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CONTEÚDOS DA

EDUCAÇÃO FÍSICA
NA ESCOLA

Autoria: Bianca Miarka

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci

Revisão de Conteúdo: Antonio José Muller


Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2018


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

M618c

Miarka, Bianca
Conteúdos da educação física na escola. / Bianca Miarka – Indaial:
UNIASSELVI, 2018.

165 p.; il.

ISBN 978-85-53158-22-5

1.Educação física – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 796
Bianca Miarka

É professora permanente da Pós-graduação


Stricto Sensu em Educação Física Universidade
Federal de Juiz de Fora/Universidade Federal de Viçosa
e da graduação em Educação Física da Universidade
Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares.
Ex-atleta internacional da Seleção de Remo e da Seleção
Brasileira de Judô, com títulos internacionais. Fez Pós-
doutorado na Universidade Federal de Pelotas (2014-2017),
doutora em Biodinâmica pela Escola de Educação Física
e Esporte da Universidade de São Paulo (2010-2014).
Possui curso técnico em Educação Física (1996-
1999), graduação em Ciência do Esporte (2001-2005)
e especialização em Treinamento Esportivo (2005-
2007) pela Universidade Estadual de Londrina e
mestrado em Educação Física pela Escola de
Educação Física e Esporte da Universidade de
São Paulo (2008-2010).
Sumário

APRESENTAÇÃO...........................................................................07

CAPÍTULO 1
Introdução aos Conteúdos da Educação Física na Escola...09

CAPÍTULO 2
Educação Física e o Aprofundamento na Estrutura
Curricular dos PCNs para o Ensino Fundamental e Médio...47

CAPÍTULO 3
Aplicação dos Conteúdos na Educação Física da Escola....101

CAPÍTULO 4
Desafios Contemporâneos: Dinâmicas na Educação
Física Escolar Utilizando Temas Transversais.....................135
APRESENTAÇÃO
Aprender sobre os conteúdos da educação física escolar permite que haja
desenvolvimento autônomo de planejamentos com atividades de ginástica,
esporte, lutas, atividades rítmicas e expressivas, jogos e outras diferentes práticas
conectadas com temas transversais, como meio ambiente, responsabilidade
social, ética, gênero e sexualidade, pluralidade cultural até a relação com
sociedade, trabalho e consumo. Em outras palavras, não basta ensinar aos
escolares a técnica das ações esportivas, habilidades motoras básicas ou,
mesmo, desenvolver as capacidades físicas. Essa disciplina mostra como ir além,
e ensinar o contexto em que se apresentam as habilidades ensinadas, integrandas
à esfera da cultura corporal de cada aluno. Por sua vez, o objetivo da disciplina
também não é transformar o conteúdo da educação física escolar em um discurso
sobre a cultura corporal, mas sim, em uma medida pedagógica para auxiliar no
processo de ensino-aprendizagem.

Partindo da importância do que é a educação física como componente curricular,


no capítulo um, a disciplina mostra como a identidade e a história estão conectadas
ativamente aos conteúdos com propostas não só esportivas, como sociais. Partindo
disso, a disciplina também mostra uma perspectiva de educação e de educação
física escolar, com as principais abordagens e tendências pedagógicas.

Essa disciplina também discute, no capítulo dois, temas polêmicos da


educação física e orienta o desenvolvimento dos conteúdos a partir das premissas
mostradas nos Parâmetros Currículares Nacionais. No terceiro capítulo, os blocos
de conteúdo são discutidos e mostrados em exemplos de aplicação em planos
de aula, feitos a partir dos debates apresentados nos capítulos anteriores. Por
fim, são mostradas discussões e aplicações em planos de aulas de conteúdos
associados aos temas transversais.

Dada a abrangência dos assuntos abordados na disciplina e a forma como


estão organizados, os capítulos podem ser utilizados com objetivos variados,
de acordo com a necessidade de cada profissional da área de educação física.
Os capítulos podem ser lidos independentemente do capítulo anterior, mas é
importante tomar em conta a totalidade desse livro para ocorrer compreensão e
apropriação completa da proposta.

Esses capítulos auxiliam o professor na tarefa de reflexão e discussão de


aspectos associados com conteúdos baseados no cotidiano da prática pedagógica
na área escolar, que necessitam ser transformados continuamente pelo docente.
A nossa meta é contribuir para aprofundar e desenvolver transformações em tais
conteúdos, há muito socialmente solicitadas no panorama educacional, e posicionar
o profissional de educação física como o principal agente dessa mudança.

Bons estudos!
C APÍTULO 1
Introdução aos Conteúdos da
Educação Física na Escola

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Compreender a concepção, a política, a história da Educação Física e a


importância de seu respectivo conteúdo.

 Entender os conceitos das dimensões conceitual, procedimental e atitudinal


dos conteúdos ministrados na Educação Física.

 Dominar o papel da Educação Física e como pode ser feita sua


interdisciplinaridade.

 Analisar criticamente as Diretrizes Curriculares.

 Discutir sobre as propostas governamentais para a Educação Física Escolar.

 Refletir sobre as abordagens pedagógicas no quadro atual da Educação Física


para aplicação do conteúdo.
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

ConteXtualização
A responsabilidade do conteúdo de Educação Física na escola é otimizar a
aprendizagem na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Para compreender sobre o desenvolvimento dos conteúdos para estes contextos, é
essencial saber que a identidade da educação física flutua ao longo de sua história e
apresenta uma missão atual de utilizar atividades, como: jogos, práticas esportivas,
lutas, danças, atividades de lazer e outras diversas manifestações da cultura
corporal a fim de formar um perfil escolar autônomo e habilitado a se desenvolver
no cotidiano, tanto no meio profissional, quanto na condição de cidadão.

Pensando nisso, as propostas curriculares para os conteúdos de Educação


Física, os quais perpassam a rede de ensino e consideram o aluno como
alguém situado em um contexto social e cultural específicos, com experiências
de sua própria história de vida, discorrem sobre as três dimensões (conceitual,
procedimental e atitudinal) para ensinos que impactam na inclusão social, no
respeito com a diversidade cultural e social, e objetivam a aprendizagem para o
crescimento do escolar em sua integralidade.

Isso resulta em um diálogo interdisciplinar à luz da percepção do desejo e


da necessidade de se pensar o aluno, já que os conteúdos de Educação Física
permitem contextualizar de maneira prática as contribuições das ciências físicas,
biológicas, humanas e sociais para compreensão do escolar sobre o uso do corpo
enquanto instrumento de comunicação e expressão.

Os conteúdos, neste contexto, são as intervenções que atuam para fomentar


o lazer humanizado, orientar preventivamente à saúde, valorizar o conhecimento
da cultura corporal e de ações próprias da cultura corporal ao utilizar jogos,
esportes, lutas, expressões rítmicas e gímnicas, atividades de lazer em meio à
natureza, entre outras possibilidades. Portanto, as sugestões de conteúdo das
orientações curriculares mostram um compromisso pedagógico em formar
escolares socialmente ativos, críticos, reflexivos, atuantes e capazes de refletir
sobre si e sobre o contexto de vida em permanente construção.

Nessa perspectiva, as abordagens pedagógicas para aplicação do conteúdo


são tratadas com atenção, cuidado e diálogo crítico. Merece destaque a
abordagem pedagógica da Educação Física, a ênfase no ensino da cidadania,
abordada para identificar deveres e direitos do ponto de vista social a fim de
colocar o aluno como construtor da própria vida e do mundo ao redor de si.

O presente capítulo apresenta, portanto, a identidade, a história e as


abordagens pedagógicas para o ensino dos conteúdos de Educação Física escolar
e discute sobre as propostas governamentais para orientações curriculares,
abordagens e tendências pedagógicas.

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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Identidade: Educação Física como


Componente Curricular
A discussão sobre a identidade da Educação Física enquanto componente
curricular está associada ao processo de transformação social. Nesta perspectiva,
a disciplina, assim como seu conteúdo, é construída à medida que os sistemas
sociais de significação e representação cultural se ampliam, permitindo que a
educação física se identifique de diferentes formas na sociedade, uma delas é a
área escolar. Essa difusão da prática física torna consensual a necessidade da
educação física na sociedade, mas, ao mesmo tempo, levanta críticas sobre a
sua legitimidade enquanto disciplina escolar (SILVA, 2004).

Atualmente, a Educação Física escolar é assegurada pelo artigo 26 da Lei


de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), o qual considera
obrigatório o ensino da disciplina na educação básica, desde a Educação Infantil
até os ensinos Fundamental e Médio (JUSBRASIL, 1996). A lei ressalta, no
segundo e terceiro artigos, que o conteúdo da Educação Física escolar precisa
estar direcionado para preparar o indivíduo ao exercício da cidadania e para
formação humana.

Em uma pesquisa sobre a identidade da Educação Física sob


o olhar dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, os autores
objetivaram verificar a visão e a participação de 342 escolares nas
aulas de Educação Física de escolas públicas e particulares da
Região Metropolitana de Campinas, São Paulo (FREITAS et al.,
2016). Os resultados do estudo indicaram que a Educação Física é a
disciplina preferida e está entre as três disciplinas mais importantes
na visão dos alunos (FREITAS et al., 2016). A participação nas
aulas foi mostrada de forma ativa e positiva de maneira associada
à metodologia pedagógica utilizada pelo professor. Os resultados
mostraram que os alunos consideram as aulas legais (85%),
animadas (80%), muito fáceis (28%), difíceis (18%), sem importância
(2%) e chatas (1%) (FREITAS et al., 2016).

Para saber mais sobre esse estudo, baixe o artigo do link.


Disponível em:< https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/39482/
pdf>. Acesso em 12 abr. 2018.

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Contemporaneamente, a disciplina tem passado por profundas modificações


de conteúdo que instrumentalizam diferentes práticas da cultura corporal, como:
ginástica, jogos, esportes, lutas, atividades de aventura, expressão rítmica e
artística com finalidade no desenvolvimento da cidadania. Esses conteúdos,
associados às novas concepções pedagógicas, conferiram maior qualidade de
ensino e robustez sobre a função das práticas físicas na escola.

Estas modificações foram essenciais diante das intensas críticas que


ocorreram na década de 1980. Por isso, discutir a identidade da Educação
Física escolar atual e sobre as contribuições que existiram para formação de seu
conteúdo é, como disse Castellani Filho (1988), “despi-la das vestes por ela até
então trajadas – descaracterizá-la, portanto –, pretendendo-se com isso, desnudá-
la” ao ponto de desvendar e entender os diferentes papéis que ela figura nos
diversos momentos e cenários da sociedade brasileira.
A partir das
Devemos, portanto, refletir sobre o que a Educação Física realmente inquietudes ainda
existentes, a
representou e representa e, em especial, o que significa a utilização
identidade da
de seus conteúdos através de heranças de um mundo que nunca Educação Física
concebemos: momentos passados em que pensadores, médicos e no Brasil merece
militares desenvolveram e implantaram os diferentes tipos de atividades uma reinterpretação
nas práticas físicas ao redor do mundo e no Brasil. com resgate de
seu passado
e da influência
A discussão sobre a identidade da Educação Física escolar e da
sociopolítica que
origem de seus conteúdos orienta-se pela contribuição de diversos ocorreu, desde
momentos de sua história e sob a ressignificação dos conteúdos o início – com
através de diferentes abordagens pedagógicas. Métodos de ensino discursos higienistas
que objetivam, atualmente, promover melhora social, cultural, cognitiva, e militares – até
afetiva e física do escolar – como componentes fundamentais para a os tempos atuais
–, com discussões
qualidade de vida.
e propostas de
conteúdo que
A partir das inquietudes ainda existentes, a identidade da vão desde a
Educação Física no Brasil merece uma reinterpretação com resgate de esportivização até
seu passado e da influência sociopolítica que ocorreu, desde o início a ressignificação do
– com discursos higienistas e militares – até os tempos atuais –, com ensino de diferentes
conceitos, como:
discussões e propostas de conteúdo que vão desde a esportivização
sexualidade, etnia e
até a ressignificação do ensino de diferentes conceitos, como: práticas adaptadas.
sexualidade, etnia e práticas adaptadas.

Para compreender essa construção do presente, não se pode ir ao


passado apenas como um exercício de mera curiosidade. Todo olhar lançado
para outro tempo deve possuir uma intencionalidade, notadamente uma razão
que justifique tal investimento. É a identidade presente, portanto, que lança as
bases investigativas no campo da História para o estudo da Educação Física na
construção de sua identidade e respectivo conteúdo.
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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

HistÓria e OriGens da Educação Física


na Escola e o Desenvolvimento dos
Conteúdos
As mais antigas notícias sobre as práticas físicas existentes no conteúdo da
Educação Física escolar em terras brasileiras datam o ano de sua descoberta —
1.500 (RAMOS, 1982). Pero Vaz de Caminha descreveu indígenas dançando,
saltando, girando e se alegrando ao som de uma gaita tocada por um português,
em uma de suas cartas enviadas para Portugal (RAMOS, 1982). No mesmo
período, houve a apropriação de atividades praticadas por escravos, como
danças cerimoniais e atividades ginásticas, e somente no século XVII, atividades
europeias contribuíram para as práticas físicas no país, quando portugueses e
holandeses desenvolveram a equitação no país (RAMOS, 1982).

Foi só em 1823 que Joaquim Antônio Serpa elaborou o Tratado de Educação


Física e Moral dos Meninos (GUTIERREZ, 1985). Este tratado postulava que
os conteúdos da educação deveriam englobar a saúde do corpo e a cultura do
espírito, e considerava os exercícios físicos a partir de duas categorias:

• conteúdos que exercitavam o corpo,


• conteúdos que exercitavam a memória.

Além disso, esse tratado entendia a educação moral como coadjuvante da


educação física escolar e vice-versa (GUTIERREZ, 1985).

Porém, nada disso era novidade. Suspeita-se que Joaquim tivesse sido
influenciado pelos pensadores europeus. Por exemplo, Francis Bacon (1561-
1626), o qual afirmava que a atividade física poderia corrigir qualquer tendência
ao mal, caso fosse praticada de forma natural. Ainda, Jean-Jacques Rousseau
(GONDRA, 2003) também afirmou a necessidade da prática de exercício físico
ocorrer paralelamente à educação intelectual e recomendava conteúdos como:
jogos, corridas com obstáculos, saltos em distância e altura, natação, entre outras
atividades para formação do indivíduo (GONDRA, 2003).

A partir disso surgiram discussões acerca da psicologia infantil que se


estenderam até o século XIX, no qual, em seu início, se assistiu ao surgimento de
atualizações pedagógicas – ligadas à importância do brincar e jogar – diretamente
influenciadas não só pelas ideias de Rousseau, mas também por Pestalozzi
(1746-1827) e Froebel (1782-1852) (KISHIMOTO, 2003).

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Amparado por Rousseau, no século XVIII, as Ciências da Saúde


apresentaram a higiene como única parte útil da medicina em seu tratado de
educação masculina. Gondra (2003) demonstra que tal formulação prosseguiu e
se atualizou no século XX. O defensor da eugenia, o brasileiro Renato Kehl, foi
quem indicou a higiene como o mais belo florão da coroa da medicina e a arte de
conservar a saúde e prolongar a vida.

Dessa maneira, os conteúdos da Educação Física escolar também estavam


sendo construídos a partir dos efetivos métodos higienistas, os quais, na Ciência
Social, eram tidos como “instaladores da higiene no coração da formação em
forma de disciplina”. Por conseguinte, o tratado de higiene privada e pública –
bifurcação no plano do indivíduo e no plano coletivo – concretizava a colonização
das instituições e práticas sociais pelo saber médico (GONDRA, 2003).

A estrutura desse tratado, de autoria do francês Becquerel, dividiu-se em três


partes (GONDRA, 2003):

• I Tema da Higiene – estudo do homem e estado da saúde.


• II Matéria da Higiene.
• III Higiene Aplicada – Profissões.

Para nosso estudo, este capítulo desvenda a relação entre os preceitos


higienistas e o mundo do trabalho, pois direciona a aplicação de seus pressupostos
para diversas profissões, como: intelectuais, mecânicas, entre outras. Entre
1850 e 1890, grande parte das medidas políticas do país passava pelas ordens
discursivas, como fé e ordem (GONDRA, 2003).

Naquele momento da história, a Educação Física escolar passava pelo


período da Corte Imperial, ou seja, pelo tempo da trindade pedagógica e da
utopia de intervir na formação de um homem novo. O termo novo
significava bem constituído de físico, moral e intelectualmente, pois Em 1882, após
era tempo de urbanização e de aburguesamento. Também era tempo Rui Barbosa lançar
o parecer sobre
de higienização (GONDRA, 2003). A formação do conteúdo ministrado
a Reforma do
na Educação Física escolar herdou o pensamento médico-higienista. Ensino Primário,
Secundário
A Educação Física escolar começou oficialmente com essa e Superior,
nomenclatura no Brasil em 1951, com a reforma de Couto Ferraz. considerou-se
Todavia, somente em 1882, após Rui Barbosa lançar o parecer sobre a importância
dos conteúdos
a Reforma do Ensino Primário, Secundário e Superior, considerou-se
ensinados pela
a importância dos conteúdos ensinados pela Educação Física escolar Educação Física
para a formação do brasileiro (RAMOS, 1982). No parecer foi relatada escolar para a
a situação da educação física em países mais adiantados politicamente formação do
e defendida a educação física como elemento indispensável para brasileiro
formação integral da juventude (RAMOS, 1982).
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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Oriundos das escolas sueca, alemã e francesa, os conteúdos dos métodos


ginásticos conferiam à Educação Física uma perspectiva eugênica, higienista
e militarista, pela qual as atividades do conteúdo deveriam garantir aquisição e
manutenção da higiene física e moral (Higienismo), preparando os indivíduos
fisicamente para o combate militar (Militarismo) (RAMOS, 1982).

Os conteúdos advindos dos métodos ginásticos privilegiavam os


ordenamentos legais para o ensino primário, pois consideravam que isto era
uma estratégia, de importância vital, para a conformação e normalização do
campo escolar e das práticas educativas daquele período (CASTELLANI FILHO,
1988). Portanto, o higienismo e o militarismo estavam orientados, em princípio, à
normatização anatomofisiológica, buscando a criação de um homem obediente,
submisso e acrítico à realidade brasileira (CASTELLANI FILHO, 1988).

Na primeira fase do Brasil República, a partir de 1920, outros estados


da Federação além do Rio de Janeiro começaram a realizar suas reformas
educacionais e a incluir Educação Física nas escolas distribuídas pela nação
(RAMOS, 1982). Nos lugares em que não havia escola ocorreu a criação e a
implantação da educação física, que tinha em seu conteúdo o objetivo principal de
realizar a formação militar.

Já nos livros do Dr. Fonssagrives, cuja linha de trabalho buscava popularizar


o saber médico-higiênico, procurava-se observar a preocupação com a idade e
com o sexo – aspectos integrantes e caros à doutrina higienista e intimamente
entrecruzados com a questão educacional, realizada no espaço da casa e/ou no
espaço dos colégios (GONDRA, 2003; VAGO, 2002). Com 368 páginas, o livro A
educação física dos meninos ou conselhos aos pais de famílias e aos professores
possuía dez temas para o desenvolvimento dos conteúdos: O endurecimento
físico, A educação dos músculos e A escolha de uma profissão (VAGO, 2002). A
obra é encerrada com 91 provérbios, máximas e pensamentos dirigidos à saúde
e à educação dos meninos (VAGO, 2002). Um mês antes de ser publicado, dez
capítulos em forma de conversas formaram o livro das meninas, criticando a
vaidade e o sedentarismo, denunciando a moda e fixando o objetivo da educação
feminina a fim de que fosse seguido por mães e professoras.

Além dos 93 provérbios, máximas e pensamentos, alguns dos capítulos –


todos contendo epígrafes – eram: Funções da educação física das meninas, A
educação física das meninas, Os prelúdios da maternidade e Instrução e trabalho
(VAGO, 2002). Esses capítulos apresentavam o ministério da maternidade como
dificultoso e necessitado de instrução para o exercício da profissão maternal.
Essa divisão configurou um importante suporte para o quadro que apresentamos
acima sobre a separação entre meninos e meninas na escola.

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

A posição higienista e a construção escolar das diferenças se A posição higienista


concretizaram na sistematização da educação física, exemplificada e a construção
pela separação entre meninos e meninas e pelo diagnóstico do escolar das
diferenças se
conteúdo. Passando, no começo, pelas marchas e evoluções militares,
concretizaram na
recebendo as influências da Educação física Sueca e da Calistenia, sistematização da
até a abertura da possibilidade de realização de brincadeiras em educação física,
liberdade – aproximação tênue com um caráter lúdico –, a disciplina exemplificada pela
se concretiza e são incumbidos professores para se responsabilizarem separação entre
pelo ensino, demarcando o início da especialização docente em meninos e meninas
e pelo diagnóstico
Educação Física.
do conteúdo.
Passando, no
Pareceu ocorrer um movimento de transposição da experiência começo, pelas
europeia, possivelmente com algumas adaptações ou novas marchas e
apropriações, visto que nos países considerados mais adiantados a evoluções militares,
Educação Física era uma realidade nas escolas (VAGO, 2002). recebendo as
influências da
Educação física
A partir da orientação do primado que regula a Educação Sueca e da
Física, apresentou-se o propício cenário à afirmação e legitimação Calistenia, até
da pedagogia moderna e científica centrada na tríade educação a abertura da
moral, intellectual e physica, utilizando fotografias que demonstram possibilidade
as práticas corporais impostas – disposição das crianças por filas de realização
de brincadeiras
e colunas, em ordem unida. Em suma, os conteúdos visavam à
em liberdade –
intervenção ortopédica, de correção e endireitamento de corpos aproximação tênue
“esgrouviados” para uma “posição ereta e varonil” (VAGO, 2002). com um caráter
lúdico –, a disciplina
A Educação Física no Brasil República pode ser subdividida em se concretiza e
duas fases: a primeira remete ao período de 1890 até a Revolução de são incumbidos
professores para se
1930 (momento de posse do presidente Getúlio Vargas); e a segunda
responsabilizarem
fase configura o período após a Revolução de 1930 até 1946. E é pelo ensino,
a partir da segunda fase do Brasil República, depois da criação do demarcando o início
Ministério da Educação e Saúde, que a Educação Física começou da especialização
a ganhar destaque perante os objetivos do governo. À época, a docente em
Educação Física foi inserida na Constituição brasileira e surgiram leis Educação Física.
que a tornaram obrigatória no ensino secundário (RAMOS, 1985).

Debater a interação entre os estímulos econômico-sociais que


indubitavelmente concretizaram a identidade moral e cívica da Educação Física,
em 1930, é essencial (VAGO, 2002). Pois os princípios da Segurança Nacional
ainda eram alusivos à temática de eugenia da raça, enquanto a Constituição
dos Estados Unidos do Brasil remetia à necessidade de adestramento físico
para defesa da pátria – face aos perigos internos sobre a desestruturação de
ordem política e econômica, também para enfrentar um conflito bélico mundial

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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

e, posteriormente, para assegurar o processo de industrialização implantado no


país com uma mão de obra capacitada para força de trabalho (CASTELLANI
FILHO,1988).

Schneider mostra um importante estudo que discute o conteúdo da


Educação Física e do esporte entre as décadas de 1930 e 1940, utilizando como
fonte a revista de Educação Physica, um impresso comercial especializado nas
questões da educação física, do esporte e da saúde (RAMOS, 1985). O exame
desse periódico proporciona-nos compreender como processa a mutação de um
discurso que possui como referências a ortopedia, a eficiência e os novos padrões
de racionalidade introduzidos no contexto educacional.

É possível, através dos artigos, observar discussões sobre o conteúdo


da educação física para o desenvolvimento do corpo e mente: levando em
consideração a divisão social do trabalho, a higiene, o ideário da construção de
raça forte e enérgica, a importação de conteúdos de outros países, a necessidade
de marchar e a posição prima enquanto posição-chave (RAMOS, 1985).

Entre a II Guerra Mundial até meados da década de 1960 (mais precisamente


em 1964, início do período da ditadura militar brasileira), a Educação Física nas
escolas manteve em seu conteúdo um caráter gímnico e calistênico no Brasil
República (RAMOS, 1985).

Neste sentido, a Educação Física escolar discute sobre a mudança que


houve nos discursos educacionais que, até 1940, legitima-se enquanto saber
pedagógico classificado como novo, moderno, experimental e científico. Portanto,
a disciplina trabalha como ortopedia, na forma de correção da deformação. E, em
seguida, passa a ter como foco a eficiência, não para prevenir, mas para moldar.
Nota-se que a nova Educação Física toma como referência o modelo de fábrica
e o que passa a importar são os resultados (RAMOS, 1985). Para o Dr. Fisher,
por exemplo, a Educação Física deveria contribuir para que os hábitos físicos
desenvolvidos durante as aulas fossem mais eficientes/especializados, o que
significa ter maior rendimento com o mínimo de tempo e esforço (FISHER, 1934).

Após o início dos Jogos Olímpicos modernos, em 1896, a prática de esportes


tornou-se mais evidente na sociedade e, após a II Guerra Mundial, passou a ser
mais importante que a Educação Física no currículo escolar (RAMOS, 1985).
Performance, resistência, desempenho e velocidade eram as habilidades que
se pretendiam desenvolver cada vez mais. Naquela época, o governo investia
muito no esporte, buscando fazer da Educação Física um sustentáculo ideológico,
a partir do êxito em competições esportivas de alto nível, eliminando as críticas
internas e deixando transparecer um clima de prosperidade e desenvolvimento
(CASTELLANI FILHO,1988).

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Fortalece-se então a ideia do esportivismo, no qual o rendimento, a vitória


e a busca pelo mais hábil e forte estavam presentes na Educação Física e na
aplicação de seus conteúdos.

Azevedo (1938), ao tratar sobre as tendências da disciplina na escola anglo-


americana, teceu severas críticas à predominância que o esporte havia obtido na
Inglaterra e nos Estados Unidos. Isto aconteceu por haver um mau entendimento
do papel que cabia aos esportes, aos quais se pretendiam, erroneamente,
reduzir toda a educação física. Além disso, as instituições e os professores não
perceberam que os esportes eram apenas um meio e não um fim.
Em 1961, A Lei de
Diretrizes e Bases
Em 1961, A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
da Educação
tornou obrigatória a Educação Física no primário (atualmente Nacional tornou
o período entre o 1º e o 5º ano) e no colegial (atual Ensino Médio) obrigatória a
(CASTELLANI FILHO,1988). Além disso, com a tomada do Poder Educação Física no
Executivo brasileiro pelos militares, ocorreu um crescimento abrupto primário (atualmente
do sistema educacional, o qual foi usado pelo governo como fonte de o período entre o
1º e o 5º ano) e
programa do regime militar, tanto o ensino privado, quanto o público
no colegial (atual
(CASTELLANI FILHO,1988). Ensino Médio).

Ao mesmo tempo, na Reforma Universitária, em 1964, consolidada na Lei


5.540/68, a Educação Física surge com um novo caráter esportivizado e lúdico,
ademais, nesse período, o movimento estudantil extinguiu-se, vítima de violenta
repressão física e ideológica (CASTELLANI FILHO,1988). Em 1970, o vínculo
entre esporte e nacionalismo estreitou-se.

Os políticos aproveitaram a boa campanha da Seleção Brasileira de futebol


na Copa do Mundo para ressaltar o civismo. No ano seguinte, a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional tornou obrigatória a Educação Física
para o 1º e o 2º grau (atual Fundamental e Médio).

Dentre as importantes medidas que impactaram a Educação Física no


período contemporâneo, está a obrigatoriedade da Educação Física/Esportes no
ensino do 3º grau, por meio do Decreto-lei nº 705/69 (CASTELLANI FILHO,1988).
O Decreto-lei nº 705/69 tinha como propósito político favorecer o regime militar,
desmantelando as mobilizações e o movimento estudantil que era contrário ao
regime militar, uma vez que as universidades representavam um dos principais
polos de resistência ao regime.

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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

A Educação Física/Esportes no 3º grau era considerada uma atividade


destituída de conhecimentos e estava relacionada ao fazer pelo fazer, voltada
à formação de mão de obra apta para a produção. No entanto, o modelo
esportivista, também chamado de mecanicista, tradicional e tecnicista, começou a
ser criticado, principalmente a partir da década de 1980.

Importantes Importantes discussões na década de 1980 culminaram na reforma


discussões na educacional iniciada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
década de 1980 Nacional n. 9.394/96 (JUSBRASIL, 1996). Esse marco político-
culminaram na
institucional propôs diretrizes inovadoras para a organização e a gestão
reforma educacional
iniciada pela Lei dos sistemas de ensino da educação básica, o que desencadeou um
de Diretrizes e processo de discussão sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais
Bases da Educação (DCNs) para os cursos de graduação (CASTELLANI FILHO,1988).
Nacional n. 9.394/96
(JUSBRASIL, 1996). Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica
Esse marco político-
da Educação Física foi criticada em relação ao predomínio dos
institucional propôs
diretrizes inovadoras conteúdos esportivos. Isto culminou em diversas concepções, modelos,
para a organização tendências e abordagens pedagógicas que tentaram romper com o
e a gestão dos modelo mecanicista, esportivista e tradicional que outrora foi embutido
sistemas de ensino aos esportes.
da educação básica,
o que desencadeou
Entre as diferentes concepções pedagógicas, podem-se citar: a
um processo de
discussão sobre psicomotricidade; a desenvolvimentista; a saúde renovada; as críticas
as Diretrizes e, mais recentemente, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
Curriculares (BRASIL, 1998). Em 1996, com a reformulação dos PCNs, é ressaltada
Nacionais (DCNs) a importância da articulação da Educação Física entre o aprender a
para os cursos fazer, o saber por que se está fazendo e como relacionar-se nesse
de graduação
saber (BRASIL, 1988b).
(Castellani
Filho,1988).
Em geral, os PCNs trazem as diferentes dimensões dos conteúdos
e propõem um relacionamento com grandes problemas da sociedade
brasileira, sem, no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão na
esfera da cultura corporal. Os PCNs buscam a contextualização dos conteúdos da
Educação Física com a sociedade na qual estamos inseridos, assim a Educação
Física trabalha de forma interdisciplinar, transdisciplinar e através de temas
transversais, favorecendo o desenvolvimento da ética, cidadania e autonomia.

A preocupação eminente com a formação do escolar instrumentalizou


o conteúdo da educação física escolar como forma de desenvolver não só
capacidades e habilidades físicas, como cognitivas e comportamentais.

20
Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

No próximo tópico você encontrará maior detalhamento sobre


os objetivos dos conteúdos da educação física escolar, conectados
com o conceito de interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e
multidisciplinaridade.

O Conteúdo em Educação e
Educação Física Escolar:
DimensÕes Conceitual,
Procedimental e Atitudinal
O conteúdo é definido como o conjunto de conhecimentos, hábitos,
habilidades, valores e atitudes de atuação social, didaticamente organizado para
uma assimilação ativa e aplicada pelos alunos na sua prática de vida (COLL et
al., 2000). Ao longo da história da educação escolar, os conteúdos de ensino
relativos aos fatos e conceitos tiveram e ainda têm uma presença desproporcional
nas propostas curriculares governamentais brasileiras, quando comparados com
conteúdos procedimentais (COLL et al., 2000).

Por outro lado, nas últimas décadas, a Educação Física escolar também
tem passado por reformulações constantes, pois ao longo da história priorizou-se
nos conteúdos quase que exclusivamente práticas físicas e o saber
fazer. Na verdade, quando se opta por uma definição de conteúdo O objetivo da
tão abrangente, não restrita aos conceitos ou ao saber fazer, permite- aplicação dos
conteúdos, os
se que o processamento e a atitude esperados possam se tornar
quais mostram três
manifestos para serem avaliados em relação à sua pertinência como particularidades
conteúdo de aprendizagem e de ensino (ZABALA, 1998). na aprendizagem:
o que se deve
Para alcançar os objetivos educacionais governamentais, saber, chamada
esse conceito de conteúdo está sendo ampliado para “um conjunto de dimensão
conceitual; o que
de elementos para aprender – isso reduz o foco nas capacidades
se deve saber
cognitivas” (ZABALA, 1988) quando associado a tais objetivos. fazer, definida
Consequentemente, passa a ser incluso nos programas de ensino- como dimensão
aprendizagem o objetivo da aplicação dos conteúdos, os quais processual; e o
mostram três particularidades na aprendizagem: o que se deve saber, que se deve ser,
chamada de dimensão conceitual; o que se deve saber fazer, definida nomeada como
dimensão atitudinal).
como dimensão processual; e o que se deve ser, nomeada como
dimensão atitudinal) (ZABALA, 1998).
21
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

A seguir são apresentados alguns exemplos das três dimensões com


conteúdo da Educação Física escolar:

• Dimensão Conceitual: saber sobre a história das modificações dos


hábitos de atividade física e ocupacional que a sociedade vivenciou e
quais os marcos desses hábitos (e.g. sedentarização e a transição
cultural da colonização nômade para a permanente, sequenciado de seu
aumento com técnicas agrícolas, pecuárias e automação) e relacioná-
los com os parâmetros atuais de saúde associada à prática de atividade
física. Conhecer as regras dos esportes e as modificações que ocorreram
nessas regras para redução de lesão e aumento da competitividade.
• Dimensão Procedimental: adquirir habilidades motoras vivenciadas em
práticas de esporte, dança, ginásticas, lutas. Por exemplo, fazer ações de
agarre e projeção ao solo de lutas como o judô, brazilian jiu-jitsu ou sumô.
Realizar corridas, rolamentos, saltos e outras práticas que podem estar
em brincadeiras, jogos e em manifestações culturais corporais gerais.
• Dimensão Atitudinal: predispor o aluno a participar de atividades
que exijam cooperação e espírito de equipe, valorização ética,
reconhecimento de atitudes não preconceituosas quanto ao gênero,
à sexualidade, à religião, à etnia, ao nível de habilidade e a qualquer
outro fator discriminatório. Assim como reconhecer e valorizar princípios
éticos, leis e a própria cidadania.

A partir do exemplo, é possível verificar que durante a aplicação dos


conteúdos na atuação docente não existe uma divisão totalitária das dimensões
conceitual, atitudinal e procedimental – as atividades trabalhadas assentam as
três dimensões simultaneamente, apesar de que possa haver especificação de
uso de determinada dimensão ou das dimensões.

É necessário dar ênfase à Dimensão Atitudinal para redução de


bullying nos conteúdos aplicados durante a Educação Física escolar.
O bullying na escola é um pesadelo para alunos e pais em todo o
país, pois se caracteriza pelas agressões físicas e psicológicas aos
alunos. A situação se agrava ainda mais no caso de alunos com
deficiência, afetando sua autoestima e acentuando a exclusão social
que sofrem. Em alunos com idade entre 13 e 24 anos, cerca de 60%
são intimidados e, destes, aproximadamente 50% são insultados. Na
maioria das vezes, isso acontece durante os intervalos e nas aulas
de Educação Física escolar. Algumas dicas foram adaptadas de
Empowering Parents sobre como saber e o que fazer se existirem
alunos que estão sendo intimidados.

22
Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Há sinais, como o de olhar para fora, que podem indicar que


seu aluno está sendo intimidado. Além disso, há algumas questões
a serem respondidas que ajudam a perceber uma vítima de bullying:

• Reagem de maneira intolerante ou criam sistemas de fuga


durante alguma das atividades?
• Não querem participar das aulas ativamente e procuram razões
para não realizar as atividades?
• Não querem falar sobre as atividades realizadas durante as
aulas?
• Dizem coisas como: eu odeio a minha vida ou eu gostaria de
nunca ter nascido?
• Recuam com raiva para seu próprio mundo?
• Em conversa com colegas, a capacidade de concentração e
aprendizagem do aluno é reduzida durante as aulas?
• Há cortes inexplicáveis ou contusões?
• Há incidência de bens e roupas roubados ou danificados?

O que fazer se o seu aluno está sendo intimidado:

• Ouça o que ele ou ela tem a dizer.


• Se o aluno ou aluna está sendo intimidado(a) por outra criança,
tente não personalizar o que está acontecendo e desenvolva uma
prática sobre bem-estar e respeito mútuo.
• Não retaliar contra o agressor ou sua família, procure inserir
conteúdos que ensinem sobre fatores negativos consequentes da
agressividade psicológica e física.
• Inclua nas aulas algumas atividades com objetivos que reduzam
a discriminação e a segregação.
• Converse com o diretor e o pedagogo da escola a fim de ajudá-lo.
• Apoie o aluno e mostre acolhimento.
• Ensine-o a falar o que está acontecendo.
• Encontre algo em que seu aluno é realmente bom em fazer e dê
ênfase nisso.

Além das dimensões, atualmente os conteúdos são trabalhados e orientados


através do uso de estratégias e habilidades para resolver problemas, selecionar
conhecimento relacionado a uma situação específica, utilizar informações para
tomar decisões frente aos novos desafios, ser solícitos com os colegas em
atividades escolares, respeitar e valorizar o trabalho alheio e não discriminar
outros indivíduos por qualquer característica particular.

23
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Atividade de Estudos:

1) Um professor objetiva ensinar práticas de ginga da Capoeira e


inclui elementos históricos dessa manifestação cultural que a
caracterizam enquanto atitude para o exercício da cidadania,
de construção da identidade e autoestima por parte de seus
praticantes.

Caracterize como as três dimensões propostas por Coll et


al. (2000) surgem nessa atividade e descreva exemplos análogos
a cada uma das dimensões de outra atividade da Educação Física
escolar possível de ser proposta para escolares.
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a) Interdisciplinaridade: dimensões conceituais, atitudinais e


processuais

Ao refletir sobre as dimensões conceituais, atitudinais e procedimentais


é inevitável pensar em organização dos conteúdos de maneira global, ou seja,
sem a organização centrada exclusivamente em disciplinas (ZABALA, 2002).
Várias propostas buscam estabelecer relações entre os conteúdos de diferentes
disciplinas e sobre as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais.

Estas propostas advêm da descompartimentação disciplinar, desse modo, o


conteúdo não parte da lógica de cada disciplina, mas sim da organização dos
conteúdos ao considerar o ensino de um determinado fenômeno que se manifesta
globalmente (ZABALA, 2002).

Organizar os conteúdos de maneira globalizadora baseia-se em uma


aprendizagem direcionada a formar cidadãos competentes para compreender e
participar construtivamente da sociedade, nessa perspectiva, destacam-se três
graus de relações disciplinares (BRASIL, 1998a):

24
Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

• Multidisciplinaridade: os conteúdos escolares são apresentados por


disciplinas específicas e independentes umas das outras.

• Interdisciplinaridade: existe a interação entre duas ou mais disciplinas


para integração de conceitos fundamentais, além de métodos e
desenvolvimento de temas para pesquisa.

• Transdisciplinaridade: é o grau máximo de relações entre as


disciplinas, e na integração global das disciplinas para atender a um
problema ou explicar um determinado fenômeno a partir de uma ciência
sem subdivisões interdisciplinares.

A interação entre as disciplinas torna o aluno um protagonista da aprendizagem


com foco em suas próprias capacidades, interesses e motivações. O professor
passa a ser um mediador entre o conhecimento e o aluno e, por isso, os conteúdos
necessitam concatenar as dimensões diante da existência da interdisciplinaridade.
Segundo as indicações das Diretrizes Curriculares Nacionais, destaca-se o uso da
interdisciplinaridade para ir além da interlocução entre as disciplinas e para evitar a
diluição delas em generalizações (BRASIL, 2002).

A interdisciplinaridade é um eixo integrador que pode ser um projeto de


investigação ou um objeto de conhecimento, ou um plano de intervenção: a
escolha desses itens da interdisciplinaridade deve partir da necessidade da
tríade escola-professores-alunos em suas respectivas vivências, necessidades
e objetivos (BRASIL, 2002). Com respaldo interdisciplinar, os PCNs da área da
Educação Física sugerem que os itens interdisciplinares sejam trabalhados junto
aos conteúdos relacionados com as manifestações de cultura corporal, esportes,
jogos, lutas, ginásticas, atividades rítmicas e expressivas (BRASIL, 1998a).

No capítulo 3 você encontrará maior detalhamento sobre a


aplicação dos conteúdos na Educação Física escolar.

25
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Análise das Propostas


Governamentais (em Níveis
Municipais, Estaduais e Federais)
para a Educação Física Escolar
As propostas governamentais mantêm os objetivos da Educação Física
escolar em uma tentativa de manutenção e cuidado da saúde corporal, e propõem
uma reflexão crítica da realidade social aos alunos em uma tentativa de torná-
los cidadãos críticos e participativos nas decisões do contexto em que vivem
(BRASIL, 2002). Tal reflexão deve ocorrer em três dimensões:

• Reflexão Diagnóstica: direcionada para a constatação e a interpretação


da realidade, promove uma análise sobre os desafios encontrados no
contexto social dos escolares.
• Reflexão Judicativa: julga a partir da condição ética do contexto, avalia
mediante a participação dos escolares as soluções para os desafios.
• Reflexão Teleológica: determina os objetivos para serem alcançados e
indica a direção da manutenção ou da construção social.

A Educação Física não está apenas inserida no contexto escolar, ela


é a principal disciplina que conecta diagnóstico, análise de condição ética e
teleológica diante do comportamento associado às vivências corporais, cognitivas
e emocionais durante as práticas experimentadas. Por isso, o conteúdo deve ser
pensado com grande cuidado no contexto do currículo, de acordo com interesses
municipais, estaduais e federais.

Essas análises e o planejamento dos blocos de conteúdos necessitam


envolver desafios relacionados aos alunos, escola, comunidade e sociedade
– para compreender e sintetizar situações-chave no processo pedagógico
em direção aos objetivos da aplicação das atividades propostas. Portanto, o
conteúdo da Educação Física escolar tem a função social de organizar a reflexão
pedagógica do escolar associada à realidade social.

Dessa maneira, parte-se do pressuposto de que o currículo seja ampliado,


a partir de uma lógica norteadora e que atenda aos princípios da totalidade, do
movimento, da transição, da mudança qualitativa e da nova reflexão para (re)
criar conteúdos que promovam assimilação e transmissão de saber escolar.
Esta dinâmica envolve a organização escolar, o tempo e o espaço pedagógico
e a normatização escolar associados ao conhecimento. Há um foco nas

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Diretrizes Curriculares associado ao Trato e o Conhecimento (BRASIL, 2002),


que sugerem ao conteúdo da Educação Física escolar relevância social,
atualidade, desenvolvimento sociocognitivo, possibilidades de reflexão crítica e a
transitoriedade nos temas a serem abordados. Analisar as Diretrizes Curriculares
para a Educação Física torna possível selecionar conteúdos que contribuam para
a formação de cidadãos críticos, autônomos e conscientes da própria realidade e
de suas ações (BRASIL, 2002). Isto contribui para a transformação social.

Tente lembrar das aulas de Educação Física escolar quando


frequentava o Ensino Fundamental e Médio. Como eram realizadas
as aulas? Quais eram os conteúdos abordados? Todos os alunos se
envolviam no processo de ensino-aprendizagem?

a) Critérios de seleção dos conteúdos da Educação Física escolar


diante das propostas governamentais

O objetivo de selecionar os conteúdos da Educação Física escolar em


consideração às propostas governamentais é promover no aluno a aquisição
dos conhecimentos da cultura corporal. Considerando essas informações em
atividades expressivas que podem envolver ações de jogo, práticas esportivas,
expressão rítmica, lutas ou qualquer atividade necessária para contemplar os
objetivos dos PCNs (BRASIL, 1998a).

Assim como conteúdos relacionados às propostas governamentais também


podem incluir atividades de lazer que envolvem elementos culturais, expressão
de sentimentos e a promoção da saúde. Por exemplo, experimentar brincadeiras
com músicas e gestos, como Corre Cotia, a qual estimula a socialização, melhora
o condicionamento físico, a atenção e ainda traz para os escolares a possibilidade
de experimentar expressões corporais arraigadas de direitos e deveres sociais
incorporados pelas regras construídas nessa brincadeira coletiva.

As orientações curriculares mostram interesse no processo de escolha dos


conteúdos e propõem reflexão para conduzir o processo de ensino-aprendizagem
na educação física escolar com o objetivo de favorecer a transformação dos
alunos de agentes passivos para agentes ativos socialmente.

27
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Associado a isso, existe uma crítica sobre a preferência por parte dos
professores em ensinar conteúdos somente combinados com práticas esportivas,
meios e métodos de treinamento utilizados para formação de atletas, ao invés de
usar o esporte como instrumento educacional, conforme indica a própria LDB no
art. 27, Inciso IV (BRASIL, 2002).

A escolha dos conteúdos deve estar intimamente associada com a realidade


sociocultural dos escolares, em outras palavras, o conteúdo deve conter elementos
do cotidiano dos alunos. A proposta é promover uma reflexão sobre os desafios,
direitos, deveres, papel e compromissos sociais. A Diretriz Curricular indica que o
conteúdo desenvolva o aluno sem neutralidade diante da necessidade de tomada
de decisões e da própria contribuição para construção de uma sociedade mais
igualitária e sem distinções de gênero, por exemplo (BRASIL, 2002).

Em matéria publicada na revista National Geographic, o fotógrafo


Robin Hammond viajou pelos quatro continentes questionando
crianças sobre o significado de ser menina ou menino, atualmente,
em seus respectivos países, e quais seriam as expectativas para
o futuro. Algumas das respostas apresentadas pelas crianças
indicaram que, aos 9 anos de idade, meninas do Quênia já sabem
que seus pais irão trocá-las por um dote no ato do casamento com
um homem. Na mesma idade, um menino na Índia já sabe que será
pressionado por colegas do sexo masculino a assediar sexualmente
moças. Além disso, a matéria mostra a história de Avery, que viveu
como menino ao longo dos primeiros quatro anos de vida e, em
seguida, virou uma menina transgênero. Avery conta que perdeu os
amigos na pré-escola, pois as mães deles não gostavam dela. “A
melhor parte de ser uma garota é que, agora, eu não tenho que fingir
ser um garoto”, ela falou.

Fonte: Disponível em:<http://educacaointegral.org.br/reportagens/criancas-falam-


sobre-como-questoes-de-genero-afetam-suas-vidas/>. Acesso em: 12 abr. 2018.

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Atividade de Estudos:

1) Diante da matéria apresentada, reflita sobre como o professor


pode favorecer as práticas inclusivas na Educação Física escolar.
Discuta sobre o tema.
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Nas propostas governamentais os conteúdos devem ser selecionados em


razão da relevância e aplicabilidade social. Portanto, eles devem considerar
as características locais sociais dos alunos em uma tentativa de aproximar os
conhecimentos da cultura corporal regional com a escola. Para Freire (1998),
os critérios principais para a seleção dos conteúdos devem estar
pautados na realidade política e social dos estudantes.
Freire (1998)
defende a
Freire (1998) defende a necessidade de se discutir com os necessidade de
estudantes sobre os conteúdos selecionados para que haja uma se discutir com os
contribuição dos alunos através das próprias experiências, e, dessa estudantes sobre
forma, associar as atividades à realidade social e política dos escolares. os conteúdos
selecionados para
que haja uma
Os critérios para seleção dos conteúdos da Educação Física contribuição dos
escolar podem se dividir em três etapas: alunos através
das próprias
1ª Etapa: o professor e os escolares selecionam, refletem e experiências,
discutem sobre os conteúdos a serem abordados durante as aulas. e, dessa forma,
associar as
Neste momento, a participação dos escolares é essencial, uma vez que
atividades à
eles se tornam agentes ativos no processo de ensino e aprendizagem realidade social
na Educação Física ao opinar sobre as próprias necessidades e desejos e política dos
de conhecimento, e se envolvem na elaboração e planejamento das escolares.
aulas, além de aumentar o comprometimento com a própria formação.

29
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

2ª Etapa: a proposta de ensino e aprendizagem deve possibilitar flexibilização


e abertura para possíveis contribuições dos escolares, do professor e da
instituição no desenvolvimento do conteúdo. É necessário existir espaços dentre
os conteúdos propostos em cada aula para incorporar vivências e ressignificações
dos alunos.

3ª Etapa: destaca que os conteúdos trabalhados na Educação Física escolar


devem estar relacionados com a contemporaneidade e com o cotidiano fora da
escola. Muitas vezes, são ensinadas técnicas e regras (e.g. relações de causa e
efeito) sem transferência funcional da criação de estratégias, de acordo com as
habilidades e os potenciais de cada um, em consideração às regras do jogo nas
situações fora da aula de Educação Física que exijam resolução de problemas
diante de habilidades e relações de causa e efeito.

COMBUSTÍVEL PARA O CÉREBRO: EXERCÍCIO FÍSICO


É IMPORTANTE ALIADO PARA A APRENDIZAGEM

Pesquisas mostram que a inserção de exercícios físicos em sala


de aula, além das aulas de Educação Física, é um complemento que
pode melhorar o processo de aprendizagem dos alunos. O exercício
físico regular em idade escolar ajuda na concentração e fixação
de conteúdos, desenvolve melhor o raciocínio lógico e a memória,
proporciona reflexos mais apurados e maior foco na realização de
atividades escolares ou acadêmicas.

Neurocientistas da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos,


apresentaram recentemente pesquisas mostrando que alunos que
se saem bem nos exercícios físicos também têm maior sucesso nas
atividades escolares. Segundo o estudo, crianças e adolescentes que
praticam esportes com frequência têm desempenho 20% superior
aos alunos sedentários.

A explicação é simples: quando a pessoa se exercita, a produção


de sinapses neurais aumenta. Ou seja, a prática de exercícios
físicos tem o poder de desenvolver células cerebrais, criando novas
conexões interneurais, que mantêm a mente jovem e ativa.

Fonte: Disponível em:<https://goo.gl/GUkjrG>. Acesso em 12 abr. 2018.

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

b) Propostas governamentais e valorização dos conhecimentos


dos alunos através do processo de ensino e aprendizagem dos
conteúdos

O desenvolvimento de conteúdos deve estar aberto às experiências


O desenvolvimento
dos escolares, pois são necessárias reflexões didáticas para que essa de conteúdos deve
prática aconteça no desenvolvimento dos conteúdos da Educação estar aberto às
Física escolar. Para isso, é necessário interpretar experiências como experiências dos
as categorias didáticas e entender que as informações não devem escolares, pois
chegar até a Educação Física escolar por parte do aluno de maneira são necessárias
reflexões didáticas
finita, é necessário explorar informações para contribuir na construção
para que essa
do conhecimento através de experiências e vivências. prática aconteça no
desenvolvimento
Os alunos devem se direcionar autonomamente aos objetos, dos conteúdos da
enquanto o professor precisa proporcionar, aos escolares, Educação Física
oportunidades de investigação para que se envolvam com o objeto escolar.
pesquisado, ou seja, é necessário que o escolar utilize conhecimentos
prévios do que está sendo estudado.

Os alunos necessitam se envolver na elaboração dos conteúdos para as


aulas de Educação Física escolar como agentes da própria formação e também
precisam propor conteúdos relacionados com o próprio cotidiano e interesse.
Os escolares necessitam se envolver na resolução de problemas propostos em
situações específicas dos conteúdos da Educação Física para que possam analisar
perspectivas de ação, discutir e solucionar problemas em situações específicas.

Essas ações pedagógicas, no conteúdo da Educação Física escolar, devem


ser propostas na perspectiva das experiências dos escolares, a fim de possibilitar
o aumento de informações, valorização, modelos de ações, desenvolvimento
de capacidades e habilidades físicas, cognitivas e emocionais para buscar
alternativas e soluções de desafios propostos.

As diretrizes curriculares defendem que as experiências devem ser o ponto


de partida para o processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos da Educação
Física escolar (BRASIL, 2002): isso objetiva novas experiências dentro das aulas,
considerando que o professor proponha conteúdos que envolvam atividades, tomada
de decisão, desafios individuais e coletivos, e avaliação desse processo como
um todo diante das necessidades de aprendizagem dos escolares. Na busca da
qualidade para o processo de desenvolvimento dos conteúdos da Educação Física
escolar, é essencial saber avaliar as orientações curriculares propostas no país.

31
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Atividade de Estudos:

1) A partir das indicações do tópico sobre a elaboração do conteúdo


da Educação Física escolar, avalie de maneira crítica os blocos
de conteúdos propostos para o ensino da Educação Física
escolar pela Secretaria Municipal de Educação da cidade do Rio
de Janeiro, e faça considerações sobre a busca da qualidade no
processo de ensino-aprendizagem.

Quadro 1 - Blocos de Conteúdo/Bimestre propostos pelas Orientações


Curriculares da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro

Fonte: Disponível em:<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4246634/4104949/


O_C_Ed_Fisca.pdf>. Acesso em:12 abr. 2018.

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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

c) Avaliações para melhora da qualidade e do processo de ensino e


aprendizagem dos conteúdos na Educação Física escolar

A avaliação é usada na Educação Física escolar como forma de selecionar


e classificar os alunos através de critérios procedimentais e/ou físicos, como
as medidas corporais ou a aptidão física dos escolares. Dessa maneira, ela é
utilizada para identificação de talentos ao invés do desenvolvimento de cidadãos
e da incorporação da prática de atividade física como hábito. O objetivo das
avaliações físicas na Educação Física escolar deve ser direcionado para busca de
soluções junto aos alunos.

É preciso superar essa prática avaliativa com aplicação de testes para


seleção e classificações dos escolares. A avaliação deve levar em consideração
a observação, a análise e a conceituação de conteúdos associados com a cultura
corporal, a qual compõe a conduta humana expressa no desenvolvimento das
atividades durante as aulas. O professor também pode proporcionar a discussão
dos critérios avaliativos com seus alunos permitindo que eles deem sugestões.

Portanto, a função da avaliação não é a de selecionar e nem classificar os


alunos por habilidades motoras ou esportivas, mas sim verificar a aquisição do
conteúdo através de práticas pedagógicas durante as aulas para melhorar o
processo de ensino e aprendizagem de Educação Física escolar.

Diretrizes Curriculares e a
Educação Física Escolar
A Educação Física escolar é parte do projeto geral de escolarização e,
portanto, está articulada aos projetos político-pedagógicos das instituições
(BRASIL, 2002). Existem críticas enfáticas às orientações curriculares sobre os
conteúdos da Educação Física escolar serem informações sem associação com
a realidade dos alunos. Em geral, as orientações curriculares apresentadas pelos
estados seguem os PCNs e indicam cinco conteúdos por excelência que são
sempre abordados e desenvolvidos durante a formação dos alunos no contexto
da intervenção da Educação Física escolar: os jogos, os esportes, as danças, as
lutas e a ginástica (BRASIL, 1998a).

No entanto, a Educação Física escolar, nos últimos 20 anos, incorporou


diversas práticas físicas em seu currículo, consequentes das mudanças
metodológicas da configuração e concepção atual do currículo escolar. Existem
tendências em uma ampla participação da comunidade acadêmica em conexão
com as instituições escolares para o desenvolvimento do plano de atividades e
dos blocos de conteúdo ofertados na Educação Física escolar.
33
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Ao iniciar as discussões sobre as diretrizes da Educação Física escolar, é


essencial reconhecer alguns desafios na proposta das atividades. Por exemplo,
ainda é perceptível a existência do dualismo corpo e mente como base teórico-
científica da Educação Física que mantém a associação dos conceitos da disciplina
com as práticas da dimensão procedimental. Dentre os desafios para serem
sanados estão as práticas sugeridas pelos currículos baseadas exclusivamente
em conteúdo de esporte. Algumas orientações curriculares municipais muitas
vezes são desprovidas de conteúdo real, baseado em situações do cotidiano do
escolar e do contexto social em que vive.

Por exemplo, propostas de jogos regionais podem ser utilizadas a fim de


melhorar as capacidades e habilidades físicas, mas também mostram fenômenos
sociais, os elementos formais e informais que lhe são inerentes – o jogo ocorre em
razão de atos voluntários por parte dos escolares que desejam jogar. Ele também
pode ser visto e explicado de maneira fenomenológica, ou seja, é desenvolvido
e explicitado em uma realidade espacial e temporal própria, orientado através de
suas regras, e que promove a evasão momentânea do contexto por conta de sua
adesão emocional por parte do aluno. Diante desse exposto, é possível levantar
diversas reflexões sobre as situações específicas do jogo e tratá-las como estudo
de caso associado com a importância de valores, atitudes, deveres, direitos e
ações de companheirismo durante a partida.

Outro desafio da Educação Física atual é a banalização do conhecimento


sobre a cultura corporal e a abordagem metodológica do ensino dos conteúdos,
pela repetição mecânica de técnicas sem valorização subjetiva e sobre a restrição
do conhecimento oferecido aos escolares nas modalidades trabalhadas e não na
sugestão de adaptação dos blocos de conteúdo para pessoas com deficiências
físicas ou mentais. Isso pode ser desenvolvido com outras disciplinas que permitam
o estudo dos conteúdos da Educação Física em múltiplas dimensões da vida.

Reflita sobre os questionamentos em relação aos alunos


de Educação Física escolar e se os objetivos dos Parâmetros
Curriculares Nacionais apresentados nas questões abaixo estão
sendo alcançados (BRASIL, 2002):

• Atualmente o aluno compreende a cidadania como participação


social e política. O que isso significa para o exercício de direitos
e deveres políticos, civis e sociais? Isso pode ser associado
com o cotidiano? Podem ser inclusas atitudes de solidariedade,
cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo

34
Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

para si o mesmo respeito durante a aplicação dos conteúdos da


educação física?
• O aluno se posiciona de maneira crítica, responsável e construtiva
nas diferentes situações sociais? O professor pode utilizar o
diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões
coletivas?
• O aluno conhece características fundamentais do Brasil em suas
diferentes dimensões para construir progressivamente a noção
de identidade nacional e pessoal?
• O aluno conhece e valoriza a pluralidade do patrimônio sociocultural
brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e
nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada
em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de
etnia ou outras características individuais e sociais?
• O conteúdo ministrado nas aulas tem aspectos integrantes,
dependentes e torna os alunos agentes transformadores do
ambiente, identificando seus elementos e as interações entre
eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente?
• O professor desenvolve no aluno o conhecimento ajustado de
si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades
afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal
e de inserção social, para agir com perseverança na busca de
conhecimento e no exercício da cidadania?
• Desenvolve no aluno o autoconhecimento e a consciência
do cuidado do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida
e agindo com responsabilidade em relação à própria saúde e à
saúde coletiva?
• Enquanto professor, o profissional de Educação Física utiliza e
ensina as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica,
plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e
comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções
culturais, em contextos públicos e privados, atendendo às
diferentes intenções e situações de comunicação?
• O aluno sabe utilizar diferentes fontes de informação e recursos
tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos?
• O aluno é capaz de realizar análise crítica e questionar a realidade
ao formular problemas a fim de resolvê-los, utilizando, para isso, o
pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise
crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação?

35
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Interdisciplinaridade e Educação
Física
O conceito de O conceito de interdisciplinaridade refere-se ao intercâmbio
interdisciplinaridade mútuo e à integração entre diferentes disciplinas com o objetivo de
refere-se ao
enriquecimento recíproco no processo do ensino-aprendizagem – a
intercâmbio mútuo
e à integração entre aplicação da interdisciplinaridade na educação básica é uma indicação
diferentes disciplinas dos PCNs associados à busca no rompimento com a educação
com o objetivo de compartimentada e fragmentada (BRASIL, 2002). Portanto, os PCNs
enriquecimento defendem o diálogo entre as disciplinas para que o estudante tenha
recíproco no uma visão global do conhecimento.
processo do ensino-
aprendizagem
Mesmo com essa indicação, alguns professores ainda não
relacionam os conteúdos e, muitas vezes, são separados em
partes, fazendo com que o escolar não consiga entender a interação entre as
diferentes atividades e temas de cada matéria. Isso torna a aquisição e retenção
do conhecimento uma experiência escolar fragmentada, com limitação para
transferência do conhecimento para outras situações fora da escola.

O planejamento dos blocos de conteúdo precisa considerar as indicações que


surgem do diálogo com professores de outras disciplinas. A interdisciplinaridade
valoriza a criação e construção de conceitos inovadores e articulados com a
realidade do aluno e - por que não? - a desconstrução do saber. A abordagem
interdisciplinar favorece o processo de ensino e aprendizagem, pois contribui para
que o estudante assuma uma postura participativa diante da própria educação.
Isso evita a diluição dos conteúdos em generalidades, pois todo conhecimento
possibilitaria um diálogo constante com outras informações.

As Diretrizes Curriculares Nacionais sugerem que as orientações sejam


centradas em abordagens interdisciplinares, nas quais os conteúdos sejam
organizados por eixos temáticos em razão da interlocução entre as diversas
ciências. Consequentemente, é necessário que os conteúdos tenham uma
abordagem mais epistemológica, enquanto objetos de conhecimento. Além disso,
a interdisciplinaridade assegura a transversalidade do currículo, isso propicia a
interação entre as disciplinas para tratar de um mesmo tema ou conteúdo.

36
Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

A obra Fluxo de Conteúdos (Editora Bom Jesus) foi vencedora


do Prêmio Jabuti em 2014. Esse livro foi organizado por Adalberto
Scortegagna e Frei Claudino Gilz e produzido em coautoria com
outros 12 professores do Colégio Bom Jesus. A obra é um manual
para professores que gostariam de alternativas e orientações para
o ensino interdisciplinar. Os autores indicam no livro o Fluxo de
Conteúdos como uma proposta na abordagem interdisciplinar para a
Educação Básica, utilizando, para isso, exemplos do Ensino Médio.

Disponível em:<http://bomjesus.br/sobre/noticias-exibe.
vm?id=83675573>. Acesso em 12 abr. 2018.

Existem dois aspectos fundamentais para interdisciplinaridade: o diálogo


constante entre os professores e a compreensão mútua sobre a necessidade de
cada disciplina e abordagem na formação constante do estudante.

Atividade de Estudos:

1) A interdisciplinaridade emergiu no século XX como um desafio


para superar o excesso de fragmentação e especialização
do ensino, mas também nas pesquisas e ciências. Para
entender mais sobre esse tema, tente definir o conceito das
novas formações das Ciências de Fronteiras, Interdisciplinas e
Interciências.
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37
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

TendÊncias PedaGÓGicas e Quadro


Atual da Educação Física
As Tendências Pedagógicas podem ser entendidas como pressupostos
pedagógicos que caracterizam uma determinada linha pedagógica adotada pelo
professor em sua prática, ou seja, são criadas em função dos objetivos, propostas
educacionais, prática e postura do professor, metodologia, papel do aluno, dentre
outros aspectos (DARIDO et al., 2004). Nas últimas décadas, a interação entre os
escolares e o conteúdo da Educação Física passou por inúmeras transformações.
Em geral, as tendências pedagógicas utilizadas na Educação Física são divididas
em progressistas e liberais, sendo que a abordagem liberal sugere que a
escola tenha a função de preparar os alunos para desempenhar papéis sociais,
baseando-se na aptidão de cada aluno.

Dessa maneira, o escolar se adaptaria aos valores e normas sociais diante


da sua cultura individual. A tendência pedagógica liberal mostra quatro principais
linhas, a tradicional, a renovadora, a renovadora não diretiva e a tecnicista. Já
as abordagens progressistas avaliam de forma crítica as realidades sociais, cuja
atividade possibilita a compreensão da realidade histórica e social, e isso explica
o papel do escolar como um ser que constrói sua realidade. Diante da relação
entre o professor e o aluno, ambos passam a assumir um caráter pedagógico e
político ao mesmo tempo.

Abordagem Liberal Tradicional: objetiva a transmissão das


normas, padrões e modelos dominantes sociais na aplicação dos
conteúdos. Os conteúdos escolares são divididos de acordo com a
realidade social e a capacidade cognitiva dos escolares, com a voz ativa
apenas do professor. Essa abordagem é baseada em memorização,
isso facilita uma aprendizagem passiva, mecânica e repetitiva.

Abordagem Liberal Renovada: o conteúdo assume o propósito


de levar o aluno a aprender e desenvolver conhecimento, considerando
as fases do desenvolvimento escolar. Os conteúdos passam a
adequar-se aos interesses, ritmos e fases de raciocínio do escolar.
Nessa abordagem, existem experimentos e pesquisas. O professor
assume o papel de orientador e elaborador de situações desafiadoras
na aprendizagem. Os conteúdos dispõem planejamentos e testes. O
professor passa a respeitar e a atender às necessidades individuais
dos escolares, o que facilita a inclusão social.

38
Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Abordagem Liberal Renovada Não Diretiva: existe uma


preocupação maior nos conteúdos com o desenvolvimento da
personalidade, autoconhecimento e realização pessoal do aluno.
Os conteúdos passam a ter significação individual, sob interesses e
motivações do escolar. Nessa abordagem são incluídos conteúdos
com expressão e comunicação interpessoal. O objetivo é sensibilizar
e acentuar a importância dos trabalhos coletivos a fim de torná-los
um ato interno e intransferível. A relação entre professor e aluno
passa a ser fortalecida pela afetividade.

Abordagem Liberal Tecnicista: enfatiza a profissionalização e


modela o escolar para integrá-lo ao modelo social mais vigente, o
tecnicista. Os conteúdos são objetivos e neutros. Nessa abordagem o
professor administra os procedimentos didáticos no desenvolvimento
dos conteúdos, enquanto o aluno recebe o conhecimento.

Abordagem Progressista Libertadora: a função dos conteúdos


da Educação Física é conscientizar para transformar o contexto da
realidade. Para isso, os próprios conteúdos são extraídos da prática
social e cotidiana dos escolares. Nessa abordagem, conteúdos pré-
selecionados são vistos como uma invasão cultural. Esse método é
caracterizado pelo questionamento da experiência social em grupos
de debate. A relação do professor com o escolar é horizontal, pela
qual ambos passam a fazer parte do ato de formação do escolar e de
construir o conteúdo.

Abordagem Progressista Libertária: os conteúdos propiciam


práticas democráticas, pois essa abordagem acredita que
a consciência política resulta em conquistas sociais. Os conteúdos
da Educação Física dão foco em lutas sociais e a abordagem está
relacionada ao contexto de vida dos alunos. O professor torna-se um
orientador dos escolares, sem impor ideias ou crenças.

Abordagem Progressista Crítico-social: os conteúdos


teriam como objetivo garantir a apropriação crítica do conhecimento
científico e universal pelo aluno. O educando participa com suas
experiências, e o professor, com sua visão da realidade, sobre como
reduzir as desigualdades sociais durante a aplicação das atividades
na Educação Física.

39
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

a) Educação Física: abordagem mecanicista/esportivista/tradicional

Atualmente, a Educação Física escolar mostra diversas tendências


pedagógicas construídas ao longo do processo histórico, as quais possuem
estreita relação com o contexto político, econômico e social de cada momento.
Inicialmente, os conteúdos foram constituídos, principalmente, pela ginástica
militar, para, em seguida, dar lugar aos esportes.

A influência do esporte nos conteúdos da Educação Física escolar surgiu


após a Segunda Guerra Mundial e foi reforçada pela ditadura militar – a qual tinha
como objetivo o desenvolvimento das aptidões físicas pela execução mecânica
de exercícios de alto rendimento. Dessa maneira, o escolar era visto como um
atleta em potencial e as aulas de Educação Física deveriam detectar talentos,
desenvolver capacidades, habilidades esportivas, qualidade e performance nas
ações específicas de cada modalidade. Os objetivos na abordagem esportivista
são próximos aos de um treinamento esportivo, centralizam-se nas repetições
para aquisição da habilidade específica das ações esportivas e tem-se como meta
o padrão de rendimento máximo.

Dessa maneira, as informações técnicas das modalidades são o foco das


aulas, enquanto as reflexões sociais e históricas ficam em segundo plano. Por
conseguinte, o papel do conteúdo é aprimorar a potencialidade dos alunos, com
ênfase na aprendizagem esportiva visando ao desempenho, e utilizando modelos
anteriores do higienismo e militarismo.

A partir da década de 1980 aumentou a necessidade de rompimento com a


abordagem esportivista da Educação Física – nega-se as concepções anteriores,
dando origem ao movimento autodenominado renovador, com a valorização dos
conhecimentos científicos – fato associado com o retorno de diversos professores
que se especializaram em centros de pesquisa no exterior e retornaram ao país
como doutores. Desse modo, surgiram outras abordagens e tendências atuais de
aplicação na Educação Física escolar.

b) Educação Física: Psicomotricidade, Desenvolvimentista,


Construtivista, Crítico-superadora e Crítico-emancipatória

Desde o início da década de 1980 até meados do ano 2000, propostas


de novas abordagens pedagógicas foram desenvolvidas na Educação Física
escolar para contrapor as abordagens tradicionais, as principais foram: a
psicomotricidade, a desenvolvimentista, a construtivista, a crítico-superadora e a
crítico-emancipatória (DARIDO et al., 2004).

40
Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Abordagem da Psicomotricidade: em meio às discussões sobre inovação


das abordagens pedagógicas adveio a psicomotricidade do francês Jean Le
Boulch para a Educação Física escolar brasileira. Essa abordagem objetiva o
desenvolvimento psicomotor do escolar no ato de aprender habilidades, através de
processos cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja, busca a formação integral
dos escolares na tentativa de romper o dualismo corpo e mente (DARIDO et al.,
2004). A psicomotricidade acredita integrar o comportamento e a aprendizagem
dos movimentos com a formação da personalidade. Além da Educação Física
escolar, a psicomotricidade também é usada por outras disciplinas, como a Terapia
Ocupacional, Fisioterapia, Psicologia, Pedagogia, Psiquiatria e Neurologia.

Abordagem Desenvolvimentista: surgida nos anos 1980, essa abordagem


pedagógica defende a aprendizagem motora como objetivo principal dos
conteúdos da Educação Física escolar. Na abordagem desenvolvimentista, os
movimentos possuem um papel essencial na operação básica de adaptação e
ajuste ao contexto. Por isso, visa à promoção de habilidades motoras, como saltar,
correr, arremessar, entre outras ações de forma adequada para cada faixa etária
dos escolares. Essa abordagem defende que a Educação Física escolar não é um
meio de solucionar problemas de cunho social, e sim uma forma de aprender e
desenvolver habilidades motoras (MANOEL, 1994).

Interacionista Construtivista: essa abordagem sofreu forte influência da


Psicomotricidade na formulação dos próprios objetivos que visam à formação
integral com a inclusão dos aspectos cognitivos e afetivos no desenvolvimento dos
movimentos. A abordagem Interacionista Construtivista é direcionada principalmente
para escolares do Ensino Fundamental, até 11 anos de idade (FREIRE, 1989). Freire
(1989) defende que a educação escolar deve atuar não só no desenvolvimento
cognitivo, como também no desenvolvimento do corpo. Objetiva promover a
construção do conhecimento dos escolares em interação com o mundo.

Abordagem Crítico-Superadora: esta abordagem defende a transformação


qualitativa do escolar. Embasada no marxismo, ela considera o contexto social em que
o aluno está inserido. Trabalha os conteúdos a partir do diagnóstico e da interpretação
da realidade do aluno para reflexões sobre a construção do conhecimento. Os
conteúdos dessa abordagem são associados ao contexto do escolar e o professor
orienta leitura e atividades com temas da cultura corporal associados com a realidade
social em que os alunos estão inseridos (LIBÂNEO, 1985).

Abordagem Crítico-Emancipatória: a criação desta abordagem pedagógica


ocorreu para acrescentar reflexões, produções didáticas e pedagógicas na
Educação Física escolar sobre propostas de desenvolvimento de conteúdos
teóricos e práticos na disciplina (KUNZ, 1994). Nesta abordagem, o objetivo é

41
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

utilizar o esporte de maneira pedagógica e reflexiva para formação de um aluno


crítico e emancipado. Aqui, a emancipação é tida como o processo contínuo de
quebra das condições limitantes das capacidades racionais críticas do aluno até
nas ações de contextos esportivos, sociais e culturais (KUNZ, 1994).

Abordagens pedagógicas e os Parâmetros Curriculares Nacionais:


durante os anos 1980 e 1990, diversos debates políticos educacionais culminaram
no desenvolvimento de PCNs para as disciplinas, um deles foi para o da Educação
Física. O desenvolvimento dos PCNs ocorreu sob a perspectiva de sintetizar a
proposta de inserção da educação física no currículo escolar. Para isso, os PCNs
englobam informações sobre o que é a educação física, qual a concepção de
corpo, movimento, conteúdo, objetivos e a forma de trabalho (BRASIL, 1998a). O
desenvolvimento dos PCNs teve como meta orientar as versões curriculares de
estados e municípios a partir de discussões e debates sobre a realidade social
de cada escola e das necessidades na prática pedagógica dos professores desta
disciplina (DARIDO et al., 2004). Neste sentido, os PCNs elencam a cidadania
como foco principal para desenvolver nos conteúdos e atividades que trabalhem
valores caros à sociedade, desde componentes éticos em seus deveres e direitos
até a pluralidade da cultura corporal (DARIDO et al., 2004).

Os PCNs propõem a aplicação de conteúdos que desenvolvam hábitos


saudáveis, auxiliem na percepção crítica de padrões estéticos ditados pela mídia,
debatam sobre espaços de lazer para atividades físicas e que também tratam
da inclusão social e das dimensões atitudinais, conceituais e procedimentais dos
conteúdos e sobre a importância de tratar dos temas transversais (Saúde, Meio
Ambiente, Ética, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual e Trabalho e Consumo)
nos conteúdos aplicados (DARIDO et al., 2004). Embora a Educação Física
escolar apresente diversas abordagens pedagógicas, os PCNs procuram articular
pontos de vista comuns para que as diferentes abordagens pedagógicas possam
ser trabalhadas em suas múltiplas dimensões.

AlGumas ConsideraçÕes
Neste capítulo procuramos apresentar fatores essenciais para o
desenvolvimento dos conteúdos na Educação Física escolar, desde a construção
da identidade dessa disciplina até os fatores históricos e pedagógicos que
nortearam as propostas curriculares nacional, estaduais e municipais. Dentre as
informações mais importantes, é essencial saber que a Educação Física escolar
é assegurada pelo artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
o qual considera obrigatório o ensino da disciplina na educação básica. Essa
lei ressalta, no segundo e terceiro artigos, que o conteúdo da Educação Física

42
Capítulo 1 INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

escolar precisa estar direcionado a preparar o indivíduo ao exercício de cidadania


e para formação humana.

Pensando nisso, as novas abordagens pedagógicas da Educação Física


foram desenvolvidas para contrapor abordagens tradicionais tecnicistas, sendo
que as principais são: a psicomotricidade, a desenvolvimentista, a construtivista,
a crítico-superadora e a crítico-emancipatória. Além da especificidade
das abordagens, os objetivos da aplicação dos conteúdos mostram três
particularidades na aprendizagem: o que se deve saber, o que se deve saber
fazer e o que se deve ser.

Os conteúdos da Educação Física devem ser organizados de maneira


globalizadora. O desenvolvimento dos conteúdos deve ser orientado pelo conceito
de interdisciplinaridade, que se refere ao intercâmbio mútuo e à integração entre
diferentes disciplinas com o objetivo de enriquecimento recíproco no processo
de ensino-aprendizagem, e isso é fortemente indicado pelos PCNs. O objetivo
de selecionar os conteúdos da Educação Física escolar em consideração às
propostas governamentais é promover no aluno a aquisição dos conhecimentos
da cultura corporal. Considerando essas informações em atividades expressivas
que podem envolver ações de jogo, práticas esportivas, expressão rítmica, lutas
ou qualquer atividade necessária para contemplar os objetivos dos PCNs.

No próximo capítulo, abordaremos a Educação Física e o Aprofundamento


da Estrutura Curricular dos PCNs para o Ensino Fundamental e Médio. É
fundamental, a partir de agora, você reconhecer o aprender e o ensinar a
Educação Física diante das necessidades atuais para melhora da atenção em
longo prazo, afetividade e estilo pessoal na aplicação dos conteúdos e como
promover a inclusão social.

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43
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

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44
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45
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

46
C APÍTULO 2
Educação Física e o Aprofundamento
na Estrutura Curricular dos PCN’s
para o Ensino Fundamental e Médio

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Compreender a estrutura curricular dos PCNs para Educação Física nos


ensinos Fundamental e Médio.

 Saber sobre o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos.

 Entender o efeito da afetividade e do estilo pessoal na aplicação de conteúdo


para os escolares em diferentes momentos.

 Compreender práticas de desenvolvimento de conteúdo a partir dos PCNs com


análise de comportamento e efeito em automatismos e atenção.

 Compreender práticas e dinâmicas com conteúdo que permita a inclusão social


de pessoas com deficiência.

 Realizar prática aplicada com o plano de aula baseado nos blocos de conteúdo
e seus respectivos itens no Ensino Fundamental e Médio.
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

48
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

ConteXtualização
Pensando na melhoria da qualidade da Educação Física escolar, entre os
anos de 1995 e 1996, diversos professores universitários, técnicos, e as secretarias
estaduais e municipais de Educação se reuniram para discutir sobre a elaboração
de parâmetros curriculares. Foi assim que surgiram os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) para o Ensino Fundamental e Médio (BRASIL, 1998).

Divididos em Ensino Fundamental e Médio, os PCNs nortearam os conteúdos


ministrados na Educação Física objetivando que todas as crianças e jovens
brasileiros pudessem adquirir conhecimentos básicos essenciais ao exercício da
cidadania. Dessa maneira, os PCNs proporcionam a reflexão sobre os conteúdos
e as abordagens metodológicas propostas pela Educação física escolar, assim
como demonstram a necessidade de redefinir a concepção de conteúdo na
Educação Física escolar para além dos procedimentos práticos aplicados.

Ao mostrar-se como instrumento de aprendizagem do conteúdo das


práticas corporais, os PCNs reiteram a responsabilidade do professor com a
formação integral do escolar e a necessidade de mediação ciente e planejada na
organização dos blocos desses conteúdos em jogos, esportes, lutas, ginásticas e
danças (BRASIL, 1998). A proposta dos PCNs evidencia a inserção dos fatores
socioculturais dos escolares, o que direciona à perspectiva dos conteúdos da
cultura corporal de movimento, considerando as experiências e manifestações da
realidade apresentada pelo escolar.

Por isso, este capítulo irá aprofundar-se no conhecimento sobre o conteúdo


associado às estruturas curriculares baseadas nos PCNs para o Ensino
Fundamental e Médio. Para isso, será necessário compreender a orientação
sobre estrutura curricular direcionada pelos PCNs para Educação Física nos
ensinos Fundamental e Médio.

Este capítulo é uma leitura-chave para aplicação prática das indicações


teóricas dos PCNs no planejamento do conteúdo da Educação Física escolar, pois
mostra como associar afetividade e estilo pessoal com as aulas, assim como a
essencialidade do trabalho com inclusão social e desafios arraigados em conteúdo
com automatismo e direcionamento para aumento de atenção do escolar.

49
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Aprender e Ensinar Educação Física


Os PCNs mostram a direção e a abordagem dos conteúdos escolares
em procedimentos, conceitos e atitudes, uma vez que apontam para uma
valorização dos procedimentos sem restringi-los ao contexto dos fundamentos
dos esportes e das habilidades motoras – incluem, desse modo, procedimentos
relacionados com sistematização, aperfeiçoamento e organização de
informações. Consequentemente, segundo a própria abordagem pedagógica,
a responsabilidade dos conteúdos da Educação Física escolar no Ensino
Fundamental é otimizar a aprendizagem (BRASIL, 1998). Nas dimensões
conceitual e atitudinal, destacam-se conteúdos que envolvem táticas, regras e
fatos históricos associados às reflexões sobre os conceitos de ética, desempenho,
estética, satisfação, eficiência e cidadania (BRASIL, 1998).

Diante deste o que ensinar?, citado pelos PCNs, existe uma estreita relação
entre a aprendizagem do aluno, a organização reflexiva e o conteúdo ministrado
pelo professor na Educação Física escolar (BRASIL, 1998). O conteúdo deve
proporcionar a inserção dos escolares no contexto social de modo que possam
participar ativamente da própria transformação e construção. É através dos
conteúdos da Educação Física que ocorrem práticas sociais mediadoras de
significados, sentidos e valores que auxiliam na formação do aluno.

Quem é o aluno do Ensino Fundamental?

Quais são os seus interesses de aprendizagem?

Quais são os seus conhecimentos prévios?

Como são compostas as classes?

Quais as transformações corporais, cognitivas, afetivas e sociais


que ocorrem neste aluno durante o ensino básico?

Qual o grau de autonomia em relação ao próprio processo


de aprendizagem que o aluno pode assumir em cada etapa da
escolaridade?

50
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

A essencialidade dessas questões é evidente, quando, ao longo da própria


trajetória profissional, o professor reflete sobre os porquês dos conteúdos ministrados
durante as aulas. A partir do conhecimento trazido pela experiência, o profissional da
Educação Física percebe os efeitos das representações sociais durante as práticas
nas atitudes, nos hábitos dos escolares e no próprio modo de ensinar (PÉREZ
GÓMEZ, 2000). Enquanto mediador de significados, o professor passa a desenvolver
em seus conteúdos dinâmicas da sociedade contemporânea, incorporando elementos
culturais e reflexões críticas sobre o contexto em que vive o aluno.

Nas aulas de Educação Física, os elementos da dimensão procedimental são


mais facilmente aprendidos, pois o processo de ensino desses conteúdos está
necessariamente vinculado à experiência do professor. O que diferencia a aplicação
dos conteúdos está no como ensinar, que passa por perspectivas diferenciadas:
i) visão tradicional, com uma concepção formal e fechada do que será ministrado
em aula, ii) visão tecnológica, com uma concepção formal e técnica sobre como
o conteúdo será ministrado em aula, iii) visão ativista/construtivista, com uma
concepção aberta e geradora em um processo construtivista do que e como o
conteúdo pode ser ensinado durante a Educação Física escolar (BOLZAN, 2002).

A partir dessas concepções, as novas abordagens pedagógicas mostram


tendências em desenvolver o conteúdo em direção à visão ativista e construtivista
no ato de gerar conhecimento sobre o sentido da existência atrelado à formação
e ao relacionamento interpessoal com a aprendizagem e o ensino mútuos entre
professor e aluno, durante as atividades propostas no currículo (ALARCÃO, 2001).

Apesar da ênfase dada pelos PCNs em ações inclusivas (BRASIL, 1998), a


valorização do desempenho técnico, a desvalorização do conteúdo como forma
de obter prazer, o foco em ações técnicas com referência em modelos esportivos
avançados, a desvalorização de conteúdos conceituais e atitudinais e, particularmente,
uma concepção de ensino que mostra como única opção ao escolar ajustar-se ou
não a modelos predeterminados, isso gera exclusão entre os alunos.

Para modificar o processo tradicional de ensinar os conteúdos da Educação


Física, a literatura coloca o professor como protagonista do processo de ação
reflexiva durante a aprendizagem do aluno. A literatura propõe que as ações e
o pensamento sejam desenvolvidos de maneira integrada (ALARCÃO, 2001;
BOLZAN, 2002). Para isso, o professor utiliza a própria experiência profissional
e pessoal na atuação pedagógica, reconstruindo-a e refletindo sobre o conteúdo.
Torna-se pesquisador sobre a própria atuação educativa em quatro momentos
distintos durante a aplicação dos conteúdos: i) observa o aluno como alguém
com capacidade de modificação cognitiva, física e emocional; ii) busca entender
as motivações para tal modificação; iii) reformula desafios desenvolvidos nos
conteúdos ministrados para verificar o grau de entendimento do escolar sobre
determinada situação; e iv) propõe novas atividades desafiadoras (BOLZAN, 2002).
51
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

É a partir da Destaca-se que é a partir da inclusão que se constitui um ambiente


inclusão que de ensino e aprendizagem significativo. No contexto do ensino e
se constitui um aprendizagem, o professor é um facilitador da compreensão e um
ambiente de ensino encorajador de reflexões tidas pelos alunos e por si mesmo (SHÖN,
e aprendizagem 1992), reduzindo verdades absolutas e potencializando o ato de ouvir
significativo. No
no ambiente de ensino. Isso se torna uma prática social complexa,
contexto do ensino
e aprendizagem, uma vez que engloba o ato de ensinar e aprender simultaneamente
o professor é (ANASTASIOU; ALVES, 2003).
um facilitador da
compreensão e Para isso, utiliza-se o método dialético objeto/meio – usa-se
um encorajador uma informação prévia dos escolares sobre um conteúdo/situação
de reflexões tidas
específicos para criar uma antítese e apresentar outra visão acerca
pelos alunos e por
si mesmo (SHÖN, da atividade proposta e das concepções prévias. A partir disso,
1992) desenvolve-se uma discussão conjunta sobre a elaboração de uma
nova concepção da situação ou forma de executar determinada tarefa.

Esse processo de ensino e aprendizagem envolve a intencionalidade dos


escolares e do professor, uma vez que fica cada vez mais complexo, integrativo
e flexibilizado em razão da capacidade dos alunos e do professor em articular
objeto/meio e as concepções prévias com as novas construções de conhecimento
(ANASTASIOU; ALVES, 2003).

Neste sentido, os PCNs mostram a aprendizagem da cultura corporal na


Educação Física como uma proposta de reflexão em comunhão com a experiência
prática na aplicação dos conteúdos com contexto significativo (BRASIL, 1998).
Diversificar estratégias de abordagem em uma visão cooperativa de construção
entre professor e aluno pode promover experiência sociocultural desenvolvida,
motivação para aquisição de conhecimento fora do horário de aula pelo aluno,
ressignificação do conteúdo com acréscimo da síntese da atualidade do momento
e estilo pessoal do escolar.

52
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

AULAS INVERTIDAS SÃO MUITO MAIS


EFICIENTES E INCLUSIVAS

Modelo empregado em Harvard, British Columbia e em outras


universidades de ponta há alguns anos é muito mais eficiente e
inclusivo do que o tradicional.

O modelo tradicional de ensino, hoje tão criticado não somente


no Brasil, está calcado num método simultâneo (alunos enfileirados
em classe) que poderia ser, de forma inteligente, agregado a outros
métodos, como o mútuo (alunos de destaque ajudam aos demais
alunos) e o individual (professor atende um aluno por vez).

De qualquer forma, independentemente de como os métodos


acima sejam agregados, há outro avanço importante que já deveria
ter sido tomado nas escolas brasileiras: a aula invertida (flipped
classroom), método utilizado em algumas das mais respeitadas
universidades do mundo, inclusive no Brasil, há um bom tempo.

O modelo tradicional de ensino, que se concretizou no século


XIX, é o expositivo e impositivo. Buscava-se educar o máximo
de pessoas por meio de exposições a grupos, impondo-lhes o
conhecimento e as normas que deveriam ser respeitadas. Era uma
educação em conformidade com o período da Revolução Industrial.
Precisava-se do máximo de trabalhadores minimamente educados
para executar as tarefas repetitivas que lhes eram imputadas,
cumprindo as regras impostas pelos que mandavam.

A consolidação desse método de ensino por monólogo do


professor data da criação das universidades na Europa Ocidental no
século XI e do método dos jesuítas empregado ao longo da Idade
Média na Europa e, mais tarde, no Brasil colonial.

O ensino realizado na Grécia antiga, por outro lado, naquela que


foi talvez a civilização mais sábia de toda a história terrena, dava-
se por meio de diálogos repletos de reflexões e apresentação de
questões tanto pelos mestres quanto pelos discípulos.

53
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

O ensino de palestra, por meio do qual o professor fala por


dezenas de minutos para os alunos, ainda que com espaço para
perguntas, é cansativo, desmotivador, pouco capaz de identificar
grandes qualidades e deficiências de cada educando, menos apto
à memorização do conhecimento, apesar de focado nesse aspecto,
dentre vários outros problemas.

Em 1993, há 24 anos, o professor Alisson King, associado da


Universidade do Estado da Califórnia em São Marcos, publicou
um artigo seminal que causou impacto nos Estados Unidos. Ele
lembrava que o ensino tradicional de transmissão de informação seria
insuficiente para que os alunos pudessem lidar com os problemas
complexos do século XXI, que ainda estava por se desvelar.

King lembrava que conhecimento não se transmite, mas apenas


a informação. O modelo tradicional, amplamente adotado no Brasil
até hoje, visa lançar informação sobre os alunos que frequentemente
não prestam atenção, ou, quando prestam, absorvem pouco, ou,
quando conseguem absorver mais, o fazem porque anotaram o que o
professor dizia, exercendo um aprendizado um pouco mais ativo, que,
como está multiplamente provado, é mais eficiente do que o passivo.

São vastos os estudos comprovando cientificamente a eficiência


das discussões filosóficas em termos de aprendizagem mais ativa
(active learning), em lugar das exposições maçantes sobre a vida
dos filósofos e seu pensamento, com muitas abstrações e poucas
interconexões com a vida prática dos alunos.

Para além das discussões filosóficas, a aprendizagem ativa


de um modo geral também já foi bastante testada e se mostra bem
mais eficiente do que aquela mais tradicional, de caráter fortemente
passivo. Os resultados de alunos submetidos às técnicas de
aprendizagem ativa superam em muito aqueles apenas subordinados
à aprendizagem passiva.

O professor do modelo tradicional seria, segundo King,


um sage on the stage, ou seja, um suposto sábio no palco, que
despejava informação a alunos passivos e pouco atentos. Mais
tarde, a memorização do conhecimento seria testada numa prova,
respondida muitas vezes por mero exercício de memorização
superficial realizado alguns dias antes dela, quando não no mesmo
dia, sendo boa parte do conteúdo esquecido logo em seguida.

54
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Apesar do grande aumento de eficiência, a aula invertida não é


nenhuma grande ciência. É simples. Como o nome indica, consiste
em inverter o processo de aprendizagem, fazendo com que os alunos
estudem antes das aulas, chegando a elas já com as informações dos
materiais didáticos que são hoje expostas pelos professores em sala.

Em vez de ouvir aquilo que já está no material, os alunos


processam as informações já extraídas e, inicialmente digeridas por
meio de um estudo prévio que, se bem direcionado, já pode ser muito
mais produtivo do que muitas aulas que vemos por aí.

Os alunos recebem, então, indicação de livros, artigos, filmes,


matérias de jornais, sites etc. para estudo prévio e preparação para
aula. Um questionário com perguntas sobre os principais tópicos
ajuda a focar no que é mais importante, porém pode acontecer de
o aluno deixar todo o resto de lado e apenas se preocupar com a
resposta das questões.

Parte considerável da nota final dos alunos pode ser formada


de acordo com a qualidade, e não somente com a quantidade, da
participação em sala de aula, estimulando-os a chegar em sala com
boas dúvidas e comentários, mas deve-se ensiná-los a não participar
forçadamente da aula apenas para se destacar e obter melhor
nota. Esse já é um exercício importante para a vida: saber quando
se colocar, participar para agregar ao todo, e não por vaidade ou
interesse em um resultado pessoal.

Em vez de um suposto sábio no palco, na aula invertida o


professor se torna um amigo mais experiente, um monitor que dirige o
debate e que faz apontamentos de maior profundidade, estimulando
discussões sadias, tirando dúvidas etc. Assim, aproveita-se o tempo
da aula para aprofundamento, para participação bastante ativa dos
alunos, não os deixando em passividade, em desatenção.

Em lugar de alunos cansados, desmotivados, muitas vezes, por


não conhecerem nada sobre o assunto e o julgarem enfadonho à
primeira vista, observa-se que, na aula invertida, eles se sentem mais
seguros, motivados por terem em suas mãos as rédeas do processo
de construção do conhecimento por já saberem um pouco do tema e
por terem se aprofundado naquilo que mais lhes interessou.

55
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Em vez das provas cobrarem respostas memorizadas, elas podem


ser muito mais críticas, reflexivas, permitindo, às vezes, até mesmo o
uso de material de apoio, pois seu foco deixa de ser as informações em
si e passa a ser a capacidade crítica de entrelaçá-las com a vida prática
de modo a extrair delas decisões comportamentais sábias.

Outros meios de avaliação, como apresentação de artigos,


monografias e apresentação em classe podem ser utilizados
para estimular o educando a desenvolver pesquisa, processar o
conhecimento e expô-lo, somando-se as notas das participações em
sala, tão ou mais importantes do que as avaliações.

Esse método tem sido usado no Brasil por professores da


USP, PUC/SP, Presbiteriana Mackenzie e outras universidades.
Há muitos anos, a maior parte dos professores da Universidade de
Harvard (Estados Unidos), da British Columbia (Canadá) e de outras
importantes instituições estrangeiras vêm empregando o método da
aula invertida com alta comprovação de aumento de presença em
sala e do aprendizado.

Uma iniciativa na British Columbia, que contou, inclusive, com


participação do vencedor do Prêmio Nobel de Física em 2001, Carl
Wieman, hoje professor de Stanford (Estados Unidos), revelou
significativo aumento de presença, de participação em sala e do
rendimento dos alunos nas avaliações.

Segundo estudos realizados em escolas do ensino médio de


Michigan, o desempenho dos alunos melhorou muito com o uso do
método da aula invertida. Escolas antes avaliadas entre as piores do
estado tiveram um grande progresso.

Há diversos métodos para concretizar a aula invertida. Tem-


se utilizado muito a tecnologia para tornar o processo mais prático
e eficiente, mas a escolha das técnicas deve variar de acordo com
cada cenário, ou seja, com as possibilidades da instituição de ensino,
dos educadores e dos educandos. Como é natural, nem sempre o
que funciona em um local terá êxito em outro.

Alguns professores têm gravado pequenos vídeos, de


cinco a 15 minutos, sobre cada tema da aula, para que os alunos
assistam antes, deixando o espaço em sala apenas para debates,
apresentações dos alunos e aprofundamentos.

56
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Esse modelo se tornou célebre com a ajuda dos professores


americanos Jon Bergman e Aaron Sams, que têm se dedicado às
aulas invertidas há pelo menos uma década e criaram a empresa
Flippedclass.com, por meio da qual divulgam mundialmente o
método e suas técnicas.

Outra hipótese que vem sendo empregada, por exemplo,


na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, é a
realização via internet de pequenos testes semanais pelos alunos,
e valendo uma pequena parte da nota. Eles precisam responder a
questões relativas ao conteúdo a ser discutido na sala de aula na
semana seguinte. Assim, é uma demanda estudar rotineiramente
antes de cada aula.

No ano de 2000, os professores americanos de Economia


Maureen Lage, J. Platt e Michael Treglia publicaram um importante
artigo intitulado Inverting the classroom: a gateway to creating an
inclusive learning environment (em tradução, Invertendo a sala de aula:
um portal para criar um ambiente de aprendizado inclusivo), por meio
do qual demonstram, baseados em outros autores e em evidências
empíricas, que a aprendizagem aumenta muito quando o método de
ensino casa com as habilidades de aprendizagem do aluno.

Em outras palavras, o estudo comprova, sugerindo a utilização


da aula invertida, que os indivíduos têm múltiplas inteligências e
algumas mais desenvolvidas do que as outras, de modo que o uso
de diferentes métodos e técnicas de ensino dá mais garantias de que
mais alunos poderão construir conhecimento e desenvolver suas
diferentes habilidades.

A aula invertida pode ser pautada em diferentes métodos, é uma


ferramenta poderosa para desenvolver as múltiplas inteligências e
que leva em conta um processo de aprendizagem bem mais eficiente,
abrangente e inclusivo.

Fonte: Disponível em:<https://www.cartacapital.com.br/blogs/vanguardas-do-


conhecimento/aulas-invertidas-sao-muito-mais-eficientes>. Acesso em 13 abr. 2018.

57
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

No próximo tópico, você encontrará maior detalhamento sobre


a aplicação do conteúdo da Educação Física escolar, redução de
automatismos, aumento de atenção e o uso de afetividade e estilo
pessoal na aplicação dos conteúdos no ensino da Educação Física.

a) Automatismos e atenção

A automatização de movimentos no controle da execução faz parte da história


e da cultura da Educação Física, desde os movimentos mais simples até aos mais
complexos. Criar padrões e automatizá-los era considerado o caminho mais curto
ao alto rendimento e isso trouxe para a Educação Física uma preocupação cultural
com a quantidade e qualidade da tarefa motora e na atenção com as execuções
(BRASIL, 1998).

A automatização e a A automatização e a atenção são fatores importantes para o


atenção são fatores aperfeiçoamento de movimentos e para aumento da velocidade de
importantes para tomada de decisão para situações conhecidas. Entretanto, devem
o aperfeiçoamento
estar integradas aos sistemas e às tarefas dinâmicas, com mudanças e
de movimentos
e para aumento aumento do grau de liberdade das escolhas.
da velocidade de
tomada de decisão Por exemplo, caso o escolar consiga realizar exercícios de
para situações fundamento de passe com segurança, é necessário trabalhar o mesmo
conhecidas. conteúdo em situações contextualizadas de jogo, para que o escolar
Entretanto, devem
seja capaz de adaptar-se a diferentes situações (BRASIL, 1998).
estar integradas
aos sistemas e às Dessa maneira, o professor precisa analisar quais ações envolvidas
tarefas dinâmicas, na aprendizagem já são realizadas automaticamente sem prejuízo de
com mudanças e qualidade e quais ainda solicitam atenção no controle da execução.
aumento do grau
de liberdade das O objetivo do conteúdo ministrado é desenvolver situações nas
escolhas.
quais os automatismos sejam insuficientes para resolver o desafio,
seja no desenvolvimento de um movimento ou em tomadas de decisão
durante situações imprevisíveis (BRASIL, 1998). Nesse caso, as repetições
sequenciais de um determinado movimento e a atenção poderiam ocorrer para
alimentar funcionalmente mecanismos de controle de ações, pelo prazer funcional
e pelas adaptações fisiológicas (e.g. aumento de massa muscular, melhora da
condição cardiorrespiratória, reajuste neuromuscular para equilíbrio, esquemas
motores, entre outros elementos). Por exemplo, conteúdos como pular corda
necessitam de avanços em elementos cognitivos e no desenvolvimento de

58
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

variações em velocidade, tempo, ação, entre outras modificações que utilizam a


automatização, a atenção em dinâmicas de ações motoras.

Para pular corda em aulas de Educação Física, utilizam-se cordas grossas


que permitem ações em grupo. Enquanto dois alunos seguram as extremidades
da corda e auxiliam no ato de bater essa corda, uma ou diversas crianças podem
pular ao mesmo tempo. Trata-se de uma brincadeira dinâmica que envolve
agilidade, coordenação e resistência.

Ademais, essa atividade lúdica pode ser acompanhada de canções


prazerosas, como O homem bateu em minha porta e eu abri, senhoras e senhores
ponham a mão no chão, senhoras e senhores pulem num pé só, senhoras e
senhores deem uma rodadinha, e vá pro olho da rua... Apesar da utilização de
um movimento automatizado e da atenção na execução dos movimentos dessa
brincadeira lúdica, essa proposta proporciona um problema para ser resolvido
através da necessidade em articular o ritmo da música ao ato de entrar no arco da
corda, pular, girar e sair do arco da corda.

A prática atenta aumenta a motivação do escolar e, com isso, o aluno será


capaz de realizar a tarefa com maior satisfação e eficácia. Nesse instante, é possível
realizar a mesma proposta de pular corda de acordo com o ritmo da música de
olhos vendados – isso aumenta o desafio e a necessidade de reorganização dos
gestos para uma nova automatização. Essas situações lúdicas, seja em formato
de jogo, ou torneio ou em qualquer outro contexto favorável de aprendizagem,
permite a execução de uma diversidade ampla de ações que solicitam atenção
nas tentativas de executar a tarefa de forma satisfatória (BRASIL, 1998). Por sua
vez, o conteúdo da Educação Física permite um momento de interação social
significativo, o que aumenta a motivação para realizar a atividade.

b) Afetividade e estilo pessoal

Neste tópico discute-se a respeito dos afetos, sentimentos e sensações do


escolar em relação ao conteúdo da aprendizagem das práticas da cultura corporal
que estão associadas com as próprias características dos alunos do ensino
básico. Compreender que a escola é uma extensão do lar faz com que o conteúdo
não se limite a fornecer conceitos e práticas (SOUSA, 1970), mas deve contribuir
para a construção da personalidade e do estilo pessoal dos escolares através das
práticas da cultura corporal (BRASIL, 1998). Ao mesmo tempo, esse processo
de ensino-aprendizagem permeado de afeto permite a atuação e a relação
interpessoal dentro do contexto de aula.

59
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Os conteúdos da Educação Física escolar sofrem influência do


Os conteúdos da desenvolvimento de afeto e confiança mútuos para satisfazer algumas
Educação Física
necessidades fundamentais para o desenvolvimento das práticas,
escolar sofrem
influência do as quais envolvem um grau de risco físico, excitação somática,
desenvolvimento de experiências e vivências anteriores dos escolares associadas com
afeto e confiança satisfação e frustração, e a exposição do escolar ao contexto social
mútuos para (BRASIL, 1998).
satisfazer algumas
necessidades
Quando o escolar recebe estímulos ambientais e interage com
fundamentais para
o desenvolvimento o meio, as emoções apresentam componentes adaptativos que são
das práticas, as essenciais para a própria sobrevivência e para o desenvolvimento
quais envolvem um afetivo. Dessa maneira, os conteúdos da cultura corporal necessitam
grau de risco físico, ser trabalhos direcionados para:
excitação somática,
experiências e
• O desenvolvimento de sentimentos e emoções capazes de gerar
vivências anteriores
dos escolares autoestima e autoconfiança.
associadas com • Estimular a socialização do indivíduo com outros escolares.
satisfação e • Desenvolver habilidades motoras e intelectuais que contribuem para
frustração, e a as atividades do cotidiano.
exposição do • Promover a melhora de equilíbrio, e a resistência mental e física.
escolar ao contexto
• Melhorar a relação afetiva do escolar com hábitos associados com a
social
promoção da saúde.
• Gerar sentimento de autovalorização e auxílio na superação de
situações adversas.
• Estimular potencialidades e trabalhar limitações ao criar novas
possibilidades.

O desenvolvimento do afeto está associado com o cuidado do professor.


Para desenvolver esses elementos listados acima, as práticas da Educação Física
precisam ser repensadas para minimizar incidentes que dificilmente serão evitados
por completo, pois os conteúdos por si envolvem riscos, como o desequilibro em
atividades. Assim como nos jogos podem ocorrer escorregões, quedas, impactos
advindos de trombadas com colegas ou em contato com a bola. O receio de
passar por situações vexatórias pelo escolar ao correr risco de segurança física
é um dos principais motivos para que ele se negue a participar de atividades mais
desafiadoras, e em nenhuma situação, o escolar deve ser constrangido ou obrigado
a realizar qualquer atividade prescrita no conteúdo (BRASIL, 1998).

A afetividade e o estilo pessoal envolvem em criar desafios e não ameaçar


escolares, essa medida varia de aluno para aluno e a organização dos conteúdos
deve contemplar esse aspecto associado com a segurança física, especialmente
relacionada ao ensino básico – momento em que ocorrem diferenças físicas,
maturacionais, emocionais e culturais bastante heterogêneas entre os escolares,
o que gera maior número de situações de risco.
60
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Em suma, é o momento em que existe grande excitação somática produzida


por movimentos em jogos, lutas, atividades lúdicas, danças e práticas esportivas:
a possibilidade de obter prazer, comemorar, ou gritar associada ao aumento de
neurotransmissores e da frequência cardíaca configura um contexto de emoções.
Os limites de controle e descontrole das emoções dos escolares ficam tênues
durante as aulas de Educação Física e são expressos através de movimentos,
comunicações verbais e ações que podem mostrar assertividade, coragem,
felicidade, como também agressividade, imprudência ou frustração – esses efeitos
estão associados com a história do aluno e com o direcionamento dos valores das
ações em jogo.

Quando o professor reduz o valor da vitória e insere no conteúdo regras


associadas ao respeito mútuo, cooperação, inclusão e comportamentos afins ao
ato de ser cidadão para que a criança se aproprie desses valores. O contexto
social e as características de cada escolar constituem o ponto inicial para esse
processo de ensino das práticas da cultura corporal. É necessário que o professor
e o escolar tentem desenvolver as próprias capacidades, habilidades e limitações
em interação com espaço, objetos e com outros colegas, incluindo pessoas com
deficiência física ou mental.

ALMEIDA, Ana Rita S. O que é afetividade? Reflexões para


um conceito. 2001. Disponível em:<https://drive.google.com/file/
d/0BwkipAF0qq_UWm5HSUREYkFTR0k/view>. Acesso em 13 set. 2017.

DANTAS, H. A infância da razão: uma introdução à psicologia da


inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manole, 1990.

GOLEMAN, D. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que


redefine o que é ser inteligente. 3. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.

MOLINARI, A. M. P.; SENZ, S. M. A Educação Física e sua relação


com a Psicomotricidade. Revista PEC, v. 3, n.1, p.85–93, 2003.

RUIZ, V. M.; OLIVEIRA, M. J. V. A dimensão afetiva da ação


pedagógica. 2005. Disponível em: <ferramentas.unipinhal.edu.br/
educacao/include/getdoc.php?id=138&article=34...>. Acesso em: 16
fev. 2018.

61
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

c) Pessoas com deficiência e inclusão

A Constituição O número de escolares com algum tipo de deficiência na rede


Brasileira de 1988 regular de ensino do Brasil aumenta a cada ano. O impacto da política
garante o acesso de inclusão na educação de base pode ser medido pelo crescimento
ao ensino básico não casual da mobilização da sociedade brasileira pela inclusão social
regular a todos,
de pessoas com deficiência física. A Constituição Brasileira de 1988
sem exceção, e
esclarece que garante o acesso ao ensino básico regular a todos, sem exceção,
o escolar com e esclarece que o escolar com necessidade educacional especial
necessidade receberá atendimento especializado adicional.
educacional
especial receberá A inclusão foi reafirmada dentro da Educação Física escolar com
atendimento a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, e com a
especializado Convenção da Guatemala, de 2001. Essas diretrizes são contra qualquer
adicional.
tipo de exclusão, restrição ou diferenciação associadas à deficiência
física em alunos (BIAGGIO, 2007).

A atuação do professor de Educação Física diante da inclusão, necessária


aos olhos da sociedade, envolve atenção e cuidado redobrado no planejamento
dos conteúdos, pois o conteúdo precisa ter flexibilidade para ser adaptado para
escolares com qualquer necessidade de atendimento especial. Particularmente
no caso de alunos com deficiência, os professores têm encontrado dificuldade
para atender à demanda de inclusão educacional de escolares em turmas de
alunos com e sem deficiência (RODRIGUES, 2006).

As principais dificuldades também auxiliam nas modificações positivas, uma


vez que exigem flexibilidade do conteúdo, atitudes positivas dos professores ao
incluírem alunos que possuem dificuldades evidentes em determinadas práticas e a
natural inclusão de outras diferenças que não remetem à deficiência física ou mental,
por exemplo, de gênero – houve um aumento no número de meninas praticando
atividades que eram de domínio masculino, como o futebol (CRUZ, 2008).

No entanto, algumas dificuldades são apontadas pelos profissionais


O ambiente, a falta da área, como a dificuldade de realizar inclusão em atividades físicas
de material escolar,
particulares e o despreparo profissional advindo de uma formação
assim como a má
acadêmica fraca em razão da falta de contato com pessoas com
administração da
instituição, a falta de deficiência e, até mesmo, a não oferta da disciplina de Educação
horário na jornada de Física adaptada (CRUZ, 2008; FALKENBACH, 2010; LOPES, 2008).
trabalho e a ausência Além disso, algumas pesquisas mostram que o ambiente, a falta de
de um assistente material escolar, assim como a má administração da instituição, a
para auxiliar durante falta de horário na jornada de trabalho e a ausência de um assistente
as aulas dificultam o para auxiliar durante as aulas dificultam o trabalho da inclusão social
trabalho da inclusão
(MORLEY et al., 2005). Por sua vez, alunos sem deficiência excluem o
social
escolar com deficiência e mostram resistência na inclusão durante os
jogos (FALKENBACH; LOPES, 2010).

62
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Atividade de Estudos:

1) Outra tensão dos professores de Educação Física pode ser


sintetizada em dois questionamentos: 1) Como elaborar uma aula
para alunos com e sem deficiência? 2) Como executar o que foi
planejado? Faça um pequeno texto sobre essa tensão referindo-
se às estratégias para incluir os alunos com deficiência nas aulas
de Educação Física.
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Educação Física no Ensino


Fundamental
O Ensino Fundamental corresponde à primeira etapa da educação básica e
tem duração de nove anos, com idade comum aos escolares entre seis e 14 anos
de idade. Nesse momento, a Educação Física escolar está vinculada à prática de
atividades lúdicas, jogos, lutas, expressões rítmicas e aos esportes. Porém, essa
prática necessita estar inter-relacionada com os aspectos afetivos e cognitivos em
todas as situações.

É essencial que o aluno adquira o processo de construção de conhecimentos


de maneira consciente em todas as dimensões (conceituais, processuais e
atitudinais) relativas ao movimento para desenvolver autonomia em seu potencial
gestual e culturalmente significativo e adequado para cada contexto. Por exemplo,
a maneira e a intencionalidade de um chute no futebol, nas lutas e na dança são
realizadas com medidas diferentes e essa habilidade de adequação contextual é
aprendida através do manejo dos conteúdos da Educação Física.

63
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

O escolar precisa O escolar precisa conhecer as características e a natureza das


conhecer as
ações corporais para que possa construir esses movimentos diante
características e a
natureza das ações dos valores e adequações contextuais particulares. Assim, o conteúdo
corporais para que precisa organizar e utilizar a motricidade na expressão das emoções
possa construir adequadamente diante do seu significado. Diante disso, na aplicação
esses movimentos de conteúdo, por exemplo, de um jogo de basquete, é necessário ser
diante dos valores claro sobre o caráter da atividade, se é competitivo, cooperativo ou
e adequações
recreativo, conhecer o conceito, as estratégias, as regras, a história e
contextuais
particulares. saber adaptá-la.

A organização do conteúdo na Educação Física escolar durante o Ensino


Fundamental é associada aos seus ciclos (I, II, III, IV). Nos primeiros cinco anos
são aplicados conteúdos com atividades lúdicas e jogos, de maneira ampla.
Posteriormente, os movimentos da cultura corporal são trabalhados através da
operacionalização de habilidades mais específicas em cada segmento de dança,
esporte, lutas, jogos e demais atividades potenciais.

Embora a compreensão e a ação sejam um processo indissociável, em


muitas situações, o movimento é executado em frações de segundo e se torna
imperceptível até mesmo ao próprio escolar, como pode ser observado em
situações de defesa em lutas de solo: momento em que ocorrem reações rápidas
frente à tentativa de imobilização do companheiro de atividade. Nesse tipo de
situação, o professor pode incluir registro, reflexão e discussão do conteúdo que
estejam relacionados às experiências corporais, estratégicas e práticas culturais
corporais comuns e diferenciadas vindas da experiência de cada escolar. Os
PCNs (BRASIL, 1998) propõem ainda a inclusão das dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais nos conteúdos ministrados durante as aulas de
Educação Física escolar com o objetivo relacionado ao desenvolvimento de
autonomia para aprender a aprender.

Atividade de Estudos:

1) O processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos deve ser


observado como ação recíproca entre a atividade, o ensino e a
prática dos escolares. Em relação ao modo de ensinar os conteúdos
para o Ensino Fundamental, assinale a afirmativa CORRETA.

a) Os conteúdos podem retratar a experiência social do contexto


dos escolares no que se refere aos conhecimentos prévios e
modos de ação.

64
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

b) A aplicação dos conteúdos deve estar dissociada das condições


socioculturais e particulares dos escolares.
c) Os conteúdos da Educação Física escolar estão compostos de
dois elementos: habilidades e conceitos sistematizados.
d) A escolha dos blocos de conteúdo e a definição das atividades, em
última instância, devem ser direcionadas pela direção da escola.

a) Objetivos gerais
Os objetivos da
Os objetivos da Educação Física escolar no Ensino Fundamental Educação Física
indicados pelos PCNs (BRASIL, 1998) estão associados ao ato de escolar no Ensino
participar das práticas corporais a partir do relacionamento equilibrado Fundamental
e construtivista entre os escolares, ao reconhecer e respeitar as indicados pelos
PCNs (BRASIL,
características mentais e físicas, e do desempenho de si mesmo e dos
1998) estão
outros, sem discriminar pelas particularidades de cada um. associados ao
ato de participar
O respeito ao outro e às diferenças culturais, religiosas, sexuais, das práticas
ou de qualquer ordem, assim como o reforçar a solidariedade, valorizar corporais a partir
e desfrutar da pluralidade são quesitos apresentados pelas diretrizes do relacionamento
equilibrado e
(BRASIL, 1998). O próprio reconhecimento como elemento integrante
construtivista entre
social e contextual deve estar inserido nos conteúdos, particularmente, os escolares,
associados a uma diversidade de comportamentos sociais e hábitos ao reconhecer
de saúde, higiene, nutricionais e de saúde coletiva. O conteúdo mostra e respeitar as
necessidade de reflexão crítica pelo aluno para promover atividades que características
ensinem sobre reivindicar fatores associados às necessidades básicas mentais e físicas,
e do desempenho
do ser humano e aos direitos enquanto cidadãos (BRASIL, 1998).
de si mesmo e
dos outros, sem
Isso ajuda a solucionar desafios em meio às práticas corporais discriminar pelas
a partir dos diferentes contextos e em como saber dosar o esforço particularidades de
em práticas corporais e ocupacionais possíveis, além de considerar o cada um.
aperfeiçoamento e o desenvolvimento de competências corporais de
modo saudável e equilibrado.

65
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Atividade de Estudos:

1) Em um estudo publicado em 2016, os autores mostraram os


principais conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física
escolar para o quarto ano do Ensino Fundamental. Os resultados
mostraram que 83% dos professores trabalhavam conteúdos que
envolviam jogos pré-desportivos e habilidades físicas e motoras;
67% atividades recreativas, 33% habilidades socioafetivas,
17% esportes, 17% estudos teóricos e 17% atividades rítmicas
e expressivas (HENKEL; ILHA, 2016). Os conteúdos utilizados
pelos professores estão coerentes com os sugeridos pelos
PCNs? Algum conteúdo não foi contemplado?
_______________________________________________
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_______________________________________________
_______________________________________________

Para saber mais, veja a pesquisa de Henkel e Ilha (2016)


intitulada: Parâmetros curriculares nacionais – educação física: sua
influência no planejamento das aulas nos anos iniciais do ensino
fundamental, disponível em: <https://goo.gl/eGdoHk>.

a) Critérios de seleção, organização dos conteúdos e relevância social

O Ensino Fundamental mostra algumas particularidades e preocupações


eminentes para garantir coerência com a concepção exposta pelos PCNs na
seleção e organização dos conteúdos, a fim de concretizá-los com relevância
social e considerações sobre as características dos escolares associadas às
particularidades do ensino da Educação Física e seus respectivos conteúdos
(BRASIL, 1998), a saber:

66
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

• Conteúdo com relevância social: é necessário selecionar práticas da


cultura corporal que têm presença marcante na sociedade brasileira, cujo
conteúdo facilite a melhora das capacidades de interação sociocultural,
o usufruto das possibilidades de lazer, a promoção e a manutenção da
saúde pessoal e coletiva (BRASIL, 1998). Em suma, os PCNs consideram
essencial que os conteúdos da área contemplem as demandas sociais
apresentadas pelos Temas Transversais, os quais serão discutidos no
capítulo 4.

• Característica dos escolares: a definição dos conteúdos objetiva


ampliar as possibilidades e a consideração das diferenças locais,
regionais, estaduais e as respectivas populações. É necessário
considerar como referencial o crescimento e a maturação associados ao
grau de escolaridade.

• Particularidades da área de educação física e os blocos de


conteúdos: os conteúdos são fragmentos possíveis entre as
diversidades de conhecimentos que estão sendo produzidas sobre
as práticas da cultura corporal. No Ensino Fundamental, os blocos de
conteúdos são organizados em três grandes áreas que deverão ser
desenvolvidas ao longo do tempo. Esse planejamento dos conteúdos
tem a função de enfatizar os objetivos de ensino que são priorizados
no decorrer desse processo para nortear o trabalho do professor, o qual
necessita distribuir os conteúdos de maneira equilibrada e adequada.
Desse modo, não se trata de uma estrutura estática, mas sim de um
conjunto de conhecimentos organizados para abordar essencialmente
práticas de i) esportes, jogos, ginásticas e lutas; ii) atividades rítmicas e
expressivas; iii) o conhecimento sobre o corpo.

RELEVÂNCIA DE EVENTOS CULTURAIS: EXEMPLO DE


PROJETO CARNAVAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

Ao pensar no país e na população brasileira, frequentemente


nos vêm imagens de um povo festivo e alegre, e o carnaval é um dos
eventos mais marcantes mundialmente. Essa manifestação popular
acontece de diferentes maneiras pelas regiões do país que incluem
contexto social, cultural e histórico com grande riqueza cultural.
Por isso, é essencial para o escolar conhecer aspectos culturais
associados ao carnaval, influenciados por diversas etnias brasileiras,
marchinhas carnavalescas e compreender sobre os gêneros musicais,

67
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

blocos, fantasias e histórico. Para isso, a disciplina de Educação


Física – associada a outras disciplinas, como Educação Artística e
História – pode fazer um baile de carnaval e levar elementos da sala
de aula, assim como as práticas de expressão rítmicas pertinentes
ao universo carnavalesco, podendo ser feitas pinturas faciais e
disponibilizadas roupas e adornos para criação de fantasias. Durante
o baile, diversas marchinhas podem ser ensinadas, como Mamãe Eu
Quero de Jararaca e Vicente Paiva (1937), Abre Alas de Chiquinha
Gonzaga (1899), AALLAH-LA-O de Haroldo Lobo e Nássara (1940),
Me Dá Um Dinheiro Aí de Ivan Ferreira, Homero Ferreira e Glauco
Ferreira (1959), entre outras inúmeras marchinhas tradicionais em
todo o Brasil.

c) Blocos de conteúdos: atitudes, conceitos e procedimentos


Os conteúdos das
aulas de Educação
Física escolar Os conteúdos das aulas de Educação Física escolar são
são organizados organizados nos três blocos (esportes, jogos, ginásticas e lutas/
nos três blocos atividades rítmicas e expressivas/conhecimento sobre o corpo)
(esportes, jogos, desenvolvidos ao longo do Ensino Fundamental.
ginásticas e lutas/
atividades rítmicas
Esse planejamento objetiva evidenciar a distribuição dos conteúdos
e expressivas/
conhecimento de cada bloco, do mais simples ao mais complexo, de acordo com o
sobre o corpo) grau de complexidade das tarefas propostas aos escolares em cada
desenvolvidos ao conteúdo ministrado. A figura a seguir mostra um exemplo de conteúdo
longo do Ensino ministrado através da atividade mais simples para a mais complexa, de
Fundamental. maneira progressiva.

Quadro 2 – Hierarquia para o desenvolvimento dos


conteúdos procedimentais na Ginástica Escolar
GINÁSTICA RÍTMICA E ARTÍSTACA
Elementos ginásticos (separados e combinados)
+ acrobáticos + aparelhos fixos e portáteis.
Nível de Complixividade

GINÁSTICA
Elementos constutivos da Ginástica
+ combinação entre eles.

HABILIDADES BÁSICAS DO SER HUMANO


Rastejar, rolar, andar, correr, saltitar,
equilibrar, saltar, girar, ondular, inverter.

GINÁSTICA GERAL
Elementos ginásticos + modalidades gímnicas +
danças + artes + conteúdos da cultara corporal.

Fonte: Extraído e adaptado de Toledo (2004).


68
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Durante o Ensino Fundamental, no primeiro bloco existem quatro Durante o Ensino


práticas distintas (esportes, jogos, lutas e ginástica) que têm princípios Fundamental, no
primeiro bloco
operacionais diferentes entre elas e que precisam ser levadas em
existem quatro
consideração no planejamento das aulas. Os esportes são conjuntos práticas distintas
de práticas regidas por regras oficiais de federações regionais e (esportes, jogos,
nacionais de caráter competitivo, devendo, no âmbito escolar, serem lutas e ginástica)
proporcionados aos alunos de forma educacional (BRASIL, 1998). que têm princípios
operacionais
diferentes entre
Os jogos, no entanto, têm regulamentos próprios e apresentam
elas e que precisam
maior flexibilidade que os esportes em número de participantes, local ser levadas em
de prática e materiais disponíveis, e também podem ter finalidade consideração no
competitiva ou comemorativa. As lutas podem ser realizadas com planejamento das
disputa entre dois escolares que terão um julgamento segundo os aulas.
aspectos técnicos e respectivas regras, ou em formato de práticas
vindas das artes marciais que configuram a execução de tarefas carregadas de
símbolos, rituais e manutenção da ancestralidade da prática.

No segundo bloco,
No segundo bloco, as ginásticas são o conjunto de técnicas
as ginásticas são
que visam ao desenvolvimento corporal e têm diversas finalidades, o conjunto de
como: preparação física, manutenção e recuperação físicas, prática técnicas que visam
competitiva ou até recreativa. Neste momento, além da habilidade ao desenvolvimento
específica, a ginástica é utilizada pelo professor com a intenção de corporal e têm
proporcionar aos escolares o conhecimento sobre o próprio corpo. diversas finalidades,
como: preparação
No bloco de atividades rítmicas e expressivas, os conteúdos são
física, manutenção e
associados às manifestações culturais que pretendam desenvolver recuperação físicas,
a comunicação e expressão corporal com ou sem estímulos sonoros prática competitiva
(BRASIL, 1998). ou até recreativa.

O terceiro bloco de conhecimentos sobre o corpo está associado ao


desenvolvimento dos conteúdos apresentados nos dois blocos antecedentes
e também objetiva proporcionar ensinamentos que aumentem a autonomia do
escolar sobre o próprio corpo (BRASIL, 1998).

Nos próximos tópicos você encontrará mais explicações sobre


os conteúdos ministrados em cada um dos blocos e mais exemplos
de aplicações práticas.

69
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

• Conhecimento sobre o corpo

Este bloco está associado aos conhecimentos sobre as práticas corporais


expressas nos outros dois blocos e em outras informações sobre o corpo, as
quais produzem subsídio para que o escolar tenha consciência corporal de forma
autônoma. O corpo é conceituado como um organismo integrado em interação
com o meio físico e cultural.

Para os conteúdos do conhecimento sobre o corpo, a Educação Física


escolar inclui atividades que forneçam conhecimentos anatômicos, fisiológicos,
biomecânicos e bioquímicos e que possam capacitar a análise crítica do escolar
aos programas de atividade física, além de estabelecer critérios para que os
alunos consigam identificar demandas de esforço, atividades corporais saudáveis,
ocupacionais ou de lazer. Durante o Ensino Fundamental, esses temas são
abordados de maneira simples, apenas com conhecimentos básicos. No Ensino
Médio podem ser aprofundados.

As informações sobre anatomia referem-se principalmente à estrutura


muscular e óssea e são abordadas nos conteúdos sob o enfoque da percepção
do corpo através de sensações e da compreensão de como ele funciona. Por
exemplo, o ato de sentir ossos e músculos envolvidos nos diferentes movimentos
e posições, em situações de relaxamento e tensão, é uma maneira de ensinar ao
escolar como o corpo dele funciona.

O conhecimento de fisiologia é a base para compreender as alterações que


ocorrem durante as atividades físicas. Por exemplo, discutir por que a frequência
cardíaca aumenta, ou sobre a queima de calorias, a perda de água e sais minerais
durante atividades e que essa ativação fisiológica poderá promover melhora
cardiorrespiratória, aumento de tônus muscular, força, flexibilidade, entre outras
capacidades e habilidades físicas.

No conteúdo da Educação Física escolar, a bioquímica subsidiará a fisiologia


com a explicação do conceito sobre os processos metabólicos de produção
de energia, eliminação e reposição de nutrientes. As informações básicas de
biomecânica associadas à anatomia podem ser utilizadas para conteúdos sobre
adequação de hábitos posturais como sentar-se, levantar objetos, entre outros.
A inclusão desses conteúdos se dá a partir da percepção do aluno sobre o
próprio corpo, das sensações e necessidades de analisar e compreender sobre
as alterações corporais durante as atividades ocupacionais e de práticas da
Educação Física escolar.

70
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

A partir dos conhecimentos sobre o corpo, os alunos poderão avaliar os


próprios movimentos e modificações ao longo do tempo e espaço: como são as
atitudes corporais?, deslocamentos?, qual é a força aplicada?, qual velocidade?,
entre outros elementos da Educação Física. Do ponto de vista teórico, o
conhecimento do corpo também pode ser apreciado dentro da explicação sobre
jogos, esportes, lutas e danças, sendo que o enfoque central do bloco sobre o
conhecimento do corpo está na relação entre as práticas corporais e a construção
social, cultural, atitudinal dos gestos e da postura.

Neste bloco também são ensinados conteúdos associados à pluralidade


corporal, e ao que exige a interdisciplinaridade com a História e a Geografia para
explicação dos hábitos particulares de cada cultura.

Você pode inventar jogos em dias de chuva que aprofundem


conhecimentos sobre anatomia e o corpo de acordo com a faixa
etária de cada aluno. Veja o jogo para idades mais avançadas do
ensino básico chamado Animatomia, de Generozo et al. (2010).
Observe que anterior à aplicação do jogo, os alunos tiveram aulas
expositivas-participativas referentes ao conteúdo específico de
anatomia, trabalhado no jogo, sendo que o mesmo abordou sobre os
sistemas: digestório, nervoso, cardiovascular, endócrino, esquelético,
muscular, excretor e respiratório.

O jogo Animatomia foi construído com um tabuleiro (Figura 2),


22 envelopes (cada um contendo um cartão com oito sentenças
relacionadas a um órgão ou sistema do corpo humano) e cinco
botões coloridos (piões). O tabuleiro pode ser montado no chão ou na
mesa do professor, e os alunos divididos em grupos. Os envelopes
com as cartas são entregues de modo aleatório aos participantes
que, mantendo sigilo em relação aos outros grupos de jogadores,
conferem seu conteúdo. O grupo de jogadores da vez terá a chance
de adivinhar a resposta, escolher uma dica numerada de 1 a 8 na
carta do grupo de leitores que, em voz alta, faz a leitura do cartão.

Se o grupo de jogadores da vez acertar a resposta na primeira


rodada, deverá andar com seu pião oito casas no tabuleiro, e o grupo
de leitores nenhuma; caso acerte na segunda rodada, deverá andar
sete, e o grupo de leitores um; na terceira rodada, seis, e o grupo
de leitores dois, e assim sucessivamente, de modo que a soma das
casas andadas pelo grupo de jogadores da vez e grupo de leitores
seja sempre oito.
71
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Em caso de resposta errada do grupo de jogadores da vez os


papéis se invertem, mas as regras são mantidas, se o equívoco
ocorrer na rodada inicial, o grupo de leitores move seu pião oito
casas, na segunda sete, e o grupo de jogadores um, e assim
sucessivamente. Caso a dica não ajude o grupo de jogadores da
vez a encontrar a resposta correta, este tem a possibilidade de não
responder e, sendo assim, nem o grupo de leitores nem o grupo de
jogadores andarão as casas correspondentes do tabuleiro.

Para a continuidade do jogo, o grupo, antes leitor, passa a ser


o jogador da vez e aquele situado à direita, o novo grupo de leitores.
Se ao final das oito dicas da carta do leitor o grupo de jogadores
da vez não tiver acertado o órgão/sistema em questão, o de leitores
deverá devolver o cartão à mesa e retirar outro envelope para dar
continuidade ao jogo.

Será o vencedor o grupo que chegar ao final do tabuleiro


primeiro ou aquele que estiver à frente dos outros participantes
quando terminarem os envelopes.

Figura 1 – Tabuleiro do jogo Animatomia

Fonte: Generozo et al. (2010).

72
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

• Esportes, Jogos, Lutas e Ginástica


Os PCNs
conceituam esporte
As delimitações utilizadas em cada um dos blocos de conteúdo como práticas
têm a intenção de tornar viáveis ao professor a organização e a subordinadas às
operacionalização dos conteúdos de forma mais diversificada, regras de caráter
abrangente e articulada ao contexto social e escolar. Apesar do oficial e competitivo,
organizadas por
primeiro bloco conectar atividades com alguns princípios operacionais
instituições (e.g.
comuns, tais práticas são distintas em conceito e definição. Os PCNs confederações,
conceituam esporte como práticas subordinadas às regras de caráter federações) que
oficial e competitivo, organizadas por instituições (e.g. confederações, regulamentam a
federações) que regulamentam a atuação amadora e profissional da atuação amadora
modalidade (BRASIL, 1998). e profissional
da modalidade
(BRASIL, 1998).
Nas práticas esportivas, os materiais e estruturas merecem uma
atenção destacada diante das especificidades que possuem. Desenvolver práticas
esportivas envolve estruturas mais caras, como equipamentos, campos, quadras,
piscinas, pista de atletismo, entre outros. Na realidade social do país, há uma
quantidade elevada de escolas, especialmente públicas, as quais não apresentam
espaço físico ou quantidade de materiais suficientes para práticas esportivas – o
espaço da educação física escolar, muitas vezes, é reduzido a pátios e salas de aulas
adaptadas (SOLER, 2003). Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP), de 159.016 escolas (particulares e públicas) do Ensino
Fundamental, somente 44.763 tinham quadra poliesportiva (BRASIL, 2006). Isso
causa um impacto elevado nas aulas, já que se torna necessário que o professor faça
ajustes de espaço e adaptações de materiais alternativos para o desenvolvimento
dos blocos de conteúdo de maneira adaptada (SEBASTIÃO; FREIRE, 2009).

Em relação aos jogos, eles possuem maior flexibilidade nas Em relação aos
regras, uma vez que podem ser adaptadas em razão das condições de jogos, eles possuem
espaço e materiais disponíveis e do número de participantes (BRASIL, maior flexibilidade
1998). Podem ser exercidos em caráter cooperativo, recreativo nas regras, uma
ou competitivo em diferentes situações (festas, comemorações, vez que podem ser
adaptadas em razão
confraternizações ou no cotidiano como ato de diversão e lazer). Como
das condições de
exemplo de jogos, podemos citar a queimada, a brincadeira gato e espaço e materiais
rato, o handebol com sete passes, o minibasquetebol, o minivôlei, o disponíveis e
pinga bola, a bolinha de gude, o xadrez e todos os jogos definidos do número de
como regionais, de salão, mesa, tabuleiro, brincadeiras, jogos de rua participantes
em geral ou atividades que se enquadrem na definição mostrada nos (BRASIL, 1998).
PCNs (BRASIL, 1998).

73
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Atualmente, profissionais da Educação Física estão utilizando o Teaching


Games for Understanding (TGfU), que rompe com o método de ensino das técnicas
de forma isolada, concedendo primazia ao ensino do jogo por meio da compreensão
tática, dos processos cognitivos de percepção e da tomada de decisão.

Para saber mais sobre o TGfU, veja o capítulo 3 Aplicação dos


Conteúdos na Educação Física da Escola, além disso, para entender
sobre a utilização de materiais alternativos durante a aplicação dos
conteúdos das aulas de Educação Física escolar, veja o capítulo
4.2 Meio Ambiente no tópico que aborda os assuntos transversais
conectados aos conteúdos próprios da Educação Física.

As lutas são
As lutas são disputas em que há contraposição entre oponente(s)
disputas em que
há contraposição mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização
entre oponente(s) ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de
mediante técnicas ataque e defesa (BRASIL, 1998). As lutas na perspectiva teórica dos
e estratégias de PCNs (BRASIL, 1998) são atividades de desenvolvimento psicofísico
desequilíbrio, e social.
contusão,
imobilização ou
exclusão de um De acordo com as definições da literatura (SILVA et al., 2017), as
determinado espaço lutas podem ser divididas em esportes de combate, que são conceituados
na combinação de como uma variação das atividades de artes marciais e distinguidos
ações de ataque e por promoverem confrontos competitivos. Enquanto artes marciais são
defesa (BRASIL, uma categorização histórica das lutas com ou sem uso de implementos
1998). As lutas na
combinados com elementos filosóficos e/ou religiosos.
perspectiva teórica
dos PCNs (BRASIL,
1998) são atividades As práticas dos três elementos (lutas, esportes de combate e
de desenvolvimento artes marciais) podem ser trabalhadas em formato de conteúdo para
psicofísico e social. escolares. Por exemplo, atividades como briga de galo e cabo de
guerra são consideradas lutas, enquanto judô, caratê e luta olímpica
são esportes de combate; por sua vez, atividades de tai chi chuan são advindas
das artes marciais.

As ginásticas são conceituadas como técnicas de trabalho corporal que


assumem um caráter individualizado com finalidades diversas (BRASIL, 1998).
O conceito de ginástica sofre flutuabilidade durante a história das práticas físicas,
pois é anterior à definição de educação física e as práticas físicas em geral eram
conceituadas como ginástica.

74
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Atualmente, as práticas de ginásticas são utilizadas para


As práticas de
preparação física, aquecimento, relaxamento e, em inúmeras situações
ginásticas são
são recreativas, competitivas, cooperativas ou artísticas. Como utilizadas para
modalidade esportiva, envolvem ginástica artística, rítmica, acrobática, preparação física,
aeróbica, trampolim aquático, acrobática e a ginástica para todos. Além aquecimento,
dessas, as práticas de ginásticas em academias são muito difundidas relaxamento e, em
na sociedade. Todas envolvem ou não a utilização de materiais e inúmeras situações
são recreativas,
aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar livre e na água
competitivas,
(BRASIL, 1998). cooperativas ou
artísticas. Como
Na Educação Física escolar, as ginásticas trabalham o corpo modalidade
de modo variado das ginásticas tradicionais (de exercícios rígidos, esportiva, envolvem
mecânicos e repetitivos), pois visam aumentar a percepção do próprio ginástica artística,
rítmica, acrobática,
corpo no escolar: melhorar a consciência de batimento cardíaco,
aeróbica, trampolim
respiração, momentos de relaxamento e tensão muscular, mobilidade aquático, acrobática
articular, entre outras. A quantidade de esportes, jogos, lutas e e a ginástica para
ginásticas existentes é ampla, o que viabiliza a contextualização todos.
dos conteúdos para cada região, cidade e escola, de acordo com a
realidade e conjuntura que possibilitam as respectivas práticas.

Busque a descrição das atividades apresentadas na lista


de conteúdos a seguir que você desconhece. Essas atividades
contemplam uma parcela de possibilidades para o Ensino Fundamental
seguindo os PCNs (1998) e podem ser ampliadas ou reduzidas:

• jogos pré-desportivos: queimada, handebol de sete passes,


pique-bandeira, guerra das bolas, derrube a torre, gol a gol, chute
em gol, rebatida e drible, bobinho, dois toques, entre outros.
• jogos populares: bocha, malha, boliche, taco, entre outros.
• brincadeiras: amarelinha, formas de pular corda, elástico,
bambolê, bolinha de gude, pião, pipas, lenço atrás, corre cutia,
esconde-esconde, pega-pega, coelho sai da toca, duro ou mole,
agacha-agacha, mãe da rua, cabo de guerra, entre outros.
• atletismo: corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos,
de revezamento; saltos em distância, em altura, triplo, com vara;
arremessos de peso, de martelo, lançamento de dardo e disco,
entre outros.
• esportes coletivos: handebol, futebol de campo, futsal, basquete,
vôlei, vôlei de praia, handebol, futevôlei, entre outros.

75
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

• esportes com bastões e raquetes: beisebol, badminton, tênis de


mesa, tênis de campo, pingue-pongue, entre outros.
• esportes sobre rodas: ciclismo, carrinho de rolimã, entre outros.
• lutas: práticas de jiu-jitsu, judô, capoeira, caratê e kung-fu, entre outras.
• ginásticas: práticas adaptadas de academia (aeróbica, step, fit
dance), cambalhota, estrela, deslocamentos em ritmos variados,
entre outros.

• Atividades Rítmicas e Expressivas

Este bloco de Este bloco de conteúdos trata das danças e brincadeiras cantadas,
conteúdos trata trabalhadas com as manifestações da cultura corporal que possuem
das danças e
como fatores comuns a intenção de expressão e comunicação
brincadeiras
cantadas, mediante ações e a utilização de estímulos sonoros como referencial
trabalhadas com para o movimento corporal. No Brasil, existe uma ampla gama de
as manifestações expressões rítmicas que mostram a riqueza cultural do país, como
da cultura corporal o samba, o maracatu, o bumba meu boi, o frevo, a catira, o afoxé, o
que possuem baião, o xaxado, o xote, entre outras (BRASIL, 1998).
como fatores
comuns a intenção
de expressão A diversidade cultural que caracteriza o Brasil mostra na dança
e comunicação as diferentes expressões significativas. Isso faz com que as atividades
mediante ações rítmicas e expressivas formem um bloco inteiro, constituindo um amplo
e a utilização de leque de possibilidades de aprendizagem.
estímulos sonoros
como referencial
As danças podem ser trabalhadas de acordo com as próprias
para o movimento
corporal. concepções tradicionais ou ramificações, já que as danças são criadas
a todo instante: inúmeras influências são incorporadas e as expressões
rítmicas transformam-se, multiplicam-se. Algumas preservaram suas características
tradicionais, fortemente arraigadas, como os forrós que ocorrem no interior de Minas
Gerais, ao som da sanfona e sob a luz de um lampião (BRASIL, 1998).

Em outras regiões, a mesma expressão rítmica recebe múltiplas influências,


incorpora-as, transformando-as em novas danças, como os forrós do Nordeste,
que incorporaram os ritmos caribenhos e criaram a lambada. Em grandes
metrópoles existem diversas manifestações rítmicas, como o funk, o rap, o hip-
hop, as danças de salão, entre outras, que acontecem em diferentes locais de
prática e situações, desde festas em clubes até aulas nas praças públicas.

76
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Existem também expressões rítmicas eruditas, como a clássica, a


contemporânea, a moderna e o jazz, que podem ser apreciadas por meios de
mídia ou em apresentações teatrais nas escolas. Em diferentes locais do Brasil,
as danças podem estar associadas às manifestações religiosas ou celebrações,
como a timbalada, o olodum e as danças indígenas. A elevada imigração no
país também foi responsável por incorporar novas danças, especialmente dos
continentes europeu e africano.

Em outros casos, o ensino da dança também incorpora atividades rítmicas


extintas, mas que trazem importância pelo significado e origem. O professor de
Educação Física muitas vezes precisa revitalizar danças para incorporar no bloco
de conteúdo, como as lengaslengas, que combinam gestos simples ritmados
acompanhados de música canônica. As danças de roda e as cirandas também
são uma boa fonte para atividades rítmicas.

Por meio das danças, os alunos poderão ampliar o leque de gestos motores
e a qualidade do movimento que expressem leveza, peso, força, fraqueza,
velocidade, lentidão, fluidez, ruptura através da mobilização, intensidade, duração,
direção, entre outros fatores associados à comunicação corporal, sendo capaz de
analisá-los a partir destes e de outros referenciais. Neste bloco, os conteúdos
podem ser trabalhados para mostrar técnicas de execução de movimentos
e utilizar-se delas em outras atividades. O escolar pode ser capacitado para
improvisar, construir coreografias e, por fim, adotar atitudes de valorização e
apreciação das atividades rítmicas.

Veja a lista de exemplos de atividades rítmicas sugeridas pelos


PCNs para o Ensino Fundamental (1998):

• Expressões rítmicas brasileiras: baião, samba, baião, quadrilha,


valsa, afoxé, catira, bumba meu boi, maracatu, xaxado.
• Expressões rítmicas urbanas: funk, rap, break, dança de salão,
pagode.
• Expressões rítmicas eruditas: contemporâneas, clássicas, blues,
jazz, lounge.
• Expressões rítmicas e coreografias associadas às manifestações
culturais: blocos de afoxé, timbalada, olodum, trios elétricos, samba,
lengalengas, danças rítmicas de roda, cirandas, escravos de Jó.

77
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

• Critérios de avaliação

Os PCNs consideram que a avaliação deve ser utilizada pelo professor e


pelo aluno para que possam dimensionar os avanços e as dificuldades dentro do
processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos a fim de torná-lo cada vez
mais produtivo (BRASIL, 1998).

Tradicionalmente, as avaliações na Educação Física escolar foram resumidas


em testes de capacidades e habilidades físicas para verificar a aptidão do escolar.
Embora a aptidão física possa ser um dos aspectos a serem avaliados, esta deve
estar contextualizada dentro dos conteúdos e objetivos descritos em cada bloco e
deve considerar a diferença entre os indivíduos.

O objetivo da avaliação nesse caso é verificar potencialidade, limites e


possibilidades: para que o escolar possa compreender a função imediata da aptidão
física, o contexto a que ela se refere e, de posse dessa informação, traçar metas e
melhorar o desenvolvimento cognitivo, físico e emocional associados às práticas.

Por sua vez, a aptidão física é um dos fatores a serem considerados para que
a avaliação possa medir o conhecimento de jogos, brincadeiras e outras atividades
corporais, suas respectivas regras, estratégias e habilidades envolvidas, o grau
de independência nos cuidados do próprio corpo. Dessa maneira, os critérios
para avaliar o escolar no Ensino Fundamental devem estar associados com as
metas para cada aluno, assim como as melhoras das dimensões atitudinais,
procedimentais e conceituais em cada bloco de conteúdo explicitado.

MENDES, Evandra Hein. Metamorfoses na avaliação em


educação física: da formação inicial à prática pedagógica escolar.
Florianópolis, 2005.

PESTANA, Maria Inês. O sistema de avaliação brasileiro. Revista


Brasileira de Estudos Pedagógicos, Vol. 79, nº 191, 1998.

78
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Educação Física no Ensino Médio


Os escolares que participam das aulas no Ensino Médio são Os escolares que
sujeitos com construções socioculturais heterogêneas e personalidades participam das
diferenciadas – aqui cabe a ressalva de enxergá-los sem visão aulas no Ensino
estereotipada para entender as diferenças e percebê-los como pessoas Médio são sujeitos
com construções
que constituem histórias singulares, com diversas visões de mundo,
socioculturais
princípios, emoções, comportamentos e projetos de vida. heterogêneas e
personalidades
O Ensino Médio traz algumas singularidades que marcam a diferenciadas – aqui
geração e essa faixa de idade – os alunos estão se adaptando aos cabe a ressalva de
processos maturacionais que marcam a passagem da infância para a enxergá-los sem
visão estereotipada
fase adulta – isso somado ao conjunto de marcas simbólicas próprias
para entender
da cultura que constroem subjetividades e mostram a necessidade as diferenças
de estabelecimento de identidade e pertencimento a determinado e percebê-los
gênero, etnia, classe social, religião, filosofia, entre outros fatores que como pessoas
associam o sujeito a um determinado grupo. que constituem
histórias singulares,
com diversas
Essa necessidade e condição de pertencimento auxilia
visões de mundo,
no desenvolvimento dos alunos do Ensino Médio aos fatores princípios, emoções,
socioculturais. O escolar nessa faixa etária observa o contexto escolar comportamentos e
como um espaço de encontro, expressão, ascensão social, troca projetos de vida.
de afeto, lugar de tédio e de rotina sem sentido. São inúmeras as
formas de enxergar o contexto escolar nessa idade. Portanto, algumas perguntas
precisam ser formuladas para constituir o conteúdo da Educação Física – Quem
são os alunos desse contexto escolar? Quais são as necessidades desses
escolares? Qual seu contexto social, cultural e político?

Um dos grandes desafios nas aulas de Educação Física está na relação escola-
juventude e na tendência em tentar controlar e conceituar as culturas juvenis.

As manifestações fora do contexto escolar em festas, locais de práticas


desportivas e de atividade física, entre outras, são produções de cultura pelos
adolescentes e precisam ser reconhecidas pela Educação Física escolar para
formação do conteúdo. Em relação ao conhecimento sobre o corpo, algumas
questões estão resolvidas razoavelmente, como é o caso da maturação,
crescimento e das modificações anatômicas repentinas e desconfortáveis.

79
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Porém, em relação às vivências de práticas corporais, ainda existem


muitas inquietudes para serem discutidas, analisadas e criticadas. Por exemplo,
as experiências que alguns escolares trazem de academias de ginástica, lutas
e dança, vivências nos clubes esportivos, muitas vezes, são exclusivas ou
inapropriadas, o que evidencia a necessidade de diálogo no conteúdo ministrado
durante a Educação Física.

Na maior parte das vezes, tais experiências são objeto de críticas severas
no que tange à intensa característica mercadológica, ao estabelecimento de
estereótipos e ao discurso midiático.

Atividade de Estudos:

1) Reflita sobre o Ensino Médio e a falta de amigos.

a) Como o conteúdo da Educação Física pode favorecer a inserção


de alunos mais solitários no grupo?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

b) Como questões sobre sexualidade podem ser abordadas


durante as aulas para falar sobre desejos, diferenças de gênero,
orientação sexual e de outros temas pertinentes?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

c) Quais diálogos podem ser estabelecidos com os jovens do Ensino


Médio para tratar de problemas com os pais durante as aulas de
Educação Física?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

80
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

d) Como lidar com o estresse relacionado ao desempenho escolar


através de práticas físicas?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

e) Na sua opinião, quais são as principais questões sobre aparência


e como elas podem ser abordadas durante as aulas?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

f) Como reduzir ataques verbais durante as aulas de Educação


Física escolar, uma vez que nessa faixa etária existe uma
tendência para utilização de palavras depreciativas, apelidos e
palavras ferinas?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

g) Há algo de especial em mim? Este é um dos questionamentos


mais frequentes entre adolescentes, nesse sentido, como a
Educação Física escolar pode auxiliar o jovem a descobrir as
próprias potencialidades?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

h) Como lidar com características físicas e mentais que os jovens


julgam serem ruins e que estão associadas aos sentimentos de
culpa e vergonha?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

81
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

a) Objetivos gerais

A Educação Física escolar no Ensino Médio é direcionada


A Educação Física
escolar no Ensino ao desenvolvimento de competências e habilidades associadas
Médio é direcionada ao funcionamento do organismo humano, de forma a fazer com
ao desenvolvimento que o adolescente reconheça e modifique as atividades corporais,
de competências valorizando-as como um recurso para aperfeiçoamento das próprias
e habilidades aptidões físicas.
associadas ao
funcionamento
do organismo Do mesmo modo, os PCNs (2000) indicam a necessidade de
humano, de forma desenvolver noções conceituais sobre esforço, intensidade e frequência
a fazer com que com aplicação de práticas corporais.
o adolescente
reconheça e Outro objetivo é aumentar a reflexão sobre as informações
modifique as
específicas da cultura corporal, para que o aluno seja capaz de discerni-
atividades corporais,
valorizando-as como las e reinterpretá-las com bases científicas, adotando uma postura mais
um recurso para autônoma na seleção das próprias ações, atividades e procedimentos
aperfeiçoamento para melhora da qualidade de vida e manutenção da saúde.
das próprias
aptidões físicas. Através das práticas dos conteúdos, também é visado que o
escolar assuma uma postura ativa na prática das atividades e que se
conscientize da essencialidade delas enquanto cidadão.

Atividade de Estudos:

1) A Educação Física como disciplina curricular deve tratar da cultura


corporal no seu sentido mais amplo, proporcionando ao aluno
consciência crítica para o exercício da cidadania no cumprimento
de posicionamentos éticos. Portanto, as aulas devem ser num
ambiente em que os alunos tenham condições de usufruir dos...

a) jogos, esportes, performance, lutas e ginásticas em benefício da


melhoria da qualidade de vida e do estilo de vida.
b) jogos, esportes, rendimento, lutas e ginásticas em benefício do
exercício e da qualidade de vida.
c) jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em benefício do
exercício crítico da cidadania e da melhor qualidade de vida.
d) jogos, esportes, danças, musculação e ginásticas em benefício
do exercício crítico da cidadania e do estilo de vida.

82
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

b) A escola como espaço sociocultural e da diversidade

A identidade da Educação Física escolar é desenvolvida a partir de processos


de negociação e disputa de valores, perspectivas e concepções. Professores,
pais, alunos, diretores e coordenadores pedagógicos, todos compreendem o
papel dos conteúdos administrados no Ensino Médio para a formação dos alunos
e, por consequência, o papel da Educação Física nesse projeto de formação.

Ao longo do processo histórico, a Educação Física na escola teve diversas


funções, desde a preparação do escolar para atividades ocupacionais, assepsia
e eugenização (e.g. busca por uma raça forte e enérgica) do corpo, formação
de atletas, terapias psicomotoras até a atividade disciplinadora (BRASIL, 2000).
Em contrapartida, os conteúdos também podem promover espaço e tempo para
encontrar amigos, possibilidade de realização de práticas de lazer, momento de
ócio criativo, entre outros inúmeros benefícios.

Ao passo que a
Ao passo que a Educação Física no Ensino Médio, atualmente, Educação Física
trabalha com o aumento do entendimento que os alunos têm de si no Ensino Médio,
mesmos, do próprio corpo e dos corpos de outras pessoas. Os atualmente, trabalha
conteúdos também são um meio de alicerçar valores e posicionamentos com o aumento
éticos e estéticos, de projetos pessoais e para esclarecer o papel que do entendimento
que os alunos têm
a escola possui nesses projetos.
de si mesmos,
do próprio corpo
Todos esses desafios constroem o papel da Educação Física e dos corpos de
escolar e de outros fatores que podem ocupar a vida dos escolares. outras pessoas. Os
A partir dessa pluralidade em interação com a Educação Física na conteúdos também
escola, cabe o desenvolvimento de conteúdos para contribuir na são um meio de
alicerçar valores e
formação dos escolares.
posicionamentos
éticos e estéticos,
A utilização dos conteúdos como meio de formação é fruto de de projetos pessoais
uma série de debates que o campo da Educação Física realiza desde e para esclarecer o
o final da década de 1980. Portanto, dialogar sobre as características papel que a escola
das aulas da Educação Física no Ensino Médio necessita da reflexão possui nesses
projetos.
sobre alguns pontos de partida essenciais para a compreensão das
perspectivas dessa disciplina nessa etapa da educação básica.

O primeiro desafio no Ensino Médio está associado ao local das práticas


corporais no processo educacional, conceituando-as como uma linguagem
corporal com meio, métodos e técnicas particulares de uso. Pode-se aprender
a dialogar em uma aula de Educação Física com o corpo e comportamento, ao
invés da escrita ou meios audiovisuais.

83
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

A aprendizagem sobre o corpo em diferentes direções é essencial nesse


momento, pois as práticas corporais possuem valores nelas mesmas, sem
precisarem ser traduzidas para outras linguagens para o seu reconhecimento.
Estão diretamente associadas à estética e à percepção dos alunos sobre si
mesmos e sobre os demais colegas.

Por meio do movimento, os jovens retratam o próprio contexto em valores,


sentimentos, atitudes, e se tornam modelos culturais desse contexto.

Em relação ao meio escolar, para o jovem esse é um local repleto de


peculiaridades, rituais, valores e procedimentos que lhe são próprios. Ainda que
diversos fatores estejam presentes de uma forma aparentemente uniforme, as
instituições são o resultado daqueles que as compõem (diretor, coordenador,
professores, funcionários, escolares, entre outros) e do contexto em que estão
inseridas. É um local de desenvolvimento criativo e de reprodução dos valores,
culturas e saberes.

A escola comporta os ordenamentos legais para seu funcionamento, assim


como engloba a ação dos indivíduos que a frequentam.

Ver o meio escolar como espaço sociocultural remete aos


seguintes questionamentos:

1) Qual projeto cultural queremos construir utilizando o conteúdo da


Educação Física escolar?

2) Quem são os escolares a quem destinamos nosso trabalho?

3) Quais escolhas devem ser privilegiadas nos conteúdos durante


as aulas de Educação Física?

c) Práticas corporais

O conteúdo para o Ensino Médio precisa ser estruturado para atender às


demandas postas pela inclusão de diversos componentes em práticas corporais
nas propostas curriculares, como na área de conhecimento da Educação Física
(BRASIL, 1998). Nesse contexto, as atividades e a forma de aplicação dos

84
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

conteúdos ganham papel central na formação dos alunos a fim de compreenderem


a linguagem corporal como relevante para a própria vida, como integradora social
e formadora de identidade.

Desse modo, a concepção dos conteúdos no Ensino Médio deve permear


as práticas corporais como produções culturais e fazer com que os escolares
as compreendam como linguagens que expressam e comunicam significados,
emoções, sentidos, princípios e manifestações da sociedade na qual estão
inseridos (BRASIL, 1998).

O conteúdo deve articular, de forma crítica e complexa, as práticas corporais


associadas às temáticas: nutrição, saúde e estética, fome e obesidade, estilo de
vida e prática de exercício, saúde versus sedentarismo, efeitos fisiológicos do
exercício no organismo, alteração de regras dos esportes, promoção de saúde e
qualidade de vida, espaços urbanos de atividade física e lazer, entre outros temas
polêmicos que exijam discussão para melhora da comunidade.
O conteúdo,
O conteúdo, como principal responsável pela organização das como principal
responsável pela
situações de aprendizagem, deve ser desenvolvido para promover
organização das
o valor das práticas corporais na sociedade e durante as aulas de situações de
Educação Física (BRASIL, 1998). aprendizagem, deve
ser desenvolvido
Por isso, o planejamento anual e semanal das aulas com objetivos para promover
e finalidades predeterminadas dos conteúdos se torna essencial o valor das
práticas corporais
para garantir que as etapas do desenvolvimento escolar tenham
na sociedade e
identificação, ampliação e aprofundamento dos conteúdos em sua durante as aulas
teoria e prática. Através do planejamento das práticas corporais fica de Educação Física
viável organizar o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, físico e (BRASIL, 1998).
motor dos escolares, melhorando a relação consigo e com o contexto
em que estão inseridos.

As práticas corporais para o Ensino Médio, por exemplo, devem ser atrativas,
dinâmicas, interessantes e estimulantes. O conteúdo deve propor desafios que
incluam jogos, competições, danças, eventos, teatro, musicalidade, expressão
corporal, assim como práticas de aptidão física, estafetas, leitura e trabalhos
sobre artigos e documentários, dinâmicas de grupo, dentre outros recursos. As
práticas corporais precisam manter um foco elevado na melhora dos hábitos de
vida, direcionando-os para formas saudáveis.

Os conteúdos precisam proporcionar o conhecimento sobre cidadania e


consciência crítica diante da cultura corporal de movimento, formando um escolar
capaz de mudar as práticas corporais em razão da melhora da qualidade de
vida. Portanto, as práticas corporais precisam mostrar diversidade e reforçar

85
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

a importância do processo avaliativo ao final de cada etapa. A avaliação deve


ser necessária, tanto para o escolar quanto para o professor, para que ambos
possam dimensionar os avanços nos conteúdos propostos e as dificuldades
dentro do processo de ensino e aprendizagem, tornando esse processo cada vez
mais produtivo (BRASIL, 1998).

d) Forma esportiva/competitiva: prós e contras

Nos tópicos anteriores, o esporte no Ensino Fundamental foi tratado como


conteúdo primário, no entanto, é necessário reconhecer a ênfase da Educação
Física no desenvolvimento de conteúdos em forma de esporte e competição,
deixando de lado outros comportamentos necessários na formação do indivíduo,
particularmente no Ensino Médio, momento em que a competitividade entre os
escolares aumenta.

Ao longo da história, os conteúdos da Educação Física foram transformados


em práticas de disputas – desde jogos até danças de salão – com regras formais
e institucionalização. A Educação Física escolar está em constante interação com
o meio e, por isso, sofreu o processo de esportivização. Essa maneira de tratar o
conteúdo transformou a competição como um dos principais processos educativos
durante as aulas.

A competitividade ganhou força e desempenhou papéis distintos ao longo da


história da Educação Física – diversas vezes a favor da indústria cultural, o que
gerou o processo de seleção e exclusão nas práticas físicas. Diversas justificativas
deram suporte à implantação do modelo esportivo na sociedade, desde a
formação de atletas, vistos como heróis para servirem de exemplo para crianças
e adolescentes, até justificativas econômicas, em que o consumo de produtos e
serviços é gerador de emprego e renda, e o discurso de que a prática de esportes
está associada à redução de problemas de saúde, utilização de drogas e outros
fatores socialmente negativos.

Dessa maneira, uma das funções da Educação Física no ensino escolar é


descaracterizá-la dessa exacerbada orientação competitiva. Por exemplo, pode-
se ensinar sobre cooperação e respeito mútuo através do jogo de capoeira, que é
uma brincadeira e traz elementos culturais enriquecedores, ao jogar e simular com
o outro uma dança, um confronto controlado de maneira cuidadosa, cooperativa,
sem realmente atingi-lo e que está vinculada aos elementos étnico-raciais.

Outras atividades também podem ser instrumentalizadas para aumentar


os elementos culturais e as orientações cooperativas nas atividades propostas
aos alunos.

86
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

É necessário reduzir no Ensino Médio os gestos padronizados É necessário reduzir


pela performance de alguns atletas, a hegemonia da esportivização e a no Ensino Médio os
gestos padronizados
necessidade de formação de equipes exclusivas para as competições.
pela performance
de alguns atletas,
e) Conteúdos da educação física e influências externas à a hegemonia da
escola: atitudes, conceitos e procedimentos esportivização e
a necessidade
Muitas mudanças aconteceram durante as últimas quatro de formação
de equipes
décadas na Educação Física brasileira, especialmente quando se trata
exclusivas para as
do Ensino Médio, que lida com o desafio da construção de identidade competições.
e coletividade. As novas abordagens pedagógicas trazem consigo a
sugestão de inserir nos conteúdos a ideia de superação de modelos de dualidade
e elitização das escolas – modelo que integra a preparação para o vestibular e
uma entrada acrítica para o mundo do trabalho.

Cabe aqui tratar o conteúdo como um alicerce para explicar a necessidade de


repouso perante o esforço e a importância do ócio para criação e desenvolvimento
de ideias. Nessa perspectiva é necessário pensar em algumas perguntas.

Na sua opinião, na perspectiva da escola e dos alunos, qual é o


papel da Educação Física?

O que pode ser inovado na disciplina da Educação Física como


componente curricular, lembrando que a mesma é bastante singular
quando comparada com as outras disciplinas por ter práticas físicas
como predominantes em seus meios de ensino?

Para aplicar
os conteúdos
da Educação
Para aplicar os conteúdos da Educação Física escolar, é Física escolar,
é necessário
necessário verificar os tipos de relações que o escolar estabelece
verificar os tipos
com o contexto e para reforçar os ensinamentos trazidos dos anos de relações que o
anteriores, desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental. Veja escolar estabelece
o exemplo a seguir retirado dos PCNs da Secretaria de Pernambuco com o contexto
para Educação Física escolar: e para reforçar
os ensinamentos
trazidos dos anos
anteriores, desde
a Educação Infantil
até o Ensino
Fundamental.

87
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Quadro 3 - Exemplo de extensão do ensino da Educação


Infantil para o Ensino Fundamental e Ensino Médio
Idade Tempo de Denominação nas
Níveis Etapas Características da progressão
(anos) permanência escolas da Rede
A partir Organiza a identidade dos
Educação Infantil

1,5 a 3 Até 2007 de dados da realidade. Averiguá,

Identificação da realidade
Creche 2 anos 2008 C verifica, identifica e explora o
3a4 conhecimento já existente.

Pré 4a5 2 anos Percebe os dados da


A
escolar 5a6 Alfabetização 1º ano realidade de forma dispersa.

6a7 1º série 2º ano


Forma sistemas e relaciona
7a8 2º série 3º ano SQ semelhanças e diferenças.
8a9 3º série 4º ano
Anos Inicia a sistematização do
Iniciais conhecimento Esclarece o
9 a 10 4º série 5º ano C sentido, traduz para si a ideia,
5 anos capta a intenção, a função

Indicação à sistematização
10 a Conscientiza-se de sua
5º série 6º ano atividade mental, de seu
11
potencial de abstração,
confrontando a realidade com
seu pensamento. Começa
A
Ensino Fundamental

a estabelecer relações
11 a complexas, considerando
12 o social, no qual as
6º série 7º ano semelhanças e diferenças se
estabelecem continuamente.
12 a Inicia o estabelecimento
4 anos SQ
13 de generalizações
Amplia a sistematização
Anos do conhecimento.
Ampliação da sistematização

13 a
Finais 7º série 8º ano C Começa a perceber as
14 propriedades gerais e
regulares dos fenômenos

Toma consciência do
A referencial dos conceitos no
seu pensamento, da teoria.
14 a 8º série 9º ano
15
Reorganiza a identificação
SQ da realidade, através do
pensamento teórico.

Aprofunda a sistematização
do conhecimento.
15 a Desenvolve explanações e
Aprofundamento da sistematização

1º ano 1º ano C
16 traduz para outro a ideia,
exprime a intencionalidade
e a funcionalidade.
Reconhece a relação
Ensino Médio

entre as particularidades
Única 3 anos e as generalidades,
16 a as diversidades e
2º ano 2º ano A
17 as regularidades do
conhecimento. É momento
e situação de síntese
de aprendizagem.
Reconhece a relação entre
17 a o que é comum entre os
3º ano 3º ano SQ
18 distintos fenômenos e o
que é próprio de cada um.

Fonte: Secretaria de Pernambuco (2013).

88
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

No quadro anterior, percebe-se que o Ensino Médio é um momento de


aprofundar o conhecimento sobre as práticas corporais antes aprendidas e de
socialização e aumento de compreensão do mundo através do conjunto de
conteúdos sistematizados.

Apesar da aula de Educação Física ocorrer pontualmente em alguns


momentos da semana na vida dos escolares, tais práticas ultrapassam os muros
da escola e são encontradas em ambientes que se distinguem dos demais por
serem espaços arejados, com equipamentos próprios de cada prática a fim de
causar interação comunitária. Por isso, os conteúdos devem estimular o escolar
a procurar espaços capazes de serem utilizados para práticas, como praças,
parques, montanhas, rios, praias, entre outros locais que oportunizem a prática
de atividade física. Por sua vez, ao realizar as atividades coletivas, espera-se que
o aluno estabeleça relações individuais e sociais, tendo a cultura corporal como
alicerce para melhoria dessas interações.

A Educação Física como componente escolar do Ensino Médio


deve garantir aos alunos:

• Aumento de cultura no que se refere a oportunizar vivências de


práticas corporais.
• Compreensão do papel do corpo no mundo de produção, em
relação ao controle próprio da relação esforço, recuperação e
momento de lazer.
• Elevação da proatividade dos alunos em atividades coletivas de
práticas corporais.
• Estimulação da iniciativa própria para desenvolver, planejar e
buscar orientação sobre as práticas corporais.
• Desenvolvimento de diálogo crítico sobre as iniciativas públicas
na criação de espaços de prática de esporte, atividades de lazer
e organização comunitária das manifestações e vivências da
cultura corporal.

89
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Particularmente, O processo de escolha e seleção do conteúdo é complexo,


no Ensino Médio a intencional e político, e, como tal, é sempre resultado de diálogo,
formação de opinião conflito e luta de poder dentro e fora da escola. Particularmente, no
é evidenciada
Ensino Médio a formação de opinião é evidenciada e é por meio do
e é por meio do
currículo que a currículo que a escola mostra saberes, valores e formas de socialização
escola mostra que alicerçarão a vida do escolar. Por exemplo, a maneira de tratar ou
saberes, valores de ocultar temas polêmicos, como a escravatura, desigualdade social
e formas de e o preconceito, espelha o posicionamento político que a escola e o
socialização que contexto em que está inserida têm dessas questões.
alicerçarão a vida do
escolar.
A seleção e escolha dos conteúdos afetam diretamente a todos
na escola de maneiras diferentes – desde o meio de convívio até os significados
atribuídos aos esportes, danças, jogos, lutas e ginásticas. Portanto, os conteúdos
da Educação Física escolar são construídos a partir de uma multiplicidade de
atividades produzidas no interior de contextos culturais diferenciados.

Essas práticas corporais também são culturais e produzem relações em


diferentes interações enriquecedoras, por poder incluir temas universais, como
educação ambiental, inclusão social, ética, saúde, pluralidade, sexualidade,
trabalho e consumo.

No capítulo 4 você encontrará atividades e conteúdo de aplicação


prática nas dinâmicas e inovação em conteúdo da Educação Física
escolar baseadas nos temas transversais.

• Conhecimento sobre o corpo

Durante o Ensino Médio, é evidente que a Educação Física escolar possui


dificuldade em trabalhar com os alunos. Em razão da falta de interesse por
conteúdos específicos da disciplina, muitos escolares mostram dificuldade
de vivência prática em atividades que não foram aprendidas durante o Ensino
Fundamental. Além da percepção sobre a Educação Física escolar como uma
disciplina não formadora, que não está diretamente associada aos recursos
que aumentem as chances de entrada em instituições de ensino superior ou na
qualificação para atividades ocupacionais.

90
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Portanto, a Educação Física, nesse momento, é vista com


uma atividade de lazer e recreação, que diminui o estresse e sem A partir destas
significado de conhecimento, ou seja, a disciplina é estigmatizada questões, o bloco
por associar o ato motor apenas à produção de movimento. Isso gera de conhecimento
sobre o estudo do
falta de comprometimento por parte do professor, aluno e escola
corpo aplicado no
na aplicação dos conteúdos durante as aulas. Simultaneamente, o Ensino Médio deve
adolescente mostra preocupação em ter aceitação social através do realizar estudos
corpo e considera o julgamento social de seus colegas algo importante, conceituais sobre
por modelar padrões estabelecidos pela mídia. a representação
dele a partir da
história, religião,
A partir destas questões, o bloco de conhecimento sobre o estudo
cultura e sociedade
do corpo aplicado no Ensino Médio deve realizar estudos conceituais em intercâmbio
sobre a representação dele a partir da história, religião, cultura e com os temas da
sociedade em intercâmbio com os temas da comunidade escolar, comunidade escolar
como mostra o exemplo a seguir:

Quadro 4 – Temas da comunidade escolar x temas específicos da educação física

Fonte: Parâmetros Curriculares no Ensino Médio (BRASIL, 2000).

No quadro acima os PCNs fazem um paralelo entre temas gerais abordados


pela comunidade escolar num todo e um segmento de como tais temas podem
ser trabalhados na Educação Física (BRASIL, 2000). Por exemplo, quando a
comunidade trabalha com O corpo e a indústria cultural, a Educação Física pode
trabalhar com jogos sobre mitos e verdades sobre o corpo – para estabelecer
parâmetros reais sobre a percepção do corpo em temas relacionados à estética,
comportamento, expressão, entre outras formas.
91
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Assista ao debate e às entrevistas que ocorreram no programa


Um Salto Para o Futuro sobre juventude e sexualidade no Ensino
Médio entre jovens e estudantes disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=Nt2euhcA4ww>. Acesso em 16 abr. 2018.

• Esportes, Jogos, Lutas e Ginástica

A ginástica científica e sistemática era considerada um excelente veículo


educativo devido ao seu caráter disciplinador e relacionado à saúde no início
do século XX e, ainda hoje, algumas aulas de Educação Física escolar utilizam
as lições de ginásticas de maneira analítica e direcionada para melhora de
aptidão física. Porém, a Educação Física visa contribuir para o conhecimento,
experimentação e elevação dos níveis de pensamento crítico com grande ênfase
no Ensino Médio. Momento em que os alunos refletem sobre o mercado de
trabalho, a escolha de carreira, o grupo de convivência e a respeito de outras
inúmeras escolhas que se tornarão responsabilidade.

A ginástica, assim como outras práticas corporais, precisa desafiar


No Ensino Médio, a liberdade de agir e descobrir formas de ação individual e coletiva
a ginástica deve
que façam com que o adolescente interprete o contexto em diferentes
contribuir para
elevar o padrão significados e sentidos, com seus diferentes códigos. Em seus
cultural dos diferentes contextos, definir um conteúdo a partir da ginástica significa
estudantes e para reconhecê-la como uma prática corporal que utiliza ações gímnicas
contrapor as visões com fundamentos, formas, bases e diferentes modalidades para
unilaterais a partir problematizar questões referentes ao trabalho, saúde, lazer etc. Isso
dos seguintes
torna o escolar autônomo e capaz de administrar, de julgar programas
critérios: ampliar a
compreensão sobre de atividade física ao longo da vida.
representação,
regularizar o No Ensino Médio, a ginástica deve contribuir para elevar o padrão
conteúdo em favor cultural dos estudantes e para contrapor as visões unilaterais a partir
da aprendizagem dos seguintes critérios: ampliar a compreensão sobre representação,
organizada em
regularizar o conteúdo em favor da aprendizagem organizada em ciclos
ciclos para facilitar
o entendimento para facilitar o entendimento relacionado ao conteúdo mediante a
relacionado ao formação crítica e emancipatória. A ginástica, em seus fundamentos,
conteúdo mediante bases e modalidades, deve fazer parte do conteúdo do Ensino Médio,
a formação crítica e contribuindo para a reflexão sobre ação-contexto.
emancipatória.

92
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Outro conteúdo que pertence ao mesmo bloco é a luta, entendida como


atividade que objetiva realizar ações de confronto entre duas pessoas – uma
disputa que exige estratégias de equilíbrio-desequilíbrio e uma combinação
de ações de ataque e defesa para domínio sobre o outro ou sobre o espaço
(BRASIL, 2000). As práticas de lutas no Ensino Médio são meios de ensino sobre
o próprio corpo e dos demais colegas, em pleno desenvolvimento de capacidades
e habilidades físicas. Além disso, as lutas conscientizam os escolares sobre como
evitar ou extinguir atitudes agressivas, violentas e desleais.

Ao longo do Ensino Médio, o trabalho com lutas também pode ser palco de
discussão de gênero, uma vez que essas práticas estão associadas historicamente
ao domínio masculino, o que causa preconceito por parte das moças. Além disso,
algumas lutas exigem movimentos amplos, como o taekwondo e a capoeira, assim
como outras que necessitam de maior contato corporal, como o jiu-jitsu ou judô.

Assim como as atividades rítmicas, as lutas também transmitem


Assim como as
parte da herança cultural do local onde foram desenvolvidas, diante
atividades rítmicas,
disso, uma das temáticas mais estimulantes entre jovens é a luta as lutas também
indígena huka-huka, que traz em si a identidade cultural de índios do transmitem parte
Alto Xingu e pode ser utilizada nas aulas como uma maneira de ensinar da herança cultural
processos ritualísticos e históricos sobre essa população tão pouco do local onde foram
mencionada no conteúdo da Educação Física escolar (BRASIL, 2000). desenvolvidas

Jogos são um ato de intencionalidade e curiosidade que resultam em um


processo criativo e inventivo de modificar e simular a realidade. O jogo oferece
situações de aprendizagem ricas em elementos conceituais através da sua
aprendizagem cultural, assim como atitudinal em ética e princípios de convivência,
e o procedimental que visa à aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades.
Especialmente no Ensino Médio, o jogo, com seu valor formativo e educativo,
contribui para a construção da personalidade, no desenvolvimento de tomada de
decisão frente aos desafios para solucionar de forma coletiva e individual.

A cultura lúdica deve ser cultivada durante o Ensino Médio ao longo das aulas
de Educação Física escolar para oportunizar manifestações de jogos, desde os
regionais até aos jogos de salão, de tabuleiro, de mesa, de rua e outros jogos de
modo geral.

93
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

O jogo nas aulas de Educação Física não visa ao rendimento


técnico, nem pode ser considerado somente um momento
de descontração – necessita ser abordado para aumentar o
conhecimento necessário para a vida do jovem. Como os jogos
aplicados como conteúdo no Ensino Médio poderiam ser divididos de
acordo com o tipo de informação e cultura?

• Jogos de salão: usam tabuleiros e pequenas peças para


representação dos jogadores e têm regras predeterminadas.
• Jogos populares: possuem elementos que podem ser alterados
ou flexibilizados pelos próprios jogadores além das regras
flexíveis.
• Jogos esportivos: se aproximam dos esportes de quadra e têm
essência lúdica.

Essa classificação objetiva organizar os jogos para proporcionar melhor


delimitação em formato de conteúdo às práticas pedagógicas da Educação Física
(PERNAMBUCO, 2013).

O ensino do esporte O ensino do esporte no Ensino Médio necessita propiciar aos


no Ensino Médio escolares sua complexidade histórica, social e política, assim como,
necessita propiciar durante este momento, exige aprofundamento e reconhecimento
aos escolares sua
das dimensões: técnica, tática e das regras respectivas para cada
complexidade
histórica, social modalidade. Busca-se uma compreensão crítica por parte dos alunos
e política, assim relacionada aos elementos básicos até a complexidade da competição
como, durante este esportiva, expressão social e histórica.
momento, exige
aprofundamento e Outro desafio para o Ensino Médio é a proposta de conteúdos
reconhecimento das
relacionados aos esportes menos conhecidos na cultura brasileira,
dimensões: técnica,
tática e das regras em vez de trabalhar apenas com aqueles mais populares (e.g. futebol,
respectivas para basquetebol, voleibol e handebol).
cada modalidade.
Baseando-se nos meios ambientais e culturais, é possível fazer com
que jovens vivenciem esportes e práticas físicas em meio à natureza, e uma variedade
de práticas do atletismo, badminton, peteca, rúgbi, baseball, futebol americano,
natação, corfebol, frisbee, punhobol, cricket, entre outras (PERNAMBUCO, 2013),
que são diversas vezes negligenciadas durante o ensino básico.

94
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Atividade de Estudos:

1) Leia atentamente:

O campo de jogo é de 23-25m de comprimento x 15-17m de


largura; utiliza quadro e uma rede com inclinação; cada equipe
pode ter até 12 jogadores (sete titulares e cinco reservas); toda
vez que a bola tocar na perna ou houver mais de três passes será
considerado falta; uma equipe marca ponto quando a bola bate no
quadro, volta e bate na perna do adversário, no chão ou quando
existe perda de controle dessa bola após o contato com o quadro;
cada partida tem três tempos de 15 minutos.

Qual o nome desse esporte?


_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________

• Atividades Rítmicas e Expressivas

No Ensino Médio, as expressões rítmicas são um bloco de conteúdo que


contribui para aprofundar a cultura corporal dos alunos. Pelas expressões
rítmicas é possível trabalhar a formação de significados e representações, de
especificidades e generalizações acerca do conteúdo de dança, emancipação
humana quanto à expressão corporal mediante um posicionamento, formação de
opinião crítica, direta e intencional e respeito às diferenças culturais, sociais e
étnicas. Com destaque às expressões rítmicas folclóricas, populares
brasileiras e estrangeiras, cada qual com características diversificadas As reflexões
que influenciam o pensar, sentir e agir das respectivas localidades. transitam pelos
cenários nos quais
os estereótipos de
Durante o ensino do bloco de expressão rítmica no Ensino Médio movimento e gênero
também são trazidas à tona reflexões sobre estereótipos de gênero se constroem
e movimento. As reflexões transitam pelos cenários nos quais os durante as aulas
estereótipos de movimento e gênero se constroem durante as aulas do do Ensino Médio e
Ensino Médio e implicam no pensar e fazer a dança. implicam no pensar
e fazer a dança.

95
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Um recente estudo mostra resultados que apontam para reprodução dos


papéis historicamente representados por homens e mulheres e que, embora a
dança seja fortemente marcada por esses estereótipos, algumas transgressões
ou ousadias relacionadas ao movimento e gênero começaram no Ensino Médio
(KLEINUBING et al., 2013).

Alguns colégios têm oferecido oficinas especiais de modalidades


esportivas não convencionais, como rúgbi, frisbee, práticas de circo,
capoeira, judô, entre outras.

Para saber mais, veja o caso do Colégio Santa Maria. Disponível


em: <http://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-dos-colegios-santa-
maria/motivando-alunos-com-a-presenca-de-ex-alunos/>. Acesso em
16 abr. 2018.

• Critérios de Avaliação

Na Educação Física, a avaliação responsabiliza-se a saber se o jovem


aprendeu a conhecer o próprio corpo e a compreender a atividade física como
fator de qualidade de vida (LUCKESI, 2001). O professor de Educação Física
mostra condição privilegiada para avaliar dimensões conceituais, processuais e
atitudinais, pois a capacidade geral de apropriação das atitudes éticas, conceitos
e habilidades é evidente nas situações de aula, pela natureza de seus conteúdos
e estratégias realizadas durante as atividades (BETTI; ZULIANI, 2002). Não
se pode apenas considerar a frequência às aulas ou a participação em jogos e
competições, muito menos comparar talentosos versus não talentosos.

Não há fórmula pronta para avaliar, mas é necessário detectar as dificuldades


e os progressos dos escolares (LUCKESI, 2001). O mais indicado é não utilizar
um só padrão para todos os jovens, mas fazer um diagnóstico inicial para poder
acompanhar o desenvolvimento de cada um dos escolares (LUCKESI, 2001;
DARIDO, 1997).

96
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

AlGumas ConsideraçÕes
Este capítulo mostrou como os PCNs (1998) orientam a direção e a
abordagem dos conteúdos escolares em procedimentos, conceitos e atitudes,
uma vez que apontam para uma valorização dos procedimentos sem restringi-los
ao contexto dos fundamentos dos esportes ou das habilidades motoras. Por sua
vez, segundo a própria abordagem pedagógica, a responsabilidade dos conteúdos
da Educação Física básica é otimizar a aprendizagem e componentes associados
à formação de cidadãos e da melhora da qualidade de vida.

No contexto do ensino e aprendizagem, o professor é um facilitador da


compreensão e um encorajador de reflexões tidas pelos alunos e por si mesmo.
No Ensino Fundamental indica-se redirecionar o uso de automatização e atenção
para o aperfeiçoamento de movimentos e o aumento da velocidade de tomada de
decisão para situações conhecidas.

Os conteúdos da Educação Física escolar sofrem influência do


desenvolvimento de afeto e confiança mútuos para satisfazer algumas
necessidades fundamentais para o desenvolvimento das práticas, as quais
envolvem um grau de risco físico, excitação somática, experiências e vivências
anteriores dos escolares associadas à satisfação e frustração, e à exposição do
escolar ao contexto social.

O escolar precisa conhecer as características e a natureza das ações


corporais para que possa construir esses movimentos diante dos valores e
adequações contextuais particulares. Necessita participar de práticas corporais
associadas a um relacionamento equilibrado e construtivista entre os escolares,
reconhecendo e respeitando características mentais e físicas, e do desempenho
de si mesmo e dos outros, sem discriminar pelas particularidades de cada um.

O Ensino Fundamental mostra algumas particularidades e preocupação


eminente em garantir coerência com a concepção exposta pelos PCNs
para seleção e organização dos conteúdos e concretizá-los com relevância
social e considerações sobre as características dos escolares associadas às
particularidades do ensino da Educação Física com seus respectivos conteúdos.

Ao passo que a Educação Física no Ensino Médio, atualmente, trabalha com


o aumento do entendimento que os alunos têm de si mesmos, do próprio corpo
e do corpo de outras pessoas. Os conteúdos são um meio de alicerçar valores
e posicionamentos éticos e estéticos, de projetos pessoais, e para esclarecer o
papel que a escola possui nesses projetos.

97
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Os conteúdos das aulas de Educação Física escolar são organizados nos


três blocos (esportes, jogos, ginásticas e lutas/atividades rítmicas e expressivas/
conhecimento sobre o corpo) desenvolvidos ao longo do Ensino Fundamental.
A seleção e escolha dos conteúdos afetam diretamente a todos na escola de
maneiras diferentes – desde o meio de convívio até os significados atribuídos aos
esportes, danças, jogos, lutas e ginásticas.

Os PCNs consideram que a avaliação deve ser utilizada pelo professor e


pelo aluno para que possam dimensionar os avanços e as dificuldades dentro
do processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos, a fim de torná-los cada
vez mais produtivos ao analisar caso por caso. No próximo capítulo, a aplicação
prática das teorias sobre cada bloco de conteúdos da Educação Física na escola
será mostrada para elucidar como o professor pode utilizar os Parâmetros
Curriculares no planejamento das aulas de acordo com os ciclos escolares.

ReferÊncias
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98
Capítulo 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O APROFUNDAMENTO NA ESTRUTURA
CURRICULAR DOS PCNS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

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99
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

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100
C APÍTULO 3
Aplicação dos Conteúdos na
Educação Física da Escola

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Entender o processo de organização e distribuição dos conteúdos da Educação


Física escolar.

 Saber conceitos e implicações teóricas dos conteúdos de ginástica, esporte,


lutas, atividades rítmicas e expressivas, e jogos.

 Simular e exemplificar a organização de conteúdo em formato de matriz


curricular com apresentação de plano de aula (conteúdo e conceito); eixo
temático e expectativa de ensino e aprendizagem do escolar.
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

102
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

ConteXtualização
Entender o processo de distribuição dos conteúdos da Educação Física
escolar implica em organizá-los em um grau crescente de complexidade em
função das necessidades e das possibilidades dos escolares. Em outras palavras,
é essencial saber que há uma proposta de progressão do conhecimento aderido
aos conteúdos da Educação Física – ensinados do mais simples para
o mais complexo (DARIDO, 2010). Para assimilação
completa dos
conhecimentos
Este capítulo mostra que tal progressão poderá acontecer
deste capítulo,
ao utilizar os blocos sugeridos pelos PCNs (BRASIL, 1997; 1998) serão propostas
com os conhecimentos em jogos, esportes, danças, ginástica e simulações de
lutas. Através da demarcação das faixas etárias, subsidiada pelos organização do
fundamentos motores e psicomotores, a Educação Física organiza conteúdo a partir
o conteúdo para desenvolvimento cognitivo, de formação moral, de exemplificações
de organização
para construção da afetividade, da socialização, da interação social
de conteúdo
e de aportes filosóficos e ideológicos de se pensar o movimento, da de acordo com
dimensão histórica e antropológica. Isso auxilia em reflexões críticas exemplos de uma
sobre o “pensar o corpo” e suas manifestações de sentidos com o matriz curricular
intuito de apontar uma perspectiva orientadora que, ao mesmo tempo, com apresentação
respeite as possibilidades do escolar do ponto de vista global de seu de plano de aula
(e.g. conteúdo
desenvolvimento e de sua história de vida (DARIDO, 2010).
e conceito);
eixo temático
Para assimilação completa dos conhecimentos deste capítulo, e expectativa
serão propostas simulações de organização do conteúdo a partir de ensino e
de exemplificações de organização de conteúdo de acordo com aprendizagem do
exemplos de uma matriz curricular com apresentação de plano de aula escolar.
(e.g. conteúdo e conceito); eixo temático e expectativa de ensino e
aprendizagem do escolar.

OrGanização e DistriBuição dos


Conteúdos na Educação Física
Escolar
Os parâmetros curriculares que o Ministério da Educação e os estados em
geral disponibilizam têm como meta orientar o processo de ensino e aprendizagem
dos conteúdos da Educação Física escolar. Dessa maneira, eles devem ser
utilizados cotidianamente como parte do material pedagógico que dispõe o
profissional da Educação Física.

103
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Os Parâmetros Os Parâmetros Curriculares disponibilizados por diversas


Curriculares secretarias de Educação, em diferentes estados, reafirmam o modelo
disponibilizados por de ensino do conteúdo com uma formação que garanta aos escolares
diversas secretarias
comportamento-reflexão-novo comportamento sobre um conjunto de
de Educação, em
diferentes estados, práticas da cultura corporal com recorte para os blocos de ginástica,
reafirmam o jogo, luta, manifestações rítmicas e esportes (DARIDO, 2010).
modelo de ensino
do conteúdo com Em relação à organização dos conteúdos da Educação Física
uma formação escolar, os ciclos de ensino dos conteúdos são um processo de
que garanta
organização da reflexão sobre o conhecimento, em relação à maneira
aos escolares
comportamento- de generalizar, representar e regularizar, com o objetivo de atribuir
reflexão-novo níveis sucessivos de aprimoramento de determinados conteúdos
comportamento em progressão contínua, partindo do simples e indo em direção ao
sobre um conjunto complexo (DARIDO, 2010).
de práticas da cultura
corporal com recorte
No 1º Ciclo (da Creche ao 3° ano do Ensino Fundamental), a
para os blocos de
ginástica, jogo, organização dos conteúdos da Educação Física é direcionada para
luta, manifestações identificar os dados da realidade. Nessa faixa etária o escolar está
rítmicas e esportes na fase sincrética, ou seja, compreende os dados da realidade de
(DARIDO, 2010). maneira confusa. Por isso, os conteúdos devem ser direcionados para
organização desses dados para que o aluno possa formar sistemas
Em relação à
e relacionar semelhanças, associações, classificações, diferenças
organização dos
conteúdos da (ARAÚJO, 2014). Neste ciclo, cabe ao conteúdo auxiliar o escolar a
Educação Física apresentar os conhecimentos de dança, luta, ginástica, jogo e esporte
escolar, os ciclos contextualizando-os no próprio cotidiano. Isso auxilia na reflexão sobre
de ensino dos atitudes, procedimentos e habilidades, reorganizando o conhecimento
conteúdos são tratado no conteúdo.
um processo de
organização da
reflexão sobre o No 2º Ciclo (do 4° ao 6° ano do Ensino Fundamental), o conteúdo
conhecimento, em deve ser direcionado para iniciação e sistematização do conteúdo
relação à maneira aprendido. O escolar conscientiza-se de sua atividade mental e de
de generalizar, seu potencial para abstração. A partir disso, consegue confrontar a
representar e realidade com o que pensa e julga com um juízo de valor, chamado
regularizar, com o
de interpretação. Nesse momento, estabelece generalizações,
objetivo de atribuir
níveis sucessivos associações mais complexas e considera o meio social para tomada
de aprimoramento de decisão (ARAÚJO, 2014). No 3º Ciclo (do 7° ao 9° ano do Ensino
de determinados Fundamental), o conteúdo deve organizar, ampliar e esclarecer os
conteúdos em conhecimentos de luta, ginástica, esporte, jogo e dança. Os conteúdos
progressão contínua, devem contextualizar o cotidiano e gerar reflexões sobre conceitos,
partindo do simples
atitudes, procedimentos e habilidades, reorganizando o conhecimento
e indo em direção ao
complexo (DARIDO, com extrapolação para a comunidade escolar.
2010).

104
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

No 4º Ciclo (Ensino Médio), o conteúdo deve promover aprofundamento da


sistematização do conhecimento sobre esporte, dança, jogo, ginástica e luta. Nesse
momento, o conteúdo deve promover reflexão e explicação sobre propriedades
comuns e reguladoras. Os conteúdos sobre a cultura corporal passam a mostrar
conhecimentos científicos e o escolar adquire condições para ser produtor de
conhecimento em pesquisas (ARAÚJO, 2014). Neste ciclo, cabe ao conteúdo
aprofundar, de forma sistematizada, os conhecimentos da cultura corporal.

A organização e a sistematização dos conteúdos da Educação A organização e


Física estão estruturadas em blocos (Ginástica, Lutas, Expressões a sistematização
Rítmicas, Jogo e Esporte) que consideram o compromisso da disciplina dos conteúdos
em realizar uma reflexão crítica sobre o comportamento para, então, da Educação
gerar um novo comportamento. Outras atividades que reconheçam as Física estão
práticas corporais como conhecimento fundamental também podem estruturadas em
blocos (Ginástica,
ser aprendidas, como ferramentas para vivência e compreensão da
Lutas, Expressões
realidade em que o escolar está inserido. A seguir, os conteúdos em
Rítmicas, Jogo
cada um dos blocos serão tratados separadamente. e Esporte) que
consideram o
a) Conteúdos de Ginástica compromisso
da disciplina
No 1º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo necessita em realizar uma
resgatar as experiências e o entendimento sobre o que é ginástica para reflexão crítica sobre
os escolares, relacionando-a aos fundamentos gímnicos (e.g. saltos, o comportamento
giros, equilíbrios, balanceios, dentre outros), formando representações para, então,
sobre o conteúdo. A partir disso, o conteúdo apresenta características, gerar um novo
semelhanças e diferenças das tarefas da ginástica socializadas nos comportamento.
Outras atividades
festivais. O conteúdo precisa mostrar as diferentes possibilidades de
que reconheçam as
ação gímnica no andar, correr, saltar, girar/rolar, equilibrar, balancear,
práticas corporais
trepar, desafiando as ações lúdicas. Produzir sequências ginásticas como conhecimento
com ou sem materiais (móveis, fixos e elásticos), que envolvam as fundamental
ações gímnicas trabalhadas e socializadas na comunidade escolar. também podem
Apresentar as bases (apoios; eixos: longitudinal, transversal e sagital) ser aprendidas,
e fundamentos nas diferentes modalidades ginásticas (Ginástica como ferramentas
Artística, Rítmica, Acrobática, Aeróbica, entre outras). para vivência e
compreensão da
Apresentar, na ginástica, os conteúdos subjacentes, realidade em que
estabelecendo nexos e relações com a Educação para e pelo Lazer, o escolar está
Educação e Saúde, Educação e Trabalho, incluindo a exploração de inserido.
espaços culturais existentes na comunidade. Apresentar a ginástica
nas suas origens e evolução histórica, estabelecendo relações com a sociedade
atual. Investigar a ginástica, estabelecendo diferenças e semelhanças, formando
conceitos, concepções, identificando regularidades subjacentes ao objeto
de estudo. No 1º ano, do 1º Ciclo, todos esses conteúdos devem começar a
ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a
formalização do conceito envolvido. No 2º ano, do 1º Ciclo, devem ser abordados

105
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

sistematicamente nas intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo


de formalização do conceito envolvido. No 3º ano, do 1º Ciclo, devem ser
consolidados como condição para o prosseguimento, com sucesso, em etapas
posteriores de escolarização.

No 2º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo deverá promover a


sistematização das experiências e dos entendimentos sobre o que é
No 2º Ciclo do
ginástica para os alunos, relacionando-a às bases (apoio e eixos) e
Ensino Fundamental,
aos fundamentos gímnicos em diferentes modalidades, iniciando a
o conteúdo deverá
promover a formação de conceitos. Organizar e esclarecer as formas e modalidades
sistematização das ginásticas, apresentando-as nos festivais de cultura corporal. Mostrar
experiências e dos as diferentes possibilidades de ação gímnica no andar, correr, saltar,
entendimentos sobre girar/rolar, equilibrar, balancear, trepar, desafiando ações lúdicas.
o que é ginástica Sistematizar as bases (apoios; eixos: longitudinal, transversal e sagital)
para os alunos, e fundamentos nas diferentes modalidades ginásticas (Ginástica
relacionando-a às Artística, Rítmica, Acrobática, Aeróbica, entre outras).
bases (apoio e eixos)
e aos fundamentos Esclarecer a ginástica, estabelecendo nexos e relações com
gímnicos em a Educação para e pelo Lazer, Educação e Saúde, Educação e
diferentes
Trabalho, incluindo a exploração de espaços culturais existentes na
modalidades,
comunidade. Mostrar a ginástica nas suas origens e evolução histórica,
iniciando a formação
de conceitos. estabelecendo relações com a sociedade atual. Investigar a ginástica,
estabelecendo diferenças e semelhanças, formando conceitos,
concepções, identificando regularidades subjacentes ao objeto de estudo.

Além disso, organizar e expandir as ações gímnicas nas práticas corporais


do jogo, da luta, do esporte e da dança, contextualizando-as e explicitando
sentidos e significados. No 4º ano, do 2º Ciclo, esses conteúdos de ginástica
devem ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com
a formalização do conceito envolvido. No 5º ano, do 2º Ciclo, os conteúdos da
ginástica devem ser abordados sistematicamente nas intervenções pedagógicas,
iniciando o processo de formalização do conceito envolvido. No 6º
No 3º Ciclo do
ano, do 2º Ciclo, devem ser consolidados como condição para o
Ensino Fundamental,
prosseguimento, com sucesso, em etapas posteriores de escolarização.
sugere-se que
o conteúdo da
ginástica deva No 3º Ciclo do Ensino Fundamental, sugere-se que o conteúdo da
expandir as ginástica deva expandir as experiências e o entendimento sobre o que
experiências e o é ginástica, relacionando-a às bases e aos fundamentos em diferentes
entendimento sobre formas e práticas, produzindo conceitos. Ampliando os conhecimentos
o que é ginástica, da ginástica, socializando-os em festivais de cultura corporal.
relacionando-a Produzindo sequências ginásticas com ou sem materiais (móveis, fixos
às bases e aos e elásticos), que envolvam as ações gímnicas trabalhadas, socializadas
fundamentos em à comunidade escolar.
diferentes formas e
práticas, produzindo
conceitos.

106
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

Expandindo as bases (apoios; eixos: longitudinal, transversal e sagital) e


fundamentos nas diferentes modalidades ginásticas (Ginástica Artística, Rítmica,
Acrobática, Aeróbica, entre outras) na comunidade. Expandindo a compreensão
sobre a ginástica, estabelecendo nexos e relações com a Educação para e
pelo Lazer, Educação e Saúde, Educação e Trabalho, incluindo a exploração
de espaços culturais existentes na comunidade. Ampliando o conhecimento
sobre a ginástica nas suas origens e evolução histórica, estabelecendo relações
com a sociedade atual. O conteúdo precisa propor-se a investigar a ginástica,
estabelecendo diferenças e semelhanças, formando conceitos, concepções,
identificando regularidades subjacentes ao objeto de estudo. O conteúdo
necessita expandir as ações gímnicas nas práticas corporais do jogo, da luta, do
esporte e da dança, contextualizando-as e explicitando sentidos e significados.
Apresentando e organizando as diversas dimensões da ginástica – por exemplo,
competição, demonstração e relacionada à saúde. No 7º ano, do 3º Ciclo, esses
conteúdos devem começar a ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas
sem preocupação com a formalização do conceito envolvido. No 8º ano, do 3º
Ciclo, devem ser abordados sistematicamente nas intervenções pedagógicas,
iniciando-se o processo de formalização do conceito de ginástica envolvido. No 9º
ano, do 3º Ciclo, deverão ser consolidados como condição para o prosseguimento,
com sucesso, em etapas posteriores de escolarização.

No 4º Ciclo do Ensino Médio, os conteúdos de ginástica se No 4º Ciclo do


aprofundam nas experiências e no entendimento sobre o que é Ensino Médio,
ginástica, relacionando-a às bases, aos fundamentos gímnicos e às os conteúdos
modalidades, identificando regularidades. Intensificar os conhecimentos de ginástica se
da ginástica, produzindo conceitos e participando da organização de aprofundam nas
festivais de cultura corporal. Produzir sequências ginásticas com ou sem experiências e no
entendimento sobre
materiais (móveis, fixos e elásticos) que envolvam as ações gímnicas
o que é ginástica,
trabalhadas, socializadas à comunidade escolar. Intensificar as bases
relacionando-a
(apoios; eixos: longitudinal, transversal e sagital) e fundamentos às bases, aos
nas diferentes modalidades ginásticas (Ginástica Artística, Rítmica, fundamentos
Acrobática, Aeróbica, entre outras). gímnicos e às
modalidades,
Aumentar o conhecimento sobre a ginástica, estabelecendo identificando
nexos e relações com a Educação para e pelo Lazer, Educação e regularidades.
Saúde, Educação e Trabalho, incluindo a exploração de espaços
culturais existentes na comunidade. Aprofundar os saberes da ginástica nas suas
origens e evolução histórica, estabelecendo relações com a sociedade atual.
Propor pesquisas sobre a ginástica, estabelecendo diferenças e semelhanças,
formando conceitos, concepções, identificando regularidades subjacentes ao
objeto de estudo. Aprofundar as ações gímnicas nas práticas corporais do jogo,
da luta, do esporte e da dança, contextualizando-as e explicitando sentidos e
significados.

107
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Mostrar, organizar e esclarecer, expandir e aprofundar práticas alternativas


de ginásticas: Holística, Yoga, Pilates, Musculação, Ginástica Laboral, entre
outras. Expandir e aprofundar as diversas dimensões da ginástica: competição,
demonstração e relacionada à saúde. No 1º ano, do 4º Ciclo, os conteúdos devem
começar a ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com
a formalização do conceito envolvido. No 2º ano, do 4º Ciclo, devem ser abordados
sistematicamente nas intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de
formalização do conceito envolvido. No 3º ano, do 4º Ciclo, serão consolidados como
condição para o prosseguimento, com sucesso, para o mercado de trabalho ou/e
para o Ensino Superior.

A seguir é apresentado um exemplo de Plano de aula com a designação do ciclo


para apreciação de como colocar em prática os conceitos mostrados neste tópico.

Quadro 5 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Ginástica


CONTEÚDO
Apresentar suas experiências e seu entendimento sobre o que é ginástica, relacionando-a
aos fundamentos gímnicos (saltos, giros, equilíbrios, balanceios, dentre outros), formando
representações sobre o conteúdo – alunos do 1º Ciclo do Ensino Fundamental, entre seis
e nove anos de idade.

TEMA DA AULA
Apresentação, movimentos e habilidades básicas da “Ginástica para Todos”.

OBJETIVO GERAL
Trabalhar com os alunos métodos pedagógicos de movimentos gímnicos utilizando fitas
e bolas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Desenvolver expressão corporal a partir de movimentos da ginástica;
- Desenvolver coordenação motora grossa em deslocamentos, saltos e piruetas.
- Desenvolver força e resistência através de práticas lúdicas associadas a práticas da
Ginástica para Todos.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
- Aprendizagem de ações - Vivências de - Desenvolver maneiras
da Ginástica para Todos. atividades da Ginástica próprias de respeitar a
- Aprendizagem de para todos que auxiliam forma de movimentação do
aspectos culturais da na coordenação motora outro.
ginástica. ampla, no controle da força - Desenvolver
- Aprendizagem de e no desenvolvimento do companheirismo e espírito
ações com fita e bola que equilíbrio. de cooperação durante as
envolvem coordenação - Vivência das expressões atividades.
motora ampla (i.e. corporais da ginástica - Aprender sobre respeito
manipulação, estabilização através das ações mútuo das diferenças e
e locomoção) e aplicação de desenvolvidas com os inclusão social.
força com equilíbrio. materiais.

108
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade - Será formada uma roda na qual o professor se apresentará e começará a


atividade conversando com os alunos sobre aspectos culturais da ginástica, apresentando
o material da aula (bolas e fitas) e movimentos básicos. Nesse momento, o professor
pode falar sobre a própria história do desenvolvimento da Ginástica para Todos, com
destaque para discussão sobre o aspecto inclusivo dessa modalidade e sobre o próprio
conceito de inclusão social. Em seguida, em roda, cada aluno vai apresentar seu nome
e um movimento de ginástica conhecido por ele, e todos os outros a repetirão, e assim
sucessivamente até todos compartilharem movimentos e apresentarem os nomes.
2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL

1a Atividade – Atividade de dança com movimentos da ginástica anteriormente realizados,


será utilizada a música como um recurso para a atividade. As crianças deverão estar
espalhadas e dançar durante a música, e quando ela parar deverão repetir um dos
movimentos executados na atividade anterior por algum dos colegas de classe.

2a Atividade – A atividade consiste em conhecer os materiais em conjunto com os


movimentos gímnicos, desenvolvendo essa atividade em grupo. A turma será dividida
em dois grupos. Um grupo iniciará o trabalho com os lençóis e as bolas, e o outro com as
fitas. A partir da experimentação das crianças, o professor insere novos elementos para a
atividade, como movimentos de salto, giros e equilíbrio.

3a Atividade – As crianças realizarão a própria criação de coreografia com três movimentos


básicos.

Trabalho em Grupo:
- Em um grupo de três alunos, os escolares formarão e nomearão os próprios grupos.
Cada grupo fará uma coreografia com os três movimentos de cada aluno (total de nove
movimentos) que se repetirão na sequência da música.
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Discutir sobre as dificuldades da execução das atividades propostas.


- Discutir sobre a formação dos grupos, inclusão e respeito ao colega.
- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino dos movimentos básicos de
ginástica.

RECURSOS
- Colchonetes, caixa de som, lençóis, fitas de Ginástica Rítmica e bolas de borracha.

AVALIAÇÃO
- Observar o modo como os alunos resolvem os problemas propostos, tanto no que diz
respeito à organização das atividades, quanto na execução das tarefas sugeridas.
- Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber atividades em grupo.

109
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

PARA SABER MAIS


GINÁSTICA PARA TODOS - CARACTERÍSTICAS E ORIGEM – Disponível em http://
www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=131
Acesso em 23 jan. 2018.
REFERÊNCIAS
Vídeos
APRESENTAÇÃO DE GINÁSTICA PARA TODOS. Disponível em https://www.
youtube.com/watch?v=CoQSoQYPy5A Acesso em 23 jan. 2018.
GYMNASTICS FOR ALL: A CHILD CENTERED APPROACH Disponível em https://
www.youtube.com/watch?v=BBxYlbBFMMc Acesso em 23 jan. 2018.
Artigo
OLIVEIRA, N. R. C. Ginástica para todos: Perspectivas no contexto do lazer. Revista
Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 6, n. 1, p. 27-35, 2007. http://www.
mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/Cursos/Educacao_Fisica/REMEFE-6-1-2007/
art02_edfis6n1.pdf

Fonte: A autora.

A magreza extrema tem sido associada ao perfil ideal de beleza e


de aceitação social, mas, como mostram diversos estudos, o conceito
de magreza extrema não denota saúde. Em diferentes esportes e
atividades físicas em geral, o perfil corporal necessário para melhorar
o desempenho vai além das ideologias estéticas. Especialmente, se
em modalidades que exigem baixo peso corporal para obtenção de
bom desempenho e que envolvem atletas do sexo feminino, como a
ginástica rítmica. Aproximadamente 27% das meninas que praticam
ginástica apresentam transtorno alimentar, leia mais sobre isso no
artigo de Vieira et al. (2009) sobre Distúrbios de atitudes alimentares
e distorção da imagem corporal no contexto competitivo da ginástica
rítmica. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1517-86922009000700001>. Acesso em: 17 maio 2018.

110
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

b) Conteúdos de Esporte
No 1º Ciclo
do Ensino
No 1º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo necessita mostrar Fundamental, o
as suas experiências e seu entendimento sobre o que é esporte, conteúdo necessita
explicando semelhanças e diferenças relacionadas aos fundamentos mostrar as suas
técnicos, táticos e regras de diferentes modalidades esportivas. experiências e
Apresentar atividades esportivas possíveis de serem realizadas em seu entendimento
sobre o que é
equipamentos/espaços de lazer e culturais existentes na comunidade.
esporte, explicando
Mostrar as referências sobre as atividades esportivas que desenvolvam semelhanças
as capacidades físicas/condicionantes (flexibilidade, força, resistência, e diferenças
agilidade, velocidade) e coordenativas (equilíbrio, lateralidade, ritmo, relacionadas aos
coordenação), bem como a compreensão dos principais benefícios do fundamentos
alongamento, do aquecimento e do relaxamento, vivenciando-os nas técnicos, táticos e
regras de diferentes
referidas práticas.
modalidades
esportivas.
Elucidar sobre as diferenças e semelhanças existentes entre:
esporte e educação, esporte recreativo e esporte de alto rendimento. No 1º ano,
do 1º Ciclo, todos esses conteúdos esportivos devem começar a ser abordados
nas intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a formalização do
conceito envolvido na operacionalização de cada conteúdo. No 2º ano, do 1º
Ciclo, devem ser abordados sistematicamente nas intervenções pedagógicas,
iniciando-se o processo de formalização do conceito envolvido em cada esporte.
No 3º ano, do 1º Ciclo, devem ser consolidados os conceitos como condição para
o prosseguimento, com sucesso, em etapas posteriores de escolarização.

No 2º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo deverá organizar


No 2º Ciclo do
e esclarecer as suas experiências e seu entendimento sobre o que Ensino Fundamental,
é esporte, explicando diferentes modalidades esportivas e seu o conteúdo deverá
significado central, relacionando-as aos fundamentos técnicos, táticos organizar e
e regras. Sistematizando atividades esportivas possíveis de serem esclarecer as suas
realizadas em equipamentos/espaços de lazer e culturais existentes experiências e seu
entendimento sobre
na comunidade. Mostrando referências sobre as atividades esportivas
o que é esporte,
que desenvolvem as capacidades físicas/condicionantes (flexibilidade, explicando diferentes
força, resistência, agilidade, velocidade) e coordenativas (equilíbrio, modalidades
lateralidade, ritmo, coordenação), bem como, a compreensão esportivas e seu
dos principais benefícios do alongamento, do aquecimento e do significado central,
relacionando-as
aos fundamentos
técnicos, táticos e
regras.

111
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

relaxamento, vivenciando-os nas referidas práticas. Esclarecendo a historicidade


do fenômeno esporte e de suas modalidades. O conteúdo deve gerar confronto
durante torneios esportivos, identificando semelhanças e diferenças entre os
esportes, contextualizando-os e relacionando-os ao cotidiano de vida. O conteúdo
deverá sistematizar as diferenças e semelhanças existentes entre: esporte e
educação, esporte recreativo e esporte de alto rendimento.

No 4º ano, do 2º Ciclo, esses conteúdos devem ser abordados nas


intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a formalização do conceito
envolvido. No 5º ano, do 2º Ciclo, devem ser abordados sistematicamente nas
intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de formalização do conceito
envolvido. No 6º ano, do 2º Ciclo, devem ser consolidados como condição para o
prosseguimento, com sucesso, em etapas posteriores de escolarização.

No 3º Ciclo do No 3º Ciclo do Ensino Fundamental, sugere-se que o conteúdo


Ensino Fundamental,
deva expandir as suas experiências e seu entendimento sobre o
sugere-se que o
conteúdo deva que é esporte, conceituando as diferentes modalidades esportivas,
expandir as suas explicando o seu significado central, dominando fundamentos técnicos,
experiências e seu táticos e regras. Explorando atividades esportivas possíveis de serem
entendimento sobre realizadas em equipamentos/espaços de lazer e culturais existentes na
o que é esporte, comunidade. Expandindo as referências sobre as atividades esportivas
conceituando
que desenvolvem as capacidades físicas/condicionantes (flexibilidade,
as diferentes
modalidades força, resistência, agilidade, velocidade) e coordenativas (equilíbrio,
esportivas, lateralidade, ritmo, coordenação), bem como a compreensão
explicando o dos principais benefícios do alongamento, do aquecimento e do
seu significado relaxamento, vivenciando-os nas referidas práticas. Ampliando a
central, dominando historicidade do fenômeno esporte e de suas modalidades. Mostrando
fundamentos
mais diferenças e semelhanças existentes entre: esporte e educação,
técnicos, táticos e
regras. esporte recreativo e esporte de alto rendimento.

No 7º ano, do 3º Ciclo, esses conteúdos devem começar a ser abordados


nas intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a formalização do
conceito envolvido em cada uma das aulas. No 8º ano, do 3º Ciclo, devem ser
abordados sistematicamente nas intervenções pedagógicas, iniciando-se o
processo de formalização do conceito envolvido. No 9º ano, do 3º Ciclo, deverão
ser consolidados como condição para o prosseguimento, com sucesso, em etapas
posteriores de escolarização.

112
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

No 4º Ciclo do Ensino Médio, os conteúdos de esporte devem No 4º Ciclo do


aprofundar as suas experiências e seu entendimento sobre o que Ensino Médio,
é esporte, conceituando as diferentes modalidades esportivas e os conteúdos de
esporte devem
identificando as regularidades científicas do referido fenômeno,
aprofundar as suas
relacionando-o à sociedade atual. Contribuindo na organização e/ou experiências e seu
participação (de forma prática, escrita e/ou verbalizada) de festivais entendimento sobre
de cultura corporal por parte do escolar, enfatizando a comparação o que é esporte,
entre os aspectos competitivos e lúdicos, compreendendo tanto os conceituando
elementos externos, visíveis das representações com os internos, as diferentes
modalidades
formando conceitos referentes ao esporte. Intensificando atividades
esportivas e
esportivas possíveis de serem realizadas em equipamentos/espaços identificando as
de lazer e culturais existentes na comunidade. regularidades
científicas do
Relacionar a prática das atividades esportivas a outros saberes referido fenômeno,
escolares (biológicos, fisiológicos, filosóficos, linguísticos e outros). relacionando-o à
sociedade atual.
Aprofundando a historicidade do fenômeno esporte e de suas
modalidades. O conteúdo deve gerar reflexão sobre os valores (re)produzidos no
esporte: morais, éticos, estereótipos, preconceitos e discriminações relacionados
à prática do esporte na sociedade.

Confrontando o esporte com os demais conteúdos da cultura corporal,


produzindo conceitos, reorganizando as atividades esportivas capazes de alterar
regras e materiais, adequando-os às possibilidades de práticas da realidade local.
O conteúdo precisa sintetizar a história dos jogos olímpicos modernos e dos jogos
olímpicos da antiguidade clássica, relacionando-os ao fenômeno dos dias atuais.
Mostrar ao aluno uma análise crítica sobre a presença das diversas violências
no esporte, refletindo sobre as relações entre esporte e mídia. Analisando
criticamente as relações entre esporte e saúde, compreendendo os malefícios e
os problemas envolvidos na utilização de drogas/doping.

O conteúdo deve ser composto por pesquisas para aumentar a compreensão


sobre o esporte adaptado, o esporte radical, o esporte de aventura, conhecendo
suas características e particularidades. Aprofundando as diferenças e
semelhanças existentes entre: esporte educação, esporte recreativo e esporte de
alto rendimento.

No 1º ano, do 4º Ciclo, os conteúdos devem começar a ser abordados nas


intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a formalização do conceito
envolvido. No 2º ano, do 4º Ciclo, devem ser abordados sistematicamente nas
intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de formalização do conceito
envolvido. No 3º ano, do 4º Ciclo, serão consolidados como condição para o
prosseguimento, com sucesso, para o mercado de trabalho ou/e para o Ensino Superior.

113
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

A seguir é apresentado um Plano de aula com a designação do ciclo para


apreciação de como colocar em prática os conceitos mostrados neste tópico.

Quadro 6 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Esporte


CONTEÚDO
Organizar e esclarecer as experiências e o entendimento dos escolares sobre o que
é esporte, explicando diferentes modalidades esportivas e seu significado central,
relacionando-as aos fundamentos técnicos, táticos e regras – 2º Ciclo, faixa etária entre
9 e 12 anos.

TEMA DA AULA
Apresentação, movimentos e habilidades básicas de futebol, handebol, voleibol e
basquetebol.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Desenvolver habilidade específica dos esportes coletivos;
- Desenvolver coordenação motora grossa e fina em deslocamentos, saltos e atividades
de manipulação;
- Desenvolver força e resistência através de práticas lúdicas associadas às práticas de
esportes coletivos, espírito de coletividade, participação e fair play.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem conceitual – Vivências de atividades – Desenvolver atitudes
das ações de esportes de esportes coletivos. de cooperação e
coletivos. – Aprendizagem de companheirismo.
– Aprendizagem do fundamentos básicos dos – Desenvolver espírito
conceito de coletividade. esportes coletivos. de participação e
– Aprendizagem sobre compreensão sobre o fair
a história dos esportes play.
coletivos.
– Aprendizagem sobre
espírito de competição e fair
play.

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Aquecimento com fundamentos do futebol, com passes e condução de


bola, de forma lúdica e coletiva.
2ª Parte:

114
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

PARTE PRINCIPAL
1a Atividade – O jogo é o Futevôlei adaptado, para isso, utiliza-se a quadra de vôlei. O
objetivo do jogo é fazer a bola ultrapassar uma rede adaptada de 1,5 m de altura ao ponto
da outra equipe não conseguir retornar a bola com no máximo três toques. Uma equipe
faz ponto com a bola quicando mais de duas vezes na quadra contrária. Podem fazer
isso usando fundamentos de vôlei (toque, machete, ataque e saque) e futebol (cabeçada,
chute e joelhada).

2a Atividade – Mini-handebol – esse jogo é uma adaptação do handebol. Utilizará as


mesmas delimitações da quadra de handebol, porém será realizado em apenas metade
da quadra e as equipes tentarão realizar pontos na mesma meta. Cada equipe será
composta por cinco jogadores que tentarão realizar passes e deslocamentos próprios do
handebol para realizar o arremesso em direção à meta.

3a Atividade – Bola na tabela de basquetebol - em grupos de quatro pessoas, os escolares


tentarão bater a bola de basquetebol na tabela da cesta, ganha o time que bater a bola
mais vezes na tabela.
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Fazer um alongamento com bola e discutir com os alunos sobre o conceito das
modalidades trabalhadas durante a aula.

RECURSOS
- Bolas de vôlei, basquete e futebol, apito, piloto, papel, caneta e durex colorida.

AVALIAÇÃO
- Verificar como o grupo interage diante das atividades propostas.
- Observar o interesse dos alunos nas atividades propostas.
- Verificar a cooperação entre os alunos nos momentos de jogos.

PARA SABER MAIS


FUNDAMENTOS BÁSICOS DO VOLEIBOL. Disponível em:< https://www.youtube.
com/watch?v=nXX_7y95oJA>. Acesso em: 24 jan. 2018.
ESCOLINHA ENSINA FUNDAMENTOS DO FUTEBOL SEM COMPETITIVIDADE.
Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=SOnWCAv_V6k>. Acesso em: 25
jan. 2018.

REFERÊNCIAS
Artigo
RAMOS, V. et al. A representação do ensino do basquetebol em contexto escolar: estudos
de casos na formação inicial em educação física. Revista Brasileira de Educação Física e
Esporte, v. 20, n. 1, p. 37-49, 2006. Disponível em:<http://www.journals.usp.br/rbefe/article/
view/16612/18325>. Acesso em: 17 maio 2018.
CUNHA, S. A. et al. Análise da variabilidade na medição de posicionamento tático no futebol.
Revista Paulista de Educação Física, v. 15, p. 111-117, 2001. Disponível em:<https://www.
revistas.usp.br/rpef/article/view/139893/135143>. Acesso em: 17 maio 2018.

Fonte: A autora.

115
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Atividade de Estudos:

1) A ética esportiva está associada diretamente às condutas que


demonstram o respeito ao esporte e aos demais esportistas
através da troca de gentilezas entre atletas adversários, como
estender a mão para auxiliar um adversário caído a se levantar,
colocar uma bola para fora do jogo ao notar que um adversário
está contundido, reconhecer uma boa atuação do adversário ou o
simples cumprimento do vencido ao vencedor e vice-versa. Todas
estas ações estão intimamente ligadas ao que chamamos de:

a) ( ) Conduta ética.
b) ( ) Fartleck, brincar de jogar.
c) ( ) Conduta adequada.
d) ( ) Fair play, jogo limpo.
e) ( ) Conduta de participação.

c) Conteúdos de Lutas

No 1º Ciclo do No 1º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo necessita


Ensino Fundamental, mostrar os fundamentos básicos da luta (atacar, defender e controlar),
o conteúdo compartilhando-os em forma de festivais. Apresentar práticas de
necessita mostrar os lutas, reconhecendo, em contextos lúdicos, ações corporais básicas:
fundamentos básicos andar, correr, saltar, trepar, rolar, girar, rastejar, escorregar, empurrar,
da luta (atacar,
puxar e chutar. No 1º ano, do 1º Ciclo, todos esses conteúdos devem
defender e controlar),
compartilhando- começar a ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas sem
os em forma de preocupação com a formalização do conceito envolvido. Apresentar
festivais. Apresentar diferentes expressões de lutas advindas de distintas influências étnicas,
práticas de lutas, especialmente as da cultura do povo brasileiro. Apresentar a história
reconhecendo, em de diferentes modalidades de lutas, percebendo as semelhanças e
contextos lúdicos,
diferenças entre elas.
ações corporais
básicas: andar,
correr, saltar, trepar, No 2º ano, do 1º Ciclo, devem ser abordados sistematicamente
rolar, girar, rastejar, nas intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de formalização
escorregar, empurrar, do conceito envolvido. No 3º ano do 1º Ciclo devem ser consolidados
puxar e chutar. como condição para o prosseguimento, com sucesso, em etapas
posteriores de escolarização.

116
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

No 2º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo deverá No 2º Ciclo do


organizar e esclarecer tipos de luta, apresentando-os em festivais. Ensino Fundamental,
Organizar e esclarecer práticas de lutas, reconhecendo, em contextos o conteúdo
lúdicos, ações corporais básicas: andar, correr, saltar, trepar, rolar, deverá organizar
e esclarecer
quadrupediar, girar, rastejar, escorregar, empurrar, puxar e chutar.
tipos de luta,
Sistematizando o conhecimento acerca de diferentes expressões apresentando-os em
de lutas advindas de distintas influências étnicas, especialmente festivais. Organizar
as da cultura do povo brasileiro. Organizar e esclarecer a história e esclarecer
de diferentes modalidades de lutas, percebendo as semelhanças e práticas de lutas,
diferenças entre elas. Apresentar sequências simples de movimentos reconhecendo, em
contextos lúdicos,
de ataque, controle e defesa.
ações corporais
básicas: andar,
No 4º ano, do 2º Ciclo, esses conteúdos devem ser abordados correr, saltar, trepar,
nas intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a rolar, quadrupediar,
formalização do conceito envolvido. No 5º ano do 2º Ciclo devem ser girar, rastejar,
abordados sistematicamente nas intervenções pedagógicas, iniciando- escorregar, empurrar,
puxar e chutar.
se o processo de formalização do conceito envolvido. No 6º ano do 2º
Ciclo devem ser consolidados como condição para o prosseguimento,
com sucesso, em etapas posteriores de escolarização.
No 3º Ciclo do
No 3º Ciclo do Ensino Fundamental, sugere-se que o conteúdo Ensino Fundamental,
sugere-se que o
expanda as experiências e o entendimento sobre o que é luta.
conteúdo expanda
Expandir diferentes possibilidades de ação na luta: ataque – empurrar, as experiências
agarrar, puxar, desequilibrar o outro; defesa – equilibrar-se, esquivar- e o entendimento
se, livrar-se do outro; e controle – imobilizar, segurar, prender, gingar, sobre o que é luta.
visando dominar ou ludibriar o outro. Expandindo os conhecimentos Expandir diferentes
das modalidades das lutas, socializando-os em festivais. Expandir o possibilidades de
ação na luta: ataque
conhecimento das práticas de lutas, reconhecendo a mobilização das
– empurrar, agarrar,
capacidades físicas: flexibilidade, força, resistência, coordenação, puxar, desequilibrar
agilidade. Expandir o conhecimento acerca de diferentes expressões o outro; defesa
de lutas advindas de distintas influências étnicas, especialmente – equilibrar-se,
as da cultura do povo brasileiro. Expandir a história de diferentes esquivar-se, livrar-se
modalidades de lutas, percebendo as semelhanças e diferenças entre do outro; e controle
– imobilizar, segurar,
elas. Conhecer limites e possibilidades do próprio corpo e do corpo do
prender, gingar,
outro, a partir de contextos lúdicos nas modalidades de lutas. visando dominar ou
ludibriar o outro.
Entender a diferença entre luta e briga, reconhecendo a luta como
prática corporal organizada. Expandir sequências simples de movimentos de
ataque, controle e defesa. Refletir sobre a interação entre homens e mulheres nas
lutas, identificando e respeitando as diferenças em termos da constituição corporal.
Refletir sobre o sentido e a prática das lutas e suas relações com a violência.
Apresentar técnicas e táticas fundamentais de diferentes modalidades de lutas.
Organizar e esclarecer técnicas e táticas fundamentais de diferentes modalidades

117
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

de lutas. Apresentar regras fundamentais de diferentes modalidades de lutas.


Organizar e esclarecer regras fundamentais de diferentes modalidades de lutas.
Expandir o conhecimento das práticas de lutas, reconhecendo a mobilização das
capacidades físicas: flexibilidade, força, resistência, coordenação, agilidade.

No 7º ano, do 3º Ciclo, esses conteúdos devem começar a ser abordados nas


intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a formalização do conceito
envolvido. No 8º ano, do 3º Ciclo, devem ser abordados sistematicamente nas
intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de formalização do conceito
envolvido. No 9º ano, do 3º Ciclo, deverão ser consolidados como condição para o
prosseguimento, com sucesso, em etapas posteriores de escolarização.

No 4º Ciclo do Ensino Médio, os conteúdos de lutas devem expandir


No 4º Ciclo do as experiências e o entendimento sobre o que é luta. Aprofundando
Ensino Médio, os o conhecimento das práticas de lutas, reconhecendo a mobilização
conteúdos de lutas
das capacidades físicas: flexibilidade, força, resistência, coordenação,
devem expandir
agilidade. Ampliando o conhecimento acerca de diferentes expressões
as experiências
e o entendimento de lutas advindas de distintas influências étnicas, especialmente as
sobre o que é luta. da cultura do povo brasileiro. Debater profundamente sobre a história
Aprofundando o de diferentes modalidades de lutas, percebendo as semelhanças e
conhecimento das diferenças entre elas. Ampliar os conhecimentos das modalidades das
práticas de lutas, lutas, produzindo conceitos e participando da organização de festivais.
reconhecendo Desenvolver sequências simples de movimentos de ataque, controle e
a mobilização defesa. Refletir sobre a interação entre homens e mulheres nas lutas,
das capacidades identificando e respeitando as diferenças em termos da constituição
físicas: flexibilidade, corporal. Repensar sobre o sentido e a prática das lutas e suas relações
força, resistência, com as violências.
coordenação,
agilidade.
Desenvolver técnicas e táticas fundamentais de diferentes
modalidades de lutas. Mostrar regras fundamentais de diferentes
modalidades de lutas. Entender as relações entre a prática das lutas e os
benefícios e malefícios para a saúde, inclusive procedimentos de socorros de
urgência. Ainda o conteúdo deverá mostrar saberes sobre as artes marciais
e as lutas por liberdade. Aprofundando o conhecimento das práticas de lutas,
reconhecendo a mobilização das capacidades físicas: flexibilidade, força,
resistência, coordenação, agilidade. Mostrando técnicas e táticas fundamentais
de diferentes modalidades de lutas.

No 1º ano do 4º Ciclo os conteúdos devem começar a ser abordados nas


intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a formalização do conceito
envolvido em atividades adaptadas e lúdicas. No 2º ano do 4º Ciclo devem ser
abordados sistematicamente nas intervenções pedagógicas em lutas, iniciando-
se o processo de formalização do conceito envolvido, mas ainda com adaptações.
No 3º ano do 4º Ciclo serão consolidados como condição para o prosseguimento,
com sucesso, para o mercado de trabalho ou/e para o Ensino Superior.

118
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

A seguir é apresentado um Plano de aula com a designação do ciclo para


apreciação de como colocar em prática os conceitos mostrados neste capítulo.

Quadro 7 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Lutas


CONTEÚDO
Expandir diferentes possibilidades de ação na luta: ataque – empurrar, agarrar, puxar,
desequilibrar o outro; defesa – equilibrar-se, esquivar-se, livrar-se do outro; e controle
– imobilizar, segurar, prender, gingar, visando dominar ou ludibriar o outro através de
práticas pedagógicas de Brazilian Jiu-jitsu (BJJ) - 3º Ciclo, faixa etária entre 12 e 15 anos.
TEMA DA AULA
– Aperfeiçoamento do equilíbrio com perturbação externa, movimentos de domínio e
projeções.

OBJETIVO GERAL
Desenvolver com os alunos métodos pedagógicos de equilíbrio, movimentos de domínio
e controle de força.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Desenvolver a consciência corporal e do equilíbrio;
- Desenvolver componentes de coordenação motora nas habilidades locomotoras,
manipulativas e estabilizadoras;
- Utilizar práticas corporais que possibilitem o desenvolvimento de domínio e controle de
força.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal
– Apresentar conceitos dos – Vivências de atividades – Desenvolver prevenção
movimentos de BJJ. de BJJ em domínio corpo- em situações de quedas.
– Aprendizagem estratégica ral próprio e sobre o ad- – Aprender estratégias de
da interação entre as ações versário. auxílio ao colega em dese-
de domínio corporal, apli- – Vivência de prática de quilíbrio e projeção.
cação de força e equilíbrio. segurança no momento da – Aprender sobre respeito
projeção. mútuo na atividade.

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – “luta do jacaré” – Os alunos, em duplas, frente a frente, em posição de


flexão de braço, tentam derrubar um ao outro no solo, retirando o apoio de um dos braços
do colega. Cada dupla realizará a atividade por um minuto. Podem ser feitas aproxima-
damente quatro duplas diferentes, o que dará um tempo total aproximado de 10 minutos.
2a Atividade – após a atividade, criar um diálogo com os alunos sobre quais as dificuldades
e facilidades em equilibrar-se ou desequilibrar-se quando se está próximo do solo. Como
é a experiência de tentar desequilibrar ao mesmo tempo equilibrando-se? Como controlar
a força nessa atividade para não machucar o colega? Quais cuidados necessários para
amortecer alguma possível queda em diferentes distâncias do solo?

119
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL
1a Atividade – Separados em duplas, cada dupla obrigatoriamente terá que estar ajoelha-
da com uma das mãos dada para o parceiro, cada escolar receberá dois balões que serão
amarrados nos tornozelos. Em seguida, ao sinal do professor, os participantes tentarão
estourar os balões do parceiro sentando sobre eles e, ao mesmo tempo, tentarão evitar
que seu parceiro sente sobre os balões presos em cada um dos tornozelos.
2a Atividade – Em grupos, os praticantes terão que proteger o território. A zona de jogo
será de 4 m x 4 m. Em cada zona, quatro a seis crianças estarão na região interna e o
mesmo número na zona externa. Os participantes estarão ajoelhados, como na luta BJJ,
divididos dois a dois e ao sinal do professor será realizada uma tentativa de invasão do
território. Cada sinal dá partida a uma nova fase que dura 35 segundos, com trocas ágeis
entre as crianças, com preferência de 15 segundos de intervalo entre elas. O objetivo dos
escolares na zona exterior será invadir o território enquanto as crianças da zona interna
tentarão impedir isso. Não é permitido entrar golpes de projeção: o exercício está restrito
apenas à esquivas com membros superiores e domínio através de puxadas e empurra-
das.
3a Atividade – Aprendizagem de técnica de desequilíbrio – em posição de agarre de com-
bate, com uma mão sobre a nuca e a outra dominando o antebraço do parceiro, com tronco
levemente inclinado para frente, em posição ântero-posterior, essa técnica compreende
em envolver o pescoço do parceiro de treino e realizar uma alavanca com o quadril na ten-
tativa de levantá-lo do solo. Ao retornar o parceiro de treino no solo, ambos se deslocam
um passo para uma nova tentativa de execução da ação e a realização da projeção de
forma controlada. Ao mesmo tempo, o parceiro de treino irá facilitar a projeção.
4a Atividade – Trabalho em Grupo: cada grupo deverá criar uma técnica de projeção e tre-
inar amortecimento de quedas com as técnicas de projeção criadas. Primeiro ajoelhados,
em seguida, realizam-se as técnicas em pé. Em seguida, deverão demonstrar para os
outros integrantes e cada grupo deverá tentar realizar cada técnica apresentada.
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Depois de todas as vivências, reunir os alunos para um diálogo final, ponderando a


experiência que tiveram sobre as projeções, equilíbrios e desequilíbrios das projeções
do BJJ.
- Discussões sobre as dificuldades e facilidades das atividades propostas em aula.
- Sinalizar que na próxima aula haverá o desenvolvimento do aperfeiçoamento em mov-
imentos e habilidades específicas da luta.

RECURSOS
- Bexigas, colchonetes ou tatames ou colchões para realização da aula.

AVALIAÇÃO
- Observar o modo como os alunos resolvem os problemas propostos, tanto no que diz
respeito à organização das atividades, quanto na execução das atividades sugeridas.
- Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber estratégias de
combate próximas ao que ocorre no BJJ.

120
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

PARA SABER MAIS


O INCRÍVEL BENEFÍCIO DO JIU JITSU INFANTIL. Disponível em< https://www.
youtube.com/watch?v=0H5DsSpSGDEI>. Acesso em: 27 jan. 2018.
BABY JIU JITSU WITH BIKE INNER TUBES. Disponível em:<https://www.youtube.
com/watch?v=VXD7ehkgnHo>. Acesso em: 16 fev. 2018.
REFERÊNCIAS
Capítulo de Livros
ORTEGA, E. M. ANTUNES, M. M. O Ensino das Artes Marciais para Crianças e
Adolescentes na Perspectiva da Saúde. In: ANTUNES, M. M. IWANAGA, C. C. (orgs.).
Aspectos Multidisciplinares das Artes Marciais. Jundiaí: Paco Editorial, 2013.
VECCHIO, F. B.; FRANCHINI, E. Lutas, artes marciais e esportes de combate:
possibilidades, experiências e abordagens no currículo de educação física. In: SOUZA
NETO, S.; HUNGER, D. (Eds). Formação profissional em Educação Física: Estudos
e pesquisas. Rio Claro: Biblioteca, 2006.

Fonte: A autora.

Você sabia que em 2003, a Lei nº 10.639, artigo 26, tornou


obrigatório o ensino da cultura e história afro-brasileira no currículo
escolar? Desse modo, os conteúdos da Educação Física devem
incluir em suas aulas a temática da história e cultura dos negros.
A Capoeira é uma opção para atender essa demanda. Além das
habilidades e capacidades físicas, a Capoeira é enriquecida por
histórias e mitos afro-brasileiros associados com a prática.

d) Conteúdos de Atividades Rítmicas e Expressivas

No 1º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo necessita mostrar e


proporcionar a experimentação das atividades rítmicas e de seu entendimento
sobre o que é atividade rítmica e expressão. Apresentando suas experiências
rítmicas em relação ao espaço, tempo, mudança de direções, níveis, compasso,
fluência e de planos. Mostrar as atividades rítmicas populares e folguedos, entre
outras experiências rítmicas dos ciclos festivos locais/regionais. Apresentar as
motivações, origens, saberes e práticas sobre as atividades rítmicas e expressivas
das regiões brasileiras, analisando as semelhanças e diferenças existentes entre
elas. Demonstrar e proporcionar experimentação de sequências coreográficas, a
partir dos diversos tipos de atividades rítmicas e expressivas. Apresentar a relação

121
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

entre saúde, lazer, trabalho, nos diferentes tipos de atividade rítmica. Mostrar os
valores e atitudes expressos nos diferentes tipos de atividade rítmica. Mostrar
para os escolares, nos festivais, mostras e eventos culturais, as diversas formas
de atividades rítmicas.

No 1º ano do 1º Ciclo todos esses conteúdos em atividade rítmica e


expressão devem começar a ser abordados nas intervenções pedagógicas para
identificação inicial das danças, mas sem preocupação com a formalização do
conceito envolvido. No 2º ano do 1º Ciclo os conteúdos devem ser abordados
sistematicamente nas intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de
formalização do conceito envolvido com atividades rítmicas e expressivas. No 3º
ano do 1º Ciclo os conteúdos em danças e expressão devem ser consolidados
como condição para o prosseguimento, com sucesso, em etapas posteriores de
escolarização.

No 2º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo de expressão rítmica deverá


organizar e esclarecer suas experiências e seu entendimento sobre o que é
atividade rítmica e expressão corporal. O conteúdo deve propor e organizar
experiências rítmicas em relação ao espaço, tempo, mudança de direções, níveis,
compasso, fluência e de planos. Mostrar e esclarecer as atividades rítmicas
populares e folguedos, entre outras experiências rítmicas dos ciclos festivos
regionais/locais. Mostrar e expandir o conhecimento sobre as motivações, origens,
saberes e práticas sobre as atividades rítmicas das regiões brasileiras, analisando
as semelhanças e diferenças existentes entre elas.

Organizar sequências coreográficas, a partir das diversas formas de


atividades rítmicas. Esclarecer a relação entre saúde, lazer, trabalho, nos
diferentes tipos de atividade rítmica. Organizar e esclarecer valores e atitudes
expressos nos diferentes tipos de atividade rítmica. Organizar festivais, mostras
e eventos culturais, as diversas formas de atividades rítmicas dos alunos. No 4º
ano, do 2º Ciclo, esses conteúdos de atividades rítmicas e expressões corporais
devem ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com
a formalização do conceito envolvido. No 5º ano do 2º Ciclo devem ser abordados
sistematicamente nas intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de
formalização do conceito envolvido na dança e expressão corporal. No 6º ano
do 2º Ciclo devem ser consolidados como condição para o prosseguimento, com
sucesso, em etapas posteriores de escolarização.

No 3º Ciclo do Ensino Fundamental, sugere-se que o conteúdo deva


expandir as suas experiências e seu entendimento sobre o que é atividade rítmica
e expressão corporal. Expandir as experiências rítmicas em relação ao espaço,
tempo, atividade rítmica de direções, níveis, compasso, fluência e de planos.
Ampliando o conhecimento sobre as atividades rítmicas populares e folguedos,

122
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

entre outras experiências rítmicas dos ciclos festivos regionais/locais. Expandindo


o conteúdo sobre as motivações, origens, saberes e práticas sobre as atividades
rítmicas das regiões brasileiras, analisando as semelhanças e diferenças
existentes entre elas. Mostrando maior volume de sequências coreográficas, a
partir dos diversos tipos de atividades rítmicas. Ampliando a relação entre saúde,
lazer, trabalho, nos diferentes tipos de atividade rítmica e expressão corporal. O
conteúdo deverá ampliar valores e atitudes expressos nos diferentes tipos de
atividade rítmica e expressão corporal. Ampliando o leque de possibilidades de
trabalho nos festivais, mostras e eventos culturais, sobre as diversas formas de
atividades rítmicas. No 7º ano, do 3º Ciclo, esses conteúdos devem começar
a ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a
formalização do conceito envolvido com atividade rítmica e expressão corporal.

No 8º ano do 3º Ciclo devem ser abordados sistematicamente nas


intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de formalização do conceito
envolvido, organizando e esclarecendo conceitos sobre atividades rítmicas e
expressões corporais. No 9º ano do 3º Ciclo deverão ser consolidados como
condição para o prosseguimento, com sucesso, em etapas posteriores de
escolarização.

No 4º Ciclo do Ensino Médio, os conteúdos devem aprofundar suas


experiências e seu entendimento sobre o que é atividade rítmica e expressão
corporal. O conteúdo deve proporcionar maior profundidade das experiências
rítmicas em relação ao espaço, tempo, atividade rítmica de direções, níveis,
compasso, fluência e de planos dos escolares. Intensificando suas experiências
rítmicas em relação ao espaço, tempo, atividade rítmica de direções, níveis,
compasso, fluência e de planos. Desenvolvendo e articulando as atividades
rítmicas populares e folguedos, entre outras experiências rítmicas dos ciclos
festivos regionais. Mostrando diversos pontos de vista e reflexões sobre as
motivações, origens, saberes e práticas sobre as atividades rítmicas das regiões
brasileiras, analisando as semelhanças e diferenças existentes entre elas.

Trazendo sequências coreográficas mais complexas, a partir dos diversos


tipos de atividades rítmicas. O conteúdo precisa atrelar mais a relação entre saúde,
lazer e trabalho nos diferentes tipos de atividades rítmicas e expressões corporais.
Aprofundando conhecimentos sobre valores e atitudes expressos nos diferentes
tipos de atividade rítmica. Desenvolvendo expressões mais complexas nos festivais,
mostras e eventos culturais, as diversas formas de atividades rítmicas.

No 1º ano do 4º Ciclo, os conteúdos de atividades rítmicas e expressões


corporais devem começar a ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas
sem preocupação com a formalização do conceito envolvido. No 2º ano do 4º
Ciclo devem ser abordados sistematicamente nas intervenções pedagógicas,

123
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

iniciando-se o processo de formalização do conceito envolvido. No 3º ano do 4º


Ciclo serão consolidados como condição para o prosseguimento, com sucesso,
para o mercado de trabalho ou/e para o Ensino Superior.

A seguir é apresentado um Plano de aula com a designação do ciclo


para apreciação de como colocar em prática os conceitos mostrados
nesse capítulo.

Quadro 8 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de


Atividade Rítmica e Expressão Corporal
CONTEÚDO
Identificação de som e expressão corporal pelos alunos a partir de diversos movimentos
e sons. Identificar ritmos internos e externos – alunos entre 7 e 10 anos.

TEMA DA AULA
Apresentação, movimentos e habilidades básicas da expressão rítmica e corporal.

OBJETIVO GERAL
Estabelecer diferentes maneiras de relacionar som e movimento, perceber e conhecer o
que é ritmo interno e externo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Possibilitar o contato com diferentes sonoridades mecânicas (músicas gravadas) ou
criadas pelos próprios escolares;
– Possibilitar um processo de criação de pequenas sequências coreográficas.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem de – Vivências de atividades – Desenvolver maneiras
expressões corporais. da dança que auxiliam próprias de se movimentar.
– Aprendizagem de na coordenação motora – Desenvolver
aspectos culturais grossa, em velocidade, componentes de respeito
associados com a dança. flexibilidades e no pela expressão do colega.
– Aprendizagem dos desenvolvimento do – Aprender estratégias
conceitos sobre ritmos equilíbrio. de se manter no ritmo
internos (e.g. Batimento – Vivência das expressões estabelecido.
cardíaco, respiração) e corporais através das – Aprender sobre domínio
ritmos externos (ritmo de danças. corporal.
sons diversificados). – Aprender sobre respeito
mútuo das diferenças.

124
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Organize uma roda para iniciar a aula e explique para os alunos a proposta
da atividade. Ressalte a importância de ouvir: o som, a música, o professor; de ver: o
espaço, o movimento dos outros colegas; de criar: não importa se o movimento é “feio ou
bonito”, “esquisito e/ou engraçado”. O importante é investigar seus movimentos utilizando
todas as partes do corpo.
2ª Atividade – Inicie aquecendo o corpo em roda, começando pela respiração abdominal
e pedindo para cada um observar o tempo de sua respiração e o som ou silêncio. Siga o
aquecimento pedindo para cada um realizar um movimento que aqueça, e todos repetem
sem música, cada um no seu tempo.

2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL
1a Atividade Introduza o jogo: os alunos, espalhados pela sala, começarão a se mover a
partir do estímulo sonoro, no caso, musical. Quando acaba o som, cessa o movimento e
permanecem em pausa até começar outro som.
2a Atividade – Coloque diferentes músicas (8/10), com tempos e sonoridades
contrastantes para que os alunos tenham experiências diversas. Os alunos podem num
primeiro momento fechar os olhos para ouvir a música e deixar o corpo responder ao
estímulo. Nessa atividade os alunos tentarão sentir o batimento cardíaco e a frequência
na respiração para compreender o próprio ritmo interno que pode ser diferente do ritmo
externo.
3a Atividade – Em seguida, separe os alunos em duplas: um aluno emite sons enquanto
que o outro responde imediatamente com o corpo/movimento ao som proposto. Como
se fosse um “boneco movido ao som”. Os dois são criativos neste caso, quem faz o
som e quem responde. Inverta os papéis e repita o exercício formando novas duplas.
O professor pode exemplificar fazendo sons diferentes para estimular os alunos: sons
estridentes, sons relaxantes, sons calmos, sons aflitivos.
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Discutir sobre as dificuldades da execução das atividades propostas e em compreender


os ritmos internos e externos.
- Discutir sobre os conceitos atrelados ao movimento e a dificuldades na expressão
corporal.
- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino dos movimentos básicos das
expressões corporais e rítmicas.

RECURSOS
- Sala ampla para realização de atividade corporal e aparelho de som.

AVALIAÇÃO
- Observar o modo como os alunos resolvem os problemas propostos, tanto no que diz
respeito à organização das atividades, quanto na execução das tarefas sugeridas.
- Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber atividades em
grupo.

125
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

PARA SABER MAIS


ATIVIDADES RÍTMICAS EXPRESSIVAS. Disponível em:<https://www.youtube.com/
watch?v=DTeMXa7r25k>. Acesso em: 23 mar. 2018.
REFERÊNCIAS
Livros
BRIKMAN, L. A linguagem do movimento corporal. São Paulo: Summus, 1989.
DANTAS, M. Dança: o enigma do movimento. Porto Alegre: Ed. Universidade / UFRGS,
1999.
Artigo
AFONSO, J. et al. Decision-making in sports: the role of attention, anticipation and
memory. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 14, n.
5, 2012. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-
00372012000500011&lng=es&nrm=iso&tlng=en>. Acesso em: 23 mar. 2018.

Fonte: A autora.

PARA SABER MAIS SOBRE SEXUALIDADE E GÊNERO

O que é masculinidade e feminilidade?

Segundo Ileana Wenetz (2011), “Masculinidades e feminilidades


são (re)construídas pelas crianças e dependem dos modos como suas
vivências nos diferentes espaços são atravessadas e (re)constituídas
no cotidiano e dos efeitos provocados por elas. Meninos e meninas
aprendem a ser de determinados modos. Essas aprendizagens se
dão, sobretudo, através do corpo e das práticas corporais, esportivas
ou lúdicas das crianças. Mais do que isso, essas aprendizagens
produzem corpos marcados pelo gênero e pela sexualidade. Contudo,
cabe destacar que assumir essa noção de corpo não implica a
negação de sua materialidade biológica. Muda-se a direção do
olhar, do corpo, para as relações de poder-saber que constituem
e nomeiam determinadas características corporais como sendo
diferenças essenciais, que importam como diferença em determinado
tempo e contexto e que, ao fazê-lo, conformam-se como explicação
legitimada e valorizada para justificar as diferenciações entre o
masculino e o feminino – a associação de determinadas feminilidades
e masculinidades a determinadas práticas das crianças.”.

Fonte: Disponível em:<http://www.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/


anais/1499431671_ARQUIVO_dancaegenero.pdf>. Acesso em: 17 maio 2018.

126
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

e) Conteúdos em Jogos
No 1º Ciclo do
Ensino Fundamental,
No 1º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo em jogos o conteúdo em jogos
necessita apresentar as experiências e o conhecimento sobre o que necessita apresentar
é jogo, inerentes à sua realidade de ação corporal. Apresentar as as experiências e
modificações corporais das funções vitais, que ocorrem durante as o conhecimento
sobre o que é jogo,
experiências práticas com os jogos (populares de salão e esportivos).
inerentes à sua
Apresentar a vitória e a derrota como parte integrante dos jogos realidade de ação
(populares, de salão e esportivos). O conteúdo deve mostrar a corporal. Apresentar
historicidade dos jogos (populares, de salão e esportivos), como as modificações
reflexão dos aspectos socioculturais. Apresentar o conhecimento corporais das
dos jogos (populares, de salão e esportivos), relacionando-os e funções vitais, que
ocorrem durante
entendendo a sua importância para o Lazer, Educação, Saúde,
as experiências
Trabalho e na exploração de espaços existentes na comunidade. práticas com os
O conteúdo deve ser composto por textos (desenhos, letras, etc.), jogos (populares de
visando o entendimento dos jogos (populares, de salão e esportivos), salão e esportivos).
de forma organizada e contextualizada. Apresentando os jogos Apresentar a vitória e
(populares, de salão e esportivos) nos Festivais de Cultura Corporal. a derrota como parte
integrante dos jogos
(populares, de salão
No 1º ano do 1º Ciclo, todos esses conteúdos em jogos devem e esportivos).
começar a ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas
sem preocupação com a formalização do conceito envolvido. No 2º ano do 1º
Ciclo devem ser abordados sistematicamente e de maneira organizada nas
intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de formalização do conceito
envolvido. No 3º ano do 1º Ciclo devem ser consolidados como condição para o
prosseguimento, com sucesso, em etapas posteriores de escolarização.

No 2º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo em jogos deverá


organizar e esclarecer as experiências e o conhecimento sobre o que No 2º Ciclo do
Ensino Fundamental,
é jogo (popular, de salão e esportivo), a partir da prática dos mesmos.
o conteúdo em jogos
Mostrar um conhecimento sistematizado sobre as modificações deverá organizar
corporais das funções vitais que ocorrem durante as experiências e esclarecer as
práticas com os jogos (populares de salão e esportivos). Esclarecer os experiências e
conceitos de vitória e derrota como parte integrante dos jogos (populares, o conhecimento
de salão e esportivos). O conteúdo deverá ser composto por pesquisas sobre o que é jogo
(popular, de salão e
sobre a historicidade dos jogos (populares, de salão e esportivos), como
esportivo), a partir da
reflexão dos aspectos socioculturais. Mostrando o conhecimento dos prática dos mesmos.
jogos (populares, de salão e esportivos), relacionando-os e entendendo
a importância para o Lazer, Educação, Saúde, Trabalho e na exploração
de espaços existentes na comunidade.

O conteúdo precisa apresentar textos escritos visando à compreensão e


explicação dos jogos (populares, de salão e esportivos), de forma organizada e

127
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

contextualizada. Sistematizando os jogos (populares, de salão e esportivos) em


possíveis Festivais de Cultura Corporal. No 4º ano do 2º Ciclo, esses conteúdos
dos jogos devem ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas sem
preocupação com a formalização do conceito envolvido.

No 5º ano do 2º Ciclo, os jogos com conteúdo devem ser abordados


sistematicamente nas intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de
formalização do conceito envolvido. No 6º ano do 2º Ciclo, os conteúdos de jogos
devem ser consolidados como condição para o prosseguimento, com sucesso,
em etapas posteriores de escolarização.

No 3º Ciclo do No 3º Ciclo do Ensino Fundamental, sugere-se que haja uma


Ensino Fundamental, ampliação do conhecimento sobre o que é jogo (popular, esportivo e
sugere-se que haja de salão), a partir da prática dos mesmos. A expansão dos conteúdos
uma ampliação sobre o conhecimento acerca das modificações corporais das funções
do conhecimento
vitais que ocorrem durante as experiências práticas com os jogos
sobre o que é jogo
(popular, esportivo e (populares de salão e esportivos) também é necessária. Assim como
de salão), a partir da o aumento dos conceitos de vitória e derrota como parte integrante dos
prática dos mesmos. jogos (populares, de salão e esportivos).
A expansão dos
conteúdos sobre o Os conteúdos devem ampliar o leque de possibilidades de pesquisa
conhecimento acerca
sobre a historicidade dos jogos (populares, de salão e esportivos), como
das modificações
corporais das reflexão dos aspectos socioculturais. Expandindo o conhecimento dos
funções vitais que jogos (populares, de salão e esportivos), relacionando-os e entendendo
ocorrem durante a sua importância para o Lazer, Educação, Saúde, Trabalho e na
as experiências exploração de espaços de existentes na comunidade. Inúmeros textos
práticas com os escritos, visando a compreensão dos jogos (populares, de salão e
jogos (populares de
esportivos), de forma organizada e contextualizada precisam ser
salão e esportivos)
também é proporcionados no conteúdo no 3º Ciclo.
necessária.
Além de aumentar a variedade de jogos (populares, de salão
e esportivos) nos Festivais de Cultura Corporal. No 7º ano do 3º Ciclo, esses
conteúdos de jogos devem ser abordados nas intervenções pedagógicas, mas
sem preocupação com a formalização do conceito de jogo envolvido.

No 8º ano do 3º Ciclo devem ser abordados sistematicamente nas


intervenções pedagógicas, iniciando-se o processo de formalização do conceito
envolvido. No 9º ano do 3º Ciclo deverão ser consolidados como condição para o
prosseguimento, com sucesso, em etapas posteriores de escolarização.

128
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

No 4º Ciclo do Ensino Médio, os conteúdos devem aumentar No 4º Ciclo do


o número e qualificar pesquisas sobre a historicidade dos jogos Ensino Médio,
(populares, de salão e esportivos), como reflexão dos aspectos os conteúdos
devem aumentar o
socioculturais. Aprofundando o conhecimento dos jogos (populares, de
número e qualificar
salão e esportivos), relacionando-os e entendendo a sua importância pesquisas sobre a
para o Lazer, Educação, Saúde, Trabalho e na exploração de espaços historicidade dos
existentes na comunidade. O conteúdo deve manter o escolar em jogos (populares, de
contato direto com textos escritos, visando a compreensão dos salão e esportivos),
jogos (populares, de salão e esportivos), de forma organizada e como reflexão
dos aspectos
contextualizada. Aprofundando conhecimentos os jogos (populares, de
socioculturais.
salão e esportivos) nos Festivais de Cultura Corporal. Aprofundando o
conhecimento dos
No 1º ano do 4º Ciclo, os conteúdos devem ser abordados nas jogos (populares, de
intervenções pedagógicas, mas sem preocupação com a formalização salão e esportivos),
do conceito envolvido. No 2º ano do 4º Ciclo eles devem ser relacionando-os e
entendendo a sua
abordados sistematicamente nas intervenções pedagógicas, iniciando-
importância para o
se o processo de formalização do conceito envolvido. No 3º ano do 4º Lazer, Educação,
Ciclo serão consolidados como condição para o prosseguimento, com Saúde, Trabalho e
sucesso, para o mercado de trabalho ou/e para o Ensino Superior. na exploração de
espaços existentes
A seguir é apresentado um Plano de aula com a designação na comunidade.
do ciclo para apreciação de como colocar em prática os conceitos
mostrados neste tópico.

Quadro 9 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Jogos


CONTEÚDO
Jogos populares de estafeta – alunos entre sete e 10 anos.

TEMA DA AULA
- Apresentação, movimentos e habilidades básicas e elementos culturais dos jogos de
estafeta.

OBJETIVO GERAL
- Mostrar diferentes jogos de estafeta e apresentar conceitos e valores morais associados
com a cultura dos jogos de estafeta.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Desenvolver expressão corporal a partir de manifestações culturais regionais/locais;
- Desenvolver coordenação motora grossa e equilíbrio;
- Desenvolver velocidade e resistência através de práticas lúdicas associadas às práticas
de jogos de estafeta.

129
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem de – Vivências de atividades – Desenvolver maneiras
conceitos sobre jogos de culturais que auxiliam próprias de realizar as
estafeta. na coordenação motora ações de estafetas.
– Aprendizagem de grossa, no aumento da – Desenvolver
aspectos culturais dos jogos velocidade, força e outras componentes de
de estafeta. capacidades físicas. velocidade, força,
– Aprendizagem de ações – Vivência das expressões flexibilidade, entre outras
dos jogos que envolvem corporais culturais através capacidades.
coordenação motora das ações de estafetas. – Aprender estratégias
grossa (i.e. manipulação, próprias dos jogos de
estabilização e locomoção) estafeta e sobre regras.
e aplicação de força com
equilíbrio.

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Explicação sobre os jogos de estafeta, conceitos e regras.


2ª Atividade – Os alunos serão divididos em grupos de oito componentes e realizarão
o aquecimento com a estafeta com balão – serão desafiados a correr 20 m e retornar
ao grupo sem deixar o balão cair, ou seja, mantendo-o no ar, de um ponto a outro. Ao
retornar, o aluno passa o balão para o próximo da fila.
3ª Atividade – Alunos dispostos em filas, duas ou mais equipes na linha de fundo da
quadra. O último aluno estará com a posse de uma bola. Ao sinal do professor, o último
aluno irá para o início da fila e passará a bola para o de trás, por cima da cabeça (por
baixo, ou alternadamente), assim até chegar ao último, e este segue para a frente da fila,
e assim sucessivamente até chegarem à linha de fundo do outro lado.
2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL
1a Atividade – Estafeta de alvo – um aluno de cada equipe fica com um cone na mão, os
outros alunos um de cada vez tentarão arremessar a bola de tênis de uma distância de
mais ou menos sete metros, o aluno que está com o cone vai tentar pegar a bola com o
furo maior do cone. Se o aluno errar o alvo, ele vai buscar a bola, volta e tenta acertar
novamente, quando acertar ele passa a segurar o cone para que o próximo da fila possa
tentar acertar o alvo, e assim todos que acertarem vão segurar o cone para o próximo
acertar o alvo.
2a Atividade – Pique bandeira – as crianças são divididas em dois times. Cada um fica com
um lado da quadra. Na linha de fundo de cada espaço é fincada a bandeira do time. O
objetivo é roubar a bandeira adversária e proteger a sua, atravessando o campo adversário
correndo. Quando um ou mais jogador tenta atravessar o campo inimigo, precisa cuidar
para não ser pego por nenhum de seus adversários, senão fica preso no fundo do campo
e não pode mais ajudar seu time. Os jogadores presos no campo adversário só podem
ser libertados pelo toque de um companheiro de time. Enquanto parte do time se dedica à
conquista da bandeira do outro, o resto fica incumbido de proteger a sua própria bandeira,
evitando que os adversários cheguem até ela, e de vigiar os presos, para que seus
colegas não os libertem. O jogo acaba quando um dos times conseguir trazer para seu
campo a bandeira do outro.

130
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

3a Atividade – Estafeta com Arco – distribua os alunos em pequenos grupos organizados


em fila e desafie-os a cada um, na sua vez, correr de uma marca até o arco e passá-lo
pelo corpo e voltar correndo para o final da sua equipe. Formas de transpor o arco: Dos
pés à cabeça; da cabeça aos pés, em alturas diferentes.

4ª Atividade – Alunos dispostos em filas, duas ou mais equipes na linha de fundo da


quadra de futsal. Cada aluno tem posse de uma bexiga cheia. Será escolhido um aluno
para iniciar do outro lado, dentro de um bambolê. O primeiro da fila irá correr até o outro
lado, onde se encontra o colega e o abraçará até que o balão estoure. Após estourar, o
colega que iniciou do outro lado retorna para o final da fila e enche outro balão. A equipe
que estourar todos os balões primeiro vence. Não esqueça de recolher todos os pedaços
dos balões estourados para pôr no lixo.
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Discutir sobre as dificuldades da execução das atividades propostas.


- Discutir sobre a cultura que envolve os jogos de estafeta e as respectivas regras.
- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino de queimada.

RECURSOS
- Balões, cones, bolas de tênis, coletes para ser a bandeira e quadra ou campo.

AVALIAÇÃO
- Observar o modo como os alunos resolvem os problemas propostos, tanto no que diz
respeito à organização das atividades, quanto na execução das tarefas sugeridas.
- Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber atividades em
grupo e sobre o respeito às regras.

PARA SABER MAIS


VARIAÇÕES DE JOGOS DE ESTAFETAS! – Disponível em https://www.youtube.com/
watch?v=CamQfUHpz34 Acesso em 23 mar. 2018.
REFERÊNCIAS
Vídeos
ESTAFETAS COM 4 ANO MATUTINO. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=Ch8L0kUWhD0>. Acesso em: 24 mar. 2018.
Site
EDUCAÇÃO E SUAS ESPECIFICIDADES. Estafetas. Disponível em:< http://
karlawanessa.blogspot.com.br/2011/01/estafetas-jogos-em-fila.html>. Acesso em: 24
mar. 2018.
Artigo
BASSI, J. B.; FILGUEIRAS, I. P. Interações sociais entre crianças de 6 e 7 anos
durante práticas de jogos cooperativos e competitivos. Disponível em:< http://www.
mackenzie.com.br/fileadmin/Pesquisa/pibic/publicacoes/2011/pdf/edf/juliana_bayerlein.
pdf>. Acesso em: 24 mar. 2018.

Fonte: A autora.

131
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

O site Educacional mostra um banco de dados de jogos e


atividades próprias para as aulas de Educação Física escolar.
Disponível em: <http://www.educacional.com.br/educacao_fisica/
baudeatividades.as> . Acesso em: 17 maio 2018.

AlGumas ConsideraçÕes
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que o Ministério da Educação
e os estados em geral disponibilizam têm como meta nortear o processo de ensino
e aprendizagem dos conteúdos da Educação Física escolar. Dessa maneira, os
PCNs podem auxiliar o professor diariamente na elaboração do conteúdo das aulas.
Entretanto, existe uma dificuldade na área da Educação Física em transformar a
teoria em prática. Por isso, o presente capítulo objetivou mostrar o processo de
organização e distribuição dos conteúdos da Educação Física escolar. Assim como
discutiu sobre os conceitos e implicações teóricas dos conteúdos de ginástica,
esporte, lutas, atividades rítmicas e expressivas, e os jogos.

Foram apresentadas exemplificações e simulações de planos de aula


desenvolvidos a partir da necessidade de organização do conteúdo da matriz
curricular a partir de cada eixo temático e da expectativa de ensino e aprendizagem
dos escolares em seus respectivos momentos do ensino básico. Como pontos
principais, é importante entender que no 1º Ciclo do Ensino Fundamental, a
organização dos conteúdos da Educação Física é direcionada para identificar o
contexto da cultura corporal e similaridades desse contexto com atividades/ações
cotidianas do escolar. Em seguida, no 2º Ciclo do Ensino Fundamental, o conteúdo
mostra a iniciação de práticas sistematizadas. Isso necessita estar associado com
o desenvolvimento do juízo de valores e com a tomada de decisão. No 3º Ciclo
do Ensino Fundamental, o escolar precisa expandir seu conhecimento e gerar
reflexões com extrapolação para comunidade escolar, ele deve experimentar
diversidade do conteúdo.

No 4º Ciclo do Ensino Médio, o conteúdo precisa aprofundar conhecimentos


e gerar autonomia na análise dos efeitos das atividades físicas e das expressões
corporais na aptidão física e mental e, consequentemente, na saúde geral do
escolar. No próximo capítulo serão mostradas dinâmicas que podem ser utilizadas
na educação física escolar, concatenadas aos temas transversais.

132
Capítulo 3 APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA

ReferÊncias
ARAÚJO, Ulisses. Temas Transversais, Pedagogia de Projetos e as
Mudanças na Educação. São Paulo: Summus, 2014.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: Educação Física, 1º e 2º ciclos. Brasília: MEC, 1997.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: Educação Física, 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC, 1998.

DARIDO, Suraya Cristina et al. Livro didático na Educação Física escolar:


considerações iniciais. Motriz. v. 16, n. 2, 2010.

133
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

134
C APÍTULO 4
Desafios Contemporâneos:
Dinâmicas na Educação Física
Escolar Utilizando Temas
Transversais

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Aprofundar conhecimento sobre os temas transversais citados pelos PCNs,


que são: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual,
como também Trabalho e Consumo.

 Discutir a respeito dos temas transversais na Educação, com questionamentos


sobre o papel da escola dentro de uma sociedade plural e globalizada, e as
prioridades que devemos abordar nos conteúdos das aulas de Educação Física.

 Mostrar exemplos de dinâmicas e planos de aula, relacionando os conteúdos


tradicionais com os temas transversais.
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

136
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

ConteXtualização
Os conteúdos transversais objetivam superar questões e
Os Conteúdos em
aspectos socialmente ruins, e relacionar no ensino os desafios temas transversais,
mais frequentes da sociedade contemporânea. Isso não representa de forma altamente
deslocar os conteúdos curriculares tradicionais. A educação para a elementar, mostram
cidadania necessita que questões sociais sejam apresentadas para os obstáculos da
os escolares. Os PCNs (BRASIL, 1998;1997) incorporam os temas sociedade nacional
e procuram, em
transversais como tendências no currículo de forma a compor um
sua abordagem,
conjunto articulado e aberto a novos conteúdos para um tratamento encontrar propostas
didático que contemple tal complexidade e dinâmica (ARAÚJO, 2014). e conscientizar os
escolares acerca
É necessário adaptar os conteúdos dos blocos tradicionais da necessidade
(Jogos, Danças, Lutas, Esportes) antes de inserir os temas, porque dos conteúdos
transversais
a Educação Física mostra uma história que associa tais atividades
citados pelos PCNs
com valores formativos duvidosos que contradizem os princípios (BRASIL,1997;
subjacentes aos conteúdos transversais (DARIDO et al., 2010). 1998), os quais
podem ser:
Os Conteúdos em temas transversais, de forma altamente Pluralidade Cultural,
elementar, mostram os obstáculos da sociedade nacional e procuram, Ética, Saúde que
está associada com
em sua abordagem, encontrar propostas e conscientizar os escolares
qualidade de vida,
acerca da necessidade dos conteúdos transversais citados pelos PCNs Meio Ambiente que
(BRASIL,1997; 1998), os quais podem ser: Pluralidade Cultural, Ética, está associado com
Saúde que está associada com qualidade de vida, Meio Ambiente que responsabilidade
está associado com responsabilidade social e Orientação Sexual que social e Orientação
está associado com Gênero e Sexualidade, como também Trabalho e Sexual que
está associado
Consumo (BRASIL, 1997; 1998).
com Gênero e
Sexualidade, como
Os conteúdos transversais deveriam ser o foco dos desafios do também Trabalho e
currículo, devido à importância das mudanças sociais fundamentais Consumo (BRASIL,
(DARIDO et al., 2010). Por isso, esses temas são sugeridos para 1997; 1998).
Educação Física escolar e para outras áreas da Saúde (SANTOS, 2015).

Nesse capítulo observaremos como tratar pedagogicamente os conteúdos


transversais na Educação Física escolar, ou seja, como é possível organizar,
antecipar e montar propostas que englobam os grandes desafios sociais nacionais,
ou debater qual posicionamento o professor pode mostrar frente às circunstâncias
imprevisíveis que surgem durante as aulas. É importante enfatizar que as teorias que
circulam os conteúdos transversais nas aulas podem e necessitam estar atreladas
aos conteúdos tradicionais que as compõem, ou seja, os conteúdos e os elementos
da cultura corporal de dinâmica os quais incluem o esporte, o jogo, a dança, as
atividades rítmicas e expressivas, as lutas e a ginástica (DARIDO et al., 2010).

137
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

ABordaGem em Saúde e Qualidade de


Vida
Adefinição de saúde não fica clara quando se almeja defini-la de modo conclusivo,
apenas associando-a ao bem-estar e em bons níveis de aptidão física. Isso se deve
ao fato de que quando se menciona “saúde” não podemos deixar de levar em conta
os aspectos que interferem nesse significado, como: meio ambiente, aspectos
socioeconômicos, biológicos, culturais, afetivos e psíquicos (DARIDO, 2010).

Partindo dessa noção mais dinâmica da concepção de saúde, podemos


analisar os PCNs (BRASIL,1997; 1998) como orientações que fundamentam a
compreensão de saúde na execução da cidadania, alegando que é necessário
preparar os escolares a se apropriarem de princípios, tomar decisões, fazer
atividades e produzir atitudes saudáveis na realidade em que estão envolvidos.
Nesse sentido, as estratégias profiláticas (preventivas) complementam as
atividades curativas e de reabilitação, e por isso não podem existir isoladamente,
justificando, também, a inclusão do assunto na instituição.

De fato, são objetivos educacionais: compreender, debater,


Os meios de
comunicação, conscientizar e instrumentalizar os discentes na Educação Física.
focalizados em A saúde está tradicionalmente relacionada à área, muito embora tal
vender ou disseminar conexão estivesse focada ao atributo abalizadamente biológico e
vestimentas tecnicista. Ultrapassando essa concepção histórica, a partir de um novo
desportivas, destaque trazido pelos PCNs (BRASIL, 1997; 1998), os conteúdos da
propagandas
Educação Física necessitam gerar reflexão sobre o conceito de saúde
de academias,
tênis, máquinas de modo mais amplo, a fim de que as dimensões sociais, mentais,
de ginástica e afetivas e culturais sejam privilegiadas.
musculação,
vitaminas, dietas e Reconhecer, por conseguinte, o papel da atuação dos meios de
infindáveis materiais, comunicação relacionados à saúde e à atividade física vincula-se à
maquinários
tarefa do professor de Educação Física, responsabilizando-o por fazer
e produtos
alimentares, trazem uma leitura crítica do cenário atual. Por exemplo, abrindo um jornal,
por trás de todos lendo uma revista ou assistindo à TV, é fácil visualizar diversos apelos e
esses fatores realizações em prol da atividade física.
um discurso de
convicção e do Os meios de comunicação, focalizados em vender ou disseminar
sonho de um corpo
vestimentas desportivas, propagandas de academias, tênis, máquinas
belo, saudável e
associado, em sua de ginástica e musculação, vitaminas, dietas e infindáveis materiais,
ampla maioria, com maquinários e produtos alimentares, trazem por trás de todos esses
a melhora da saúde. fatores um discurso de convicção e do sonho de um corpo belo,
saudável e associado, em sua ampla maioria, com a melhora da saúde.

138
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

Nesse contexto, é recomendado ao professor de Educação Física:

• Constatar o contexto da saúde na profissão criando e


incentivando discussões e reflexões que possibilitam ao aluno
fazer uma leitura crítica do meio em que está inserido. Tais
discussões podem vir acompanhadas de pesquisas anteriores ou
posteriores, verificação de acontecimentos exibidos pelos meios
de comunicação, apontamentos produzidos ao longo as aulas de
Educação Física.
• Trabalhar em aula as associações entre a saúde e o esporte.
• O professor precisa desnudar esse cenário, pois, afinal de contas,
será que o esporte é só saúde?
• Mostrar, por exemplo, a utilização abusiva do doping no meio
esportivo?
• Ou ainda, qual a justificativa saudável em meio a tantas lesões
causadas pela prática do esporte?
• Levar os estudantes a debater uma “malhação” desmedida.
• Será que somente praticantes de atividades físicas têm uma vida
saudável?
• Paradigmas de corpo ditados pelos meios de comunicação –
onde está a saúde nesta história?
• Ser magro(a) será que é sinônimo de ser saudável?
• O professor poderá promover estudos que relacionam atividade
física e nutrição, atividade física e obesidade, entre outras.
• Tratar com os alunos a questão das “dores do dia seguinte” e
dos fatores negativos associados à baixa frequência de atividade
física durante a semana e as sensações frequentes que ocorrem
entre os “atletas de final de semana”.
• Poderá instigar estudos e discussões sobre como preparar o
corpo, a notar seus níveis, comprovando práticas corporais que
trabalhem com essas demandas.

A seguir é apresentado um exemplo de plano de aula de ginástica que


trabalha questões de saúde e qualidade de vida.

139
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Quadro 10 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Ginástica


relacionado ao Tema Transversal Saúde e Qualidade de Vida
CONTEÚDO
Oportunizar aos alunos a percepção de imagem corporal, movimentos corporais e novas
possibilidades de desenvolvimento pessoal, utilizando a ginástica artística e rítmica, e
discutir sobre imagem corporal – alunos entre 11 e 15 anos.

TEMA DA AULA
- Saúde e qualidade de vida relacionadas à Ginástica Artística e Rítmica.

OBJETIVO GERAL
• Conhecimento prévio das ginásticas a serem trabalhadas com os alunos.
• Resgate histórico das ginásticas e discussão sobre percepção de imagem corporal.
• Atividades de pesquisa das ginásticas artística e rítmica com aparelhos.
• Apresentação de vídeos das modalidades ginásticas que ilustram a origem e a
execução dos movimentos e coreografias. Assim, podemos despertar o interesse que,
certamente, auxilia no trabalho a ser desenvolvido.
• Confecção dos materiais a serem utilizados, o arco e a fita.
• Construção de coreografias para apresentar ao final da etapa.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Desenvolver expressão corporal a partir de movimentos da ginástica;
- Desenvolver coordenação motora grossa em deslocamentos, saltos e piruetas.
- Desenvolver força e resistência através de práticas lúdicas associadas às práticas da
ginástica para todos.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem de ações – Vivências de atividades – Desenvolver autoestima
da Ginástica Rítmica e da Ginástica Artística e e respeito próprio.
Artística. Rítmica. – Discutir sobre os valores
– Aprendizagem de – Desenvolvimento dos reais de elementos
aspectos históricos dessas materiais utilizados na aula cognitivos e afetivos, além
duas ginásticas. (por exemplo: arco e fita). da imagem corporal.
– Aprendizagem sobre a – Discutir sobre respeito ao
concepção específica dos próximo e sobre igualdade
gestos de cada uma dessas social.
ginásticas através de
vídeos.
– Aprendizagem sobre
modelos estéticos e sobre
transtornos alimentares e de
imagem de muitos atletas
dessas modalidades.

140
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Será formada uma roda para falar sobre as ginásticas artística e rítmica
e sobre percepção corporal. Além da apresentação histórica, nesse momento, o
professor apresentará vídeos ilustrativos de movimentos básicos das ginásticas artística
e rítmica, mostrando que a percepção de imagem é um problema constatado nessas
modalidades; em seguida, os alunos tentarão realizar as ações específicas mostradas
por vídeos.
2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL
1a Atividade – Os alunos tentarão desenvolver arcos e fitas com material alternativo,
como: jornal, saco de lixo, pedados de tecido, entre outros. Em seguida, realizarão
movimentos específicos com esse material.

2a Atividade – Em grupos de quatro pessoas, os escolares desenvolverão coreografias


utilizando o material construído e pelo menos dois tipos de giros/rolamentos, dois tipos
de deslocamentos e duas formações diferentes.

3a Atividade – Serão discutidos aspectos associados à imagem corporal e transtorno


de imagem. A discussão tratará da aceitação social junto à imagem e com os desafios
que isso pode trazer, como exemplo, redução de autoestima e transtorno alimentar.
Exemplificar sobre o desafio que é prevalente nas ginásticas artística e rítmica.

Trabalho:
– Os grupos apresentarão um ou dois movimentos da coreografia para a sala, que
tentará mimetizar os movimentos, conforme a música escolhida pelo professor.
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Discutir sobre autoestima e respeito pelo próximo.


- Discutir sobre os desafios associados aos transtornos alimentares.
- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino dos movimentos de
acrobacia.

RECURSOS
- Material sucateado, caixa de som, equipamento audiovisual.

AVALIAÇÃO
- Observar o posicionamento dos alunos nas discussões.
- Verificar como o grupo interage diante das atividades propostas.
- Observar o interesse dos alunos nas demandas de transtorno de imagem e alimentar.

141
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

PARA SABER MAIS


“OURO” BRA FINAL GINÁSTICA RÍTMICA. Disponível em:< https://www.youtube.
com/watch?v=8rpS__7Bexw>. Acesso em: 24 jan. 2018.
DAIANE DOS SANTOS (BRA) FX EF MEETING INTERNATIONAL 2011. Disponível
em:< https://www.youtube.com/watch?v=txgDluTyLT4>. Acesso em: 24 jan. 2018.
REFERÊNCIAS
Vídeos
CONJUNTO (BRA) 5 FITAS FINAL JOGOS PAN AMERICANOS TORONTO 2015.
Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=mo--NFyY8cE>. Acesso em: 24 jan.
2018.
GYMNASTICS FOR ALL: A CHILD CENTERED APPROACH. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=BBxYlbBFMMc>. Acesso em: 23 jan. 2018.
Artigo
VIEIRA, J. L. L. et al. Distúrbios de atitudes alimentares e distorção da imagem corporal no
contexto competitivo da ginástica rítmica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte,
v. 15, n. 6, p. 410-414, 2009. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-
86922009000700001&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 17 maio 2018.

Fonte: A autora.

Atividade de Estudos:

1) O que é qualidade de vida?


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Meio AmBiente e ResponsaBilidade


Social
Assuntos vinculados ao meio ambiente estão sendo discutidos com elevada
regularidade nos últimos anos, haja vista que a população tem se demonstrado
muito sensível aos desdobramentos desequilibrados dos recursos naturais em
torno do nosso planeta (MEDEIROS, 2011).

142
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

As reflexões em torno da concepção de desenvolvimento sustentável


parecem possuir o foco desse debate e a elucidação sobre os diferentes
significados se faz preciso do ponto de vista da responsabilidade social vinculada
ao meio ambiente (MEDEIROS, 2011). Existe a necessidade de equilibrarmos
o consumo com a produção de recursos por parte da natureza, dessa forma,
estaríamos garantindo uma relação de sustentabilidade. Porém, o entendimento
de que existe uma cadeia de relações denominada ecossistema, na qual cada
uma das pessoas interfere e requer mediação, precisa ser mais bem estudado
durante as aulas de Educação Física (DARIDO, 2011).

A necessidade de realização de conteúdos aptos para conferir esclarecimentos


sobre a ligação entre a sociedade e a natureza também oferece colaborações para
a compreensão da relevância da Educação Física e dos Esportes no trabalho com
atitudes, formação de princípios, educação e aprendizagem de capacidades e
métodos no sentido da construção de comportamentos “ambientalmente corretos”.

As intervenções nas aulas de Educação Física, bem como nos acontecimentos


temáticos guiados para as demandas associadas ao meio ambiente, mostram-se
como um caminho possível para o direcionamento do trabalho. Assim, o conteúdo
consegue auxiliar os discentes na identificação das particularidades do lugar
físico em que acontecem as aulas (quadra, campo, ginásio, entre outros) e no
que se refere às condições do piso, da qualidade do ar, do tratamento sonoro, da
incidência/ausência de luz e calor, entre outros aspectos (DARIDO, 2011).

Em suma, é possível efetuar investigações sobre as melhores situações para


a prática de atividade física e esportes em meio ambiente, pensando que todos nós
temos a responsabilidade social de reduzir os danos causados ao ecossistema.
Levar os estudantes a vivenciar circunstâncias práticas em ambientes diferentes
(parque, praça, praia, clube, entre outros), a fim de estabelecer comparações com
a realidade vivida no dia a dia auxilia na compreensão sobre o meio ambiente.
Assim como conteúdos associados ao ato de pesquisar e vivenciar situações que
revelam a essência de determinadas atividades processadas na instituição e nas
aulas de Educação Física.

143
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Quadro 11 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Jogos Relacionado


com o Tema Transversal Meio Ambiente e Responsabilidade Social
CONTEÚDO
Desenvolvimento de jogos associados ao meio ambiente e à responsabilidade social –
alunos de 11 até 14 anos.

TEMA DA AULA
- Discussão sobre os problemas que ocorrem no meio ambiente, desenvolvimento de
jogos com material sucateado e contato com o meio ambiente.

OBJETIVO GERAL
Trabalhar com os alunos métodos pedagógicos de equilíbrio, movimentos de domínio e
controle de força através de atividades lúdicas que permitam reflexão.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Desenvolver jogos a partir das questões sobre problemas associados ao meio ambiente.
- Desenvolver elementos cognitivos com a elaboração de jogos em meio ambiente.
- Desenvolver habilidades e capacidades físicas com a prática de jogos em meio ambiente.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem de – Vivências de atividades – Desenvolver regras de
problemas e possíveis em meio ambiente. conduta e jogos próprios
soluções para as questões – Vivência de jogos em para serem realizados em
ambientais. meio ambiente. meio ambiente
– Aprendizagem dos – Elaboração dos jogos em – Desenvolver
conceitos associados com meio ambiente. componentes de
as atividades em meio responsabilidade social e
ambiente. companheirismo durante
o desenvolvimento dos
jogos.
– Aprender estratégias
de utilização das próprias
habilidades físicas
e cognitivas para as
atividades propostas pelos
colegas.

144
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Desenvolver com os/as educandos/as uma listagem dos principais


problemas ambientais locais, com alguns comentários sobre os mesmos, diagnosticando
o grau de preocupação e esclarecimento dos mesmos;
b) Apresentar o quadro abaixo e propor o preenchimento com palavras no grupo maior:
preencher com palavras associadas a:

Problemas ambientais Ex.: Poluição

Espaço Cidade
Animais Rato
Plantas Flores

Personagens do jogo Caçadores

Tipo de jogo que pode ser desenvolvido no meio


Caça ao tesouro
ambiente

Elementos de cenário Parque

c) Depois de preenchido o quadro, dividir o grupo maior em pequenos grupos, no máximo


cinco participantes, e propor elaboração de um jogo utilizando de duas a três palavras de
cada quadro.
d) Após concluir a elaboração do jogo, trocar os jogos entre os grupos.
e) Cada grupo deverá mostrar seu jogo, utilizando materiais que estão à disposição
(sucata em geral).
f) São escolhidos três jogos para composição da parte principal da aula.
2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL
1a Atividade – à escolha
2a Atividade – à escolha
3a Atividade – à escolha
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Discutir sobre as dificuldades da redução de danos ao meio ambiente e sobre a


responsabilidade social de cada um sobre isso.
- Discutir sobre a formação dos jogos e sobre a dificuldade de execução.
- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino de atividades realizadas em
meio à natureza.

145
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

RECURSOS
- Sucatas e um parque.

AVALIAÇÃO
- Observar o modo como os alunos resolvem os desafios propostos, tanto no que diz
respeito à organização das atividades, quanto na execução das tarefas sugeridas.
- Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber atividades em
grupo.
- Verificar como foi a assimilação da responsabilidade social e da educação
ambiental.

PARA SABER MAIS


EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Disponível em:<https://www.
youtube.com/watch?v=C58Xn-2ZqxU>. Acesso em: 23 mar. 2018.
REFERÊNCIAS
Vídeos
RELAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA COM O AMBIENTE. Disponível em:<https://www.
youtube.com/watch?v=lU6ZVy7z88w>. Acesso em: 23 mar. 2018.
EDUCAÇÃO FÍSICA: TEMAS TRANSVERSAIS. Disponível em:<https://www.youtube.
com/watch?v=bJra0-7tgw8>. Acesso em: 23 mar. 2018.
Artigo
DOMINGUES, S. C. et al. Educação ambiental e educação física: possibilidades para a
formação de professores. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, v. 33, n. 3, p. 559-
571, 2011.

Fonte: A autora.

Leia o texto de Linhares e Piemonte (2010) sobre meio ambiente


e Educação Ambiental e sua relação com a dignidade da pessoa
humana. Disponível em: <http://www.domhelder.edu.br/revista/index.
php/veredas/article/view/192/149>. Acesso em: 17 maio 2018.

Ética
A ética interroga a legitimidade de práticas e princípios consagrados pela
tradição e através do costume, englobando tanto a crítica das convivências
entre os grupos nas escolas, ante as mesmas, como também na dimensão das
atitudes pessoais (SILVA, 2014). Debater ética na instituição é repensar acerca da
convivência humana nas suas situações com as muitas dimensões da vida social:
Por exemplo, no meio ambiente, em locais culturais, no trabalho, em momentos

146
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

de lazer, ou até mesmo no consumo, assim como em temas sobre sexualidade e


saúde. De modo indireto, conscientemente talvez não, mas aulas de Educação
Física escolar atuam sobre as atitudes e princípios arraigados nos estudantes.
Entretanto, cabe aqui uma reflexão: que princípios são estes? São aqueles
desarticulados da realidade, baseados nos princípios de um determinado grupo
ou de um professor? Ou aqueles que respeitam a diferença e que são primordiais
para a formação de futuros cidadãos?

Nas atividades físicas de modo geral, os alunos mostram comportamentos


de excitação, cansaço, temor, vergonha, felicidade, contentamento, entre
outras expressões que precisam ser respeitadas (SILVA, 2014). Os conteúdos
da Educação Física trabalham atitudes a serem afetadas pela intensidade e
qualidade dos estados afetivos e vivências dos alunos, corporalmente.

O desenvolvimento moral do indivíduo está diretamente relacionado à


afetividade e à racionalidade, e nas aulas de esportes, por exemplo, ocorrem
situações que possibilitam uma intensa mobilização afetiva e de interação social
(SILVA, 2014). Tal cenário apresenta-se como ambiente ideal para explicitação,
argumentação e análise sobre as atitudes e princípios éticos ou não éticos para si
e/ou para os outros. Trabalhar atitudes é muito difícil e envolve, em primeiro lugar,
a contradição entre o que o professor quer e o que o sistema social vivenciado
pelo aluno precisa, assim como esses componentes podem receber influências
dos meios de comunicação. Por conseguinte, há dificuldade de priorizar métodos
nitidamente estabelecidos para trabalhá-los, já que não temos tradição em ensinar
valores de maneira explícita.

Além da intervenção no instante adequado, é recomendado ao professor


de Educação Física a construção de formas e espaços para que tais princípios
sejam exercidos, cultivados e abordados durante as aulas. Tais métodos precisam
englobar: a vivência do “ato de considerar e respeitar”; efetuar atuações conjuntas;
dialogar de fato com colegas e professores; a experiência de adquirir solidariedade
e ser solidário; o acesso aos saberes que permitam a compreensão, a assistência
e a análise crítica de circunstâncias concretas dentro e fora da escola.

147
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Atividade de Estudos:

1) Vejamos como isso pode ocorrer nas aulas de Educação Física


escolar. Certos discentes são apontados mais habilidosos que
outros no futebol, por exemplo, por isso são supervalorizados,
enquanto os menos habilidosos são desconsiderados ou
indesejados. O que você acha que o professor pode promover
nesse exemplo?
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____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

O conteúdo
É necessário achar na diversificação das atividades corporais
consegue levar os
discentes a repensar alternativas que contemplem e valorizem as vantagens de cada
e debater sobre aluno. Por exemplo, podemos notar que, ao longo da execução
desafios achados de um jogo, normalmente ocorrem discussões, até mesmo brigas
durante a atividade, entre os participantes a respeito da validade ou não de um gol ou
expressando ponto. O conteúdo consegue levar os discentes a repensar e debater
opiniões, sobre desafios achados durante a atividade, expressando opiniões,
questionamentos questionamentos e dúvidas. Depois disto, ele pode voltar à vivência
e dúvidas. Depois da atividade a qual adquire maior significado para os alunos. Levar os
disto, ele pode alunos a discutir as regras presentes nas modalidades desportivas e
voltar à vivência suas necessidades, considerando sua adequação à realidade do grupo,
da atividade a
para que não discriminem e excluam qualquer aluno. O professor pode
qual adquire maior
solicitar no conteúdo uma pesquisa sobre as regras nas diferentes
significado para os
alunos. modalidades desportivas, bem como a construção ou alteração dessas
regras por grupos de alunos e a experimentação dessas reformas para
constatar e repudiar as circunstâncias de abuso e desrespeito, como agressões
físicas ou verbais, apelidos pejorativos e discriminações em geral.

Nas práticas desportivas o entendimento é, certas vezes, dificultado, já que


todos almejam falar ao mesmo tempo, motivados por comportamentos emotivos,
mas o exercício de saber ouvir, realizar e debater a atividade é essencial. É dessa
habilidade e conhecimento que o cidadão necessitará na sua vida, no seu uso
diário da cidadania.

A seguir é apresentado um exemplo de plano de aula de esporte que trabalha


questões de ética e cidadania, para compreensão de como colocar em prática os
conceitos mostrados nesse tópico.
148
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

Quadro 12 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de


Esporte Relacionado com o Tema Transversal Ética
CONTEÚDO
Apresentar diferentes tipos de práticas esportivas e regras, tratar dos componentes éticos
associados à regra de cada modalidade aos alunos e conhecê-los, promover dinâmica
entre os escolares, conceituar esportes coletivos – alunos entre 9 e 11 anos.

TEMA DA AULA
- Apresentação, movimentos e habilidades básicas de handebol, futebol, voleibol
e basquetebol. Tratar dos componentes éticos associados com a regra de cada
modalidade.

OBJETIVO GERAL
• Conhecimento prévio das atividades coletivas a serem trabalhadas com os alunos.
• Apresentar os conceitos sobre esportes coletivos, com destaque para diferenciação
entre futebol, basquetebol, handebol e voleibol.
• Apresentar componentes éticos associados com a regra das modalidades.
• Atividades com combinação entre esses esportes coletivos.
• Desenvolvimento de atividades que exigem cooperação entre os alunos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Desenvolver habilidade específica dos esportes coletivos;
– Desenvolver coordenação motora grossa e fina em deslocamentos, saltos e atividades
de manipulação;
– Desenvolver força e resistência através de práticas lúdicas associadas às práticas de
esportes coletivos, espírito de coletividade, participação e fair play.

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem conceitual – Vivências de atividades – Desenvolver atitudes
das ações de esportes de esportes coletivos. de cooperação e
coletivos. – Aprendizagem de companheirismo.
– Aprendizagem do conceito fundamentos básicos dos – Desenvolver espírito
de coletividade. esportes coletivos. de participação e
– Aprendizagem sobre compreensão sobre o fair
a história dos esportes play.
coletivos. – Discutir sobre cidadania
– Aprendizagem sobre e ética associadas às
espírito de competição e fair regras esportivas.
play.

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Apresentação com dinâmica de interação entre professor e aluno e 2a


Atividade – Aquecimento com fundamentos do futebol, com passes e condução de bola,
de forma lúdica e coletiva. Discussão sobre as regras de cada jogo e a importância ética
no esporte. Associadas com a prática da cidadania no dia a dia.
2ª Parte:

149
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

PARTE PRINCIPAL
1 Atividade – O jogo é o Handvôlei, para isso, utiliza-se a quadra de handebol. O objetivo
a

do jogo é uma equipe fazer gol contra a outra. Mas só pode fazer isso usando fundamentos
de vôlei (toque, manchete, ataque e saque). E o gol só pode ser feito de fora da área.
2a Atividade – Rede Humana do Vôlei – nas mesmas delimitações da quadra de vôlei,
esse jogo envolve três equipes, uma contra a outra, sendo que o terceiro time funciona
como rede. O time que está como a rede fica no meio e pode se mover apenas para os
lados. O time do meio sai apenas da posição quando uma das equipes jogar a bola contra
a rede ou quando a rede humana pegar a bola. Desse modo, a rede humana troca de
lugar com o time que errou.
3a Atividade – Bola na tabela de basquetebol – em grupos de quatro pessoas, os escolares
tentarão bater a bola de basquetebol na tabela da cesta, ganha o time que bater a bola
mais vezes na tabela.
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Fazer um alongamento com bola e discutir com os alunos sobre o conceito das
modalidades trabalhadas durante a aula e retomar a discussão sobre ética no esporte.

RECURSOS
- Bolas de vôlei, basquete e futebol, Apito, Piloto, Papel, Caneta e Durex colorida.

AVALIAÇÃO
- Verificar como o grupo interage diante das atividades propostas.

- Observar o interesse dos alunos nas atividades propostas.

- Verificar a cooperação e componentes éticos entre os alunos nos momentos de jogos.

PARA SABER MAIS


FUNDAMENTOS BÁSICOS DO VOLEIBOL. Disponível em:<https://www.youtube.
com/watch?v=nXX_7y95oJA>. Acesso em: 24 jan. 2018.
ESCOLINHA ENSINA FUNDAMENTOS DO FUTEBOL SEM COMPETITIVIDADE.
Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=SOnWCAv_V6k>. Acesso em: 25
jan. 2018.
REFERÊNCIAS
Artigo
RAMOS, V. et al. A representação do ensino do basquetebol em contexto escolar:
estudos de casos na formação inicial em educação física. Revista Brasileira de
Educação Física e Esporte, v. 20, n. 1, p. 37-49, 2006.Disponível em:<https://www.
revistas.usp.br/rbefe/article/view/16612>. Acesso em: 18 maio 2018.
ELFERINK-GEMSER, M. T. et al. Reading and writing the game: tactical skills
in team sports. In: SILVA, M.J.C. et al. Youth Sports Grouwth, Maturation and
Talent. Acesso em: 26/04/2018. Disponível em: <https://digitalis-dsp.sib.uc.pt/
bitstream/10316.2/38858/1/READING%20AND%20WRITING%20THE%20GAME_%20
TACTICAL%20SKILLS%20IN%20TEAM%20SPORTS.pdf>. Acesso em: 18 maio 2018.

Fonte: A autora.

150
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

Muitos pensadores discutem ética e ampliam a nossa percepção


sobre esse tema transversal, a seguir estão alguns links para uma
entrevista com o prof. Mário Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho e
outro link para uma palestra com o prof. Leandro Karnal, que podem
auxiliar na compreensão do que é ética.

ÉTICA DO COTIDIANO | MARIO SERGIO CORTELLA


E CLÓVIS DE BARROS FILHO. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=9_YnlPXKlLU>. Acesso em: 21 mar. 2018.

PROVOCAÇÕES SOBRE ÉTICA. Disponível em: <https://www.


youtube.com/watch?v=-lto47d29JI>. Acesso em: 21 mar. 2018.

Educação Física como Momento de


Pluralidade Cultural
No Brasil, devido à sua “multicolonização”, formou-se uma pluralidade de
culturas vindas de praticamente todas as regiões do mundo. Por isso, a temática
transversal “Pluralidade Cultural” tem como missão o desenvolvimento do
respeito e da recognição das diversas culturas presentes no Brasil, colaborando
dessa forma para um relacionamento mais harmonioso em sociedade, com
o repúdio a todas as formas de diferenciação (RUFINO, 2011). Por isso, os
conteúdos da Educação Física devem mostrar a pluralidade cultural associada à
multiculturalidade de diferentes nações, ou seja, os conteúdos devem reunir tipos
de manifestações culturais e tradições diferentes.

Uma das maneiras de se trabalhar o assunto transversal “Pluralidade


Cultural”, no âmbito de Educação Física pode ser por meio de vivências das
diferentes “manifestações da cultura corporal”, usando para isso os esportes, as
danças e as lutas, como jeito de conhecê-las e valorizá-las (RUFINO, 2011). No
exemplo da dança, isso se daria pela vivência das diferentes danças típicas, dos
muitos grupos étnico-culturais que formam o Brasil, demonstrando dessa forma
a riqueza e a pluralidade de expressões presentes. O mesmo se aplicaria às
ginásticas e às lutas que ainda conseguem conservar suas raízes conectadas
às regiões de origem, o que também possibilitaria o conhecimento por parte dos
alunos da diversidade cultural, por exemplo, a luta Zulu proveniente da África, do
Judô e do Karatê advindos da Ásia.

151
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Em virtude da riqueza sociológica, o esporte pode ser um grande polo


de reflexão sobre os desafios relacionados à diversidade étnica e cultural.
Principalmente porque está sempre presente na mídia, revelando conflitos
(DARIDO et al., 2011). Estes poderiam significar uma grande oportunidade de
levar os alunos à reflexão acerca da prática de declarações preconceituosas em
momentos de grande tensão; dos motivos da grande presença de determinados
grupos étnicos em esportes populares (futebol, atletismo, basquete), em
detrimento da pequena participação destes mesmos grupos em esportes mais
elitistas (automobilismo, golfe, tênis), da possibilidade de integração entre
diferentes povos, quando da realização de eventos internacionais maciçamente
divulgados (Olimpíadas, Copa do Mundo de Futebol), entre outros assuntos.

A diversidade cultural de um território nacional é caracterizada pelo


acolhimento da sua pluralidade cultural. Em um país monocultural, por exemplo,
existem restrições quanto à liberdade de expressão das culturas e tradições
estrangeiras, sendo até mesmo consideradas alvos de perseguições. Como o
Brasil é um país repleto de diversidade cultural, o conteúdo da Educação Física
deve estar sempre preparado para coibir a prática de atitudes discriminatórias
e excludentes no momento da ocorrência, através do diálogo. Mas, para isso, é
necessário que o próprio conteúdo cause reflexão, em sua própria prática, se está
ou não valorizando ou realizando atitudes discriminatórias, muitas vezes, tão sutis
e não percebidas por ele mesmo, mas que influenciam seus alunos.

Quadro 13 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Atividades


Rítmicas e Expressivas com o Tema Transversal Pluralidade Cultural
CONTEÚDO
Pluralidade cultural e atividades rítmicas – alunos entre 10 e 14 anos.

TEMA DA AULA
- Apresentação, movimentos e habilidades básicas da dança e dos conceitos de
pluralidade cultural.

OBJETIVO GERAL
Trabalhar com os alunos os aspectos associados com pluralidade cultural, dança e
diversidade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Desenvolver expressão corporal a partir de manifestações culturais plurais.
– Desenvolver coordenação motora grossa e fina.
– Desenvolver instrumentos musicais a partir de material sucateado.

152
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem de ações – Vivências de atividades – Desenvolver maneiras
de danças diversas de dança associadas com próprias de se movimentar
– Aprendizagem de pluralidade cultural. a partir das diferenças
aspectos culturais – Desenvolvimento de culturais.
diversificados. materiais a partir de – Desenvolver respeito à
– Aprendizagem de ações sucatas. cultura alheia e à própria
de diferentes culturas que – Vivência das expressões cultura.
envolvem coordenação corporais de diferentes – Aprender a utilizar
motora grossa, fina e culturas. material que seria
aplicação de habilidades e direcionado para descarte.
capacidades físicas. – Aprender sobre domínio
– Aprendizagem sobre o corporal.
conceito de pluralidade e – Aprender sobre respeito
sobre as diferenças entre as mútuo das diferenças.
culturas.

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Numa roda de conversa, verifique se a turma identifica as nuances que


compõem os ritmos das diferentes danças e se compreende as características das
manifestações da cultura local. Apresente aos alunos dois ritmos ou duas danças que
fazem parte desse universo local e duas que fazem parte de outra cultura (japonesa,
indiana, árabe etc.). É interessante trabalhar com exemplos bem diferentes nas variáveis
musicais – letra, melodia, intensidade, tonalidade etc. Leve para a sala fotos de alguns
instrumentos utilizados nessas manifestações artísticas e, em seguida, exiba fotos e
vídeos de espetáculos pertencentes aos temas selecionados. Deixe que os alunos
escolham um. Com base na escolha deles, proponha a realização de uma vivência
rápida. Sugira uma interpretação livre da música e faça algumas paradas e perguntas do
tipo: como é caracterizado esse ritmo na nossa cultura? De que manifestação da dança
estamos falando? Quais os instrumentos utilizados? Como são os movimentos dessa
dança? Vocês conhecem esse ritmo? Como podemos descrevê-lo?
2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL
1a Atividade – Com materiais sucateados, garrafas de plástico, areia, grãos de feijão,
grãos de arroz, panelas e tigelas velhas, latões, fita crepe – faça instrumentos com os
alunos.

2a Atividade – Em grupos os alunos deverão desenvolver ritmos próximos daqueles


ouvidos e escolhidos na parte inicial da aula.

3a Atividade – Os alunos deverão imaginar a forma como aquele determinando ritmo é


coreografado e treinar uma coreografia rápida, no máximo um minuto, junto ao grupo.

Trabalho em Grupo:
– Cada grupo apresentará sua coreografia e os demais alunos tentarão realizar a
coreografia.

153
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

3ª Parte:
PARTE FINAL

– Discutir sobre as dificuldades da execução das atividades rítmicas e de compreensão


da pluralidade cultural.
– Discutir sobre o respeito ao diferente, a outras culturas, outras formas de expressão.
– Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino de pluralidade cultural na
cultura do movimento.

RECURSOS
– Fotos e recortes de jornal com figuras que mostram ritmos locais e de lugares diferentes
da região. Material sucateado e caixa de som.

AVALIAÇÃO
– Observar o modo como os alunos resolvem os desafios propostos, tanto no que diz
respeito à organização das atividades, quanto na execução das tarefas sugeridas.
– Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber atividades em
grupo.
– Verificar como os alunos recepcionam as diversas formas de expressão corporal e o
respeito ao diferente.

PARA SABER MAIS


PLURALIDADE CULTURAL. Disponível em:<https://www.youtube.com/
watch?v=seFL2AjQZrw>. Acesso em: 23 mar. 2018.
REFERÊNCIAS
Vídeos
PLURALIDADE CULTURAL – ÍNDIOS NO BRASIL QUEM SÃO ELES 1/2.
Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=VOLy04zEeK8>. Acesso em: 24
mar. 2018.
PLURALIDADE CULTURAL – ÍNDIOS NO BRASIL QUEM SÃO ELES 2/2.
Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=03X-Tjyg2PM>. Acesso em: 24 mar.
2018.
Site
PLURALIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO. Pluralidade Cultural e Educação.
Disponível em:<http://falcpedagogia.blogspot.com.br/>. Acesso em: 24 mar. 2018.

Fonte: A autora.

154
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

Atividade de Estudos:

1) Veja o blog sobre Pluralidade Cultural e Educação que está no


link disponível em: <http://falcpedagogia.blogspot.com.br/> e
responda à pergunta: Qual o conceito de Pluralidade Cultural
associado com a história que é apresentado no blog?
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GÊnero e SeXualidade na Esta temática trata


Educação Física dos conceitos
de sexualidade
relacionada com
Esta temática trata dos conceitos de sexualidade relacionada vida e saúde, às
com vida e saúde, às demandas de gênero, procedendo reflexão demandas de
sobre o significado de papel social e se realmente existiria uma gênero, procedendo
associação entre esse significado associado aos homens e mulheres; reflexão sobre o
aos estereótipos e preconceitos da relação entre os dois sexos, às significado de papel
social e se realmente
discussões associadas às doenças sexualmente transmissíveis, e com
existiria uma
discussões sobre gravidez na adolescência (SABATEL et al., 2016). associação entre
esse significado
Na década de 1980, durante o período de introdução das pós- associado aos
graduações no Brasil, a educação sexual ganhou foco na Educação homens e mulheres;
Física e começou a ser discutida em diferentes espaços escolares, aos estereótipos
e preconceitos da
certamente, em decorrência do alcance da AIDS e do crescimento da
relação entre os dois
quantidade de adolescentes grávidas (SABATEL et al., 2016). Todavia, sexos, às discussões
a legítima execução desse assunto ultrapassou apenas aquelas associadas
experiências acerca do funcionamento do aparelho reprodutor humano e às doenças
ainda se encontra distante das aulas de Educação Física, sobretudo das sexualmente
que ocorrem nos colégios públicos. Isso ocorre devido às dificuldades transmissíveis, e
com discussões
encontradas pelo professor na inclusão dessa temática ao conteúdo, já
sobre gravidez
que envolve discussões sobre princípios, crenças e opiniões. na adolescência
(SABATEL et al.,
2016).

155
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Mesmo com essa dificuldade, a sexualidade torna-se uma temática de


elevada importância, não apenas a reprodução humana, mas também porque
durante o desenvolvimento educacional existe curiosidade e desconhecimento
sobre a busca do prazer sexual, atração sexual, orientação sexual, formas de
prevenção de doenças e gravidez precoce (SABATEL et al., 2016).

A argumentação sobre a inclusão desse tema nos conteúdos precisa se


estender além da dimensão biológica, é preciso ser direcionada para aspectos
psicológicos e socioculturais. A Educação Física se aproxima desse tema a partir do
ponto em que privilegia o uso do corpo ou a construção de uma “cultura corporal” na
qual as reflexões sobre beleza e história do corpo e gestualidade são prevalentes
em comparação com outras disciplinas da escola (SABATEL et al., 2016).

O conteúdo também deve discutir sobre diferenças entre os sexos feminino


e masculino, deve incluir atividades que caracterizam as aulas de iniciação nas
práticas de educação física – carregadas de linguagens simbólicas advindas da
comunicação entre as pessoas ao jogar, dançar e lutar (PRADO, 2014). Essas
reflexões permitem provar ou expressar afetos e emoções, anseios e sedução, e
tais sensações podem causar muito prazer.

O conteúdo pode incluir matérias publicadas pela mídia dirigidas a jovens e


que tratam da sexualidade. Trabalhar as demandas levantadas pelos estudantes,
levando sempre em conta sua faixa etária. A realização de estudos para posterior
discussão é uma atividade bastante válida, quando inserida no contexto das aulas.
Durante a aplicação prática dos conteúdos, constatar as atitudes preconceituosas
e discuti-las faz parte do processo de aceitação e respeito ao diferente, pois as
aulas, quando mistas, também oferecem circunstâncias e desafios conectados às
discussões sobre sexualidade e gênero (PRADO, 2014).

Assim como o conteúdo da Educação Física deve discutir escolha de gênero


e transexualidade, ou seja, sobre o fato de pessoas nascerem identificadas como
do sexo feminino ou masculino, mas se identificarem com papel social do gênero
que não corresponde ao sexo de nascimento – por exemplo, pessoas nascidas com
sexo masculino que se identificam com o gênero feminino e vice-versa. Para isso,
pode-se utilizar diversos exemplos inseridos no mundo esportivo (PRADO, 2014).

156
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

Por outro lado, também deve-se discutir os valores preconceituosos


explicitados nas atitudes cotidianas dos discentes. Por exemplo, durante o jogo
de futebol, por ser apontado como um jogo tradicionalmente masculino, por
isso, as meninas que jogam são geralmente estigmatizadas como lésbicas ou
masculinizadas (PRADO, 2014). Outro exemplo é a dança para os meninos,
que também sofrem por serem associados à homossexualidade ou afeminação.
Nesse sentido, o professor precisa estar atento e deve incentivar a análise sobre
a relatividade das metodologias ligadas ao masculino e ao feminino; ao respeito
recíproco entre os sexos e ao respeito às diversas expressões do feminino e do
masculino, escolha de gênero e sobre as orientações sexuais. Deve haver uma
concepção de coeducação durante as aulas.

Quadro 14 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Atividades


Rítmicas e Expressivas com o Tema Gênero e Sexualidade
CONTEÚDO
Dança “Forró”, linguagem corporal e gênero e sexualidade – alunos entre 15 e 18 anos.

TEMA DA AULA
- Apresentação, movimentos e habilidades básicas do Forró e discussão de papel social
associado com gênero e sexualidade.

OBJETIVO GERAL
Trabalhar com os alunos métodos pedagógicos de equilíbrio, movimentos de domínio e
controle de força através de atividades lúdicas que permitam reflexão.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Reconhecendo-se e interagindo pela linguagem corporal dos seus corpos e de seus
companheiros.
– Desenvolver respeito mútuo, associado com gênero e sexualidade.
– Trabalhar em grupo a cooperação, interação, criação e o respeito mútuo e as capacidades
coordenativas (orientação espacial, diferenciação sinestésica, de reação, de ritmo, de
equilíbrio).

157
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem de ações – Vivências de atividades – Desenvolver maneiras
do Forró do Forró, capacidades próprias de dançar.
– Aprendizagem de aspec- coordenativas (orientação – Respeitar o papel social
tos culturais da dança, de espacial, diferenciação associado a cada gênero.
gênero e sexualidade atrela- sinestésica, de reação, de – Respeitar diferentes
dos ao Forró ritmo, de equilíbrio). escolhas e orientações
– Aprendizagem de con- – Vivência das expressões sexuais se houver manifes-
ceitos e história da dança. corporais do Forró. tação para tais discussões
e ações.
– Desenvolver componen-
tes de equilíbrio, coorde-
nação motora e ritmo.
– Aprender sobre respeito
mútuo das diferenças entre
pares.

PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Apresentação ainda em sala de aula de como ocorre o Forró, história e


movimentos básicos.
2ª Atividade – Aquecimento com passos básicos de dança, aumentando a complexidade
com o passar da música (por exemplo, no ritmo da música, um passo lateral para a
esquerda, outro para a direita, em seguida, dois passos para cada lado, um passo
para frente e outro para trás, a cada passo um giro), ao mesmo tempo em que a
complexidade é aumentada, os alunos precisarão tentar entrar no ritmo da música, que
pode ser lenta, inicialmente, e depois, mais rápida.
2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL
1a Atividade – Os alunos serão separados em duplas aleatoriamente, em seguida,
vão tentar dançar xote e baião. Nesse momento, cada dupla dançará junta, tentando ter
percepção de tempo-movimento. O forró mostra um tempo binário. O passo básico do xote
é um para lá, um para cá, e os alunos tentarão fazer isso em dupla nessa atividade, com um
passo forte e outro fraco, transferindo o peso do corpo no momento do passo.
2a Atividade – Nessa atividade os alunos serão divididos em casais e vão dançar “dois para
lá e dois para cá”. Esse ritmo de forró ocorre com um intervalo entre um movimento e outro,
chamado de contratempo. Essas marcações podem ser feitas em duas orientações: de um
lado para o outro e de frente para trás. Para abraçar o parceiro, existem algumas regras.
O direito do rapaz envolve a moça respeitosamente acima da cintura. A mão esquerda do
rapaz pega na mão direita da moça. Após as duplas avançarem, é possível passar giros em
momentos de contratempo, entre outros passos mais complexos.
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Discutir sobre as dificuldades da execução das atividades propostas.


- Discutir sobre a formação dos pares e a dificuldade em realizar interação e sobre a
falta de associação da dança com o gênero feminino.
- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino dos movimentos básicos do
Forró.

158
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

RECURSOS
- Caixa de som e CD/Pen-drive com música de Forró.

AVALIAÇÃO
- Observar o modo como os alunos resolvem os desafios propostos, tanto no que diz
respeito à organização das atividades, quanto na execução das tarefas sugeridas.
- Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber atividades em
grupo ou em duplas.
- Discutir sobre sexualidade, papel social e sobre a falta de associação da dança com
o sexo feminino.

PARA SABER MAIS


AULA DE FORRÓ PASSO A PASSO. Disponível em:<https://www.youtube.com/
watch?v=n45slrSy5MI>. Acesso em: 23 mar. 2018.
REFERÊNCIAS
Vídeos
FORRÓ ZERO. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=VBylRVqg75Y>.
Acesso em: 23 mar. 2018.
Site
METODOLOGIA DE ENSINO DO FORRÓ. Método de Ensino. Disponível em:<http://
www.forral.com.br/metodologia-de-ensino/>. Acesso em: 23 mar. 2018.

Fonte: A autora.

Atividade de Estudos:

1) Agora é sua vez de refletir sobre a hetero (sexualidade). Por que


você acha que os marcadores sociais de gênero e sexualidade,
por exemplo, se configuram enquanto dispositivos que, em muitos
casos, estabelecem a subjugação e a falta de legitimidade para
múltiplos modos de existência?
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CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Educação Física e sua Relação com a


Sociedade, TraBalHo e Consumo
O assunto
O assunto transversal “trabalho e consumo” pretende esclarecer
transversal “trabalho
e consumo” aos discentes a variedade e quantidade de “trabalho” atual em cada
pretende esclarecer edificação ou serviço prestado e suas ligações entre trabalho e
aos discentes consumo, que são inúmeras e complexas (CURCIO, 2014). Nesse
a variedade e tema, o conteúdo deverá apresentar ou envolver temáticas relacionadas
quantidade de com globalização, trabalho escravo e infantil, maximização do lucro a
“trabalho” atual em
qualquer custo, aumento da alta inovação tecnológica e redução dos
cada edificação ou
serviço prestado e postos de trabalho, desemprego, metodologias diferenciadas de vendas
suas ligações entre agressivas, manipulação de desejos e a criação de necessidades e
trabalho e consumo, novos modelos de consumo.
que são inúmeras
e complexas Nesse tema, o conteúdo deverá fazer com que os escolares
(CURCIO, 2014).
reflitam sobre as associações entre consumo, marca, fabricante,
qualidade versus quantidade e moda. Dessa maneira, os conteúdos
da Educação Física necessitam fornecer elementos que auxiliem os discentes a
repensar como os estigmas de consumo e trabalho estão presentes na cultura do
corpo (CURCIO, 2014).

A seguir, estão algumas questões que podem ser trabalhados


durante as aulas:

• Quais mudanças ocorreram nas últimas décadas referentes


às vestimentas (roupas, tênis, agasalhos) relacionadas com a
prática do esporte e da atividade física?
• Quais são as vestimentas necessárias para as aulas de iniciação
esportiva e quais são para o esporte de rendimento?
• Quais são as diferenças entre produtos para melhora de
rendimento esportivo e produtos para melhora da qualidade de
vida?
• O que é necessário ou meramente comercial?
• Quais são a durabilidade, o preço e a qualidade dos produtos
esportivos?
• Quem os produz? E de que forma?

160
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

Além das vestimentas e calçados, também é indicado incluir discussões a


respeito do consumo de aparelhos para ginástica, seus reais benefícios ou não,
ou mesmo o que esperar e procurar nas academias de ginástica, e em diferentes
programas de atividade física.

Na temática relativa ao trabalho, a empregabilidade dos jogadores de futebol


profissional pode ser uma fonte interessante de debates. Será que existem muitas
pessoas que desistem de estudar para jogar futebol? Quantas pessoas realmente
conseguem chegar ao alto rendimento?

Existe no imaginário dos alunos uma crença de que todos os jogadores são
bem-sucedidos. Discussões e palestras com ex-jogadores a respeito da realidade
do trabalho do atleta podem contribuir para a ampliação dessa visão, mostrando,
inclusive, como atletas altamente remunerados convivem com outros muito mal
pagos, sem segurança e sem respeito às legislações trabalhistas, ou com o
desemprego (CURCIO, 2014).

Outro tema que pode ser abordado é o treinamento precoce ou especialização


precoce. O que ocorre quando um jovem de 12 ou 13 anos passa a treinar cinco
horas por dia, quase todos os dias e recebe pressão dos patrocinadores, pais, entre
outros? Quais são os malefícios? Isto pode ser considerado trabalho infantil ou não?

Quadro 15 – Exemplo de Plano de Aula para o Bloco de Ginástica


e Expressivas com o Tema Trabalho e Consumo
CONTEÚDO
Ginástica laboral e sua relação com a redução de danos do trabalho – alunos de 15 até
18 anos.

TEMA DA AULA
- Mostrar conceitos associados à ginástica laboral, desenvolver força e flexibilidade
e ensinar rotinas de exercícios físicos para reduzir danos associados ao trabalho e
mostrar conceitos sobre postura.

OBJETIVO GERAL
Trabalhar ginástica laboral associada com as explicações sobre bem-estar físico e
mental, qualidade de vida e redução de probabilidade de lesões por movimento repetitivo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Esclarecer e aprofundar o conceito de ginástica laboral;
– Desenvolver atividades que podem ser realizadas em pausas no trabalho para redução
de dor e tensão;
– Desenvolver força e flexibilidade através de atividades da ginástica laboral;
– Mostrar conceitos associados com a manutenção/melhora da postura durante atividades
de trabalho.

161
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

DIMENSÕES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS


Conteúdo Conceitual: Conteúdo Procedimental: Conteúdo Atitudinal:
– Aprendizagem do conceito – Vivências e – Desenvolver
de ginástica laboral. aprendizagem de rotinas autorrespeito.
– Aprendizagem da história de exercícios de força e – Desenvolver consciência
da ginástica laboral. resistência que podem ser corporal e postural.
– Aprendizagem de desenvolvidas durante o – Desenvolver atitudes
conceitos associados com período do trabalho. solidárias com colegas que
melhora e manutenção de – Aprendizagem de necessitam de ajuda para
boas posturas. atividades de relaxamento realizar as tarefas.
– Aprendizagem dos efeitos e flexibilidade que podem
de cada atividade realizada ser desenvolvidas durante
durante a aula. o período do trabalho.
PRÁTICAS, METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS
1ª Parte:
PARTE INICIAL

1a Atividade – Aprendizagem da concepção e história da ginástica laboral, criada


durante a Revolução Industrial para redução de lesões ocasionadas por movimentos
repetitivos. Ao mesmo tempo, mostrar conceitos e informações sobre a melhora do
bem-estar mental e físico com atividades de alongamento, caminhadas, danças e outras
atividades de baixa-moderada intensidade: auxiliares na recuperação física e mental do
trabalhador.
2ª Atividade – Realização de alongamentos passivos em posição estática com o auxílio
de uma cadeira como apoio para realizar alongamentos de pernas, coxas, antebraço,
braço, costas e pescoço. Realizar meditação em movimento ao mesmo tempo que os
alunos alongam – similar ao que é realizado na prática de yoga.

2ª Parte:
PARTE PRINCIPAL
1a Atividade – Aqui os alunos irão vivenciar uma forma de realizar ginástica laboral que
expandiu nos Estados Unidos, o Instant break: momento em que os trabalhadores da
empresa nos EUA param e realizam uma tarefa aleatória proposta pelo professor de
Educação Física, responsável pela atividade. Frequentemente, são estipulados 10
minutos de dança descontraída. Para isso, o professor deverá escolher uma música
com velocidade moderada que seja prazerosa e que cause sensação de relaxamento
nos alunos.
2ª Atividade – Ensino de atividades de ginástica laboral preventivas contra lesão -
exercícios isométricos durante 30 segundos – elevação de joelho a 90º graus, prancha
no solo, elevação de quadril do solo e abdominal.
3ª Atividade – Outra atividade muito frequente em atividades direcionadas para redução
de estresse é a própria caminhada descontraída, por isso, os alunos podem caminhar
10 minutos ao redor do prédio da escola, com passadas aleatórias (laterais, frontais,
andando de costas, até mesmo um leve trote é permitido).
3ª Parte:
PARTE FINAL

- Discutir sobre as dificuldades da pausa para ginástica laboral no trabalho.


- Discutir sobre o conceito de autoconsciência e respeito pelo próprio corpo.
- Sinalizar que na próxima aula haverá o avanço no ensino sobre principais lesões e
problemas causados por atividades do trabalho.

162
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

RECURSOS
- Cadeiras e caixa de som.

AVALIAÇÃO
- Observar o modo como os alunos resolvem os desafios propostos, tanto no que diz
respeito à organização das atividades, quanto na execução das tarefas sugeridas.
- Ponderar a maneira como os alunos ajudam os colegas a conceber atividades.
- Verificar os conceitos adquiridos sobre ginástica laboral e consciência corporal, assim
como postural.

PARA SABER MAIS


BEECORP. Ginástica laboral pode ajudar na melhora do desempenho da equipe.
Disponível em:<http://beecorp.com.br/blog/ginastica-laboral-pode-ajudar-na-melhora-do-
desempenho-da-equipe/>. Acesso em: 23 mar. 2018.
REFERÊNCIAS
Vídeos
GINÁSTICA LABORAL: EXERCÍCIOS DE RELAXAMENTO. Disponível em:<https://
www.youtube.com/watch?v=_ecxLXdJXX0>. Acesso em: 23 mar. 2018.
TAKING A DANCE BREAK AT WORK COULD HELP YOUR PRODUTIVITY. Disponível
em:<https://www.youtube.com/watch?v=vy1o4kaCoOU>. Acesso em: 23 mar. 2018.
Fonte: A autora.

Veja a charge do Kelvin para refletir sobre o tema transversal


Trabalho e Consumo.

Figura 2 - Kelvin Trabalho e Consumo

Fonte: Disponível em: <http://questoessociologicas.blogspot.com/2013/02/


kelvin-trabalho-e-consumo.html>. Acesso em: 10 maio 2018.

163
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

AlGumas ConsideraçÕes
Nesse capítulo final, o objetivo foi mostrar como articular os temas transversais
– Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho
e Consumo com temas tradicionais da cultura corporal (jogo, esporte, ginástica,
atividade rítmica e lutas). Também foram mostradas discussões sobre os temas
transversais na Educação, com questionamentos sobre o papel da escola dentro
de uma sociedade plural e globalizada, e as prioridades que devemos abordar no
conteúdo das aulas de Educação Física que precisam objetivar o desenvolvimento
da cidadania em sua totalidade.

O primeiro tema foi saúde e qualidade de vida, que são Direitos Humanos de
todos os cidadãos brasileiros. A Educação Física, como uma das disciplinas da
Saúde, tem responsabilidade direta para formação de bons costumes através da
conscientização do aluno em relação aos modelos de mídia que, muitas vezes,
não refletem parâmetros de saúde reais, como exemplo, a busca pela magreza
extrema é prejudicial ao organismo. O objetivo da disciplina é desenvolver
estratégias preventivas para que o aluno compreenda e instrumentalize a prática
física para benefício da própria qualidade de vida.

O segundo tema transversal discutido foi meio ambiente e responsabilidade


social, assuntos vinculados aos problemas de desequilíbrio ambiental. Nesse
tema, é importante trazer reflexões sobre a concepção de desenvolvimento
sustentável com atividades que utilizem material reciclado e sucateado. A Ética
também esteve presente nesse capítulo e mostrou a importância em formar
estudantes críticos que saibam repensar acerca da convivência humana e das
situações sociais do Brasil.

A Educação Física pode e deve inserir em seu conteúdo a pluralidade cultural,


pois o próprio país apresenta uma multicolonização que traz diversidade e riqueza
cultural para ser discutida e experimentada nas aulas através de expressões que
cada uma mostra. Conhecer essas atividades de esportes, danças, lutas, é uma
forma de valorizá-las. Em seguida, gênero e sexualidade foram discutidos como
assuntos polêmicos e necessários para redução de preconceitos, estereótipos e
discriminação relacionada ao gênero. Por fim, foram mostradas relações entre a
prática de atividade física, a sociedade, o trabalho e o consumo, que é um tema
amplo e capaz de ser trabalhado nos conteúdos de maneira bem abrangente.
Espera-se que esse, assim como os capítulos anteriores, tenha contribuído para
seu conhecimento e esclarecido informações sobre o conteúdo na Educação
Física escolar.

164
Capítulo 4 DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS: DINÂMICAS NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR UTILIZANDO TEMAS TRANSVERSAIS

ReferÊncias
ARAÚJO, Ulisses. Temas Transversais, Pedagogia de Projetos e as
Mudanças na Educação. São Paulo: Summus, 2014.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: Educação Física, 1º e 2º ciclos. Brasília: MEC, 1997.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais. Educação Física, 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC, 1998.

CURCIO, Ítalo Francisco. O papel da educação na sociedade de consumo.


Revista Espaço Ética: Educação, Gestão e Consumo. n. 03, 2014.

DARIDO, Suraya Cristina et al. Livro didático na Educação Física escolar:


considerações iniciais. São Paulo: Motriz. v. 16, n. 2, 2010.

RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto et al. Ética e pluralidade cultural nas aulas
de Educação Física: construindo um livro didático. In: 5º Congresso Norte
Paranaense de Educação Fí- sica Escolar – CONPEF, 2011, Londrina. Anais.
Londrina: UEL, 2011. On-line.

SABATEL, Glenda Macedônia Gutierres et al. Gênero e Sexualidade na


Educação Física Escolar: um balanço da produção de artigos científicos no
período de 2004 a 2014 nas bases do Lilacs e Scielo. Revista UFG, v. 19, n. 1,
2016. Disponível em:<https://www.revistas.ufg.br/fef/article/download/34159/pdf>.
Acesso em: 18 maio 2018.

PRADO, Vagner Matias do. Entre ditos e não ditos: a marcação social de
diferenças de gênero e sexualidade por intermédio de práticas escolares da
Educação Física. 2014. 258f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de
Ciências e Tecnologia/Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente,
2014.

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