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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNIP

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL INTERATIVO – SEPI


ALEX OLIVEIRA NOBRE
ELVES SUTERLANDES MELO DO NASCIMENTO
ESTHEFANI DA COSTA MARTINS
KAROLINA RIBEIRO DE SOUZA
TALIA CIAN FERNANDES

ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA VOLTADA


PARA CRIANÇA COM AUTISMO

RIO BRANCO - ACRE


2023
ALEX OLIVEIRA NOBRE
ELVES SUTERLANDES MELO DO NASCIMENTO
ESTHEFANI DA COSTA MARTINS
KAROLINA RIBEIRO DE SOUZA
TALIA CIAN FERNANDES

ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA VOLTADA


PARA CRIANÇA COM AUTISMO

Projeto de Pesquisa do Curso de Educação


Física da Universidade Paulista.

Orientador (a): Prof.ª. Esp. Maria Andréia


Almeida de Sousa

RIO BRANCO – ACRE


2023
ALEX OLIVEIRA NOBRE
ELVES SUTERLANDES MELO DO NASCIMENTO
ESTHEFANI DA COSTA MARTINS
KAROLINA RIBEIRO DE SOUZA
TALIA CIAN FERNANDES

ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA VOLTADA


PARA CRIANÇA COM AUTISMO

ORIENTADOR(A): Prof.ª. Maria Andréia Almeida de Sousa

Aprovado em ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
ESP. MARIA ANDRÉIA ALMEIDA DE SOUSA
ORIENTADORA

_____________________________________________
ALESSANDRO DA COSTA PINHEIRO
COORDENADOR

_____________________________________________
PROFESSOR CONVIDADO

RIO BRANCO – ACRE


2023
AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por nos guiar e dar energia para concluir este
trabalho e nossas famílias por sempre nos incentivar a não desistir dos nossos
sonhos.
Queremos aqui deixar nosso agradecimento ao corpo docente dessa instituição, por
cada professor que contribuíram em nossa formação, nos ajudando e sempre, nos
orientando com grande paciência e sabedoria, nossos docentes em especial Maria
Andréia e professor Franklin Ingma por nós incentivar nessa reta final, pelo cuidado
e pelo apoio nessa reta final e por sempre estarem dispostos a nos ajudar e por
tirar todas nossas dúvidas.
Obrigada por contribui para que esse trabalho se realizasse.
RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo aprofundar a compreensão sobre a importância


da educação física profissional na inclusão e desenvolvimento das crianças autistas.
Pontuou-se uma breve contextualização sobre a educação física e o educador físico bem
como a relação entre a prática de atividade física e atuação do educador físico e sua
atuação na educação especial. Um segundo capítulo abordando o autismo: conceito,
história, caraterísticas estereotipas e a importância do educador físico nas atividades
recreativas da criança autista. O capítulo três trouxe leis de inclusão . Após a revisão
bibliográfica, tornou-se evidente que a prática de atividade física adaptada para
indivíduos autistas, quando combinada com uma abordagem de intervenção
apropriada, resulta em melhorias significativas na qualidade de vida dessas
crianças.

Palavras-chave: Autismo; Educação Física; Educador Físico; Intervenção;


Educação.
ABSTRACT

The present work aimed to deepen the understanding of the importance of


professional physical education in the inclusion and development of autistic children.
A brief contextualization of physical education and the physical educator was
provided, as well as the relationship between the practice of physical activity and the
role of the physical educator and their role in special education. A second chapter
covering autism: concept, history, stereotypical characteristics and the importance of
the physical educator in the recreational activities of autistic children. Chapter three
brought inclusion laws. After the literature review, it became evident that the practice
of physical activity adapted for autistic individuals, when combined with an
appropriate intervention approach, results in significant improvements in the quality
of life of these children.

Key-Words: Autism; Physical education; Physical educator; Intervention; Education.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 7
1. EDUCAÇÃO FÍSICA E O EDUCADOR FÍSICO...................................................9
1.1. RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E A ATUAÇÃO DO
EDUCADOR FÍSICO................................................................................................................9

1.2. ATUAÇÃO DO EDUCADOR FÍSICO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL.............................11

2. O AUTISMO........................................................................................................14
2.1. CONCEITO DE AUTISMO...........................................................................................18

2.2. HISTÓRIA DO AUTISMO.............................................................................................21

2.3. CARACTERÍSTICAS E ESTERIÓTIPOS DOS AUTISTAS.........................................23

3. O AUTISMO E O DIREITO À EDUCAÇÃO........................................................26


3.1. A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ATIVIDADES
RECREATIVAS PARA CRIANÇAS COM AUTISMO..............................................................29

4. AS LEIS DE INCLUSÃO DOS INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DO


ESPECTRO AUTISTA (TEA)....................................................................................33
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................38
7

INTRODUÇÃO

Atualmente o mundo ainda vive um momento de muita luta pelos direitos dos
grupos menores, excluídos e segregados, lutando por sua inclusão social. Em
relação à educação, o processo se denomina educação inclusiva, cujo principal
objetivo é assegurar uma escola democrática onde todos sejam atendidos,
independentemente da diversidade, sendo respeitados e valorizados (LOPES, 2011).
Tendo em vista a relevância do tema proposto É que o trabalho foi
desenvolvido a fim de contribuir para a inclusão de crianças autistas nas atividades
de educação física.
A pesquisa desenvolveu-se com base em artigos científicos, revistas e
livros que abordassem assuntos a respeito de inclusão voltados especificamente na
inclusão de alunos autistas nas aulas de educação física escolar.
Quanto aos procedimentos, a pesquisa será bibliográfica pois se valerá
de pesquisas em artigos, livros e outros trabalhos já desenvolvidos neste âmbito.
Quanto aos objetivos de caráter explicativo. É de natureza aplicada com abordagem
qualitativa.
Através de leitura seletiva analítica e interpretativa de todo o material
selecionado o estudo se desenvolveu se a fim de verificar a importância dos
conteúdos na elaboração do presente trabalho.
Quanto a natureza da pesquisa um trabalho pôde ser classificado, no
que diz respeito à sua finalidade, em pesquisa básica ou pesquisa aplicada. O
trabalho em questão trata se de pesquisa aplicada uma vez que seu objetivo tende
a gerar conhecimento de aplicação prática para resolutividade de problemas
específicos envolvendo verdades e interesses locais.
Este trabalho tem como objetivo aprofundar a compreensão sobre a
importância da educação física profissional na inclusão e desenvolvimento das
crianças autistas. Foram considerados os benefícios da prática de atividades físicas
adaptadas, as estratégias e práticas inclusivas que podem ser adotadas.
Portanto, o presente trabalho visa fornecer valiosos teóricos e práticos para
a atuação do profissional de educação física, destacando sua importância na
promoção do desenvolvimento integral das crianças autistas. Através dessa
discussão, busca-se contribuir para a construção de um ambiente mais inclusivo, no
8

qual todas as crianças possam desfrutar dos benefícios proporcionados pela


educação física adaptada.
Já quanto a abordagem uma pesquisa pôde ser classificada em
qualitativa, quantitativa ou ainda como pesquisa mista. Este trabalho é classificado
em pesquisa qualitativa uma vez que as informações coletadas e interpretadas não
podem ser analisadas quantitativamente. Logo é uma pesquisa de caráter
exploratório que estimula a fala livre acerca de um tema específico e exige do
pesquisador uma análise direta do objetivo de estudo.
A realização deste estudo também possibilitou uma avaliação da relevância
do profissional de educação física no âmbito educacional e no desenvolvimento de
indivíduos autistas. Esse profissional, por meio da implementação positiva de
atividades físicas, desempenha um papel fundamental na melhoria da qualidade de
vida e na promoção da funcionalidade para aqueles afetados por esse transtorno.
9

1. EDUCAÇÃO FÍSICA E O EDUCADOR FÍSICO


1.1. RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E A ATUAÇÃO DO
EDUCADOR FÍSICO

A busca pela promoção da saúde e qualidade de vida é um motivador


importante para a prática de exercícios físicos. Atualmente, indivíduos estão cada
vez mais interessados em desenvolver atividades que promovam o bem-estar físico
e mental, visando atravessar as diferentes fases da vida com saúde e chegar à
terceira idade de forma saudável. Nesse contexto, a procura por academias tem
crescido, tornando-as locais privilegiados para a realização de atividades físicas com
orientação profissional.
No entanto, ao direcionar nosso enfoque para a atuação do profissional
de Educação Física em relação à criança autista, torna-se crucial entender como
esse profissional desempenha um papel fundamental na promoção do
desenvolvimento físico e cognitivo dessas crianças. O Educador Físico, nesse
contexto, desempenha um papel essencial, pois o exercício físico, quando orientado
de forma adequada, pode trazer inúmeros benefícios para crianças com autismo,
tais como o aprimoramento das habilidades motoras, a melhoria da interação social
e a redução de comportamentos desafiadores.
No ambiente das escolas, o profissional de Educação Física é
responsável por adaptar e desenvolver programas de exercícios específicos que
atendam às necessidades individuais das crianças autistas. Isso requer uma
compreensão aprofundada das características do autismo e das estratégias
pedagógicas adequadas para promover o engajamento e o progresso dessas
crianças.
O aspecto fundamental que caracteriza a Educação Física é a ênfase no
movimento. Ela está intrinsecamente ligada ao movimento humano, o que a
diferencia das outras disciplinas. Seus elementos principais abrangem a ginástica,
os jogos, os esportes e a dança. No entanto, a mera prática dessas atividades não
constitui, por si só, a Educação Física. A Educação Física é, em essência, uma
forma de educação. Ela é uma disciplina que deve discernir claramente entre o
treinamento físico e a educação. Essa disciplina lida com pessoas, não com objetos,
como destacou Oliveira (2006).
10

O objeto de estudo da Educação Física reside no movimento humano e


em suas implicações para os indivíduos. O foco principal é a análise do ser humano
como um indivíduo envolvido em atividades motoras necessárias à vida cotidiana,
que contribuem para uma melhor qualidade de vida. Nesse contexto, é de suma
importância assegurar que esses princípios sejam aplicados em qualquer ambiente
de trabalho que ofereça atividades relacionadas à Educação Física.
Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas,
nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos,
desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades
rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação,
reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios
compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas
corporais -, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o
desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a
capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de
desempenho e condicionamento fisio-corporal dos seus beneficiários,
visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da
consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de
doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de
distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da
autonomia, da autoestima, da cooperação, da solidariedade, da
integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do
meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade,
segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e
coletivo. CONFEF (2002)

Com base nas diretrizes do CONFEF (Conselho Federal de Educação


Física) de 2002, pode-se observar que dentro do âmbito da Educação Física, é
possível encontrar uma variedade de modalidades esportivas que desempenham um
papel significativo na manutenção da saúde física e mental dos indivíduos. Entre
essas modalidades, a musculação se destaca como uma das atividades mais
procuradas nas academias de ginástica, seja para promover a saúde, buscar
melhorias estéticas, entre outros objetivos. Os benefícios associados à atividade
física são diversos e incluem o aumento da massa muscular, a redução da gordura
corporal, o fortalecimento da densidade óssea, a melhora na circulação e o equilíbrio
no sistema hormonal.
No entanto, é importante ressaltar que, se não houver um
acompanhamento profissional adequado e se o aluno não seguir as orientações
fornecidas, todos os benefícios potenciais da atividade física podem se tornar
ineficazes e prejudiciais. Treinar de forma excessiva e desrespeitar os limites do
corpo pode resultar em lesões permanentes, afetando negativamente a saúde e o
bem-estar.
11

Em resumo, a relação entre a Educação Física e o educador físico deve


ser baseada na compreensão de que a atividade física, quando orientada
adequadamente, proporciona mudanças fisiológicas significativas no organismo,
trazendo benefícios físicos, mentais e sociais que desempenham um papel
fundamental na melhoria da qualidade de vida. Profissionais e alunos devem agir
com maturidade, priorizando a ética, a seriedade e o comprometimento profissional,
contribuindo para a valorização da profissão.

1.2. ATUAÇÃO DO EDUCADOR FÍSICO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Educação Especial é uma área educacional voltada para atender às


necessidades de indivíduos com deficiências físicas, intelectuais, sensoriais ou
emocionais. Dentro desse contexto, o educador físico desempenha um papel
fundamental na promoção da inclusão, desenvolvimento motor e bem-estar desses
alunos. Neste texto, exploraremos o conceito e a importância do educador físico na
Educação Especial.
A Educação Especial é um campo da pedagogia que se concentra na
inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ambiente escolar
regular. Ela visa proporcionar oportunidades de aprendizado e desenvolvimento para
todos os alunos, independentemente de suas limitações ou deficiências. A inclusão é
um princípio central da Educação Especial, que busca eliminar barreiras físicas,
atitudinais e pedagógicas para garantir que todos os alunos tenham acesso a uma
educação de qualidade.
O educador físico desempenha um papel crucial na Educação Especial ao
criar um ambiente inclusivo e adaptar atividades físicas de acordo com as
necessidades individuais dos alunos. Aqui estão algumas das principais funções
desse profissional:
1. Avaliação Individualizada: O educador físico realiza uma avaliação
individualizada das habilidades motoras e das necessidades específicas de cada
aluno com deficiência. Isso permite o desenvolvimento de programas de atividades
adequados e personalizados.
2. Adaptação de Atividades: Com base na avaliação, o educador físico
adapta as atividades físicas de acordo com as capacidades e limitações de cada
aluno. Essas adaptações podem incluir o uso de equipamentos especiais,
12

modificações nas regras do jogo e a criação de estratégias pedagógicas que


facilitem a participação ativa de todos.
3. Promoção da Inclusão Social: O educador físico desempenha um papel
fundamental na promoção da inclusão social dos alunos com deficiência. Ele cria um
ambiente de apoio, incentiva a interação entre os alunos, promove o respeito às
diferenças e combate o estigma associado à deficiência.
4. Desenvolvimento Motor: Além de promover a inclusão, o educador
físico trabalha no desenvolvimento das habilidades motoras dos alunos. Isso inclui o
aprimoramento da coordenação, equilíbrio, força e resistência, proporcionando uma
base sólida para a participação em atividades físicas ao longo da vida.
5. Colaboração Multidisciplinar: O educador físico trabalha em estreita
colaboração com outros profissionais da Educação Especial, como psicólogos,
terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. Essa colaboração visa oferecer um
suporte abrangente aos alunos, considerando todas as suas necessidades.
O educador físico desempenha um papel fundamental na Educação
Especial ao criar um ambiente inclusivo, adaptar atividades físicas, promover o
desenvolvimento motor e contribuir para a inclusão social dos alunos com
deficiência. Sua atuação é essencial para garantir que todos os alunos tenham
acesso a uma educação de qualidade e oportunidades de participar plenamente das
atividades físicas e esportivas.
Embora o papel do educador físico na Educação Especial seja de
extrema importância, também é acompanhado por desafios significativos. Além
disso, é importante considerar o futuro da Educação Física nesse contexto.
Um dos principais desafios enfrentados pelos educadores físicos na
Educação Especial é a falta de recursos e capacitação adequados. Muitas escolas
não possuem equipamentos adaptados ou profissionais treinados para atender às
necessidades dos alunos com deficiência. Isso pode dificultar a implementação de
programas eficazes de Educação Física inclusiva.
Outro desafio é a diversidade de deficiências e necessidades individuais
dos alunos. Cada aluno é único, o que requer abordagens personalizadas e
adaptações constantes por parte dos educadores físicos. Isso exige um alto nível de
habilidade e flexibilidade por parte desses profissionais.
O futuro da Educação Física na Educação Especial deve incluir um maior
investimento em recursos, treinamento e sensibilização. É essencial que as escolas
13

e instituições de ensino superior forneçam formação adequada aos educadores


físicos, capacitando-os para atender às necessidades dos alunos com deficiência.
Além disso, a pesquisa e o desenvolvimento de abordagens inovadoras
são fundamentais para melhorar ainda mais a Educação Física inclusiva. Isso pode
incluir o desenvolvimento de tecnologias assistivas, programas de treinamento
específicos e parcerias com organizações e especialistas em deficiência.
Em conclusão, o educador físico desempenha um papel crucial na
Educação Especial, promovendo a inclusão, o desenvolvimento motor e o bem-estar
dos alunos com deficiência. No entanto, existem desafios a serem superados, como
a falta de recursos e a diversidade das necessidades dos alunos. O futuro da
Educação Física na Educação Especial requer investimento em capacitação,
pesquisa e inovação para garantir que todos os alunos tenham a oportunidade de
participar plenamente das atividades físicas e esportivas, independentemente de
suas limitações.
14

2. O AUTISMO

Inicialmente, em 1911, o médico psiquiatra suíço Eugen Bleuler considerava


o autismo como um sintoma de condições como esquizofrenia, retardo mental e
psicose infantil. Na década de 1940, o médico austríaco psiquiatra Leo Kanner
descreveu o autismo como um distúrbio caracterizado pela dificuldade em
estabelecer relacionamentos e interações cotidianas com outras pessoas. Ele
observou sintomas como deficiências na linguagem, resistência a mudanças,
preferência por objetos em vez de pessoas, perturbações associadas à quebra de
rotina e falta de resposta ao ambiente, características que ele acreditava estarem
presentes desde a infância.
Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, o debate sobre o autismo ganhou
destaque, principalmente nos Estados Unidos, devido ao surgimento de movimentos
sociais e pesquisas no campo do retardo mental e deficiências. Nesse período,
devido à desumanização no tratamento desses indivíduos, o médico sueco Bengte
Nirje comparou as instituições de tratamento mental a campos de concentração
nazistas e propôs o princípio da normalização na cultura americana. Esse princípio
defendia que pessoas com desenvolvimento atípico deveriam ter condições de vida
semelhantes às da sociedade em geral.
O princípio da normalização representou um avanço na atenção às pessoas
com deficiência ou transtornos mentais, que antes eram frequentemente esquecidas
e institucionalizadas por longos períodos. No entanto, mesmo com esse progresso
em termos de igualdade de direitos, as pessoas com diferenças de desenvolvimento
ainda eram vistas sob uma perspectiva puramente orgânica e patológica. Isso
refletia o chamado modelo biomédico da deficiência, no qual a pessoa era definida
principalmente por sua condição patológica.
Em contraposição ao modelo biomédico da deficiência, o Reino Unido
introduziu o modelo social da deficiência na década de 1960, proposto pelo
sociólogo Paul Hunt. Nesse modelo, a deficiência é vista como um conjunto de
características que vão além da dimensão física, abrangendo a dimensão social e
todas as suas complexidades. O indivíduo é compreendido como um organismo
complexo, composto pelas dimensões biológica, cognitiva e psicológica, que
interagem constantemente com o contexto social em que estão inseridos.
15

O modelo social da deficiência levanta a questão de quem é considerado


deficiente: o indivíduo com características diferentes ou a sociedade que não está
preparada para proporcionar igualdade de oportunidades e condições de vida a
essas pessoas. Esse modelo sugere que a fronteira entre normalidade e patologia é
socialmente determinada pela cultura, ou seja, resulta da interação entre um
organismo diferente e uma sociedade que historicamente estabeleceu padrões que
esse organismo parece não seguir.
Ao caracterizar o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como uma
deficiência do desenvolvimento, é importante compreender que a definição de
desenvolvimento considerado "deficiente" deve ser baseada em uma noção
probabilística do que é considerado "normal". O conceito de normalidade é
questionável sob a perspectiva do modelo social da deficiência, pois rejeita a
suposição de que a deficiência se baseia unicamente em características rotuladas
como patológicas ou depreciativas. Seja a deficiência física, mental, intelectual ou
sensorial, ela não desqualifica o indivíduo, mas sinaliza a necessidade de a
sociedade se adaptar para proporcionar igualdade de oportunidades e interação
para aqueles que são diferentes.
É relevante considerar o estigma associado ao termo 'deficiência'. Embora o
termo 'pessoas com deficiência' seja amplamente utilizado, é possível adotar
terminologia alternativa, como 'desenvolvimento típico' e 'desenvolvimento atípico'. O
TEA é visto como um exemplo de desenvolvimento atípico.
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a
comunicação, a interação social e o comportamento daqueles que o vivenciam.
Estudos indicam que a prevalência do autismo está em constante crescimento,
sendo essencial que a sociedade como um todo esteja preparada para atender às
necessidades dessas pessoas. Nesse contexto, a inclusão escolar e social das
crianças autistas tem se tornado uma prioridade, buscando proporcionar igualdade
de oportunidades e qualidade de vida.
Dentre os diversos profissionais envolvidos no processo de inclusão,
destaca-se o papel crucial do profissional de educação física. Através da sua
atuação, esse profissional pode contribuir significativamente para a promoção do
desenvolvimento motor, social e emocional das crianças autistas, favorecendo sua
participação ativa nas atividades físicas e esportivas.
16

A prática de atividades físicas adaptadas e inclusivas não apenas estimula o


desenvolvimento motor das crianças autistas, mas também favorece a interação
social, o fortalecimento da autoestima e a melhoria da qualidade de vida. Nesse
contexto, o profissional de educação física desempenha um papel de mediador e
facilitador, buscando se adaptar às atividades e criar estratégias que atendam às
necessidades individuais de cada criança.
Ao ampliar o conhecimento sobre a proteção desse profissional na inclusão
das crianças autistas, espera-se contribuir para a formação de educadores físicos
mais capacitados e conscientes da importância de uma abordagem inclusiva em
suas práticas profissionais.
A educação inclusiva em seu conceito possui um estatuto proeminente em
todo o mundo em virtude de sua inserção nos documentos relativos à política de
várias organizações internacionais, com ênfase nas Nações Unidas (FLORIAN,
1998).
A concretização da inclusão requer a ultrapassagem de muitos desafios,
alguns deles quanto à definição de formas pedagógicas mais atuais, qualificação
dos professores para serem capazes trabalhar com as diferenças, os alunos e as
crianças autistas que necessitam de um atendimento especial, buscando integrar-se
ativamente ao processo de inclusão (JESUS; et al, 2009).
O autismo é resultante de uma inadequação no desenvolvimento, com
consequências graves durante toda a vida. O transtorno agride cerca de cinco entre
dez mil crianças sendo mais comum em meninos e podendo ser notado nos
primeiros três anos de idade. Até hoje não se sabe a causa e nem o porquê de as
crianças nascerem com o autismo (DIAS; RIBEIRO, 2011).
É difícil o diagnóstico de suas causas, porém é caracterizado pelo
comprometimento crítico e geral em inúmeras áreas, o desenvolvimento social
tardio, o comprometimento na comunicação, na linguagem e no comportamento. Os
estudiosos estão em busca de explicações sobre o transtorno através de estudos
realizados na área de herança genética, relacionadas a elementos ambientais
(MARQUEZE; RAVAZZI, 2010).
Os sintomas podem ser observados através de anamnese ou entrevista com
a própria criança se possível, ou familiar. Dentre os sintomas está a dificuldade nas
habilidades linguísticas, físicas e sociais; sensibilidade de audição, sensações
17

anormais no tato, olfato e equilíbrio; atraso na fala e na linguagem, assim como seu
modo de se relacionar com objetos e pessoas (DIAS; RIBEIRO, 2011).
Devido às dificuldades qualitativas na interação, comunicação e até mesmo
na imaginação, o convívio da criança autista, por meio da inclusão com as outras
crianças do ensino regular, no ambiente escolar, é de grande valor, pois estimula o
desenvolvimento de suas capacidades interativas impedindo o seu isolamento.
Como inclusão é uma forma de movimento mundial na busca de direitos e lugar na
sociedade, o local que vai acolher o aluno autista deverá modificar-se e preparar-se
para recebê-lo de forma que ele se sinta confiante, tanto com quem irá acompanhar
o seu desenvolvimento como também em relação ao ambiente (LOPES; FACHADA,
2012).
O capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9394/1996) assegura o atendimento à criança especial podendo assim ingressar em
escolas de ensino regular (BRASIL: 2006).
A Educação Física escolar é importante, pois contribui em aspectos
relacionados à formação geral como o desenvolvimento motor, afetivo, social e
cognitivo, visando também o hábito da prática das atividades físicas como sendo
fundamentais para uma vida saudável. As atividades, por muitas vezes são
realizadas em forma de jogos e brincadeiras por meio da ludicidade, o que desperta
o prazer da criança para a sua prática (FELLIPE; JUDITH, 2010).
Assim, o objetivo dessa revisão de literatura, é contribuir para a elaboração
de uma abordagem pedagógica nas aulas de Educação Física, buscando expandir
conhecimentos sobre suas diversas formas de inclusão e adaptação de alunos
autistas nas aulas de Educação Física nas escolas de ensino regular.
Este trabalho teve como objetivo geral contribuir para a inclusão de
crianças autistas nas atividades escolares de educação física.
A inclusão da criança com transtorno do espectro autista deve ir muito
além da presença em sala de aula almejando o desenvolvimento de habilidades.
seus potenciais. aprendizagem no geral e superação das suas próprias
dificuldades.
Tendo em vista as políticas de inclusão nas escolas regulares com a
oferta de vagas para inserir essas crianças faz-se extremamente necessário que o
profissional de educação física também faça parte do processo de desenvolvimento
dessa criança.
18

Ao entender que a atividade física é um comportamento que visa


prevenir doenças e manter a qualidade de vida assim como a saúde é necessário
salientar a necessidade da decisão e participação dos alunos no âmbito escolar de
tal atividade. Compreendendo a necessidade de realizar esta atividade utilizando
aspectos educacionais e indissociáveis e oferecendo oportunidades educacionais
que colaborem com o desenvolvimento integral, é que a escola tem como
responsabilidade formar profissionais devidamente preparados para atender a
diversidade de necessidades no que se refere a inclusão dos alunos com
necessidades especiais.

Para uma compreensão mais profunda da importância de garantir os


direitos das pessoas autistas e da necessidade de promulgar leis que protejam
esses direitos, é essencial que tenhamos um amplo entendimento do Transtorno do
Espectro Autista. Neste capítulo, A meta é apresentar as principais características do
autismo, seu histórico e o seu reconhecimento como uma condição de deficiência.

2.1. CONCEITO DE AUTISMO

O termo amplamente reconhecido na terminologia técnica como


"Transtorno do Espectro Autista" abrange não apenas o Autismo, mas também todas
as condições relacionadas a ele. Nas palavras de Fred Volkmar, professor de
Psiquiatria Infantil, Pediatria e Psicologia na Universidade de Yale (2019), esses
transtornos compartilham um déficit significativo na interação social como sua
característica central definidora. Portanto, o autismo é uma condição de saúde
caracterizada por deficiências no comportamento e na comunicação social.
A Lei nº 12.764, que estabelece a Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, define o autismo no § 1º do
primeiro artigo. De acordo com essa lei, os indivíduos autistas enfrentam desafios na
socialização, nas formas de comunicação (sejam elas verbais ou não) e exibem
interesses distintos dos habituais, principalmente em sua interação com o ambiente
e as pessoas.
Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos
da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece
diretrizes para sua consecução. § 1º Para os efeitos desta Lei, é
19

considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela


portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes
incisos I ou II: I - deficiência persistente e clinicamente significativa
da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência
marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação
social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e
manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; II -
padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e
atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais
estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns;
excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento
ritualizados; interesses restritos e fixos.

A origem do termo "autismo" remonta a 1911, quando Eugene Bleuler, um


psiquiatra suíço, o utilizou para descrever o comportamento de "fuga da realidade"
em pacientes esquizofrênicos. Bleuler observou que esses pacientes pareciam viver
em um mundo próprio, seguindo seus desejos particulares.
Foi somente em 1943 que Leo Kanner definiu o autismo em seu estudo,
nomeando-o como "Distúrbio Autístico do Contato Afetivo". Ele baseou sua definição
em um estudo de onze casos clínicos de crianças que apresentavam o mesmo
comportamento específico previamente descrito por Bleuler. Kanner estabeleceu três
grupos de sintomas: dificuldades na interação social, problemas na linguagem e
comunicação, e necessidade de repetição ou constância. A partir de seus estudos, o
autismo ficou conhecido como "Autismo Infantil Precoce" e foi reconhecido como
uma síndrome distinta da esquizofrenia infantil, embora relacionados.
Em 1991, o psiquiatra austríaco Hans Asperger descreveu o
comportamento de quatro meninos que se assemelhavam às descrições
comportamentais de Kanner. Asperger denominou o fenômeno observado como
"Psicopatia Autística na Infância" e concluiu que o autismo era uma condição
resultante de uma falha genética, influenciada pela hereditariedade e pelo ambiente
em que a criança crescia.
Autismo infantil: Transtorno global do desenvolvimento caracterizado
por: a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes
da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação
característica do funcionamento em cada um dos três domínios
seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento
focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha
comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por
exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de
birra ou agressividade (auto-agressividade).
20

Esses estudos formam a base para o conceito contemporâneo do autismo


e orientam pesquisas científicas e investigações sobre suas causas e tratamentos. O
autismo, em termos mais específicos, pode ser definido de acordo com diversos
manuais de diagnóstico, como a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) e
o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição).
As características essenciais do transtorno do espectro autista são
prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação
social (Critério A) e padrões restritos e repetitivos de comportamento,
interesses ou atividades (Critério B). Esses sintomas estão presentes
desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento
diário (Critérios C e D). O estágio em que o prejuízo funcional fica
evidente irá variar de acordo com características do indivíduo e seu
ambiente. Características diagnósticas nucleares estão evidentes no
período do desenvolvimento, mas intervenções, compensações e
apoio atual podem mascarar as dificuldades, pelo menos em alguns
contextos. Manifestações do transtorno também variam muito
dependendo da gravidade da condição autista, do nível de
desenvolvimento e da idade cronológica; daí o uso do termo
espectro. O transtorno do espectro autista engloba transtornos antes
chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de
Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno
global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno
desintegrativo da infância e transtorno de Asperger. (DSM-5, 2014)

O termo "espectro" no Transtorno do Espectro Autista refere-se às várias


manifestações comportamentais que podem ocorrer nesse transtorno e à forma
variada como ele se apresenta. Isso pode incluir o grau de comprometimento na
linguagem, nas habilidades intelectuais, bem como a presença de transtornos
coexistentes. Esses fatores podem ser influenciados por causas genéticas,
ambientais ou médicas, resultando em diferentes níveis de gravidade.
Na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
(CIF), o autismo é categorizado no capítulo que trata das funções mentais globais,
englobando aspectos como consciência, linguagem, memória e cálculo, que têm um
impacto significativo nas funções psicossociais. A CIF difere de outras classificações,
pois não se concentra nos problemas de saúde ou nos sintomas, mas sim nas
funções e capacidades das pessoas.
Nessa perspectiva o indivíduo com TEA é analisado de forma
singular, sendo necessário considerar a dinâmica do indivíduo em
termos de: I) funcionalidade - funções do corpo, estruturas do corpo,
atividades e participação contextual; II) incapacidade - deficiências,
limitações de atividade e restrições de participação. (CIF, 2004, apud,
REVISTA DE GESTÃO & SAÚDE, 2019
21

Embora o conceito de autismo não seja uniforme e necessite de uma


abordagem interdisciplinar para ser compreendido em sua totalidade, é possível
apontar para hipóteses sobre suas causas e tratamentos. Esse distúrbio do
neurodesenvolvimento é amplamente influenciado pela herança genética e, em
menor grau, por fatores ambientais. O autismo é caracterizado por graves
deficiências no desenvolvimento que surgem geralmente nos primeiros anos de vida
e persistem ao longo da vida, afetando o funcionamento cotidiano das pessoas e,
em alguns casos, requerendo apoio especializado.

2.2. HISTÓRIA DO AUTISMO

A terminação autismo foi utilizada pela primeira vez para nomear a perda
do contato da realidade e a dificuldade na comunicação. Tal feito foi executado por
Bleuler em 1911. Em 1943 um quadro chamado de Distúrbios Autísticos e inatos de
contato afetivo foi relatado por Kanner ao observar indivíduos com retardo mental e
distúrbios de comportamento. Ele percebeu que alguns apresentavam
comportamentos diferenciados e bastante peculiares e os separou dos indivíduos
esquizofrênicos para aprimorar a descrição clínica do tal distúrbio autístico
(SCHWARTZMAN, 2014).
A história do autismo no Brasil é marcada por iniciantes em termos de
diagnóstico, tratamento e inclusão. No entanto, ao longo do tempo, houve uma
compreensão limitada sobre o autismo, levando a uma série de desafios para as
pessoas autistas e suas famílias.
Até o final da década de 1980, havia pouca informação sobre o autismo
no Brasil. Muitas crianças autistas foram erroneamente diagnosticadas com retardo
mental ou transtornos emocionais. As famílias enfrentaram dificuldades para
encontrar profissionais qualificados e serviços especializados para o tratamento de
seus filhos.
A conscientização sobre o autismo começou a crescer na década de
1990, impulsionada principalmente pelo trabalho de organizações não
governamentais (ONGs), pais e profissionais da área da saúde. Esses grupos
22

passaram a promover a disseminação de informações sobre o autismo e a luta pelos


direitos das pessoas autistas. (LEBOYER, 1995)
Em 1999, foi aprovada a Lei nº 7.853, que dispõe sobre o apoio às
pessoas com deficiência e garante direitos como acesso à saúde, educação,
trabalho e assistência social. Essa legislação contribuiu para a inclusão das pessoas
autistas e estabeleceu as bases para o reconhecimento de seus direitos.
Filho (2010) concorda que neste estudo de Léo Kanner foram de fato
descritas as principais distinções do autismo embora apresentando ainda certa
confusão com relação a abordagem de entendimento e compreensão da
necessidade dos indivíduos com autismo.
Até a década de 70, persiste certa confusão do ponto de vista do
diagnóstico, conforme segue: O termo “autismo” já havia sido usado
para referir-se à esquizofrenia, podendo postular uma correlação
indevida entre os dois diagnósticos; Por não ter sido levada em
consideração a idade da manifestação do quadro, outros
diagnósticos poderiam ser confundidos com autismo; Estudos
posteriores de Kanner reduzem as características principais do
quadro ou consideram parte das características observadas como
secundárias, acarretando diagnósticos com sintomas que, na
verdade, não apareceriam no autismo (Filho, 2010, p. 10-11).

Leboyer (1995, p. 9) afirma sobre as descrições feitas por Kanner acerca


do autismo:
São chamadas autistas as crianças que têm inaptidão para
estabelecer relações normais com o outro; um atraso na aquisição da
linguagem e, quando ela se desenvolve, uma incapacidade de lhe
dar um valor de comunicação. Essas crianças apresentam
igualmente estereotipias gestuais, uma necessidade imperiosa de
manter imutável seu ambiente material, ainda que dêem provas de
uma memória frequentemente notável. Contrastando com esse
quadro, elas têm, a julgar por seu aspecto exterior, um rosto
inteligente e uma aparência física normal.

A pesquisa de Kanner apresenta que o autista traz prejuízos em suas


relações afetivas e sociais em virtude da sua extrema solidão, fazendo com que a
criança ignore ou impeça a entrada de estímulos externos. Isso explica se devido ao
fato de movimentos, ruídos e ainda o contato físico serem sentidos pelo autista
como um estímulo doloroso. A comunicação no geral assim como a linguagem
também apresenta grande déficit havendo casos em que algumas crianças podem
apresentar mutismo e outras ecolalia. Em aspectos gerais os autistas anseiam por
igualdade e rotina. (BELISÁRIO FILHO E CUNHA, 2010)
23

Após Kanner foi a vez de o médico de Viena Hans Asperger “descobrir” o


autismo de forma independente publicando em 1944 uma obra chamada “A
psicopatia autista na infância”. As per Jeff identificou a limitação de suas relações
sociais e afetivas identificando anomalias como alterações da fala, o que reflete
numa fala estranha, e também das propriedades acústicas. (BELISÁRIO FILHO E
CUNHA, 2010)
A partir dos anos 2000, houve um aumento no número de pesquisas
científicas sobre o autismo no Brasil, o que ajudou a aprofundar o conhecimento
sobre o transtorno e desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes. Também
ocorreram avanços na formação de profissionais de saúde e educação, capacitando-
os para atender às necessidades das pessoas autistas.
Em 2012, foi sancionada a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764), conhecida
como Lei do Autismo, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Essa lei garante o acesso a tratamento
e atendimento adequado, além de promover a inclusão social e a igualdade de
oportunidades para as pessoas autistas.
Nos últimos anos, houve um aumento na conscientização pública sobre o
autismo no Brasil, com campanhas educativas e ações de sensibilização realizadas
por organizações e instituições concedidas. Esses esforços contribuíram para a
redução do estigma associado ao autismo e para a criação de um ambiente mais
inclusivo e acolhedor.
No entanto, ainda existem desafios a serem enfrentados. O acesso a
serviços especializados, como terapia ocupacional e fonoaudiologia, ainda é limitado
em algumas regiões do país. A inclusão escolar também é um desafio, pois muitas
escolas não estão preparadas para receber alunos autistas de forma adequada.
Em resumo, a história do autismo no Brasil tem sido marcada por
progressos alcançados, mas ainda há muito a ser feito. A conscientização, o acesso
a serviços especializados e a inclusão social continuam sendo metas importantes na
busca por uma sociedade mais inclusiva e justa para as pessoas autistas.

2.3. CARACTERÍSTICAS E ESTERIÓTIPOS DOS AUTISTAS


24

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por


dificuldades na interação social, comunicação verbal e não verbal, além de
comportamentos repetitivos e interesses restritos. A história do autismo no Brasil
reflete os avanços no entendimento e no tratamento desse transtorno ao longo do
tempo.
No Brasil, as primeiras imagens de crianças com características autistas
inspiradas na década de 1960. No entanto, até então, havia pouca compreensão
sobre o autismo e suas causas. A falta de informações adaptadas sobre o transtorno
levou muitas famílias a enfrentar dificuldades em conseguir um diagnóstico e
tratamento adequado para seus filhos.
Foi apenas na década de 1980 que esperava a surgir como primeiras
organizações preocupadas para a conscientização e apoio às pessoas com autismo
e suas famílias no Brasil. Em 1985, foi fundada a Associação de Amigos do Autista
(AMA), uma das primeiras instituições a se dedicar exclusivamente ao autismo no
país. A AMA contribuiu para a disseminação de informações sobre o transtorno e
para a promoção de serviços e recursos adequados.
Na década de 1990, houve uma maior difusão do conhecimento sobre o
autismo no Brasil, impulsionada por estudos científicos e pela disseminação de
informações pela mídia.
De acordo com o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
DSM-5, um instrumento criado pela associação Americana de psiquiatria para
padronizar os critérios diagnósticos das desordens que causaram amém te e as
emoções, o transtorno do espectro autista se caracteriza pelo desenvolvimento
acentuadamente atípico na comunicação, interação e pela presença de um
repertório marcadamente restrito de atividades e interesses.
A partir deste conceito é evidente que para compreender a pessoa autista
é necessário entender o seu jeito de pensar assim como a forma com que ele se
relaciona e age. É preciso vê-lo como uma pessoa que apresenta maneiras
diferentes e por isso necessita de respeito. Vale ressaltar que nada disso faz do
autista uma pessoa incapaz, apenas apresenta uma maneira diferente. Logo
entende-se que quando não existe o respeito pelo modo de ser do indivíduo autista
seu desenvolvimento é atrapalhado.
Em relação às características sócio-emocionais os indivíduos
autistas apontam-se geralmente, isolados, agressivos,
desinteressados; abdicam de maiores contatos físicos e afetivos; têm
25

movimentos inapropriados; não evidenciam medo de perigos reais;


resmungam; riem inadequadamente; apresentam hábitos estranhos
na alimentação; têm crises de choro e angustia sem motivos
aparentes. (REASE, 2021)

Muitas são as pesquisas recentes que apontam as características dos


autistas. Dados mostram que as estruturas cerebrais de pessoas que têm autismo e
as que não possuem o transtorno são bem diferentes. Os neurônios da pessoa com
autismo possuem seu funcionamento comprometido. (SILVA, 2012)
Ainda de acordo com o mesmo autor os indivíduos com autismo também
não conseguem compreender as expressões faciais e comportamentais das demais
pessoas e isso faz com que haja a demora na interação ou até anão compreensão
do comportamento do outro.
Estereotipias são movimentos repetitivos que são bastante comuns em
pessoas com autismo. É possível nota-las quando a pessoa recebe muitos estímulos
ao mesmo tempo. Sua presença é o que leva a maioria das famílias a buscar ajuda
no diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) sobretudo quando está
acompanhada de outros sinais comuns (BANDEIRA, 2023)
O questionamento que permeia é se as estereotipias são problemas,
como e por quê acontecem com frequência e qual a melhor intervenção para
trabalhar o eliminar esses movimentos.
Dentre as estereotipias em autistas existem algumas que são mais
comuns: agitar as mãos, bater os pés balançar o corpo, repetir sons e até girar
objetos ou até mesmo o próprio corpo. No entanto é importante ressaltar que as
estereotipias não são movimentos exclusivos de pessoas com transtorno do
espectro autista. Pessoas neurotípicas podem e muitas vezes apresentam muitos
movimentos repetitivos que vão desde morder tampas de canetas, estalar os dedos,
bater as mãos sobre a mesa ou cruzar e descruzar as pernas (BANDEIRA, 2023).
No caso das pessoas com transtorno do espectro autista as estereotipias
não necessitam obrigatoriamente serem retiradas, tendo em vista que elas possuem
uma função de ajudar na regulação emocional. Os únicos casos em que devem ser
obrigatoriamente retiradas é quando podem causar problemas físicos para o
indivíduo ou pessoas ao seu redor sendo auto lesivas ou lesivas (SILVA, 2012).
26

3. O AUTISMO E O DIREITO À EDUCAÇÃO

O artigo 6º da Constituição Federal de 1988 estabeleceu o acesso à


educação no Brasil como um direito social, enfatizando no artigo 205 que a
educação é um direito de todos e uma responsabilidade do Estado e das famílias. A
educação, por ser um direito social e um pilar da dignidade humana, é inalienável,
ou seja, indivíduos não podem renunciar a esse direito.
No Brasil, a legislação educacional é regida pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação, Lei 9.394/96, que se divide em dois principais segmentos: a educação
básica e o ensino superior. Essa lei reafirma o direito à educação estabelecido na
Constituição de 1988, define princípios educacionais e atribui responsabilidades
entre os diferentes níveis de governo, como União, Estados, Municípios e Distrito
Federal.
No contexto brasileiro, desde que sigam as diretrizes nacionais de
educação, as instituições de ensino privadas têm a liberdade de oferecer educação.
Nesse contexto, o poder público desempenha o papel de regulador, assegurando a
conformidade com as normas e a manutenção dos padrões de qualidade (FRAZÃO,
2019).
Portanto, é fundamental compreender que, dada a natureza pública da
educação, as instituições de ensino privadas devem aderir aos princípios
estabelecidos na Constituição de 1988 e seguir as normas nacionais de educação.
A garantia do acesso à educação para todos é uma responsabilidade do
Estado, mas o artigo 209 da Constituição Federal permite que instituições de ensino
privadas desempenhem um papel na oferta educacional, resultando em dois
sistemas de ensino: público e privado.
27

A inclusão de pessoas com deficiência nas escolas do Brasil teve início


com a Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação. Desde então, as escolas
regulares passaram a acolher estudantes com deficiência (FRAZÃO, 2019).
Embora a inclusão escolar continue progredindo, ainda persistem muitos
obstáculos para alcançar uma verdadeira conscientização. As instituições de ensino
devem compreender que a inclusão não significa apenas permitir que pessoas com
deficiência ingressem nas salas de aula regulares, mas também fornecer os
recursos necessários para que essa inclusão seja verdadeiramente eficaz,
garantindo que esses alunos tenham as mesmas oportunidades que seus colegas
de classe.
Matricular pessoas com deficiência em salas de aula regulares sem
oferecer o suporte adequado pode prejudicar seu desenvolvimento e comprometer
seu sucesso acadêmico. A integração escolar visa assegurar que a diversidade entre
os indivíduos seja respeitada e que seus direitos sociais fundamentais não sejam
violados, promovendo uma educação que ensina a lidar com desafios, limitações e
diferenças, contribuindo para a formação de crianças e jovens que valorizem a
singularidade de cada pessoa.
O princípio da educação inclusiva postula que todas as pessoas devem
estudar juntas, viver como iguais e receber o suporte necessário para alcançar a
igualdade material.
Após a Convenção de Salamanca, escolas em todo o mundo foram
instadas a acomodar alunos com deficiência em salas de aula regulares (UNITED
NATIONS, 1994). Isso levou as escolas a cooperar com professores e a desenvolver
profissionais especializados para apoiar crianças e jovens com necessidades
especiais, dando origem ao conceito de mediadores escolares.
O mediador escolar é um profissional da educação contratado pela
instituição de ensino para acompanhar alunos com deficiência dentro e fora da sala
de aula.
O trabalho do mediador deve ser uma colaboração efetiva com o
professor, garantindo sua inclusão plena e contínua no ambiente escolar. O
mediador desempenha um papel fundamental na comunicação, na interação social e
no apoio às necessidades dos alunos, promovendo a autonomia e facilitando sua
integração na sociedade (FRAZÃO, 2019).
28

No que diz respeito aos autistas, eles são legalmente considerados


pessoas com deficiência. Se for comprovada a necessidade de apoio, eles têm
direito a acompanhantes especiais.
Portanto, todas as instituições, sejam públicas ou privadas, são obrigadas
a se inscrever e a fornecer os recursos necessários para permitir que pessoas com
autismo participem de salas de aula regulares. Além disso, esses alunos têm o
direito de serem acompanhados por mediadores especializados, quando necessário,
dentro e fora da sala de aula.
Para pessoas com TEA, os mediadores são essenciais para uma
integração eficaz na sociedade. Esses profissionais desempenham um papel
fundamental em várias situações, incluindo a melhoria da compreensão, a promoção
da interação social e a facilitação da adaptação ao ambiente social em que estão
inseridos.
É importante destacar que o artigo 7º da Lei Berenice Piana estabelece
sanções para gestores escolares ou autoridades que se recusarem a matricular
alunos com Transtorno do Espectro Autista ou qualquer outra deficiência, com
multas que variam de 3 a 20 salários-mínimos (BRASIL, 2012).
Embora a relação entre alunos e instituições de ensino privadas seja
considerada uma relação de consumo e envolva liberdade de iniciativa, isso não
significa que as instituições possam atuar sem responsabilidade ou restrições. A
educação é um direito público, e as instituições de ensino privadas devem seguir as
regras gerais de educação e não podem recusar a matrícula ou cobrar valores
adicionais pela prestação de serviços a pessoas com TEA.
As instituições de ensino privadas devem garantir a inclusão de alunos
com autismo e atender a todas as suas necessidades, assegurando condições de
ensino iguais às dos demais estudantes da turma.
Embora todos os requisitos do artigo 3º, parágrafo único da Lei nº
12.764/12 sejam cumpridos, algumas instituições de ensino privadas ainda relutam
em contratar mediadores especializados para acompanhar pessoas com Transtorno
do Espectro Autista. Essa recusa pode causar danos psicológicos, físicos e sociais
não apenas aos alunos, mas também às suas famílias.
O mínimo necessário para crianças com autismo envolve um ambiente
familiar e escolar positivo e um apoio da sociedade e do país. A proteção necessária
29

para essas crianças é muito específica, e a lei por si só não é suficiente para garantir
seu direito à educação (SANTOS, 2014).
Para crianças com autismo, a educação desempenha um papel crucial
em seu desenvolvimento. À medida que crescem, elas dependem do apoio de suas
famílias e do ambiente ao seu redor. Portanto, é de extrema importância garantir o
direito à educação por meio da integração escolar, adaptando as medidas conforme
as necessidades individuais de cada autista.

3.1. A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS


ATIVIDADES RECREATIVAS PARA CRIANÇAS COM AUTISMO

É de extrema importância implementar adequadamente a inclusão


escolar na educação infantil, pois é nessa faixa etária que as crianças desenvolvem
suas habilidades de forma significativa, inclusive aquelas que possuem deficiências.
Portanto, a primeira etapa da educação básica é o momento crucial para
aprimorar a inclusão escolar por meio de ações eficazes que garantam o pleno
envolvimento das crianças na vida escolar. Para que as escolas possam
efetivamente adotar a inclusão, os alunos com necessidades educacionais
especiais devem ser integrados ao ensino regular. Esse processo exige uma
revisão da abordagem educacional, a fim de atender às necessidades individuais
de cada aluno, independentemente de suas características e diferenças. Isso
implica na adaptação e organização do currículo escolar e do projeto pedagógico
da escola, levando em consideração a diversidade de sua comunidade escolar.
Dessa forma, é possível equilibrar o ensino dos conteúdos programáticos com a
promoção da socialização de todos os envolvidos. Um currículo que se concentra
apenas nos conteúdos conceituais e em aspectos acadêmicos, com sistemas de
avaliação baseados em um padrão normativo único para todos, pode prejudicar
alunos com maiores dificuldades nesses aspectos.
A inclusão escolar visa a proporcionar às crianças com deficiências a
oportunidade de participar plenamente das atividades educacionais, sem restrições
ou limitações. Para que isso seja efetivo, é necessário reconhecer o direito à
educação de todas as crianças, independentemente de suas condições, e criar
30

estratégias educacionais que atendam aos objetivos traçados para todas as


crianças, com ou sem deficiências.
A escola desempenha um papel fundamental no apoio à educação
inclusiva, mas isso requer adaptações significativas. As mudanças de grande porte
são de responsabilidade das autoridades educacionais federais, estaduais e
municipais. Já as mudanças de menor escala podem ser iniciativas dos próprios
professores, que devem buscar recursos para aprimorar suas qualificações, a fim
de incluir esses alunos de maneira eficaz e igualitária na educação. A Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 destaca a importância da formação adequada de
professores como um pré-requisito para a inclusão, exigindo que os sistemas de
ensino garantam professores capacitados e especializados para integrar e adaptar
o ensino regular para alunos com necessidades educacionais especiais.
A competência dos professores no domínio de conhecimentos
pedagógicos é essencial, pois isso lhes permite planejar, ensinar e avaliar o
aprendizado de seus alunos de forma eficaz. O ensino é uma tarefa complexa que
exige professores atualizados em suas áreas de atuação. Portanto, o grande
desafio para as instituições de ensino superior é formar educadores preparados
para desenvolver estratégias de ensino e adaptar atividades e conteúdo não
apenas para alunos considerados especiais, mas para todos os alunos em suas
turmas.
A necessidade de capacitar os profissionais é destacada por Aranha
(2000), que argumenta que somente por meio de um suporte técnico, didático e
pedagógico adequado será possível criar um ambiente de aprendizado baseado no
conhecimento e na construção do saber.
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma iniciativa que visa a
garantir os direitos de todos os alunos, promovendo a aprendizagem compartilhada
e a igualdade, sem discriminação. Isso reflete a mudança de mentalidade na
sociedade, a melhoria das políticas públicas e a pressão exercida pelos
movimentos sociais sobre o Estado para consolidar os direitos dos indivíduos como
membros da sociedade e, principalmente, para efetivar a educação inclusiva nas
escolas.
No Brasil, a formação de professores de educação especial começou na
década de 1950, com cursos de nível médio que duraram até o final dos anos 1960.
Esses cursos tinham duas abordagens principais: uma focada na educação, voltada
31

para deficientes auditivos e visuais, e outra de natureza médico-pedagógica,


destinada a deficientes físicos e mentais, caracterizada por uma abordagem
terapêutica e técnica. A partir dos anos 1970, a formação de professores de
educação especial foi elevada ao nível superior, com cursos de Pedagogia que
ofereciam habilitações em Educação Especial. Nesse período, também surgiram os
primeiros cursos de especialização, como uma alternativa para a formação de
professores nessa área (MAZZOTTA, 2005).
Para atuar na educação especial, os professores devem ter uma base
sólida em sua formação inicial e em sua formação continuada, abrangendo tanto
conhecimentos gerais para a docência quanto conhecimentos específicos na área
da educação especial.
Mantoan (2006) enfatiza a expectativa dos professores em aprender
práticas inclusivas, ou seja, uma formação que lhes permita aplicar abordagens de
trabalho predefinidas em suas salas de aula para resolver os desafios que
encontram em ambientes inclusivos. A profissão docente tornou-se complexa e
diversificada, deixando de ser apenas uma transmissão de conhecimento
acadêmico para se tornar uma profissão que lida com a transformação de
conhecimento científico em saberes escolares.
As mudanças voltadas para a formação de professores capazes de atuar
na educação inclusiva podem contribuir significativamente para as transformações
nas escolas. O objetivo é promover uma pedagogia centrada no aluno, que, por sua
vez, leve à construção de uma sociedade que respeite a dignidade e as diferenças
humanas.
O profissional de educação física desempenha um papel crucial no
desenvolvimento e bem-estar dos alunos autistas. A educação física pode fornecer
uma variedade de benefícios para esses alunos, tanto no aspecto físico quanto no
social e emocional.
O nível de comprometimento do professor e da instituição é fundamental
na vida de qualquer pessoa no âmbito educacional. Quando tratamos de crianças
autistas não existe diferença na importância e por isso é necessária uma visão
diferente com relação ao nível de atenção a fim de que métodos ideais estratégias
permitam que o professor seja capaz de alcançar o desenvolvimento dessa criança
estimulando suas capacidades cognitivas e físicas. (LOPES, 2011)
32

Estimular as habilidades desses alunos com necessidades especiais nas


aulas deve ocorrer através de atividades adaptadas e propostas pelo professor
onde haja o comprometimento de não excluir o aluno da aula que é o que ocorre
com frequência nas escolas de ensino regular com a desculpa de que visam
preservar o aluno de eventualidades que possam acontecer durante as atividades.
(FERNANDES, 2015)
Portanto é nesta primeira etapa da educação básica que devemos
aprimorar a forma de concretizar a inclusão escolar mediante ações
eficazes que possam garantir o direito de participação efetiva da
criança no cotidiano escolar. Para que as escolas atendam ao
processo de inclusão, os alunos com necessidades educacionais
especiais devem ser incluídos no ensino regular, onde o cujo
processo de ensino precisa de uma revisão, a fim de atender as
demanda individuais de cada aluno, independentemente de suas
particularidades e diferenças, de modo a adequar e organizar o
Currículo Escolar e o Projeto Político Pedagógico da instituição,
contemplando a diversidade de sua comunidade escolar, formando
um equilíbrio entre o desenvolvimento dos conteúdos previstos e a
socialização de todos os envolvidos. Um currículo centrado
fundamentalmente nos conteúdos conceituais e nos aspectos mais
acadêmicos, que propõe sistemas de avaliação baseados na
superação de um nível normativo igual a todos, lança ao fracasso
alunos com mais dificuldades para avançar nestes âmbitos. (RIASE,
2021)

O objetivo da aula de educação física adaptada é integrar o aluno com


necessidades especiais, no caso em questão o autista, em relação a adaptação e
às normas disciplinares seja nas aulas técnicas ou práticas. A educação física
escolar é importante por contribuir com aspectos que são relacionados à formação
geral tais como desenvolvimento social, motor, cognitivo e afetivo visando também
o hábito da prática de atividades físicas como um pilar fundamental para uma vida
saudável. Tais atividades são realizadas por muitas vezes através de brincadeiras e
jogos de forma bem lúdica o que desperta o prazer da criança pela prática
(FELLIPE, JUDITH, 2010).
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação social,
cultural, pedagógica e política, iniciada em defesa dos direitos de
todos os alunos, compartilhando e aprendendo, sem discriminação.
A educação especial é resultado da mudança de opinião da
sociedade, da melhoria das políticas públicas, da pressão imposta
ao Estado pelos movimentos sociais, na consolidação de seus
direitos como sujeitos sociais e, principalmente na efetivação da
Educação Inclusiva nas escolas. (LOPES, 2011)
33

Para Tomé (2007) o papel do professor de educação física é fundamental


no ensino do aluno autista e consiste em paciência e insistência para a elaboração
de um plano de aula estruturado a fim de atender o aluno da forma correta
estabelecendo um vínculo positivo e trabalhando no desenvolvimento de sua
Independência visando preservar a rotina das atividades atentando parar as
atividades que tenham regras, jogos imaginários e gincanas e que possam causar
algum tipo de insatisfação e incômodo e até a falta de interesse do aluno pela
prática da educação física.
Sendo assim, as relações entre os discentes e os profissionais de
educação física devem envolver comportamentos intimamente relacionados em que
as atitudes de um desencadeiam ou promovem as atitudes do outro. Deste modo,
necessário se faz compreender o aluno não é um fichário detentor de
conhecimentos memorizados o necessário, mas sim um ser humano capaz de ter
opinião própria participar refletir discutir e manifestar com clareza o que quer ou o
que não quer.
4. AS LEIS DE INCLUSÃO DOS INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Dentro deste contexto de lacunas na legislação, movimentos de familiares


comprometidos com a causa emergiram, clamando pela proteção dos direitos
fundamentais estabelecidos na Constituição, bem como pela observância dos
princípios de dignidade humana e igualdade.
Em 2012, foi promulgada a Lei nº 12.764, conhecida como Lei Berenice
Piana, um marco na evolução dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro
Autista (TEA). Essa lei estabeleceu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com TEA, criando um conjunto de direitos exclusivos para esses indivíduos
e integrando-os efetivamente na sociedade.
A Lei Berenice Piana recebeu esse nome em homenagem a Berenice
Piana, mãe do autista Dayan, que se destacou por seu estudo do autismo e sua
persistência na luta pelos direitos do filho. Ela desempenhou um papel crucial na
formulação dessa legislação ao apresentar uma proposta à Comissão de Direitos
Humanos do Senado.
A definição geral do Transtorno do Espectro Autista, conforme descrito no
artigo primeiro dessa lei, representa uma conquista significativa: o reconhecimento
34

das pessoas autistas como indivíduos com deficiência (art. 1º, § 2º). Esse
reconhecimento marca um avanço importante na história do autismo no Brasil,
proporcionando benefícios e direitos que antes não eram garantidos e servindo
como uma ferramenta fundamental na luta das famílias pela melhoria da qualidade
de vida.
“(...) o autismo não ficava em lugar nenhum, porque até 8 [ano da
ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência] nem considerado pessoa com deficiência ele era. Ele
não era nada, ele não existia, era invisível. Era uma síndrome
invisível e ainda é, e a Lei [12.764/12] veio equacionar isso. (...) Logo
no artigo 1º, a Convenção da ONU diz quais são as deficiências e aí
fala da deficiência física, mental, intelectual e sensorial (...) e tem a
deficiência psicossocial também. Então, ali o autista estaria inserido,
porque a deficiência psicossocial é dos transtornos da mente e, além
disso, ela fala também que deficiências são as limitações que as
pessoas têm com as barreiras de socialização... Então, ali está o
autista. Só que isso dependia de uma coisa que se chama
hermenêutica jurídica, dependia de interpretação. (...) A gente
dependia, infelizmente, da boa vontade de alguns juristas de terem o
entendimento e aí tentar ajudar em alguma coisa. A lei da Berenice
Piana veio e resolveu isso, porque deixou claro [que o autista é
pessoa com deficiência] (...) Então, ele já foi tirado do limbo e já
passou a ter os mesmo direitos dessas pessoas.”

Bárbara Parente, mãe de um autista e bacharel em direito, enfatiza que a


Lei 12.764/12 foi revolucionária no âmbito das políticas públicas ao tirar os autistas
do "limbo". As dificuldades enfrentadas pelos autistas não estão restritas a uma área
específica, como a educação ou a saúde. Portanto, ações governamentais isoladas
em setores específicos não são suficientes para atender às diversas necessidades
desses indivíduos.
Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista: I -
a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da
personalidade, a segurança e o lazer; II - a proteção contra qualquer
forma de abuso e exploração; III - o acesso a ações e serviços de
saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de
saúde, incluindo: a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional; c) a nutrição adequada e a terapia
nutricional; d) os medicamentos; e) informações que auxiliem no
diagnóstico e no tratamento; IV - o acesso: a) à educação e ao
ensino profissionalizante; b) à moradia, inclusive à residência
protegida; c) ao mercado de trabalho; d) à previdência social e à
assistência social. Parágrafo único. Em casos de comprovada
necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída
nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do
art. 2º, terá direito a acompanhante especializado. (BRASIL, 2012).
35

A integração entre diferentes setores sociais, como proposto no artigo 2º


da Lei Berenice Piana, é fundamental para a inclusão eficaz. A participação da
comunidade na elaboração de políticas públicas (inciso II) é essencial, uma vez que
ninguém compreende melhor as necessidades dos autistas do que eles próprios e
suas famílias.
O inciso III desse mesmo artigo destaca a importância da atenção integral
à saúde das pessoas com TEA, enfatizando o diagnóstico precoce, o atendimento
multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes. O diagnóstico precoce é
essencial para o desenvolvimento adequado dos indivíduos autistas.
Acreditamos que que a promulgação da Lei nº 12.764/2012 (Brasil,
2012) e da publicação da Nota Técnica nº 24/
2013/MEC/SECADI/DPEE, que asseguram direitos da pessoa com
autismo contribuirão com reflexões sobre os investimentos no campo
das políticas públicas de inclusão na contemporaneidade. Esses
documentos, ao orientarem os sistemas de ensino, permitirão a
discussão e se tornarão fundamentais para criar possibilidades de
escolarização dos alunos com autismo. (GUARESCHI, Taís et all,
2016).

Os demais incisos do artigo segundo demonstram a relevância da


participação da sociedade na superação dos desafios enfrentados pela comunidade
autista. Por exemplo, o inciso V incentiva a inserção dos autistas no mercado de
trabalho, enquanto o inciso VII promove a capacitação de profissionais
especializados para atender a essa população. O inciso VIII incentiva a produção de
pesquisas científicas para aprofundar o entendimento do autismo no Brasil.
O artigo 3º da Lei estabelece os direitos específicos das pessoas com
autismo. Vale a pena mencionar o Decreto nº 7.611, que aborda o atendimento
educacional especializado e desempenha um papel semelhante ao da Lei Berenice
Piana. É fundamental respeitar a educação especial e contribuir para a elaboração
dos conceitos apresentados nessa nova legislação.
Dada a dificuldade de interação, a inclusão de alunos autistas no
ambiente escolar é de extrema importância para o seu desenvolvimento. No entanto,
o sistema de ensino brasileiro, tanto público quanto privado, em sua maioria, não
está preparado para receber adequadamente os autistas. Portanto, o direito a um
acompanhante especializado na sala de aula é garantido quando necessário,
conforme estabelecido no parágrafo único do artigo 3º.
O maior desafio nesse contexto é a capacitação dos profissionais. Os
alunos autistas não precisam apenas de um "cuidador", mas de educadores que
36

possam orientá-los e acompanhá-los em seu processo de aprendizado. Infelizmente,


o direito ao mediador ou assistente terapêutico nas escolas públicas geralmente não
é respeitado devido à falta de recursos financeiros, enquanto nas escolas
particulares, os pais muitas vezes arcam com os custos desses acompanhantes.
As discrepâncias entre o setor público e privado precisam ser abordadas,
e a lei inclui disposições para promover a verdadeira inclusão. O artigo 7º prevê
penalidades para gestores escolares ou autoridades que se recusem a matricular
alunos com TEA ou qualquer outra deficiência, contribuindo para minimizar as
diferenças e promover a inclusão.
Além do direito à educação, o artigo 3º destaca os direitos constitucionais
das pessoas com autismo, como acesso à moradia, ao mercado de trabalho e à
previdência social e assistência social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho procurou analisar as abordagens pedagógicas durante


as aulas de educação física a fim de expandir o conhecimento acerca das diversas
formas de inclusão e adaptação dos alunos autistas nas aulas.
Em decorrência da dificuldade de adaptação e convivência com outras
pessoas, que é uma característica da criança com transtorno do espectro autista,
não é possível que essa criança possa participar e interagir socialmente das aulas
sem que haja o auxílio do professor.
Para que a educação seja de fato inclusiva é necessário muito mais que
apenas uma mudança de mentalidade, precisa-se de condições e recursos
adequados para cada situação encontrada. Para que isso seja uma realidade o
professor precisa vencer o desafio de excluir a visão de incapacidade das pessoas
com necessidades especiais e proponha a execução de atividades que valorizem o
respeito às diferenças e à múltiplas inteligências. Este processo pode acontecer de
forma lúdica fazendo uso de atividades em grupo podendo envolver música e jogos,
desenhos ou outros.
37

Cabe ao professor buscar maneiras de interagir com as crianças durante as


aulas fazendo com que elas interajam de forma espontânea e sem exposição para
que não se sintam tão diferentes das outras ocasionando assim a auto exclusão. É
fundamental que este professor busque conhecimento para atender da forma correta
evitando prejudicar o desenvolvimento dessa criança.
O profissional docente ter qualificação é extremamente importante para que
a inclusão seja efetiva. Porém, em alguns casos a condição financeira do
profissional o impede de cursar uma pós-graduação. É válido mencionar que a
internet é um universo com as portas abertas para quem busca mais conhecimento.
Muitos são os cursos online e opões gratuitas que podem auxiliar o professor a se
preparar da melhor maneira possível para receber os alunos com necessidades
especiais, no geral.
Promover a inclusão de uma criança autista em qualquer atividade escolar,
seja ela coletiva ou individual, requer uma atenção especial e sobretudo
comprometimento com persistência.
O profissional de educação física pode criar um ambiente inclusivo e
acolhedor, onde as crianças autistas se sintam bem-vindas e aceitas. Isso
proporciona a oportunidade de interação com os colegas, promovendo a inclusão
social e observando o isolamento que muitas vezes é vivenciado por essas crianças.
A Educação Física proporciona aos indivíduos autistas novas formas de
expressão, ao mesmo tempo em que promove benefícios significativos para a saúde
e aprimora as áreas psicomotoras, sociais e cardiovasculares, reduzindo
comportamentos como falta de concentração, impulsividade e hiperatividade. Este
estudo também destaca a importância do profissional de educação física no contexto
educacional e no desenvolvimento de pessoas com autismo. Através da prática de
atividades físicas de maneira positiva, esses profissionais contribuem para melhorar
a qualidade de vida e a funcionalidade dos indivíduos afetados por esse transtorno.
Diante do exposto, é essencial realizar mais pesquisas sobre esse tema, a
fim de fornecer orientações mais precisas para os profissionais que trabalham com
essas crianças, possibilitando um desenvolvimento psicomotor mais eficaz em seus
alunos.
Historicamente, o acesso à Educação para Pessoas com Deficiência no
Brasil é uma questão relativamente recente e, em algumas situações, enfrenta
diversas limitações para ser efetivado. No entanto, é responsabilidade de todos,
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independentemente de terem deficiências ou não, exercerem seus direitos de


cidadania e exigirem a implementação efetiva desses direitos.
Isso requer mais do que apenas a garantia dos direitos (sem subestimar sua
importância social), mas também a oferta de uma Educação Especial de alta
qualidade, que promova a inclusão real. Simplesmente inserir um aluno com
deficiência no ambiente escolar, sem levar em consideração suas necessidades
individuais, é um ato de exclusão.
As políticas públicas devem ser mais do que apenas "ideias no papel"; elas
devem ser eficazes, visando não apenas o bem-estar dos alunos com deficiência,
mas também o de toda a comunidade escolar. Devem reconhecer o papel crucial
que as instituições de ensino desempenham na sociedade e sua responsabilidade
constitucional em formar cidadãos críticos e reflexivos, preparados não apenas para
a cidadania, mas também para o mercado de trabalho (BRASIL, 1988).
A Educação, em todas as suas formas e modalidades, é uma ferramenta
poderosa que, quando aliada a diversas instituições sociais, pode transformar o
pensamento cultural arraigado que muitas vezes considera as Pessoas com
Necessidades Especiais como "incapazes".

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