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Caros leitores,

Este livro é resultado de uma iniciativa que visa valorizar e

celebrar a rica produção poética local da cidade de Volta Redonda,

assim como a diversidade de vozes que compõem a nossa

cidade. Através das páginas deste sarau poético, buscamos

transmitir a essência e as emoções vividas durante o processo

de independência, um marco histórico que marcou a identidade

de nossa comunidade, do qual comemoramos o bicentenário da

idenpendência.

O livro “Sarau Grito pela Independência” está organizado de

forma a proporcionar uma experiência de leitura significativa. Os

poemas estão agrupados em capítulos temáticos, que abordam

diversas facetas desse importante período histórico. Além disso,

cada poeta selecionado recebeu uma breve apresentação,

destacando seu estilo poético e as temáticas abordadas em

suas obras. Ilustrações e fotografias complementam as poesias,

enriquecendo ainda mais a experiência visual e emocional

proporcionada por esta obra.

3
4
Gostaríamos de convidar todos vocês a embarcarem nesta

jornada poética, explorando as diferentes vozes e perspectivas

presentes em “Sarau Grito pela Independência”. Através da

leitura, mergulhem nas emoções e reflexões que esses versos

despertarão em seus corações e mentes.

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6
Agradecemos imensamente à SECEC RJ por seu apoio e

financiamento, que tornaram possível a realização deste livro.

Seu compromisso em promover e incentivar a cultura em nosso

estado é inestimável. Agradecemos também aos poetas de Volta

Redonda por compartilharem suas palavras e emoções conosco,

e à comissão de seleção por seu trabalho dedicado e criterioso.

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Índice
Introdução
........................................................................................................ 10

José Huguenin ............................................................................................... 12


I ..................................................................................................................... 14
II ..................................................................................................................... 15
III ..................................................................................................................... 16
IV ..................................................................................................................... 17
V ..................................................................................................................... 18
VI ..................................................................................................................... 19
VII ..................................................................................................................... 20

Gíglio ................................................................................................................. 21
E eu um dia escrevia poemas políticos .................................................. 23
Independente de qualquer coisa ............................................................. 24
Brisa com Chocolate! ................................................................................... 25
Que independência tenho ........................................................................... 26
O menino é indepedente ............................................................................. 27

Mateus Brandão ........................................................................................... 28


Nosso País ..................................................................................................... 30
Destino Agora ................................................................................................. 31
País Nação ..................................................................................................... 32
Vida ................................................................................................................. 33
Grito ................................................................................................................... 34

Jean Carlos Gomes ...................................................................................... 35


Independência ou Dependência? ............................................................. 37

Marcorelio de Andrade................................................................................. 38
Brasil ................................................................................................................. 40
Liberdade ........................................................................................................ 41
Educação é Liberdade ................................................................................ 42
Trabalho e Direito .......................................................................................... 44
Greve ................................................................................................................. 46

8
Camila Cabral ............................................................................................. 48
Renovação da independência ............................................................... 50
Seja livre de ti mesmo ............................................................................... 51
Ode em releitura ao canto Machadiano pelo Ipiranga .................... 53

Dio Costa ..................................................................................................... 55


Só ................................................................................................................... 57
Cabeça ........................................................................................................... 58
Vão ................................................................................................................. 59
Júri ................................................................................................................. 60
Litígio ............................................................................................................. 61

Rafael Clodomiro ..................................................................................... 62


País contraditório ..................................................................................... 64
República dos Incoformados ................................................................... 66
O que Pedro Américo quis pintar? ......................................................... 70
Independente e livre ................................................................................. 72
Um solo nutritivo ........................................................................................ 73

Angela Crispim ............................................................................................ 75


Mulheres que fazem a diferença ........................................................... 77
O dia da Independência ........................................................................... 79
Independência ............................................................................................. 80
Independência/País Dividido ................................................................... 81
Lutar por Independência ........................................................................... 82

Antônio Souza ............................................................................................ 83


Pré Independência ..................................................................................... 85
Grito do Ipiranga ......................................................................................... 86
Pós Independência ..................................................................................... 87
A Dama ......................................................................................................... 88
O Vagabundo .............................................................................................. 89

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Introdução
Comemoramos em 2022 o bicentenário de um dos momentos mais

significativos de nossa história: a Independência. E é por meio da cultura e da poesia

que desejamos celebrar e refletir sobre essa marcante conquista.

A Independência representa não apenas a busca por liberdade política,

mas também o despertar de uma nova identidade nacional, o estabelecimento de uma

voz própria e o florescimento de nossa cultura. E é exatamente nesse contexto que a

importância da cultura e da poesia se revela ainda mais evidente.

A cultura é o alicerce que sustenta a identidade de um povo, suas tradições,

suas narrativas e sua expressão artística. Por meio dela, transmitimos valores, refletimos

sobre nossa história e compartilhamos nossas emoções mais profundas. A poesia, em

particular, desempenha um papel singular nesse processo, permitindo que as palavras

sejam transformadas em versos carregados de sentimento, beleza e significado.

Neste livro, reunimos poetas talentosos da cidade de Volta Redonda,

cada um com sua voz e perspectiva únicas, para que, por meio de suas poesias,

possamos explorar as emoções, reflexões e anseios despertados pelo bicentenário da

10
Independência. É uma oportunidade de expressar nossa gratidão aos que lutaram pela

nossa liberdade, reafirmar nossos valores como nação e também refletir sobre o caminho

que desejamos trilhar no futuro.

Ao mergulharmos nas páginas de “Sarau Grito pela Independência”,

encontraremos poemas que nos convidam a refletir sobre a coragem dos nossos

antepassados, a resistência em momentos difíceis, as lutas sociais e a importância

da união em prol de um futuro melhor. Cada verso será uma ponte para as memórias

daqueles que vieram antes de nós, uma conexão com o presente e uma inspiração para

as gerações futuras.

Convidamos vocês a se deixarem envolver pela magia da poesia, a abraçarem

as palavras como instrumentos de transformação e a apreciarem a riqueza e a diversidade

de vozes presentes nesta obra. Que, através da leitura, possamos nos conectar com o

passado, celebrar o presente e vislumbrar o futuro que desejamos construir.

Que “Sarau Grito pela Independência” seja um convite para enaltecermos nossa

cultura, ressaltarmos a importância da poesia como forma de expressão e resistência, e

reafirmarmos o valor da independência em todas as suas dimensões.

Boa leitura!

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José Huguenin
Natural de Cantagalo-RJ, é doutor em física e professor da

Universidade Federal Fluminense, em Volta Redonda. Poeta, escritor, foi

laureado em vários prêmios literários, participou de diversas antologias.

Tem livros publicados nos gêneros poesia (Vintém — 2013, Experimentos

poéticos-2016, Koiah-2019, Relatos de um arigó-2022, Universalidades-2022),

romance CO vaqueiro e o jornalista” - 2018), contos (“A parede & outros contos”

— 2015, “Vidas sertanejas - 2021”), crônicas (“De manga a jiló provei na terra

onde me batizei”-2014), ensaio “Estranhezas e mitos da Mecânica Quântica”-

2014), e fotografia (“Raio de sol” - 2019). É membro da Academia Volta-

redondense de Letras, sendo seu atual presidente.

jose.huguenin@gmail.com

@jose.huguenin
Independências
I

A independência

não veio da

Conjuração Baiana,

feita pelo povo, alfaiates,

gente preta e branca

que queria acabar

com escravidão.

A independência

não veio da Conjuração Mineira,

feita por proprietários,

padres e intelectuais

que queriam acabar com

o quinto dos infernos,

livrar seu capital da exploração.

A independência

veio, sim, foi da casa de Bragança

para fazer profunda mudança

e tudo ficar como sempre esteve,

ó Esteves!

14
II

O quanto do

quadro é história?

Garanhão ou mula?

Roupa de gala

ou trajes amassados?

E aquela gente à margem,

n ã o d o Yp i r a n g a ,

mas da independência,

já foi incluída na vida do país

ou continua marginalizada?

15
III

Depois de independente

o que se faz?

Faz-se festa na corte

ou suspende-se o corte

nos canaviais?

O Povo abraça o Imperador

ou, aqui e acolá, se entrega à dor

da luta para não se separar?

A liberdade chegou

às senzalas

ou essa liberdade é só

um jeito de falar?

Separamos no grito

ou nas promissórias

que causaram dívidas

das quais ainda temos muito a pagar?

Ficamos independentes de quem?

16
IV

Antes tarde

do que nunca

nunca é tarde

para a liberdade.

Liberta de Lisboa,

Rio, cidade,

Império,

D o n o s d e e s c r a v o s a f e s t e j a r,

Escravos, noves fora, nada.

As curvas da estrada de Santos

testemunham o grito.

D ’ a l é m m a r,

só uma salgada

c o n t a a p a g a r.

E pelas ruas do Paço,

festa,

e pelas lavras do Crato,

toda gente

continua a fazer Santo.

Será que houve, mesmo

Algo diferente?

17
V

Será que hoje

somos independentes?

Será que realmente fazemos

O que nos dá na telha?

Será que o fato de tantos

não terem telha

não nos mantém

subjugados

ao mais antigo

presente?

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VI

Duzentos anos...

Já era longo o tempo

quando eu ensaiava o hino na escola.

Quem canta ainda o hino da

Independência?

Quem tem sentimentos cívicos

quando o ouve?

Quem se lembrará da letra oficial,

não aquela do japonês com quatro filhos?

Minha memória fotográfica

reconhecerá a folha mimeografada

colada no caderno de hinos.

Minha memória afetiva

sentirá o cheiro do álcool do mimeógrafo,

ouvirá o chiado da agulha no vinil

“ou ficar a Pátria livre,

ou morrer pelo Brasil!”

19
VII

Sete

Sete

de

Setembro

tem

bronca

da

independência

que

nos

fez

prisioneiros?

20
Gíglio
Giglio é artista que, desde a década de 80, atua em diversas frentes

da cultura de Volta Redonda. É ator, diretor, cenógrafo, iluminador de teatro,

palhaço, pirofagista, artista de artes visuais, poeta, produtor, professor e

educador. Lutou por um Conselho de Cultura mais democrático e, assim, foi

eleito por votos diretos para a cadeira de Patrimônio Histórico, Presidente do

Conselho por dois mandatos e integrante da Comissão de Patrimônio (VR). Hoje,

Giglio tem dedicado a maior parte de seu tempo artístico ao Circunlókios, dupla

de poetas que compõe com Dio Costa, e às atividades da Guerrilha Produções.

É professor alfabetizador na Rede Municipal de Educação de Angra dos Reis.

gigliovr@hotmail.com

@Gigliovr
E eu um dia escrevia poemas políticos

E eu um dia escrevia poemas políticos de esquerda.

E dei de falar de ancestrais e raízes e Orixás.

Falar de ondas e sabiás e caboclos

e corridas pelas matas.

E isso tudo é falar de independência

e decolonialismo e política.

Assim como a borboleta fala do vento quando voa.

E as arraias falam de correnteza enquanto amam.

E as tartarugas falam de tempo

enquanto enfrentam as marés.

S e j a m e l a s d e s o r t e o u d e Ye m a n j á .

É a poesia que fala de independência.

É.

Fala e se revela e se rebela.

Independência ou sorte.

E o diretor do filme grita.

Corta.

E o Pedro fica congelado naquela pose fake

com a espada na mão.

23
Independente de qualquer coisa

Independentemente de qualquer coisa

eu dou meus gritos.

E aponto para as mentiras

que mantêm os dedos e as joias.

Assim minha poesia corre.

Por entre as matas por onde correm as raízes.

Por entre as penas que não são de desterro.

Aqui as penas são coloridas e pousam.

E cantam.

Assim como o tiê e a sabiá que cantam decolonialmente

e esparramam cantos vermelhos e laranja e preto e luz.

Aqui a independência é mais embaixo no buraco

e voa em flechas de Oxóssi e olhares de Capitu.

Independência se conquista todo dia com luta

e não com luto.

O verbo é luta

o substantivo é vida

o adjetivo é livre.

É por isso que o poema todo prosa

se apresenta pra batalha.

24
Brisa com Chocolate!

Brisa com chocolate!

Conversas agradáveis para o fim do dia!

_ Independência.

_ Sempre é o norte

Fim.

25
Que independência tenho
Que independência tenho

Do ser que sou

Do emaranhado de ideias

E fatos

E sonhos

Que somam

E amalgamam

Em poema as palavras

Que independência tenho eu

Disso

E não me caibo

Que independência

Se a cabeça gira

O santo gira

A coruja pia

Independência qual

Com esse país cheio de general

Sem hospital

Pastando na borda

Da terra quadrada

E panelas vazias

Independência vil

Onde já se viu

26
O menino é indepedente
O m e n i n o é i n d e p e n d e n t e p r a i r e v i r.

E i n d e p e n d e n t e d e e s t a r n a e s c o l a e s t á o n d e q u e r.

N a l u a . N o m a r. e m W a k a n d a o u A r u a n d a .

Independente do 7 de setembro

ele marcha soldado cabeça de papel.

E sai correndo pra mais uma aventura.

Independência ou morte.

Grita montado no cabo de vassoura.

Só um flash.

27
Mateus
Na infância e adolescência, Mateus revelou seu talento como

músico clarinetista na banda da Fundação Educacional de Volta Redonda.

Sua habilidade com o instrumento encantava os ouvidos dos espectadores e

demonstrava sua afinidade com a expressão artística. Com o passar dos anos,

Mateus decidiu seguir a carreira jurídica e se tornou advogado. No entanto,

sua conexão com a arte nunca se dissipou. Pelo contrário, ele encontrou na

poesia uma forma de aprimorar sua escrita como advogado e, vice-versa, usou

sua habilidade na advocacia para enriquecer sua expressão poética. Como

advogado, Mateus utiliza sua capacidade de comunicação e criatividade poética

para apresentar argumentos persuasivos e convincentes. Sua experiência na

música também contribui para uma abordagem mais sensível e intuitiva ao

analisar casos e entender as histórias de seus clientes.

mateusbrandao.adv

@mateusbrandao.adv
Nosso País
Há duzentos anos,

Uma nação se libertou.

Com bravura e coragem,

Nossos heróis lutaram.

Pela independência do Brasil.

E hoje, com orgulho,

Comemoramos esse feito.

Agradecemos aos que vieram antes,

Àqueles que nos legaram este destino.

Nosso país é muito mais que solo,

É o amor que carregamos no peito.

É a união que nos torna fortes,

É a coragem que nos faz ir em frente.

Brasil,

Pelos seus duzentos anos de independência!

Que essa chama nunca se apague,

E que sigamos em frente com garra e esperança.

30
Destino Agora
Bicentenário da independência brasileira,

Um marco importante em nossa história.

Foi um grito de liberdade,

Que ecoou em todo o país.

Com a força de um povo unido,

Nossa nação se libertou da opressão.

Lutamos por nossa autonomia,

E conquistamos a nossa própria identidade.

A partir daquele dia,

Passamos a ser senhores de nosso destino.

To r n a m o - n o s u m a n a ç ã o s o b e r a n a ,

E seguimos em frente rumo ao progresso.

Hoje, olhamos com orgulho para nosso passado,

E celebramos o presente que conquistamos.

Somos um país grande e diverso,

E nossa trajetória nos tornou ainda mais fortes.

Que os próximos anos sejam de esperança,

Que sigamos sempre em frente, com fé e confiança.

E que o bicentenário da independência brasileira,

S e j a s e m p r e l e m b r a d o c o m o u m m a r c o d e g l ó r i a s e
conquistas.
31
País Nação
Há duzentos anos, em sete de setembro,

N o s s o B r a s i l s e l i b e r t o u c o m f e r v o r.

Foi um grito de independência,

Q u e r e s s o o u e m t o d o s e u e s p l e n d o r.

Nossa pátria amada se ergueu,

Com a força de um povo valoroso,

Q u e l u t o u c o m b r a v u r a e f e r v o r,

Pela sua própria história e destino glorioso.

Ao conquistar a liberdade,

O Brasil se tonou uma nação;

Com sua bandeira abençoada,

Deu início a uma nova formação.

Com sua riqueza e sua pluralidade,

O Brasil segue seu caminho em paz.

Com amor por essa terra, com fé e esperança,

S e g u i r e m o s j u n t o s , l a d o a l a d o , n e s s a e t e r n a e b e l a
aliança.

32
Vida
Vida, tão bela e imperfeita

Com seus altos e baixos, seus dias de glória e tristeza

Às vezes difícil de entender

Mas também fácil de amar e de viver

Entre sorrisos e lágrimas

Ficamos no caminho, em busca da paz

Mas quando nos sentimos sós e perdidos

É aí que encontramos esperança e sossego

Não importa o que dizem ou o que pensam

A vida é o nosso bem mais precioso

Q u e n o s f a z c r e s c e r, n o s f a z s o n h a r

Nos mostra o que a vida pode nos dar

Não deixe de ser feliz

Encontre a plenitude em seu coração

E siga em frente, sempre confiante

Q u e o m e l h o r d a v i d a a i n d a e s t á p o r v i r.

Vida, não se deixe abalar

Com as dificuldades que aparecem no caminho

Pois cada obstáculo é uma chance

De crescer e de te independência na vida.

33
Grito
O grito pela Independência ecoou

Pelos campos e vilas do Brasil

E assim a liberdade chegou

Tr a z i d a p o r b r a v o s h e r ó i s g e n t i s

Mas a independência verdadeira

Alcançada pelos nossos ancestrais

Ainda está longe, não há maneira

De esquecer as questões sociais

Ainda vivemos em uma sociedade

Onde a igualdade não é realidade

E a liberdade é uma utopia distante

A violência e a discriminação

A miséria e a pobreza, a exclusão

São as amarras que nos mantêm descontentes

É tempo de libertarmos a alma

De lutar pelo que é justo e direito

Para que a independência do Brasil

Seja completa e de fato bem-feita!

34
Jean Carlos Gomes
Jean Carlos Gomes é de Volta Redonda onde trabalha. Em 1998 lançou o seu

primeiro livro Bolas de Sabão — sonetos e poemas, em parceria com Pedro Viana Filho,

premiado escritor de saudosa memória. É poeta, editor e pertence a várias instituições,

tais como Academia Barramansense de História — cadeira 35, e Volta-redondense

de Letras. Em 2008 lançou com grande sucesso o seu primeiro livro solo de poesia,

intitulado Cardápio Poético, que tem a segunda edição patrocinada pela Lei de Incentivo

à Cultura de Volta Redonda em 2012. Milita na Comunicação desde 2002 sendo lançado

como colunista social/cultural na revista Volta Cultural. Faz do LIVRO um Veículo de

Comunicação/Entretenimento com a participação de escritores de todo o país e até do

exterior. É colunista do cite Olho Vivo desde 2013. Foi agraciado pela Câmara Municipal

de Volta Redonda com o Diploma e a Medalha de Mérito Legislativo jornalista Dicler

Simões pelo seu Conjunto de Obra Literária em 2016. É o idealizador/realizador do

Sarau da Esquina, com edições em Barra Mansa e Volta Redonda. Sendo três edições

bem sucedidas realizadas no Ponto de Ação Cultural. Desde agosto de 2022 idealizou e

apresenta o Sarau ConVerso.

poerteditora@gmail.com
Independência ou Dependência?
Ainda que tardia, uma livre referência,

Momento esse de pura nostalgia,

Comemorações, transparência...

Às vezes depois de muitas lutas,

Momentos de glórias,

Pois se tem (teve) ótima preferência...

Independência, principalmente a financeira,

A que todos buscam em primeiro plano,

Até porque traz muita relevância...

Independência ou morte?

Conquistas ou pesadelos que vivemos e presenciamos


diariamente

Em um país com momentos tão diversos, com retrocessos,

As vezes pela falta da principal Independência,

q u e é t e r, c o m c e r t e z a , e l i m p e z a d e c o n s c i ê n c i a l . . .

37
Marcorelio de Andrade
Professor de Filosofia em Volta Redonda, pela rede estadual do

Estado do Rio de Janeiro. Fez bacharelado e licenciatura em Belo Horizonte,

MG. Também fez pós-graduação em prática de Ensino em Filosofia e Sociologia.

Em 2020 também obtive a conclusão da licenciatura em Pedagogia pela UNIRIO,

consórcio CEDERJ. Atualmente é mestrando em Filosofia pela UFRRJ.

Desde a adolescência desenvolveu o hábito e o prazer da leitura,

bem como a experiência criativa de escrever alguns lampejos, mensagens, afetos

e reflexões. A poesia desde essa fase da juventude fez morada em seu coração.

Ascendeu-se um laço simbólico de encanto, arte e luz. Bem mais tarde após

colecionar muitos textos e poemas, resolveu organizar e publicar seus escritos

e obras. E sempre que oportuno, quando bate inspiração ou quando o anjo da

poesia vem me encontrar, procuro registrar as intuições, ideias, sentimentos e

deixar ser expressão poética...

marcoreliofortini@gmail.com

@ marcoreliofortini
Brasil
Um continente intitulado Brasil,

Te r r a d e m ú l t i p l a s c a r a s e m i s t u r a s ,

Ambiente de ricos sabores e culturas

Estampadas sob o céu de anil.

Coloridas de estrelas e história,

Na formação do povo em trajetória.

L u g a r, i g u a l m e n t e , d e u m t e s o u r o e x u b e r a n t e ,

Va s t o é a e x t e n s ã o e o v a l o r d e s u a n a t u r e z a ;

Patrimônio da humanidade peregrina e errante,

Que se perde no artificial e descuida da real beleza.

To d a v i a , d e s p e r t a e m f a c e d e e m i n e n t e s t r a g é d i a s ,

Ademais, o caos emerge e não é caso de comédia.

Uma geografia pluriversal de coisas e gentes,

Tão impressionante como o cenário do meio ambiente.

Contraditória e desigual mostra-se a população

Que destrói a própria casa e desrespeita uns aos outros.

U r g e n t e f a z - s e r e v e r, m e l h o r a r a e x i s t ê n c i a e a s i t u a ç ã o ,

Mudar padrões com candura e razão, mesmo aos poucos.

40
Liberdade
O foco se estende no horizonte,

Tão imprescindível quanto o sentido.

Apalpar as curvas do tempo fundido,

É denso anseio a escorrer da fronte.

Desvelar nuvens que ofuscam a lua,

Deixar raios de luz acariciar o rosto.

Sentir a alma em fruição inquieta e nua

Animando o corpo na estrada solto.

Desbravar guetos, degustar faculdades,

Fortalecer os afetos, equilibrar a emoção,

Dialetizar o cognitivo na relação com a realidade.

Sondar limites, enigmas, conhecer e namorar a razão,

Escolher com sensatez e não encarcerar a consciência.

Significar com autonomia, prazer e alegria a existência.

41
Educação é Liberdade

Educação não precisa rimar

Pra dizer a beleza da liberdade

É horizonte de possibilidades

N a a r t e d e b e m v i v e r e p e n s a r.

Um povo sem educação

Fica jogado no canto do acaso

Preso na caverna do descaso

Sem chave pra abrir o portão

Te s o u r o d e i n e s t i m á v e l v a l o r

Guardado nas janelas da alma

É mais rico quem aprende, soma

E doa na partilha de saber e sabor

Fechar a ponte do conhecimento

Confere um crime de ignorância

Revoltante miséria e violência

Matando o sonho e o crescimento

42
Por acaso nada é, só incertezas...

Sabem que o poder da educação

É semente fértil de revolução

No tempo urgente de luz e sutileza

Nunca temer e juntos caminhar

Manter a fé ativa contra a letargia

Imersa no breu. Despertar energia

P a r a l u t a r e p e l a e d u c a ç ã o l i b e r t a r.

43
Trabalho e Direito

Da vida o trabalho é o motor

To d o s p r e c i s a m t r a b a l h a r e f a z e r

Alguma coisa produzir e sobreviver

C o m d i g n i d a d e , e n e r g i a e a m o r.

Cultivar a paixão pelo que faz

Receber o devido valor e salário

Não ser explorado pelo mandatário

E ter na justiça amparo eficaz.

No celeiro da política e economia

Existe luta por direitos, voz e vez

Desvelar sementes, regras e leis

No horizonte da equitativa utopia.

Que sirvam o dinheiro e o capital

Pra gerir bens, conforto e bem estar

Não submeter o povo a se limitar

Escravo do patrão em seu quintal...

44
Dosar saber e força com liberdade

Zelar pelos direitos, cumprir deveres,

Tr a b a l h a r e m e r e c e r f é r i a s e p r a z e r e s

Como benefícios da social seguridade.

Que saibamos humanizar a produção

Gerar emprego, respeitar o trabalhador

Garantir e diversificar os bens, no sabor

De viver e negociar na legal cooperação.

45
Greve

Ensejo de militância,

Protesto e organização

Impulso a reestruturação

Do itinerário em relutância.

Um embate ordenado

Conflito de lados opostos

Pautas e ofícios apostos

Nos alvos estipulados.

Forma de pressionar

E combater desatinos

Refutar atores cretinos

Q u e s ó q u e r e m e x p l o r a r.

Empreitada coletiva

Por condições melhores

Tr a b a l h a r c o m m e n o s d o r e s

E vida mais qualitativa.

46
Renovar a utopia

Da justiça e fraternidade

Na jornada com liberdade

Vida digna e alegria.

A greve abre horizontes

Semeia gana e construção

Mostra que a participação

É alimento pra fazer pontes.

Projetar espaço e tempo

Na revisão profissional

Buscar mudanças em geral

Na luta por valor e alento.

47
Camila Cabral
Professora (IFRJ), Doutora em Educação (UFMS); Poetisa, membro

da AFESMIL Academia Feminina Sul-Mineira de Letras, Cadeira N° 16 - Patrona:

Jandira Meyer Azevedo; Membro da Academia Volta-redondense de Letras AVL,

Cadeira N° 26; membro da União Brasileira de Escritores do Mato Grosso do

Sul - UBE-MS. Autora do livro “O que são as coisas? E outros poemas” (Editora

PoeArt, 2022). Participação em antologias e revistas nacionais. Militante a

favor da poesia, gerencia o Blog Poesia Geométrica e página no Instagram @

poesiageometrica

camila.cabral@ifrj.edu.br

@camila_cabrall
Renovação da independência
Quebrem-se as amarras do passado,

Relações rompidas, em liberdade voo alçado.

Do português o enlace não mais desejo,

Viva o Brasil, da independência que almejo.

Foi dito, amigos, ouçam a nossa voz,

A s C o r t e s b u s c a m n o s s u b j u g a r, v e l o z .

Nenhum laço nos une, é chegada a hora,

De firmar a independência, luta que aflora.

Dito os proclames “Independência ou Morte”

Em Decreto formal, D. Leopoldina, perspicaz e valente

firmou em nossa razão, as cores de nossa nação,

substituindo as Cortes, símbolos em união.

Quase em primavera, marco de nossa história,

D. Pedro, em ápice, expressou a então vitória.

Fizesse ecoar o chamado grito da liberdade,

Orgulho e amor pela pátria, na eternidade.

Do passado à busca pela independência presente,

Em união e em eterna reconstrução,

Brasileiro se faz resiliente, rumo à evolução.

Sem antigas amarras, alcemos a transformação.

50
Seja livre de ti mesmo
Permaneça mãos limpas,

Nada na memória d’alma atada,

Para quando,

Em última miséria

N a d a t e n h a s a p e r d e r,

Nem a ti mesmo.

Que mais almejar

Poderia teu coração?

Que glória teu peito

Agora nu a alcançar?

Te m p o d e s m e d i d o e m t i

Te l e v a n d o r u m o a o n a d a .

Esse destino fatídico

A colher tua liberdade afanada.

51
Que grande honra seria

A independência ora perdida?

Queimado de sol, senta-se

Respira e apenas sinta.

Que a vida te faz a corte

Quando és rei de ti mesmo.

52
Ode em releitura ao canto Machadiano
pelo Ipiranga

L i b e r d a d e , f a r o l d i v i n o a b r i l h a r,

H u m a n i d a d e e m b u s c a d a o p r e s s ã o q u e b r a r.

Roma rebelde nas sombras se ergueu,

Nome sagrado ao povo inflamou o céu.

Independência ou morte, grito imortal,

Ipiranga ecoa, memória universal.

Bandeira desfraldada, símbolo de luta,

Pela liberdade, nossa busca enxuta.

Pedro, herói destemido na voz do trovão,

Ipiranga murmura seu nome em canção.

Somos livres, corações em paz e união,

Pedro e Andradas, força em ação.

N o o c e a n o g r a n d i o s o , b r i l h a m o s c o m f u l g o r,

P e d r o c a m i n h a , s o l d a p á t r i a , a m o r.

Lembranças esplêndidas na eterna memória,

Ainda ecoa com vitória.

53
Tr o n c o d a n o s s a l i b e r d a d e ,

Como o cedro secular do Líbano,

Resistindo ao tufão e tempestades.

Ipiranga, ainda o vento das florestas,

Sussurra o grito imenso – Independência ou morte!

Como trovão, ecoa pelos confins do infinito!

O Deus da Liberdade disse ao guerreiro,

Liberta o teu Brasil com brado augusto,

E o herói destemido o libertou com um grito.

54
Dio Costa
Dio Costa é Doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada,

com Mestrado e Especialização em Literatura Brasileira (UERJ) e Graduação em

Letras (Faculdade CCAA). Professor, foi instrutor de idiomas (Inglês), integrou

o grupo de pesquisa Vida, arte, literatura: bioescritas (UERJ), atuou no curso

de extensão Práticas Bioescritas (UERJ) e organizou a oficina Por onde anda a

Poesia? Caminhos & Diálogos (Projeto Escola Tem Cultura – Lei Aldir Blanc/VR).

Atualmente, leciona na rede pública de Resende-RJ (Colégio Getúlio Vargas)

e no curso de Letras (UFF) do CEDERJ/Polo Piraí-RJ. Poeta, lançou Os Sete

Espelhos Quebrados (2007), 1,99 - Poesia até o último centavo (2008), #Vazão -

Antes que seja depois (2013), Sarcáustico (2015) e Poemas de amores (2016). É

também autor de Reencantamento do Mundo: Poesia Transgressão Enteógenos

(2022). Escreve no blog Canal Poheresia (canalpoheresia.blogspot.com); produz

o Canal Poheresia no YouTube e apresenta o Sarau à Moda da Casa. Músico,

é ex-integrante das bandas Radar e Lâmina Blue (RJ). Atualmente, faz parte do

Circunlókios (VR).

diocosta.livros@gmai.com

@diocostarj

Independência

É saber andar

Com as próprias quedas

57
Cabeça
Desencabece

A pré-lista

Dos dez menos

Uma cabeça

Derruba nomes

Antes que nós

Os nomeemos

58
Vão
Eu tenho

Uma posição

E as outras

Pô... se vão

59
Júri
Com feijão no dente

Ninguém sorri

Completamente

60
Litígio
Inde...

Inde...

Inde...

Pendências!

Pendências!

Pendências!

61
Rafael Clodomiro
Dio Costa é Doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada,

com Mestrado e Especialização em Literatura Brasileira (UERJ) e Graduação em

Letras (Faculdade CCAA). Professor, foi instrutor de idiomas (Inglês), integrou

o grupo de pesquisa Vida, arte, literatura: bioescritas (UERJ), atuou no curso

de extensão Práticas Bioescritas (UERJ) e organizou a oficina Por onde anda a

Poesia? Caminhos & Diálogos (Projeto Escola Tem Cultura – Lei Aldir Blanc/VR).

Atualmente, leciona na rede pública de Resende-RJ (Colégio Getúlio Vargas)

e no curso de Letras (UFF) do CEDERJ/Polo Piraí-RJ. Poeta, lançou Os Sete

Espelhos Quebrados (2007), 1,99 - Poesia até o último centavo (2008), #Vazão -

Antes que seja depois (2013), Sarcáustico (2015) e Poemas de amores (2016). É

também autor de Reencantamento do Mundo: Poesia Transgressão Enteógenos

(2022). Escreve no blog Canal Poheresia (canalpoheresia.blogspot.com); produz

o Canal Poheresia no YouTube e apresenta o Sarau à Moda da Casa. Músico,

é ex-integrante das bandas Radar e Lâmina Blue (RJ). Atualmente, faz parte do

Circunlókios (VR).

diocosta.livros@gmai.com

@diocostarj
País contraditório
Frei Caneca nos alertou

E muito bem sintetizou

“Estamos sim independentes,

Mas não constituídos”.

A independência até foi proclamada,

Mas como nação, há muito que ser desenvolvida.

200 anos é só uma região da estrada

Que já foi percorrida,

E que agora demanda partes

a serem projetadas,

erguidas

e outras partes que necessitam

ser reconstruídas.

Ao mesmo tempo que acumulamos

histórias de conquistas, avanços e progressos,

também registramos e testemunhamos

episódios de exclusões e retrocessos.

64
Nosso país

É um país das contradições.

Rico em recursos naturais,

Abundante culturalmente,

Que sofre em desigualdades

Como se o direito à dignidade

Não fosse pra toda gente.

65
República dos Incoformados

Proclamaram a Independência

e pintaram de República

o Brasil.

Ficou enigmática a sua aparência,

mas na essência,

onde já se viu?

Onde já se viu

um representante do povo

não seguir os interesses

da sociedade civil?

Se colocar acima da lei

e administrar o que é de todos,

com tanto ardil?

Onde já se viu?

Só mesmo na República Federativa do Brasil.

Ou seria República Fictícia do Brasil?

Pois, escreveram e nos contaram que a coisa é pública,

mas até a coisa julgada tem sido uma coisa lúdica.

E isso não é ficção, é realidade: a coisa anda suja!

66
E ainda há mais coisa que se oculta

por trás dessa pintura feita de “República”.

Há quem pinta, há quem borda,

há quem acredita, há quem não acorda.

E olha que a tinta da Soberania, há anos, se desbota...

Que coisa pública é essa?

De que lado está o lado legal e moral

nessa história inversa?

O que a Constituição Federal expressa,

será discurso eleitoral?

Porque não se cumpre, parece promessa.

No Brasil, tem muita gente pintada de autoridade,

dizendo que é em nome da Democracia e da Liberdade,

para impor a sua própria vontade.

Essa é a nossa República,

uma bela pintura de uma imagem rústica,

erguida na teoria

e que politicamente, no dia a dia,

põe em risco a ordem e a harmonia.

67
Mas o risco, assumimos todos nós.

Não só corremos o risco juntos,

também a culpa ressoa da nossa voz.

Somos, nós, essa República da caverna,

com status de “gestão moderna”.

E é importante destacar

que a responsabilidade não fica a sós,

apenas, com quem governa.

Somos nós, cidadãos,

a base, o eixo, a estrutura interna.

Por isso, tome ciência, tome cuidado,

tome a frente, pois é necessária

a conquista de, cada vez mais espaço

para “República dos Inconformados”:

Aqueles que se demonstram indignados,

Aqueles que se encontram incomodados,

Aqueles que se sentem desrespeitados

p e l o a t o d e u m p o d e r o p r e s s o r.

Aqueles que se sentem transformados

pelo aprendizado

s o l i d á r i o e n ã o l i m i t a d o r.

68
Esses fazem parte da “República dos Inconformados”,

os que não ficam na sombra do que está errado,

os que melhoram seus argumentos, por serem politizados,

os que vão à luta reconstruir o histórico fardo,

os que questionam, mesmo que discriminados,

os que trazem no peito o amor como seu maior aliado.

Esses são autoridades, os verdadeiros legitimados.

Esses são os sobreviventes daqueles que foram alienados.

São esses que, de loucos são chamados por alguns,

por sacrificarem o interesse privado

em prol do bem comum.

A missão de quem faz parte da República dos Inconformados

é digna e difícil,

mas, de positivo, temos a ajuda

do nosso saber técnico e científico,

que sempre continuará em formação.

E a mudança, a melhora na Administração,

é possível, apesar de toda burocratização.

Com sabedoria e dedicação,

a gente caminha e descobre

a “pátria amada, salve, salve”,

s e m e s q u e c e r, j a m a i s ,

que a honestidade é o conhecimento mais nobre.

69
O que Pedro Américo quis pintar?

O que há de real no quadro

“Independência ou morte?” ?

Aquela imagem simbólica,

Marcante e forte

Será mesmo que representa

Com honestidade e coerência

A reconstituição da cena

Em que foi proclamada

a nossa independência?

O que há de real no quadro

“Independência ou morte?” ?

Os trajes são reais?

A convicção do grito?

O ímpeto da espada?

A coragem de Dom Pedro I?

A postura dos cavalos?

O rio Ipiranga ali tão próximo?

70
Foi realmente assim

Tão bonito e tão sólido?

Ou a obra-prima por trás da tinta

Esconde uma realidade distinta?

Eu acredito que de real

só mesmo a esperança.

O quadro transmite um ideal.

Pede um futuro de honra.

Chama por uma oração.

O quadro transmite um sonho

Que infelizmente parou na Constituição.

71
Independente e livre
Quero um país independente,

Livre realmente.

Livre de qualquer discriminação,

Livre da violência.

Livre da escravidão.

Livre da indiferença.

Livre da poluição.

Livre do ódio.

Livre da desinformação.

Livre da pobreza.

Livre da corrupção.

Livre das desigualdades.

Livre da má intenção.

Livre de todos os males.

Livre e soberano

Para ser uma pura nação.

72
Um solo nutritivo
O solo brasileiro

Deu colo

Ao desespero

De muitas pessoas aflitas,

Como os povos indígenas,

que reinavam

antes da invasão portuguesa,

que brilhavam

antes de tornarem presas.

O solo brasileiro

Deu colo

Ao pavor

De quem foi escravizado.

Mas terra que regenera

também conseguiu

dar frutos e força

Para mudar esse fardo.

73
O solo brasileiro

Deu colo

Ao abandono

Sentido por muitos imigrantes.

A c o l h e u s e m a c u s a r,

Ajudou sem julgar

Mostrou como é ter

um coração gigante.

74
Angela Crispim
Formada em Ciências Biológicas. Mestre em Ciências Ambientais

e Florestais. Extensão Universitária em Plantas Ornamentais e Paisagismos,

pela UFLA-Universidade Federal de Lavras. Extensão Universitária em

Ciências Ambientais - Especialista em Meio Ambiente, Poluição e Controle,

pela FERP-Fundação Educacional Rosemar Pimentel. Extensão Universitária

em Microbiologia, pela UBM -Centro Universitário de Barra Mansa Professora

aposentada do segundo e terceiro graus e funcionaria pública inativa da Câmara

Municipal de Volta Redonda. Participou do GLAN- Grêmio Literário de Autores

Novos e participa do grupo de escritores da PoeArt Editora.

angelacrispimster@gmail.com
Mulheres que fazem a diferença
Maria Leopoldina se casou com D. Pedro,

Por correspondência, sem se conhecerem.

Com o casamento do jovem príncipe,

Ti n h a m a i l u s ã o d e o c o l o c a r e m n o s e i x o s .

Era austríaca e se tornou querida pelo povo.

Foi uma grande mulher que sofreu em silêncio,

As agruras de um casamento conveniente...

Para os outros... não para ela.

Te v e d e c o n v i v e r c o m u m a D o m i t i l a

Que tornou sua vida muito complicada.

Educada com primazia e cuidados,

Ti n h a a l t o c o n h e c i m e n t o e l e i t u r a p o l í t i c a ,

Demostrada pela consciência dos pormenores

De uma nação iniciada, mas presa à Portugal

E às intrigas políticas internas de soberania.

Lisboa queria D. Pedro sob suas rédeas.

Atenta convocou uma Assembleia Constituinte

Elaborando a primeira constituição do reino,

Antes mesmo da independência do Brasil.

Ciente quanto aos acontecimentos reinantes

E das posições irredutíveis de Portugal,

77
Contra os interesses dos brasileiros,

Maria Leopoldina como princesa regente,

Assinou no dia 02 de setembro

Uma Declaração de Independência do Brasil,

Despachou urgente e alertou a D. Pedro,

Culminando em 07 de setembro de 1822

Com o “Grito de Independência”.

78
O dia da Independência
Maria Leopoldina e José Bonifácio,

São personagens muito importantes

A fazerem parte de nossa independência

Alertaram ao príncipe regente D. Pedro

Da necessidade de se desligarem de Portugal.

Uma independência que no princípio

Te v e d a t a s c o n t u r b a d a s , d i f e r e n t e s .

Independência no grito de 07 de setembro,

Que passou para 12 de outubro,

C o m a c o r o a ç ã o d e D . P e d r o I , c o m o i m p e r a d o r,

Mas com sua volta à Portugal perdeu o sentido,

Modificando então para 02 de dezembro,

Nascimento de D. Pedro II, que tinha só 6 anos.

E não podia governar devido a idade.

Vo l t a n d o a 0 7 d e s e t e m b r o e a s s i m p e r m a n e c e u .

Confuso mas real esse vai e vem de interesses.

Sem contar que as comunicações na época

Levavam bastante tempo para se concretizar

E, com certeza, o resto do país de imediato

Não soube do grito de independência

Em 7 de setembro às margens do Rio Ipiranga.

Por fim a data prevaleceu para o evento

Comemorando o desligamento da colônia,

Que passou a ser um país dos brasileiros.

79
Independência
Independência...

É ser livre para suas ações.

É não estar atrelado a algo,

Não ser subordinado a ordens,

N ã o s e d e i x a r i n f l u e n c i a r.

Foi essa a necessidade premente

Que levou ao 7 de setembro.

Sair do comando de Portugal.

Não cumprir o ordenado

Por um grupo de Lisboa.

Mas essa independência saiu

Caro aos cofres públicos zerados,

Depois do retorno de D. João

Ao seu posto na terra mãe.

Nossa independência só foi aceita

Em 1825, por um acordo comercial,

Que custou dois milhões de libras

Pagas à Portugal que utilizou

De nossas riquezas por séculos.

Com a indenização surgiu o Brasil

Como nação, a nacionalidade brasileira

E a primeira dívida externa a ser paga.

80
Independência/País Dividido
A nossa independência levou tempo

Para realmente ser aceita.

Portugal não queria perder o poderio,

Deixando livre um potente fornecedor

De muitas riquezas a abastecer o reino.

Mas aqui também haviam brasileiros

Contra o desligamento da nação-mãe.

Os leais ao país colonizador reagiram.

Ocorreram muitas rebeliões contrárias.

Maranhão, Pará, Bahia e Cisplatina,

Que hoje é o território do Uruguai.

É uma história interessante, onde...

Se observa o poderio de forças opostas.

Mas o apoio de nações independentes

Fizeram uma crucial diferença

Para um acordo de indenização firmado

Com o reconhecimento do Brasil nação,

Passando seus filhos a serem brasileiros.

A nação independente seguiu suas lutas,

Ve n c e n d o a l g u m a s e p e r d e n d o o u t r a s ,

Para se tornar o que hoje conhecemos...

Como um país-continente sul americano.

81
Lutar por Independência
Para se alcançar a independência

É necessário um processo de luta.

Por aquilo que se acredita,

Por aquilo que é necessário,

Por aquilo que se almeja.

Para se obter a independência

É p r e c i s o s u o r, s a n g u e , t r a b a l h o ,

Num cotidiano atroz, sem descanso.

Sempre foi e será o único caminho

Para se conseguir ficar livre

Das amarras que nos obrigam

A s e r v i r e o b e d e c e r s e m p o d e r o p i n a r.

Nossa independência veio espremida

Entre ordens e ameaças à soberania

De um povoamento-colônia,

Que aos poucos acordava do sono

De realezas, nobres, principados...

C o m u m p o v o a p e n a s a c o n t e m p l a r.

Houve o momento da ruptura,

Do filho se rebelar contra a mãe

E querer seguir seu próprio caminho.

Independência para uma nação...

Morte aos grilhões que a prendiam.

Com o tempo a mãe foi conquistada

E passou a ser uma grande nação-irmã.

82
Antônio Souza
Pedro ‘’Antônio Sousa’’ Ruela é escritor, poeta e enfermeiro. Nasceu

em Petrópolis, mas cresceu na cidade de Volta Redonda, Rio de Janeiro. Ele

tem uma paixão nos livros e desde cedo escreve contos e histórias que ainda

verão a luz do dia. O mesmo possui um gosto literário eclético, tendo como

suas principais inspirações em autores desde Stephen King e Rick Riordan até

Raphael Montes e Vitor Martins. Este é o início de sua carreira como poeta, mas

já se encontra escrevendo alguns escritos para seu livro em breve.

pedroantonioruela@gmail.com

@ antoniosousa.escritor
Pré Independência
As cortes soberanas queriam tudo controlar

E da monarquia retirar o poder

Mas Dom Pedro I a mesa iria virar

No Dia do Fico, dessa vez é pra valer

Como é para o bem de todos e felicidade da nação

Diga ao povo que fico! Essa foi sua decisão

Entretanto nem tudo é como um mar de rosas

Os militares atacam nas ruas com suas tropas

No Rio de Janeiro, causando discórdia.

O príncipe regente sabendo do acontecido

E com a sua lábia, procurando por misericórdia

O conflito, enfim fora esmorecido

Tu d o p o r f i m p o d e r i a t e r s i d o r e s o l v i d o

Se por consequência seu filho não houvesse morrido

Levado pelo ódio, o inimigo dos marotos iria atacar

Fazendo a corte soberana forçadamente a Portugal voltar

Não contente apenas com isso, este seria o início

A independência, se tornando ossos de seu ofício.

85
Grito do Ipiranga

Indo em busca de aliados Pedro I iria procurar

Na região de três estados no governo se firmar

Durante isso, infelicidade acometeu a Dom João

Enquanto as cortes soberanas assumiram sua função

Portugal junto de sua monarquia real

Entre a mão dos homens veio a ter seu final

Não pense que este era o fim para a casa Bragança

Dom Pedro I no Brasil trazia uma nova esperança

Êxito em Ouro Preto apaziguando seu reinado

Notoriamente Rio de Janeiro e Minas Gerais estavam ao seu lado

Com São Paulo, seu reinado enfim foi instaurado

Ipiranga fora o rio onde as cartas chegaram

Apoiando a Pedro, Leopoldina e Bonifácio confirmaram

O pomo está maduro, colha ou apodrecerá

Uma espada erguida, o príncipe iria declarar

Morte ou Independência! Brasil de Portugal se liberta

Os acordes do hino, a caminho de São Paulo seriam criados

Rufam-se os tambores, no teatro o hino da Independência é apresentado

Tanta brava gente brasileira! Longe vá, temor civil

E com isso, ou a pátria fica livre ou morre pelo Brasil.

86
Pós Independência

A coroa sobre a cabeça de Dom Pedro I seria posta

O declarando como rei, mas sob outra proposta

Não seria por meio divino que viria seu poder

Mas desta vez era a nação, o povo iria o eleger

Aceitando o título de Imperador Constitucional

Procuraria reinar o Brasil de forma racional

Porém, não foi pela harmonia que aconteceu a independência

As cortes mandaram tropas para reverter a desobediência

O Brasil se armou e até mercenários chegou a contratar

Para a guerra civil que estava prestes a enfrentar

O combate vinha do norte, nordeste, sul

No sertão e até mesmo no mar azul

A união do verde dos Bragança

Com o amarelo dos Habsburgo não fora o suficiente

Devido a toda essa matança

Ruas manchadas de sangue com o fervor resiliente

Graças a Montevidéu veio sua rendição

Dando paz ao Brasil então.

87
A Dama

Leopoldina vem ao mundo, nas províncias de Viena

Entre a realeza sendo prodígio desde pequena

Ouvindo Beethoven e Goethe viria a se inspirar

Patrimônio com Dom Pedro, uma aliança a se firmar

Oceanos atravessados, um novo mundo a sua espera

Longe dos Habsburgo, um plano ela opera

Desobedecendo a Portugal, articulando a independência

Imperatriz do Brasil, trazendo sua excelência

Nem perante a traições demonstrou fraqueza

Aclamada por milhões, até a morte com braveza.

88
O Vagabundo

De muitos nomes já fui chamado

O Anglo-Maníaco até mesmo Rei Soldado

Malasartes na Espreita como Duende

Piolho Viajante sendo Ultra-Brasileiro

Exaltado, como Dom Pedro I

Derrete chumbo-a-cacete para os portugueses

Reporter Eleitoral para os fregueses e

O libertador para os brasileiros, sendo

Inimigo dos Marotos até nos puteiros.

89
Caros leitores,
Chegamos ao final desta jornada poética em
“Sarau Grito pela Independência” e é com o coração
repleto de gratidão que nos dirigimos a cada um de
vocês que nos acompanhou ao longo destas páginas.
A presença de vocês neste sarau literário foi essencial
para enaltecer a importância da cultura e da poesia como
formas de expressão e resistência em nossa sociedade.

Agradecemos a cada leitor que mergulhou nas


palavras e nos sentimentos presentes em cada poesia.
Esperamos que essa experiência de leitura tenha sido
enriquecedora, despertando emoções, reflexões e uma
conexão especial com a história da independência de
nosso país.

Nossos sinceros agradecimentos também se


estendem à Secretaria de Estado de Cultura e Economia
Criativa do Rio de Janeiro (SECEC-RJ), cujo generoso
financiamento e apoio possibilitaram a concretização
deste projeto. A SECEC-RJ tem sido uma parceira
fundamental na promoção da cultura e das artes,
tornando possível a realização de iniciativas como esta,
que valorizam a produção literária local e estimulam a
diversidade de vozes poéticas.

90
À SECEC-RJ, nosso reconhecimento e gratidão por
acreditar no poder transformador da cultura, na importância
da poesia como forma de expressão artística e na celebração
da nossa história através das palavras.

Agradecemos também a todos os poetas da cidade


d e Vo l t a R e d o n d a , c u j a s o b r a s t o r n a r a m e s t e l i v r o u m a
coletânea rica e diversificada de vozes. Suas poesias
enriqueceram esta obra e nos permitiram sentir a emoção,
a força e o valor da independência em cada verso.

Por fim, agradecemos a todos aqueles que


contribuíram direta ou indiretamente para a realização
deste livro. Cada um de vocês teve um papel importante na
concretização deste projeto e na disseminação da cultura e
da literatura em nossa comunidade.

Que “Sarau Grito pela Independência” permaneça


como uma lembrança viva da nossa história, uma celebração
da liberdade e uma inspiração contínua para a valorização
da cultura e da poesia.

Com profunda gratidão,

91

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