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O Júri
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Os meus espontâneos agradecimentos ao meu filho António Silva Roque por tudo que
fez e pelo que não fez na concretização do presente trabalho.
Henri-Iréné Marrou
Índice geral Pag.
INTRODUÇÃO........................................................................................ 8
CAPITULO I 11
1. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO 11
1.1 Santa Catarina no contexto nacional e o seu perfil…………………………….
CAPÍTULO II 14
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
A PARTICIPAÇÃO DE SANTA CATARINA NA LUTA PELA
4. 32
INDEPENDÊNCIA DE CABO VERDE............................................................
4.1 A ideia de consciência para a luta de libertação……………………………………. 32
4.2 Surgimento da ideia de assalto ao Pérola do Oceano…………………………….... 33
4.3 O assalto…………………………………………………………………….................... 34
4.4 Modos de sobrevivência na prisão…………………………………………………..… 38
4.5 O fim do pesadelo………………………………………………………………………... 39
4.6 Participação dos santacatarinenses noutras esferas da luta armada…………….. 40
CONCLUSÃO........................................................................................... 41
BIBLIOGRAFIA....................................................................................... 43
ANEXOS..................................................................................................... 44
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 8
INTRODUÇÃO
Este tema vai debruçar sobre um facto histórico, que encerra uma densidade
politico-social que terá contribuindo para a sua fixação na memória colectiva da
população de Santiago.
Assim sendo, constitui nosso propósito, analisar este projecto, clarificando os diversos
momentos que o enformam.
Procuremos lançar pistas sobre determinadas questões que a nossa sociedade santiaguense e
cabo-verdiana desconhece, nomeadamente a camada jovem que, pouco ou quase nada sabem
da história da luta de libertação nacional, bem como dos homens que deram a vida em prol
duma sociedade mais justa, livre da pressão colonial. Focalizaremos determinados aspectos da
participação dos santacatarinenses no processo de luta de libertação, e apontaremos entre
outros casos, os de maior magnitude, com destaque particular, por exemplo, para uma
situação de grande magnitude que é o caso do assalto ao barco “Pérola do Oceano”, navio de
cabotagem a motor que na altura fazia trajecto Praia/Fogo/Brava ocorrido em 1970, na noite
de 19 para 20 de Agosto, por um grupo de 13 jovens com idade compreendida entre os 20 e os
30 anos.
Porém, o grupo foi descoberto, o que fez com que todos fossem presos em Rincão-
Santa Catarina e mais tarde encarcerados na cadeia civil da Praia, e sete meses mais tarde
transferidos para o Campo de Concentração no Tarrafal.
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 9
O tema que ora se apresenta constitui para nós um desafio aliciante por constituir uma
oportunidade para lançar luzes, ainda que de forma modesta, sobre um dos momentos
significativos da nossa história. Outrossim constitui ensejo para focalizar de forma particular
o contributo dos santacarinenses no processo de luta pela emancipação da nação cabo-
verdiana.
As figuras invocadas neste opúsculo pertencem a uma geração que se recusou deixar
silenciar pela opressão e o arbítrio da dominação estrangeira. São a expressão da nossa revolta
colectiva, e souberam condensar a aspiração do povo cabo-verdiano em tempo oportuno.
Assim o nosso contributo vai no sentido de resgatar do baú de esquecimento as figuras e os
factos que marcaram a nossa trajectória, com a entrega incondicional de vários cabo-
verdianos, e de um modo particular dos santacatarinenses.
O trabalho que aqui se apresenta está esquematizado sobre os princípios que regem a
elaboração de uma monografia, de forma que respeita todos os preceitos norteadores de um
trabalho científico.
CAPÍTULO I
1.ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
De acordo com Henrique Santa Rita Vieira a génese de Santa Catarina de ponto vista
jurídico-administrativo está subjacente ao decreto de 17 de Dezembro de 1833. Pois através
desse decreto Manuel António Martins Geral da Urzela foi nomeado Prefeito. Nesta situação,
em 14 de Fevereiro de 1834, no dia imediato à sua posse transferiu a sede do Concelho da
cidade da Ribeira Grande, para a incipiente povoação dos Picos, na freguesia de S. Salvador
do Mundo, dando assim origem ao Concelho de Santa Catarina, ainda que não tivesse havido,
nessa altura, um diploma régio para sancionar a transferência. Observa o mesmo investigador
que esta fora uma “medida de grande alcance” para o desenvolvimento do interior de Santiago
como, de resto, as várias outras, em todo o país, que caracterizaram o espírito empreendedor
deste controverso personagem.
Julgamos saber que Picos não oferecia grandes condições para expansão do município,
já que os terrenos de cultivo não podiam ser sacrificados para o betão. O mesmo problema
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 12
punha-se em relação à Assomada, mas mesmo assim essa parcela deu origem a uma vila que
foi crescendo a ponto de hoje ostentar a categoria de cidade.
Santa Catarina enquanto Concelho esteve sob jurisdição do Tarrafal, até por volta de
1912 quando passou definitivamente a ostentar a categoria de concelho.
Situada quase no centro da ilha de Santiago, o Concelho de Santa Catarina para além
de ser um dos maiores da ilha e do país, tem uma população significativa com usos e
costumes a marcar a sua personalidade – base.
Dotado de terrenos férteis próprios para a prática agrícola, durante muito tempo foi
considerado celeiro de Cabo Verde. Ainda hoje ostenta essa fama, mas constata-se que as
sucessivas secas deixaram marcas na paisagem, e hoje em termos de produção agrícola Santa
Catarina está longe de ser o que fora outrora.
A riqueza ostentada nos séculos passados por causa da agricultura, foi de facto factor
determinante para aparição e projecção de uma elite que acabaria por exercer papel
preponderante no processo de desenvolvimento.
Essa elite aposta na educação dos seus mandando filhos para irem estudar em Lisboa,
no Seminário-Liceu de S. Nicolau, e mais tarde no Liceu Infante D. Henrique em S. Vicente,
que mais tarde passaria a ser Liceu Gil Eanes.
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 13
CAPÍTULO II
1
BALENO, IlídioCabral, Povoamento e Formação da Sociedade, in História Geral de Cabo Verde, pg 175 Vol 1
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 15
Em Cabo Verde como em qualquer parte do mundo sempre existiu a tendência para
imitar os aspectos culturais que povos mais “ desenvolvidos”, economicamente e uma certa
propensão para seguir, a par e passo, as suas preferências estéticas. Nesta ordem de ideias,
completada pela facilidades de transporte, pela acção dos meios de comunicação que
veiculam novos hábitos, novas concepções filosóficas de vida, assiste-se a uma amálgama de
novas experiências que resultam em parte num enriquecimento da cultura nacional.
Numa outra perspectiva há que se reconhecer o papel que o ensino exerceu entre nós.
Como se sabe nos primórdios da colonização, o ensino estava a cargo da igreja.
O papel do ensino em Cabo Verde, quando comparado com o resto das colónias
portuguesas, acaba por ganhar uma certa notoriedade, pois, só em fins do século XIX e
princípios do século XX essas colónias esboçaram o plano para a criação das escolas
primárias. Todos esses ingredientes que acabámos de apontar são, sem dúvidas, argumentos a
favor de uma tese: a existência de uma nação, e o seu despertar para uma nova consciência.
Não é de admirar que a trajectória de Cabo Verde fosse esta realidade que vivemos e
não outra. No contexto da África lusófona antecipamos até o processo de abertura política.
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 16
Por outro lado, o facto de termos constituído em nação, antes do Estado, significa que o nosso
processo histórico tem particularidades que requerem uma abordagem cuidada, pois a
densidade dos factos constitui um verdadeiro desafio para quem queira compreender de facto
a realidade. Estes e outros factos não são obra do acaso, são antes de mais resultado de um
processos evolutivo assente nos factores ensino tão cedo instalado entre nós, na questão da
emigração como elemento modelador da nossa personalidade base, e noutros factores de
idêntica importância.
Apontando estes factos, e situando agora num contexto temporal específico, somos a
afirmar que na segunda metade do século XIX e princípios do Século XX o número reduzido
do elemento europeu permitiu que Cabo Verde caminhasse para uma síntese cultural. A elite
crioula não pôde furtar-se a uma certa ambiguidade, não só cultural, mas também política,
pelo facto de se situar social e culturalmente entre o colonizador e a grande massa de
colonizados. Esta situação reflectiu-se na obra dos escritores da época, e continua a projectar-
se ainda nos dias de hoje no campo da política, quando diversos actores se posicionam a favor
de aproximação Cabo Verde / União Europeia e a eventual saída da CEDEAO.
Apesar dessas ambiguidades seculares, Cabo Verde foi capaz de assumir a sua
identidade, e atesta tal facto os feitos heróicos relacionados com a luta de libertação que foi o
verdadeiro despertar para uma nova consciência nacional.
O despertar de uma nova consciência nacional vai ter como mola o conjunto de
factores atrás referidos, mas a verdade é que outros, como é óbvio, prenhes de subjectivismo,
vão engendrar uma concepção filosófica de vida alimentada sobretudo por aqueles que tinham
algum lucidez sobre a situação interna do país. Na década de 50, Cabo Verde já tinha
ultrapassado as situações mais dramáticas, mas estava intacta na memória colectiva do povo
das ilhas as consequências nefastas desse período.
As últimas grandes crises tinham-se verificado em 1941, 42, 47 e 48, algumas com
violência tal a ponto de a população, avaliada, em 1939 em 174 mil pessoas, cair, em 1950,
para 139 mil. Somente a de Santiago, a ilha mais populosa do arquipélago, perde entre 1946 e
1948, 65 por cento dos seus habitantes2
2
História Geral de Cabo Verde, vol. I, pg 14, Instituto de Investigação Cientifica Tropical e Direcção Geral
do Património Cultural de Cabo Verde, Lisboa, 1991
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 17
3
FERREIRA Manuel, Compilação Revista CLARIDADE, 1ª edição, Lisboa, 1986
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 18
A geração da Claridade ao revelar o gosto pelas fontes tradicionais, acabou por colocar
o acento na mestiçagem assumindo-se como portador de uma identidade própria. As bases
culturais nem estavam na África, nem na Europa, mas sim no solo pátrio. Todavia não
podemos de modo nenhum deixar de reconhecer que “as viagens” que os claridosos fizeram à
Africa com os seus estudos de carácter etnográfico. E o mérito da Claridade vai para o estudo
das nossas raízes. Quando na década de 50 um grande número de naturais do arquipélago de
Cabo Verde é levado para as plantações de S. Tomé e Príncipe e Angola, em regime de semi-
escravidão, alguns intelectuais cabo-verdianos se posicionaram e reagem a favor do povo.
Curiosamente a revista Claridade não fez revelar nenhum escritor originário de Santa
Catarina, mas a verdade é que essa parcela do território nacional serviu como laboratório de
experiência, pois foi publicada nessa revista, um trabalho de recolha de carácter etnográfico,
dando conta da autenticidade da linguagem e do esquema de pensamento do homem do
interior. Gabriel Mariano, jovem poeta originário de S. Nicolau, que teve contactos com a ilha
de Santiago, em vários trabalhos de carácter telúrico bebe na experiência do interior, o que
prova uma vez mais a vitalidade cultural do interior de Santiago.
Para a geração de 40/ 60 tornou-se evidente que para se encontrar a plena identidade
não bastava a libertação política. Impunha-se igualmente a valorização de todas as facetas de
cultura do colonizado, sobretudo aqueles traços culturais que geraram nele complexos de
inferioridade em relação à cultura do colonizador.
É de crer que esta atitude ousada de Amílcar Cabral em questionar através do Boletim
de Cabo Verde, e outros canais de comunicação como a Rádio Clube da Praia, é um firme
indicador da sua disponibilidade em se transformar como um dos combatentes da realidade
colonial, facto comprovado pouco tempo depois, já que o término do seu curso no ramo de
Engenharia Agrónomo coincide com a sua entrada de forma irreversível na política que só
conheceria o seu fim na madrugada de 20 de Janeiro quando foi barbaramente assassinado
pelas forças inimigas.
4
Graças às pressões do PAIGC, o governo salazarista introduziu em 1968 o pré-primário como medida de
garantir mais qualidade do ensino, e mandou construir mais escolas primárias em diversas ilhas
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 20
Como motivação desses conflitos vários factores são apontados como por exemplo a
prepotência, o abuso do poder, a exploração até exaustão da condição das massas populares
que viviam em situação permanente de inferioridade.
5
BARCELOS Senna, Subsídios para a história de Cabo verde e Guiné, parte III, pg 42
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 21
Face à situação descrita, ao longo da nossa trajectória histórica vamos encontrar várias
revoltas sociais com diversas motivações, mas com um denominador comum: a luta pela
dignidade. É de crer que os motins registados não foram actos de arruaças tão comuns entre
outros povos. Não foram as diferenças étnicas, nem religiosas que mantiveram a chamadas
revoltas.
Com o triunfo do liberalismo em Portugal, Cabo Verde não fica fora das mudanças de
atitude decorrentes das alterações politico-institucionais.
A pedido da Junta, ouvidos os morgados, o Bispo com uma pastoral tentaram demover
os rendeiros. Estes armaram-se e ocuparam a Ribeira. As autoridades acabaram-se por render
não enviado qualquer força porque reconheceram logo de seguida que “a guarda da praça era
composta, em grande parte, de soldados mais ou menos aparentados com os sublevados”7.
6
BARCELOS, op. Cit, parte III, pg 228
7
BARCELOS, op.cit, parte III, pg 280
8
BARCELOS, op. Cit, parte III, pg 290
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 22
há um ano atrás. Estes factos para alem de denotarem a luta pela dignidade, revelam o desejo,
ainda que inconsciente, da luta pela soberania.
Volvidos duas décadas após a da revolta da Ribeira dos Engenhos, numa propriedade
da mesma ilha assiste a uma nova revolta, com as mesmas motivações. Desta vez o palco do
motim é Achada Falcão. Circulava em Santiago, em 1840, a ideia “ que se tinha decretado no
reino a extinção dos morgadios e que a Coroa distribuiria pelos habitantes as terras em poder
dos morgados, e só ela cobraria dali para o futuro os dízimos”9.
O cenário de tensão em Cabo Verde é distendido por algum tempo, e já em 1910 com
a implantação da República os ventos da mudança sopram em Cabo Verde. Uma vez mais, os
camponeses procuram tirar proveito da viragem histórica, e a 12 de Novembro desse ano, os
camponeses de Ribeirão Manuel insurgem contra os morgados que os impediam de colher as
sementes de purgueira, na altura eram de grande valor comercial. Com os fundamentos de que
a “terra era de todos” os camponeses revoltaram-se contra os morgados, só que desta vez
Marinha de Campos, então governador, um republicano convicto, para o espanto e surpresa de
todos coloca-se ao lado dos rendeiros, e dos camponeses de um modo geral. As consequências
dessa revolta são de todos conhecidos, já que é a revolta popular que mais ficou impregnada
na memória colectiva do arquipélago, tendo ficado conhecida como a revolta de “homi faca
mudjer matchadu.”
Várias pessoas ficaram detidas, e as forças militares tentaram reprimir a população que
todavia não se desarmou demonstrando resistência até ao culminar do processo.
Convém realçar que a ilha de Santiago não foi o único palco de motins, pois em
diversas ilhas outros tiveram lugar, como é o caso das ilhas do Sal, S Vicente, S. Nicolau,
Santo Antão, Fogo e Brava. Refira-se que a 21 de Maio de 1847 os escravos da “ Casa
9
BARCELOS, op. Cit, parte IV, pg 275
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 23
Este conjunto de situações que temos vindo a apontar, Santa Catarina como palco de
algumas actividades subversivas ( revoltas sociais) atestam que essa parcela de território
serviu como “ uma panela onde se fermentou o desejo de luta de libertação , e a consequente
conquista da soberania.
10
É de se referir que na época da escravatura juridicamente o escravo não era um homem. Era tratado neste
quadro como sendo uma peça. Aliás os despachos alfandegários referiam-se a escravos como peças, já que como
se disse atrás o escravo não era juridicamente considerado um ser humano.
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 24
CAPITULO III
Após esse quadro político, somos a admitir que o processo de afirmação do PAIGC foi
sinuoso. Fundado clandestinamente em 1956, o partido, a principio, tentou chegar á
independência por meios pacíficos, utilizando como arma exclusiva, a diplomacia. Depois do
massacre de Pedjiguiti, em 1959, qualquer ilusão a este respeito foi dissipada e a única
solução vislumbrada foi a luta armada.
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 25
O PAIGC acabou por assumir como defensor das duas nações, pretendendo-se um
partido democrático, progressista, anti-colonialista e anti-imperialista. Possuindo aliados
como os países socialistas e os movimentos operários de vários países da Europa, América e
Ásia, o partido colocava-se, segundo o seu Secretário-Geral, contra o colonialismo e não
contra o povo português
Fundado que foi o P.A.I.G.C em 1956, parece começar a desenvolver-se uma atitude
mais firme contra o poder colonial, e nasce no espírito de muitos uma certa “ nostalgia” de
luta e um sentido de entrega à uma causa que tinha motivações nobres. O teatro de guerra vai
ter como palco Guiné-Bissau, país onde se encontrava cabo-verdianos com elevado grau de
influência, e de capacidade moral e intelectual.
11
CUNHA, Silva, O Ultramar, a Nação e o 25 de Abril, Coimbra, Atlântida, 1977
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 26
O P A.I.G.C vai definir o seu programa de luta, e os ideias que norteavam a formação
política, e vai encontrar no bloco socialista e nos países africanos “progressistas” – Guiné
Conakri e Argélia sobretudo - os seus principais aliados, que o financiam e armam. A
conjuntura internacional é favorável e o empreendimento levado a cabo por Amílcar Cabral,
enfrenta naturalmente obstáculos, mas a verdade é que a conjuntura vai determinar conquistas
importantes, tanto é que Amílcar Cabral foi recebido pelo Papa, e chegou mesmo a discursar
na O.N.U. assumindo a ideia de que a sua corporação era constituída por “ soldados da paz”.
Em 1960 ao tomar conhecimento de que corria o risco de ser preso, até porque o plano
da sua detenção já existia, foge para Senegal, torna-se um político errante pelas terras da
África. Com o verbo dos activistas políticos disseminados entre Praia e Mindelo, muitos
jovens aperceberam-se dos fundamentos da luta armada, e várias iniciativas, ainda que de
forma velada, foram ganhando corpo. Em 1960 Rolando Vera-cruz Martins, Mário Fonseca e
Arménio Vieira fundam a revista Selo, instrumento literário, mas com propósito político, que
alertados os agentes da P.I.D.E e da Censura fez logo silenciar, tendo saído apenas um
número.
Segundo Aristides Pereira no seu livro O Meu Testemunho – Uma luta, um Partido e
dois Países, uma greve de (3 de Agosto de 1959) dos trabalhadores do cais de Bissau
(Pidjiguiti), que se saldou na morte de mais de 50 marinheiros, acabou por reforçar a
consciência nacionalista, e do lado do PAIGC, a necessidade de proceder a uma mobilização
do campesinato para a luta armada.
Essa ideia de mobilizar os homens do campo resulta da ideia de que o poder colonial tinha
mais força e expressão na cidade, e no campo dado às dificuldades inerentes à vida do
agricultor desprovido de meios económicos e financeiros, era mais fácil fazer-lhe
compreender da necessidade de travar a luta contra aquele que anos sem conta o vinha
explorando. A estratégia terá resultado, mas a verdade é que o PAICV esteve condicionado
por algum tempo pelo seu carácter ainda embrionário. Depois do início da luta armada
enfrentou problemas organizacionais, que de acordo com Aristides Maria Pereira, ainda na
mesma obra, considera que tal situação está “ ligado ao comportamento reprovável de alguns
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 28
quadros responsáveis que actuavam em diversas zonas, fazendo perigar as conquista que o
partido tinha alcançado desde a sua fundação. Advoga o mesmo analista que “ essa situação
requeria a introdução de ajustamentos e correcções imprescindíveis ao avanço da luta12.
Não terá sido fácil o empreendimento da luta de libertação levado a cabo pela força
independentista, pois desmontar o esquema de alienação que o poder colonial conseguiu forjar
durante séculos no espírito do africano, criando nele sentido de inferioridade em relação ao
colono, seria tarefa ingente, mas que o PAIGC não podia deixar de travar.
12
PEREIRA, Aristides O meu Testemunho uma luta um partido dois países, Editorial Notícias, 1 edição, Lisboa,
2003
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 29
Durante esta trajectória da luta de libertação, apesar de intensos esforços feito pelos
activista políticos afectos ao PAIGC, a polícia política desafiada, mantinha todavia
operacional o seu esquema de perseguir, amedrontar e aprisionar nas masmorras do Tarrafal,
o campo de concentração criado em 1936 para silenciar todos aqueles que se opunha ao
regime de António Oliveira Salazar ditador e Presidente da República Portuguesaque chegou
ao poder em 1928 através de um golpe de Estado.
Na posse de armas doadas por Marrocos, e rejeitadas que foram por Lisboa as
propostas de Cabral, o movimento independentista da Guiné-Bissau entrou no mato dando
corpo ao processo de luta armada. Com apoio da Guiné Conakri, Senegal, Argélia, China e
União Soviética, entre outros, em pouco tempo o movimento consegue resultados satisfatórios
passando a dominar várias zonas da Guiné-Bissau.
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 30
No seu livro Crónica de Libertação Luís Cabral advoga que “ as forças colonialistas
encontravam-se incapazes de reagir; foram surpreendidos pelo aparecimento de armas
automáticas potentes em várias zonas do país e tiveram muitas baixas”13
Este relato jornalístico que cita fontes ligadas ao movimento independentista prova-
nos que de facto iniciativas apontavam no sentido de fazer Cabo Verde um dos palcos para o
teatro da guerra. Estudo táctico sobre o assunto selou para sempre a hipótese, pois a natureza
insular podia funcionar como um constrangimento, e elemento determinante para uma derrota
militar dos homens do P.A.I.G.C.
13
CABRAL, Luís, op. Cit., P. 145 cr Crónica de Libertação
14
LOPES VICENTE, José. Os Bastidores da Independência, 2 ª edição, Spleen edições, Praia, 2002
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 31
O que podemos garantir é que o facto de Cabo Verde não ter servido como palco de
guerra, não deixa de ter importância na luta de libertação, já que deu capital humano para
enformar o corpo de guerra e lutar pela soberania das duas nações. Está provado que o papel
de Cabo Verde neste processo foi de grande relevância, pois as estratégias da luta armada
tinham todos a relação umbilical com o arquipélago.
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 32
CAPITULO IV
ventos de mudança que sopravam por todos os lados, com impérios franceses e ingleses a
desmoronarem-se, enfim seria também em consequência o desmoronamento do império
português que estava de pé em virtude das intransigência e teimosia de António Oliveira
Salazar e os seus mais directos colaboradores.
Mas as causas do surgimento dessa ideia ultrapassam dados objectivos, para entrar no
domínio do subjectivismo, isto no lado do abstracto.
Ora, em 1970, vivia-se em Cabo Verde um momento especial. A luta armada ia-se na
sua fase mais avançada de conquistas, e como soe dizer a procissão ia-se no adro.
Assim sendo os cabo-verdianos tinham convicções fortes de que a vitória era certa.
Por outro lado as calamidades que iam marcando o país: o excesso de pobreza, o
analfabetismo, as secas intermináveis, a emigração forçada, enfim um rol de problemas assim
conjugados estavam a ser determinados na conduta daqueles que queriam de facto a libertação
total das ilhas de Cabo Verde. O que é certo é que o assalto ao Pérola do Oceano não atingiu
os objectivos traçados, mas a verdade é que serviu para junto da comunidade nacional reforçar
o sentido de luta que teria de ter por base o nacionalismo.
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 34
4.3 O assalto
José Bruno Spencer em artigo editado pelo jornal Horizonte considera que “ a história
do assalto ao Pérola de Oceano é cheia de contradições e muito se falou sobre se a intenção
era mesmo levar a embarcação para fora de Cabo Verde ou se pretendia outro objectivo. O
mesmo articulista, reconhece no entanto, que “ o caso do Pérola de Oceano constitui uma das
mais importantes cenas da história da época colonial de Cabo Verde”, para logo de seguida
sugerir “ mais investigações para que se saiba mais sobre o que realmente se passou.
O grupo de protagonistas deste feito era constituído por Alberto Gomes Semedo,
Ananias Gomes Cabral, António Pedro da Rosa, Arlindo Gomes dos Reis, Arsénio Vaz
Semedo, Benévolo Borges Furtado, Eugénio Borges Furtado, Ivo Pereira, João Augusto
Macedo, Joaquim Mendes Correia, Juvêncio da Veiga, Luís Furtado Mendonça, Martinho
Gomes Tavares, Sérgio dos Reis Furtado. Dessa longa lista apenas três já não fazem parte do
mundo dos vivos. Os restantes, ostentam a categoria de combatentes da liberdade da Pátria.
directa de dois destacados activistas do PAIGC – Pedro Martins e Ivo Pereira. Foi assim que
Arlindo Gomes dos Reis Borges começa a desenvolver o seu sentido de militância, a ponto de
incorporar o grupo dos assaltantes que pretendiam desviar o barco para Senegal. Integrado no
grupo dirige-se à Praia onde ia tomar o barco. Chegado ali e integrado no grupo comprou
bilhete com destino à ilha do Fogo.
Entraram no navio e momentos depois deste sulcar as águas, fizeram aparição fardada
e munidos de armas de pequeno calibre, e uma bandeira do PAIGC. Cada um na corporação
tinha o seu posto e categoria, e Arlindo dos Reis Borges era 1º Sargento de Arrecadação. O
comandante era o Sr. José dos Reis Borges, seu primo, que tinha por missão prender o
comandante do navio e dar-lhe instruções sobre o rumo. Foi assim que Sérgio Pereira e José
dos Reis Borges actuaram. Dirigiram-se para cabine e ali prenderam o homem do leme, mas
tinha por missão continuar a viagem como o único piloto. Observadas as normas definidas
pelos assaltantes, o pavor apoderou-se dos ocupantes, e um passageiro (nhô Maninho) que
tinha como destino a ilha do Fogo caiu no mar. O comandante tentou, em vão, recuperar o
corpo, mas de facto este estava irremediavelmente perdido. O sucedido teve lugar na
localidade de Ribeirão Porco, anota Arlindo Reis Borges, considerando ser este um caso de
triste memória porquanto o objectivo dos assaltantes não era fazer ninguém perder vida. “ O
nosso propósito era fazer desviar o barco para Senegal e partir dali juntar à força
independentista PAIGC e libertar o país das garras da maldição, conclui, para retomar o fio à
meada dizendo que eles (os assaltantes) tinham mapa e algum sentido de orientação. Sabiam,
por exemplo, que a partir do farol da ponta temerosa (Praia) traçado 15 º (quinze graus) o
barco podia atingir Senegal. Logo de seguida, e sem resistência, o comandante que havia
obedecido as instruções assegurou-lhes que seguia a viagem com o rumo ora definido, mas o
combustível era insuficiente para a trajectória pretendida. Foi assim que foi reformulado o
rumo, e Rincão (porto de Santa Catarina) foi o destino.
Chegados ali o objectivo era procurar meios para abastecer o navio de combustível. De
acordo com o nosso informante verificou-se uma espécie de cisão no seio do grupo. Uns em
debandada com medo da Pide, outros mantiveram-se firmes nos seus postos. A notícia corre
célere, e a PIDE alertada, actua de imediato pondo fim à aventura, que hoje no entender de
Arlindo Reis Borges, apesar de atribuir grande significado ao acto, não deixa de reconhecer
falhas na estratégia. A viagem que tinha por objectivo alcançar o porto de Dakar terminara
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 36
nas grades da prisão. Ficou, ele e os companheiros, na Cidade da Praia, e mais tarde
transferidos para as masmorras do Tarrafal.
Como foi referido atrás, a PIDE, alertada, actuou repentinamente e as Forças Armadas
foram convocadas para deter os “ terroristas”. Levaram-nos via marítima até à Praia, e ali
passaram sete meses. Transferidos que foram para o Tarrafal ali permaneceram mais três
anos. A “soltura” verificou-se logo após 25 de Abril, mais precisamente a 1 de Maio de 1974.
Instalados no “campo de morte lenta” ali estabeleceram contactos com outros presos
políticos nomeadamente Lineu Miranda, Carlos Tavares e Fernando Tavares. Este último
também foi alvo do nosso inquérito. Comunicativo por excelência, e homem que se define por
“ carneiro de convicções fortes” diz não ter participado no assalto porque nessa altura estava
já preso no Tarrafal sob acusação de ser “ terrorista a soldo do comunismo internacional”.
Entre gargalhadas irónicas diz ter gostado do epíteto, até porque considera-se “partidário de
pão e palavra para todos”.
Pondo de lado as tiradas irónicas, Fernando Tavares assegura que na prisão os presos
políticos trocavam ideias, ainda que em voz sussurrada, sobre os ideais da luta de libertação.
Mantinham contactos externos através de cartas que passavam pelas mãos de alguns guardas “
profundamente humanos”. A restrição era entrar em contacto com os presos de delito comum.
“ Essa restrição não nos afectou em nada, porque tínhamos outros propósitos, e sempre foi
possível fazer combate político mesmo na cadeia”, finaliza avaliando o caso de Pérola de
Oceano como um dos momentos de significado histórico na luta de libertação.
relacionados com o PAIGC. A sua principal missão a bordo foi a de guardar o dono do Pérola
do Oceano António Lubrano, para o que vestia uma farda de Alferes do PAIGC e empunhava
um revólver”. Sobre o mesmo pesa outras acusações como por exemplo, de ter assistido ao
caso de falsificação de documento do Comandante dos Assaltantes José dos Reis Borges.
Ainda recai a acusação de estar a preparar assalto ao campo de concentração do Tarrafal.
A verdade é que António Pedro Rosa não era uma figura qualquer. Tinha prestado
serviço militar na Praia, e era detentor de 4ºclasse o que para altura era um nível académico de
luxo. Influenciado pelos companheiros Ivo Pereira (Fefa) e Pedro Martins foi lendo o ideário
do PAIGC.
António Pedro Rosa enquanto inquirido defende que o assalto a Pérola de Oceano
resulta no simples facto de ser um barco mais fácil de ser assaltado usando a estratégia de
comprar passagens com destino a Fogo. Assume ter sido de facto ele o guarda do dono do
barco aquando do assalto, e assumia a função de Alferes.
No prelúdio da sua narração, António Pedro Rosa avança os arranjos do assalto. Seu
companheiro Arlindo Gomes dos Reis Borges, sendo costureiro de profissão foi ele quem
confeccionou as fardas, explica para acrescentar que tudo o que diz respeito ao assalto foi
preparado nas reuniões de Achada Falcão e Cruz Grande. Com convicção afirma de que o
destino era Senegal donde iria ser traçado o rumo para Guiné-Bissau. Partilha da opinião do
seu colega Arlindo dos Reis Borges que a falta de combustível esteve na origem do regresso a
Rincão. Chegados ali, salienta que José dos reis Borges (Comandante) e João Augusto
Macedo, seu sobrinho, decidiram ir comprar combustível em Assomada. A caminho dado ao
amanhecer e com notícias de que o barco não tinha chegado nem ao Fogo, nem à Brava. Com
a autoridade alertada, foram provavelmente interceptados.
Em relação ao abandono do “posto”, António Pedro da Rosa considera que esse acto
de abandono tem a ver com o simples facto de que com o ancoramento o perigo de cair nas
malhas da PIDE era iminente, e esclarece que os que ficaram tem a ver com o facto de
estarem enjoados e sem capacidade para reagir.
Falando do “Comandante” José dos Reis Borges, seu primo, António Pedro Rosa não
tem papas na língua em considerar que esse senhor “ fez teatro”, era instrumento da PIDE, e
A Participação de Santa Catarina – Santiago de Cabo Verde – na Luta da Libertação Nacional 38
conseguiu ludibriá-los para assaltar o barco sob o seu comando. Aponta o exemplo deste ter
sido “ preso” na Praia (preso com estatuto especial), para seis meses depois seguir rumo a
Portugal e mais tarde França, ao lado da sua mulher. Sobre este assunto Arlindo dos Reis
Borges não levanta véu, limitando-se apenas a dizer que ele é primo do suposto Comandante.
Embora o campo de concentração fosse uma espécie de Câmara de Morte lenta, havia
momentos de lazer que consistia em jogar às cartas, oril, e oportunidade para uma cavaqueira,
regra geral sobre a política, e o sonho de um novo “amanhecer”. Havia uma hora por dia para
tomarem um banho de sol, e a partir daí o cenário era outro. Embora vigiados por uma polícia
zelosa, mas mesmo assim era possível, como se disse atrás, uma cavaqueira.
Apesar da convergência de ideias sobre esta matéria, António Pedro Rosa dramatiza o
problema de sobrevivência na cadeia. O nosso inquirido considera que a situação era
degradante, e a esperança de vida era cada vez mais reduzida. Mesma opinião tem Arlindo
Gomes dos Reis Borges que considera que “ não havia como chegar ao estádio da libertação
se não houvesse outros combatentes da liberdade da pátria a libertar noutras frentes”. O que
somos a confirmar é que os relatos de condições sub – humanas a que estavam sujeitos os
presos apontam para um caso dramático, sem paralelo, que a PIDE estava interessada a
perpetrar.
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Não é de estranhar tal situação, já que a ideia era aniquilar e amordaçar aqueles que
tinham o ideal de libertação. Basta ver a acção da PIDE em Cabo Verde, bem como o seu
ideário para se concluir que não se tratava de uma polícia científica, nem de uma polícia
romântica.
Vendo a questão num ângulo abrangente, somos a dizer que no quadro da luta de
libertação, na senda dos esforços consentidos para alterar a situação militar estacionária, o
PAIGC procurou introduzir meios bélicos sofisticados, incluindo blindados, mísseis
antiaéreos e até aviação no sentido de garantir a flagelação do inimigo. Tal desiderato foi
atingido e a tropa inimiga foi-se recuando, aos poucos, devagar, a ponto de PAIGC ter tomado
o controlo total da situação.
Em 1974 a luta estava a culminar, e só restava esforços diplomáticos com várias delegações
de Alto Nível a tentar equacionar o problema da descolonização.
Face a este cenário, estamos autorizados a concluir que de facto 5 de Julho de 1975 foi
o corolário da liberdade e de prelúdio de um Cabo Verde próspero.
CONCLUSÃO
Movido pelos sentimento patriótico muitos jovens de Santa Catarina decidiram aderir
à luta armada, tendo muitos sucumbido nas frentes de batalha diante do inimigo. Outros
resistiram heroicamente, e constituem hoje a plêiade de homens referência da nação.
Julgamos ser fundamental, que à medida que os cabo-verdianos se tornem cada vez
mais maduros, e à medida que vão ganhando mais lucidez em relação à sua própria história, e
reconhecer os momentos significativos da sua trajectória, assumir uma atitude de orgulho por
ter como pilares da sua história figuras de tão elevado quilate moral, cívico e intelectual.
Com o termino deste trabalho cientifico que refata, chagaram as seguintes anotações.
Após dezanove anos de luta em comum, os povos da Guiné Bissau e de cabo Verde
conseguiram o seu reconhecimento internacional como Estados soberanos.
Após uma “luta titânica” travada internamente entre o PAIGC que assumia ser guia e
luz da nação, essa força conseguiu afastar a U.P.I.C-CV e a U.D.C da luta pelo poder,
e instalou-se no poder durante 15 anos, até 13 de Janeiro de 1991, altura em que foram
realizadas as primeiras eleições livres, através do voto directo, universal e secreto.
A 16 de Setembro do mesmo ano Cabo Verde foi admitido nas Nações Unidas. O
resultado destas acções que culminaram com a independência de Cabo Verde, com
admissão do país como membro de pelo direito no seio da ONU, são frutos do labor
do homem cabo-verdiano e guineense que guiados pela mesma causa lutaram para
afirmação dos dois países no concerto das nações.
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BIBLIOGRAFIA
AMARAL, Ilídio. Santiago da Cabo Verde, a terra e os homens. Lisboa: Tipografia
Minerva, 1964
Entrevista
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7. Não tendo sido possível a viagem, o barco muda de rota para Rincão?
Sim Não
8. Chegados ali houve denúncia, houve cisão no seio do grupo, como é que afinal se
processou o problema?
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Sim Não
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Sim Não