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MBA EM AGRONEGÓCIOS: INDÚSTRIA, PRODUTO E INOVAÇÃO

DESAFIOS DA AGROPECUÁRIA NO

NOVO MERCADO DE CRÉDITO DE

CARBONO

ALANNA THAYRINE OLIVEIRA DA LUZ

Orientador: Ely José de Mattos


2024
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RESUMO

O presente trabalho é uma revisão narrativa da literatura, e trata-se de um estudo


qualitativo, feito em sites eletrônicos como Scielo, Google Acadêmico, sites do
BNDS, Leis relacionadas ao tema, também foi utilizado as palavras chave: Mercado
de carbono, crédito do mercado de carbono, Projeto de Lei nº 412/2022. Os artigos
utilizados na pesquisa corresponderam ao período de 2015 até 2024. Após a
elaboração de toda a pesquisa com o objetivo de analisar por meio da literatura
quais são os desafios da agropecuária no novo mercado de crédito de carbono,
percebeu-se o mercado de carbono é um sistema financeiro que estimula a redução
das emissões de gases de efeito estufa e poderia representar uma nova
oportunidade de negócios para o setor rural. Após o Senado aprovar em outubro de
2023 o projeto de lei (PL) 412/2022 que cria o mercado de carbono no Brasil, muitas
polêmicas surgiram, pois, o texto, exclui o agronegócio da regulação, atendendo a
uma demanda da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Ao término do trabalho
pode-se dizer que os objetivos do trabalho foram alcanças, pois, o mercado de
carbono está em constate evolução em todo o mundo, sendo uma inovação em
vários setores como industrial, energético, florestal e agrícola, para amenizar os
problemas causados pela mudança climática causados pelas ações humanas, bem
como de desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Mercado de Carbono. Crédito de Carbono. Agronegócio. Projeto


de Lei.
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................6
2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................... 7
2.1 O que é o Mercado de Carbono.......................................................................7
2.1.1 Evolução do Mercado de Carbono no Brasil...................................................9
2.2 Novo Mercado de Créditos de Carbono.......................................................10
2.2.1 Impactos do Projeto de Lei nº 412/2022 na Comercialização de Créditos de
Carbono................................................................................................................. 12
3. METODOLOGIA.................................................................................................16
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................18
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................20
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 21
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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema, o novo mercado de crédito de carbono


brasileiro, que nos dias de hoje está sendo visto como uma estratégia no
agronegócio para equilibrar a prevenção do meio ambiente e também para o
desenvolvimento econômico do país, que conta com uma grande estrutura de
recursos naturais.
O mercado de Carbono permite que o produtor rural venha compensar o
aquecimento da atmosfera com a emissão de gases de efeito estufa comprando
créditos de carbono de instituições que conseguiram diminuir ou isolar suas
emissões, no Brasil, tem um potencial significativo no agronegócio, mas, ainda
existem muitas reflexões acerca do tema, pois, o produtor rural possui importantes
elementos que potencializam o mercado e está diretamente contribuindo para que
os objetivos de redução de emissões sejam alcançados ao proteger as nascentes,
realizar o plantio direto entre outros.
Sendo assim, o objetivo do trabalho é analisar por meio da literatura quais são
os desafios da agropecuária no novo mercado de crédito de carbono, já que o Brasil
possui um crescente potencial de crédito de carbono regulamentado para ofertar.
Acredita-se que a escolha do tema é de fundamental importância para o setor de
agronegócio, pois, é uma metodologia inovadora que pode ser implementada para
todos os produtores rurais.
A estrutura do trabalho conta com uma breve introdução do tema, referencial
teórico contendo os seguintes tópicos: o que é mercado de carbono, Evolução do
mercado de carbono brasileiro, novo mercado de créditos de carbono e impactos do
Projeto de Lei Nº 412/2022 na comercialização de créditos de carbono, consta
também a metodologia utilizada para descrever o artigo, relatório sobre a discussão
dos resultados e a conclusão de toda a pesquisa.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Que É Mercado De Carbono

O mercado de carbono é um tema que está em destaque internacionalmente


e atrai muita atenção no setor de agronegócio. Sendo assim, para o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI o mercado de carbono é um
instrumento econômico difundido internacionalmente para incentivar a redução das
emissões de gases de efeito estufa (GEE), como o oxigênio (CO₂) pelos diferentes
setores da atividade produtiva (SENAI, 2024).
Nota-se que o mercado de carbono está em expansão, portanto, para
Rettmann (2022) duas são as estratégias centrais para promover ações de
mitigação de emissões de gases de efeito estufa, a primeira é por meio de políticas
de comando e controle, em que o Estado estabelece a regulação direta e a segunda
é via instrumentos econômicos, por meio da adoção de incentivos e subsídios e por
meio da precificação de carbono.
Se tratando da precificação de carbono, para o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDS, pode-se dizer que consiste na
atribuição de um preço sobre as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), essa
precificação pode ser feita pela taxação de carbono, que é o preço a ser pago por
unidade de emissão de GEE de modo que o nível agregado de redução de emissões
previamente estipulado seja atingido e por meio de um mercado de carbono (BNDS,
2024). O mercado de carbono pode ser voluntário ou regulado.

No caso dos mercados regulados há interação entre os setores regulados


nesse sistema que podem comprar e vender emissões de GEE. O tipo de
mercado regulado mais comum mundialmente é o Sistema de Comércio de
Emissões, sob a ótica do Cap and Trade, que é um sistema que faz parte
do mercado de carbono, seu objetivo é limitar as emissões de gases do
efeito estufa por meio da precificação. Já o mercado voluntário permite que
empresas, ONGs, instituições, governos e cidadãos que assumam a
responsabilidade de compensar as próprias emissões, comprem créditos de
carbono de projetos de terceiros que resultem na redução efetiva das
emissões ou captura de carbono (LEÓN, 2023, p. 85).
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No Brasil, o mercado que está em funcionamento é o voluntário, envolve


diversos tipos de projetos, o preço é negociado em contrato de acordo com o
projeto, envolve empresas, organizações e pessoas físicas. No ano de 2019, o
volume de negócios no mercado voluntario mundial no ano de 2019 alcançou US$
320 milhões e no ano de 2021 US$ 748 milhões (BNDS, 2024). A figura 1 demostra
como é o funcionamento do mercado voluntário.

Figura 1 – Como funciona o mercado voluntário.

Fonte: BNDS (2024).

Os mercados de crédito de carbono permitem que empresas, organizações e


indivíduos compensem as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) a partir da
aquisição de créditos gerados por projetos de redução de emissões e/ou de captura
de carbono, visando transferir o custo social das emissões para os agentes
emissores, ajudando a conter o aquecimento global e as mudanças climáticas
(LEÓN, 2023). Nesse sentido é valido citar exemplos de projetos que dão origem a
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créditos de carbono, reflorestamento e preservação, reutilização de resíduos,


energias renováveis, agricultura sustentável e biocombustíveis.

2.1.1 Evolução do Mercado de Carbono Brasileiro

Sobre a história do MDL, pode-se dizer que o Brasil foi o país desbravador.
Para Gusmão, et. al (2015), o Brasil foi pioneiro na utilização do MDL, tendo o
primeiro projeto registrado na ONU em 2004, com o objetivo de evitar milhões de
tCO, incluindo não apenas o dióxido de carbono como também outros gases de
efeito estufa convertidos em CO2.
Grande parte dos projetos brasileiros possuem investimentos realizados pelas
indústrias, principalmente o setor elétrico. Para Lepecki, et. al (2022) até o ano de
2021, mais de 8.000 projetos em 111 países em desenvolvimento, foram
registrados, englobando desde projetos de hidrelétricas, parques eólicos, esquemas
de transporte rápido de ônibus e até projetos que ampliaram o uso de fogões de
cozinha mais eficientes. Portanto, o MDL gerou e continua gerando reduções de
emissões certificadas.
No ano de 1997 durante uma reuniões em Quioto, Japão, foi decidido que os
países signatários deveriam assumir compromissos mais rígidos para a redução das
emissões de GEE que agravam o efeito estufa, ficando conhecido como Protocolo
de Quioto, este protocolo, para entrar em vigor, deveria reunir 55% dos países que
representassem 55% das emissões globais de GEE, o que só aconteceu depois que
a Rússia ratificou, em novembro de 2004 (TEIXEIRA, 2023). Nesse sentido,
ressalta-se que o objetivo central do Protocolo de Quioto passa a ser que os países
limitem ou reduzem suas emissões de GEE.
Segundo Seiffert (2019, p. 56):

Após as incertezas sobre a renovação do Protocolo de Quioto e as


restrições de projetos estabelecidas pela União Europeia após 31 de
dezembro de 2012, os desenvolvedores de projetos, principalmente do
Brasil, China e Índia, aceleraram o registro de projetos existentes, deixando
de investir em novos MDL. O resultado foi um número expressivo de
projetos sendo submetido a Associação Nacional Dos Direitos Sociais –
ANDS e no registro da Convenção Quadro das Nações Unidas para as
Alterações Climáticas - UNFCCC em 2012.
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Muitos foram os setores que mostraram interesse em participar e elaborar


projetos do MDL, no Brasil os principais setores de acordo com o gráfico 1 foram:

Gráfico -1: Principais setores que elaboraram projetos MDL no Brasil

Emissões fugitivas 1

Produção de metal 1

Florestamento e reflorestamento 1

Industria Manufatureira 4

Indústria Química 6

Agricultura 58

Tratamento e eliminação de resíduos 71

Indústria de energia 179

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Fonte: SEIFFERT (2019).

Em 2009, foi instituída a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC)


através da Lei nº 12.187/2009, regulamentada pelo Decreto nº 7.390/2010. Por meio
de tais dispositivos, restou determinada que a governança da PNMC caberia ao
Comitê Interministerial sobre Mudança Global do Clima (CIMGC) e seu grupo
executivo (GEX), instituídos pelo decreto presidencial nº 6.263/2007 (FRONDIZI,
2019).
Hoje, o Brasil tem apenas um mercado voluntário de créditos de carbono no
qual grandes empresas adotam metas de forma voluntária para se adequar à
agenda ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa) sem
qualquer obrigação (TEIXEIRA, 2023). Nesse sentido, entende-se que, chegará uma
hora em que o custo da empresa ao poluir será tão alto que será preciso trocar
processos para emitir menos gases.

2.2 Novo Mercado De Créditos De Carbono

O mundo está diariamente em constante transformação e no setor do


agronegócio não seria diferente, sendo assim, pode dizer que o Brasil que o
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mercado de carbono está abrindo portas para que os serviços ambientais sejam a
grande inovação para o futuro, pois, ao investir em projetos sustentáveis é possível
adotar crédito de carbono.
Para o SEBRAE (2024), um crédito de carbono é a representação de uma
tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera, contribuindo para
a diminuição do efeito estufa, ou seja, uma tonelada de dióxido de carbono é igual a
um crédito de carbono. Nesse sentido, entende-se que o crédito de carbono é a
moeda utilizada no mercado de carbono em todo o mundo e será uma estratégia
com diferencial competitivo no setor do agronegócio.
Nesse mercado, empresas que possuem um nível de emissão muito alto e
poucas opções para a redução podem comprar créditos de carbono para compensar
suas emissões, assim, quanto mais um país se empenhar para reduzir a emissão de
poluentes, mais crédito conseguirá gerar, podendo, então, utilizá-los como moeda de
negociação com outros países que não tenham alcançado as metas de redução
(BNDS, 2024).
Para o setor do agronegócio muitos são os benefícios relacionados ao
mercado e ao credito de carbono, pois, para Pimenta (2023) já faz algum tempo que
o agronegócio vem adotando estratégias e manejos para tornar a produção mais
sustentável e ambientalmente limpa. Como já citado no presente trabalho existem
várias práticas sustentáveis que podem resultar na geração de créditos de carbono,
que para Pimenta (2023) esses créditos podem ser vendidos, transformando-se em
uma nova e significativa fonte de receita para os produtores.
Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA essa
oportunidade de comercializar créditos de carbono tem um impacto substancial no
setor agrícola, pois, os produtores são incentivados não só a adotar métodos mais
ecológicos, mas também a considerar a geração de créditos de carbono como parte
integral de sua produção (CNA, 2024).
Nesse sentido, nota-se que é uma oportunidade do produtor rural sair dos
hábitos e costumes de plantar utilizando o modo tradicional e sistemático e expandir
a visão de que cada cultivo seja ele, soja, milho, trigo, entre outros, representa uma
oportunidade de reter carbono da atmosfera.
Portanto, para Pimenta (2023), é como se, além de cultivar alimentos ou
culturas comerciais, os produtores estivessem também cultivando um ativo
ambiental valioso: o carbono, e essa nova perspectiva contribui para a mitigação das
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mudanças climáticas e também fortalece a posição dos produtores no mercado ao


diversificar suas fontes de renda e promover práticas mais sustentáveis e lucrativas.
Por fim, percebe-se que esses novos modelos de transformações no setor do
agronegócio, são fundamentais para que a luta contra as mudanças climáticas se
mantém ativas, e isso serve de estimula para outros setores mudarem seus
paradigmas e se voltarem suas ações pensando na sustentabilidade ambiental.
Para a CNA (2024) muitas são as estratégias eficientes que podem ser
adotadas pelos países e organizações para a redução da emissão de gases do
efeito estufa como, redução dos níveis de desmatamento; campanhas para estimular
o consumo consciente; utilização de fontes de energia alternativas; redução de
materiais descartáveis e correta destinação dos resíduos; utilização racional de
energia e água; criação de políticas sustentáveis e de preservação ambiental;
promoção e estruturação de mobilidade urbana sustentável, entre outras
Com isso, sobre estratégias de sustentabilidade ambiental, destaca-se o ESG
uma sigla que em inglês representa Environmental, Social and Governance ou
Ambiental, Social e Governança em português. Para o Grupo AMBIPAR (2024, p.
01):

Cinco tendências ESG devem dominar debate em 2022, são elas a redução
das emissões de gases de efeito estufa, créditos de carbono, o aumento da
importância do pilar ‘S’, o avanço das regulamentações e a padronização
das divulgações e métricas ESG. A busca por redução de gases do efeito
estufa, deve ser impulsionada pelo último relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - IPCC da Organização das
Nações Unidas. O documento mostrou que a Terra está aquecendo mais
rápido do que o esperado e que caminha para atingir 1,5º C acima do nível
pré-industrial já em 2030, 10 anos antes do que o esperado.

Nesse cenário, afirma-se que o credito de carbono vem movimentado a


economia mundial de uma maneira global e mesmo com muitos desafios está sendo
visto como uma alternativa ou solução favorável e positiva para enfrentar as
mudanças climáticas, principalmente no setor do agronegócio.

2.2.1 Impactos do Projeto de Lei Nº 412/2022 na Comercialização de Créditos de


Carbono

Sabe-se que a comercialização do crédito de carbono está consolidada no


Brasil, porém, muito se discute sobre a sua regulamentação no país que está em
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tramitação no Congresso Nacional. Para Oliveira (2013) já aprovado pelo Senado, o


Projeto de Lei nº 412/2022 está em debate na Câmara dos Deputados, foi anexado
ao PL nº 2148/2015 e deixa engatilhado a criação do Sistema Brasileiro de Comércio
de Emissões (SBCE), cujo objetivo é regular o mercado de carbono no País.
Um dos órgãos que analisou a proposta de financeirizar a descarbonização
da economia foi o Instituto de Estudos Socioeconômicos - INESC. O objeto foi trazer
evidências sobre os impactos socioterritoriais e para a política climática nacional por
meio de indicadores socioambientais e fundiários e apesar de algum esforço em
prever garantias mínimas socioterritoriais, há ainda a necessidade de ajustes, além
de atenção especial às dinâmicas agrárias e fundiárias das áreas ocupadas por
povos e comunidades tradicionais (INESC, 2024).
Os principais pontos discutidos no Projeto de Lei n° 412/2022 estão
relacionados a Governança, Criação do Plano Nacional de Alocação, Tributação,
Interlocução com o mercado voluntário, Comunidades tradicionais, Período de
transição para implementação e Penalidades.
O que se destaca é que muitas são as polêmicas destes pontos citados e
será necessário acompanhar a redação das futuras regulamentações sobreo PL,
dessa forma, muitos setores terão um período para se adaptarem às novas regras.
Sendo assim, percebe-se que não foi levado em consideração a efetiva participação
da sociedade civil e viola direitos de vários povos e comunidades, como por exemplo
os indígenas.
Para Oliveira (2023) o mercado de carbono está sendo confundido com
financiamento climático, quando, na verdade, existe muita controvérsia sobre a
eficiência climática deste instrumento e sobre a sua capacidade para sustentar o
nível de financiamento adequado à gestão de políticas que devem ser públicas, e
não de mercado.
O Projeto de Lei acaba deixando para regulamentação futura temas
relevantes para o funcionamento do mercado de carbono brasileiro, como o
procedimento e exigências que serão utilizados para o registro de Certificados de
Redução ou Remoção Verificada de Emissões, trazendo insegurança aos créditos
de carbono já emitidos no mercado voluntário, incluindo os créditos de projetos de
Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal
(“REDD+”), mais utilizados no mercado voluntário brasileiro, e os setores que serão
objeto da limitação compulsória de emissões de GEE (MOTA, MELO, 2023).
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Para muitos setores existe uma grande expectativa sobre a aprovação do


Projeto de Lei n° 412/2022, mas, uma das questões que levanta muitas reflexões é a
exclusão do agronegócio das obrigações previstas no Sistema Brasileiro de
Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Para Guimarães (2023,
p. 8):

O projeto de lei falha ao excluir o agronegócio e os projetos de Redução de


Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+)
do mercado de carbono regulado, pois, poderia estar se beneficiando
desses mercados de carbono e oferecendo créditos. Um dos interesses do
agronegócio está vinculado à preservação da vegetação no solo. Essa
agricultura em grande parte não é irrigada, depende de ciclos hídricos
naturais que são estabilizados e estabelecidos por florestas. Portanto,
manter floresta no Brasil tem dois ganhos diretos: o primeiro é contribuir
para mitigar as mudanças climáticas e o segundo é estabilizar o clima local
atendendo a demandas da agricultura.

Nota-se que ficando fora do PL n° 412/2022 do mercado regulado o


agronegócio brasileiro perde inúmeras oportunidades pois, a participação do
agronegócio no mercado de carbono permitiria aos produtores negociar créditos de
carbono e usufruir de outros benefícios, impulsionando tanto o setor como o
mercado.
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3. METODOLOGIA

Este trabalho é uma revisão narrativa da literatura, e trata-se de um estudo


qualitativo, com ênfase na qualidade da informação, e requer uma pesquisa mais
aprofundada. Para Prodav e Freitas (2018) a revisão narrativa é sempre
recomendada para o levantamento da produção científica disponível e para a (re)
construção de redes de pensamentos e conceitos, que articulam saberes de
diversas fontes na tentativa de trilhar caminhos na direção daquilo que se deseja
conhecer.
Também, se trata de um estudo qualitativo, o qual se preocupa com o nível de
realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de
significados, de motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes, trabalha com
descrições, comparações e interpretações (MINAYO, 2016).
O nível de pesquisa foi exploratório, pois objetivou proporcionar maior
familiaridade com o problema, a pesquisa exploratória envolve levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado,
geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL, 2018).
O delineamento da pesquisa que foi utilizado é o levantamento bibliográfico. A
pesquisa bibliográfica é realizada a partir do levantamento de referências teóricas já
analisadas, qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica,
que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto, existem
porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica,
procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações
ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta (FONSECA, 2016).
Como instrumento para coleta de dados foi realizado uma pesquisa na base
de dados eletrônicos: Scielo, Google Acadêmico, sites do BNDS, Leis relacionadas
ao tema, também foi utilizado as palavras chave: Mercado de carbono, crédito do
mercado de carbono, Projeto de Lei nº 412/2022.
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Os artigos utilizados na pesquisa corresponderam ao período de 2015 até


2024 e o tipo de amostra foi baseado nos critérios de inclusão e exclusão, ou seja,
os materiais e artigos que possuírem relevância com o tema da pesquisa foram
selecionados, lidos e mantidos para serem utilizados como referência, e os demais
que foram selecionados, mas não tiverem relação direta com o tema, foram
descartados.
Por fim, a interpretação de dados foi por meio de um discurso, objetivando
apresentar as respostas do objetivo do trabalho que foi apresentar por meio de uma
revisão de literatura concepções sobre mercado de carbono e seus desafios no
agronegócio.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a elaboração de toda a pesquisa com o objetivo de analisar por meio da


literatura quais são os desafios da agropecuária no novo mercado de crédito de
carbono, percebeu-se o mercado de carbono é um sistema financeiro que estimula a
redução das emissões de gases de efeito estufa e poderia representar uma nova
oportunidade de negócios para o setor rural.
Após o Senado aprovar em outubro de 2023 o projeto de lei (PL) 412/2022
que cria o mercado de carbono no Brasil, muitas polêmicas surgiram, pois, o
texto, exclui o agronegócio da regulação, atendendo a uma demanda da Frente
Parlamentar Agropecuária (FPA).
Para Nannini (2023) a escolha de excluir o agronegócio e anteder a demanda
da FPT foi por porque não existem formas para medir a emissão de carbono de
atividades agropecuárias e sustentou que os principais mercados de carbono do
mundo não incluem agricultura e pecuária na regulação. Também justificou o que
permite que a recomposição de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva
Legal ou de uso restrito, conforme exigidas pelo Código Florestal, seja atividade
elegível para a constituição de créditos de carbono.
Nesse sentido, nota-se que seria uma oportunidade de tornar destaque o
setor do agronegócio, mas, para Andrade (2024) existem vários motivos que
explicam por que o agro não entrou no mercado de carbono regulado no Brasil, um
deles é que ainda não existem métricas e metodologias claras capazes de mensurar
a emissão de gases de efeito estufa (GEE) nas atividades agrícolas e isso dificulta a
individualização dessas emissões, bem como a quantificação e a precificação do
carbono produzido na fazenda.
Percebeu-se que o mercado de carbono é um instrumento que permite a
interferência do governo, que precisa manter o preço dos títulos de carbono em um
nível razoável, no entanto, a complexidade e o funcionamento do setor agrícola
dificultam esse tipo de interferência, o que pode colocar em risco a viabilidade da
atividade agronômica, a segurança alimentar e até a economia brasileira (BRASIL,
2023).
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Portanto, o preço precisar ficar equilibrado para não prejudicar o agronegócio


nem os objetivos do mercado enquanto política ambiental, para Andrade (2023) a
questão é que o Estado tem pouco poder para definir decisões econômicas que
impactam no agronegócio, afinal, ele produz principalmente commodities agrícolas,
cuja cotação é baseada na oferta e demanda de produtos e sua negociação é
realizada na bolsa de valores.
Nessa ressalva, mesmo o agronegócio ser excluído do projeto de lei, o
produtor rural poderá manter a participação no mercado voluntário de carbono e
também negociar créditos, desde que comprova que em sua propriedade adota
práticas agrícolas sustentáveis e que reduzem a emissão de GEE.
Para Bittencourt (2023) ao longo dos anos, o Brasil tem dados exemplos de
como praticar uma agricultura sustentável e de baixo carbono, por meio do Plano
ABC, mas é preciso que essa política, aliada à inovação e tecnologia, esteja cada
vez mais presente no campo. Neste sentido, afirma-se que o mercado de carbono
pode servir como um incentivo a mais para a adoção de práticas sustentáveis na
produção agrícola.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término do trabalho pode-se dizer que os objetivos do trabalho foram


alcanças, pois, o mercado de carbono está em constate evolução em todo o mundo,
sendo uma inovação em vários setores como industrial, energético, florestal e
agrícola, para amenizar os problemas causados pela mudança climática causados
pelas ações humanas, bem como de desenvolvimento sustentável.
Mesmo o agronegócio ter sido excluído do texto do PL Projeto de Lei
(PL) 412/2022 o Brasil tem avançado em direção à produção agrícola de baixo
carbono. Nota-se que existem muitas questões a serem debatidas e esclarecidas,
como é o caso da aprovação de lei sobre o mercado de carbono.
Portanto, a expectativa é que a regulamentação do mercado e carbono
voluntário beneficie os produtores comprometidos com a agricultura sustentável e
a agricultura inteligente, isso servirá de estimulo para os produtores modernizarem
suas atividades investindo em tecnologias que diminuam a emissão de carbono e
favorecem a preservação do meio ambiente.
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REFERÊNCIAS

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