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EMENTA:
Introdução à educação. trajetória da educação física escolar. tendéncias pedagógicas da educação
física escolar. Panorama contemporâneo da educação física escolar em âmbito regional e local. Problematização
do conceito de educação física. Diferentes objetos de conhecimento da educação física. Legitimidade da
educação física enquanto componente curricular. Formação em educação física escolar: formação tradicional,
científica e profissional.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUí – UESPI
COORDENAçãO GERAL DO PLANO NACIONAL DE FORMAçãO
DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BASICA – PARFOR
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Nossa jornada pela Educação Física Escolar nos mostrou que ela vai além de simples
exercícios e jogos divertidos. Ela é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento
motor, a promoção da saúde, a discussão de temas relevantes e a formação integral dos
estudantes. Os professores desempenham um papel essencial ao criar um ambiente de
aprendizado envolvente e significativo, onde os alunos podem explorar seus corpos,
suas habilidades e suas mentes.
A Educação Física Escolar não é apenas uma disciplina, é uma experiência de vida que
deixa marcas profundas no desenvolvimento de cada indivíduo. Portanto, valorizemos
essa área tão importante da educação e reconheçamos os benefícios duradouros que ela
traz para a vida dos alunos.
04/07/2023, 15:35 Conceito em educação fisica - Brasil Escola
Falar em Educação Física nos faz lembrar de esportes e atividades físicas, porem todo esporte é um conjunto de atividades
físicas, mas nem toda atividade física é ou faz parte de um esporte.A Educação Física é uma disciplina que integra o
educando na cultura corporal, formando o cidadão que irá produzi-la, reproduzi-la e transformá-la através dos jogos, dos
esportes, das lutas, da ginástica e das danças, na busca do exercício crítico da cidadania e de uma melhor qualidade de
vida. Ela é considerada como um meio educativo privilegiado, pois abrange o ser na sua totalidade, objetivando o equilíbrio,
a saúde do corpo, a aptidão física para a ação e o desenvolvimento dos valores morais. Não se pode falar de um corpo
fragmentado, mas de uma totalidade capaz de conectar pensamentos e movimentos através de ligações de sensibilidade.
Nesta relação corpo e emoção o que importa não é o gesto pelo gesto, mas o significado deste diante do mundo. Esta
disciplina permite ao educando exercer todas as suas potencialidades, desenvolve as funções mentais, a coordenação
motora, a criatividade, a livre expressão e a sociabilidade, também auxilia no desenvolvimento global do indivíduo, isto é, no
aspecto cognitivo, psicomotor e afetivo.
A educação Física é uma das áreas de conhecimento ligada ao estudo das atividades físicas, visando o aperfeiçoamento e
desenvolvimento correto dos movimentos corporais e motores. Trabalha também no sentido terapêutico, na manutenção e
reabilitação da saúde e ate mesmo para prevenir e evitar certos tipos de doenças.
Também é fundamental na formação básica do ser humano, atividade essencial para uma boa qualidade de vida.
O próprio Manifesto Mundial da Educação Física mostra os benefícios tanto sociais como educacionais que a Educação
Física oferece. Mas uma duvida assombra minha mente... Já que a Educação Física é tão importante assim, porque essa
ainda se encontra na UTI?
Há uma certa dificuldade em explicar o que realmente é a Educação Física. Afinal, quando falamos em Educação Física
pensamos logo em corpos sarados, suados e dispostos somente em malhar. É preciso acabar com esse paradigma, mas
essa imagem sobre a Educação Física trazemos da própria escola, do ensino fundamental, onde a própria disciplina não se
encaixa no quadro das demais, sendo aplicada em dias e horários diferentes como se não tivesse tanta importância como
as outras disciplinas, parecendo ser ate mesmo opcional, sem aulas teóricas, afinal nem todo mundo gosta de jogar bola e
correr em volta da quadra.
Nessa sociedade consumista em que vivemos, cuidar do corpo se tornou cultural, e para isso precisamos de profissionais
realmente qualificados para desempenhar seu papel com responsabilidade, compromisso e informação para uma Educação
Física de Qualidade, já que se tratando de Educação seja essa, escolar, alimentar, ambiental ou qualquer tipo de
aprendizado já é cultura e cultura é o direito de todo cidadão. Segundo João Paulo S. Medina “... a educação seria um
processo pelo qual os seres humanos buscam sistemática ou assistematicamente o desenvolvimento de todas as suas
potencialidade, sempre no sentido de uma auto-realização, em conformidade com a própria realização da sociedade...”,já
nas palavras de Saviane a própria Educação seria “...o processo de promoção do ser humano que, no caso, significa tornar
o homem cada vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação para intervir nela, transformado-a no sentido de
uma ampliação da comunicação e colaboração entre os homens...”
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/imprimir/120024 1/1
04/07/2023, 15:40 O que é Educação Física? - Brasil Escola
Para melhor compreendermos como esse processo acontece, é necessário recorrer a um conceito importante do filósofo
Michel Foucault: corpos dóceis. Segundo ele, a sociedade moderna (constituída a partir das Revoluções Industrial e
Francesa) foi marcada pelo êxodo rural e consequentemente pelo inchaço de pessoas nas grandes cidades europeias. Dito
de maneira bastante simplificada, uma vez que as autoridades não tinham pessoas suficientes para trabalhar, foi preciso
desenvolver um método em que as pessoas controlassem a si mesmas: a vigia. Trata-se de um mecanismo em que a
pessoa se sente vigiada constantemente e que, portanto, dificilmente fará algo que contrarie as regras sociais. Um desses
mecanismos é o controle do corpo: ora, à medida que o corpo é disciplinado, sua conduta está sendo disciplinada. É
possível, portanto, entender que tornar o corpo dócil – ou disciplinado – já foi um dos papéis fundamentais da Educação
Física.
Hoje em dia as coisas mudaram. Há alguns autores, como Medina (1998), por exemplo, que afirmam que a Educação Física
não cuida apenas do corpo, mas antes de tudo da mente. A conotação atual do conceito de Educação Física é a de que esta
é uma área que trabalha não apenas o corpo em movimento, mas que trabalha a partir do corpo em movimento.
Explicando: o objetivo dessa disciplina não é fazer com que as pessoas saibam jogar basquete, mas sim que elas
consigam vivenciar essa prática, compreender sua origem, estruturar reflexões sobre o comércio envolvido nos materiais
esportivos, sobre a compra e venda de atletas, dentre outras coisas. É por isso que Medina afirma que a Educação
Física trabalha corpo emente.
Outra coisa importante para entendermos melhor a Educação Física é esclarecermos quais são os conteúdos que devem
ser ensinados na escola. Você sabe que os conteúdos de Matemática ou de Língua Portuguesa são bem estruturados e
deve saber dizer o que está aprendendo nesse momento. Mas você sabe dizer se na sua aula de Educação Física isso
também acontece? Você está aprendendo alguma coisa nova nessa matéria? Há um documento do governo federal
chamado “Parâmetros Curriculares Nacionais” que apresenta em blocos todos os conteúdos que o professor deve trabalhar
ao longo do ensino fundamental. Os blocos são:
1. Esportes, lutas, jogos e ginásticas – Concentram-se neste bloco todos os esportes individuais ou coletivos, os diversos
tipos de lutas, jogos populares e/ou tradicionais e diferentes tipos de ginásticas;
2. Atividades rítmicas e expressivas – Localizam-se aqui os diferentes tipos de dança (popular, folclóricas, clássicas, de
salão e contemporânea), além de outras práticas que se utilizem do corpo como meio expressivo, tal como o teatro;
3. Conhecimentos sobre o corpo – Este bloco talvez seja o mais importante à medida que se relaciona com os outros dois.
Propõe que o professor trabalhe aspectos biológicos, anatômicos e sociais referentes ao corpo, estimulando aulas teóricas
em sala de aula.
Assim, é importante que você reflita se o seu professor já propôs atividades diferentes como capoeira, dança moderna,
teatro ou corrida de obstáculos para a sua turma. Isso porque todos esses conteúdos, essa diversidade de práticas
corporais, fazem parte do currículo escolar. Caso contrário, pergunte ao seu professor quando ele planeja abordar
atividades diferentes com vocês. Quem sabe sua sugestão ou curiosidade não pode resultar em uma aula bem
interessante!
https://brasilescola.uol.com.br/imprimir/118496 1/1
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Veremos neste tópico alguns dos caminhos que o Profissional em Educação
Física poderá trilhar após a sua graduação, para poder proporcionar a promoção da
saúde através da atividade física. Consequentemente, proporcionar às crianças, aos
jovens e aos adultos, através do esporte, da recreação e da dança, os instrumentos
para que desenvolvam suas habilidades básicas voltadas à saúde e performance.
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UNIDADE 3 | O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
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TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO FÍSICA E PROFISSÃO
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
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UNIDADE 3 | O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
4 PÓS-GRADUAÇÃO
Pós-Graduação
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TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO FÍSICA E PROFISSÃO
Aperfeiçoamento
Especialização
MBA
Mestrado profissional
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UNIDADE 3 | O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
suas atividades durante o curso. Por isto, este curso tem horários especiais,
geralmente, todas as sextas e sábados. Não é pré-requisito na continuação dos
estudos para quem deseja prosseguir em busca da pesquisa teórica em nível
de doutorado, embora alguns pesquisadores na qualidade de orientadores
prefiram cobrar como exigência. No entanto, não há restrições na seleção do
doutorado para recém- graduados, tanto no mestrado acadêmico quanto no
profissional e no doutorado, que são as modalidades cursos de pós-graduação
stricto sensu.
Mestrado acadêmico
Obs.: Hoje já existem mestrados profissionais que não são pagos. Há,
inclusive, uma modalidade com recebimento de bolsa CAPES no mesmo valor
do mestrado acadêmico. É o caso do Mestrado Profissional em Matemática em
rede nacional (PROFMAT), coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática
- SBM.
Doutorado
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TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO FÍSICA E PROFISSÃO
Livre-Docência
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JOSÉ LYRYAL ROLIM DE CASTRO
THIAGO TAVARES SOARES
1ª EDIÇÃO
EGUS 2014
EDUCAÇÃO FÍSICA E A FORMAÇÃO
DO GRADUANDO
Conhecimentos
Habilidades
Atitude
Educação Física e o campo
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INTA EAD Introdução à Educação Física
Segundo o Conselho Nacional de Educação Física – CONFEF - Art. 9º - O
conduta ética.
§ 2º O Professor da Educação Básica, licenciatura plena em
básica.
conduta ética
Curriculares Nacionais.
política ou social.
• A oportunidade ao lazer
No século XX o discurso sobre o lazer toma dimensões que ultrapassam a esfera
social e econômica e chega às escolas fornecendo principalmente ao professor de
Educação Física, subsídios que possibilite discutir juntamente com os estudantes o
A escola por sua vez deverá também oferecer ao estudante condições e espaços
De acordo com a proposta de Coll (1986) apud Junior et all (2008) os conteúdos
da aprendizagem devem ser apresentados segundo a tipologia: na dimensão
conceitual (fatos, princípios e conceitos) revelam “o que se deve saber?”; dimensão
. . Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2003
DAOLIO. Jocimar. Educação Física e o conceito de Cultura. Campinas-SP: Autores
Associados, 2004
FERREIRA, Vanja. Educação Física Escolar. Desenvolvendo Habilidades. Rio de
Janeiro: Sprin, 2006
FILHO, Lino Castellani. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. 13ª
ed. Campinas: Papirus, 2007.
FILHO, Lauro Pires Xavier e ASSUNÇÃO, Jeane Rodella. Saiba Sobre Educação Física.
Rio de Janeiro: Ambito Cultural Edições LTDA, 2005
COUBERTIN, Barão Pierre de. O Barão dos Esportes. Revista VEJA, 1896. Disponível
coubertin.shtml
MEDINA, João Paulo S. A Educação Física cuida do corpo e “mente”. Ed. 23. Campinas.
VISãO ESPORTIVISTA
A perspectiva esportivista, também denominada de tradicional, tecnicista, competi-
vista, e até mecanicista, se constituiu em uma visão predominante da Educação Física nas
décadas de 1970, 1980 e 1990, e não podemos negar que ela é ainda bastante presente nos
dias atuais.
Betti (1991) ressalta que, de 1969 a 1979, o Brasil observou a ascensão do esporte de-
vido à inclusão do binômio Educação Física/Esporte na planificação estratégica do governo,
muito embora o esporte de alto nível estivesse presente no interior da sociedade desde os
anos 1920 e 1930.
Nessa época, os governos militares, que assumiram o poder em março de 1964, passam
a investir no esporte na tentativa de fazer da Educação Física um sustentáculo ideológico,
na medida em que ela participaria na promoção do país por meio do êxito em competições
de alto nível. Nesse período, a ideia central girava em torno do Brasil-Potência, pretendia-
-se com isso eliminar as críticas internas e deixar transparecer um clima de prosperidade e
desenvolvimento.
De acordo com Soares et al. (1992), a influência do esporte no sistema educacional é tão
forte que não se pode dizer o esporte da escola, mas sim o esporte na escola. Isso indica a
subordinação da educação física aos códigos/sentido da instituição esportiva: esporte olímpico,
sistema desportivo nacional e internacional. Esses códigos podem ser resumidos em: princípios
de rendimento atlético/desportivo, comparação de rendimento, competição, regulamentação
rígida, sucesso no esporte como sinônimo de vitória, racionalização de meios e técnicas etc.
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É nesta fase da história que o rendimento, a seleção dos mais habilidosos, o fim justi-
Em crítica a esse momento pelo qual passou a Educação Física na escola, a Coordena-
doria de Estudos e Normas Pedagógica de São Paulo (SÃO PAULO, 1990) considera que, em
relação à metodologia, além dos procedimentos diretivos, as tarefas eram apresentadas de
forma acabada e os alunos deviam executá-las ao mesmo tempo, no mesmo ritmo, despre-
zando os conhecimentos que a criança já construiu, impondo-lhes valores sociais e culturais
distantes da sua realidade.
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objetivarem exclusivamente à participação em competições esportivas, ou
É importante frisar que esse modelo que carece da intervenção sistemática do profes-
sor não ocorre exclusivamente nas aulas de Educação Física. Nas outras disciplinas, o profes-
sor substitui o “rola bola” por “copie da lousa o exercício tal” ou ainda “abra a página do livro
didático e responda às questões”. Certamente na Educação Física, essa falta de intervenção
é mais evidente, pois não temos à disposição os livros didáticos e também porque o espaço
das aulas fica completamente exposto para todos na escola.
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As principais características desse modelo nas aulas de Educação Física são:
MODELOS RENOVADORES
A partir da década de 1980, mais precisamente, final da década de 1970, a Educação
Física passa a discutir a necessidade de mudanças. Estamos falando de ambientes acadêmi-
cos e universitários, porque na prática concreta essas mudanças demoraram muito mais para
chegar. Por que essas mudanças se iniciaram? Eis algumas razões:
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doenças, já que a máquina e as novas tecnologias vinham substituindo o
Nesse período, surgem indagações acerca do que consiste a Educação Física na escola.
Busca-se, então, uma visão renovadora. As principais características dessa nova visão são:
As aulas devem ser dirigidas a todos os alunos, pois todos têm o direito de
vivenciar e conhecer as práticas da cultura corporal, o que inclui os menos
habilidosos, as meninas, os gordinhos, os asmáticos, os deficientes etc.
As aulas não são exclusivamente práticas, pois os alunos devem saber o que
estão praticando, as origens, transformações etc. Por isso passa a ser reco-
mendado que o aluno tenha um caderno e um livro para as aulas de Educa-
ção Física escolar.
Em reforma realizada, por Rui Barbosa, em 1882, houve uma recomendação para
que a ginástica fosse obrigatória, para ambos os sexos e que fosse oferecida para as Escolas
Normais. Todavia, a implantação de fato destas leis ocorreu apenas em parte, no Rio de Ja-
neiro (capital da República) e nas escolas militares. No entanto, é apenas a partir da década
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de 1920 que vários Estados da federação começam a realizar suas reformas educacionais e
A Educação Física no Brasil, desde o século XIX, foi desenvolvida pelos militares com
o objetivo de formar indivíduos fortes, saudáveis que eram indispensáveis para o processo
de desenvolvimento do país. Esta associação ocorrida entre Educação Física, Educação do
Físico e Saúde Corporal deve-se não só aos militares, mas também aos médicos. Baseados
nos princípios da medicina social de índole higiênica, proclamaram-se a mais competente
categoria profissional para redefinir os padrões de conduta física, moral e intelectual da fa-
mília brasileira. Para cumprir suas atribuições, os higienistas utilizaram a Educação Física,
definindo-lhe como objetivo a criação do corpo saudável, robusto, em oposição ao corpo
relapso, flácido e doentio do indivíduo colonial (CASTELLANI FILHO, 1989; BETTI, 1991).
Bracht (2001) ressalta que a instituição militar utilizava como prática exercícios siste-
matizados que foram ressignificados (no plano civil) pelo conhecimento médico. Isso se deu
por meio de uma perspectiva terapêutica, ou seja, educar o corpo para a produção significa-
va, promover saúde por intermédio de hábitos saudáveis e higiênicos. Essa saúde ou virilida-
de (força) também foi ressignificada em uma perspectiva nacionalista/patriótica.
Assim, o nascimento da Educação Física se deu, por um lado, para cumprir a função
de colaborar na construção de corpos saudáveis, ou melhor, que permitissem uma adequada
adaptação ao processo produtivo ou a uma perspectiva política nacionalista; por outro, pela
necessidade e pelas vantagens de uma intervenção, também legitimada pelo conhecimento
médico-científico do corpo, que referendava essas possibilidades (BRACHT, 2001).
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O modelo esportivista é muito criticado pelos meios acadêmicos, principalmente a
Este modelo, algumas vezes chamado de recreacionista (KUNZ, 2004), nesse texto
preferimos intitular de “rola-bola”, aconteceu por várias razões, entre elas faz-se necessário
destacar duas:
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Por que será que as dispensas só podem ocorrer nas aulas de Educação Física?
Para Santin (2002), a consagração do método e das teses cartesianas, tanto na filosofia,
como nas outras ciências humanas, levou os estudiosos a concentrarem toda a sua atenção
sobre as faculdades cognitivas do ser humano. O grande tema consistia em assegurar a legiti-
midade de o homem chegar à verdade pelos caminhos da razão. Assim, o corpo foi entregue
aos cientistas que passaram a tratá-lo como qualquer outro objeto das ciências experimentais.
De acordo com Tardif e Lessard (2007), a escola tradicional se dirige antes de tudo à
“cabeça” dos alunos. De acordo com os autores, é justamente por este motivo que a Educação
Física, na medida em que tem o corpo por objeto de práticas escolares, sempre teve a maior
parte do tempo um papel ambíguo com o objetivo de controlar este corpo. Apesar da neces-
sidade de relativizarmos o dualismo cartesiano presente na citação anterior, temos ciência de
que essas considerações podem indicar a imagem comumente assumida em relação ao papel
da Educação Física na escola. Essa reflexão nos leva a assumir que o estatuto da Educação
Física no contexto escolar não se equipara ao das demais disciplinas.
Freire (1989) também lembra que o dualismo cartesiano está bastante presente nas
escolas que valorizam a mente e a mobilizam, deixando o corpo reduzido a um estorvo ou à
condição de silêncio e imobilidade, pois quanto mais quieto menos atrapalhará.
DISPENSAS
Ao longo da trajetória da Educação Física na escola, uma série de possibilidades que
permitiram aos alunos solicitarem dispensas das aulas foi aberta. Mais especificamente, es-
sas leis foram aprovadas nas décadas de 1960 e 1970. Elas admitiam que alunos com proble-
mas de saúde, que servissem no exército, possuíssem filhos (prole), trabalhassem e tivessem
mais que trinta anos fossem liberados das aulas de Educação Física escolar.
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Essas práticas de dispensa eram ou podiam ser respaldadas pelo fato da Educação
A LDB é revista, com a reforma educacional proposta 10 anos depois de sua criação,
por meio da Lei nº 5692 de 11 de agosto de 1971 (BRASIL, 1971). De acordo com Castellani
Filho (1997), esta lei deixa de fazer referência ao limite de idade da prática da Educação Físi-
ca, optando por regulamentar a questão por outro mecanismo, que é posto em prática naquele
mesmo ano, pela promulgação do Decreto nº 69450 de 1º de novembro, que aludia nos quatro
incisos de seu artigo 6º às condições que facultavam ao aluno a prática da Educação Física,
com base na seguinte redação:
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De acordo com o autor, seis anos mais tarde, outras duas alíneas foram anexadas,
Além disso, de acordo com Silva e Venâncio (2005), nessa época, a Educação Física
era considerada uma mera atividade extracurricular, não sendo, portanto, identificada como
parte integrante do currículo escolar, como uma disciplina acadêmica.
Assim, ao longo da trajetória da Educação Física na escola foi aberta uma série de
possibilidades que permitiram aos alunos solicitarem dispensas das aulas. Essas práticas de
dispensa eram ou podiam ser respaldadas pelo fato da Educação Física ser considerada na
lei como atividade e não disciplina, como as demais áreas que compõem o currículo escolar.
Para alguns autores, essa consideração compreendia a Educação Física como prática pela
prática, sem necessidade de uma estruturação dos seus conteúdos.
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I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; II –
Quais são as consequências das dispensas para o imaginário social dos ato-
res escolares e para a comunidade em geral?
Alguns fatores podem ser considerados determinantes para a cristalização desta “cul-
tura das dispensas”. De acordo com Souza Jr. e Darido (2009), as mais significativas são:
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CONTEÚDOS E DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
da equipe pedagógica do colégio, que tivesse como objetivo diagnosticar as
verdadeiras causas das dispensas e avaliar as possibilidades de integrar estes
alunos à disciplina. Um exemplo da fragilidade destes critérios refere-se às
dispensas concedidas a alunos que apresentassem algum tipo de atestado
médico, no qual o médico indicasse a necessidade de dispensar o aluno das
aulas de Educação Física.
REFERêNCIAS
BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.
BRACHT, V. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legimitidade da educação física como componente curri-
cular. In: CAPARROZ, F.E. (Org). Educação Física escolar. Vitória: Proteoria, 2001. v. 1.
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BRASIL. Ministério de Educação. Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969. Dispõe sobre tratamen-
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Subchefia de Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1044.
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32
CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas (SP): Papi-
CASTELLANI FILHO, Lino. Os impactos da reforma educacional na Educação Física brasileira. Revista
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DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara
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SANTIN, S. Educação física da alegria do lúdico à opressão do rendimento. Porto Alegre: Edições EST,
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SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Ciclo
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implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
SOARES, C. et al. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
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TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como
profissão de interações humanas. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
33
capa
Educação Física
Escolar
o retorno da obrigatoriedade é uma vitória
que resgata a função primordial da
disciplina: formar cidadãos
Entende-se a Educação Física Escolar como uma disci-
plina que introduz e integra o aluno na cultura corporal
de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la,
reproduzi-la e transformá-la, capacitando-o para usu-
fruir os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as ginás-
ticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da
melhoria da qualidade de vida.
Pronunciamentos de Juízes e Promotores em São 80 anos pregando para que os alunos enten-
algumas ações em que o CONFEF tem sido dam a relevância da Educação Física Escolar,
arrolado, dão conta que a Educação Física mas, pelo visto, ficou apenas a exigência prática
Escolar não tem sido capaz de convencer a so- de promover recreação. A prática pela prática.
ciedade sobre a importância de sua presença na
escola. A concepção ainda é a de que Educação Educação Física e Desporto
Física na escola se resume a correr, jogar bola,
fazer ginástica e brincar. A partir dos anos 70, aplica-se uma política ofi-
cial de expansão da prática do desporto, o que
Refletir para mudar se tornou um novo paradigma para toda a
Educação Física. Naquele período, confunde-se
O primeiro ato concreto para a promoção de Educação Física com o desporto, chegando
mudanças seria traçar um diagnóstico, reconhe- mesmo, em alguns casos, a serem considerados
cer os diversos momentos históricos e as práti- sinônimos. O Plano Nacional de Educação
cas dinamizadas e revolucionar o processo. É Física e Desporto para o período de 1976 a
preciso sair da paralisia, encarar a questão e 1979 é uma prova disso e traz as seguintes
partir para apresentar alternativas, promover observações:
Fóruns, Seminários e Congressos com os pro-
fessores, analisando profundamente os proble- “...a atividade física é hoje considerada como um
mas, com atualizações e reciclagens para uma meio educativo privilegiado, porque abrange o ser
retomada de posição. na sua totalidade. O caráter de unidade da educa-
ção, por meio das atividades físicas, é reconhecido
6
universalmente. Ela objetiva o equilíbrio e a saúde do
"Foi um erro tornar a
corpo, a aptidão física para a ação e o desenvolvimento
dos valores morais. Sob a denominação comum de edu- Educação Física uma matéria
cação física e desportiva o consenso mundial reúne
todas as atividades físicas dosadas e programadas, que
facultativa, pois ela é
embora pareçam idênticas na sua base, têm finalidade fundamental para a
e meios diferenciados e específicos. O meio específico
da educação física é a atividade física sistemática, con- massificaçao do esporte."
cebida para exercitar, treinar e aperfeiçoar. De acordo Carlos Melles
com a intenção principal que anima a atividade físicas, em entrevista para o Jornal ESTADO DE MINAS,
ela se desdobra em exercícios educativos propriamente do dia 18 de agosto de 2000. Caderno de Esportes.
ditos, os jogos e os desportos. Face à informalidade de
que se reveste sua prática, os jogos e os desportos têm Ontem e hoje
um poder maior de mobilização que os exercícios edu-
cativos, sendo recomendável, portanto para melhor A Educação Física Escolar passou por diversos
eficácia da educação física a integração das formas” momentos, teve certa importância política, reco-
nhecimento legal, mas cabe indagar por que ela não
O Plano apresentava ainda algumas diferenças em foi capaz de se consolidar, se legitimar como discipli-
relação à Lei nº 6.251/75, que tratava da Política na na escola, junto aos pais e aos demais professores.
Nacional de Educação Física e Desportos, dando
uma direção à prática desportiva de forma mais A Educação Física é oferecida na escola há muitos
explícita. De acordo com seu art. 5º, o Poder anos, sua prática foi calcada em ginástica e recreação
Executivo definiria a Política Nacional de Educação e os objetivos definidos eram voltados para a cons-
Física e Desportos, com os seguintes objetivos bási- trução de uma cultura que levasse o aluno a entender
cos: a importância daquela prática.
• Aprimoramento da aptidão física da população; O que ficou faltando para que os alunos, hoje adul-
tos, mantivessem sua vida ativa e tivessem uma leitu-
• Elevação do nível dos desportos em todas as áreas; ra e compreensão diferente daquela que nos mos-
tram como sendo uma disciplina segregacionista,
• Implantação e intensificação da prática dos despor- elitista, excludente e promovida através de exercí-
tos de massa; cios estereotipados? O que fez com que não com-
preendessem de fato o porquê da disciplina na esco-
• Elevação do nível técnico-desportivo das repre- la, a não ser como intervalo das aulas teóricas, onde
sentações nacionais; podiam gastar um pouco de energia, mudar a rotina
escolar, ter um tempo de lazer? Na verdade essas
• Difusão dos desportos como forma de utilização foram as impressões que a Educação Física passou
do tempo de lazer. para os adultos de hoje. É assim que os Profissionais
de Educação Física são vistos por Juízes, Secretários
O Plano dava destaque ao conteúdo esportivo, de Educação e de Esporte, a despeito do discurso
sobretudo aos aspectos educacional e formativo. Na formal de que é na escola que devemos construir
prática, acabou vingando o desenvolvimento do des- uma cultura para uma vida ativa e que esta deva con-
porto em si. tribuir para a construção da cidadania plena.
7
Qual a justificativa apontada para a disciplina ser pro- Novas diretrizes, nova cultura
movida uma, duas ou três vezes na semana? Qual o
argumento para sua permanência enquanto fator Desde 1996, quando da promulgação da LDB, não
contribuinte na interdisciplinaridade e na formação há mais determinação de carga horária das discipli-
dos alunos? nas. A escola é que constrói seu projeto pedagógico
e define a carga horária de cada uma. Portanto, é o
Essas questões são do conhecimento da categoria professor de Educação Física que deve justificar a
profissional, da academia, do segmento da área cien- permanência da sua disciplina no currículo e apre-
tifica há muito tempo. Apesar disso, não estão sendo sentar sua finalidade, argumentando e convencendo
devidamente debatidas e tratadas para que se firme a comunidade da quantidade de sessões a ser ofere-
uma nova postura para a Educação Física Escolar, cida na escola. Isto representa uma ruptura muito
com o objetivo de estabelecer argumentos sólidos brusca e pegou desprevenidos os professores esco-
para que ela possa ser defendida junto aos poderes lares, que sempre estiveram sob a capa protetora da
Executivo e Legislativo, calcados em nossa realidade obrigatoriedade, sem que tivessem que se preocu-
e conjuntura. par em demonstrar para os pais, para o corpo
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É o professor de Educação Física que deve
justificar a permanência da sua disciplina no
currículo e apresentar sua finalidade, argumentando
e convencendo a comunidade da quantidade de sessões
a ser oferecida na escola.
docente e até mesmo para os alunos sua finalidade e mativos, cabendo à escola construir seu próprio cur-
sua importância para o futuro da sociedade. rículo de acordo com a realidade da comunidade.
Em contrapartida, as escolas que oferecem o espor- A Educação Física atravessa um momento crucial. A
te, a iniciação desportiva, Convênios com clubes e LDB é muito clara em relação a intenção de que a
academias têm uma maior freqüência e ganham um Educação Física seja apenas uma prática esportiva e
enorme interesse por parte dos alunos e jovens. não uma disciplina inserida no contexto pedagógico
Significa dizer que os jovens vêem a Educação Física e formativo da cidadania, com a finalidade de explicar
como uma atividade prática? Ou que pela difusão da a corporeidade, o sentido da qualidade de vida atra-
mídia se interessam pela prática de atividades físicas, vés de um estilo de vida ativo, que ofereça algumas
mas não a da escola, que não atende às expectativas vivências temáticas para que os alunos possam expe-
do que se procura? Por que se perdeu esse espaço na rimentar exercícios e práticas. A disciplina não pode
escola? estar calcada, nem justificada na prática, mas sim,
pela sua finalidade. Aí, mais uma vez, reaparece o
Daqui por diante não haverá mais determinação de dilema: qual a finalidade da Educação Física Escolar?
quantitativo de sessões semanais em nenhuma disci- Quando pudermos responder a esta pergunta esta-
plina, as Secretarias de Educação e Conselhos de remos aptos também a defender o quantitativo de
Educação não são mais órgãos diretivos e sim nor- aulas semanais a ser oferecida.
DEPOIMENTO
desafios da Educação Física Escolar. É verdade que o Colégio ofe-
rece uma boa estrutura, com local e todo o material necessário e
procura adequar suas atividades a cada faixa etária. Mas isso nem
de longe é motivo para uma acomodação de seus mestres.
Não se trata de uma missão simples. Ainda vivemos O problema não será revertido pela legalidade, pois
sob a influência de antigos paradigmas e a cultura de não há mais nenhum amparo legal para determinar a
aptidão física, iniciação desportiva, formação de equi- obrigatoriedade de duas ou três aulas semanais. Não
pes representativas, apesar de todo um discurso de se pode ficar aguardando que os Legisladores aten-
inclusão, de interdisciplinaridade e da importância da dam apelos dos profissionais e promulguem Leis que
Educação Física para a formação integral. tornem a Educação Física Escolar obrigatória em
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todos os níveis e ciclos de ensino, o que esbarraria antes dos próximos cinco anos. Enquanto isso, é
em inconstitucionalidade, uma vez que, nenhuma preciso agir para manter a Educação Física viva,
disciplina terá tratamento diferenciado. dando oportunidade a que essa nova geração modifi-
que o status quo vigente.
"Pai, amanhã, eu não posso
O papel do Sistema CONFEF/CREFs
faltar a escola. Amanhã, tem
Educação Física." O Sistema CONFEF/CREFs tem procurado atender
Gabriel Marandino (8 anos) a solicitação e a cobrança da maioria dos professores
pela manutenção da obrigatoriedade do ensino de
A Resolução CNE nº 01/2002 prevê que a formação, Educação Física na escola. Através do trabalho arti-
a partir da homologação do Parecer nº 09/01 do culado pelo Sistema CONFEF/CREFs, os Ministros
CNE, que aprovou as diretrizes curriculares para os da Educação e do Esporte assinaram Portaria con-
professores do Ensino Básico, será em curso especí- junta defendendo a obrigatoriedade da Educação
fico de Licenciatura, ou seja, aqueles que desejarem Física. O Ministro da Educação já se pronunciou no
atuar na escola deverão ser aprovados em vestibular sentido de que a Educação Física é obrigatória no
para curso de Licenciatura. Ao mesmo tempo em Ensino Básico e foi promulgada a Lei nº 10.328, de 12
que surgirá uma nova geração de professores para o de Dezembro de 2001, que insere a palavra “obriga-
Ensino Básico mais preparada para lidar com as ques- tória” no parágrafo 3º, do art. 26, da LDB. Ainda
tões da escola, mais voltada, explicitamente, para o assim, estas manifestações são insuficientes, visto
aluno, sua formação integral e a construção da cida- que, em se tratando de questões legais, há sempre
dania, este novo professor não estará disponível controvérsias.
Marion Greve (CREF 003723-G/RJ) com as crianças da Aldeia Infantil SOS Brasil •
trabalho voluntário desenvolvendo a auto-estima e a cidadania (Jornal do CONFEF)
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O CONFEF tem atuado junto às Secretarias e os objetivos do esporte, da dança, da luta e da ginás-
Conselhos Estaduais de Educação, argumentando e tica profissionais. Embora sejam uma fonte de infor-
solicitando que, pelo menos, ao longo dos próximos mações, não podem transformar-se em meta a ser
seis a sete anos, se mantenha a obrigatoriedade da almejada pela escola, como se fossem fins em si mes-
disciplina em todos os níveis e ciclos do Ensino mos.
Básico. Há necessidade de um tempo de adaptação à
nova conjuntura, tempo de formar uma nova gera-
ção de profissionais e tempo de atualizar os profes- A Educação Física é a
sores que já estão no mercado de trabalho para a
nova Legislação em vigor. Em diversos Estados há
única disciplina capaz
uma compreensão a este respeito, por parte dos de abrir um canal
Dirigentes na área da Educação, contudo, sempre
lembrando que os pais, os alunos e os professores verdadeiro de diálogo
preferem a aplicação da prática desportiva. Tem sido
necessário um grande esforço para esclarecer e sen- com os adolescentes
sibilizar esses agentes/atores para o que está sendo
pregado como objetivo de a Educação Física Escolar:
Alfredo Melhem
a formação dos jovens, o preparo para o trabalho e a
cidadania, a sensibilização e entendimento de imple- A Educação Física Escolar deve dar oportunidades a
mentar uma vida ativa como fator de bem-estar e todos os alunos para que desenvolvam suas potenci-
qualidade de vida, a compreensão do que é o corpo, alidades, de forma democrática e não seletiva, visan-
como este se movimenta, como se relaciona e se do seu aprimoramento como seres humanos. Cabe
expressa na sociedade. É imprescindível para que a assinalar que os alunos portadores de necessidades
Educação Física esteja em consonância com a educa- especiais não podem ser privados das aulas de
ção escolar, promover conteúdos agradáveis, inte- Educação Física.
ressantes, voltados para o atendimento das finalida-
des da formação. Seja qual for o objeto de conhecimento em questão,
os processos de ensino e aprendizagem devem con-
O desafio está no aprofundamento da legitimação e siderar as características dos alunos em todas as suas
justificativa da disciplina Educação Física Escolar. dimensões: cognitiva, corporal, afetiva, ética, estéti-
Não há mais como aguardar ou apenas buscar sub- ca, de relação interpessoal e inserção social.
terfúgios legais que determinem a obrigatoriedade
da Educação Física em todos os níveis de ensino. A hora é agora. Não é mais possível ficar entre a espe-
rança e o desespero. É preciso recuperar o terreno,
É fundamental também que se faça uma clara distin- as APEFs aprofundarem os debates e os professores
ção entre os objetivos da Educação Física Escolar e perceberem o novo momento.
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