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0 regionalismo na literatúra de
Lit"B'rat-uxa Brasileira.
Dezembro de 19 78
11
/■ .., - f - -
KcJ
Celestino Sachet
Ao Aristides e ã Mara,
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
sou.
P5s~Graduação em Letras.
palavra, amiga.
V
S U M A R I 0
1. A paisagem ...................... 66
1.1. Os contos .................... . 66
1.2. 0 romance .... .................. 77
2 . 0 documento ............. ............. 89
2.1. Testemunho dos sentidos ........ 89
2.2. Testemunho do tempo .... ...... . 93
2.3. Testemunho dos topónimos e da pa
lavra transcrita ................ 95
3. A linguagem . ............. ............ 106
3.1. 0 diálogo .... ......... 106
3.2. 0 vocabulário ......... . 114
Notas e referências bibliográficas do
capítulo III ...... ...... ...... . 124
RESUMO
não apenas es tão mas ainda são respectivamente cada uma das re
giões c
ta da mesma liberdade.
IX
— emana uma força que leva este homem a criar o mito, as perso
ABSTRACT
Sassi are not only p laced respectively in each one of the regions,
that find no limit but the horizon line there comes a force
I
capable of suggesting to the natives of the reion-a sensation
Xi
the rain, there comes a force which takes this man to create a
and in being the life of this place through the literary language,
human universalism.
"0 regionalismo ë a predominância da ;
do ”Romance Brasileiro” . -
e mais legítimo da nossa propria imagem como Nação. Por esta ra
zão propomo-nos ao estudo de um escritor deste bstado. Referimo-
se da cidade de Lages.
Embora ainda não tenha sido estudado, como o deveria,
fixo em uma região, ô-que não .ocorre com o outro romance seu,
au to r .
Levados pela exigência da racionalização que todo o
faremos uma abordagem sobre como a obra de Sassi estã nas duas re
mos em que medida essa mesma obra consegue converter-se nas referi
das regiões. , j
0 estudo do estar e do ser, como convencionamos chaníar
Cogitamos ainda qual o poder que essa força exerce sobre o incon_s_
(1) AZEVEDO, Aroldo de. As Re giões Brasilei- ras . Sao Paulo, Na
cional, 196 6. p. 21. ,
REGIAO
cia do meio, mas, por outro lado, se reconhece que aquela é ca
"Â ’ r e g i ã o n a t u r a l ^ , l ò t o e, o espaço
n a t u r a l m e n t e h o m o g ê n e o , quase nunca se
c o n s t i t u i no dado i n i c i a l da r e g i ã o hu
ma na. Com efeito,, os h o m e n s se e s t a b e
l e c e m num q u a d r o t e r r i t o r i a l de u m a m a
n e i r a progrQ.ssiva, e os l i m i t e s de s u a
e x p a n s ã o são r e s u l t a n t e s de o u t r o s f a
t o r e s e nao a p e n a s das c o n d i ç õ e s do r e
,, . l e v o e do c l i m a " 4. ;
suas 'vias de c o n v u n i c a ç a o •
campo de estudos.
de vida de relações" .
É, pois, mais especificamente, a pequenas regiões homo
República"
15 i
e 'espaços polarizados'" . 1
I
Inicialmente tentou-se identificar os menores espaços
[
homogêneos, as micro- regiões , "formadas de agrupamentos de mui>i-
Essa divisão nem sempre tem seus limites coincidindo com as fron
,■
te iras dos estados
18
tagônicas ;
i
Roger Bastide vê no Nordeste uma região onde "o cheiro
têntico escritor do pampa dos gavlchos foi Simões Lopes Neto, que
Sul contra o Norte, acima de tudo porque seus romances são os:
20
3.2.1. A Amazônia
tros .
3.2.2. 0 Nordeste
3.2.3. A B ah ia
Rui Barbosa.
tura.
Para além das coxilhas, o analista reconhece existir
universal•
zão, afirma Vianna Moog, porque o carioca não poderia ter uma Ij.
que ;
nos físico -sociais que atuam sobre ele. Investigam nas obras |de
ser aceito por nos sem um certo embaraço. Não podemos afirmar
postos entre a sede. desse núcleo e São Paulo, núcleo que lhe es
4. REGIOBS CATARINENSES
culturais distintas.
30
constituídas:
do litoral. ■
que campeava no Rio Grande do Sul. Daí o seu povoamento ter como
criação do gado.
.
, Mesmo considerando a existência de apenas três núcleos
atividade econômica,
0 aspecto pelo qual mais nos interessamos, o liter
Wilmar Sassi"
Para nós , ê conveniente assinalar, a-civilização dos cam
te que pertence. ^
No prefácio do livro intitulado Fundamentos da cultura
■üiZés-oag-y
Biblioteca Universitária 33
UFSC
to e Oeste.
Embora o- Planalto e o Oeste apresentem características
bem não pode atender aos interesses de nossa pesquisa, visto que
quanto que para nos, o ideal seria que fossem determinadas atra
ticidade.
gião.
Esse método de divisão regional que adotaram estã in
sil, nós sonhamos encontrar sua imagem naquilo que tem de pro
(10) Dois dos contos por nos selecionados para estudo focalizam
a vida de um menino enjeitado, acolhido em uma fazenda
de criação de gado. Três outros esboçam a vida dura e
sem conforto da gente de serrarias situadas em zona de
Mata Subtropical. 0 romance aborda a vida difícil, mise
rável ate, de gente também de zona de Mata Subtropical,
que vive da derrubada de pinheiros, os quais, na época
de cheias, são enviados para a Argentina, através do rio
i
Uruguai. 1
37
(2 5)Id. ibid.p.213-14.
38
0 REGIONALISMO E A LITERATURA
a cada um deles
Para nos,, "obra oii escritor regional", bem como, "obra
po:
do" ^
co (., O " ^ ■
Nessa mesma linha de pensamento se insere o estudo que
firma ele, "para ser regional uma obra de arte não somente tem
que ser localizada numa região, senão também deve retirar sua
tra"
que:
rém, que 0 ponto, de vista dos que foram por nos selecionados são
te do regionalismo na literatura,.
anteriores, o- confirmara:
43
T r a t a - s e de " d a r i m p o r t â n c i a a parte
d e n t r o d o t o d o " . (Gilberto Freyre).
R e g i o nais sã o a p e n a s a q u e l a s o b r a s ”cu
jo fim p r i m o r d i a l for a f i x a ç ã o de t i
pos, c o s t u m e s e l i n g u a g e m l o c a i s (...)"
(Lúcia Miguel-Pereira).
por isso que Alceu de Amoroso Lima, em obra já citada por nõs,
teratura regionalista . ’
tude concreta e objetiva que o caso exige. Teria sido esse, tal
vez, o motivo porque foi ele o es-critor que mais tomou para si a
mo os de que: ^
- a Realidade ê matéria;
los. Propôs“se a não interferir, não opinar, nem tão pouco apre
o homem típico; ,
!
- uma visão do mundo determinista - vai encontrar o 'ho
mem "síntese do meio” ; !
ratura nacional.
47
colas- é consciente, por parte dos escritores, que, por sua vez,-
to seu, que nos foi enviado na resposta de uma carta em que ha
ralismo;
de modo.relativo, uma vez que não lhe serã dado isentar-se das
de".
objetivo, do "real".
lismos".
pode, um estar.
as seguintes considerações:
rística, não como coisas distintas, mas como uma integridade di^
a extensão do outro.
"As p r o d u ç õ í ò do d i p Z r l t o h u m a n o , co mo
aé da n a t u A & z a , 4Õ explicam pelo
m e i o em q u e n a s c e m " 22.
até certo ponto, vem a ser ele quem realmente manobra o agir das
das por uma força natural que emana da região e que se deixa a-
mais o que vê, mas o que intui, porque manter-se fiel ã sua in
propria região.
0 mesmo ocorre com referência ã linguagem. Atê certo
ponto ê 0 autor quem a governa. Por outro lado, os objetos, se
sui.
Esse fenômeno de projeção, na obra, de uma linguagem
forma estética.
ferida região que o circunda, senão senti-la, e com uma alma que
apenas semelhança.
Vemos a região "encarnada" na obra regional. Sentimos
Lima:
versalismo. ,
i
”d a A Z m p o n t â n c Z a ã p a n t í de.ntn.o do
t o d o ” 27.
Por isso nenhuma região, bem como nenhum grupo social, cultural-
57
deva ser o escritor "de sua casa para ser intensamente da humani^
29
dade" , ou o de Mário de Andrade ao afirmar que "so sendo bra
Amado, quando confessa: "Não pretendi nem tentei jamais ser uni
sua obra, haveremos de penetrar com ela num mundo que, não sendo
mem universal.
59
0 ESTAR
das para que uma obra possa ser considerada regional, haveremos
que a inspirou.
"Em G u i d o S a s s i se p e r c e b e o homem
a t u a n t e , q u e o b s e r v a e c o m p r e e n d e e,
s o b r e t u d o , t r a b a l h a , p a r a qu e um d i a
s e j a m s o l u c i o n a d o s os d r a m a s v i v i d o s
por esta c o l e t i v i d a d e , que forma uma
p a r t e do s u l c a t a r i n e n s e ” 2.
"0 s u l do B r a s i l , na c h a m a d a r e g i ã o
serrana, que en v o l v e .territórios de
S a n t a C a t a r i n a e^do Rio G r a n d e , e o
c e n ã r i o da c r i a ç ã o dos personagens,
qu e s e a g i t a m , s o f r e m , ama.m e sonham,
nos d e n s o s c a p Z t u l o s de' " S ã o U i g u e l " ,
l i v r o do Sr. G u i d o W i l m a r S a s s i , qu e
j ã se a p r e s e n t a como c a v a l e i r o a r m a
do de p o n t o em b r a n c o ’, ã mane.ira
t r a d i c i o n a l " 3.
ciai. ,
”Chama/i-it-á poZò A z g Z o n a l Z s m o a q u e
la A e p A í ò e n t a ç a o do A e g l o n a l que obe
de ce a um pAogAama, a uma v o n t a d e de
fazeA, a um pA oj eto e l a b o A a d o s e g u n
do as con v e n ç õ e s e .a t d e o l o g t a ^ do
que se pode d e n o m t n a A um movimento
ItteAcÍAto" 4 .
1. A PAISAGEM
1 ^ * O s ,contos
" S o t pastado, m o A m a ç o , q u l í t a ç ã o . K e-
n k a m m o v i m e n t o na p a i s a g e m mofita. Mí _
n h u m a a/iagem a mexen. com os Aam,os
dos a/ibustos. N e n h u m p a s s a n t e páZa
estAada e^ma e ensolarada - apenas o
m e n i n o e a é g u a [...1. j
0 s o l c a r r a s c o a e s t o r r l c a r as fo
l h a s das á r v o r e s , a e s q u e n t a r j.as
á g u a s das l a g o a s , a e s c a l d a r o so lo,
a c a i r de c h a p a na c a b e ç a dos a n d á n -
t e s , f a z e n d o as g o t a s de s u o r e s c o r
rer abundantes pelos corpos cansados
que i m a n d o braços e pernas, a m o l e c e n
do os ■â n i m o s ”'5 ......... - ..j
i
1
”Ge ar a. C r o s t a s de g e l o s e haviam
f o r m a d o s o b r e a c h u v a qu e enlameara
'67
dos Campos de Lages. Não ocorria o mesmo com relação ao frio, que,
sentação da personagem;
do homem da terra:
"(..•) b o m b a c h a s , b o ta ò z zsporas
(...), c h a p z l ã o e -izu b a r b l c a c h o , z
p o n c h o — u s a d o nos dias f r i o s ” 8.
tar em ''Piã''.
Assim, em 1951, o autor jã expressa a idéia da vida
" Va7.-tudo I n d l s p z n s ã v z Z , p z ç a d z c o r a
t l v a dz t o d a s as f a z z n d a s i . . . ] ” 9.
da, uma vez que piã ë posto, ainda, a ordenhar vacas e levar lei.
"Q^uase t o d o c a b o c l o p o s s u e um a n i m a l
de m o n t a r i a , um c a v a l o , um b u r r o \ou
u m a m u l a , f o r t e m a s nem ^ s e m p r e vi.ê^to_
so. V e s t e c r i a n ç a - "pi a " d i z e m \-,
i n i c i a n d o - se nas l-tdes r u d e s da t é r -
ra, a c o s t u m o u - s e a a n d a r a c a v a l o | e
tão i d e n t i f i c a d o e s t ã com ele, 4ue,
q u a l q u e r c a m inhada maior que t e n h a a
fazer, o faz s e m p r e m o n t a d o .
V a Z c e r t a \conf r a t e r n i z a ç ã o , e x i s t e n
t e no p l a n a l t o , e n t r e o h o m e m o o jco,
valo; 0 q u e m a i s e x t a s i a o caboclo, e.
um .c a v a l o ,_,vis t Q S o , de p e l o luzidio,
a r d e g o e bem a r r e a d o " 12. \
i
' i b
Como se v e , hã razao bastante para que o escritorre-
j'
gionalista catarinense tenha, não apenas conservado o elemento
!,
"cavalo" na segunda publicação, mas ainda intensificado nela e's~
70
sa presença.
Apesar de todas as colocações que fizemos, não' podemos
aos poucos pelo autor, e o estar em sua obra vai se tornando ca
"No (íòtudo da o r g a n i z a ç ã o s o c l a Z do
yiosòo " h l n t í r l a n d " não í í p o d e d t l -
x a Á de c o l o c a r em p r i m e i r o p l a n o o
f a t o r e c o n ô m i c o co mo o m a t ò d e c l ò l v o
na d i f e r e n c i a ç ã o dai, c l a s s e s : a r i c a
e mais Influente, formada pelos fa
z e n d e i r o s , e a p l e b e p ob re , c o n s t l -
t u Z d a p e l o s pe ã e s , a g r e g a d o s , l a v r a
d o r e s e t r a b a l h a d o r e s b r a ç a l s " 13.
"É um s a n t o p a r a os ho m e n s do p l a n a i
to, q u e 0 c a n o n i z a r a m , co mo faziam
os a n t i g o s c r i s t ã o s aos s e u s s a n t o s ,
s a n t o qu e não d i s p u t a um l u g a r nos
a l t a r e s p o r q u e o t e m no c o r a ç a o dos
h o m e n s s i m p l e s das zonas q u e e l e p a l
m i l h o u " 15.
" P i ã tem, t a m b é m a s u a r e l i g i ã o . A
r e l i g i ã o de p i ã é q u a s e nada: multa
fé em J o ã o M a r i a de A g o s t i n h o , q u e é
multo m i l a g r o s o , e devoção para com
o N e g r l n h o do P a s t o r e i o " [E, p. 96).
catarinenses.
Nos contos "Amigo velho", "Cerração" e "Serragem" o au
que tem lugar por volta dos anos 50, sob o impulso de descenden
desse noy.o tipo de- vida, ao lado da vida pacata das fazendas de
. . 19
de materia prima
Impressionado, talvez, com a implantação da novidade
" C a b i s b a i x o e tfiistz, o v z t h o p Ô i - s z
a szguiji a carroq.a, quz, em s z u . r o -
d a r I z n t o , sz d i r i g i a p a r a a s z r r a -
r i a " (Al/, p. 1.2].
" M z n h u m a l u z na s z r r a r i a . T u d o cobzr
to p z l a b r u m a " (C, p. 19],
''(,....) 'João õ n o f r z , v o c z v a i c o r t a r
a q u z t z s p i n h z i r o s da b a n d a do ta-
g o ão' [...]" (AU, p. 13].
"E s í m p r z , t o d a vida, a s u a l u t a f o
r a com 0 p i n h z i r o " (C, p. 21],.
por Sass i :
"0 c a p o n e t e de p e r t o d a s a n g a havia
d e s a parecido. Nada mais restava dos
ma.tagais c e r r a d o s . Os s o p í s dos m o r
ro s e s t a v a m nus, v i r a d o s num e s c a l v a
do sõ [...). P o r t o d a a p a r t e a ruZ-
na, a h e c a t o m b e , a d e c o m p o s i ç ã o . C o
mo c r u z e s m u t i l a d a s , os t o c o s c a r c o
m i d o s p e t a i n t e m p é r i e a t e s t a v a m __ a
d e s t r u i ç ã o em mas s a . T o d a s as arvo
res g r a n d e s h a v i a m sido d e r r u b a d a s "
(AU/p. 14).
ma:
"No i n v e r n o \ y r o c Õ p i o e n f r e n t c ü , o
frio c a r r a s c o , as m a d r u g a d a s de g e a
da, 0 v e n t o c o r t a n t e " (C, p. 27).
madeira.
Hã outro ponto de ligação entre o estar dos contos es-
76
não tem contudo causa comum nos dois sitemas de economia: o pe
do, que não tem de seu nem mesmo a casa onde mora.
0 senso de observação e analise de Sassi, .fazem--no
danças dessa estrutura social, pelo menos a curto prazo. Faz ,um
mais que se dedique com afinco ao trabalho, como ocorieu com Pro^
77
"l/&nciÃ. 0 m e u F o r d a i n d a em temioo. 0
c o i t a d o p r a q u e m eu v e n d i ja t a na
m i s é r i a , a r r e p e n d i d o , com o c a m i n h ã o
t o d o e s c a n g a l h a d o . Eu é qu e não ^ t o u
p r a m e i n c o m o d a r e sõ t e r prejuZzo.
0 m e l h o r e t r a b a l h a r de e m p r e g ado ^
Ao m e n o s , {^im do mes, o d i n h e i r o é
c e r t o " [C, p. 20).
força de colaborar para que a sua obra atinja uma dimensão so
cial, pois que representa uma nota viva de protesto contra uma
1.2. 0 romance ;
i
i
.^ í -
Ao elaborar seu romance de estreia, o autor, ja mais
neste sêculo, a região pode ser apontada como um dos mais perfej^
ra. - .
Oswaldo R. Cabral, em seu livro História de Santa Cata
cílio:
AgoÆo. v o c ê s deixaA.am o e.4-
tn.a.nja. toman. c o n t a de t a d o . Q^azm é
q u í m a n d a no mate. q^ae. a Z n d a t z m ? r.
es t A a n g etAo . Q_uem e que, m a n d a na ma -
dzt/ia? Ë g A t n g o do Kto Gfiande. Essa
i t a l t a n a d a t o m o u c o n t a de, t u d o ” (SM,
p . 46 j .
79
recente.
e origens diferentes .
tar-se;
" M o v a m z n t í os m a c h a d o s c o m e ç a v a m a
d í A A u b a A as a A v o A e s Ás se AAa s,
i n c e s s a n t e s , m o A d i a m as t o A a s d e s ^ a -
z e n d o - a s em p A a n c h õ e s e t á b u a s ”. [SM,
p . 17 4] .
que focaliza;
" U m a b a l s a de c e d A o s e m p A e l e v a t a m
bém m u Z t a c a n e l a , p e A o b a , Z p ê e Zm-
b u Za " ( S M , p . 1 0 4 ] .
81
tatamos que Sassi, aqui, foge aquele respeito que empresta ã rea
”l/ocê s a b i a que:
- í• •• í
- na m a t a A t l â n t i c a ha u m a Imensa
q u a n t i d a d e de m a d e i r a s , t a i s como
p e r o b a s , c a n e l a s , l o u r o s , et c.?"Z8 .
nas respostas);
- imbuia: s5 no Centro-Oeste ;
- pinheiro: em extinção;
Oeste .
prestara auxílio nesse sentido, uma vez que na êpoca estava radi
tura capaz de lhe fornecer alguma luz sobre o assunto. Não ê ra
é bastante para impedir que se considere São Migue^ uma obra lo
'>•' ”0 s i l ê n c i o t o A n o u - s e p e s a d o . Cala
dos e. p e n s a t i v o s , t o d o s os h o m e n s il
x.aAam o pens a m e n t o n u m a s Ó co i s a : a
cheia. Sim, s e c h o v e s s e as v i a g e n s se
Alam p o s s Z v e l s . A madelAa seAla ven
dida. Os p a t A Õ e s t e A l a m d l n h e l A O , a-
pós a ' d e s c i d a do LlAugual' e paga-
A l a m os a t A a s a d o s " [SM, p. 755).
mais problemático:
d e s er .
duas últimas:
"As b a A A a n c a s do ilAugual s e t A a n s ^ o A
m a v a m em n s t a t e l A O s I m e n s o s , a se
p e A d e A de vista. V e p o l s e A a o pA^o-
p A l o Alo que A e a e b l a os _^pAanckõeis,
as vigas, as t o A a s . e as t á b u a s ; e ' a
m a d e l A a eAa e n tão A e u n l d a em balsas,
e l á {^Icava, na s u p e A ^ Z c l e do UAu -
gual,_ ag u a A d a n d o a cheia. A á g u a de~
s a p a A e c l a ■em t A e c h o s , IntelAamente
c o b e A t a de ' A e m o l q u e s ' . Em m u i t o s l u
g a A e s 0 Alo p o d e A l a s e A a t A a v e s s a d o
a s e co ; l a - s e de u m a a o u t A a m a A g e m ,
s e m m o l h a A os pes" (SM, p. 17 4).
gra e com ela forma um todo. Enquanto enfoca Lages, o ser humano
Catarinense.
89
2. 0 DOCUMENTO
recursos:
trado ; .
Observe-se o trecho;
"espicaçar de vidros".
'
Alem de pouco freqüentes, também não contêm em si ’a
es tar.
de um cenário pintado.
A região se apresenta, também, sonoramente na obra;
expressivo:
"0 p l n h e l A o o s c i l o u um p o u c o e c o m e
ç o u a tom.ba.A. V e v a g a A l n h o , a p a Im c Z-
p l õ T ^ V e p o Z s com u m a f o A ç a e um d e t e A
m l n l s m o que nada" podeAA.a ev-LtaA, cõ -
93
2 •2 • Testemunho do tempo
fator ütil, uma vez que o foco narrativo gira em torno da ausên
do, ao tempo.
po, sendo que as secções maiores são marcadas pelo passar dos
dias. Cada uma dessas secções ê aberta por uma ou duas epígra -
venda ou o bom tempo (uma vez que nas estações de chuva as es
e muitos outros.
Alem de esses topónimos terem, por si s5, condições
fatos. ”
0 Uruguai do qual o autor fala, não ê um rio fruto de
o proprio.
0 mesmo ocorre com relação ao regime de chuvas. Para
tes casos;
97
"'y m Z e n t A a s t a n t o b a j a b a n en ma-
j e s t u o s a s ' j a n g a d a s ' , en l u g a A de
aquillas; otAas tantas vZgas Ihega-
das de co n t A a b a n d o d e s d e el B A a s Z l ,
co n u n a m a A c a q u e fal sliflcaban en
el o b A a j e h a b i l m e n t e .
iNo s a b Z a el q u e j , n e l ^ ã l t Z m o con-
t A a b a n d o el patJiÕn h a b Z a t e n Z d o an
b e n e f Z c l o i Z q u Z d o de 5.0 00 p e s o s aA
g e n t Z n o s ? iV' e n t o n c e s ? ’
A L E R E V O l/ARELA - 'El a Z o e s c u A o ”'
(SM, p. IS 3; E p Z g A a f e do d Z a 16 de
setembAo, domZngo}.
0 ixltlmo o b s t á c u l o a. n a v e g a ç ã o .
V a Z cm d i a n t e o c u r s o do U r u g u a i se
t o r n a l e n t o e su a v e . As m a r g e n s jã
se a p l a i n a m nas c a m p a n h a s de ambos
os l a d o s . As a g u a s c o r r e m mansas.
T a o m a n s a s que, na a l t u r a de _^Santo
I s i d o r o , e n t r e S ã o X a v i e r e São To
me, é p r e c i s o e v i t a r o ' R e m a n s o de
S a n t a M a r i a ' , q u e faz v o l t a r ]'.4 qu l
l Ô m e t r o s ri o a c i m a com m a d e i r a s ê
em barcaçõ es (...)'.
A U J O R Ai/l LA VA LUZ - 'Os E a n ã t l c o s -
C r l m e s e A b e r r a ç õ e s da R e l i g i o s i d a
de dos N o s s o s C a b o c l o s ' " (SM, p. 214;
E p Z g r a f e do d i a 22 de s e t e m b r o , s á
bad o ).
trechos por ele selecionados das muitas pesquisas que fez- a re^
porcionar.
Ach e i l Ac he i!
- A c h e i i ò t o a q u i l á no h o t e l , p a
dre.
A l g u m v i a j a n t e qu e e s q u e c e u . Achei
q u e i n t e r e s s a v a pro s e n h o r . \/im l h e
m o s t r a r . P a d r e H e n r i q u e p e g o u a bro
c h u r a e. l e u o t i t u l o 'OS V A N Â T J C Õ S ~
C r i m e s e A b e r r a ç o eó da R e l i g i o s i d a
de dos N o s s o s C a b o c l o s ’, de Aujor
A v i l a da L u z .
■
- Jãr^ouvi—f a l a r - n e s s e l i v r o - d i s s e
0 pa d r e . - C o n t a c o i s a s do C o n t e s t a
do .
- P oi s eu l i el e q u a s e q u e i n t e i r i -
n h o , on tem. A c h e i qu e i a i n t e r e s s a r
0 s e n h o r . F a l a t a m b é m a q u i de São
M i g u e l , do r e g i m e de v i d a d e s s e p o
vo. M a r q u e i as p á g i n a s . Aqui. 0 se-
n h o r l e i a " (SM, p. 169).
"No v a l e do rio U r u g u a i e s t e t r a n s
p o r t e de m a d e i r a a s s u m e e n t ã o um
aspecto particular e pitoresco. As
v i g a s de ce dr o, c o r t a d a s nas matas
m a r g i n a i s dos a f l u e n t e s do rio, são
a r r a s t a d a s p o r bois, a t r a v é s de
' c a r r e i r o s ' , ato, o p o r t o ...fluvial
m a i s p r o x i m o . AÍ, d e p o i s de a s s i n a
l a d a s com a m a r c a do r e s p e c t i v o d o
no, sã o r e u n i d a s umas ãs o u t r a s . Em
c a d a e x t r e m i d a d e de u m a t o r a é f e i
to um o r i f i c i o p o r o n d e se m e t e um
t a r u g o qu e s e r v e de a p o i o aos c i p Ó s
'g a i m b é ’ ou aos a r a m e s q u e amarram,
u m a v i g a ã out ra. As vi ga s, ã pr o -
p o r ç ã o q u e s ao re unido^s, vão f o r m a n
do g r u p o s q u e na t e r m i n o l o g i a do ca
boclo m a d e i r e i r o tomam nomes espe~
ci ai s: os ' p e l o t õ e s ' f o r m a m os 'quar
téis ' e e s t e s f o r m a m a b a l s a ou 'r e
m o l q u e ' , em q u e se c o n t a m d e 200 a
6 00 t o r a s . A s s i m as J a n g a d a s de c e
dro ou t ã b u a s e p r a n c h a es de pinho
a g u a r d a m num r e m a n s o do rio, a p r i -
s i o n a d a s ãs v e z e s p o r u m a 'm a r o m b a ' -
cab o de aço f i x a d o em c a d a m a r g e m e
t o c a n d o a s u p e r f í c i e da ã g u a - , a
é p o c a das c h e i a s p a r a i n i c i a r e m a
c o r r i d a r i o - a b a i x o a t é os portos
argentinos.
100
Enta.0 , q u a n d o 0 ilAugual e n c h e e f i
ca 'em p o n t o de b a l i a ’, l e v a d a i p e
l a cofiAen-teza, c o m e ç a m a d e i c e A em
g r a n d e n u m e r o ai bali ai de m a d e i r a .
£ um dei-file m a g n Z f i c o l Em c i m a de
c a d a b a l i a S a 15 h o m e n i , munidoi
de r e m o i e v a r e j õ e i , a vão guiando
p elo m e i o do c a n a l do rio, d e i v i a n -
d o -a i doi r o c h e d o i e dai i l h o t a i ...
1-reqlientemente u m a b a l i a e n c a l h a no
c imo de u m a i l h a m a l c o b e r t a pelai
ã g u a i e o u t r a i v e ze i d z i m a n c h a - i e re
b e n t a n d o de e n c o n t r o a um e i c o l h o . . .
hieita em.barcação i u i - g e n e r i i - em
que a m a d e i r a ie t r a m p o rt a a ii
m e i m a -, com um fog ao a c e i o e r o u -
pai e i t e n d i d a i a i e c a r , a viagem
a t é Oi p o r t o i a r g e n t i n o i é f e i t a em
5 a S d i a i , num d e i c e r rio-abaixo
c o n t i n u a d o . . . Ai n o i t e i , no m e i o da
ei curid. ão , oi b a l i e i r o i , r e v e i a n d o -
ie, p e r m a n e c e m a t e n t o i e, gritando
’ohí o h .’’ a i n t e r v a l o i , procuram
não ie ieparar__dai o u t r a i b a l i a i e,
' v a q u e a n o i ’ e m e r i t o i , a ie orientar
no c a n o do r i o p e l a i d i f e r e n ç a i do
e c o ...
Ao c h e g a r e m ao ' Sa lt o G r a n d e ’, o l u
g a r m a i i p e r i g o i o p e lai a l t a i ’ mar^
tai' q u e i e f o r m a m , e n t ã o i e p r e p a
ram para a i ua p a a a g e m emocionante.
Oi c a b o c l o i i i l e n c i o i O i co n c e n t r a m
t o d a a a t e n ç ã o nai m a n o b r a i . V e n c i
do 0 p e r i g o , a _ a l e g r i a e g e r a l : t o
doi g r i t a m e dao v i v a i .’
V a Z em d i a n t e a v i a g e m d e c o r r e m a i i
ca lma ; a u n i c a c o i i a a e v i t a r i e n d o
oi v a r i o i r e m a m o i , em q u e ai b a l -
iã i c a i n d o c o m e ç a m u m a d a n ç a iem
f i m . ..
A ei.ta v i a g e m a c i d e n t a d a , __para dar-
l h e a n o t a a v e n t u r e i r a , nao faltam
i i q u e r oi t i r o t e i o i q u e m u i t a i ve
zei oi b a l i e i r o i t ê m q u e iuitentar
c o n t r a Oi ’c a ç a d o rei de v i g a i ' , c o
mo é, co n h e c i d a c e r t a e i p ê c i e de gen
t e de m ã fama, qu e dai m a r g e m d~õ
ri o a c o m p a n h a ai b a l i a i e i p e r a n d o o
m o m e n t o , em q u e u m a dé la i, ao ie__^e^
p a t i f a r de e n c o n t r o a a l g u m o b i t â c u
l o , ie d e f a ç a e ie d i & p e r i e , para
c o l h e r a m a d e i r a e e i c o n d ê - la, p a r a
depoii fazer a iua jangada iem^ ter
t i d o 0 t r a b a l h o de c o r t a r ai arvo
rei. . , " (SM, p. 1 6 9 - 7 1 Ï. i
101
sua obra, Não lhe convinha, pois, seccionar o texto e retirar d-£
57, 128, 133, 150, 169, 179, 192, 217, 220, 231, 236).
ra .
10 2
senrola a ação.
no seguinte:
Observando- se 0 mapa da
10 3
por rios;
" A v e s s o ao i m p r e s s i o n i s m o e ã i m p r o
v i s a ç ã o , 0 e s c r i t o r p r o c e d e com a
g r a v i d a d e e o m é t o d o de q u e m busca
r e p r o d u z i r , com t o d a a f i d e l i d a d e ca
b Z v e l dentro' de u m a o b r a de ficção,
um 'setor da 'nossa r e a l i d a d e " (SM,
p. Í3). : ,
parte do escritor.
valioso documento” .
10 6
3. A LINGUAGEM
sua obra.
3.1. 0 'diãlogo
dele.
'E-iSd t e m a i n v a r i á v e l na p r o s a dos
f o g õ e s era, e n t r e t a n t o , um s i n t o m a ,
a l i á s e x p r e s s i v o , de que a l g o e s t r a
nho m i r a v a a e x i s t e n c i a c a m p o n e s a da
g l e b a h e r ó i c a , a b e i r a d a na c o n t e m p l a
ção do p a s s a d o ' " 38.
meno, e, dentre eles,o que mais parece ter levado a serio o pro
as seguintes considerações:
"0 c o m u m e n t r e e s c r i t o r e s r e g i o n a l i s
tas é p o r t a r e m - s e a n t e o h o m e m do po
vo como um e s p e c t a d o r fino e sutiT.
qu e se d e l i c i a com as 'to l i c e s ' do
l i n g u a j a r errado, capri c h a n d o ele o
m á x i m o na s u a l i n g u a g e m — com o p a r a
; g u a r d a r d i s t â n c i a . Ele o b s e r v a o p i
t o r e s c o , l á da p l a t é i a ; : mas longe
de q u e r e r p a r a s i m e s m o a l g u m a c o i s a
d a q u e l e p i t o r e s c o ; n a d a de co n f u n d i r
- s e com 0 a t o r (...).
E s t r o p i a m s e m dõ nem p i e d a d e os v o c á
bu l o s no f a l a r c a i p i r a , a pretexto
de c a r a c t e r i z á - l o bem nitidamente;
guindam-s e a valer , capricham ã l a r
g a na c o r r e ç ã o s i n t á t i c a , no r e t o r c i
do da fr as e, q u a n d o estao co m a p a l a
vra" 39.
" k l t í m o Á a f a l a do n 0 ó 60 h o m m do
c a m p o a d m Z A a v ílmínte. f i x a d a — to
d a v i a não hã u m a d&tuApaç-ão g/iãflca,
nem òzqucn, ò l n t ã t l c a . (...) ?or. Ojx -
tn .0 lado, q u a n d o k r l n o h f a l a p o A [con
t a pA-opAla, t i r a í x c t l z n t z ífílto' da
f uò ã o da l l n g u a g z m c u l t a com
tom popular, 6alvo quando Izmbra
m u l t o que, e a u t o r b r i l h a de. m a l é ,
como em alg um aó pãglna-i do 6 eu | no
e n t a n t o a d m i r á v e l 'k^òombràmento''42 .
"C om a u t i l i z a ç ã o do n a r r a d o r f i c t í
cio f i c a e v i t a d a a s i t u a ç ã o de d u a l l
dade, p o r q u e não hã dif e re nç a_ ^de cu Z
tura entre quem narra e quem e o b j e
to da n a r r a t i v a . No e n t a n t o , aZ e s t ã
um r i t m o d i f e r e n t e , est ã o c e r t o s v o
cábulos reveladores e ligeiras defor
m a ç o e s p r o s õ d l c a s c o n s t r u i n d o u m a fa
l a g a ú c h a e s t i l i z a d a e ^co n v l n c e n t e
mas ao m e s m o t e m p o l i t e r á r i a , e s t e t l
c amente válida. Para o seu narrador,
Bla.u N u n e s , o a u t o r t i n h a do is e x t r e
mos p o s s Z v e i s : ou d e f o r m a r as pala
vr as e g r a f a r t o d a a n a r r a t i v a s e g u n
do a f a l s a c o n v e n ç ã o f o n é t i c a usudZ
em n o s s o r e g i o n a l i s m o , de q u e vim o s
um e x e m p l o em C o e l h o Neto; ou a d o t a r
um e s t i l o c a s t i ç o r e g i s t r a d o s e g u n d o
as c o n v e n ç o e s da n o r m a c ul ta. S l m o e s
Lopes N e t o r e j e i t o u t o t a l m e n t e o p r l
melro e a d a p t o u s a b i a m e n t e o segundo,
c o n s e g u i n d o um n Z v e l m u l t o e f i c i e n t e
de e s t l l l z a ç ã o " 44.
■. 0 r e g i o n a l i s m o de Sl-
'' m o e ò Lopei M e t o q u e eu q u e r i a fazer.
0 q u e m e I n f l u e n c i o u mesmo,., o que
m u l t o de bom m e e n s i n o u fo i o e s t u d o
I n t r o d u t d r l o que Kurello B u a r q u e de
H o l l a n d a F e r r e i r a fez p a r a a edição
c a p r i c h a d a de " C o n t o s G a u c h e s c o s e
L e n d a s do S u l" . Is so nos I d o s de
19 49 150, p e l a al" 46.
sem cair nessa falha da dupla linguagem, tenha quem sabe' quase
ao menino;
111
”S e a l g u é m p r e c i s a d i s t o ou d a q u i l o ,
c o l s l n h a futll, n i n h a r i a , ou mesmo
a l g o m a i s I m p o r t a n t e , l ã vem o a l v l -
tre:
- P i ã vai... Pi ã f a z . . . ” (P, p. 8].
rada, estilo clássico, tão exaltada ate bem pouco tempo, pelos
são do "r" final nas formas verbais "quê" e "fazê", que aparece
ta, nem sequer popular, mas a de grande parte das pessoas cultas
61) .
p. 151)
"--Me disseram que ele tava amigado, por aí" CSM, p.209)
intenção.
3 •2-. 0 Vocãbulãrio
vos obvios , e o uso que o axator faz desses vocábulos nas constru
ções estilísticas.
vesse ajustado a cada lama delas os vocábulos que lhes são ineren
tes.
116
de) que lhes seja estranha, serão por nos considerados vocãbulos
ça caracterizadora de um es tar.
Observe-se:
slòtt¥ic.la , a. c a A n Z n h a : '{...)
k t l pa/!.ecem p o r c o s ' " (Al/, p. 14).
Esse, U r u g u a i , s t u M i n g u t a , c qu e
nem a v i d a da g e n t e : c o r r e d e i r a e r ^
m a n s o , r e m a n s o e c o r r e d e i r a '. J^g ora,
com e s s a a l t ã de~^ n c h e n i e T nos caZ-
mos nu m r e m a n s o . Me m p r a f r e n t e e
nem p r á t r a s [T..)" (SM, p. 216).
deira" e "enchente".
Assim sendo, os três ebcemplos expressos contêm, em si,
tes exemplos : ■
"0 pi nh ei ro p o d i a s e r c o n s l d e r a d o um
membTu) ãa s u a famZZla, um amigo ve
lho e qu er id o que d e i x a v a de exis
t i r ” [Al/, p. 12).
• f •
”S e u s pens a m e n t o s p a r e c e q u e s i n c r o
n i z a v a m com 0 p u l s a r do m o t o r , Os
p l s t õ e s S u b i a m , s u b i a m , e t a m b é m , com
eles, as e s p e r a n ç a s a f l o r a v a m , q u e
r i a m s e t o r n a r vida: o c a r r o pago,
t o d l n h o de seu, u m a s i t u a ç ã o m a i s fa
vorãvel, estabilizada, sem t r a n s t o r
nos- V e p o l s os é m b o l o s d e s c i a m , e as
es'peranças eram r e c a l c a d a s , Ia, !bem
p a r a baixo, qu e a r e a l i d a d e e r a d u r a
e não d a v a m a r g e m p a r a s o n h o s ”{C, p.
23).
" ^ ^ e r r a r i a l h e r o u b a r a os filhos
m a i o r e s , os quais, e n g o d a d o s pelo
g a n h o m a i s bem r e m u n e r a d o , h a v i a m de
s e r t a d o a r o c i n h a do pal. [. . .) Q^uan
do m a i s novo, com fo r ç a s a i n d a para
t r a b a l h a r , t a m b é m se a l i a r a ao m o n s
tro , e s c r a v i z a n d o - s e a e l e ” [Al/, p.
13).
119
"(...) J o ã o R a i z e r s o l t o u um berro
qu e s u p l a n t o u o b a r u l h o das m a q u i n a s , j
0 b a t e r das t ã b u a s e o v o z e r l o dos
h o m e n s ” [ S , p. 59, 60).
" Es c o l c e l a e b a t e em q u e m t e n t a apro_
x l m a r - s e d e l e ” (S, p. 60) .
”Mas as p a l a v r a s , a c h a d a s com d l f l ^ ~
c u l d a d e , se e m p e r r a m a t r a s dos lã-
blos , s e m c o n s e g u i r a t r a v é s s ã - l o s "
(5, p. 5 7),.
"E a v a n ç a r a m - l h e t a m b é m n a casca,' ar
r a n ç a n d o - a os p e d a ç o s a t é q u e o d e i
x a r a m l l m p l n h o , d e s n u d o ” [Al/, p. J 1
no "fazer" literãrio.
" T u d o szrla. m e l h o r , d a l i p o r d i a n t e ;
t u d o m a i s {^ãell, e a v i d a nao seria
e a r q a tã o p e s a d a " (SM, p. 54).
truções como:
"E a c h u v a de t a p o n a s co n t i n u o u caln
do" i J W 7 ~ p . 172] .
" V o r l v a l p e s c a v a as t o r a s , com um
gancho...'" [SM, p. 92].
''(...) d e s t r o ç a n d o - l h e as e s p e r a n ç a s "
(SM, p . ~ T Õ T T . ~
"E a m ã e c o n s e g u i r a e v i t a r o n a u ^ r ã -
g l o t o t a l " (SM, p. 12 3),.
cuarista lageano:
" V o l com o s e l h e d e s s e m um c o i c e no
p e i t o " (SM, p. 13 8].
"hlunca e s p e r e i (...) v e r um ^ l l h o en
rablchado por uma china (SÍÍ7
p. U l ] .
"0 s e u E l p Z d l o , c r i a da t e r r a , não
p a s s a v a de um j o g u e t e " [SM,~p. 90].
121
An-ita s e m p A í m o s t r a v a arts
ça (...)'' (5M, p. 99) .
- -- - - . " E r a t m p o s s Z v e l a l g u é m -e sc a p a r com
vtda, d e p o t s de h a v e r r e c e b i d o os
c o i c e s dos t r o n c o s no c o rpo e t o d o o
p e s o W e l e s p o r cim a " (SM, p. 19 5) .
"0 l e i t o do U r u g u a i e s t a v a coalhado
de b a l s a s (...)" (SM, p. 60}..
Sassi e um homem que esta mais nos Campos de Lages do que no Oe^
te Catarinense.
paz de colaborar apenas para que o autor evidencie que sua obra
bra literãria.
sal.
124
(3) LOPES, Alvaro Augusto. "A margem dos livros" A tribuna. San
tos, 06 maio 196 2.
(13)Id, ibid.p,56.
126
Extremo Oeste
Ma d. Ma d. Mad. Mad.
Arcari Basso S. Vicente Farro
Meio Oeste
canela de v á r i o s s im s im s im s im
tipos
cedro s im s im s im sim s im
(51) Talvez por levar em conta esse aspecto Enéas Athanãzio faz,
'U'
no. jornal Gazeta de Canoinhas , de 30 de junho de 19 79,
a seguinte observação a respeito da obra de Sassi; "Seu
linguajar, embora explorando nuançes locais, não é funda
mental de sua obra e não ê sobre ele que incide sua pireo
cupação primeira". Apos, complementa com a afirmação , de
Lauro Junkes: Sassi é "um regionalista mais de furido: do
que de forma". j
0 SER
nesses espaços onde têm lugar suas lutas, suas derrotas, suas
do meio onde nasce - que, segundo nos parece, toma forma quando
I ' , '
o autor contribui com sua experiência pessoal, e ãs vezes sem i o
la", para uma vez sujeito ã sua ação, ter condições de interpre
- franzina:
i
I
I ; . .
"Ve.z a n o ò r a q u í t i c o s cscarranchados
sobre, a é g u a [P, p. 71.
- sofredora:
”P Z ã c r e s c e u e f i c o u forte, guapo
(...) r o m p a n t e s de m a c h o , e m b r a b a n d o
ãs v e z e s e n t r o n c a n d o (...) des
t o r c i d o , nao m a i s se a s s u s t a n d o com
as a m e a ç a s . (...) P a r a v e n c e - Z o , não
é bem a s s i m ; el e t o p a as paradas"
lE, p. 93].
No conto "Cerração":
"[Procopio'] e n g o l i u s e r r a g e m , ficou
com 0 c h e i r o da m a d e i r a v e r d e I m p r e g
n a do nas roupas e na p e l e i . { Ç , p . 22).
"0 m o n t ã o de s e r r a g e m a b s o r v e tudo.
E a s s i m com o suor, com a u r i n a , com
os e s c r e m e n t o s , com o e s p e r m a - t u d o
s e s o m e no m o n t ã o de t^arelo, ^unde__-
s e com ele, t o r n a - s e u m a c o i s a so,
; u m a u n i ca: a s e r r a g e m " (S, p. 59).
"0 s a n g u e c o n t i n u a a e s c o r r e r , a p i n
ga r . (...) lagrimas escorrem-lhe
p e l o r o s t o e g o t e j a m j u n t o com o s a n
gue. E s t e s e va i i n f i l t r a n d o na s e r
ragem, formando uma poça que se alar
g a e s e alastra"' [S, p. 60).
nessa natureza. i
cativo: ;
I
"0& fl l k o s doò t r a b a l h a d o r e s b r t n c a m
sobre a serragem. AquZlo e de le s.
M a t s at nd a: Q_uase como s e f o s s e eles
m e s m o s . E n t r e m t s t u r a m - s e . As c r t a n -
ças e n g o l e m o pÕ da m a d e t r a , se m
q u e r e r ou v o l u n t a r i a m e n t e . Fios de
baba e ranho e s correm pelos seus
q u e i x o s . Caem. A s e r r a g e m absorve
tudo. E t a m b é m s e r v e de p r i v a d a . 'As
crianças fazem buraq u l n h o s e e scon -
dem su as p o r c a r i a s " [S, p. 56).
ao adulto.
sa dela para ganhar a vida. Quer que chova para que o rio encha.
matismos
no montado na ëgua:
" S e u ò o l ho s S 2. f e c h a r a m , de manso,
de m a n s o , o c o r p o s e m p r e e m b a l a d o pe
lo cho c a l h a r da égua, ao q u a l jã. se
a c o s t u m a r a " [P, p. 10).
de sugerir um condicionamento.
"Ne m bem s o a o a p i t o a n u n c i a n d o ■o
m e l o dia, J o ã o R a i z e r l a r g a a s e r r a
e, d e r r e a n d o , s e a t i r a ao c h a o , atrãs
do d e p ó s i t o " (S, p. 56).
" T r e z e ho r a s e t r i n t a m i n u t o s . 0 a p l
to s e faz ou v i r , e s t r i d e n t e . João
R a i z e r se l e v a n t a (...) e e n c a m l n h a -
s e p a r a o t r a b a l h o " (S, p. 59).
rização do ser,
Assim, o contato permanente com a ãgua, a que o homem
do ãlcool: Î . ' : :i
"Um h o m e m p r e c i s a be ber, p a r a r e a n l - ■
m a r - s e . (...) A q u e l e t r a b a l h o , quase'
s e m p r e na u m i d a d e , r e q u e r i a um a q u e
cimento Interno. Cachaça esquentava,
or a se" (SM, p. 27).
139
'’A q u a t a u m i d a d e , q u e se entAanhava
nú s e u eo/ipo, sÕ salfila com uns bon s
g o l e s " (SM, p. 28].
"0 á l c o o l é um m a l - d-ísse o p a d r e .
— Mas um m a l n e c e s s á r i o . E o u n l c o
j e l t o qu e eles p o s s u e m p a r a r e s i s t i r
ao ^ r l o da agua; a j u d a a e n g a n a r o
e s t o m a g o t a m b é m . . . " (SM, p . J 3 2 ) .
"0 h o m e m p r e c i s a v a be ber, e s t a v a c i a
r o , a i n d a m a i s n a q u e l e s e r v l ç o . ( . . .J
Mas, d a q u e l e je i t o , t a m b é m e r a de
m a i s " ( SM, p. 7 3 2 ) .
— "A a b a s t a n ç a , ou m e l h o r , a t r a n -
q l i l l l d a d e , so v l r l a d e p o i s das
c h u v a s " ( SM, p. 58].
— "Os p a t r õ e s t e r i a m d i n h e i r o , a p Õ s
'a d e s c i d a do U r u g u a i ' " (SM,p. 155].
— ''(...) p l a n o s f u t u r o s para Xe
Pintado e Ambroslna : ,
- M a i s ta rd e. V e p o l s da vlagem(.,.]"
; ( SM, p. 7 5 ) .
— "(....) 0 c a s ó r i o __de M á r i o ?
- O r a p r a q u a n d o é? \Joce s a be :
p r a d e p o i s da v i ag em . 0 q u e e q u e
a gente pode fazer a n t e s “ ?" [SM, p.
4 9)..
E càpaz de:
p. 155).
das personagens, durante a analise que delas faz, sem que esteja
sendo pessoal. ..............
143
2.1. Os contos
ro o sentir do menino. Piã não tem nome, piá não fala, piá i não
tem sonhos.
■I, ^
'’
Víépín.toa dí aho,^A.e, ao c/iegaA j ,a4
p/ilmn-in.a6 c.ai,a^ dó víZafL 2.jo. Sínttu
tom o qu í um g ua^ caço ', ao 4 2. n.zcokdan.
do dtnhdtfio p z ^ d Z d o . (. .. I _ AqutZo
nã o 0 d í t x a v a òoòò<igdfi; e. d o t a como
um z ^ p Z n h o , e.nj^tado na c a A . m , bem
imundo” IP, p. 10] .
tual .
No conto "Serragem” a personagem principal, não estã,
o cerca.
"Escola" jã pode ser considerado um conto cuja persçna
que fez da mesma "realidade regional", agora, no| seu aspecto "di^
gia derrubar por terras essas barreiras para que piã pudesse se
ências do meio. Foi provavelmente por isso que o autor fez piá
_ I
E o abatedor de pinheiros expõe o seu sentir ao gerèn-
te da serraria: ;
ruidos:
(ínt^avam p t l o ò o u v i d o r dz
J o ã o Ono{^fiz, daKa{^unchando - Z h z o
cíKdbfiz como Vdh.f1 a.ma0 . E ddpoZ-í ddi,-
cZam, p d l o p d l t o a b a i x o , {fixando-òd
pdfito do coA.aQ.ao. E a i d g u Z A -C)td&-
c-iam, a u m d n t a v a m , num latdj.afi doloh.o
40" (Al/, p. 11] .
o sentir da personagem:
"E s & u ò b A a ç o s de s o m b r a p a d e c e qu z
d ò t ^ d l t a m a sípultufia h u m l l d n , como
4 e quZsts-ie p ^ o t í g i - l a , & n v o l v c n d o - a
num a b r a ç o , num a b r a ç o acoZhe.do^ e
bom - de a m i g o v í t k o " (Al/, p. 16).
conseqüências.
marcada pelas variantes ambientais que fizeram parte das suas jvi.
uma vida de luta com o pinheiro (C, p. 21). Consegue ver na ex
tempo que aceita a máquina de tal forma que o autor chega a foca
quina. I
■ . ;, ' , ' ' ' ’
Achava que:
i jl
ficam claras:
pode divorciar desta nem interior nem exter iormente.Ainda que Pro copio
ê mais ele quem decide sobre o que deve ou não fazer. As condi
dade, sobre sua maneira de ser, sobre sua habilidade, que o dei
1.2.. 0 romance
o ”mito” .
, 2.2.1. 0 mito
tual.
152
das posições;
humana .
" E l m i t o es u n a j u s t i { ^ i c a c i Ó n de la
e x i s t e n c i a ; ^ u n d a lo t e m p o r a l en lo
i n t e m p o r a l y c o n s t i t u y e un p r i n c i p i o
de i n t e l e g i b i l i d a d qu e s a t i s ^ a c e ^ p o r
el r e c u r s o a u n a p ri o r i d a d o n t o l õ g i -
ca, u m a v e r d a d que l e a n t e c e d e en va
l o r .................................
La i n t e l e g i b i l i d a d m Z t i c a r e v i s t e el
c a r a c t e r c Õ s m i c o de u n a v i s i o n s o b r e
la t o t a l i d a d dei mundo, se t r a t a dei
m u n d o pr es e n t e e p o r ve nir, indivi
d u a l 0 s o c i a l " 9.
0 m i t o , de um m o d o g e r a l , é
c o m p r e e n d i d o como u m a h i s t o r i a s o b r e
coisas iabulosas, que podem conter
um s i g n i f i c a d o m a i s p r o f u n d o , mas
sã o e s s e n c i a l m e n t e v e r d a d e i r a s " 10.
" M a n i f e s t a ç ã o , p r i m o r d i a l de u m a d e
t e r m i n a d a c o n c e p ç ã o do M u n d o , o m i t o
é, p a r a q u e m o v i v e como f o r m a ^ de
realidade e para o mundo in teligivel
q u e d e l e nasce, u m a t o t a l i d a d e i n d e -
f i n Z v e l " 11.
" E l m i t o es u n a j u s t i f i c a c i Õ n de la
e x i s t e n c i a (...) ".
" M a n i f e s t a ç ã o p r i m o r d i a l de u m a de-
t'erminada co ncepçã^õ dõ M u n d o (...),''
para as origens.
Observe-se agora:
"L a t n t z l t g t b t l t d a d m Z t t c a fie.\)tòte.
e.1 ca/iãctíh. c õ i m t c o de un a vtitÕn
iobAe. -ta t o t a l t d a d de.t m u n d o , Tê
tfiata de i m u n d o pAtiente. o poH. ue-
n t A , tndtv t d u a l o òoctal".
0 m t t o ^ i . . . ] é (lompfieendtdo
como u m a h t i t Õ A t c a i o b A e c o t i a s ^a!-
b a l o ò a ó , q u e p o d e m c o n t e A um i t g n t -
^ t c a d o m a t ò ph.o{^undo (...) ^
"(...) 0 m i t o é (...) u m a t o t a l i d a
de Ividej-inlvel" .
guinte formula:
de absoluta.
— Volta ãs origens
que é por ele feito ou que ele pretende fazer, já 'foi feito' no
12
início do tempo in 'illo tempore'" . '
" M a n i f e s t a n d o o s a g r a d o , um objecto
q u a l q u e r t o r n a - s e 'outra coisa', e
c o n t u d o , c o n t i n u a a s e r 'ele m e s m o ' ,
p o r q u e ^co n t i n u a a p a r t i c i p a r do seu
m e i o c o s m i c o e n v o l v e n t e " 14.
— Busca da totalidade
uma explicação, até que cada parcela que motivou um mito - "uma
— Verdade absoluta
”o m i t o exe/Lca a l g u m a Z n ^ l u e n c X a io-
bA.e ai p í i i o a i , íitai p A e c Z i a m a c n e -
dZtan. na ve/idade. qu & o m i t o a{^tn.ma .
E a a vz/idado,, c o n t u d o , nao & da m í i -
m a oA-dím d a q u a io. c o n t é m na a{jlA.ma-
ção ’o S o l n a i c c no Ú A t z n t e ' . Mão e
u m a v^fidadz i t m p l e i , {^actual, ienão
u m a ví/idadc q u e iÕ c o m e ç a m o i a e n x e A
gaA, q u a n d o c o m c ç a m o i a co mpAeendeA.
0 'V efidadztfio i-ígnt^tcado ' do m-i-
to" 15.
Para Wundt:
''04 a t o i fittuali, a t e i t a m a v a l t d a d z
doi CO n t c u d o i de. c A e n ç a m Z t t c a e. ex-
p A z i i a m . CO n ^ t a n ç a e.m i u a p A o t e ç ã o e
aj u d a . Oi pA.0pn.toi de.uizi ião dota
d a de, um ce,Ato c o n t e ú d o da vzAdade
p o A m e t o do A l t u a l q u e I k e i e c o n i a -
g A a d o . 0 a t A t b u t o de i a n t t d a d e ie
c o n ^ e A e t a n t o aoi A t t u a l Z i t t c o i p K o -
p A l a m e n t e d Z t o i q u a n t o ãi c o n c e p ç õ e i
de c A e n ç a I Z g a d a i a elei" 16. |
i
Essa verdade mítica, portanto, é uma verdade cuja di
dade. :
uma verdade total apanhada em sua origem. Vimos ainda que o mito
pada, ou atê me.smo de ser deixada de lado, acabando por fazer içom
pla entre o homem e Deus. Tanto um quanto outro são, ã sua maneja
tO. I :
nele. Ê um tempo que pode ser presentif icado. Da mesma forma qtie
bração do rito, que por sua vez pode envolver a imolação de vítj^
dessas enchentes.
rizadores do v e r d a d e i r o m i t o .
mordial dessa criação. Não apenas imita o gesto criador, mas re-,
rimônia não pode ser celebrada por qualquer pessoa, como ê poss^
santo da igreja: i
165
V e p o l s , e n c h e n d o um vldrlnho
c cm ãgua, e s c o n d e u - o no se-Lo. T e m i a
f a z e r a q u i l o , mas e r a a s o l u ç ã o . Ou-
t r a não havia. Um s a c r i l é g i o , tal
vez'. Mas q u e V e u s a p e r d o a s s e , p r a t l
c a v a - o com boas I n t e n ç õ e s . 0 q u e e l ã
p r e t e n d i a f a z e r era a t r i b u i ç ã o de
gente- ’ s a g r a d a ’, de h o m e n s e m u l h e -
r e s de I d a d e , q u e t i n h a m ’p o d e r e s ’
e s a b i a m as c e r i m o n i a s e as rezas.
Ma s V a d r e H e n r i q u e não c o n s e n t i a e
e l a r e s o l v era d a r um j e i t o na ques
t ã o . (...)
A r r e p e n d e u - s e v ã r l a s vezes, no c a m i
nho. E r a m e s m o um s a c r i l é g i o , não
devia m exer com^as coisasj santas.
L e m b r o u - s e de v ã r l a s h i s t o r i a s que
l h e h a v i a m c o n t a d o . Pois u m a v e z , u m a
v e l h a q u e não t i n h a ’p o d e r e s ’ h a v i a
l a v a d o os pés da I m a g e m , e o r e s u l t a
do f o r a t r i s t e . A e n c h e n t e v i e r a , d ê
fato, m a s d i f e r e n t e das o u t r a s . Uma
v e r d a d e i r a c a l a m i d a d e (...). Mas, na
q u e l e tempo, a v e l h a abusara. Havia
0 seu Fabiano, que poderia realizar
0 r i t u a l , e el a p a s s a r a p o r c i m a de
sua autoridade. A g o r a era diferente.
P a d r e H e n r i q u e z e l a v a p e l a I m a g e m do
s a n t o , e não d e i x a v a n i n g u é m fazer
a q u i l o . S e u F a b i a n o não p u n h a os pés
na I g r e j a ve lh a, o n d e m a n d a v a o p a
dre. O u t r a p e s s o a não h a v i a com ’p o
d e r e s ’. Ela, pois , p o d i a l a v a r os
pés do s a n t o , s e m m e d o o u s u s t o , pois
e s t a r i a p r a t i c a n d o o b e m ”. {SM, p.
sargento da polícia, muito mais que todos eles juntos" (SM, p.18).
Fabiano ê um "iniciado".
nidade.
(Êxodo: 14,23-30). |
e outras.
associação ãgua/Deus:
"MÓS, p e q u e n o s p e i x e s do S e n h o r , é
na ã g u a q u e e n c o n t r a r e m o s v i d a " 27.
to natural.
zar a âgua da chuva, que outra não ê senão a misteriosa âgua se-
" V eu s, no p r i n c i p i o do m u n d o , deu
pra cada coisa o seu caminho; menos
p r a ãgua. A ã g u a não p r e c i s a de c a m l
nho; el a mesma escolhe o seu" (SM, p.277).
I '
253).
a enchente que lhe concede, uma vez que em todo o livro a mor|te
encha:
" 2 !.•••) C o r r e u m a t e n d a p o r aZ
nao ò e Z i>e o s e n h o r jã o u v Z u f a l a r - ,
d i z e m q u e p a r a o rio f i c a r c h e i o e
p r e c i s o qu e m o r r a g e n t e d e n t r o d e l e "
(,5M, p. 10 5] .
taz:
170
zar a cerimonia:
Ma-i jã Q. a m a t r a d i ç ã o , p a d r e l S e m
p/ií, q u a n d o não kã e h e l a s a n t e s do
d i a do p a d r o e i r o , o pov o r e a l t z a e s
s a c e r t m Ô n t a " [SM, p. 71).
" A q u i l o e r a c o s t u m e velho, q u e v i n h a
de anos, d e s d e o c o m e ç o do m u n d o ”
iSM, p. STT.
do lava-pés:
(...) I m a g i n e v o c e qu e ele m a n d o u
t i r a r o s a n t o da I g r e j a nova, e não
q u e r p r o c i s s ã o com l a v a - p e s . Ua s a
g e n t e não. t e m n a d a a v e r com o p a d r e .
U a m o s f a z e r a f e s t a p o r n o s s a conta.
I m a g i n e voce: p r o i b i r a pr o c l s s ã o i e
0 l a v a - p é s " (SM, p. S3].
ria para aquela gente no dizer de Eliade, como que perder a pro-.
172
ass inaturas;
tura. Esta era uma pessoa que vivia ás voltas com a própria con£
Bem que o grupo tentou lutar com outras armas. Mas to
E ò t o u d e a c o K d o com o f i e s t o ,
Mai n ã o me i a l e m a l i , p e l o amon. Id e
V e u ò , em l a v a f i oi> p e ò d a I m a g e m " {SM,
p. 73\ .
igreja:
173
" p a d r e H e n r i q u e r e f e z - s e do c h o q u e e
r e l e u a ca rta . V i s p e n s ã v e l a r e l e i t u
ra. E n t e n d e r a bem — m a n d a v a m - n o e m
bora. D o n a I s a l t i n a v e n c e r a . (...)
C u m p r i r as o r d e n s , er a a ú n i c a a l t e r
n a t i v a q u e l h e r e s t a v a " (SM, p. 189j.
" M é d i c o s não s e d e m o r a v a m a l i . C h e g a
vam, p e r m a n e c i a m um q u a s e n a d a - se Z s
m e s e s , quando muito - , e l o g o s e iam,
em b u s c a ^ d e o u t r a s p a r a g e n s . I . . . }^ 0
q u e , p o r é m , nenhum m é d i c o p o d i a era
c o m p e t i r com o Z n d i o v e l h o , p o i s s e u
F a b i a n o não v i n h a com a q u e l a s j u d i a -
r i a s d e i n j e ç õ e s , nao . r e c e i t a v a r e m é
d i o s c a r o s e não c o b r a v a n a d a " (SM,
p. U ] .
174
exceto São João, por ser o seu santo onomástico e São Miguel, o
do trans-real.
175
lizam.
pria "alma regional" lhe empresta. Por isso, a esse nível, vemos
é comandado.
lamentando a sua triste sorte, sem nada poder fazer para evitá-
3.1. Os contos
pia:
" E n t A e 04 p o u c o s c a m i n h o s quo. st
l h e s 0 fífiecem, p i á já e s c o l h e u o seu.
L. . .) Não s e r á e l e i t o r de cabresto,
não s e r á a g r e g a d o , não v i v e r á de f a
v o r e s em t e r r a a l h e i a , n i n g u é m m a n d a
r á n e l e n i n g u é m . N e m s e r á com o a q u e
le s que, d e m o n s t r a n d o um pocico de co_
r a g e m , se t r a n s f o r m a v a m em capangas
do c o r o n e l . (...) S e b a s t i ã o N o g u e i r a ,
um q u e t e m m a i s de v i n t e h o m e n s c o n
s i go , a n d a p o r pe r t o , a s s a l t a n d o f a
z e n d a s . P r e c i s a de h o m e n s valentes.
S e r á 0 começo. V e i x a o tempo, deixa
0 t e m p o . D e p o i s . . . " (E, p. 96, 97),
o meio exerce sobre ele. Se tem uma reação tão violenta, é por
"A a f e t i v i d a d e da c r i a n ç a e n t r a m u i
to c ed o em c o n f l i t o com os reclamos
do m e i o , e as t e n d ê n c i a s i n s t i n t i v a s
se m o d i f i c a m desde logo para que se
a d a p t e m ãs e x i g ê n c i a s do a m b i e n t e so
c i ai " 21.
a refletir que:
certo modo, trata somente de casos que têm ligação com o pinhei
ne em sua obra.
cio.
máquina/natureza.
ragem".
cura se manter fiel ã realidade que enfoca, não iria aqui defi -
com o seu grupo social, não haveria de lhe permitir que atribuí^
je, por que fez com que João Onofre morresse, no desfecho do tex
morresse".
nos insinua:
lhe é, nem lhe pode ser fiel. Entre ambos não pode existir aque
t o d o ^ a q u z t z p z ò o — clnqlXznta
dazla.í, de. t ã b u a s — , e s m a g a n d o a tH.a
szlfia da c a b i n a , {^azla p K z s s ã o s o b K z
0 6 Í U co/ipo ImfitQ." [C, p. 25).
nismo regional que segue seu curso. E o proprio autor nao encon
"0 r e c a r é o e r a e n f r e n t a r a estrada
e a erlse dar murro, arrebentar-se
de e n c o n t r o às q u i n a s do m u n d o " [C,
p. 21} .
"[...! l u t a n d o c o n t r a a e s t r a d a p é s
s i m a e a v i d a p r e n h e de a r e s t a s " (C,
p. 22).
que muito dizem desse fatalismo que pesa sobre esse grupo humano,
vivente no Planalto.
3.2, 0 Romance
gião lageana:
" - C a l d a d o l C u i d a d o , h ome m!
- M a A l o A e c u o u . ?on.em, j ã agofia, a
p i l h a jde to fiai, iz d z i m an tz Za fia in
ttlfia, z iz pfiojetava em c i m a dele,
eom'o u m a a v a l a n c h e . T u d o c o t i a de
i e g u n d o i . Mãfito, o tefifiofi noi olhòi,
q u l i cofifiefi. Não pode. Ai pefinai
nã o o b e d e c i a m p f i d e m gfiitadai pelo
m e d o , Efia o pfiÔpfiio m e d o , talvez,
q u e ai iegufiava, qu e a.i i m p i d i a de
ie movefiem, A b o c a de Mãfiio ie
abfiiu num gfiito. N e n h u m iom, pofiem.
E oi tofioi a v a n ç a n d o p e l a i n c l i n a -
ção do ei tal eifi o, pfiecipitando-ie
em i u a difieçao . . . Mãfiio comeguiu
movefi-ie, ma i j ã efia tafide. V e b a l d e
e l e ie v o l t o u de c o i t a i pafia oi
tfioncoi q u e ie. d e i p e n h a v a m , e t e n
t o u cofifi.efi pafipL 0 iim do e i t a l e i f i o ,
de o n d e podefiia ialtafi pafia o chão.
Efia tafide. A pfiimeifia tofia a l c a n -
ç o u - o nai pefinai, f a z e n d o - o caifi.
A i e g u n d a p e g o u - o no ventfie, e n q u a n
to u m a teficeifiu o a t i n g i u no p e i t o ,
p f i e m a n d o - 0 contfia a bafifianca. E
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a ò ò l m t o d o s os t r o n c o s , proj&tando-
-se um a um, ou d i v e r s o s de c a d a vez,
a m o n t o a r a m - s e em c i m a do r a p a z " (SM,
p. ?95).
para com a alma regional oestina, faz com que ele crie uma perso
dro Rossi não acredita em nada (SM, p. 23), no entanto, vai con
E eu, q u e não a c r e d i t o n e s s a s c o i
sas, t e 'acompanhando qu e nem burro .
Mão s e i 0 q u e m e dã, as vez. __Parece
q u e m e dã u m a b u r r i c e s e m r e m é d i o "
(SM, p. 23}.
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romance -
0 ponto alto do aspecto que estamos tratando concentra
"Um de l e s a g a c h o u - s e na b e i ^ a do rio,
e, p e r d e n d o o e c ^ u i l l b r i o , e s c o r r e g o u ,
k ^ a r r o u - s e , p o r e m , a um a r b u s t o , - e
p o s - s e em pé" (SM, p. 63).
ce” que não pode prescindir de uma exigência que lhe ë imposta
" C o n t a v a m que. a v i d a de s e u J n a c i n h o
\)i.eln.a se de se ontu ot af ia t o d a , pon.
mandan. p e K s e Q u i K o {^eltleeln.o, uma
vez, q u a n d o s u b d e l e g a d o d a v i l a " I S M ,
p. IS}.
" L e o n o A é, s e m d ú v i d a , o p e A s o n a g em
de m a i o A d e s t a q u e , a s s i m co mo a q u e
m a i s amei. M u i t o m e c u s t o u daA-Zhe
0 d e s t i n o q u e l h e dei" 54. ,
tual para com uma cultura e não poderia quebrã-lo. Era o mito
consciente do escritor.
vo da sorte de Leonor:
nenar-se:
"0 i^egante, LeonoA aAAlou-s e ao lei
to, e, desgAenhada, as Aoupas mancha
das de sangue, tateou em busca da xZ
caAa de chã. Vespejou o iZquldo den-
tAo da lata de veneno. E daZ, depois
de AemexeA um pouco, com os dedos,
bebeu tudo, quase de um soAvo S Õ , da
lata mesmo" (SM, p. 22S).
o Uruguai.
"LeonoA desceu as escadas, aAAojou-
-se pela poAita da cozinha, e iol pa
Aa 0 ^undo do quintal. (...) atlAou-
-se contAa o poAtãozlnho e seguiu
adiante, pelo caminho que levava ao
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nor, difícil de ser concebido por Sassi, mas o único possível den
sua obraJ
nagem.
tudo .
Essas duas faces de uma mesma realidade fizeram com que a obra
( 7 ) 1 d. ibid. p. 210.
ral e cultural.
da escola do Realismo/Naturalismo.
sua obra, bem como a tentativa que faz para adaptar melhor a pa_i
sobre o indivíduo.
que enfoca: é por isso que João Onofre sofre a ausência do "seu"
pinheiro; ê por isso que,em seu íntimo, Procopio não sente jeito
para lutar com outra coisa que não seja a madeira; e ê por isso
si deixa que sua personagem lhe escape das mãos por si s5, se
ê por isso que João Raizer começa a morrer sobre a serragem (fio
so que João Onofre (que também fora lavrador) se anula sob a ter
rio.
BIBLIOGRAFIA