores de controle operacional;
cada Área e Providenciar treinamento adequado ao pessoal nos procedimentos de rotina,
responsáveis pelo política ambiental e outras temáticas;
processo Detectar e providenciar o tratamento de ações corretivas e preventivas;
Implementar os Planos de Ação, baseados nos objetivos e Metas.

Propor, melhorar e executar procedimentos documentados de rotina e


Pessoal operacional controle operacional;
Detectar e providencial o tratamento de ações corretivas e preventivas
153

7.1.2 Política Ambiental Implantada à Época

A SANEPAR busca, no desenvolvimento de suas atividades de saneamento, a


conservação ambiental, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da
população, baseando-se nos seguintes princípios

Compromisso

a) Melhorar constantemente os processos que geram impactos ambientais


significativos;

b) Prevenir e reduzir os riscos e danos ambientais;

c) Atender a legislação ambiental aplicável em suas atividades;

d) Estabelecer, revisar e acompanhar os objetivos e metas ambientais;

e) Promover a comunicação com os pares interessadas e disseminar ações


para educação ambiental.

Vencidas todas as etapas, no mês de maio de 1999 foi realizado a primeira


auditoria consultiva, no mês de setembro de 1999 a segunda auditoria consultiva
bem como a primeira interna e em outubro de 1999 aconteceu a segunda auditoria
consultiva sendo que baseados nos resultados desta última auditoria, foram
inseridos no planejamento os ajustes necessários ao sistema, sendo:

Elaboração dos procedimentos documentados dos requisitos normativos;


aspectos ambientais; requisitos legais e outros requisitos, objetivos e metas,
estrutura e responsabilidade, treinamentos, conscientização e competência,
comunicação entre as partes envolvidas, controle operacional, preparação de
atendimento às emergências, auditoria interna. Todos os envolvidos com os
procedimentos receberam treinamentos das novas rotinas.

Realização de reunião de Análise Crítica do SGA com a Diretoria da Empresa.

Ainda em 1999 foi realizada a primeira reunião de análise crítica, que


objetivou a avaliação do resultado das auditorias internas e o desempenho do
Sistema de Gestão Ambiental.
154

Realização da Auditoria da Pré Certificação, ocorreu em outubro do ano de


1999 e nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 1999 o sistema de Gestão Ambiental
passou então no crivo da auditoria de certificação externa que foi realizada pela ABS
Quality Evolution, Inc., que recomendou a certificação do Sistema de Água e Esgoto
da Sanepar de Foz do Iguaçu em sua totalidade como um Sistema de Gestão
Ambiental, dentro do que preconiza e estabelece a (International Organization of
Standardization) ISO 14.001, Versão 1999.

Resultados Imediatos

O processo de implantação do SGA propiciou além de ganhos operacionais e


de redução de desperdícios em todas as áreas do escopo, uma nova cultura para os
empregados, empresa e fornecedores, algumas delas identificadas um ano depois
(2000), de acordo com relatórios da equipe de Foz do Iguaçu, tais como:

 Aumento de mais de 2600% (de 98 a 2000) horas de treinamentos da


força de trabalho em todos os níveis;
 Identificação das necessidades de treinamento, baseado principalmente
na política, objetivos e metas, perfil e qualificação das pessoas;
 Compreensão e aplicação da Política Ambiental, por todos os
colaboradores, mudando a forma de atuar da empresa, para uma maneira
ambientalmente mais consciente e aprimorada;
 Maior motivação das pessoas relativamente à execução das rotinas de
trabalho, proposição de melhorias operacionais, qualificação e
crescimento profissional;
 Descrição e definição clara das responsabilidades dos procedimentos
operacionais e gerenciais possibilitando uma visão do processo,
multifuncional com suas interatividades;
 Dados e registros aplicáveis disponíveis e organizados;
 Desdobramento do Plano de Ação Estratégico das unidades do escopo
em metas, ações e prazos aos níveis operacionais;
 Melhoria na comunicação e no fluxo de informações entre áreas;
 Mapeamento e caracterização de todos os aspectos e impactos
ambientais de todos os processos inclusos no escopo;
155

 Estabelecimento da cultura da melhoria contínua dos processos,


maturidade nas ações e na identificação dos resultados e potencialidades;
 Criação do hábito da preservação e da eliminação das causas-raízes dos
problemas;
 Estabilidade dos processos em mudanças estruturais através do
fortalecimento dos princípios de descentralização e responsabilização;
 Melhoria no relacionamento com clientes, poder público, poder
concedente e organismos ambientais;
 Avaliação e correção contínua do desempenho dos processos, através
das auditorias ambientais internas;
 Mapeamento de toda a legislação ambiental, bem como o seu acesso;
 Estabelecimento de medidas preventivas e contingenciais, quanto a
acidentes ambientais e ocupacionais;
 Fortalecimento da integração entre as áreas que compõe o escopo de
certificação;
 Caracterização do sistema de Foz do Iguaçu como referencial, para as
outras Unidades da Sanepar no Estado do Paraná, na operação de um
sistema de saneamento básico de acordo com as práticas de
conservação ambiental, entre outros.

Figura 64 - Foto Gerente Edgard Faust Filho em reunião de preparação e conscientização


sobre a implantação do Certificado ISO - 14.001 -
156

Importante destacar que a cidade de Foz do Iguaçu foi o único sistema, e


ainda é, a implantar o SGA - ISO 14.001 em um sistema de saneamento com um
escopo que abrangeu toda a estrutura. “É preciso saber que, ao prestar serviços ao
usuário, não se está vendendo uma imagem individual, mas sim uma imagem
coletiva de toda a equipe”. (ALMEIDA, 1997)

7.1.3 Atendimento aos Usuários nos Bairros

Em função da estrutura do Atendimento ao Público estar localizada no centro


da cidade e visando prestar atendimentos aos clientes menos favorecidos, em
fevereiro de 1998 foi implantada a Unidade Móvel de Atendimento (UMA). A
finalidade inicial resumia-se em atender com um tempo menor os clientes que
tinham o abastecimento interrompido por inadimplência. Diariamente, a equipe
postava-se em frente a um agente arrecadador no grupo de faturamento onde
estavam sendo efetuados os serviços de corte. Os clientes cortados e comunicados
dirigiam-se até o agente arrecadador, efetuavam o pagamento e solicitavam na hora
e no local a religação na UMA, e a equipe de corte efetuava a religação no mesmo
dia. A população aceitou muito bem a proposta e a partir do ano de 1999, a Unidade
Móvel passou a realizar todos os tipos de atendimentos. Estabeleceu-se um
cronograma diário, de acordo com os grupos de faturamento. No segundo dia após a
emissão das faturas, a Unidade Móvel atendia nos pontos definidos em conjunto
com as Associações de Moradores. Além de diversos atendimentos o que de fato
aproximou ainda mais a Sanepar da comunidade foi o cadastro da Tarifa Social, com
grande número de famílias atendidas, com vistorias e aprovação sem burocracia.
157

Figura 65 - Foto Unidade Móvel de Atendimento - Ano 1998 - Atendente Neri Vitoriano
Corrêa

7.1.4 Programa de Rádio “Pergunte que a Sanepar Responde”

Além da Unidade Móvel que abriu um canal de comunicação próximo aos


usuários da Sanepar de Foz do Iguaçu, outra iniciativa de destaque nessa área foi o
programa “Pergunte que a Sanepar Responde” cumprindo o que preconiza a NBR
ISO 14.001. Implantado ainda no ano de 1998 e a edição era vinculada nas rádios
(inicialmente AM), com duração de 5 minutos, todas as sextas-feiras das 8 às 8h05
min. Em formulário específico, os clientes faziam as perguntas no Atendimento ao
Público Personalizado, atendimento telefônico 195 ou pela UMA, que eram
selecionadas e respondidas no espaço radiofônico pelos colaboradores dos
processos.

Em 1999, devido à grande audiência por parte da população, o programa foi


estendido para as rádios FM. Tratava-se de programa inédito criado pela Gerência
Regional acompanhado pela Coordenação Comercial, que melhorou muito a
Imagem da Companhia perante a comunidade. Além das perguntas dos clientes,
eram divulgadas matérias internas de interesse de toda a população. Na
implantação do Sistema de Gestão Ambiental o programa teve papel importante na
divulgação para a sociedade do andamento de todo o processo. Todos os
158

colaboradores tinham a oportunidade de apresentar o trabalho desenvolvido pelas


áreas que tinham ligação direta com o cliente, no intuito de esclarecer e orientar na
busca da melhoria contínua nos processos. Tratava-se de um canal de comunicação
que aproximou ainda mais a Companhia dos seus clientes. Todos os programas
foram editados pela Jornalista Natalia Peres que trabalhou na área de comunicação
para a Sanepar.

Tabela 5- Investimentos de 1991 A 2000.


Sistema de Total dos
Unidade Sistema de Administração e
Exercício abastecimento de Investimentos no
Monetária Esgoto outros
Água Período
1991 US$ 2.656.791,19 70.390,65 90.128.53 2.817.249,37

1992 US$ 7.007.060,97 61.578,50 172.582,72 7.241.222,19

1993 US$ 434.964,47 37.086,92 37.086,92 516.599,17


1994 US$ 2.131.605,80 1.057.798,09 221.269,70 3.410.673,59

1995 US$ 1.302.278,41 276.622,19 8.487,25 1.587.387,85

1996 US$ 2.024.284,32 860.599,45 79.078,90 2.963.962,67


1997 US$ 4.567.391,78 4.531.013,59 271.945,23 9.370.350,60
1998 US$ 2.002.981,58 4.185.011,72 251.261,40 6.439.254,70

1999 US$ 1.508.456,23 2.707.498,41 315.203,45 6.439.254,70


2000 US$ 3.537.984,24 2.291.844,55 311.563,30 6.141.392,09

Total US$ 27.173.737,99 16.086.904,93 1.758.607,40 45.019.250,32


Fonte: Balanço Patrimonial da Sanepar de Foz do Iguaçu - Relatório Gerencial, Ano de 2010.

7.2 LEGISLATIVO DE FOZ DO IGUAÇU INDICA RESCISÃO DE CONTRATO


SANEPAR

No dia 10 de Abril de 2002, a Câmara Municipal de Foz do Iguaçu através da


Indicação de N. 294/2002, aprovado pelos 21 Vereadores, solicitou formalmente
estudos para rompimento do contrato de concessão n. 281/81, com a finalidade de
municipalizar os serviços de abastecimento de água e coleta/tratamento de esgoto,
com justificativas de baixo índice de saneamento no município, aumento de tarifas
principalmente Tarifa Social, agressão ao meio ambiente nos Rios Boyci, Almada e
Paraná, entre outras de acordo com a referida indicação. O Prefeito do Município à
159

época, Celso Sâmis da Silva, determinou estudos técnicos através da Secretaria


Municipal do Meio Ambiente e Serviços Urbanos (SMMA) comandada à época por
mim. E, em 14 de maio de 2002, o Vereador Dilto Vitorassi proferiu a Indicação de
número 481/2002, pedindo o cancelamento da Lei N. 1.076 de 19 de novembro de
1980, justificando que deveria haver um rompimento de contrato e a execução de
uma licitação pública visando privatizar o sistema de saneamento de Foz do Iguaçu.
Baseou-se em informações fornecidas pela Sanepar no dia 27/06/95 através do
ofício DP 743/95 encaminhado para o Executivo Municipal, esclarecendo a real
situação dos atendimentos com relação à água/esgoto e projeções futuras,
informações totalmente desatualizadas, pois já haviam se passados 7 anos e a
realidade era bem diferente, devido que os investimentos no setor estavam a todo o
vapor. A referida indicação fez parte do processo de análise e estudos técnicos
através da Secretaria responsável (SMMA), de número 001/2002.

.Além dos dados da situação à época (05/02), o diagnóstico apontou que com
relação ao abastecimento de água potável ainda não ter alcançado 100% de
cobertura por que algumas áreas foram consideradas pelo município invadidas e
que a legislação não permitia a instalação da infraestrutura adequada para o
atendimento regular, indicando que o nível de atendimento à população já havia
atingido 99%, um total de 266.800 pessoas com 60.529 ligações prediais de água e
uma extensão de rede de distribuição com mais de um milhão de metros lineares.

. Com relação ao Sistema de Coleta e Tratamento de Esgoto, apontou que o


nível de atendimento em coleta e tratamento cresceu consideravelmente do ano de
1995 até março de 2002, ou seja, de 17,59% de cobertura com rede coletora e de
2,24% com esgoto coletado era tratado, para 45,18% e 97,77% respectivamente. O
esgoto coletado era tratado adequadamente em 4 estações de tratamento do tipo
RALF e estava em andamento a implantação da quinta estação (ETE-8) em Três
Lagoas, previstas para término das obras e entrada em operação para julho daquele
mesmo ano, que atingiria 100% de tratamento dos esgotos coletados e a cobertura
prevista para chegar em 58% de atendimento da população Urbana com rede de
coleta.

O levantamento apontou alguns investimentos com relação ao abastecimento


de água na Cidade de Foz do Iguaçu, no primeiro trimestre de 2002.
160

Quadro 3 - Abastecimento de água na Cidade de Foz do Iguaçu, no primeiro trimestre


de 2002
ÁGUA - 1 - Diversas Obras concluídas de 1995 a 2001 R$ - 14.897.247,77
2 - Obras em Andamento R$ - 1.317.357,61
3 - Obras Empenhadas no Orçamento R$ - 850.000,00
Total * Ampliação de capacidade de tratamento de água,
Reservatórios, Anéis de distribuição, Otimização Hidráulica, R$ - 17.064.605,38
Reformas, Interligações entre outras.
Total dos Investimentos em Água R$ - 16.299.605,38
ESGOTO - 1- Obras Concluídas em diversos Bairros R$ - 15.958.452,48

2 - Em Andamento R$ - 2.870.640,00

Empenhadas no Orçamento dos anos 2002, 2003,2004 e convênios R$ - 8.995.000,00


3 - Melhorias Operacionais e Infraestrutura R$ - 1.855.892,00
Total dos Investimentos em Esgoto R$ - 29.679.984,48
Fonte: Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Serviços Urbanos de Foz do Iguaçu, 05/2002.

Tabela 6 - Comparativo com algumas Cidades do Brasil.


ÍNDICE DE ÍNDICE DE
CIDADE POPULAÇÃO ABASTECIMENTO COM ATENDIMENTO COM
ÁGUA ESGOTO
Foz do Iguaçu - PR 258.368 98% 37,5%

Canoas - RS 305.711 96,1% 11,0%


Uruguaiana - RS 126.561 94,9% 13,0%

Blumenau - SC 261.868 93,0% 2,2%

Florianópolis - SC 331.784 99,2% 24,1%

Feira de Santana -BA 480.692 90,6% 18,5%


Fortaleza - CE 2.138.234 73,1% 38,3%
Fonte - SMMA - SNIS/SEDU - 05/2002

O Estudo elaborado na época mostrou por exemplo que a Cidade de


Fortaleza por ser a Capital do Estado do Ceará, possuía um índice de atendimento
de água baixo (73,1%), quando que já na época a Organização Mundial da Saúde
recomendava que 100% da população recebesse água tratada. A Capital
Florianópolis, cidade turística, apresentava uma cobertura em coleta de esgoto de
apenas 24,1% da população. As Cidades do Rio Grande do Sul, não apresentavam
índices compatíveis com a realidade no tocante a coleta, remoção e destinação final
do esgoto gerado. A Cidade de Foz do Iguaçu com os índices apresentados no
161

estudo, apontava avanços positivos na melhoria de qualidade de vida da população


e baseado nos dados levantados junto a Sanepar em Foz do Iguaçu, colocaria o
saneamento da cidade em um futuro próximo com índices iguais às Cidades dos
Países da Europa, considerados de primeiro mundo.

O Relatório da Secretaria do Meio Ambiente formou opinião de que naquele


momento não havia motivos de rompimento do contrato de concessão 244/81
firmado com o Município e, sugeriu que alguns ajustes deveriam ser feitos, como,
por exemplo, uma maior fiscalização dos serviços prestados, bem como alteração da
redação das cláusulas Nona e Décima Quarta já que a Sanepar havia vendido 40%
do capital para o grupo denominado Dominó, investidores privados com comando
da Empresa Francesa Vivendi e 60% continuavam na mão do Estado do Paraná. A
venda das ações da empresa ocorreu em 1998 no Governo Jaime Lerner.

Ao analisar o processo administrativo e informações colhidas em estudos


aprofundados pela (SMMA), a Procuradoria-Geral do Município elaborou o parecer
de n. 268/02 no dia 01 de agosto de 2002, opina que, “Com relação ao contrato
firmado em 16/03/81, com prazo de 30 (trinta) anos (cláusula Primeira), pelo que não
se aplica o contido no art. 43 da Lei Federal n. 8.987/95”, como queriam os
Vereadores. “Quanto à consecução do objeto contratual, a análise das detalhadas
informações prestadas pela SMMA no memorando interno n. 101/02, dão conta de
estarem desatualizadas as informações contidas na justificativa legislativa, também
pudera, uma vez que fulcradas em ofício emitido pela SANEPAR em 27/06/95”. (Dr.
Willy Costa Polanski, Advogado da PGRM), município de Foz do Iguaçu.

Ainda em Abril de 2002, a AIDIS - Asociación Interamericana de Ingenieria


Sanitária Y Ambiental, que é uma sociedade civil técnico-científica que congrega as
principais instituições de profissionais e estudantes das três Américas e se dedica na
preservação do ambiente, da saúde e do saneamento, através de seu consultor Ing.
Arilson Medeiros da Silva, elaborou um diagnóstico dos serviços de saneamento e
de gestão ambiental da Cidade de Foz do Iguaçu, Ciudad del Leste no Paraguai e
Puerto Iguaçu, estado Província de Missione, Argentina, onde abrangeu as áreas de
abastecimento de água, coleta, esgotamento e tratamento de esgotos, Resíduos
Sólidos, Drenagem Urbana, Meio Ambiente e Saúde pública. O trabalho é
constituído de 94 páginas, sendo que da página 21 a 95 dedica o engenheiro um
estudo minucioso com relação da estrutura existente na área de água e esgoto, nos
162

aspectos institucionais, legais, operacional e comercial, apontando com números


técnicos e estatísticos a real situação da área, bem como os pontos fortes e fracos
no início daquela década. Ao relatar pontos fortes, na página 90 ele destaca “Outro
ponto forte a destacar é a abrangente cobertura com abastecimento de água, uma
vez que o sistema de abastecimento de água de Foz do Iguaçu atende com água
tratada e de conformidade com os padrões de potabilidade uma população de
aproximadamente 251.000 habitantes, o que significa um atendimento de 97% da
população residente”. E, um dos pontos fracos refere-se a cobertura de saneamento.
“Ainda que seja verificada uma evolução na coleta dos esgotos e de seu tratamento,
somente metade da população residente conta com esse serviço, o que revela,
certamente, a dificuldade na captação de recursos para investimentos, constituindo-
se em um ponto fraco na prestação do serviço”. Em 2002 a cobertura se aproximou
dos 40% de coleta.

7.3 RECICLAGEM DO LODO DE ESGOTO GERADO NAS ESTAÇÕES DE


TRATAMENTO

Vencidas as etapas de construção das Estações de Tratamento de Esgoto e


da implantação e manutenção do Sistema de Gestão Ambiental na Cidade de Foz
do Iguaçu, estudos foram iniciados para implementação de tecnologias para o
tratamento dos resíduos gerados no processo, deixando de descartar em área
específica no aterro sanitário do Porto Belo, que passava pela transformação de
Lixão, para Aterro Controlado e Licenciado pelo IAP, onde os resíduos ocupavam um
grande espaço, devido ao volume ser progressivamente maior ano após ano. Neste
contexto, a Sanepar, referência nacional no desenvolvimento de pesquisas e
soluções inovadores para o saneamento, optou pela utilização agrícola como
alternativa e tratamento, atendendo recomendação da Organização Mundial de
Saúde (OMS), que considera o uso agrícola como destino mais adequado, devido à
reciclagem de nutrientes e à diminuição da degradação do solo e da água.

No dia 01 de novembro de 2001, foi firmado o CONV-01/2002 de Cooperação


Técnica entre o Município de Foz do Iguaçu e a Companhia de Saneamento do
Paraná - SANEPAR. O Objetivo e a justificativa do convênio elaborado devido à
163

necessidade de integração de esforços, para em conjunto desenvolverem o Projeto


para Reciclagem Agrícola de Biossólidos e o seu aproveitamento agrícola no interior
do Paraná, com os resíduos dos lodos domésticas. Foz do Iguaçu, foi a primeira
cidade do interior a implantar tal processo que hoje é referência para o Brasil.

Prefeito Municipal - Celso Sâmis da Silva

Diretor da Sanepar - Carlos Afonso Teixeira de Freitas

Secretário Municipal do Meio Ambiente e Serviços Urbanos -Sérgio


Caimi.

O uso de lodo de esgoto na agricultura possibilitou melhorar as condições


fisioquímicas dos solos, por meio da adição de matéria rica em nutrientes, tornando
o solo mais resistente à erosão. O lodo diminui os efeitos negativos dos períodos de
estiagem durante a safra, fornecendo nutrientes para as plantas, gerando aumento
de produtividade, redução de custos de produção e impactos ambientais decorrentes
da inadequada disposição final do lodo de esgoto. Aplicados em cultivos de feijão,
milho, trigo e soja, registrando-se aumentos de produtividades médios de 30 a 40%.
Agricultores interessados em sua utilização, participam de um cadastro que dá
prioridade ao atendimento à agricultura familiar. Como reconhecimento de suas
pesquisas, a Sanepar venceu em 2007 a etapa nacional do Prêmio Finep de
Inovação Tecnológica na categoria Processo.

O Prêmio é o mais importante prêmio de ciência e tecnologia do Brasil e Foz


do Iguaçu a primeira cidade do interior do Paraná que implantou o processo de
reciclagem do lodo de esgoto atendente requisitos da NBR ISO 14.001 - 1994. Além
da Prefeitura Municipal e da Sanepar, fez parte do projeto a Empresa Paranaense
de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER e o Instituto Ambiental do
Paraná - IAP.
164

Tabela 7 - Impactos Positivos Potenciais do Uso Agrícola do Lodo


ASPECTOS
IMPACTOS POSITIVOS POTENCIAIS
/BENEFÍCIOS
A disposição final do lodo de esgoto higienizado na agricultura, é uma
Reciclagem de prática adequada de reciclagem para este resíduo, em comparação as
Resíduo demais formas de disposição final, as quais incluem a disposição oceânica
em rios.

A matéria orgânica do lodo favorece a formação de agregados facilitando a


Nas propriedades penetração das raízes e a vida microbiana. Atua também junto à resistência
físicas do solo do solo à erosão por estabilizar a estrutura do solo e aumenta a capacidade
de retenção de água do solo, tornando as culturas mais resistentes à seca.

Nas propriedades Os coloides húmicos aumentam a capacidade do solo em reter nutrientes


físico-químicas do minerais. A matéria orgânica do lodo fornece nutrientes para a planta e para
solo os organismos do solo após a mineralização.

Nas propriedades A matéria orgânica é suporte e fonte de alimento para a flora e fauna
biológicas do solo edáfica, cuja atividade influi diretamente na nutrição das plantas.

Conforme os itens anteriores, o teor de matéria orgânica do lodo atua como


Condicionador do
condicionador do solo melhorando suas características físicas, químicas e
solo
biológicas.

A disponibilização da matéria orgânica e nutrientes age de forma positiva


sobre a produtividade das culturas ocorrendo aumentos significativos
Aumento de
principalmente para gramíneas (milho) e leguminosas (feijão). Respeitados
produtividade
os níveis de dosagem de nutrientes em faixas não depressivas a cada
Agrícola
época de desenvolvimento e a cada cultura, a disponibilização de NPK e Ca
+ Mg reflete diretamente na produtividade de uma área agrícola.

Benefícios Referem-se ao aumento da produtividade e, em consequência um aumento


econômicos proporcional nos lucros obtidos com a venda do produto.
Fonte: “Adaptado do Estudo dos Impactos Ambientais e Monitoramento da Reciclagem Agrícola do
Lodo de Esgoto do Desarenador” (VILLASBOAS. et. all. citado por CAIMI, Janaina da, 2007, p. 23.

Tabela 8: Produção e Distribuição do Lodo - Biossólido


TONELADAS PRODUZIDAS E DISTRIBUÍDAS/ POR ANO NA (UGL) DE
ANO
FOZ DO IGUAÇU
2013 195 Ton.
2014 180 Ton.
2015 163 Ton.
2016 186 Ton.
2017 420 Ton.
2018 550Ton
Fonte - Gerencia Regional da Sanepar de Foz do Iguaçu, setembro de 2019.
165

7.4 O CRESCIMENTO EM SANEAMENTO CONTINUOU ACELERADO, ALIADO AO


DESENVOLVIMENTO URBANO DO MUNÍCIPIO DE FOZ DO IGUAÇU

De 1991 a 2000 a população cresceu 135,90%, de 190.115 para 258.368


habitantes com residências fixas na cidade. O número de ligações de água
aumentou em 240,52%, ou seja, de 24.199 para 58.203 no mesmo período e as
ligações de esgoto apresentaram uma evolução em percentual pouco menor que o
da água: de 7.186 em 1990 para 16.123, sendo de 224,52%, verificando-se que
existia de fato, uma demanda reprimida no setor. Por outro lado, como mostra a
tabela dos investimentos (p. 162), para resolver definitivamente a questão do
abastecimento de água, a Sanepar aplicou em captação, adução, tratamento,
reservação, anéis de distribuição e melhorias diversas no sistema, mais de US$ -
27.000.000,00 milhões de dólares, e no processo esgoto em torno de US$ -
16.000,000,00 de dólares. Ficou demonstrado que chegou ao fim a crise no
abastecimento por meio de investimentos que deram um significativo retorno social.
Isso foi possível graças a fontes de financiamentos que viram para cidade de Foz do
Iguaçu, um polo estratégico de desenvolvimento com vocação para o comércio, para
o turismo nacional e internacional seja ecológico, seja o de eventos, dentre outros
potenciais.

Segundo Rodrigues (1999, p. 2), “as estações de tratamento de água são


projetadas, considerando um tratamento adequado às condições de qualidade da
água bruta quando de sua implantação. Desta forma, se o grau de deterioração for
maior acentuado as características da estação tornam-se impróprias, não
apresentando mais, condições de tratabilidade, exigindo novos investimentos para
alterações do ponto de captação, em geral mais distantes e consequentemente com
um custo operacional mais elevado”. Além da justificativa financeira a prática de
aceitar o crescimento desordenado transformando rios em canais de esgotos pode
ser questionado pela sua inviabilidade de sustentação do desenvolvimento a longo
prazo e pelas implicações éticas de tal prática.

Se de um lado o manancial do Rio Paraná, está bem protegido por mata ciliar
e forte cultura de cuidados pelos municípios que margeiam o Lago de Itaipu, com um
programa ambiental bem definido pela empresa Binacional, com uma bela estrutura
166

e bem planejada atuação, evitando com isso o assoreamento e a poluição das


águas, por outro lado o Manancial do Rio Tamanduá ainda sofre uma agressão
acentuada, necessitando de cuidados, para se preservar e manter a qualidade da
água que chega até a estação de tratamento.

Com o crescimento desordenado da cidade de Foz do Iguaçu, na década de


80/90 surgiu a necessidade de um esforço de desaceleração na expansão dos
bairros da região Leste onde se encontra Córrego do Tamanduazinho afluente do
Rio Tamanduá, que deságua acima da captação onde se localiza a ETA Tamanduá.
Tal iniciativa de caráter preservativo, deu-se porque aquela região é uma área de
proteção ambiental onde abriga um manancial de abastecimento público. A
administração municipal em conjunto com a Sanepar, entendendo que não seria
possível parar a criação de novos loteamentos, principalmente os populares, chegou
a uma solução técnica: transferir o ponto de captação em torno de 2,5 km., a
montante da ETA existente, liberando a bacia do Tamanduazinho. A obra foi
executada a um custo de R$- 1.490.000,00 (Um milhão, quatrocentos e noventa mil
reais), cerca de US$- 828.000,00 (oitocentos e vinte e oito mil dólares). Esse
processo permitiu o crescimento da cidade e liberando a implantação dos
loteamentos: Alvorada, Dona Fátima, Dona Leila, São Roque I e II, Cognópolis,
Jardim Niterói e inclusive o Distrito Industrial, que de certa maneira encareceu o
custo de produção de água tratada por m3, mas contribuiu de maneira positiva para
o desenvolvimento social e econômico na área da habitação, com a proteção da
faixa de preservação do córrego.

Figura 66 - Foto Captação de Água Rio Tamanduá - a Montante da ETA.


167

Nas eleições gerais no ano de 2002, foi eleito novamente para um segundo
mandato, Roberto Requião (2003 - 2006) que assumiu o Governo em janeiro de
2003 e reeleito nas eleições do ano de 2006 para cumprimento de seu terceiro
mandato como governador do Estado do Paraná (2007 - 2010). Houve troca de
comando na Sanepar, retornando como Diretor-Presidente Dr. Stenio Sales Jacob,
homem determinado em trabalhar em prol do Saneamento Ambiental e da qualidade
de vida aos paranaenses. A meta estabelecida no início do mandato era
universalizar em 100% os domicílios paranaenses onde a Sanepar detinha contratos
de concessão e chegar a 70% em esgotos coletados com tratamento de modernas
tecnologias que a empresa já dispunha. Assumiu a Gerência Regional de Foz do
Iguaçu, funcionário de Carreira, Administrador de Empresas Robinson Gonçalves
que atuou de 2003 a 2004. Mais tarde foi indicado e gerenciou a URLI- (Unidade
Regional do Litoral Paranaense) por aproximadamente 10 anos.

7.5 PROGRAMA ESTADUAL DE SANEAMENTO RURAL

Criado em 1983, o Programa Estadual de Saneamento Rural tem como


objetivo implementar sistemas de saneamento básico em pequenas localidades,
contribuindo para a universalização da prestação dos serviços de água e esgoto.
Inseridos em uma ação integrada de governo a Sanepar e os Municípios parceiros
implementam políticas de inclusão social.

Em meados de 1996, no Governo do Prefeito Dobrandino Gustavo da Silva foi


implantado o programa Saneamento Rural na Comunidade do Remanso Grande,
zona sul da cidade. Uma parceria entre o Governo do Estado, Sanepar e o Município
de Foz do Iguaçu, foi possível a perfuração de um poço artesiano, implantação de
redes de água e ligações para toda a comunidade, fornecendo água de boa
qualidade aos moradores. Na parceria que definiu o convênio, a perfuração do poço
ficou a cargo do governo do Estado, o projeto e fornecimento de materiais
hidráulicos para execução da tubulação, instalação de equipamentos, treinamento e
orientações técnicas a cargo da Sanepar; a construção da casa de química ponto de
energia elétrica, reservatório, para armazenar água tratada ficou com a Prefeitura
Municipal. O Tratamento diário da água e o pagamento da fatura mensal de energia
168

elétrica referente extração da água do poço ficaram a cargo da Associação de


Moradores. No ano de 2009, em função de dificuldades em arcar com custos da
conta de energia e da manutenção das redes hidráulicas, a comunidade requereu ao
então Prefeito Paulo Mac Donald Ghisi, que o sistema fosse incorporado pela
Sanepar. Autorizado o processo pela Prefeitura, a Sanepar elaborou o projeto e
anexou ao sistema público de abastecimento, através de ponto de tomada na
adutora que parte da estação de tratamento do Rio Tamanduá que abastece a região
do Aeroporto, remodelando as redes de distribuição bem como o parque de ligações
e os hidrômetros, e passou a operar o local, fechando o poço artesiano.

Nos anos de 2.003 e 2004, foi a vez das comunidades de Aparecidinha e do


Arroio Dourado. Os trâmites se desenrolaram nos mesmos moldes do Remanso
Grande. E, atualmente existe uma demanda em implantar saneamento rural nas
comunidades do Alto da Boa Vista e Vila do Bananal. Para isso acontecer e
desencadear o processo de parceria a solicitação formal inicial deve ser por parte da
Prefeitura Municipal, os estudos preliminares do projeto técnico e de viabilidade
econômica, por parte da Companhia de Saneamento do Paraná, através da gerência
de obras encarregada e que faz a gestão do referido programa.

Figura 67 - Foto Prefeito Sâmis da Silva e Sérgio Caimi, assinam o contrato de parceria
entre a Sanepar e a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu. Implantação da estrutura do
Saneamento Rural da Vila Aparecidinha - Ano, março de 2004
169

CAP VIII – AVANÇAR EM SANEAMENTO ERA PRECISO EM FOZ DO


IGUAÇU

ECONOMISTA SÉRGIO CAIMI.


Não, não pares. É graça divina começar bem. É graça maior persistir
na caminhada certa, manter o ritmo. (Dom Helder Câmara).
“Bem-aventurado o servo --- diz o evangelista São Lucas ---, a quem
o Senhor, quando vier, encontrar vigilante; em verdade vos digo que
constituirá sobre todos os teus bens”. (Tomás Kempis); (Lc 12, 37; Mt
24,47).

Em janeiro de 2005, depois de ter cumprido a missão de Secretário Municipal


do Meio Ambiente e Serviços Urbanos na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu na
gestão do então Prefeito do PMDB Celso Sâmis da Silva (2001 - 2004), assumi a
Gerência Regional no dia 05/01/2005 até o dia 04/04/2011, indicado pelo então
Deputado Estadual Dobrandino Gustavo da Silva. Alinhado com as políticas de
saneamento e com a Diretoria da Sanepar, com experiência em saneamento
ambiental, diversos projetos foram executados e implantados no período de 6 anos
de administração, principalmente no aumento da cobertura de rede coletora de
esgoto, visando o cumprimento das metas estabelecidas, e principalmente a
redução do percentual de água perdida antes de ser contabilizada nos hidrômetros.

Conforme mostra a tabela na página 185, (2001 a 2010), os investimentos em


melhorias, na ampliação do setor produtivo e de distribuição de água tratada,
programa de redução de perdas e otimização de todo o complexo, chegaram à
ordem de US$- 10.000.000,00 (dez milhões de dólares). Com relação à ampliação
do sistema de coleta e tratamento dos esgotos incluindo melhorias, os investimentos
atingiram US$- 14.000.000,00 (quatorze milhões de dólares). Na soma geral, entre
água, esgoto, administração e outros, o sistema recebeu US$ - 26.000.000,00, o
suficiente para elevar os indicadores ambientais e avançar no cumprimento das
metas estabelecidas com o poder concedente, ou seja, a Prefeitura Municipal.
Observa-se que a população residente nessa década se manteve na ordem de
258.000 habitantes, enquanto que a cobertura de redes ainda demandava
expansão, principalmente no tocante à rede de esgoto e ligações domiciliares. As
ligações de água cresceram 122,15% de 58.203 para 71.095 mil e de esgoto
170

registrou crescimento de 267,83% de, 16.123 para 43.183, elevando o percentual de


cobertura de pouco mais de 45,00% para 71,52%, cumprindo 1,52% a mais da meta
estabelecida para saneamento que era de 70% até o final do mandato do Presidente
da Sanepar. Destaca-se também o aumento do índice de tratamento que saiu de
95% em 2001 para 100% no ano de 2010.

Entre as obras de significação implantadas no período, apresentamos a


execução de pouco mais 358 km de redes de coleta de esgoto nas seguintes
regiões: Região Sul, leste, norte da cidade;

- Projeto Executivo de 32.000 metros de rede coletora e 2.427 m de


interceptores;

- Assentamento de 4.670 metros de rede coletora e execução de 275 ligações


prediais, remodelação da Avenida Brasil, centro de Foz do Iguaçu;

- Topografia, avaliação de imóveis e execução de poços de visita (PVs) para o


sistema de esgotamento sanitário em geral;

- Assentamento de 40.367 metros de rede coletora e execução de 2.089


ligações prediais, em Três Lagoas;

- Execução de obras complementares da estação de tratamento de esgoto


(ETE Três Lagoas - 85 litros por segundo), - estação elevatória (EEE), desarenador,
reator RALF, filtro biológico, decantador e leitos de secagem do lodo;

- Assentamento de 79.123 m de rede coletora, 5.087 m de interceptores e


execução de 3,661 ligações prediais, no Jardins Curitibano, Karla, Petrópolis e
Laranjeira;

- Assentamento de 17.816 m de rede coletora de esgoto e execução de 803


ligações prediais no Jardim Morenitas;

- Assentamento de 19.132 m de rede coletora de esgoto e execução de 1.164


ligações prediais no Bairro Morumbi;

- Assentamento de 32.976 m de rede coletora de esgoto e 2.151 m de


interceptores e execução de 1.626 ligações prediais no Parque Presidente II;

- Topografia executiva de 17.300 m de rede coletora de esgoto diversos


bairros;
171

- Construção de obras de saneamento, incluindo estação elevatória de esgoto


(EEE), no Complexo Penitenciário - CDR;

- Assentamento de 20.884 m de rede coletora e execução de 1.147 ligações


prediais nos Jardins Tucuruí, Vale do Sol e Colombelli e no Parque Residencial Três
Bandeiras;

-Projeto Executivo para 42.731 m de rede coletoras no Jardim Eliza,


Loteamento Bourbon, 1.502 m de emissários para estação de tratamento de esgoto
(ETEs);

- Obras para aproveitamento de energia do biogás - ETE 02 - Ouro Verde;

- Execução de 105.920 m de rede coletora de esgoto e 5.840 ligações


prediais, bairro Vila C e adjacências, 7.610 m de interceptores, 3 estações
elevatórias sendo, 2 (duas) na Vila C e uma (1) no Carimã: Emissários terrestres e
subaquáticos das estações de tratamento de esgoto 02 - Ouro Verde, 03 Beira Rio
05 Jupira com ampliação e 09 Iate Club.

- Assentamento de 37.210 m de rede coletora de esgoto e 2.085 ligações


prediais, abrangendo áreas dos bairros Jardins Jaqueline, Ipanema, Nacional, Ipê e
Canadá, e substituição de 53 km de rede de água, término da implantação da ETE
(Estação de Tratamento de Esgoto) em três Lagos com laboratório, desarenador,
Reator e leitos de secagem do lodo e implantação de 2 estações elevatórias,
implantação do MASP (Metodologia de Análise e Solução de Perdas de Água) com
significativos resultados alcançados e a implantação do projeto de geração de
energia elétrica na ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Ouro Verde, com o
aproveitamento do gás metano gerado no processo de tratamento.
172

Figura 68- Foto Inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto de Três Lagoas.


Roberto Requião, Governador do Estado do Paraná, Paulo Macdonald Guhisi, Prefeito
Municipal e Stenio Sales Jacob, Diretor Presidente da Sanepar.

Um dos grandes desafios para os Administradores e Operadores de Sistema


de Abastecimento de água nos centros urbanos, além da universalização dos
serviços prestados, melhorando as condições sanitárias e ambientas das cidades e
a qualidade de vidas das pessoas, sem dúvida nenhuma o principal indicador
operacional trata-se do gerenciamento de perdas de água no processo produtor e de
distribuição. No Paraná, o percentual é menor do que em outros estados do Brasil.
Para melhorar os resultados, no ano de 2005, após a saída do Diretor de Operações
comando da empresa Sanepar, o Francês Jean Pieri, por conta de um novo modelo
de gestão implantado pelo governo do estado, do grupo dominó, incluindo a
empresa francesa, que detinha o controle da Diretoria de Operações, desde a venda
de 40 por cento das ações da Sanepar no final do governo de Jaime Lerner, foi
indicado e assumiu essa diretoria o funcionário de carreira com larga experiência
em obras e gerenciamento de sistemas o Engenheiro Civil Wilson Barion com o
compromisso de, além de dar maior atenção as Gerências Regionais, superar por
exemplo o desafio da redução de perdas de água nos grandes sistemas .

Implantada no âmbito da Gerência Regional de Foz do Iguaçu em Maio de


2005, que contemplava os municípios de Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu,
173

São Miguel do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu, Medianeira, Itaipulândia e Missal o


modelo (Masp), que é a Metodologia para Análise e Solução de Problemas de
Perdas, e que tem como premissa principal o uso do Ciclo do PDCA, (que consiste
basicamente em P = Plan - Planejar: D = DO Desenvolver; C = Checar, Conferir,
Monitorar e A = ACT – Agir), atuando nos desvios, na identificação, análise e
solução dos problemas. Esta metodologia define uma série de ações para o
gerenciamento do volume produzido (VP) e do volume micro medido (VM), nos
menores processos possíveis.

A (Perda) é a diferença entre o volume de água produzido ou distribuído e os


volumes micro medidos pela companhia junto aos seus consumidores. A (PERDA
REAL), significa o volume de água física produzido que não chega ao consumidor
final, devido a ocorrências de vazamentos e extravasamentos no sistema de
distribuição (adutoras, redes, ramais e reservatórios e a (PERDA APARENTE
(PERDA NÃO FÍSICA) nada mais é do que o volume de água não-contabilizada pela
companhia, decorrente de erros de macro e micromedição, fraudes, ligações
clandestinas, falhas de procedimentos operacionais e comerciais.

Os maiores desafios para a equipe do Sistema em Foz do Iguaçu foram a sua


dimensão em si, devido um ritmo acelerado nas décadas anteriores acompanhados
de problemas de obras mal dimensionadas. O problema de perda de água sempre
foi crítico e motivo de cobrança por parte da Diretoria e da imprensa, chegou a
registrar-se uma perda média de 45% (Quarenta e cinco por cento) ao mês. Ou seja,
de cada cem litros de água produzidos, 45 não eram registrados nos hidrômetros.

Conforme a tabela abaixo da série histórica de percentuais acumulado do


(PSD 12) perda no sistema distribuidor em 12 meses, aponta que no ano de 1993 foi
registrado um percentual de 43,70%, no ano 2.000, 45,03%. Os trabalhos para
conter esse desperdício, sobretudo no período de 2005 a 2010, obtiveram eficácia
significativa no tocante a redução desse índice por meio de ações, ou seja de
45,39% conseguimos reduzir para 36,15% (redução de 9,24% em Foz do Iguaçu),
realizando melhorias nas redes de água, gerenciamento da pressão estática,
controle ativo de vazamentos, uma maior eficiência e qualidade das intervenções
(reparos), simulação hidráulica, instalações de ventosas e de Macros Medidores em
regiões pré determinadas pela equipe de Engenheiros de Desenvolvimento em
Operacional, Coordenada pelo Gerente Regional e os gestores de áreas,
174

investimentos aliados ao bom gerenciamento de toda a infraestrutura, treinamentos


das equipes de todos os níveis e o alinhamento dos macroprocessos de
Administração e Planejamento, Produtivo, de Manutenção de redes e da equipe
Comercial.

A redução no período foi de 8,88%, na Gerência Regional, incluindo os outros


sistemas da região, representou cerca de 78,74 litros ligação/dia existente, deixando
de perder 3.578.377,72 milhões de metros cúbicos em seis anos que considerando
o custo médio por metro cúbico de produção/venda (R$-3,08) três reais e zero oito
centavos, indicou um valor economizado além da água propriamente dita, na
redução de insumos no processo como, por exemplo, energia elétrica, produtos
químicos, de R$- 11.021.403,39 mês e em seis anos R$ - 66.128.420.36 (sessenta
e seis milhões, cento e vinte oito mil, quatrocentos e vinte reais e trinta e seis
centavos). Como pode-se observar na tabela abaixo, do ano de 2011 a 2018, o
percentual permaneceu em média 36%, não apresentando esforço algum da nova
equipe que assumiu em 05 de abril de 2011.

Tabela 9 - Perdas no Sistema Distribuidor (%) - PSD 12 (2004 a 2018)


ANO PSD 12 % - FOZ DO IGUAÇU GERÊNCIA REGIONAL - Litros Ligação Dia
2004 45,39 -
2005 41,86 348,71
2006 42,33 377,79
2007 40,59 311,85
2008 40,10 311,58
2009 39,51 302,93
2010 36,15 269,97
2011 36,21 280,78
2012 34,94 266,99
2013 37,36 280,16
2014 36,22 285,07
2015 36,91 277,26
2016 35,47 264,66
2017 35,50 259,96
2018 36,32 275,82
Fonte - Gerência Regional de Foz do Iguaçu – Sérgio Caimi.
175

EM 2005 – 348,71 Litros Ligação/dia;

Em 2010 269,97 Litros Ligação/dia.

Redução de 78,74 Litros Ligação/dia.

A partir da implantação do MASPp o indicador além do percentual, passou a


ser por litros ligação dia - (IPL).

Fórmula de cálculo.

(NT). IPL (litros/ ligação) = Volume produzido 12 meses - Volume micro


medido 12 mesesx1000 dividido pelo número de ligações de água x365.

8.1 PROJETO PILOTO – INSTALAÇÃO DE LACRE ESPECIAL TIPO A NO


CAVALETE

Antigamente os terminais que sustentavam o hidrômetro no cavalete de água


eram de ferro, tubetes e porcas com roscas, e apresentava facilidade da
desconecção. Com o surgimento das fraudes na década de 80/90, o sistema de Foz
do Iguaçu foi um dos primeiros a implantar lacres de arame envolvendo os terminais
e prendendo o medidor, dificultando e inibindo o usuário de praticar a violação e
retirar o aparelho, para introduzir objetos estranhos em seu interior, inversão de fluxo
e outras formas de desvio de água. Esse procedimento foi adotado em todas as
ligações existentes, mas não surtiu os efeitos esperados. O número de fraudes
continuava a crescer, obrigando a empresa adotar um modelo de lacre que continha
duas partes e os pinos de plástico que também eram danificados pelos usuários,
com significativa perda de medição de água bem como de faturamento. Com a
implantação da metodologia do MASP em Foz do Iguaçu foi criado em cada área um
centro de controle visando diminuir o VP e aumentar o VM. Na coordenação
comercial surgiu o Centro de Controle de Comercial, coordenado pelo funcionário de
carreira com mais de 30 anos de casa Valcir Nunes Duarte.

No ano de 2007, após meses de estudos e pesquisas, Valcir, bastante


palrador, tomou conhecimento de um lacre mais resistente fabricado pela empresa
Panther Indústria e Comércio de produtos de Saneamento instalada na cidade de
Campinas, estado de São Paulo, que encaminhou as amostras do lacre especial tipo
176

“A” com rastreamento através do número de série, para ser testado na Sanepar de
Foz do Iguaçu. Ao me apresentar o projeto, autorizei a compra do material pela
Unidade de Receita de Foz do Iguaçu de um número de pares expressivos que
fosse suficiente para a colocação nos cavaletes com suspeitas de fraudes, podendo
então acompanhar o volume medido e a integridade física do cavalete e do lacre,
que apenas serrando seria possível viola-lo, devido seu travamento ser com pinos
de aço e não de plástico.

No decorrer dos estudos foram aplicados em mais de 6.000 mil cavaletes,


onde se verificou que apenas 131 foram adulterados, representando em torno de
2.18%, contra perto de 40% do modelo anterior, o que possibilitou apurar um
resultado positivo de ganho de medição de 5,98 litros ligação dia, nas respectivas
ligações de água, tornando viável sua instalação em todos os sistemas onde a
Sanepar opera. Após dois anos de testes e sendo comprovado sua eficácia, a
Unidade de Receita de Foz do Iguaçu, através da Coordenação comercial,
encaminhou no ano de 2009 para a Unidade de Serviços de aquisição de Materiais,
toda a documentação onde mostrava que o projeto piloto aplicado em Foz do Iguaçu
alcançou o objetivo e sendo o material adequado para aplicação nas ligações que já
possuíam registro de fraudes ou com suspeitas. Sendo assim, o Lacre Especial tipo
“A” foi homologado e atualmente está sendo aplicado em todos os sistemas
operados pela companhia no Paraná, contribuindo no caso de Foz do Iguaçu no
processo redução de perdas de água na nossa gestão, de 41,39% no final de 2004
para 36,15% em dezembro do ano de 2010, conforme tabela na p. 179.

8.2 PROJETO PILOTO DE IMPLANTAÇÃO DE REDE DE ÁGUA EM (PEAD) NA


VILA “A” DE ITAIPU. (POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE). 2010.

A área conhecida como “VILA A” em Foz do Iguaçu, teve redes de água


implantadas no início da década de 70, época da construção da usina hidrelétrica de
Itaipu, sendo a concepção urbanística em formato de espinha de peixe. A extensão
da rede na área era de 25 Km e atendia 826 ligações de água. No ano de 2010, a
Gerencia Regional através das áreas de engenharia de desenvolvimento
operacional de Curitiba e de Foz do Iguaçu, desenvolveram e foi implantado um
177

projeto-piloto de substituição do total das redes de PVC com diâmetro nominal de


(25 mm) já fora do padrão, considerando a idade do material já superior a 30 anos,
ocasionando elevado índice de perdas físicas decorrentes de vazamentos, tubulação
sob os imóveis dificultando as ações preventivas e corretivas e insatisfação dos
clientes devido a problemas recorrentes nas redes. Esse projeto era composto por
redes de PEAD que surgiram no mercado e precisavam ser testados e, caso
obtivesse resultados na diminuição das perdas, seria homologado e passaria a
constar como sistema padrão da Sanepar.

O projeto de readequação contemplou 500 m de PEAD de 150 mm, 4.164 m


de 110 mm e 20.668 metros de PEAD de 60 mm. Além disso, foi instalado um macro
medidor de vazão na entrada da área para monitoramento do desempenho após a
execução das obras que teve um custo de R$ - 1.320.513,25 (um milhão, trezentos
e vinte mil, quinhentos e treze reais e vinte e cinco centavos). Os números
apresentados após a instalação do sistema foram os seguintes:

Volume produzido e Macro Medido = 155.707 m3

Volume Micro medido = 136.428 m3

Volume de Perdas = 19.279 m3

IPL - Índice de perda por ligação = 63,95 litros por ligação/dia.

Período de monitoramento – 3 anos.

Considerando que o sistema de Foz do Iguaçu apresentava no ano de 2014,


uma perda global de 314,70 litros/ligação/dia, houve uma redução de perdas de
250.75 litros por ligação/dia, um resultado bastante significativo. Em termos
percentuais no período de estudo as perdas indicavam um valor de 36,22%, que foi
reduzido para 14.13%, uma diferença de 22.09%, bem abaixo do esperado nos
cálculos do projeto, que era de 27%, valores considerados baixos também se
comparados com outros sistemas de abastecimento de água do Brasil e para a IWA
- International Water Association, a perda real inevitável em sistemas da Europa,
Estados Unidos e Japão, giram em média de um IPL (Índice de Perdas por
Ligação) de 26,7 litros/ligação/dia para um percentual de 25%, considerando
sistemas com boa infraestrutura.
178

A conclusão final foi de que era viável em relação a redução dos volumes
perdidos, homologar o material de PEAD, para ser aplicado em substituições de
redes de PVC antigas, embora o custo de aquisição e de implantação tenha se
apresentado superior ao planejado, porém, com o passar dos anos identificam-se de
alguma forma compensatórias na aplicação de produtos químicos e de energia
elétrica no sistema, assim como um menor voluma de água retirado do manancial
disponível em operação.

Figura 69 - Foto Tubo de 60mm de material PEAD – Polietileno de alta densidade, aplicado
no projeto Vila A.

Figura 70 - Foto Equipamento (Tatuzão) utilizado para a implantação de rede de água em


PEAD por cravação de toda a quadra, (processo não destrutivo).
179

8.3 PROGRAMA DE ENERGIA RENOVÁVEL PROJETO PILOTO

O referido programa assegurou e integrou as políticas públicas de Recursos


Hídricos, Meio Ambiente, Saúde Pública e Planos Municipais de Saneamento,
articulado a principal forma de garantir universalização dos serviços de saneamento,
otimização de investimentos e a sustentabilidade ambiental.

Por situar-se na bacia do Para III, região de abrangência da Itaipu Binacional,


identificou-se a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Ouro Verde em Foz do
Iguaçu, como a estação com as condições necessárias para implantação do projeto-
piloto para produção de energia elétrica por meio do biogás, produzido na estação
de tratamento. O projeto foi desenvolvido no âmbito do Programa de Geração
Distribuída, em parceria com a Itaipu, Fundação PTI, Companhia Paranaense de
Energia (Copel) e Cooperativa Lar. O sistema da ETE Ouro Verde entrou em
funcionamento em maio de 2008, e foi a primeira unidade de tratamento no Brasil a
gerar energia elétrica a partir do processamento do gás metano, subproduto do
processo do tratamento final do lodo.

No mesmo ano a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou a


venda de energia produzida na ETE Ouro Verde para a Copel. Com isso, a Sanepar
de Foz do Iguaçu tornou-se a primeira empresa brasileira de saneamento a produzir
e vender energia gerada a partir de estações de tratamento de esgoto.

Quadro 4 – Energia a partir de tratamento de esgoto


Geração de Energia Elétrica Renovável Ano 2008

Produção de biogás na unidade de energia elétrica renovável


50
(m3/dia)
16.200 – Em operação até os dias
Potencial de geração de energia elétrica instalado (kW/ano)
atuais,
180

Figura 71 - Foto Reator ETE Ouro Verde, Balão de armazenamento do Gás Metano e a
Casinha onde funciona o complexo produtivo de energia elétrica.

Tabela 10 - Investimentos de 2001 a 2010


Sistema de Total dos
Unidade Sistema de Administração e
Exercício Abastecimento de Investimentos
Monetária Esgoto Outros
Água Realizados
2001 US$ 2.805.567,99 2.282.096,57 196.526.13 5.284.190,69
2002 US$ 599.255,53 337.027,53 147.555,39 1.083.838,45
2003 US$ 589.259,91 971.710,94 230.229,19 1.791.200,04
2004 US$ 519.239,21 960.384,80 82.243,24 1.561.867,25
2005 US$ 834.572,92 2.875.509,39 13.943,33 3.724.025,64
2006 US$ 515.141,49 2.302.663,61 227.206,15 3.045.011,25
2007 US$ 598.667,49 842.538,45 61.093,91 1.502.299,85
2008 US$ 587.672,95 531.602,24 34.398,79 1.153.673,98
2009 US$ 1.097.435,29 2.183.199,72 174.041,56 3.454.676,57
2010 US$ 2.093.837,19 1.457.347,29 57.691,55 3.608.876,03
Total US$ 10.240.649,97 14.744.080,54 1.224.929,24 26.209.659,75
Fonte - Relatório do Balanço Patrimonial de Foz do Iguaçu - Sanepar - Ano 2010
181

Tabela 11 - Demonstrativo de Receitas, Custos, Despesas e Investimentos no


município de foz do Iguaçu
TOTAIS DE 1973
EXERCICIO 1972 ATÉ 09/2010
ATÉ 09/2010
Unidade Monetária
US$
RECEITAS Conversão para R$ (2)
Água 343.205.791,99
201.719.637,94
Esgoto 139.475.262,63
81.976.761,86
Serviços 26.878.836,88
15.798.070,34
TOTAL DAS RECEITAS 509.559.891,50
299.494.470,14
CUSTOS E DESPESAS DIRETAS
Pessoal 57.721.181,39
33.925.697,30
Materiais 12.485.981,93
7.338.651,66
Serviços de Terceiros 68.049.519,95
39.996.191,34
Gerais e Tributárias 24.511.750,00
14.406.812,04
Depreciações 49.903.657,13
29.330.937,54
Serviços Internos Administrativos 45.102.130,78
26.508.834,36
Juros e Taxas de Financiamentos 46.193.769,33
27.150.446,30
Atualizações Monetárias de financiamentos 10.247.093,29
6.022.742,03
Operação e Manutenção (1) 329.966,73
193.938,36
Despesas não operacional 2.008,407,23
1.180.443,89
Despesa de Distribuição de Resultados 1.127.036,27
662.416,99
TOTAL DOS CUSTOS E DESPESAS 317.680.494,03
186.717.111,81
DIRETAS 37.435.716,21
22.002.889,51
Custos e Despesas Indiretas da Adm. Central 355.116.210,24
208.720.001,32
TOTAL GERAL DE DUSTOS E DESPESAS 154.443.681,26
90.774.468,82
RESULTADOS ANTES DOS IMPOSTOS 54.514.898,19
32.041.200,30
Imposto de renda e contribuição social -------------------
--------------------
RESULTADO LÍQUIDO 99.928.783,07
58.733.266,52
INVESTIMENTOS
REALIZADOS NOS EXERCÍCIOS
Sistema de Abastecimento de água
46.858.530,57 79.725.103,91
Sistema de Esgoto
34.593.261,30 58.856.974,78
Bens de uso geral (Administração)
3.382.523,82 5.755.026,03
-------------------- ---------------------
TOTAIS
84.834.315,69 144.337.104,72

(1) Refere-se aos custos e despesas de pessoal, materiais, serviços de terceiros


e outros, do período do ano 1974 ao ano de 2010. (setembro)

(2) Valores em Reais corrigidos pelo Dólar em 30/09/2010.

(3) Quadro; Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu. Balanço Patrimonial entregue


pela Sanepar no mês de outubro de 2010, por ocasião da primeira reunião
para renovação do Contrato de Concessão com o município de Foz do
Iguaçu.

(4) Observa-se na tabela acima que, o resultado líquido no período foi US$ -
58.733.266,52 e os investimentos corresponderam em US$ - 84.834.315,69.
182

Diretoria da Sanepar no Governo de Orlando Pessutti - (quando do início das


negociações para renovar o Contrato de Concessão que findaria em 03 de março de
2011.

. Hudson Calefe - Diretor Presidente

. Heitor Wallace Espindola de Mello e Silva - Diretor Financeiro

. Wilson Barion - Diretor de Operações

. Herivelto Luiz Silveira - Diretor de Meio Ambiente e Ação Social

. Evandro Marcos Dalmolim- Diretor Administrativo

. Eduardo Felipe Guidi - Diretor de Investimentos

. Cezar Eduardo Zilioto - Diretor Jurídico

. Cezar Augusto Seleme Kehrig - Diretor Comercial

Umberto Crispim de Araújo - Diretor de Relações com os Investidores.

Sérgio Caimi – Gerente Regional da Sanepar de Foz do Iguaçu.

8.4 PROPOSTA PARA RENOVAÇÃO DO CONTRATO DE CONCESSÃO DA


PREFEITURA MUNICIPAL COM A SANEPAR

Nessa ocasião, na segunda rodada das tratativas onde participaram além do


Prefeito Municipal, Diretor de Serviços Urbanos Engenheiro José Augusto Carlessi,
Rubirlei Santiago Secretário de Obras e do Meio Ambiente e sentado na minha
frente e de nossos Diretores, estava um funcionário subalterno que eu não havia
convidado. Para não criar constrangimentos aos nossos Diretores, levantei-me e sai
da sala de Reuniões, onde chamei o Santiago e disse a ele que aquele corpo
estranho, não poderia participar da Reunião. O secretário me respondeu que ele
estava ali a convite do Prefeito e era militante do partido PDT (Partido do Prefeito).
Confesso que a reunião foi bem curta. Para o Município retomar os serviços da
concessão e tocar o sistema, precisava pagar para a Sanepar referente
investimentos realizados e não amortizados um pouco mais de cerca de US$ -
26.000,000,00 (vinte e seis milhões de dólares), com as correções e ajustes e em
183

função das flutuações da moeda Americana, chegaria fácil a casa dos R$ -


35.000.000,00 (Trinta e cinco milhões de Dólares). Paulo, questionava sempre o
preço das tarifas praticadas pela Sanepar e principalmente a taxa da coleta e
tratamento do esgoto. Referia-se aos sistemas de saneamento privados, como no
caso, da SAAE – (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) do Município de Marechal
Candido Rondon, que cobrava preços mais em conta. A expropriação do sistema
estava a caminho, mas, o tempo passou de pressa e coube ao Ex. Prefeito Reni
Pereira renovar o contrato com a Sanepar em fevereiro de 2014.
184

Figura 72 - Fotos Estrutura de Algumas Obras de Reservatórios e ETE Existente no Ano de


2010. Acervo – SANEPAR – GRFI
185

Quadro 5 - Composição da Equipe de Administração da Gerencia Regional de Foz do


Iguaçu. Gestão 2005-2010.
NOMES FUNÇÃO/CARGO ATIVIDADES
Gerente Regional de Foz do Iguaçu.
Gerenciamento dos Sistemas/Água
Economista e Técnico Ambiental com
Sérgio Caimi – Esgoto de 8 Municípios e 6
ênfase em gerenciamento de águas e
distritos da Bacia do Paraná III.
resíduos.
Romilson
Coordenadores de Administração e
Gonçalves/ Paulo Administrador de Empresas
Planejamento
Roberto Zielinski
Denis Amaro dos
Técnico em Saneamento Coordenador de Redes
Santos

Edmar Wietholter Técnico Comercial Coordenador Comercial

Coordenador Industrial – Produção


Nilto Pereira Técnico em Saneamento/Engenheiro Civil
de Água e Tratamento de Esgotos
Engenheiro de Desenvolvimento
Jean Carlos Vivam Engenheiro Civil
Operacional
Jacir Francisco
Técnico em Saneamento Coordenador de Meio Ambiente
Busnelo
Jorge Oscar
Engenheiro Civil Engenheiro Operacional
Dariff???????
Engenheira de Desenvolvimento
Simone de Aquino Engenheira Civil
Operacional
Engenheira de Desenvolvimento
Milena Colodel Engenheira Civil
Operacional
Fonte: Sérgio Caimi
186

CAPITULO IX - 2011 a 2018. SANEAMENTO TEVE BAIXO


PERCENTUAL EM CRESCIMENTO REAL

Quando assumires um cargo na gestão pública investido de chefe,


não deixe o adversário que consideras inimigo político ocioso, pois,
saibas que ele em algum dia acaba praticando estripulias. (Caimi,
2019)
A pior ambição do ser humano é colher aquilo que não plantou.
(Charles Chapelin).

Com a eleição do Governador do Estado do Paraná, Carlos Alberto Richa


(Beto Richa) PSDB, nas eleições gerais no ano de 2010, cumpriu o primeiro e
segundo mandatos respectivamente em (2011 a 2014) e (2015 -06/04/18), e a
Governadora Cida Borghetti governou de (07/04/2018 - 31/12/2018). A Gestão da
Gerência Regional de Foz do Iguaçu a partir do dia 05 de abril de 2011, no período
foi comandada por 3 Gerentes e Coordenadores, indicados politicamente pelo então
Deputado Estadual e Prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Pereira do partido do PSB. Os
investimentos continuaram de acordo com o planejamento plurianual e sempre
dependendo de financiamentos externos, como por exemplo da Caixa Econômica
Federal e do BNDES, bancos encarregados de fomentar investimentos na área de
Saneamento ambiental no Brasil.

No ano de 2010 ainda quando ainda exercia o Cargo de Gerente Regional da


Sanepar de Foz do Iguaçu, fizemos uma pareceria com a Comunidade da Bacia do
Rio Tamanduazinho, no sentido de implantar uma Estação Elevatória de Esgoto
dimensionada com capacidade para receber e bombear os resíduos de esgoto,
transpondo a bacia hidrográfica da região Leste. Projeto elaborado e custeado pelos
interessados, a parceria foi aprovada pela Diretoria da Sanepar, com valores de uma
linha de Recalque de 1.100 metros de extensão, Instalações elétricas, para recalcar
até Três Lagoas, onde o esgoto seria tratado na ETE 8 já existente, pelo valor de
R$- 125.651,19. Esse projeto seria pago pelos solicitantes e a Implantação da
Estação Elevatória no valor de R$-223.537,84 com recursos próprios da Sanepar
que compreendia movimentação de terra, fundações estruturais, assentamento,
pavimentação interna, revestimento e tratamento de superfície, instalações de
produção, urbanização, serviços diversos, alguns itens complementares e os
187

materiais hidráulicos também custeados pagos pela Sanepar, que somados


chegaram ao total de um investimento de R$- 349.189,03, que resolveria a
contaminação do lençol freático da bacia do Rio Tamanduazinho, devido o esgoto
ser acondicionado em fossas comuns. No início a obra, atenderia cerca de 150
economias, podendo alcançar até 400 ligações ao todo.

Depois de 3 licitações onde não houve interessados em executar a obra


(Deserta), na quarta vez, ganhou a Licitação com o menor preço e melhor técnica,
uma Empresa de Curitiba. Em março de 2011, a empresa se apresentou em Foz,
sendo realizada a reunião de início da obra, faltando apenas a Sanepar emitir a
Ordem de Serviço. Eu fui exonerado do cargo de Gerente no dia 04 de abril de 2011
e a Ordem de Serviço chegou via malote de Curitiba no dia 05 de abril de 2011. Mais
tarde, ocorreu o cancelamento da obra pelo Gerente Regional por falta de
licenciamento Ambiental, que deveria ser providenciada pela própria companhia. O
Meio Ambiente e a comunidade foram prejudicados. O certificado da ISO 14.001,
neste caso, foi rasgado ao meio, com manchas na direita e na esquerda.

9.1 MULHERES EXECUTAM SERVIÇOS DE CAMPO NO SANEAMENTO DE FOZ


DO IGUAÇU

A primeira mulher que executou leituras e emissão de faturas simultâneas na


Sanepar, foi Jandira Tomaz da Silva na cidade de Curitiba. Ingressou na Sanepar
através de concurso público no dia 01 de abril de 1991 como agente técnico de
campo, mais conhecido como Leiturista. Ficou aproximadamente 3 anos na função e
depois passou pelas áreas de atendimento personalizado e telefônico, no antigo
195. De lá, tornou-se coordenadora informal na área de faturamento, nas antigas
Gerências Metropolitana Norte, Sul e Leste e foi “chefe” de alguns colegas que
entraram na leitura e do pessoal da área de faturamento e cobrança. Em 2003
passou para o Grupo Especifico da Qualidade, ligado à Assessoria de Planejamento
Estratégico da Diretoria da Presidência. Nesse tempo, já havia se formado em
Administração de Empresas com habilitação em comércio exterior e, concluído
especialização em gestão de qualidade. Foi responsável pelo Sistema Normativo,
onde atuou na Assessoria da Diretoria Administrativa da empresa até o mês de
188

junho de 2019, transferida para a Gerência de Auditoria Interna (Auditora Interna)


onde permanece até hoje.

Em Foz do Iguaçu, várias mulheres exerceram a função de leiturista que


exige um bom preparo físico, andam entre 6 a 7 km por dia independente das
condições climáticas. Francielly Carini Porto, filha de Francisco Porto que é
funcionário da Sanepar na função de Técnico Operacional no processo de
tratamento de água na estação do tamanduá, atua na leitura de hidrômetros e
entrega de faturas desde o dia 02 de maio de 2016. Teve uma rápida passagem pelo
atendimento ao público personalizado e atualmente continua em campo realizando
suas tarefas com qualidade, sem nenhum problema. Alyne Suely Machado que
também é filha de um sanepariano aposentado já falecido, entrou para o quadro de
funcionários da companhia no dia 09 de novembro de 2016 e transferida para a área
de atendimento ao público onde atua atualmente. Patrícia Amaral ex. leiturista e
atendente comercial, hoje desempenha sua função de Técnico Administrativo na
área de Recursos Humanos e Charlene Salete Fabrin Góes, depois de ingressar em
Cascavel na função também de agente de campo, mudou-se para Medianeira e,
depois, para a fronteira, é advogada e presta serviços no núcleo jurídico em Foz do
Iguaçu.

9.2 RENOVAÇÃO DO CONTRATO DE CONCESSÃO NO MODELO CONTRATO DE


PROGRAMA

A partir de março de 2011, com o fim do Contrato de Concessão n. 244/81


que perdurou por 30 anos, houve negociação por parte do Governo do Estado do
Paraná e Sanepar, com o Município de Foz do Iguaçu, para elaboração de um
Contrato de Programa, exigido pela Lei 11.445/07, novo marco regulatório, para as
áreas de saneamento básico no Brasil, em relação ao abastecimento de água,
coleta e tratamento de esgoto. Autorizado pelo Poder Executivo através da Lei N.
4102 de 12 de junho de 2013, sancionada pelo então Prefeito Reni Clóvis de Souza
Pereira no mesmo dia, foi possível a celebração de Convênio entre as partes, para
gestão associada dos referidos serviços sendo assinado em 20 de fevereiro de
2014. E, no dia 21 de fevereiro de 2014 foi assinado o Contrato de Programa de N.
189

108/2014 de acordo com a legislação pertinente onde estabeleceu-se um prazo de


30 anos, prorrogável por igual período, ficando a critério do Chefe do Poder
Executivo e mediante termo aditivo de acordo com a Lei Municipal, conforme
redação de algumas cláusulas.

O referido contrato de programa contém 35 (trinta e cinco cláusulas), entre as


quais destacamos as seguintes:

CONTRATO Nº 108/2014

OBJETO.

CONTRATO DE PROGRAMA PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO


DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO, QUE ENTRE SI
CELEBRAM O MUNICIPIO DE FOZ DO IGUAÇU E A COMPANHIA DE
SANEAMENTO DO PARANÁ - SANEPAR.

Cláusula Quinta: Refere-se dos objetivos e Metas ao longo do contrato pela


contratada, sendo:

. Manter o Índice de Atendimento por Rede de Abastecimento de água


(IARDA) em cem por cento (100%) da população urbana do Município durante toda
a vigência do contrato;

. Atingir e manter o Índice de Atendimento com Rede de Coleta de Esgoto


(IARCE) de 72% da população urbana da sede do município até o ano de 2014:

. Atingir e manter o Índice de Atendimento com Rede Coletora de Esgoto de


78% da população da sede do município até o ano de 2016:

. Atingir e manter o Índice de Atendimento de Rede Coletora de Esgoto


(IARCE) de 87% da população Urbana do município até o ano de 2020:

. Atingir e manter o Índice de Atendimento de Rede Coletora de Esgoto


(IARCE) de 90% da população urbana da sede do município até o ano de 2022: e

. Atingir e manter o Índice de Atendimento com Rede Coletora de Esgoto


(IARCE) de 90% da população urbana da sede do município até o ano de 2042.

1º - Para o cálculo do alcance das metas acima referidas serão utilizados os


dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do SGC - Sistema
de Gerenciamento Comercial da Sanepar.
190

2º - Os percentuais podem variar em dois pontos percentuais, para cima ou


para baixo.

Cláusula Vinte e Sete: No estabelecimento do convênio de cooperação entre


as partes, foi definido que no sexto ano de vigência do contrato de programa (2019)
a Sanepar passaria a repassar mensalmente para o Fundo Municipal de
Saneamento Básico e Meio Ambiente, depois de já deduzidas todas as perdas na
realização de créditos e os impostos incidentes sobre o faturamento, dois por cento
(2%) da Receita Operacional/faturamento total da Sanepar no município de Foz do
Iguaçu, sendo, zero vírgula cinco por cento (0,5%) para o fundo municipal de
saneamento básico e meio ambiente e um vírgula cinco por cento (1,5%) para
pagamento de eventual taxa de regulação e fiscalização que venha a ser instituída,
de acordo com o art. 31 da lei complementar, de 11 de dezembro de 2012. Com a
criação do Fundo, os recursos recebidos devem ser aplicados em projetos e ações
que tenham reflexo no saneamento básico, na proteção e recuperação do meio
ambiente, sendo de responsabilidade exclusiva do Município o gerenciamento e
aplicação dos referidos recursos e que deve prestar contas para o Tribunal de
Contas do Estado do Paraná, para os órgãos fiscalizadores e competentes, bem
como para a Entidade Reguladora. Trata-se de um contrato oneroso para a Sanepar,
e, que sem dúvida, beneficiará e muito a população e o meio ambiente. O valor
repassado mensalmente ao município de Foz do Iguaçu gira em torno de R$ -
250.000,00 (Duzentos e cinquenta mil reais) por mês a partir de fevereiro de 2019),
sendo alterada conforme o resultado da receita operacional mês a mês. Em 2021
girava em torno de R$- 15.000.000,00 (Quinze milhões de reais), com repasse de
R$-300.000,00 (trezentos mil reais) aproximadamente.

Assinaram o Contrato de Programa;

FERNANDO EUGÊNIO GHIGNONE - Diretor-Presidente da Sanepar

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA - Prefeito Municipal de Foz do Iguaçu

EMÍLIA DE SALLES BELINATI - Diretora Comercial da Sanepar

IVONE BAROFALDI DA SILVA – Testemunha

Curitiba, 21 de fevereiro de 2014.


191

A tabela abaixo mostra que no período de 2011 - 2018, (Oito anos) a Cidade
de Foz do Iguaçu recebeu em estrutura para água, US$- 18.000.000,00, (Dezoito
milhões de Dólares) e em esgoto pouco mais de US$-28.000.000,00 (Vinte e oito
milhões de Dólares) que somados com recursos para administração e outras
rubricas alcançou um montante de US$- 50.693.478,63 (cinquenta milhões,
seiscentos e noventa e três mil, quatrocentos e setenta e oito dólares e sessenta e
três centavos). Esse montante permitiu assegurar 100% da população com água
tradada e elevou o índice de coleta de esgoto para 77,55% das habitações. O
número de ligações de água atingiu 87.877 e de esgoto 65.168. Muito embora os
valores investidos foram cerca de 50% maior do que na década anterior (2001-2010)
10 anos, o crescimento em ligações de água praticamente foi o mesmo 123.60%, e
as ligações de esgoto cresceram 16.782 no período, contra 21.985 na década
anterior. O percentual de cobertura de esgoto na cidade, foi de 6,03%, contra
34.12% no período anterior (27.006 ligações).

Tabela 12 - Investimentos de 2011 a 2018


Sistema de Total dos
Unidade Sistema de Administração
Exercício Abastecimento de Investimentos
Monetária Esgoto e Outros
água Realizados
2011 US$ 1.371.161,19 2.951.510,24 67.935,61 4.390.607,04
2012 US$ 3.373.979,88 5.027.632,53 61.954.92 8.463.567,33
2013 US$ 1.754.584,15 3.552.473,54 161.119,29 5.468.176,98
2014 US$ 3.659.808,73 5.085.868,56 13.401,59 8.759.078,88
2015 US$ 1.789.849,04 2.005.534,71 80.103,24 3.875.486,99
2016 US$ 3.452.383,78 5.365.900,37 306.358,81 9.124.642,96
2017 US$ 1.012.818,22 2.742.254,77 120.469.69 3.875.542,68
2018 US$ 2.366.078,08 2.115.534,60 2.254.763,09 6.736.375,77
Total US$ 18.780.663,07 28.846.709,32 3.066.106,24 50.693.478,63
Fonte: Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar. Relatório Patrimonial 2018

9.3 OBRAS IMPLANTADAS - 2011 a 2018. MAIS SIGNIFICANTES

. Ampliação de 284.151 Km de Rede Coletora de Esgoto, nos Bairros Jardim


Nacional, Vila C de Itaipu, Bela Vista, Jardim Eliza I e II, parte do Bourbon, em
diversos locais esparsos no perímetro urbano,
192

. Execução de 21.985 ligações de esgoto;

. Duplicação dos Emissários da Vila B e do Rio Boicy

. Construção de 2 Elevatórias de Esgoto na Vila C e 1 no Ana Rouver região


do Porto Meira;

. Implantação de uma captação de água flutuante no Lago de Itaipu, e


ampliação da capacidade de produção da Estação de Tratamento.

. Reformas e ampliações dos Reatores e Leito de Secagem do Lodo de


esgoto, nas ETEs (Jupira, Beira Rio, Ouro Verde e Iate Clube);

. Implantação dos Emissários Subaquáticos das ETEs (Efluentes) Jupira,


Beira Rio, Ouro Verde e Iate Club, em PEAD, ancoradas no meio do Rio Paraná a
60 metros de profundidade;

9.4 ESTRUTURA ATUAL DA CIDADE DE FOZ DO IGUAÇU

ÁGUA

O Setor de saneamento básico de Foz do Iguaçu possui uma força de


trabalho composta por 265 pessoas entre funcionários de carreira e terceirizados. É
composto pelos processos de captação, tratamento, reservação e distribuição de
água, conta com duas Estações de Tratamento (ETAs), Tamanduá e Vila “C”, três
Estações Elevatória de Água Bruta, cuja a capacidade de produção é de mil litros
por segundo operando 24 horas por dia. O processo de distribuição acontece
através de 24 Estações Elevatórias de Água Tratada e 17 Reservatórios, cuja
capacidade é de 39.340 m3. Com mais de 1.5 mil km de extensão, a rede distribui
água tratada para mais de 87 mil ligações, abastecendo 100% da população urbana.
(2018). A estação de Tratamento do Rio Tamanduá tem capacidade atualmente para
captar e tratar 250 litros por segundo licenciada pelos órgãos afins, responsável por
abastecer 30% (por cento) da população urbana de Foz do Iguaçu. Por outro lado,
na Estação de Tratamento da Vila C, a vazão de outorga obtida junto à Agencia
Nacional de água, conforme resolução n. 132 de 17 de fevereiro de 2014, é igual a
1.000 litros por segundo para um regime de trabalho de 24 h/dia, com licença de
193

operação de n. 34385 e validade até 11 de julho de 2022 e abastece 70% da


população local.

Figura 73 – Esquema de proteção do Rio

ESQUEMA - Programa de Proteção do Rio ao Rio - Água e vida para o futuro,


Sanepar de Foz do Iguaçu - 2010 - Programa Corporativo de Gestão dos
Mananciais, no caso de Foz do Iguaçu, Rio Tamanduá e Rio Paraná. 2010 - Diretoria
do Meio Ambiente e Ação Social - DMA

A gestão territorial a partir de bacias hidrográficas passou a ser realidade no


Brasil com a implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela
Lei n. 9.433, de janeiro de 1997. A lei criou o Conselho Nacional dos Recursos
Hídricos e instituiu a bacia hidrográfica como unidade de gestão. Em Foz do Iguaçu,
além de cumprir a legislação pertinente, na gestão do Gerente José Augusto
Carlessi e Edgar Faust Filho, além das bacias com relação a água, foi adotado
também o trabalho de gestão de bacias para coleta do esgoto das redes até as
Estações Elevatórias e recalque para os interceptores, encaminhamento do esgoto
para as ETEs. A gestão dos mananciais de abastecimento desenvolve-se a partir de
194

um conjunto de programas, projetos e ações que promovem a sua recuperação e


preservação inclusive os rios urbanos de menor porte concretizando a missão da
Sanepar e do Município de levar água e saneamento de qualidade a todos os
Paranaenses e para os Iguasuenses, garantindo a sustentabilidade dos cursos
naturais.

9.5 PROCESSO DE TRATAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA PARA A


COLETIVIDADE

A água a ser consumida pelo homem precisa ter determinadas características


para que seja considerada como potável. Embora exista água em abundância no
nosso planeta, a maior parte dela está nos oceanos e mares (97,5%), sendo
salgadas e inadequadas para o consumo direto pelo homem. A outra parte (2,5%) é
doce, formando geleiras, lagos, rios e lençóis subterrâneos, mas só 0,8% está
disponível para o consumo humano. Existem recursos técnicos para tornar qualquer
água potável, mas o custo pode tornar inviável o processo.

A água tratada fornecida à população pela Sanepar segue os padrões de


potabilidade pela Portaria Federal n. 888 do Ministério da Saúde de 07 de maio de
2021 que estabelece ações procedimentos de controle e de vigilância da qualidade
de água para consumo humano, seu padrão de potabilidade. O sistema de
reservação (reservatórios) é lavado e higienizado a cada 6 meses e no sistema de
distribuição e devem ser executadas descargas periódicas, para assegurar que a
água distribuída não sofra alterações da qualidade. Para atender às novas
demandas, torna-se necessário aproveitar novos mananciais, cada vez mais
distantes, com investimentos mais significativos. Dentro de sua responsabilidade
social a Sanepar mantém programas permanentes para recuperar os mananciais e
preservar o meio ambiente.

O sistema de tratamento de água de Foz do Iguaçu é composto das seguintes


fases: pré-cloração, coagulação, floculação, decantação, flotação, filtração,
desinfecção e fluoretação, assim constituídos das suas fases:

. Captação - processo para coletar a água bruta no manancial;


195

. Pré-sedimentação - processo para reduzir a turbidez (partículas sólidas em


suspensão), melhorando a qualidade da água bruta;

. Adução - processo no qual a tubulação conduz a água do rio para a estação


de tratamento;

. Pré-cloração - processo de oxigenação química para reduzir bactérias;

Figura 74 - Foto Complexo atual da Estação de Tratamento de Água Vila C - Refugio


Biológico de Itaipu. Crédito Labanca - GRFI – 2018

Figura 75 - Foto Complexo da Captação de água Fixa e Flutuante do Lago de Itaipu - Rio
Paraná
Fonte: Crédito Labanca - GRFI (2018)
196

Coagulação - processo de adição de produtos químicos para separar as


impurezas da água;

. Floculação - processo para juntar partículas e sujeiras;

. Decantação - processo no qual as partículas mais pesadas vão para o


fundo dos tanques;

. Flotação - processo onde é adicionado ar dissolvido na água fazendo com


que as partículas fiquem mais leves e vão para cima;

. Filtração - processo no qual os filtros eliminam as partículas de impurezas;

. Desinfecção - processo no qual se usa cloro ou outro método para eliminar


bactérias;

. Fluoretação - processo no qual se adiciona Flúor para preservação de cárie


dentária;

. Reservação - processo de armazenamento (reservatórios) e

. Distribuição - processo de canalização que distribui a água para a cidade.

A qualidade da água do manancial do Rio Tamanduá e Lago de Itaipu é


regulamentada com base na Resolução CONAMA em vigor, do Ministério de Meio
Ambiente, sendo responsável por seu monitoramento o (IAT) Instituto Água e Terra.
A qualidade da água fornecida é controlada diariamente desde a captação no rio,
durante todo o processo de tratamento até o cavalete da residência. Além deste
controle, são analisados todos os produtos químicos utilizados para o tratamento. Na
distribuição é verificada através de amostras coletadas em pontos estratégicos da
rede, para atender o número de amostragem exigida pela Portaria Federal do
Ministério da Saúde.

PARÃMETROS ANALIZADOS COM FREQUENCIA

Microbiológicos:

. Coliformes na água in natura - mensal

. algas/cianobactérias - mensal

Químicos: - Inorgânicos, orgânicos e agrotóxicos - trimestral e semestral.


197

Os produtos químicos utilizados são os mais comuns e universalmente


empregados no tratamento de água, e mensalmente são analisados os seguintes
parâmetros:

. Turbidez - ocorre devido às partículas em suspensão, deixando a água com


aparência turva;

. PH - Utilizado para medir a acidez ou alcalinidade da água;

. Cor - ocorre devido às substâncias dissolvidas na água;

Cloro Residual Livre - produto químico utilizado para eliminar bactérias;

Coliforme Totais - indicador utilizado para medir contaminação por bactérias


provenientes do meio ambiente e Coliformes Termotolerantes que é um indicador de
presença de bactérias de origem animal (fezes).

Na captação de água bruta do Rio as coletas e as análises são realizadas de


hora em hora no laboratório da Sanepar instalados dentro da Estação de Tratamento
de Água e no andar do processo, ocorre essa frequência de verificação garantindo a
qualidade do produto. Através de uma Unidade Móvel com laboratório volante, o
Técnico percorre em Foz do Iguaçu e faz coleta e analisa de mais de 180 pontos
estratégicos, nas redes de distribuição, nos cavaletes na entrada da água para o
consumo das edificações dos usuários, bem como na saída da água dos
reservatórios. É possível coletar e analisar através de uma Unidade Móvel de
laboratório, os parâmetros do residual do cloro, Turbidez, Cor, PH e do Flúor. Outras
coletas são feitas e as amostras enviadas para o Laboratório Central da Sanepar de
nossa região que fica instalado na Cidade de Cascavel. Atendendo as regiões Oeste
e Sudoeste do Paraná. Amostras essas que identificam por exemplo a
ESCHERICHIA-COLI, (COLIFORMES TOTAIS BACTERIANO), exclusivo para fezes
que pode ser de vinculação de animais ou pelo homem. E (HETOROTÓFICAS) tais
como Agrotóxicos, Metais pesado como cádmio, elemento químico proveniente de
reatores nucleares, extintores de incêndio automáticos, fusíveis, pilhas e baterias,
em tubos de imagens de televisores de luminescência coloridas, esses últimos são
comumente encontrados nos terrenos baldios ou depositados em locais impróprios
de nossa cidade. A Prefeitura Municipal através da Secretaria de Saúde, Vigilância
Sanitária é o órgão responsável pela fiscalização da qualidade da água distribuída
para a população.
198

Capacidade de Produção Instalada.

Tabela 13 - Volumes de Água Aduzidos, Produzido e Micromedidos - PSP e PSD


ADUZIDO/M3 PRODUZIDO/M3 MÉDIA PSP 12 MEDIDO/ M3 MÉDIA PSD 12
ANO
ANO ANO MESES/% ANO MESES/%
2004 21.428.172 20.864.679 -- 12.130.507 43,70
2005 22.777.936 21.169.635 -- 12.840.962 45,03
2006 23.810.798 23.143.052 -- 13.231.053 42,92
2007 23.128.687 22.140.653 -- 13.390.884 40.63
2008 22.537.081 22.078. 71 -- 13.400.104 39.65
2009 23.217.012 22.082.514 -- 13.400.651 37,77
2010 23.148.946 21.794.736 5,85 13.916.115 *36,15
2011 23.595.444 22.886.286 3,01 14.599.948 36,21
2012 23.965.745 23.635.745 1,38 15,377.591 34,94
2013 25.046.914 24.299.988 2,98 15.220.346 37,36
2014 25.484.920 24.793.739 2,71 15.812.949 36,22
2015 25.887.918 24.608.278 4,94 15.809.278 36,91
2016 26.409.514 24.506.188 7,21 16.502.278 35,49
2017 26.525.611 25.586.635 3,54 16.502.651 35,50
2018 26.990.195 26.244.361 2,76 16.711.305 36,32
Fonte: Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR. Foz do Iguaçu.

Tabela 14 - Evolução da População Urbana de Foz do Iguaçu.


ANO POPULAÇÃO URBANA %VARIAÇÃO DE CRESCIMENTO
1889 324 -
1920 6.430 1.984.58
1940 7.645 118,90
1950 16.412 214,68
1960 28.080 171,09
1970 33.966 120,96
1980 136.321 401,34
1990 190.115 139,46
2000 258.368 135,91
2010 258.368 00.00
2018 258.823* 1,00
Fonte - IBGE - 2018. (* População Estimada). (2018)
199

Tabela 15 - Crescimento de Ligações de Água de Foz do Iguaçu


%VARIAÇÃO DE % POPULAÇÃO
ANO LIGAÇÕES DE ÁGUA
CRESCIMENTO ABASTECIDA
1968 3.500 - 40.18
1985 15060 430,28 76,00
1990 24.199 160,68 78,00
1994 39.350 162,61 81,00

1998 55.115 140,06 95,00


2000 58.203 105,60 97,78

2010 71.095 122,17 100,00

2018 87.877 123,01 100,00


2019 90.150 2,58 100,00
Fonte- Sanepar Foz do Iguaçu - Sérgio Caimi (2018)

Tabela 16 - Extensão de Redes de água e Esgoto - Foz do Iguaçu – em metros lineares.

ANO ÁGUA - KM ESGOTO - KM

2010 1.112.252 806.703


2011 1.376.986 996.941
2012 1.407.946 1.046.760

2013 1.427,352 1.144.901

2014 1.456.920 1.141.844


2015 1.499.578 *986.742

2016 1.521.484 1.021.948


2017 1.555.657 1.066.622

2018 1.596.513 1.090.854


Fonte - Sanepar de Foz do Iguaçu (2018)
Nota: * (Redução do número de metros lineares devido ao inventario realizado no ano de 2015)

Redução no cadastro técnico de 155.102 metros lineares. (Redução


duvidosa).
200

Tabela 17 – Ligações Atendidas com o Programa da Tarifa Social.


ANO ÁGUA ESGOTO

2010 5.028 3.061

2011 5.494 3.581


2012 5.495 3.719
2013 6.059 4.337
2014 8.875 5.875

2015 6.948 4.869

2016 4.642 3.539


2017 3.731 2.867

2018 3.262 2.534


Fonte - Sanepar de Foz do Iguaçu (2018)

Observa-se na tabela acima que as inclusões no programa cresceram 3.847


ligações de água do ano de 2010 até 2014 e a partir de 2015 ocorreu a retirada
gradativa até chegar no final de 2018 com 3.262. A justificativa se deu em função de
que a cada 2 ou três anos as famílias cadastradas precisam proceder um
recadastramento que, no momento da solicitação não se enquadravam mais na
tarifa social. Sendo a maioria por questão da metragem quadrada da casa que
possuía mais de 70 metros quadrados. No ano de 2014 ocorreu pleito eleitoral e Foz
do Iguaçu elegeu a Deputada Estadual Claudia Pereira. De 2014 a 2018 foram
descadastradas 5.613 ligações.

O benefício concedido para famílias de baixa renda que atendam os critérios


estabelecidos pelo Decreto Estadual 2.460/04, são os seguintes:

. Ter uma renda familiar de até 2 salários mínimos (Federal) por família ou ´
salário mínimo por pessoa quando a residência possuir mais do que 4 habitantes;

. Morar em uma casa com até 70 metros quadrados;

. Consumir até 10 mil litros (10m3) de água por mês ou 2.500 litros quando
mais que 4 habitantes.

. Os documentos necessários para o cadastramento além de uma conta de


água/esgoto da Sanepar, apresentar os documentos pessoais, (RG, CPF ou
201

Certidão de Nascimento para menores de 18 anos, Escritura do Imóvel ou Carnê do


IPTU.

. O cadastro terá validade por 2 anos (24) meses.

Em setembro de 2019, a Secretaria Municipal de Assistência Social – SMAS,


indicava em seus relatórios que 31.896 pessoas recebiam até 3 salários mínimos e
9.092 recebiam bolsa família no valor de R$- 178,00 (cento e setenta e oito reais).
Segundo dados oficiais da Prefeitura Municipal, atualmente mais de 12.000 famílias
podem ser enquadradas como baixa renda.
202

Figura 76 - Foto Visão geral do Mapa do Cadastro de Cobertura de Redes de Água.


Fonte: GRFI - 2018

9.6 PROCESSO DE TRATAMENTO/CAPACIDADE DE PRODUÇÃO

ESGOTO

O complexo do esgotamento sanitário atende 77,68% da população urbana,


dispondo de uma rede coletora com mais de 1 mil km de extensão e 18 Estações
Elevatórias, que transportam mais de 34 mil m3/dia de esgoto doméstico para cinco
Estações de Tratamento (ETEs), garantindo tratamento para 100% do esgoto
coletado. O sistema coletor existente está distribuído em 5 sub-bacias de
esgotamento. Os esgotos coletados são interceptados e conduzidos por gravidade
ou recalque através de estações elevatórias de esgoto até os cinco polos de
tratamento existentes. ETE Ouro Verde, ETE Beira Rio, ETE Jupira, ETE Três Lagos
e ETE Iate Clube, no processo, com tecnologia desenvolvidas por engenheiros da
própria Sanepar. Este processo apresenta uma série de vantagens em relação ao
sistema aeróbico, dentre as quais não necessita de outros tipos de energia
suplementar, produz biogás que pode ser utilizado como combustível, como é o caso
203

da ETE Ouro Verde, além do que não requer amplo espaço físico e pode ir sendo
ampliado com a construção de reatores novos de acordo com a necessidade. (2018)

9.6.1 Processo de Tratamento Anaeróbio

Realizado no Reator Anaeróbico de Manto de Lodo Fluidizado. (RALF)

. Rede Coletora - O esgoto é coletado das residências, prédios, escolas e


encaminhado até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETEs, - RALF);

. Estação Elevatória - Ao chegar à estação o esgoto é gradeado para reter


sólidos grosseiros. O líquido é então bombeado à ETE por meio de conjuntos de
motobombas;

. Tratamento Preliminar - (Gradeamento, Decantador e Medição de Vazão).


Os materiais sólidos que chegam com esgoto são separados para que o processo
de tratamento tenha continuidade adequada. O material retirado é levado até ao
Aterro Sanitário do Porto Belo por meio de caçambas;

. RALF (Reator Anaeróbico de Manto de Lodo e Fluxo Ascendentes) - O


líquido sofre tratamento anaeróbico por meio de um manto de lodo que se forma no
fundo do tanque, rico em bactérias. Após percorrer o manto o esgoto retém e
decompõe a matéria orgânica, para então, ser coletado, tratado e enviado a etapa
final de tratamento;

. Pós-Tratamento - Recebe e trata novamente o esgoto do Ralf em filtro


biológico. O efluente é laçado no Rio Paraná através dos emissários Subaquáticos
que estão ancorados no leito do corpo receptor, sem causar nenhum dano ao meio
ambiente ou poluição visual.

. Leito de Secagem de Lodo - Recebe o lodo digerido do Ralf para etapa


natural e o material é depositado no leito de secagem por um período de 30 dias e
em seguida é adicionado cal virgem para corrigir os metais que ainda ficaram pós
tratamento, depositado em um galpão para depois ser distribuído aos agricultores de
Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu, para aplicação na
adubação da terra, nas culturas de feijão, milho, trigo e soja, sendo proibido para
cultivo de hortaliças por ainda conter algum tipo de metal pesado.
204

Figura 77 - Foto Emissário instalado no leito do Rio M’Boyci, localizado na baixada da Rua
Belarmino de Mendonça.
Crédito: Sérgio Caimi - maio de 2019.

Tabela 18 - Crescimento de Ligações de Esgoto de Foz do Iguaçu.


LIGAÇÕES DE % VARIAÇÃO DE % POPULAÇÃO % DE ESGOTO
ANO
ESGOTO CRESCIMENTO ATENDIDA TRATADO
1968 535 - 1,92 0,00

1985 5.072 948,04 5,00 0,00


1990 7.186 141,68 15,00 0,00
1994 7.593 105,62 18,00 17,00
1998 10.117 133,24 20,00 30,00

2000 16.123 159,36 37,48 95,45


2010 43.183 267,84 71,52 100,00
2018 65.168 150,91 77,55 100,00
Fonte: Sanepar Foz do Iguaçu - Sérgio Caimi (2018)

9.6.2 O que pode ser Lançado na Rede Coletora de Esgoto

PODE: Água do banho, água da Pia, água da máquina ou do tanque e água


da descarga.
205

O QUE NÃO PODE: Absorventes, fraldas, plásticos, papel, água da chuva,


embalagens e materiais sólidos, cigarro, óleo de cozinha usado, papel higiênico,
camisinha, fio dental, entre outros,

Quadro 6 – Outorga de Lançamentos, Volume anual m3/h e Vazão Máxima m3/h, das
Estações de Tratamento de Esgotos de Foz do Iguaçu.
ETE 02 ETE 03 Beira ETE 05 ETE 08 Três ETE 09 Iate
Instalação
Ouro Verde Rio Jupira Lagoas Clube
Número da Portaria N.
N. 1432 N. 718 N. 1434 N.1433
Outorga 2589/2019

Validade 16/03/2041 16/03/2041 16/03/2041 03/06/2021 16/03/2041

Corpo Rio Matias


Rio Paraná Rio Paraná Rio Paraná Rio Paraná
Receptor Almada
Volume Anual
2.057.023,20 4.467.600,00 5.075.894,40 1.576.800,00 10.663.285,20
m3/h
Vazão
234,82 510,00 579,44 180,00 1.217,27
Máxima m3/h
Fonte. Sanepar de Foz do Iguaçu – Dezembo de 2019 – PMSB
206

Figura 78 - Mapa: Visão geral do mapa da cidade de foz do Iguaçu, quanto a cobertura com
redes de esgotos, estações elevatórias e as estações de tratamento de esgoto.

Figura 79 - Foto Vista aérea do complexo da Estação de Tratamento de Esgoto 09 - Iate


Clube –
Fonte: Crédito – Marcos Labanca /GRFI (2019)
207

Figura 80 - Foto Reatores da ETE 9 e os Leitos de Secagem do Lodo de Esgoto - Corpo


Receptor Rio Paraná
Nota: Crédito; Labanca/GRFI (2019)

Figura 81 - Foto Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgoto 5 - Jupira, com vista da
Ponte Internacional da Amizade e Ciudad del Leste – Micro Centro e Leitos de secagem do
Lodo do Esgoto, Emissário do Lançamento do Efluente Tratado EM PEAD 300m. Corpo
Receptor Rio Paraná.
Nota: Crédito - Labanca/GRFI - 2019
208

Figura 82 - Foto Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgoto 2 - Ouro Verde - Shalon.
Reator, Leito de Secagem, Casa de Geração de Energia Elétrica através do Gás Metano,
Balão de Armazenamento do Gás, Barracão da Estocagem e cura do Biosólido (lodo)
higienizado e calado.

Figura 8 - Foto Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgoto 5, Beira Rio - Rio Paraná,
Localizada no final da Av. Beira Rio, Centro velho da cidade.
Fonte: Crédito: Labanca/GRFI – 2019
209

Figura 84 - Foto Vista aérea da Estação de Tratamento de Esgoto Três Lagoas


Fonte: Imagem do Google. 02/2022.

Figura 85: Maquete Esquemática do Interior de um Ralf.


Fonte: Sanepar, adaptado por Caimi, Janaina Silva da (p. 54)

01 – Tubulação de Entrada do Esgoto;

02 – Vertedouro Periférico Central;

03 – Tubos Distribuidores de Esgoto;


210

04 – Parede Defletora;

05 – Vertedouro Periférico do Efluente;

06 – Canaleta Coletora do Efluente;

07 – Descarga de Lodo Excedente;

08 – Poço de Lodo Excedente;

09 – Abertura de Inspeção;

10 – Escada de Acesso;

11 – Saída do Efluente e,

12 – Saída dos Gases, Produção de Energia Elétrica e ou Queima por Corta


Chamas.

9.7 LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO CONTRATO DE PROGRAMA 108/2014

O contrato de Programa efetivado entre a Sanepar e o Município de Foz do


Iguaçu, é regido pela legislação pertinente e em especial pelo art. 241 da
Constituição Federal, art. 256 da Constituição do Estado do Paraná, art. 13 da Lei
Federal 11.107 de 6 de abril de 2005, art. 24 XXVI da Lei Federal 8.666 de 21 de
junho de 1993, pela Lei Federal 11.445, de janeiro de 2007, Decreto Federal 7.217
de 22 de junho de 2010, pela Lei Estadual 4.684 de 23 de janeiro de 1963, alterada
pelas Leis 4.878 de 23 de janeiro de 1964 e 12.403 de 30 de dezembro de 1998,
pela Lei Estadual 16.242 de 13 de outubro de 2009, pelo Decreto Estadual, 7.878 de
29.de julho de 2010, pelas Leis Municipais 198/2012, de 11/12/2012 e 4.102/2013 de
12/06/2013, pelo Decreto Estadual de número 3926 de 17 de outubro de 1988 e
suas alterações, o de número 7.290 de 20 de Fevereiro de 2013 e o 2.460 de 8 de
Janeiro de 2004 e demais cláusulas estabelecidas entre as partes.
211

9.8 TARIFAS E SUBSÍDIO CRUZADO

As tarifas de água praticada pela Sanepar em Foz do Iguaçu bem como a


taxa de esgoto na base de 80% sobre o valor do consumo d’água para coleta,
tratamento e destino final, são uniformes em todo o Estado do Paraná, de acordo
com o Decreto 3926 de 1988, por faixas de consumidores, Residencial, Comercial,
Industrial e Poder Público. Os consumidores que consomem mais ajudam a
subsidiar por exemplo a tarifa social, onde as famílias de baixa renda pagam um
valor menor por viverem muitas vezes na extrema pobreza, são enquadradas pela
legislação vigente e pratica de ação social da empresa de água e esgoto. Esse
sistema denomina-se Subsídio Cruzado, usado no saneamento pelas companhias
estaduais, ou sistemas municipais autônomos, para poderem equilibrar a prestação
dos serviços visando a universalização. As cidades maiores e com receitas
superavitárias ajudam subsidiar as operações deficitárias, cidades ou distritos
menores mais isolados. No Brasil, não são poucas as Companhias Estaduais ou
sistemas municipais que não arrecadam o suficiente para arcar com os custos
operacionais e sem perspectivas de conseguirem realizar investimentos necessários
a universalizar os serviços ou melhorar a eficiência operacional, principalmente nas
regiões Nordeste e Norte do Brasil. A Sanepar exerce papel importante e pratica
tarifas acessíveis para esse grupo de usuários dos seus serviços.

Tabela 19 - Indicadores das Maiores Cidades do Paraná – ANO DE 2019


AT. ESGOTO PSD 12.
AT.C/ESGOTO
CIDADE C/ÁGUA TRATADO DO IPL %-ACUMULADO
%
% COLETADO % 12 MESES
Londrina 100 93,21 100 545,83 47,04
Cascavel 100 100 100 252,80 37,54
Maringá 100 100 100 182,70 27,73
Guarapuava 100 85,12 100 140,66 25,17
Ponta Grossa 100 91,42 100 292,16 42,40
Foz do Iguaçu 100 78,21 100 284,55 36,32.
Fonte- Sanepar. Sistema de Gerenciamento Comercial – SGC (2018)
212

A Cidade de Londrina aparece com a maior população, com 569.733


habitantes, seguida de Maringá com 423.666, Ponta Grossa 351.736, Cascavel com
328.454, Foz do Iguaçu com 258.823 e Guarapuava com 142.165 habitantes.

Todas as cidades citadas atendem 100% da população urbana com água


potável. Com relação a cobertura de saneamento aparecem Maringá e Cascavel
com 100% seguido de Londrina 93,21%, Ponta Grossa 91,42 %, Guarapuava 85,12
e Foz do Iguaçu com o menor percentual figura com 78,21% (2018) de sua
população com atendimento de coleta dos esgotos. Do percentual coletado todas
tratam e 100% os dejetos gerados nas habitações.

No tocante ao consumo por habitante, Foz do Iguaçu aparece com 3,67 M3/
mês, seguida por Londrina 3,48 m3/mês, Maringá 3,18 m3, Cascavel 2,90 m3,
Guarapuava com 2,72 m3 e Ponta grossa com o menor consumo com 2,44 m3 mês.
Em Foz do Iguaçu cada morador consome entre todas as atividades diárias uma
média de 122,33 litros de água por dia, enquanto que a média no Paraná gira em
torno de 80 litros/dia como é o caso de Ponta Grossa com 81 litros pessoa dia. Essa
variação está relacionada com o clima de cada região, sendo que em Foz do Iguaçu
e Londrina as temperaturas no verão ultrapassam os 40 graus centigrados, fazendo
com que a população consuma mais água durante o dia. Para elaboração de
projetos futuros trabalha-se com um consumo que varia de 160 a 170 litros por
dia/habitante, visando ter segurança e dimensionamento de toda a estrutura,
possibilitando uma reserva de produção de água considerável.

Tabelas comparativas do saneamento entre as cidades de foz do Iguaçu e


cascavel ano de 2018.
213

CASCAVEL

Tabela 20 - Sistema de Gerenciamento Comercial – SGC


PERDAS NO
INDICE DE INDICE DE
SISTEMA
ANO ATENDIMENTO COM TRATAMENTO DE
DISTRIBUIDOR - 12
ESGOTO - % ESGOTO - %
MESES - %
2010 65,75 100 38,05
2011 66,86 100 37,93
2012 73,24 100 38,86
2013 78,76 100 35,26
2014 83,62 100 34,72
2015 91,07 100 34,91
2016 97,67 100 33,75
2017 98,58 100 32,87
2018 100 100 37,54
Fonte: Sanepar Cascavel (2018)

FOZ DO IGUAÇU

Tabela 21– Sistema de Gerenciamento Comercial – SGC


PERDAS NO
INDICE DE INDICE DE
SISTEMA
ANO ATENDIMENTO COM TRATAMENTO DE
DISTRIBUIDOR – 12
ESGOTO - % ESGOTO - %
MESES - %
2010 71,52 100 36,12
2011 72,44 100 36,21
2012 67,17 100 34,94
2013 70,00 100 37,37
2014 71,09 100 36,22
2015 72,54 100 36,91
2016 75,24 100 35,49
2017 76,45 100 35,50
2018 77,55 100 36,32
Fonte: Sanepar de Foz do Iguaçu (2018)

Em 2010 a Cidade de Cascavel tinha um indicador menor do que a cidade de


Foz do Iguaçu em relação a cobertura com rede de esgoto de 65,75%, e Foz do
Iguaçu 71,52%. Já no final do ano de 2018, Cascavel atingiu a universalização do
214

saneamento obtendo 100% de cobertura, contra 77,55% da população em Foz do


Iguaçu.

Justifica-se tal conquista devido a gestão da gerencia local em conjunto com


os deputados estaduais, federais e o Prefeito Leonardo Paranhos, bem diferente da
gestão em Foz do Iguaçu, que não existiu. (ver tabelas acima).
215

CAPITULO X - GOVERNO DO CARLOS MASSA RATINHO JUNIOR E


FRANCISCO LACERDA BRASILEIRO

Nem Jesus Cristo, Senhor Nosso, esteve uma hora, em toda sua
vida, sem dor e sofrimento. “Convinha disse ele --- que Cristo
sofresse e ressurgisse dos mortos, e assim entrasse na sua glória”
(Lc 24,26).
Mais valerá o desprezo das riquezas que todos os tesouros da terra.
(Tomás Kempis).

Francisco Lacerda Brasileiro tomou posse como Prefeito de Foz do Iguaçu no


dia primeiro de maio de 2017 e foi reeleito no ano de 2020 para seu segundo
mandato e o Governador Carlos Massa Ratinho Junior assumiu o Estado do Paraná
em primeiro de janeiro de 2019, ambos do PSD (Partido da Social Democracia). Os
investimentos em expansão de rede coletora de esgoto praticamente não ocorreram
em níveis satisfatórios. O percentual de cobertura em saneamento no município no
ano de 2018 era de 77,55% e no final do ano de 2021 chegou próximo à 80% da
população apresentando um crescimento real de 2,45% em mais de quatro anos, o
que é muito pouco, considerando expansão do serviço em governos passados.

Algumas obras de água em reforços de anéis de distribuição, estão


acontecendo atualmente em Foz do Iguaçu, proporcionando um melhor atendimento
aos consumidores, tendo em vista que em captação, tratamento e reservação o
sistema está bem equacionado. Mas, até o ano de 2044 estão previstos
investimentos na ordem de R$- 100.827.000,00 (Cem milhões, oitocentos e vinte e
sete mil reais), o que equivale um pouco mais de US$- 18.000.000,00 (Dezoito
milhões de dólares). Por outro lado, em termos de construção de redes e
interceptores, elevatórias e ligações de esgoto, os recursos destinados foram
insuficientes para atender as metas do Contrato de Programa assinado entre a
Sanepar e o Munícipio.

Foram executados 4.876 metros de linha de interceptor na bacia do Rio


Almada de 600mm, 16.138 metros de rede coletora para atender os bairros Ipês e
adjacentes, onde foi possível executar 1.200 ligações de esgoto entre clientes
residenciais, comerciais, industriais e do poder público. O valor investido nessa obra
foi de 6.844.000,00 R$- (Seis milhões oitocentos e quarenta e quatro mil reais),
216

correspondendo pouco mais US$- 1.200.000,00 (Um milhão e duzentos mil dólares).
Com essa obra, mais crescimento vegetativo o percentual de atendimento chegou
em 80%, contra a meta de atingir 87% até o final do ano de 2020, e 90% para o ano
de 2022. Isso posto, fica claro que dificilmente a Companhia de Saneamento do
Paraná – Sanepar, irá atender também a meta estabelecida no decorrer desse ano
de 2022, de acordo com a cláusula quinta do contrato assinado entre as partes no
ano de 2014. Completando mais de cinco anos no poder como Prefeito em meados
do ano de 2022, o governo de Chico Brasileiro demonstra desinteresse em lutar para
a universalização do setor de saneamento.

Em um recente estudo, para se universalizar em cem por cento a cobertura


de rede de esgoto na cidade, foi apontado a necessidade em construir 5 estações
elevatórias, interceptores, redes e ligações, sendo necessários mais 500 km de rede
coletora, o que demandaria um total de investimentos na ordem de R$ -
125.000,000,00 (cento e vinte e cinco milhões de reais), e, em torno de US$-
22.000,000,00 (Vinte e dois milhões de dólares). A meta estabelecida para o ano de
2044, prevê o percentual de 90% de atendimento dos logradouros e das habitações.
Já no Plano Municipal de Saneamento Básico elaborado de 2019, a Sanepar
promete investir R$- 110.000,000,00 (Cento e dez milhões de reais), chegando
próximo de US$- 20.000,000,00 (Vinte milhões de Dólares), até o final da
concessão.

Além da falta de interesse político para dotar Foz do Iguaçu em uma cidade
referência em saneamento, outra situação vem atrapalhando os atuais gestores.
Ainda no Governo Beto Richa foi implantado uma Gerencia Geral em Cascavel
centralizando todo o poder de decisão, prejudicando o planejamento estratégico da
Sanepar de Foz do Iguaçu e no ano de 2021, foi criado uma Gerência Comercial
também na cidade de Cascavel, perdendo ainda mais poder. Em uma reestruturação
no organograma da empresa, aboliu-se a Coordenação de Meio Ambiente e a
Coordenação do Núcleo Jurídico que foi implantado com muito sofrimento quando
de minha gestão (2005 – 2010). Enfim, a tendência é que o poder fique centralizado
eternamente em Cascavel em detrimento da unidade de Foz do Iguaçu. Isto porque,
os Cascavelenses sempre torceram o nariz para os Hermanos da terra das cataratas
e das três fronteiras. Quando por muitos anos a Gerencia Regional de Foz do Iguaçu
esteve ligada diretamente com todas as Diretorias em Curitiba, foram aportados
217

grandes volumes de investimentos em água e esgoto. Quando o comando fica


centralizado em Cascavel, sempre houve falta de atenção a Foz do Iguaçu e,
destarte, reportagem do Jornal GDia do dia 8 de abril de (2022, p. 19), aponta que
os vereadores Galhardo e Rogério Quadros pedem o fim das interrupções no
fornecimento de água na região de Três Lagoas por constantes falta de água em
determinados períodos, tendo registros de falta de água por tempo de 3 a 5 dias.
Através do Requerimento de n. 346/2022 Galhardo cobra informações e
esclarecimentos sobre as ocorrências de falta água ao Gerente Regional de Foz do
Iguaçu. Já Rogério Quadros através do Requerimento n. 363/2022, solicita ao
Gerente informações sobre a programação de implantação de rede de esgoto no
Jardim Lindóia, no Bairro Panorama, após diversas reclamações dos moradores. E,
dispara: “O que está acontecendo com o núcleo da Sanepar de Foz”? Os referidos
“Edis”, devem também cobrar a Gerência Geral em Cascavel e também encaminhar
expediente para o Governador do Estado do Paraná Sr. Carlos Massa. Tudo o que
está acontecendo já estava previsto, senão puderas, nem o Governador do Estado,
nem o Prefeito de Foz do Iguaçu empreenderam esforços para a substituição dos
seis cargos de Gestão da Companhia em Foz do Iguaçu e continua no comando da
empresa, indicados do Ex. Prefeito Reni Pereira e recentemente (2020) do
Deputado Vermelho e da Deputada Federal Leandre Dal Ponte, inclusive o gerente
da época e um dos atuais foram presos e condenados na primeira fase da
Operação Pecúlio deflagrada pela Policia Federal no dia 19 de abril de 2016, por
burlar licitações pública junto Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu. Água produzida
não falta, tem de sobra.

10.1 COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA DA SANEPAR

O Governo do Paraná possui 20,03% do capital total da Sanepar, e ordem de


60,10% do capital votante. O restante das ações está dividido entre acionistas
estrangeiros (20,60%) e nacionais (19,30%). O free float (ações negociadas
livremente no mercado de capitais é de 79,97%.)

Por ordem, assim está composto o capital total;


218

Demais acionistas estrangeiros 37,18%, Estado do Paraná 20,03%, Demais


acionistas 32,10%, Government of Singapore 2,86%, The Bank of Nova Scotia
2,93%, XP Long Biased Fim 2,87%, Itaú Phoenix Ações Fundo de Investimentos
1,58% e as Prefeituras municipais 0,45%. Os dados acima foram divulgados pela
Sanepar no Relatório de Administração do ano de 2018.
219

LIVRO: A Evolução do Saneamento do Paraná e em Foz do Iguaçu.

O autor:

SÉRGIO CAIMI

Nasceu no município de Laranjeiras do Sul – Pr., no dia 18 de


outubro de 1958. Casado com Zoraide da Silva Caimi, tem três
filhos, todos Iguasuenses, Janaína, Danielli e Sérgio Jr., Bacharel
em Ciências Econômicas, graduado pelo CESUFOZ no ano de
1999. Defendeu na Banca a monografia (Um Estudo Sobre Gestão
Ambiental na Sanepar de Foz do Iguaçu). É, Técnico em Controle
Ambiental com Ênfase em Gestão de Águas e resíduos.
Funcionário de Carreira da Companhia de Saneamento do Paraná
– SANEPAR, por 38 anos três meses e 28 dias. Exerceu os Cargos
de Gestão na Sanepar em Foz do Iguaçu: Supervisor Comercial e
de Distrito, Chefe do Escritório Regional de Foz do Iguaçu,
Coordenador de Processos Comerciais, Instrutor Comercial, Gerente Regional de Foz do Iguaçu,
Assessor de Diretoria de Operações. Coordenou e implantou o Projeto piloto de cobrança de
multas pecuniárias, Projeto Piloto do material PEAD, homologado pela Sanepar. De 02/01/01 à
04/04/2004, foi cedido para o Município de Foz do Iguaçu onde exerceu o cargo de Secretário
Municipal do Meio Ambiente e Serviços Urbanos. Presidente do COMAFI - (Conselho Municipal
do Meio Ambiente de Foz do Iguaçu). Colaborador na implantação dos seguintes projetos: SGA
– Sistema Gestão Ambiental – (International Organization for Standardization), ISO 14.001-
Versão 1999 e 2004, no Processo Comercial e Meio Ambiente, Programa de Gestão de Limpeza
Urbana, Coleta Seletiva em Foz do Iguaçu (Foz Recicla), Que Rio é Esse, Quero Beber dessa
Água, Criança Verde Esperança, Professor destaque Ambiental, Aterro Sanitário Controlado de
Foz do Iguaçu, Cooperativas dos Agentes Ambientais, Parque Ambiental Lago Remador (Omar
de Oliveira), Parque Ambiental da Vila A de Itaipu (Antônio Bordin), Autor do Artigo Técnico:
Satisfação dos Clientes- Revista Técnica – SANARE V.. 14 N. 14 de julho a dezembro de 2.000,
Programa de Combate à Perdas físicas de água em Foz do Iguaçu – MASP., com redução de
45,03% no ano de 2005, para 36,21% dezembro de 2010, (-8,88%) em 6 (seis) anos de gestão,
Projeto Piloto de Geração Distribuída de energia elétrica na ETE (Estação de Tratamento de
Esgotos Ouro Verde). Foi admitido na Sanepar no dia 03/05/1982.
220

BIBLIOGRAFIA SELECIONADA

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Brasília: Embrapa, 1994. 149p.

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das últimas décadas. Mundo Educação. São Paulo: 2018 f. 2. Disponível em:
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Médio e na África>.

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grego, hebraico e aramaico mediante versão dos Monges Beneditinos de Maredsous
(Bélgica) e organizado por Equipe editorial Ave-Maria. São Paulo. 2.224p.

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1996. 60f. Trabalho de graduação (Disciplina de Economia do Setor Público) - Curso
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Disponível em: <http://www2.uol.com.br/scaim/reportagens/o>.
223

GLOSSÁRIO

a.C. - Antes de Cristo

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

Adução - Extração de Água de um manancial (Rio/ lago)

– Um conjunto de tubulações, conexões, e peças necessárias para transporte


de água por conduto forçado, tendo normalmente, início em um conjunto
Adutora de água
motobomba ou reservatório de água e término em início de rede de
distribuição.

AKLP - Associação do Jardim Karla, Laranjeiras e Petrópolis

Andesitos Sul-
-Tipo de Rocha magmática, cujo nome deriva dos andes, montanhas.
Alatina

- Galerias subterrâneas ou expostas à superfície que servem para conduzir


Aqueduto
água.

- Consiste em um reservatório subterrâneo de água doce, considerado o maior


do mundo. Cerca de 70% dele estende-se por estados brasileiros, como Mato
Aquífero Guarani
Grosso e Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, bem como Paraguai, Argentina e Uruguai.

- Constitui-se no conjunto de terras delimitadas por um rio principal, seus


Bacia
afluentes e subafluentes. E é considerada a unidade territorial de planejamento
Hidrográfica
e gerenciamento das águas.

- Lodo de esgoto parte sólida, rica em nutrientes e matéria orgânica, que


BIOSSÓLIDO
resulta do tratamento de esgotos.

BNH - Banco Nacional de Habitação

- Complexo que retira água de uma rede de maior diâmetro e reforça o


Booster
abastecimento de uma região.

BTN - Bônus do Tesouro Nacional

Calcita - Nome que vem do Latim chalix, que significa cal.

- Dispositivo de medição de vazão em canais abertos de líquidos fluindo por


Calha Parshall
gravidade em uma estação de tratamento de esgoto.

Cenozoico - Era geológica que se iniciou há aproximadamente 65,5 milhões de anos.

Cobrança - Conjunto de Normas Administrativas para cobrança de multa de usuários que


Pecuniária burlam o registro de água no hidrômetro.

Cretáceo - Período de tempo correspondente a 145 a 65 milhões de anos.

-d.C. - Depois de Cristo.

DAE - Departamento de Água e Esgotos


224

- É um recipiente de fundo largo que limpa a impureza da água, separa os


Decantador
sedimentos.

- Removedor de areia é utilizado para retenção de areia e sólidos finos


Desarenador
abrasivos presentes no efluente (curso de água).

DN - Diâmetro Nominal, medida de um tubo por dentro.

EEB - Estação Elevatória de Água Bruta-

EET - Estação Elevatória de Água Tratada

ERCA - Escritório Regional de Cascavel

ETA - Estação de Tratamento de Água

ETE - Estação de Tratamento de Esgoto

Etológico

– São equipamentos mecânicos instalados nas câmaras para propiciar, pela


Floculador de
mistura em baixo gradiente, o aumento dos tamanhos dos flocos formados na
chicanas
coagulação.

Geométrico

- São solos minerais formados em condições de saturação com água,


Gleissolos
presentes principalmente em planícies ou várzeas inundáveis.

GRFI - Gerência Regional da Sanepar de Foz do Iguaçu.

IAP – Instituto Ambiental do Paraná

IARCE - Índice de atendimento com rede coletora de esgoto.

IARDA - Índice de atendimento com rede de distribuição de água.

IPL - Índice de perda de água por ligação.

ISSO - International Organization for Standardization – Sistema de Gestão Ambiental

- Constituem uma família de solos rasos, rochosos, colocados imediatamente


Itossolos
sobre a rocha.

Jurássico - Período compreendido entre -208 e – 144 milhões de anos. (a que sucede).

Jusante - O sentido da correnteza num corpo de água (da nascente para a foz).

L/S - Litros de Água por segundo.

- São solos minerais homogêneos, com pouca diferença entre os horizontes ou


Latossolos
camadas.

M3 - 1.000 litros de água

Mata Ciliar - Faixa de mata que protege nascentes e laterais de rios.

MCA - Metros de Coluna de Água


225

MDB - Movimento Democrático Brasileiro

Mesozoico - Era compreendida entre há 251 milhões de anos.

Montante - É um lugar situado acima do outro, em relação a um rio.

– Troca de íons, usados na remoção de odores, absorção de gases e


Natrolita empregado como amaciantes de água (troca o Ca da água pelo Na) e aditivo
em ração animal.

- Abreviação de Norma Brasileira. Trata-se de um conjunto de normas e


NBR
diretrizes de caráter técnico.

ORTN – Ordem do Tesouro Nacional.

OTN - Ordem do Tesouro Nacional

Paleozoico - Era compreendida entre há 542 milhões e 251 milhões de anos.

PDT - Partido Democrático Brasileiro

Planasa - Plano Nacional de Saneamento

PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro

PNQS - Prêmio da Qualidade em Saneamento

Proterozoica
- 2,5 bilhões e 542 milhões de anos. Metade do tempo de existência da Terra.
Superior

PSD - Partido da Social Democracia

PSD - Perda de água no Sistema Distribuidor

PSD12 - Perdas no Sistema Distribuidor acumulado em 12 meses.

PV - Poço de Visita

PVC - Policloreto de Vinila

RALF - Reator Anaeróbio de Lodo Fluidizado.

RAP - Reservatório de Água Apoiado

REL - Reservatório de Água Elevado

- Águas que podem ser destinadas ao abastecimento para consumo humano,


Rio Classe II
após tratamento convencional, destinada à pesca amadora e à recreação.

TA – Termo Aditivo

TA - Termo Aditivo ao Contrato de Concessão

Tecpar - Instituto de Tecnologia do Paraná

Tectônicas - São formações rochosas que cobrem o a superfície do planeta Terra.

Terras Devolutas - Originalmente eram terras da União não ocupadas (ou abandonadas).
226

Toleítico - É uma rocha com características gerais idênticas aos basaltos alcalinos.

UGL - Unidade de Gerenciamento de Lodo de esgoto pós tratamento.

Vila A - Conjunto Habitacional de Itaipu.

Vila B - Conjunto- Conjunto Habitacional B de Itaipu.

Vila C - Vila onde residiam os trabalhadores que construíram a Hidrelétrica de Itaipu


227

ANEXOS - INDICADORES DE SANEAMENTO DE CAPITAIS E OUTRAS CIDADES


DO BRASIL

INDICE DE TARIF
%
ATEND. %TO ATEND. PERDAS % A QUEM
CAPITALE POP. ESGOTO
TAL COM COM - MÉDIA OPERA O
OU CIDADE TOTAL TRATAD
ÁGUA ESGOTO Distribuiçã – R$- SISTEMA
O
o M3
São Paulo 12.106.920 99,30 96,30 61,84 35,48 3,86 Sabesp
Curitiba – Pr 1.908.359 100 99,99 93,99 39,46 4,33 Sanepar
Goiânia 1.466.105 99,62 92,52 68,77 22,53 5,55 Saneago
Palmas -TO 286.787 97,43 83,55 60,37 13,05 5,10 Saneatins
Campo
874.210 98,48 80,60 58,85 19,42 5,29 AG
Grande - Ms
Belo
Horizonte - 2.523.794 94,43 91,90 76,36 37,36 4,02 Copasa
Mg
Porto Alegre 1.438.941 100 90,23 50,37 24,98 3,97 Damae
Brasília 3.039.444 98,71 85,10 84,42 35,21 4,75 Caesb
Boa Vista 332.020 97,73 62,53 75,42 40,18 5,50 Caer
Salvador 2.953.986 89,30 78,88 100 53,07 4,30 Embasa
Rio de Cedae/Fabz
6.520.266 99,16 85,98 46,00 25,36 4,59
Janeiro o
Florianópoli
485.838 100 62,98 46,31 39,35 5,42 Casan
s
Vitória 363..140 92,32 76,48 74,73 33,21 3,91 Cesan
Cuiabá 590.118 98,12 53,52 29,27 59,22 4,05 Cab-Cuiabá
Aracaju 650.106 99,60 49,43 54,44 33,45 5,17 Deso
Olinda 390.771 96,74 45,13 52,53 62,70 3,44 Compesa
Maceió 1.029.129 91,62 30,91 31,45 39,01 3,51 Casal
Vila Velha 480.388 99,80 50,34 50,78 39,01 3,51 Cesan
Fortaleza 2.627.482 81,37 50,72 56,04 42,64 3,34 Gagece
Recife 1.633.697 85,85 42,60 74,41 61,16 4,24 Compesa
Natal 885.180 93,66 36,78 41,53 54,22 4,33 Caern
São Luiz 1.091.868 82,23 48,73 15,77 62,70 4,02 Caema
Teresina 850.198 94,31 18,40 15,85 47,54 3,37 Agespisa
Macapá 474.706 41,50 10,17 18,74 66,25 2,73 Caesa
Santarém 296.302 52,19 4,27 1,11 46,99 2,16 Cosapa/Pms
Manaus 2130260 89,26 12,25 47,57 44,15 5,63 MA
Porto Velho 519.436 31,78 4,58 2,55 70,88 4,66 Caerd
Fonte: Relatório do Siságua/esgoto – ano DE 2017
228

Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele treme de medo. Olha pra traz
para toda jornada que percorreu pelo longo caminho sinuoso que trilhou
através de florestas e povoados, e vê a sua frente um oceano tão vasto, que
estar nele nada mais é do que desaparecer para sempre, mas não há outra
maneira. O rio não pode voltar. Voltar é impossível na existência. O rio
precisa arriscar e entrar no oceano. Somente ao entrar no oceano o medo
irá desaparecer, porque apenas então o rio saberá que não se trata de
desaparecer no oceano, mas de tornar-se oceano. (OSHO, citado por Khalil
GIBRAN).

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