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2023

Consultoria Financeira

Introdução a Capoeira

MUNDO DOS COLCHOES


27/2/2023

Ruas das Flores, 5432


Townsville, State 54321 USA

(543) 543-5432 (800) 543-5432

(543) 543-5433 fax


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Projeto Social Capoeira para todos
Resgatando Vidas

Sumário
Resumo....................................................................................................................................................3
Justificativa:.............................................................................................................................................4
Objetivo específico:.................................................................................................................................5
Metodologia:............................................................................................................................................6 1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................7
História da Capoeira................................................................................................................................8
Etimologia................................................................................................................................................9
Origem...................................................................................................................................................10
Debate da origem da capoeira............................................................................................................10
Nos quilombos...................................................................................................................................11
A urbanização........................................................................................................................................11
Libertação dos escravos e proibição......................................................................................................12
Lei Áurea, 1888. Arquivo Nacional...................................................................................................12
A luta regional baiana............................................................................................................................13
Roda de capoeira................................................................................................................................15
O batizado......................................................................................................................................15
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade......................................................................................16
Música................................................................................................................................................17
Canções..........................................................................................................................................17
Toques de capoeira................................................................................................................................18
A dança e a capoeira..........................................................................................................................19
Estilos.....................................................................................................................................................20
Angola................................................................................................................................................20
Regional.........................................................................................................................................21
A sequência de ensino:..........................................................................................................................23
SEQUÊNCIA SIMPLIFICADA............................................................................................................28
Sequência Meia-lua de frente com armada........................................................................................28
Sequência Queixada...........................................................................................................................29
Sequência - Martelo...........................................................................................................................31
Sequência Galopante e Arrastão........................................................................................................33
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Sequência Arpão de cabeça...............................................................................................................35


Sequência Meia-lua de compasso......................................................................................................37
Sequência - Armada...........................................................................................................................38
Sequência Bênção, cabeçada e rolê...................................................................................................40
SEQUÊNCIA COMPLETA..................................................................................................................41
PRIMEIRA PARTE MEIA-LUA DE FRENTE...............................................................................42
SEGUNDA PARTE - QUEIXADA..................................................................................................43 2
TERCEIRA PARTE – MARTELO...................................................................................................43
QUARTA PARTE – GALOPANTE.................................................................................................44
QUINTA PARTE – ARPÃO DE CABEÇA.....................................................................................44
SEXTA PARTE – MEIA-LUA DE COMPASSO............................................................................44
SETIMA PARTE - ARMADA..........................................................................................................45
OITAVA PARTE – BENÇÃO..........................................................................................................45
SEQUÊNCIA DA CINTURA DESPREZADA....................................................................................46
BANANEIRA....................................................................................................................................47
BALAO DE LADO...........................................................................................................................49
Graduação..............................................................................................................................................55
Sistemas de graduação.......................................................................................................................55
Outro sistema.....................................................................................................................................56
MESTRES.............................................................................................................................................58
Mestre Bimba.....................................................................................................................................60
Mestre Pastinha..................................................................................................................................63
Besouro Mangangá............................................................................................................................65
História...........................................................................................................................................66
Estilo de luta..................................................................................................................................67
Morte de Besouro...........................................................................................................................67
Cronologia da capoeira no Brasil...........................................................................................................68

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Resumo

O projeto social Capoeira Para Todos (MOVIMENTO CAPOEIRA


COMBATE) tem como objetivo difundir a capoeira de forma mais ampla para
toda a população Águaslindense, estimulando assim através da arte, o resgate de
crianças e jovens da zona de risco social (pobreza, evasão escolar, vícios, etc.),
aplicando também as possibilidades pedagógicas (a exemplo da musicalidade, 3
história e repertório motor), a capoeira se apresenta como um veículo de
transmissão de valores sociais e culturais a nível nacional e internacional.
Já é mais que notório que a capoeira tem um papel fundamental perante a
sociedade, sendo assim nada mais justo do que usa lá como uma ferramenta
para transformar vidas.
O projeto foi idealizado no ano de 2018 pelo então Contramestre Cantador
(Matheus Amâncio). Observando que havia a necessidade de resgatar a cultura e
o esporte dentro da comunidade onde vivia, uniu-se ao Contramestre Puma
(Walter Barbosa), resultando assim o início de um trabalho voluntário, unindo
forças e ideais, utilizando a capoeira como ferramenta de inclusão e
aprendizado.
As aulas já foram ofertadas em diferentes espaços dentro da cidade de Águas
Lindas de Goiás, como por exemplo: Associação Cultural Ninhos dos Artistas,
Instituto Liceu Cultural, Creche Municipal Jardim Guaíra, Escola Municipal
Professora Edileuza Azevedo, Praça do estudante, Praça da cultura além de
apresentações e eventos em diversos locais da região.

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Justificativa:

Entende-se que a capoeira é ferramenta fundamental para o bem social, físico e


psicológico na vida de crianças e adolescentes, propiciando ao seu praticante
oportunidades de evolução pessoal e em grupo, aprendendo através da pratica
valores morais, direitos e deveres, disciplina, respeito e responsabilidade. Vale
salientar também que através da pratica da capoeira o indivíduo adquire senso 4
criativo e determinação, permitindo assim sobressair-se de maneira inteligente
de futuros problemas que venha a cruzar o seu caminho.
A capoeira é um dos símbolos do Brasil mais reconhecidos internacionalmente,
o que é um fator importantíssimo que funciona como uma afirmação de respeito
mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, promovendo integração social e
preservando a memória dos ancestrais e a cultura latente em nosso país.
Objetivo geral:
- Difundir a capoeira de forma mais ampla dentro do município de Águas
Lindas de Goiás;
- Promover o ensino da cultura e história da capoeira, através de aulas teóricas e
práticas;
- Prover para o bom comportamento familiar e escolar das crianças e
adolescentes; - Favorecer a socialização e inserção do indivíduo em grupo;
- Estimular a qualidade de vida;
- Igualdade de participação entre todos os gêneros;
- Parcerias com diferentes modalidades esportivas, culturais e de ensino;
- Atender de forma integral e continuada a sociedade em geral;
- Desenvolver a prática de capoeira, estimulando também a criatividade de
movimentos;
Centro de Esporte e Cultura das Artes Mistas.

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Objetivo específico:

- Cursos e oficinas com certificação;


- Realizar aulas para confecção de instrumentos musicais voltados à capoeira; -
Realizar intercâmbio entre capoeiristas de outras cidades, estado e países;
5
- Preparar os alunos para participação em campeonatos;
- Valorizar a cultura afro-brasileira;
- Congressos culturais para museus e teatros;
- Suporte para alunos destaques em campeonatos nacionais e internacionais; -
Apoio psicológico gratuito.
Beneficiários:
O publico alvo são crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
social.

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Metodologia:

- Aulas de capoeira de segunda à sexta, com duração média de 3 horas;


- Aprimorar técnicas do jogo da capoeira;
6
- Aprimorar técnicas luta e contato (Ataque/Defesa)
- Desenvolver coordenação física e motora;
- Reforçar disciplina e comportamento;
- Aula sobre história e cultura da capoeira;
- Formatura dos alunos, troca de corda e entrega de certificados;
- Curso de instrumentos e canto voltado a capoeira;
- Eventos que promovam o capoeirista de forma que inclua a população em
geral.

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INTRODUÇÃO

Capoeira é uma arte marcial brasileira que combina elementos de dança,


acrobacias, música e luta. Ela tem origens históricas na luta de resistência dos
escravos africanos no Brasil durante o período colonial, e evoluiu para se tornar
uma forma de expressão cultural e esportiva.
7

A prática da capoeira envolve movimentos fluidos e acrobáticos, em que os


praticantes interagem uns com os outros através de jogos de ginga, chutes,
esquivas, quedas e movimentos de equilíbrio. A música é uma parte essencial da
capoeira, e é tocada por um grupo de instrumentos que incluem o berimbau,
atabaque, pandeiro e agogô.

A capoeira é praticada em todo o mundo, e é vista como uma forma de exercício


físico, arte marcial, e também uma expressão cultural única do Brasil. Ela é
frequentemente ensinada em academias e escolas de capoeira, onde os alunos
aprendem a técnica, a musicalidade e a filosofia por trás dessa arte marcial.
Além disso, a capoeira também tem sido reconhecida por sua contribuição para
a preservação da cultura afro-brasileira e para o desenvolvimento da
autoconfiança, disciplina e respeito entre os praticantes.

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História da Capoeira

A capoeira ou capoeiragem, é uma expressão cultural e esporte afro-brasileiro


que mistura arte marcial, dança e música, desenvolvida no Brasil por
descendentes de escravos africanos (os afro-brasileiros) possivelmente no final
do século XVI no Quilombo dos Palmares (no atual estado de Alagoas), que 8
resistiu por mais de um século na antiga Capitania de Pernambuco.
Caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando
primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas,
acrobacias em solo ou aéreas. Distingue-se de outras artes marciais através da
musicalidade, onde os praticantes chamados capoeiristas aprendem, além de
lutar e a jogar, a tocar os instrumentos típicos e a cantar. O que ignora a
musicalidade é considerado um lutador incompleto e sem espírito esportivo.
A Roda de Capoeira foi registrada como bem cultural pelo IPHAN no ano de
2008, com base em inventário realizado nos estados da Bahia, de Pernambuco e
do Rio de Janeiro. E em novembro de 2014, recebeu o título de Patrimônio
Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
A capoeira praticada na atualidade possui duas grandes vertentes: a angola (do
banto ngolo), que apresenta movimentos mais rasteiros e teve como principal
expoente o mestre Pastinha; e a regional (inicialmente chamada Luta Regional
Baiana), que possui movimentos mais aéreos e teve como principal expoente o
mestre Bimba. Esta última foi criada em Salvador, cidade onde foi fundada a
primeira academia/escola de capoeira do Brasil, em 1937.

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Etimologia
A palavra capoeira significa "o que foi mata", por meio da conexão dos termos
ka'a ("mata") e pûer ("que foi"). Alude às áreas de mata rasa do interior do
Brasil, onde era feita a agricultura indígena.
Acredita-se que tem origem com os fugitivos da escravidão, os quais utilizavam
frequentemente a vegetação rasteira para fugirem do encalço dos capitães-do-
9
mato. Esses foram os primeiros capoeiristas.
O lexicógrafo Antônio Geraldo da Cunha aponta como origem provável o termo
homónimo capoeira, em uso em data anterior a 1583, significando tanto o
galinheiro, como os cestos onde os capões e outras aves domésticas eram
transportados para venda em mercados e também porta a porta, tarefa muitas
vezes executada por escravos antes da abolição da escravatura. Escravos bantos
levados de Angola para o Brasil trouxeram com eles um tipo caraterístico de
luta corporal, ainda nos tempos coloniais, com a qual se entretinham nos
intervalos do trabalho nos mercados para onde transportavam as capoeiras,
chamando a atenção dos assistentes, pela graça e beleza das exibições. Devido
ser entre o trabalho, o termo acabou ganhando uso pejorativo, documentado em
1824, significando vadio, malandro ou malfeitor, caraterísticas que se atribuíam
aos indivíduos destros nesse tipo de luta. O termo capoeira, por sua vez, é uma
variação de capão, significando o galo castrado, derivado do latim vulgar
"cappare", que significa "castrar", deduzido secundariamente por cappõ-õnis.
Outra vertente sustenta que o termo é oriundo do tupi, derivando da palavra
ka'apûera.

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Origem
A partir do século XVI, Portugal começou a enviar escravos para o Brasil,
provenientes primariamente da África Ocidental. Os povos mais frequentemente
vendidos no Brasil faziam parte das etnias: iorubá, jeje e hauçá e do grupo banto
(incluindo os congos, os quimbundos e os Kasanjes), provenientes dos
territórios localizados atualmente em Angola e Congo.
10
No século XVII, era costume dos povos pastores do sul da atual Angola, na
África, comemorar a iniciação dos jovens à vida adulta com uma cerimônia
chamada n'golo (que significa "zebra" em quimbundo). Durante a cerimônia, os
homens competiam numa luta animada pelo toque de atabaques em que
ganhava quem conseguisse encostar o pé na cabeça do adversário. O vencedor
tinha o direito de escolher, sem ter de pagar o dote, uma noiva entre as jovens
que estavam sendo iniciadas à vida adulta. Com a chegada dos portugueses e a
escravização dos povos africanos, esta luta foi introduzida no Brasil.
É proposto que a capoeira surgiu na época do Brasil Colônia, por aculturação
como uma saída para expressar desejos para a liberdade da raça negra e pela
necessidade de se defender de senhores inimigos. Este povo, na grande parte,
era desarmado e usavam seus próprios corpos como seu método de combate,
aproveitando-se as danças, cantigas e movimentos manifestados por culturas
africanas ao mesmo tempo.
"Jogar Capoeira" ou Danse de la Guerre, de Johann Moritz Rugendas, de 1835
Debate da origem da capoeira
A capoeira ainda é um motivo de controvérsia entre os estudiosos de sua
história e sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu
surgimento e o início do século XIX, quando aparecem os primeiros registros
confiáveis com descrições sobre sua prática.
Por isso, a origem da capoeira está em debate, se começou inicialmente na
África ou nasceu no Brasil. Alguns pensam que a capoeira já existia como uma
forma de dança ritualística na Angola, trazida ao Brasil durante o comércio de
escravos. Enquanto outros consideram que a capoeira tenha surgido em fins do
século XVI no Quilombo dos Palmares (no atual estado de Alagoas), situado na
então Capitania de Pernambuco (atual estado brasileiro de Pernambuco).
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Nos quilombos
Não tardou para que grupos de escravos fugitivos começassem a estabelecer
assentamentos em áreas remotas da colônia, conhecidos como quilombos.
Inicialmente assentamentos simples, alguns quilombos evoluíam atraindo mais
escravos fugitivos, indígenas ou até mesmo europeus que fugiam da lei ou da
11
repressão religiosa católica, até tornarem-se verdadeiros estados multiétnicos
independentes. A vida nos quilombos oferecia liberdade e a oportunidade do
resgate das culturas perdidas à causa da opressão colonial. Neste tipo de
comunidade formada por diversas etnias, constantemente ameaçada pelas
invasões portuguesas, a capoeira passou de uma ferramenta para a
sobrevivência individual a uma arte marcial com escopo militar.
O maior dos quilombos, o Quilombo dos Palmares, resistiu por mais de cem
anos aos ataques das tropas coloniais. Mesmo possuindo material bélico muito
aquém dos utilizados pelas tropas coloniais e, geralmente, combatendo em
menor número, resistiram a pelo menos 24 ataques de grupos com até 3000
integrantes comandados por capitães do mato. Foram necessários dezoito
grandes ataques de tropas militares do governo colonial para derrotar os
quilombolas. Soldados portugueses relataram ser necessário mais de um dragão
(militar) para capturar um quilombola, porque se defendiam com estranha
técnica de ginga e luta. O governador-geral da Capitania de Pernambuco
declarou ser mais difícil derrotar os quilombolas do que os invasores
holandeses.

A urbanização
Com a transferência do então príncipe regente dom João VI e de toda a corte
portuguesa para o Brasil em 1808, devido à invasão de Portugal por tropas
napoleônicas, a colônia deixou de ser uma mera fonte de produtos primários e
começou a se desenvolver como nação. Com a subsequente abertura dos portos
as nações amigas, findando o monopólio português do comércio colonial. As

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cidades cresceram em importância e os brasileiros finalmente receberam


permissões para fabricar no Brasil produtos antes importados, como o vidro.
Já existiam registros da prática da capoeira nas cidades de Salvador, Rio de
Janeiro e Recife desde o século XVIII, mas o grande aumento do número de
escravos urbanos e da própria vida social nas cidades brasileiras deu à capoeira
maior facilidade de difusão e maior notoriedade. No Rio de Janeiro, as
12
aventuras dos capoeiristas eram de tal jeito que o governo, através de portarias
como a de 31 de outubro de 1821, estabeleceu castigos corporais severos e
outras medidas de repressão à prática de capoeira.

Libertação dos escravos e proibição

Lei Áurea, 1888. Arquivo Nacional.


No fim do século XIX, a escravidão no Brasil era basicamente impraticável por
diversos motivos, entre eles o sempre crescente número das fugas dos escravos
e os incessantes ataques das milícias quilombolas às propriedades escravocratas.
O império Brasileiro tentou amenizar os diversos problemas com medidas como
a lei dos Sexagenários e a lei do Ventre Livre, mas o Brasil inevitavelmente
reconheceria o fim da escravidão em 13 de maio de 1888 com a lei Áurea,
sancionada pelo parlamento e assinada pela princesa Isabel.
Livres, os negros viram-se abandonados à própria sorte. Em sua grande maioria,
não tinham onde viver, onde trabalhar e eram desprezados pela sociedade, que
os via como vagabundos. O aumento da oferta de mão de obra europeia e
asiática do período diminuía ainda mais as oportunidades e logo grande parte
dos negros foi marginalizada e, naturalmente, com eles a capoeira.
Foi inevitável que diversos capoeiristas começasse a utilizar suas habilidades de
formas pouco convencionais. Muitos começaram a utilizar a capoeira como
guardas de corpo, mercenários, assassinos de aluguel, capangas. Grupos de
capoeiristas conhecidos como maltas aterrorizavam o Rio de Janeiro. Em pouco
tempo, mais especificamente em 1890, a República Brasileira decretou a

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proibição da capoeira em todo o território nacional, vista a situação caótica da


capital brasileira e a notável vantagem que um capoeirista levava no confronto
corporal contra um policial. Código Penal da República, adapto pelo estado
brasileiro em 1890, considerou a capoeira ilegal debaixo o artigo 402 que disse
que uma pessoa vista participando da capoeira pode pegar de dois a seis anos de
prisão. Devido à proibição, qualquer cidadão apanhado praticando capoeira era
preso, torturado e muitas vezes mutilado pela polícia. 13

Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza
corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em correrias, com
armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto
ou desordem, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum
mal. Pena: de prisão celular por dois a seis meses. Parágrafo único. É
considerada circunstância agravante pertencer a capoeira a alguma banda ou
malta. Aos chefes ou cabeças, se imporá a pena em dobro.
— Código Penal dos Estados Unidos do Brasil
Getúlio Vargas tomou o poder na década de 1930, depondo o presidente
Washington Luis, e posteriormente proibiu a prática da capoeira, permitindo-a
apenas dentro e com licença policial. Isso mostra as grandes mudanças nas
concessões sociais da Capoeira. A capoeira, após um breve período de
liberdade, via-se mais uma vez malvista e perseguida. Expressões culturais
como a roda de capoeira eram praticadas em locais afastados ou escondidos e,
geralmente, os capoeiristas deixavam alguém de sentinela para avisar de uma
eventual chegada da polícia.

A luta regional baiana


Em 1932, um período em que a perseguição à capoeira já não era tão acentuada,
mestre Bimba, exímio lutador no ringue e em lutas de rua ilegais, fundou em
Salvador a primeira academia de capoeira da história. Bimba, ao analisar o
modo como diversos capoeiristas utilizavam suas habilidades para impressionar
turistas, acreditava que a capoeira estaria perdendo sua eficiência como arte
marcial. Dessa forma, Bimba, com auxílio de seu aluno José Cisnando Lima,
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tornou-a mais eficiente para o combate, inserindo alguns movimentos/golpes de


outras artes marciais, como o batuque. Mestre Bimba também desenvolveu um
dos primeiros métodos de treinamento sistemático para a capoeira. Como a
palavra capoeira ainda era proibida pelo código Penal, Bimba chamou seu novo
estilo de Luta Regional Baiana.
Em 1937, Bimba fundou o centro de Cultura Física e Luta Regional, com alvará
14
da secretaria da Educação, Saúde e Assistência de Salvador. Seu trabalho
obteve aceitação social, passando a ensinar para as elites econômicas, políticas,
militares e universitárias. Finalmente, em 1940, a capoeira saiu do código Penal
brasileiro e deixou definitivamente a ilegalidade. Começou, então, um longo
processo de desmarginalização da capoeira.
Em pouco tempo a notoriedade da capoeira de Bimba demonstrou ser um
incômodo aos capoeiristas tradicionais, que perdiam espaço e continuavam a ser
malvistos. Esta situação desigual começou a mudar com a inauguração do
Centro Esportivo de Capoeira Angola, em 1941, por mestre Pastinha.
Localizado no Pelourinho, em Salvador, o centro atraía diversos capoeiristas
que preferiam manter a capoeira em sua forma mais original possível. Em
breve, a notoriedade do centro cunhou em definitivo o termo "capoeira angola"
como nome do estilo tradicional de capoeira. O termo não era novo, sendo, já na
época do império, a prática da capoeira apelidada, em alguns locais, de "brincar
de angola" e diversos outros mestres que não seguiam a linha de Pastinha
acabaram adotando-o.
Hoje em dia, a capoeira se tornou não apenas uma arte ou um aspecto cultural,
mas uma verdadeira exportadora da cultura brasileira para o exterior. Presente
em dezenas de países em todos os continentes, todo ano a capoeira atrai ao
Brasil milhares de alunos estrangeiros e, frequentemente, capoeiristas
estrangeiros se esforçam em aprender a língua portuguesa em um esforço para
melhor se envolver com a arte. Mestres e contramestres respeitados são
constantemente convidados a dar aulas especiais no exterior ou até mesmo a
estabelecer seu próprio grupo. Apresentações de capoeira, geralmente
administradas em forma de espetáculo, acrobáticas e com pouca marcialidade,
são realizadas no mundo inteiro.

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O aspecto marcial ainda se faz muito presente e, como nos tempos antigos,
ainda é sutil e disfarçado. A malandragem é sempre presente, capoeiristas
experientes raramente tiram os olhos de seus oponentes em um jogo de
capoeira, já que uma queda pode chegar disfarçada até mesmo em um gesto
amigável. Símbolo da cultura afro-brasileira, símbolo da miscigenação de
etnias, símbolo de resistência à opressão, a capoeira mudou definitivamente sua
imagem e se tornou fonte de orgulho para o povo brasileiro. Atualmente, é 15
considerada patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Roda de capoeira
A roda de capoeira é um círculo de capoeiristas com uma bateria musical em
que a capoeira é jogada, tocada e cantada. A roda serve tanto para o jogo,
divertimento e espetáculo, quanto para que capoeiristas possam aplicar o que
aprenderam durante o treinamento. Os capoeiristas se perfilam na roda de
capoeira cantando e batendo palmas no ritmo do berimbau enquanto dois
capoeiristas jogam capoeira. O jogo entre dois capoeiristas pode terminar ao
comando do tocador de berimbau ou quando algum outro capoeirista da roda
"compra o jogo", ou seja, entra entre os dois e inicia um novo jogo com um
deles.
Em geral, o objetivo do jogo da capoeira não é o nocaute ou destruir o
oponente. O maior objetivo do capoeirista ao entrar em uma roda é a queda, ou
seja, derrubar o oponente sem ser golpeado, preferencialmente com uma
rasteira. Na maioria das vezes, entre o jogo de um capoeirista mais experiente e
um novato, o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade
"marcando" o golpe no oponente, ou seja, freando o golpe um instante antes de
completá-lo. Entre dois capoeiristas experientes, o jogo poderá ser muito mais
agressivo e as consequências mais graves.
A ginga é o movimento básico da capoeira, mas além da ginga, também são
muito comuns os chutes em rotação, rasteiras, floreios (como o aú ou a
bananeira), golpes com as mãos, cabeçadas, esquivas, acrobacias (como o salto
mortal), giros apoiados nas mãos ou na cabeça e movimentos de grande
elasticidade.
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O batizado
O batizado é uma roda de capoeira solene e festiva, onde alunos novos recebem
sua primeira corda e demais alunos podem passar para graduações superiores.
Em algumas ocasiões, podem-se ver formados e professores recebendo
graduações avançadas, momento considerado honroso para o capoeirista. O
batizado parte ao comando do capoeirista mais graduado do grupo, seja ele 16
mestre, contramestre ou professor. Os alunos jogam com um capoeirista
formado e devem tentar se defender. Normalmente, o jogo termina com a queda
do aluno, momento em que é considerado batizado, mas o capoeirista formado
pode julgar a queda desnecessária. No caso de alunos mais avançados, o jogo
poderá ser com mais de um formado, ou até mesmo com todos os formados
presentes, para as graduações avançadas.

O apelido
Tradicionalmente, o batizado seria o momento em que o capoeirista recebe ou
oficializa seu apelido, ou nome de capoeira. A maioria dos capoeiristas passa a
ser conhecida na comunidade mais pelos seus respectivos apelidos do que por
seus próprios nomes. Apelidos podem surgir de inúmeros motivos, como uma
característica física, uma particular habilidade ou dificuldade, uma ironia, a
cidade de origem, entre outros.
O costume do apelido surgiu na época em que a capoeira era ilegal. Capoeiristas
evitavam dizer seus nomes para evitar problemas com a polícia e se
apresentavam a outros capoeiristas ou nas rodas pelos seus apelidos. Dessa
forma, um capoeirista não poderia revelar os nomes dos seus companheiros à
polícia, mesmo que fosse preso e torturado. Hoje em dia, o apelido continua
uma forte tradição na capoeira, apesar de não ser mais necessário.

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade


Em 24 de novembro de 2014, durante a 9ª Sessão do Comitê
Intergovernamental para a Salvaguarda, que é realizada na sede da Unesco, em
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Paris, teve a inscrição para recebimento do título aprovada. Em 26 de


novembro, a Unesco declara que a Roda de Capoeira é Patrimônio Cultural
Imaterial da Humanidade.

17

Música

O berimbau foi introduzido à roda de capoeira no século XX. Antes, a prática


era acompanhada apenas por palmas e toques de tambores.
A música é um componente fundamental da capoeira. Foi introduzida como
forma de ludibriar os escravizadores, fazendo-os acreditar que os escravos
estavam dançando e cantando, quando na verdade estavam desenvolvendo e
treinando uma arte marcial para se defenderem. Componente fundamental de
uma roda de capoeira, ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado. A
música é criada pela bateria e pelo canto (solista ou em coro), geralmente
acompanhados de um bater de palmas.
A bateria é, tradicionalmente, composta por três berimbaus, dois pandeiros e um
atabaque, mas o formato pode variar excluindo-se ou incluindo-se algum
instrumento, como o agogô e o ganzuá. Um dos berimbaus define o ritmo e o
jogo de capoeira a ser desenvolvido na roda. Desta maneira, é a música que
comanda a roda de capoeira, não só no ritmo, mas também no conteúdo.

Canções
As canções de capoeira são divididas em partes solistas e respostas do coro,
formado por todos os demais capoeiristas presentes na roda. Dependendo do seu
conteúdo, podem ser classificadas como ladainhas, chulas, corridos ou quadras.
A ladainha ou lamento é utilizada unicamente no início da roda de capoeira. É
parte do longo grito "iê", seguido de uma narrativa solista cantada em tom

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solene. Geralmente, é cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da


roda. Neste momento, não existe jogo, não se bate palmas e alguns instrumentos
não são tocados. A narrativa é seguida pelas homenagens tradicionais feitas pelo
solista (a Deus, ao seu mestre, a quem o ensinou e mais qualquer personagem
importante ou fator relevante à capoeira, como a malandragem), respondidas
intercaladamente pela louvação do coro e pelo início das palmas e dos
instrumentos complementares. O jogo de capoeira somente pode iniciar após o 18
fim da ladainha.

A chula é um canto em que a parte solista é muito mais longa do que a resposta
do coro. Enquanto o solista canta dez, doze, ou até mais versos, o coro responde
com apenas dois ou quatro versos. A chula pode ser cantada em qualquer
momento da roda. Ocorrido, forma musical mais comum da roda de capoeira, é
um canto onde a parte solista e a resposta do coro são equivalentes, em alguns
casos o número de versos do coro superando os versos solistas. Pode ser
cantado em qualquer momento da roda e seus versos podem ser modificados e
improvisados durante o jogo para refletir o que está acontecendo durante a roda,
ou para passar algum aviso a um dos demais capoeiristas.
A quadra é composta de um mesmo verso repetido quatro vezes, seja três versos
solistas e uma resposta do coro, seja a parte solista e a resposta intercalada.
Pode ser cantada em qualquer momento da roda. As canções de capoeira têm
assuntos dos mais variados. Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas
famosos, outras podem falar do cotidiano da comunidade. Algumas canções
comentam o que está acontecendo durante a roda de capoeira, outras divagam
sobre a vida ou um amor perdido. Outras ainda são alegres e falam de coisas
tolas, cantadas apenas por diversão. Basicamente não existem regras e alunos
são encorajados a criar suas próprias canções.
Os capoeiristas mudam as canções frequentemente de acordo com o que ocorre
na roda ou fora dela. Um bom exemplo é quando um capoeirista novato
demonstra notável habilidade durante o jogo e o solista canta o verso "e o
menino é bom", seguido pelo coro com o verso "bate palma pra ele". A letra da

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música é constantemente usada para passar mensagens para um dos


capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.

Toques de capoeira
O toque de capoeira é o ritmo tocado pelos berimbaus, seguidos pelos demais
instrumentos. Podem ser executados desde bem lentamente (como no toque de
19
Angola), induzindo a um jogo mais lento e estratégico, até bastante acelerados
(como em São Bento Grande), induzindo a um jogo rápido, ágil e acrobático.
Podem também ter outros significados que vão além do jogo ou comandar uma
roda restrita, como o toque de Iúna.
Berimbaus. Da esquerda para direita: viola, médio e gunga ou berra-boi
Em uma roda de capoeira, a forma mais usual é iniciar com o toque de Angola e
subir o ritmo gradualmente, encerrando com o toque São Bento Grande em alta
velocidade. Contudo não existem regras, uma roda pode manter sempre o
mesmo toque ou mesmo inverter, começando de modo acelerado e terminando
de modo lento.
Alguns dos toques mais comumente utilizados:
Toque de Angola
São Bento Pequeno
São Bento Grande de Angola
São Bento Grande da Regional
Iúna
Cavalaria
Samango
Benguela
Amazonas
Idalina

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A dança e a capoeira
Devido a sua origem e história, existiu sempre a necessidade de se esconder ou
disfarçar o aprendizado e a prática da capoeira. Na época da escravidão, era um
risco enorme aos senhores de engenho possuir escravos hábeis em uma arte-
20
marcial. Para evitar represálias por parte de seus senhores, os escravos
praticavam enquanto seus companheiros cantavam e batiam palmas. Os golpes e
esquivas eram praticados durante uma falsa dança que seria o embrião da atual
ginga.
Da falsa dança da época dos engenhos de açúcar até os tempos mais atuais, a
ginga evoluiu até se tornar uma estratégia de combate, cujo objetivo principal é
não oferecer ao oponente um alvo fixo. Mesmo hoje em dia, a maioria dos
leigos à primeira vista acredita tratar-se da capoeira de uma coreografia, ou de
uma dança acrobática. Outras manifestações culturais como o batuque, o
maculelê, a puxada de rede e o samba de roda são danças fortemente ligadas à
capoeira, por também terem nascido da mesma cultura.

Estilos
Falar sobre estilos na capoeira é um argumento difícil, visto que nunca existiu
uma unidade na capoeira original, ou um método de ensino antes da década de
1920. De qualquer forma, a divisão entre dois estilos e um subestilo é
amplamente aceita.

Angola
A capoeira Angola refere-se a toda a capoeira que mantém as tradições da época
anterior à da criação do estilo Regional. Em outras palavras, é a capoeira mais
tradicional. Existindo em diversas áreas do país desde tempos mais remotos,
notadamente no Rio de Janeiro, em Salvador e em Recife, é impossível precisar
onde e quando a capoeira Angola começou a tomar sua forma atual.

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O nome "Angola" já começa a aparecer com os negros que vinham para o Brasil
oriundos da África, embarcados no Porto de Luanda, que, independentemente
de sua origem, eram designados na chegada ao Brasil de "negros de Angola".
Em alguns locais, a população se referia ao jogo de capoeira como "brincar de
Angola" e, de acordo com Mestre Noronha, o "Centro de Capoeira Angola
Conceição da Praia", criado pela nata da capoeiragem baiana, já utilizava
ilegalmente o nome "capoeira Angola" no início da década de 1920. 21

O nome "Angola" foi finalmente imortalizado por Mestre Pastinha, ao inaugurar


em 23 de fevereiro de 1941 o "Centro Esportivo de capoeira Angola" (CECA).
Pastinha foi conhecido como grande defensor da "capoeira tradicional",
prestigiadíssimo por capoeiristas de renome como Mestre João Grande e Mestre
Moraes. Com o tempo, diversos outros grupos de "capoeira tradicional"
passaram a adotar o nome Angola para seus estilos.
A Angola é o estilo mais próximo de como os escravos lutavam ou jogavam
capoeira. Caracterizada por ser estratégica, com movimentos furtivos
executados perto do solo ou em pé dependendo da situação a enfrentar, ela
enfatiza as tradições da malícia, da malandragem e da imprevisibilidade da
capoeira original. Alguns angoleiros afirmam que seu domínio é muito
complicado, envolvendo não só a parte mecânica do jogo, mas também
características como sutileza, o subterfúgio, a dissimulação, a teatralização, a
mandinga ou mesmo a brincadeira para superar o oponente. A bateria típica em
uma roda de capoeira Angola é composta por três berimbaus, dois pandeiros,
um atabaque, um agogô e um ganzuá.

Regional
A capoeira regional começou a nascer na década de 1920, durante o encontro do
mestre Bimba com seu futuro aluno, José Cisnando Lima. Ambos acreditavam
que a capoeira estaria perdendo seu valor marcial e chegaram à conclusão de
que uma reestruturação era necessária. Bimba criou, então, sequências de ensino
e metodologias para o ensino de capoeira. Aconselhado por Cisnando, Bimba
chamou sua capoeira de Luta Regional Baiana, visto que a capoeira ainda era
ilegal na época.

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A base da "capoeira regional" é a capoeira tradicional mais enxuta, com menos


subterfúgios e maior objetividade. O treinamento era mais focado no ataque e
no contra-ataque, com muita importância para a precisão e a disciplina. Bimba
também incorporou alguns golpes de outras artes marciais, notadamente o
batuque, antiga luta de rua praticada por seu pai. O uso de acrobacias e saltos
era mínimo: um dos fundamentos era sempre manter ao menos uma base de
apoio. Como dizia Mestre Bimba, "o chão é amigo do capoeirista". A capoeira 22
regional também introduziu, na capoeira, o conceito de graduações. Na
academia de mestre Bimba, existiam três níveis hierárquicos: calouro, formado
e formado especializado. As graduações eram determinadas por um lenço
amarrado na cintura.
As tradições da roda e do jogo de capoeira foram mantidas, servindo para a
aplicação das técnicas aprendidas em aula. A bateria, contudo, foi modificada,
sendo composta por um único berimbau e dois pandeiros. Uma das maiores
honras para um discípulo era a permissão para jogar iúna. O jogo de iúna tinha a
função simbólica de promover a demarcação do grupo dos formados para o
grupo dos calouros. A única peculiaridade técnica do jogo de iúna em relação
aos jogos realizados em outros momentos da roda de capoeira era a
obrigatoriedade da aplicação de um golpe pré-estabelecido no desenrolar do
jogo. O jogo também se destacava pela maior habilidade dos capoeiristas que o
executavam. O jogo de iúna era praticado apenas ao som do berimbau, sem
palmas ou outros instrumentos, o que reforçava seu caráter solene. Ao final de
cada jogo, todos os participantes aplaudiam os capoeiristas que saíam da roda.
A luta regional baiana tornou-se rapidamente popular, levando a capoeira ao
grande público e finalmente mudando a imagem do capoeirista, tido no Brasil
até então como um marginal. Das muitas apresentações que mestre Bimba fez
com seu grupo, talvez a mais conhecida tenha sido a ocorrida em 1953 para o
então presidente da república Getúlio Vargas, ocasião em que teria ouvido do
presidente: "A capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional".

Capoeira contemporânea
A partir da década de 1970 um estilo misto começou a adquirir notoriedade,
com alguns grupos unindo os fatores que consideravam mais importantes da
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Regional e da Angola. Notadamente mais acrobático, este estilo misto é visto


por alguns como a evolução natural da capoeira, por outros como
descaracterização ou até mesmo má-interpretação das tradições capoeiristas.
Com o tempo, toda capoeira que não seguia as linhas da Regional ou da Angola,
mesmo as amalgamadas com outras artes marciais, passou a se denominar
"Contemporânea".
23

A sequência de ensino:
Uma ferramenta lúdica de ensino e aprendizagem da Capoeira
Regional

A Sequência de Ensino de Mestre Bimba é uma atividade eminentemente


lúdica, que está inserida no processo de ensino-aprendizagem da Capoeira
Regional, não apenas com a finalidade de diversão, mas, sobretudo, no sentido
mais amplo da educação, ao proporcionar um aprendizado da realidade do
cotidiano, mediante desafios e experiências vivenciadas com a partilha, a
colaboração, os diferentes, os conflitos, a cultura dos praticantes e da sociedade
em que vivem. Este método de ensino da Capoeira Regional pode
ser encontrado em duas versões, uma simplificada, indicado para os alunos
iniciantes, e a outra completa, privilégio dos alunos formados. Segundo Itapoan,
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o método é composto dos golpes mais comuns, aqueles que sempre estão
presentes em qualquer jogo de capoeira, chegando mesmo a afirmar que, com a
simples retirada desses golpes, não existe jogo de capoeira (1994, p. 83). A
sequência completa é composta de dezessete golpes de ataque, defesa e esquiva,
em que cada aluno executa cento e cinquenta e quatro movimentos e a dupla
trezentos e oito. Logo, podemos afirmar que o grau de dificuldade é bastante
elevado, exigindo dos praticantes um bom nível de concentração, preparo físico 24
e uma excelente habilidade para golpear de ambos os lados. Esta é, na verdade,
uma série de exercícios complexos, destinada aos capoeiristas adiantados, e que
Mestre Bimba usava como fundamento básico nos cursos de especialização.
A sequência simplificada é uma metodologia apropriada para os iniciantes e
muito utilizada no cotidiano, pois o grau de complexidade é menor, não
exigindo habilidade motora aprimorada, ao tempo em que suscita uma forte
motivação e prazer pelos desafios superados e etapas vencidas.
Mestre Bimba utilizava o ensino da sequência com muita propriedade. Na
segunda ou terceira aula, o aluno calouro era convidado a aprender a sequência
através do sistema de compadrio, ou seja, o aluno mais antigo na academia,
preferencialmente um aluno formado, era chamado para ensinar a sequência ao
calouro. Com este ato, Bimba permitia a experiência da responsabilidade, a
intimidade e a proteção do aluno mais antigo sobre aquele iniciante, para que se
sentisse mais confiante no seu aprendizado. Era um jogo de compadres, um jogo
de responsabilidades, vivenciado cotidianamente visando o mesmo objetivo.
O calouro sentia-se desafiado a aprender a sequência rapidamente, pois tinha em
mente um objetivo maior, o de jogar na roda pela primeira vez, ao som do
berimbau, ser batizado.
A condição era dura, só poderia jogar na roda e ser batizado aquele aluno que
soubesse a sequência completa.
O mestre, antes de tomar a atitude de convidar o aluno para o jogo, perguntava
ao calouro se já tinha decorado a sequência e se certificava, perguntando ao seu
companheiro de aprendizado, se o seu colega já estava pronto para o desafio do
batizado, para “entrar no aço”, como dizia Bimba.

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Itapoan diz ser a sequência o “ABC” do capoeirista e quando o aluno decorava a


sequência sabia exatamente os movimentos necessários para entrar na roda,
entrar no jogo mais confiante e seguro. Observa, ainda, que nada impede que se
criem outras variações com a finalidade de enriquecer o treinamento, porém,
sem adulterar a sequência original, a do Mestre Bimba (1994, p. 83).
Moura, reportando-se à sequência, explica que ela é um conjunto de lições
25
práticas e eficientes, baseadas em golpes e contragolpes, que possibilitam ao
aluno aprender capoeira no menor espaço de tempo possível, incorporando a
consciência do valor da luta como um sistema natural de ataque e defesa.
Sodré, comentando sobre a sequência, afirma “tratar-se de um conjunto de
golpes, que funciona como base da Regional”. Lembra que tudo começa com a
ginga, um jogo de movimentos em pé, por meio do qual o capoeirista arma
ataque e defesa com pés, mãos, tronco e cabeça.
A ginga é o movimento fundamental da capoeira, sem ela não tem jogo. Ela
representaa personalidade do capoeirista, o seu jogo de corpo, sua postura
corporal, identifica o estilo, apresentado num vaivém corporal de negaças e
mandingas que serve para dar início aos golpes. A ginga não somente inicia os
golpes, mas está presente em toda a sequência. É o aquecimento que enceta
cada etapa. É o elemento responsável pelas retomadas do jogo e, por esses
motivos explicitados, podemos afirmar ser a ginga a alma do capoeirista.
A sequência de ensino da Capoeira Regional configura-se como um jogo. Essa
dedução está baseada nos estudos de Huizinga, quando ressalta que a essência
do jogo consiste em sua intensidade, poder de fascinação e capacidade de
exercitar, expressando-se através do ritmo, harmonia, coordenação, tensão,
alegria e divertimento.
Para Caillois, um dos aspectos que constitui a natureza do jogo é o “sistema de
regras que definem o que é e o que não é do jogo, ou seja, o permitido e o
proibido”. Também chama a atenção dizendo que a “única coisa que faz impor a
regra é a vontade de jogar, ou seja, a vontade de respeitar”. Outro fator inerente
ao jogo é a ideia de amplitude, de facilidade de movimento e de liberdade.

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A sequência de ensino idealizada por Bimba, além de possuir os atributos de


jogo, propostos por Huizinga e Caillois, proporciona desafios e transcendência,
pois sua prática, sempre em dupla, favorece a experimentação, em que um
capoeirista observa o outro, provoca o outro, um instiga o outro a buscar um
movimento mais perfeito, uma defesa mais efetiva, suscita o reflexo o tempo
todo, motiva a mandinga, o jogo de corpo, a expressão corporal, aprimora as
qualidades físicas e aproxima as pessoas. 26

Decanio costuma afirmar que, quando estão jogando, os capoeiristas


transcendem o que chama de “transe capoeirado”, um estado modificado de
consciência. “O capoeirista deixa de perceber a si mesmo como individualidade
consciente, funcionando-se (sic) ao ambiente em que se desenvolve o jogo de
capoeira”. Isso ocorre devido à “influência do campo energético desenvolvido
pelo ritmo-melodia ijexá, cânticos e ritual da capoeira”; e destaca a
complexidade crescente, os estímulos dos processos mentais, a criatividade, a
atenção e o interesse do praticante, unindo a mente e o corpo, integrando o ser.
Luckesi diz, sobre a ludicidade, que a “atividade lúdica se caracteriza pela
‘plenitude da experiência’ que ela propicia a quem pratica” É uma atividade na
qual o sujeito se entrega às experiências sem restrições mentais de qualquer
tipo. E complementa, “é mais fácil compreender isso, em nossa experiência,
quando nos entregamos totalmente a uma atividade que possibilita a abertura de
cada um de nós para a vida”.
A sequência de ensino de Mestre Bimba tem suas regras definidas, tem seu rigor
e ritual, todavia, não é algo hermético, fechado em si mesmo, ela abre múltiplas
possibilidades, proporcionando sobremaneira a criatividade e a expressividade.
A sequência, que está dividida em oito partes, de graus de dificuldades
crescentes, abre um diálogo entre os jogadores, promovendo desafios
constantes, oportunizando que os praticantes busquem soluções, extrapolem os
limites da roda e possam enxergar novos horizontes.
No jogo da sequência, o prazer, a alegria, a inventividade e a criatividade se
fazem presentes a todo instante, pois a cada encontro, a cada jogo, acontece um
evento diferente, com companheiros diferentes, suscitando cotidianamente

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novas experiências, novos desafios, novos experimentos, novas soluções e


consequentemente novas realizações.
Abreu, referindo-se à sequência de ensino de Mestre Bimba, que intitula
“rudimento de todas as aulas”, afirma ser ela “uma combinação de golpes e
movimentos retirados de situação de jogo, que facilitava vários alunos
aprenderem ao mesmo tempo”. Destaca ainda outros predicados, chamando
27
veementemente a atenção para o ensino baseado na repetição, o saber fazer
como fonte de compreensão, o conhecimento vivenciado na realidade, o
desenvolvimento das qualidades físicas e o aprendizado rápido para a
introdução do aluno na roda.
A sequência é uma ferramenta privilegiada do saber fazer, nela ressaltam
claramente os elementos do jogo, marcada por ser uma atividade física e mental
que possui um conjunto de regras próprias que conduzem a um resultado
específico, imbricada no sentimento de perda e/ou ganho.
É um brinquedo respaldado na atitude do simples passatempo, de divertimento,
entretenimento e lazer. O brincar tem um aspecto de proteção, de liberdade, de
convivência com o mundo material e afetivo. Brincando na sequência, brinca-se
de capoeira, assegura-se o desenvolvimento das habilidades motoras e se
desempenham papéis diversos pela alegria e prazer.
É comportamental, devido à atitude dos jogadores que, no bojo da disputa,
podem pretender obter vantagem sobre outrem, podendo caracterizar-se como
um “jogo franco” ou um “jogo dissimulado”.
É movimento oscilante que se caracteriza pelo balançar do corpo, braços, pernas
e cabeça em uma movimentação própria dirigida pelo ritmo, música, espaço e
tempo. A força criadora e a energia vital emanada por um “jogo de dentro” e um
“jogo de fora” são grandes.
Nesse contexto, destacamos as relações humanas, entendidas aqui como uma
relação de pessoas ou de grupos que se expressa nas oportunidades, pelo jogo de
interesses, jogo de sedução, jogo de palavras, jogo político, jogo de capoeira,
jogo de poder etc.

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Barbieri diz que essas relações estão representadas por “intermédio de um


vaivém constante que procura alcançar seus objetivos, totalmente diferentes ou
semelhantes, obedecendo a certas regras, aceitas pelos atores sociais, delineando
assim dois tipos de situações”, uma respaldada no conflito e a outra na
convergência de objetivos. Portanto, a sequência de Bimba aponta para uma
atividade lúdica, pois transita entre o rigor e o prazer da realização. Oferece a
oportunidade da convivência dos diferentes num constante diálogo para 28
encontrar possíveis soluções em um exercício diuturno no qual os jogadores
permanecem fazendo o que gostam.
Por outro lado, a prática da sequência exige concentração, centramento, o aluno
deve dar conta do tempo presente, deve focar e ampliar o foco em tempo real,
entender as partes e vivenciar o todo ao mesmo tempo. Este jogo é o que
Luckesi chama de dialética entre a consciência focada e consciência ampliada.
Os alunos, ao dominarem a sequência, sentem-se mais seguros e partem para as
experiências pessoais e em duplas, ampliando suas possibilidades, criando e
recriando movimentos.
De acordo com as evidências encontradas e discutidas, concordamos ser a
Sequência de Ensino de Mestre Bimba uma ferramenta lúdica de ensino-
aprendizagem da Capoeira Regional, por apresentar aspectos balizadores da
atividade lúdica como jogo, criatividade, foco e ampliação do foco, expansão da
consciência, inventividade, interação, dialética, integração, alegria, prazer e
realização.

SEQUÊNCIA SIMPLIFICADA
Sequência Meia-lua de frente com armada
Aluno A meia-lua de frente com perna direita; meia-lua de frente com perna esquerda;
armada com perna direita.
Aluno B cocorinha, esquerda e direita; negativa com perna esquerda.
Aluno A sai de aú.

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Sequência Queixada
Aluno A queixada com a perna direita; queixada com a perna esquerda.
Aluno B cocorinha, direita e esquerda; contra-ataca com armada, perna direita.
Aluno A cocorinha, direita; contra-ataca com bênção, perna direita.
Aluno B negativa, perna direita.
Aluno A sai de aú.
Aluno B aplica a cabeçada.
Aluno A defende com rolê.

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Sequência - Martelo
Aluno A martelo, perna direita; martelo, perna esquerda.
Aluno B defende com esquiva e palma; contra-ataca com armada, perna direita.
Aluno A defende com cocorinha e contra-ataca com bênção.
Aluno B defende com negativa.
Aluno A sai de aú.
Aluno B aplica a cabeçada.
Aluno A defende com rolê.
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Sequência Galopante e Arrastão


Aluno A godeme direito.
Aluno B defende com palma direita.
Aluno A contra-ataca com godeme esquerdo.
Aluno B defende com palma esquerda.
Aluno B - contra-ataca com galopante com a mão direita.
Aluno A contra-ataca com arrastão.
Aluno B defende com negativa.
Aluno A sai de aú.
Aluno B aplica a cabeçada.
Aluno A defende com rolê.

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Sequência Arpão de cabeça


Aluno A faz o giro (finta).
Aluno B aplica uma cabeçada no abdomen.
Aluno A contra-ataca com joelhada.
Aluno B defende com negativa.
Aluno A sai de aú.
Aluno B aplica a cabeçada.
Aluno A defende com rolê.

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Sequência Meia-lua de compasso


Aluno A meia-lua de compasso, perna direita.
Aluno B defende com cocorinha esquerda.
Aluno B contra-ataca com meia-lua de compasso, perna direita.
Aluno A defende com cocorinha esquerda.
Aluno A contra-ataca com joelhada esquerda.
Aluno A meia-lua de compasso, perna esquerda.
Aluno B defende com cocorinha direita.
Aluno B contra-ataca com meia-lua de compasso perna esquerda.
Aluno A defende com cocorinha direita.
Aluno A contra-ataca com joelhada direita.

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Aluno B defende na negativa.


Aluno A sai de aú.
Aluno B aplica a cabeçada.
Aluno A defende com rolê.

38

Sequência - Armada
Aluno A armada, perna direita.
Aluno B defende com cocorinha direita e contra-ataca com armada, perna direita.
Aluno A defende com cocorinha direita e contra-ataca com bênção, perna direita.
Aluno B defende com negativa, perna direita.
Aluno A sai de aú.
Aluno B aplica a cabeçada.
Aluno A defende com rolê.
Aluno B ataca com armada, perna esquerda.

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Aluno A defende com cocorinha, esquerda e contra-ataca com armada, perna esquerda.
Aluno B defende com cocorinha, esquerda e contra-ataca com bênção, perna esquerda.
Aluno A defende com negativa, perna esquerda.
Aluno B sai de aú.
Aluno A aplica a cabeçada.
39
Aluno B defende com rolê.

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40

Sequência Bênção, cabeçada e rolê.


Aluno A ataca com bênção, perna direita.
Aluno B defende com negativa, perna direita.
Aluno A sai de aú.
Aluno B aplica a cabeçada.
Aluno A defende com rolê.
Aluno B ataca com bênção, perna esquerda.
Aluno A defende com negativa, perna esquerda.
Aluno B sai de aú.

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Aluno A aplica a cabeçada.


Aluno B defende com rolê.

41

SEQUÊNCIA COMPLETA
A sequência completa era mais utilizada no CCFR durante o curso de
especialização devido à sua exigência técnica e física, justamente por solicitar
dos alunos/capoeiristas uma habilidade aprimorada para golpear de ambos
lados.
Mestre Itapoan fez um estudo quantitativo da sequência original utilizada por
MestreBimba, chegando à conclusão de que um aluno executa sozinho 154
movimentos e a dupla, 308.

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A realização da sequência completa demanda tempo, paciência e preparo físico.


Todos os movimentos devem ser praticados, tanto pelo lado direito como pelo
esquerdo, com a finalidade do capoeirista chegar o mais próximo possível da
perfeição técnica. O treinamento é baseado na repetição, utilizado tanto pelo
iniciante como pelo formado. É um fundamento imprescindível do aprendizado,
porque é pela repetição que se aproxima do automatismo do movimento,
aprimorando os golpes, as esquivas, as defesas, ao tempo em que se melhora o 42
equilíbrio, agilidade, resistência, coordenação, força, velocidade, flexibilidade,
coordenação e ritmo.

PRIMEIRA PARTE MEIA-LUA DE FRENTE


Tabela 6

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SEGUNDA PARTE - QUEIXADA

43

TERCEIRA PARTE – MARTELO

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QUARTA PARTE – GALOPANTE

44

QUINTA PARTE – ARPÃO DE CABEÇA

SEXTA PARTE – MEIA-LUA DE COMPASSO

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SETIMA PARTE - ARMADA

45

OITAVA PARTE – BENÇÃO

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SEQUÊNCIA DA CINTURA DESPREZADA


Nas aulas de Mestre Bimba, o jogo era a característica principal. A ginga, com o
movimento de vaivém, no seu jogo de corpo manhoso, servia para dar início à
cintura desprezada, ou seja, uma sequência de balões, “uma invenção de
Bimba” destinada a preparar o capoeirista para situações de luta corpo a corpo,
ligado, condicionando a cair sempre bem, cair em pé, para estar em condições
de contra-atacar o adversário. 46

Decanio explica que a “sequência de balões ensina a saltar ante a ameaça duma
projeção, a cair com segurança e elegância, evidenciando a interdependência
dos jogadores, sem a qual não se joga, nem se aprende capoeira” (1996, p. 234).
Itapoan lembra que a cintura desprezada era treinada logo no início da aula,
quando os alunos não estavam suados, escorregadios; era uma medida de
segurança (1994, p. 91). Decanio conta que no início a pele ainda está seca e
que o uso da camisa de malha de algodão em piso firme, não escorregadio, fazia
parte dos cuidados para um bom jogo de cintura desprezada.
Como na sequência de ensino, a sequência da cintura desprezada era realizada
em duplas; por esse motivo, outros cuidados de segurança eram alertados por
Bimba. Os calouros deveriam executar inicialmente a cintura com um aluno
formado, de preferência confiável.
O jogo da cintura desprezada é excelente, não apenas para desenvolver a
capacidade acrobática, melhorar o repertório motor, aprimorar as valências
físicas, mas, sobretudo, para despertar o sentimento de responsabilidade,
estimular a coragem e instigar o poder de decisão.
A cintura desprezada é composta pelos seguintes movimentos: ginga, meia lua
de frente, cocorinha, armada, negativa, aú com parada de dois apoios
(bananeira), apanhada, balão de lado, tesoura de costas, aú, balão cinturado e
gravata alta. Vale chamar a atenção para que os dois alunos repitam todos os
movimentos perfazendo um total de 14 exercícios,“um jogo completo” para
cada dupla.

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BANANEIRA

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BALAO DE LADO

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Graduação

Devido à sua vastidão e à sua origem, a capoeira nunca teve unidade ou


consenso. O sistema de graduação segue o mesmo caminho, nunca tendo
existido um sistema padrão que fosse aceito pela maioria dos grandes mestres.
Dessa forma, o sistema de graduação varia muito de grupo para grupo. A
55
própria origem do sistema é recente, tendo partido com a Luta Regional Baiana
de Mestre Bimba, na década de 1930. Bimba utilizava lenços de seda para
diferenciar seus alunos entre aluno formado, aluno especializado e mestre.
Alunos novos não possuíam graduação.

Atualmente, o sistema de graduação mais comum é o de cordas (também


chamadas cordéis ou cordões) de diferentes colorações amarradas na cintura do
jogador. Alguns grupos usam diferentes sistemas, ou até mesmo nenhum
sistema. Existem várias entidades (Ligas, Federações e Confederações) que
tentam organizar e unificar a graduação na capoeira. O sistema mais comum é o
da Confederação Brasileira de Capoeira, que adota o sistema de graduação feito
por cordas seguindo as cores da bandeira brasileira, de fora para dentro
(iniciado na época em que a capoeira oficialmente era considerada parte da
Federação Brasileira de Pugilismo).

Apesar de muito difundido com diversas variações, muitos grupos grandes e


influentes utilizam cores diferentes ou mesmo graduações diferentes. A própria
Confederação Brasileira de Capoeira não é amplamente aceita como
representante principal da capoeira.
Sistemas de graduação

Graduações de capoeira
1) Confederação Brasileira de Capoeira Graduação básica adulta (a partir de 15
anos)

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Capoeira Combate
Projeto Social Capoeira para todos
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Iniciante: sem corda ou cordão


Batizado: verde
Graduado: amarelo
Avançado: azul 56
Intermediário: verde e amarelo
Adiantado: verde e azul
Estagiário: amarelo e azul
Graduação avançada - docente de capoeira

Formado: verde, amarelo e azul - 5 anos de capoeira - idade mínima 18 anos


Monitor: verde e branco - 7 anos de capoeira - idade mínima 20 anos
Instrutor: amarelo e branco - 12 anos de capoeira - idade mínima 25 anos
Contramestre: azul e branco - 17 anos de capoeira - idade mínima 30 anos
Mestre: branco - 22 anos de capoeira - idade mínima 35 anos

Outro sistema
Sistema mais comumente usados por muitos grupos regularizados, porém não-
filiados por opção à Confederação Brasileira de Capoeira por variadas razões.
Este sistema utiliza as cores primárias e secundárias, sendo as misturas de cores
nas cordas descritas como "Transformações", ou seja, simbolizando a saída de
uma graduação e ingresso à outra seguinte.

Iniciante: sem corda ou cordão


Batizado: crua (sem coloração)
Movimento
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Graduado iniciante: crua e amarela


Graduado: amarela
Intermediário: amarela e laranja
Adiantado: laranja
Estagiário: laranja e azul 57
Graduação avançada - docente de capoeira

Formado: azul - 5 anos de capoeira - idade mínima 18 anos


Monitor trainee: azul e verde - 7 anos de capoeira - idade mínima 18 anos
Monitor: verde - 7 anos de capoeira - idade mínima 20 anos
Instrutor trainee: verde e roxa - 12 anos de capoeira - idade mínima 23 anos
Instrutor: roxa - 12 anos de capoeira - idade mínima 25 anos
Professor: roxa e marrom - 17 anos de capoeira - idade mínima 28 anos
Contramestre: marrom - 17 anos de capoeira - idade mínima 30 anos
Mestrando: marrom e vermelha - 20 anos de capoeira - idade mínima 33 anos
Mestre: vermelha - 22 anos de capoeira - idade mínima 35 anos
Grão-mestre: branca - 36 anos de capoeira e pelo menos 18 anos como mestre -
idade mínima 55 anos
Graduação infantil (até 14 anos) — idêntica à graduação básica, porém metade
da corda possui a cor cinza. A graduação infantil restringe-se até a graduação de
estagiário. Para que o aluno se gradue como docente de capoeira deve atingir a
idade mínima de 18 anos. O tempo de cada graduação varia conforme sua
importância. As cordas iniciais, como a verde e a amarela, podem ser
conquistadas em menos de um ano; por outro lado, chegar às cordas avançadas,
notadamente as de contramestre e mestre, pode levar anos, e exige-se profundo
conhecimento da capoeira para serem conquistadas — esse conhecimento, no

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entanto, não quer dizer saltos ou acrobacias, mas conhecimento instrumental,


teórico, prática de docência, qualidade de jogo, respeito, cursos de
aperfeiçoamento e boa índole pessoal são alguns dos requisitos básicos para tais
graduações.

58

MESTRES

Existem muitos mestres de capoeira que contribuíram para a propagação e


desenvolvimento da arte marcial. Aqui estão alguns exemplos:

Mestre Bimba - Considerado o pai da capoeira regional, Mestre Bimba foi um


dos primeiros a sistematizar a capoeira e a torná-la uma prática mais
formalizada. Ele fundou a primeira academia de capoeira em 1932 e treinou
muitos dos primeiros mestres de capoeira.

Mestre Pastinha - Fundador da capoeira angola, Mestre Pastinha também é


considerado um dos grandes mestres da capoeira. Ele abriu sua própria
academia em 1942 e se dedicou a preservar e promover a capoeira como uma
forma de expressão cultural.

Mestre João Grande - Um dos grandes mestres da capoeira angola, Mestre


João Grande ajudou a espalhar a capoeira para os Estados Unidos na década de
1980. Ele fundou uma academia em Nova York e foi fundamental na
popularização da capoeira nos EUA.

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Mestre Camisa - Fundador da Associação de Capoeira Cordão de Ouro, Mestre


Camisa é um dos mestres de capoeira mais conhecidos e respeitados no Brasil e
no mundo. Ele ajudou a espalhar a capoeira para a Europa, Ásia e África, e é
conhecido por seu estilo de jogo acrobático e energético.

Mestra Janja - Uma das poucas mulheres a se destacar como mestre de 59


capoeira, Mestra Janja é uma das fundadoras do Instituto Nzinga de Estudos da
Capoeira e Promoção Social, que promove a capoeira como uma forma de
educação e inclusão social. Ela também é conhecida por seu trabalho em
promover a igualdade de gênero na capoeira.

Mestre Boneco - Fundador da Capoeira Brasil, Mestre Boneco é um dos


mestres de capoeira mais respeitados no mundo. Ele é conhecido por seu estilo
de jogo acrobático e por promover a capoeira como uma forma de expressão
cultural.

Mestre Sabiá - Fundador da Associação de Capoeira Muzenza, Mestre Sabiá é


um dos principais mestres de capoeira no Brasil. Ele é conhecido por seu jogo
técnico e poderoso e por sua dedicação em ensinar a capoeira a jovens e
crianças.

Mestre Amen - Um dos principais mestres de capoeira na Europa, Mestre


Amen fundou a Associação de Capoeira Senzala de Santos. Ele é conhecido por
seu jogo rápido e preciso, e por promover a capoeira como uma forma de
educação e inclusão social.

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Mestra Preguiça - Mestra Preguiça é uma das poucas mulheres a se destacar


como mestre de capoeira. Ela fundou a Associação de Capoeira Cordão de Ouro
e é conhecida por seu estilo de jogo elegante e fluido.

Mestre Batata - Fundador da Associação de Capoeira Semente do Jogo de


Angola, Mestre Batata é um dos principais mestres de capoeira angola. Ele é 60
conhecido por seu jogo de muita malícia e ginga, e por sua dedicação em
preservar a tradição da capoeira angola.

Esses são apenas alguns exemplos dos muitos mestres de capoeira que ajudaram
a propagar e desenvolver a arte marcial ao longo dos anos. Cada mestre tem sua
própria contribuição única para a história da capoeira e para a sua evolução
como prática cultural e esportiva.

Mestre Bimba

Nascimento 23 de novembro de 1899


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Salvador
Morte 5 de fevereiro de 1974 (74 anos)
Goiânia
Cidadania Brasil
Ocupação artista marcial, capoeirista, treinador
61
Prêmios
Ordem do Mérito Cultural (2005)
Página oficial

http://www.mestrebimbafundacao.blogspot.com/
Manoel dos Reis Machado, também conhecido como Mestre Bimba, foi um
mestre brasileiro de capoeira e, criador da Luta Regional Baiana, mais tarde
chamada de capoeira regional.
Biografia
Mestre Bimba nasceu em Salvador em 1899. Trabalhou como minerador de
carvão antes de criar a capoeira regional.
Ao perceber que a capoeira estava perdendo seu valor cultural e enfraquecendo
enquanto luta, Mestre Bimba misturou elementos da Capoeira Tradicional com
o batuque (luta do Nordeste Brasileiro extinta com o passar do tempo) criando
assim um novo estilo de luta com praticidade na vida, com movimentos mais
rápidos e acompanhada de música. Assim conquistou todas as classes da
sociedade. Foi um excelente lutador e acima de tudo um grande educador, foi o
responsável por tirar a capoeira da marginalidade.
A capoeira
Praticantes dessa arte se denominam "capoeiristas", pois, para eles, a capoeira é
um estilo de vida – ser, pensar, agir como a arte da capoeira.
Bimba impunha regras para os praticantes da capoeira regional, sendo elas:
Não beber e não fumar. Pois os mesmos alteravam o desempenho e a
consciência da capoeira;
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Evitar demonstrações de todas as técnicas, pois a surpresa é a principal arma


dessa arte;
Praticar os fundamentos todos os dias;
Não dispersar durante as aulas;
Manter o corpo relaxado e o mais próximo do seu adversário possível, pois
62
dessa forma a capoeira desenvolveria mais.
No vídeo "Relíquias da Capoeira: Depoimento do Mestre Bimba", um
documento audiovisual em VHS produzido por Bruno Farias, onde Bimba
comenta os motivos que o fizeram se mudar para Goiânia, onde ele conseguiu
mais apoio financeiro. Posteriormente, em uma reunião de especialistas em
capoeira no Rio de Janeiro, explica-se mais sobre o nome do esporte, sobre a
criação da capoeira regional e sobre este mestre. A versão original do vídeo,
veiculada em 2006 pela extinta PAM TV Florianópolis (antigo canal 17 da
TVA) acabou sendo extraviado. Porém, recentemente, o jornalista Bruno Farias
encontrou no acervo da emissora uma amostra de 2 minutos deste documento
audiovisual, e assim escreveu uma matéria sobre o assunto, publicada no site da
Revista de História da Biblioteca Nacional, junto à referida amostra.

O 119º aniversário do Mestre Bimba foi objeto de homenagem com um


"Doodle" na maior empresa transnacional de serviços online, a Google.

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Mestre Pastinha

63

Nascimento 5 de abril de 1889


Salvador, BA
Morte 13 de novembro de 1981 (92 anos)
Salvador, BA
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Marinha do Brasil
Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo
Ocupação capoeirista
Prêmios Ordem do Mérito Cultural (2005)

Vicente Ferreira Pastinha OMC, Mais conhecido por Mestre Pastinha, foi um
mestre brasileiro de capoeira.
Biografia
Mestre Pastinha nasceu em 1889, dizia não ter aprendido a Capoeira em escola,
mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno
Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no
'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida:
"Quando eu tinha uns dez anos — eu fui franzininho — um outro menino mais
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forte do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua — ir na venda
fazer compra, por exemplo — e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava
apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de
tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado
que marcaria todos os anos da sua longa existência.
"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente.
64
Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de
apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O
tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe
ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou
então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da
Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o
aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas,
muito mais lhe foi ensinado por Benedito, seu professor africano. "Ele
costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor
do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor
com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou
até meu amigo de admiração e respeito."

Ensino e difusão
Foi na atividade do ensino da capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos
anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre
o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre
Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de
ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que
privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em
criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade
"tradicional" do esporte no Brasil.
Em 1941, fundou a segunda escola de capoeira legalizada pelo governo baiano,
o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na
Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senac.

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Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte


Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o
Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1964, publicou o livro
Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do
jogo.
Entre seus alunos estão mestres como João Grande, João Pequeno, Boca Rica,
65
Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola),
entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou
notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado,
Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972).
Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do
Pelourinho em 1971 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o
deixaram cego e indefeso. Morreu aos 92 anos.
Durante décadas, dedicou-se ao ensino da Capoeira, e mesmo quando cego não
deixava de acompanhar seus alunos. Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de
1981, mas continua vivo nas rodas, nas cantigas, no jogo.
"Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na
porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E
embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu
princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."
Besouro Mangangá

Nome completo Manoel Henrique Pereira


Nascimento 1895
Santo Amaro, Bahia, Brasil
Morte 1924 (29 anos)
Ocupação Capoeirista
Manoel Henrique Pereira mais conhecido como Besouro Mangangá, foi um
capoeirista baiano que no início do século XX tornou-se o maior símbolo da

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capoeira baiana. Sua fama chegou ao nível nacional a partir dos anos 1930 e,
com a expansão da capoeira para outros continentes, internacionalizou-se.

História
Besouro Mangangá era filho de Maria José e João Matos Pereira, nascido em
1895, e foi assassinado no arraial de Maracangalha, local que foi imortalizado 66
pelas letras de Dorival Caymmi, na Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro
onde faleceu em 1924. Era natural do recôncavo baiano e viveu naquela região,
em um período nas florescências dos canaviais em Santo Amaro, tinham
importante papel no cenário produtivo, através dos saveiros pelo rio subaé
levavam as mercadorias que iam e chegavam até o cais de Salvador.
Manoel Henrique que, desde cedo, aprendeu os segredos da capoeira com o
Mestre Alípio no Trapiche de Baixo, foi batizado como Besouro Mangangá por
causa da crença de muitos que diziam que quando ele entrava em alguma
embrulhada e o número de inimigos era grande demais, sendo impossível
vencê-los, então ele se transformava em besouro e saía voando. Várias lendas
surgiram em torno de Besouro para justificar de seus feitos, a principal atribui-
lhe o “corpo fechado” e que balas e punhais não podiam feri-lo. Devido aos
seus supostos poderes Besouro Mangangá tornou-se um personagem mitológico
para os praticantes da capoeira, tendo sua identidade relacionada aos valentões,
capadócios, bambas e malandros.
Especula-se que não gostava da polícia e que teria praticado de vários
confrontos com as força policiais, às vezes levando vantagem nos embates,
porém, segundo Antonio Liberac Cardoso Simões Pires: “Suas práticas não
podem ser associadas ao banditismo, pois Besouro sempre se caracterizou como
um trabalhador por toda sua vida, nunca sendo preso por roubo, furto ou
atividade criminal comum. Suas prisões foram relacionadas às ações contra a
polícia, principalmente no período em que esteve no exército”. Algumas
documentações históricas registram os confrontos entre Besouro Mangangá e a
polícia, como o ocorrido em 1918, no qual Besouro teria se dirigido a uma
delegacia policial no bairro de São Caetano, em Salvador, para recuperar um
berimbau que pertencia ao seu grupo. Com a recusa do agente em devolver o
objeto apreendido, Besouro partiu para o ataque com ajuda de alguns
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companheiros. Eles não conseguiram recuperar o berimbau desejado, pois


foram vencidos pelos policiais, os quais receberam ajuda de um grupo de
moradores locais:
Aos dez dias de setembro de mil novecentos e dezoito,
nesta capital do estado da Bahia (…) Argeu Cláudio de Souza,
67
com vinte e três anos de idade, solteiro, natural deste estado,
praça do primeiro batalhão da brigada policial (…)
foi interrogado pelo doutor delegado que lhe perguntou o seguinte:
como foi feita a agressão de que foi vítima no posto policial
de São Caetano? (…) Ali apareceu um indivíduo mal trajado,
e encostando-se a janela central do referido posto,
durante uns cinco minutos, em atitude de quem observava alguma coisa,
que decorrido este tempo, o dito indivíduo interpelando o respondente,
pediu-lhe um berimbau que se achava exposto juntamente com armas
apreendidas….
Estilo de luta
A capoeira praticada no recôncavo baiano no final do século XIX e início do
século XX apresentava aspectos próprios, tinha em seus traços lúdicos a
inserção de instrumentos de cordas - possivelmente houve a mescla entre a
prática do samba e da capoeira - e nos treinamentos de luta envolvia técnicas em
torno do uso de armas como a faca e a navalha; o chapéu era um importante
elemento na defesa das investidas de mão armada. Os praticantes de capoeira
desse período desenvolveram uma técnica de ataque com faca e navalha que
consistia no fato do lutador amarrar sua arma e um elástico e treinar o ato de
lançar a arma, ferir o adversário e retornar a mão novamente.
Morte de Besouro
As circunstâncias de sua morte são contraditórias. Há versões que afirmam que
Besouro morreu em um confronto com a polícia; outras, que foi traído, com um
ataque de faca pelas costas. Esta última é muito contada e transmitida oralmente
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na capoeira conta que um fazendeiro, conhecido por Dr. Zeca, após seu filho
Memeu ter apanhado de Besouro, armou uma cilada. O fazendeiro tinha um
amigo que era administrador da Usina de Maracangalha, de nome Baltazar.
Besouro não sabia ler, então mandaram uma carta para Baltazar, pelo próprio
Besouro, pedindo ao administrador que desse fim dele por lá mesmo. Baltazar
recebeu a carta, leu e disse a Besouro que aguardasse a resposta até o dia
seguinte. Besouro passou a noite por lá; no outro dia foi buscar a resposta. 68
Quando chegou na porta foi cercado por uns 40 homens, que o iam matar. As
balas nada lhe fizeram; um homem o feriu a traição com uma faca de tucum (ou
ticum), um tipo de madeira, tida como a única arma capaz de matar um homem
de corpo fechado.
O atestado de óbito relata da seguinte forma:
Manoel Henrique, mulato escuro, solteiro, 24 anos, natural de Urupy,
residente na Usina Maracangalha, profissão vaqueiro, entrou no dia 8
de julho de 1924 às 10 e meia horas do dia, falecendo às sete horas da noite,
de um ferimento perfuro-inciso do abdômen.

Cronologia da capoeira no Brasil

Do século XVI ao século XVIII


Entre 1539 e 1542 - Chegada da primeira leva de escravizados africanos ao
Brasil, em Pernambuco.
Fins do século XVI - Surgimento da capoeira no Quilombo dos Palmares,
situado na Serra da Barriga (à época localizada na Capitania de Pernambuco,
em território que corresponde atualmente ao estado de Alagoas), local de
refúgio de negros escravizados fugitivos.

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Entre 1583 e 1598 - Primeiro registro do vocábulo capoeira na língua


portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra: Do Clima e da Terra do Brasil.
Conotação: vegetação secundária, roça abandonada.
1624 - Início das invasões holandesas. Desorganização social do litoral
brasileiro. Evasão dos escravizados africanos para o interior do Brasil.
Aculturação afro-indígena. Organização de centenas de quilombos. Surgem as
69
expressões: "negros das capoeiras", "negros capoeiras" e "capoeiras".
25 de abril de 1789 - Primeira menção da capoeira em registros policias na
prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser "capoeira".
Século XIX
1809 – D. João VI criou a Guarda Real de Polícia, para seu chefe foi nomeado o
major Nunes Vidigal. Perseguidor notório de capoeristas, o major Vidigal era
por si só um exímio capoerista.
1821 – Wikisource-logo.svg Carta da Comissão Militar do Rio de Janeiro.
enviada para Carlos Frederico de Paula, Ministro da Guerra, requisitando o
retorno dos castigos aos capoeiristas.
Decisão de 31 de outubro: determinou sobre a execução de castigos corporais
em praças públicas a todos os negros chamados capoeiras.
Decisão de 5 de novembro: determinou providências que deveriam ser tomadas
contra os negros capoeiras na cidade do Rio de Janeiro.
1822 - Decisão de 6 de janeiro: mandava castigar com açoites os escravizados
capoeiras presos em flagrante delito.
1824 - Decisão de 28 de maio: dava providências sobre os negros denominados
capoeiras.
Decisão de 14 de agosto: mandava empregar nas obras do dique os negros
capoeiras presos em desordem, cessando as penas de açoites.
Decisão de 13 de setembro: declara que a portaria de número 30 do mês de
agosto compreende somente escravizados capoeiras.

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Decisão de 9 de outubro: declara que os escravizados presos por capoeiragem


devem sofrer, além da pena de três meses de trabalho, o castigo de duzentos
açoites.
1826 - O artista francês Jean Baptiste Debret retrata um tocador de berimbau em
Joueur d'Uruncungo.
1828 – Os capoeiras, sempre tidos como marginais e desordeiros, ajudaram a 70
conter a Revolta dos Mercenários.
1831 - Decisão de 27 de julho: manda que a junta policial proponha medidas
para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores.
1832 - Postura de 17 de novembro: proibia o jogo da capoeira: "…trazem oculto
em um pequeno pau escondido entre a manga da jaqueta ou perna da calça uma
espécie de punhal…"…"tomam providências contra todo e qualquer
ajuntamento junto às fontes, onde provocavam arruaças e brigas; próximo a
Igreja do Rosário, no Largo da Misericórdia, onde à noite as mulheres se
reuniam…".
1834- Decisão de 17 de abril: solicita providências a respeito dos operários do
arsenal de marinha que se tornarem suspeitos de andar armados (fez referência a
uma acusação de assassinato feita contra um negro, e mencionou que já haviam
sido dadas ordens ao chefe de polícia sobre os capoeiras).
Decisão de 17 de abril: dá providências a respeito dos pretos que depois do
anoitecer forem encontrados com armas ou em desordens.
Postura de 13 de dezembro: dá mais providências contra os capoeiras.
1835 – Pela primeira vez é retratado o jogo de capoeira pelo alemão Johann
Moritz Rugendas no livro Voyage Pittoresque dans le Brésil com as gravuras
Jogar Capoeira ou Danse de la guerre e San Salvador.
13 de maio de 1888 - A Princesa Isabel decreta a Lei Áurea abolindo a
escravatura no Brasil.
Surge o primeiro livro sobre a capoeira: o romance Os Capoeiras, de Plácido de
Abreu, onde aparece a primeira nomenclatura de movimentos.

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1889 - Proclamação da República. Deportação dos capoeiras considerados


criminosos para o Arquipélago de Fernando de Noronha. Nasce a proposta da
ginástica nacional, como instrumento de Educação Física, a partir do
reaproveitamento dos movimentos da capoeira. Esta forma desportiva foi
liberada pela polícia.
1890 - Decreto nº 847 de 11 de outubro de 1890. Introdução da capoeira no
71
Código Penal da República, no Capítulo XIII "Dos Vadios e Capoeiras" em seus
artigos 402, 403 e 404. Continuidade ao processo de prisão e deportação dos
capoeiristas criminosos para o Presídio de Fernando de Noronha e para a
Colônia Correcional de Dois Rios na Ilha Grande.
Apesar dos capoeristas terem um papel heróico na Revolta dos Mercenários e na
Guerra do Paraguai, o Governo Republicano instaurado em 1889 continuou a
política de repressão à capoeira do período Imperial, e em 1890 editou o decreto
acima referido, criminalizando a prática da capoeira.
Século XX
1907 - Edição do livreto apócrifo: Guia do Capoeira ou Gymnástica Brasileira.
Nele as iniciais "O.D.C." que significam: ofereço, dedico e consagro.
1909 - Luta do capoeirista Ciríaco, contra o lutador de jiu-jitsu Sada Miako.
Este evento ocorreu através de alvará autorizado pela polícia, dentro do
contexto da luta brasileira.
1928 - Surge no Rio de Janeiro o primeiro Código Desportivo de Capoeira
sobre o nome de Gymnástica Nacional (Capoeiragem) Methodizada e Regrada.
Este trabalho, de autoria de Aníbal Burlamaqui (Zuma), trouxe uma
nomenclatura ilustrada de golpes e contragolpes, área de competição,
regulamento de competição, critérios de formação de árbitros, fundamentos
históricos, uniformes e outras informações.
1932 - Mestre Bimba funda a primeira academia oficial de capoeira.
1933 - Fundação em 5 de novembro, por intervenção de Aníbal Burlamaqui do
Departamento de Luta Brasileira (Capoeiragem) da Federação Carioca de Boxe.

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1936 - Em 13 de março o jornal A Gazeta da Bahia trouxe um depoimento de


Manuel dos Reis Machado (Mestre Bimba) afirmando que "a polícia
regulamentará estas exibições de capoeiras de acordo com a obra de Aníbal
Burlamaqui (Zuma) editada em 1928".
Fundação do Departamento de Luta Brasileira (Capoeiragem) da Federação
Paulista de Pugilismo, em 4 de novembro, por influência da Aníbal Burlamaqui.
72
1937 - Mestre Bimba funda o Centro de Cultura Física e Luta Regional, através
do Alvará n° 111, da Secretaria da Educação, Saúde e Assistência de Salvador.
Enfocando seu trabalho no campo esportivo, obtém aceitação social, passando a
ensinar para as elites econômicas, políticas, militares e universitárias.
1940 - Decreto 2848. Instituiu o novo Código Penal Brasileiro. No mesmo não é
citada a capoeira. A partir desta data o uso da palavra "capoeira" foi liberado.
1941 - Decreto 3.199 assinado pelo presidente Getúlio Vargas, o qual
estabeleceu as bases da organização dos desportos no Brasil. Através do mesmo
foi constituída a Confederação Brasileira de Pugilismo que já na fundação teve
o Departamento Nacional de Luta Brasileira (Capoeiragem), que foi o embrião
da Confederação Brasileira de Capoeira. Este foi o primeiro reconhecimento
desportivo oficial da modalidade.
Mestre Pastinha funda a primeira academia oficial de capoeira de Angola.
1945 - Dando prosseguimento ao Projeto da Ginástica Nacional, o Prof. Inezil
Penna Marinho publica o livro: Subsídios para o Estudo da Metodologia do
Treinamento da Capoeiragem. Esta obra também foi inspirada em Aníbal
Burlamaqui.
1949 - Mestre Bimba leva alguns alunos a São Paulo para competir com outras
lutas. Na década de 1950, Mestre Bimba viajou vários estados apresentando a
capoeira. Começa a expansão da capoeira baiana pelo território brasileiro.
1952 - Fundação do Centro Esportivo Capoeira Angola, em Salvador,
celebrizado por ter à frente o Mestre Vicente Ferreira Pastinha. Seu enfoque é
eminentemente esportivo e civilizador da capoeira.

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Capoeira Combate
Projeto Social Capoeira para todos
Resgatando Vidas

1953 - O Conselho Nacional de Desportos expede a Resolução 071,


estabelecendo critérios para a prática desportiva da capoeira. Este foi o segundo
reconhecimento desportivo oficial.
Em Salvador, Mestre Bimba e seus alunos se apresentam no Palácio do
Governo para o governador da Bahia Régis Pacheco e o presidente da República
Getúlio Vargas. Getúlio teria dito então: "a única colaboração autenticamente
73
brasileira à educação física, devendo ser considerada a nossa luta nacional".
1966 - Participação dos representantes da chamada capoeira angola, sob a
liderança de Mestre Pastinha, no Primeiro Festival de Artes Negras de Dakar. A
capoeira começa a expandir para o mundo. A delegação brasileira volta do
Senegal afirmando que não existia capoeira na África. Passam então a
reivindicar uma posição nacional, afirmando que a "capoeira angola" é a
verdadeira luta brasileira.
1967 - A Força Aérea Brasileira organizou o Primeiro Congresso Nacional de
Capoeira.
1969 - A Força Aérea Brasileira organizou o Segundo Congresso Nacional de
Capoeira.
1972 - Terceiro reconhecimento oficial da capoeira como uma modalidade
desportiva, por ato do Conselho Nacional de Desportos. Inicia-se a fundação
das Federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição do Departamento
Nacional de Capoeira da Confederação Brasileira de Pugilismo.
1974 - Mestre Bimba morre, no dia 5 de fevereiro, em Goiânia.
Em 14 de julho de 1974 os Senhores Comendador Airton Neves Moura (in
memorian), Mestre Mello (in memorian), Profº Mestre Gladson de Oliveira
Silva, Mestre Edson Luiz Polim, Mestre Djamir Pinatti e Mestre Jose Andrade
fundam a Federação Paulista de Capoeira também denominada F.P.C. e ligada à
Confederação Brasileira de Pugilismo, sendo a primeira no mundo, e tendo
como atual Presidente o Prof° Mestre Hermes Soares dos Santos.
1975 - Realização do Primeiro Campeonato Brasileiro de Capoeira por
intermédio da Federação Paulista de Capoeira.

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1981 - O professor Inezil Pena Marinho apresenta o Projeto Técnico-Científico


da Ginástica Brasileira, inspirada na capoeira, ao Congresso Mundial da
Associação Internacional de Escolas Superiores de Educação Física.
Mestre Pastinha morre, em 13 de novembro.
1982 - Realização do Primeiro Campeonato Mundial São Paulo X EUA por
intermédio da Federação Paulista de Capoeira. 74

1985 - Realizacão do Primeiro Festival Folclórico Brasileiro de Capoeira por


intermédio da Federação Paulista de Capoeira.
- 3 de agosto: Dia do Capoeirista, em São Paulo, pelo Governador Franco
Montoro, Lei nº 4.649, de 7 de agosto de 1985.
1992 - Fundação da Confederação Brasileira de Capoeira através do
desmembramento do Departamento Nacional de Luta Brasileira (Capoeira) da
Confederação Brasileira de Pugilismo.
1993 - Realização do Primeiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira,
ocorrido na cidade de Guarulhos - SP. Objetivo: padronização de procedimentos
técnicos, culturais, desportivos e administrativos.
Primeiro Seminário Técnico de Elaboração do Regulamento Nacional de
Capoeira, ocorrido, na cidade de Salvador.
1995 - Reconhecimento da capoeira e vinculação da Confederação Brasileira de
Capoeira ao Comitê Olímpico Brasileiro.
1997 - Homologação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da Capoeira
pela Ordem dos Advogados do Brasil.
Organização do Segundo Congresso Técnico Nacional de Capoeira. Avanço nas
padronizações técnicas e desportivas.
1999 - Realização do Terceiro Congresso Técnico Nacional de Capoeira e
Primeiro Congresso Técnico Internacional de Capoeira, na cidade de São Paulo.
Aprofundamento das padronizações técnicas e difusão para o exterior.
Fundação da Federação Internacional de Capoeira, em São Paulo.

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Fundação da Associação Brasileira de Árbitros de Capoeira, em São Paulo.


Século XXI
2000 - Fundação da Associação Brasileira de Capoeira Especial e Adaptada
para a divulgação e prática da capoeira entre portadores de deficiências.
2003 - Primeiro Congresso Brasileiro de Capoeira - São Paulo - Brasil.
75
9 de janeiro - Lei 10.639/03 - estabelece a obrigatoriedade do ensino de
"Capoeira" dentro das disciplinas que já fazem parte das grades curriculares dos
ensinos fundamental e médio. Também estabelece o dia 20 de novembro como
o Dia da Consciência Negra no calendário escolar.
2008 - A roda de capoeira foi registrada como bem já registrado, em 20 de
novembro de 2008, pelo Departamento de Patrimônio Imaterial Cultural do
IPHAN, utilizando material da Tese de Doutorado do Prof. Dr. Sergio Vieira.
O ofício dos mestres de capoeira foi registrado em 20 de novembro de 2008,
pelo Departamento de Patrimônio Imaterial Cultural do IPHAN, utilizando
material da Tese de Doutorado do Prof. Dr. Sergio Vieira.
Primeiro Campeonato Mundial de Capoeira - FICA - dias 2, 3 e 4 de fevereiro
de 2008 no Ginásio de Esportes Nelson Rueger na Cidade de Araras - SP -
Brasil.
2009 - Primeira Convenção Internacional de Capoeira - 4 e 5 de julho de 2009,
Baku, Azerbaijão.
23 de novembro - Dia da Capoeira. O Governador Sergio Cabral promulga o dia
da capoeira no estado do Rio de Janeiro.
2010 - Lei 12.288, promulgada em pelo então presidente Luís Inácio Lula da
Silva, sendo um conjunto de regras e princípios jurídicos que visam a coibir a
discriminação racial e a estabelecer políticas para diminuir a desigualdade social
existente entre os diferentes grupos raciais.
2010 - Fundação da Federação Fluminense de Capoeira Desportiva - CNPJ:
13.046.043/0001-50, 5 de junho de 2010.

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Fundação da Confederação Brasileira de Capoeira Desportiva- 7 de novembro


de 2010, em Araras - São Paulo, CNPJ: 13.253.744/0001-60 - Filiada na
Federação Internacional de Capoeira.
Fundação da Confederação Panamericana de Capoeira Desportiva- 7 de
novembro, em Araras, São Paulo.
29 de outubro de 2010 - A FICA foi apresentada oficialmente em primeira 76
estância ao COI, na entidade SportAccord – Lausana Suíça. Conseguindo o
documento “Meeting FICA-SportAccord” - Certificado de Reconhecimento.
2014 - A capoeira se tornou a quinta manifestação cultural brasileira
reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Título deve ajudar a preservar a prática não só no Brasil, mas também no
mundo.
2017 - A nova Base Nacional Comum Curricular brasileira (BNCC), inclui a
Capoeira em diversas áreas do saber, garantindo a pesquisa e a vivência da
"arte-cultura-esporte" para o ensino fundamental de todas as escolas do Brasil,
sub-dividido em diversas unidades temáticas: Brincadeira e Jogos; Esportes;
Ginásticas; Danças; Lutas e Esportes de Aventura, experimentação e fruição das
lutas, vivência das estratégias básicas das mesmas, problematização de
preconceitos e estereótipos de gênero, sociais e étnicoraciais destaca-se a que
discute as características (códigos, rituais, elementos técnicos-táticos,
indumentárias, materiais, instalações e instituições), Lutas do Contexto
Comunitário e Regional.
2018 - Centenário da Luta Regional Baiana

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