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RESUMO – CURSO GESTÃO DE CARBONO

1. CONTRIBUIÇÃO NACIONALMENTE DETERMINADA (NDC)


Compromisso de redução das emissões líquidas totais de gases de efeito estufa em
37% em 2025, em relação aos níveis de 2005. O compromisso de reduzir em 43% as
emissões brasileiras até 2030, em relação aos níveis de 2005. A NDC também enuncia o
objetivo indicativo de atingirmos a neutralidade climática – ou seja, emissões líquidas nulas –
em 2060.

2. CREDITO DE CARBONO
Os créditos de carbono podem ser gerados a partir dos projetos de Redução das
Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) ou de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL). Os títulos podem ser negociados diretamente entre comprador e vendedor ou
de forma indireta no mercado secundário regulado pela bolsa de valores.

Muitos negócios que participam do mercado voluntário de créditos de carbono o fazem


não para atender a algum tipo de regulamentação nacional ou internacional, e sim
para atuarem alinhados com o conceito ESG: environmental, social and governance

Na prática, no entanto, a elaboração desses projetos requer a contratação de


profissionais ambientais para calcular a redução de GEE gerada pelas iniciativas. Uma
consultoria especializada também pode ser necessária para ajudar na comercialização do
ativo, já que ainda não há regras claras para o mercado brasileiro.

O Projeto de Lei n° 581/21, que cria o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões


(MBRE), pretende regular a compra e venda de créditos de carbono no País, com regras
transparentes que visam desenvolver o potencial do mercado voluntário. A proposta tramita
em caráter de urgência na Câmara de Deputados.

2.1. POR QUE PRECIFICAR O CARBONO?


As emissões de gases de efeito estufa são um dos principais exemplos do que na
economia é conhecido como “externalidade negativa”: os benefícios da atividade econômica
que causa as emissões são privados, enquanto os custos gerados pelos gases que vão para
a atmosfera acabam sendo arcados por toda a sociedade. A ideia por trás de dar um preço
ao carbono é corrigir essa falha de mercado e fazer com que os agentes emissores

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internalizem esses custos. A precificação tem potencial para direcionar a demanda dos
consumidores e investidores para produtos de baixo carbono e estimular investimentos em
projetos e tecnologias mais limpas. Existem duas formas de precificação: impostos sobre
emissões ou mercados de carbono. Enquanto nos impostos o preço é fixo e definido
unilateralmente pelo governo, a segunda opção é uma forma de deixar que esse valor seja
descoberto pelos agentes do mercado. Para entender melhor como funciona essa dinâmica,
antes de qualquer coisa, é crucial entender que há dois tipos de mercados de carbono:

 Os regulados (ou obrigatórios), em que os governos impõem metas de emissão;


 O voluntário, em que a compra de créditos acontece de forma espontânea pelas
empresas.
3. MERCADO REGULADO

Nos mercados regulados, os governos – nacionais, estaduais ou regionais –


determinam metas obrigatórias de redução de emissões, normalmente envolvendo setores
específicos da economia. Nesse esquema, conhecido como ‘cap and trade’, é estabelecido
um teto para as emissões dos entes regulados. Então, criam-se permissões de emissões
compatíveis com esse limite, que são vendidas ou distribuídas gratuitamente.
Os preços dessas permissões se ajustam no mercado. Vamos supor que uma
empresa tenha permissão para emitir 100 toneladas de carbono. Se ela lançar 110 toneladas
na atmosfera, vai ter de comprar permissões para essas 10 toneladas excedentes de outra
empresa regulada pelo sistema que tenha emitido menos do que poderia. Geralmente, esse
teto global de emissões – e a quantidade de permissões – vai sendo reduzida gradualmente.
A ideia é que, ao longo do tempo, o preço do carbono suba, de forma que as empresas
tenham mais incentivo para reduzir suas emissões internamente do que para comprar
permissões no mercado. É muito importante entender que cada mercado regulado é um
arranjo fechado, com regras próprias. Isso explica porque os preços variam tanto entre as
jurisdições. Na China, o preço está em cerca de US$ 6, na Califórnia, US$ 25, e na Europa –
o mercado mais antigo e mais maduro – chega a US$ 85.

4. MERCADO VOLUNTÁRIO E O BRASIL

No mercado voluntário, as empresas compensam a emissão de CO2 basicamente por


uma questão reputacional – leia-se pressão dos consumidores e dos investidores, que cada
vez mais estão cobrando uma postura ativa em relação às questões ambientais. Em teoria,
os créditos do mercado voluntário podem vir de quaisquer projetos que sequestraram gases

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de efeito-estufa, evitaram ou reduziram a sua emissão. Mas há categorias e metodologias que
já estão mais consolidadas. Historicamente projetos de energia renovável respondiam pela
maior parte do mercado voluntário, mas essa realidade mudou em 2021, quando os créditos
florestais ganharam a dianteira.

O mercado voluntário abre as portas para a inovação, já que não tem muitas regras
pré-estabelecidas como no Protocolo de Quioto, e para projetos de menor escala que seriam
inviáveis sob Quioto.

No Brasil, o mercado de carbono ocorre na BM&FBOVESPA, que é um sistema


eletrônico de negociação ágil, seguro e transparente, com funcionamento via internet, para
realização de leilões de créditos de carbono, gerados tanto nos projetos ligados ao
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) como no âmbito do mercado voluntário (aquele
que não considera as regras, as metas ou os mecanismos estabelecidos no Protocolo de
Kyoto. Esses leilões são agendados pela BM&FBOVESPA a pedido de entidades públicas ou
privadas que desejem ofertar seus créditos ao mercado.

As negociações no ambiente voluntário são guiadas pelas regras comuns de mercado,


podendo ser efetuadas em bolsas, através de intermediários ou diretamente entre as partes
interessadas. A convenção para a transação dos créditos é o CO2 equivalente.

Algumas características dos Mercados Voluntários são:

 Créditos não valem como redução de metas dos países;

 A operação possui menos burocracia;

 Podem entrar projetos com estruturas não reconhecidas pelo mercado regulado, como
REDD;

 O principal mercado voluntário é o Chicago Climate Exchange, nos EUA.

As Bolsas voluntárias são:

 ECX - Bolsa do Clima Européia

 NordPoll - (Oslo)

 EXAA - Bolsa de Energia da Áustria

 BM&F (Brasil) - Por enquanto somente trabalha com o leilão de créditos de carbono.

 New Values/Climex (Alemanha)

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 Vertis Environmental Finance (Budapeste)

 Bluenext, antiga Powernext (Paris)

 MCX - Multi-Commodity Exchange (Índia)

5. COMO COMPENSAR AS EMISSÕES DA MINHA EMPRESA?

Para a compensação de emissões corporativas, você precisa conhecer a quantidade


de CO2 que será compensada. O Inventário de Emissões é uma ferramenta que quantifica
o quanto sua empresa ou seu evento está emitindo, de acordo com os limites que você mesmo
determina!

Em seguida você escolhe qual projeto utilizar para compensar as emissões de CO2.
Um diversificado portifólio de projetos, contribuirá para escolher aquele que contribui para
questões socioambientais mais relevantes para a sua estratégia de responsabilidade social!

5.1. ATIVIDADES DE REDUÇÃO: Desenvolvimento de projetos

a) Biomassa Renovável

Nossos projetos de biomassa renovável revolucionam o processo produtivo de


pequenas cerâmicas por todo país, de forma a torná-lo mais limpo e ambientalmente correto.
O uso de combustível fóssil ou lenha nativa, prática comum no Brasil, é substituído por
biomassas renováveis, como resíduos de agricultura e de indústrias locais. Com o projeto,
passa a produzir sem agredir o meio ambiente, mantendo florestas em pé e gerando créditos
de carbono.

b) Projeto Eólico

Com o objetivo de incentivar energias limpas no Brasil, está a procura de projetos de


energia eólica para gerar créditos de carbono. Os créditos de carbono derivados do projeto
vão gerar receitas adicionais e certificar boas práticas socioambientais da empresa.

c) Projeto Solar

Com o objetivo de incentivar energias limpas no Brasil, está a procura de projetos de


energia solar para gerar créditos de carbono. Os créditos de carbono derivados do projeto vão
gerar receitas adicionais e certificar boas práticas socioambientais da empresa.

d) Metano Evitado

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Projetos de Metano Evitado por meio de Compostagem são alguns de nossos projetos
mais adicionais em termos de benefícios ao ecossistema. Através da compostagem de
esterco suíno, as emissões são evitadas e o dejeto é transformado em um composto orgânico
que mantém o excesso de nitrogênio e fósforo fora dos fluxos de água, evitando assim a
degradação da biodiversidade aquática. O processo ainda traz benefícios para a agricultura,
uma vez que a utilização da água passa a ser mais eficaz nas fazendas.

e) Projetos Florestais

Projetos florestais (REDD+) visam aumentar a competitividade de ações sustentáveis


em relação ao padrão tradicional de ocupação de terra.
Estes projetos promovem a sustentabilidade em seus três eixos: o econômico, através dos
créditos de carbono; o social, devido a geração de benefícios para a comunidade local; e o
ambiental, pela conservação, reflorestamento e adoção de técnicas mais eficientes de manejo
florestal, com a consequente redução das emissões de GEE e proteção da biodiversidade.

Fonte: Ecossystem Marketplace - nov/21. *Acumulado no ano até 31 de novembro.

5.2. PADRÕES DO PROJETO


Projetos são desenvolvidos utilizando padrões reconhecidos mundialmente que
garantem o desempenho e a qualidade das atividades.

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a) Verified Carbon Standard (VCS): Lançado em 2006 e anteriormente conhecido
como Voluntary Carbon Standard, o VCS é o padrão de qualidade mais utilizado para
contabilização de carbono e é um dos mais confiáveis no mercado voluntário. Baseado em
princípios ISO, o padrão garante que as reduções de emissões sejam adicionais, únicas e
verificadas.

b) SOCIALCARBON® Standard: Lançado em 2008, o SOCIALCARBON® é um padrão


desenvolvido pelo Instituto Ecológica no Brasil e é classificado como um “Padrão de co-
benefício das Melhores Práticas” pela International Carbon Reduction and Offset Alliance. O
SOCIALCARBON é um padrão de avaliação e monitoramento de cobenefícios, e é aplicado
em conjunto com padrões de contabilidade de carbono.

c) Gold Standard: Lançado em 2006, o Gold Standard é utilizado em ambos os


mercados de carbono, voluntário e MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo). No entanto,
só é aplicável a energias renováveis e a projetos de energia eficiente. O principal objetivo
desse padrão é garantir que os projetos ao mesmo tempo reduzam emissões e promovam o
desenvolvimento sustentável.

5.3. CERTIFICAÇÕES DOS PROJETOS

Há diversos programas de certificação de projetos de carbono desenvolvidos por


atores privados. O mais utilizado pelo mercado voluntário é a Verra, uma plataforma de
registro global que faz a custódia dos créditos. A Verra criou os Voluntary Carbon Standards
(VCS), padrões que são tidos como referência atualmente. Há ainda a suíça Gold Standard,
que foca não só na integridade ambiental, mas também nos benefícios sociais gerados pelos
créditos.
Todos os projetos são certificados por terceira parte garantindo a qualidade e
credibilidade dos projetos.

a) Auditoria - Os projetos são verificados por Entidades Operacionais Designadas


(DOE, em inglês), organizações independentes credenciadas pela Organização das Nações
Unidas, como Certativo, TÜV Rheinland por exemplo.

b) Transparência nos registros – Utilizar um sistema de registro líder no mercado para


realizar operações de crédito de carbono, garantindo a transparência e credibilidade das
operações. Como exemplo créditos de carbono registrados na Markit Environmental™.

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OBS: Uma vez emitidos, os créditos recebem um número de série único, que garante a
rastreabilidade e evita a contagem duplicada. Eles ficam depositados na conta do
desenvolvedor do projeto dentro do ambiente de registro de créditos. Se forem usados para
compensação de gases de efeito estufa efetivamente, são “aposentados” e saem de
circulação.

6. CRÉDITOS PREMIUM

Os créditos de carbono Premium são aqueles que possuem além do benefício


ambiental, parte do lucro adquirido é destinado a cobenefícios sociais que ajudam no
desenvolvimento da comunidade onde o projeto está inserido. Os projetos podem ser
divididos em 6 cobenefícios principais:

a) Biodiversidade: Projetos que protegem a biodiversidade.


Exemplo: Desenvolvimento de atividades que conservam a floresta em pé; Apoio à
instituições que protegem os animais.

b) Água: Projetos que protegem os recursos hídricos.


Exemplo: Recuperação de Mata Ciliar, Reaproveitamento de Água.

c) Educação e Cultura: Projetos que investem na educação e incentivam culturas locais.


Exemplo: Desenvolvimento de atividades de educação ambiental; Contribuição com grupos
de cultura locais.

d) Bem-estar do trabalhador: Projetos que investem no bem-estar do trabalhador.


Exemplo: Promoção de atividades como curso de alfabetização para os colaboradores;
Melhorias no processo produtivo para redução de esforço físico.

e) Comunidade: Projetos que apoiam o desenvolvimento das comunidades.


Exemplo: Suporte para construção de sede para produtores rurais; Promoção de evento que
promove serviços gratuitos para a comunidade.

f) Saúde e Esportes: Projetos que assistem instituição de saúde e incentivam a prática


esportiva.
Exemplo: Oferecimento de aula de futebol gratuita para crianças da comunidade; Apoio a
instituição de saúde.

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7. COMO FUNCIONA A EMISSÃO DE CRÉDITOS NA PRÁTICA

I. Project Design Document (PDD): Documento que dá o pontapé inicial no projeto,


estimando a quantidade e o período de geração dos créditos de acordo com a
metodologia de quantificação adequada à atividade correspondente.

II. Relatório de validação: O PDD é submetido à validação, num processo de auditoria


independente conduzido por uma empresa credenciada pelo padrão de certificação,
que emitirá um relatório ao final da análise.

III. Relatório de monitoramento: Na sequência é gerado um relatório com os dados e


informações relacionados ao monitoramento das reduções ou remoções de gases de
efeito estufa. Cada projeto tem vários períodos de monitoramento sucessivos, que
podem variar de 1 a 5 anos cada.

IV. Relatório de verificação: Atesta o volume de créditos gerados no período apurado.

V. Emissão dos créditos: Com os relatórios de monitoramento e verificação, o


desenvolvedor do projeto poderá pleitear a emissão dos créditos no período.

8. VALORES DO CRÉDITO

Cada crédito corresponde a uma tonelada de carbono equivalente que deixou de ser
emitido ou foi removido da atmosfera. Mas isso não significa que todo crédito é igual – e os
preços variam muito no mercado voluntário. Primeiro, porque como hoje as transações são
feitas em mercado de balcão e descentralizadas, há pouca visibilidade sobre as cotações.
Mas, além disso, há diferenças dependendo da localização dos projetos, a oferta daquele tipo
de crédito no mercado e a percepção de ‘integridade’ do carbono que está sendo negociado.

9. ELABORAÇÃO DE INVENTÁRIO DE CARBONO

O Inventário de Emissões é uma das principais ferramentas para se ingressar em uma


economia de baixo carbono. Através de metodologias conceituadas, o inventário identificar
fontes de emissão de GEEmensura e quantifica as emissões diretas e indiretas de uma
empresa ou evento. É o primeiro passo para a criação de um plano estratégico de redução e
compensação de emissões. O inventário também pode incluir, além de emissões, remoções
de GEE da atmosfera (sequestro de carbono).

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Além disso, tem também a função de ajudar na criação de estratégias sustentáveis de
gerenciamento de emissões da organização, e também na redução de custos das
operações. Um inventário bem consolidado permite a atração de possíveis investidores, o
bom relacionamento com clientes e parceiros, além do reconhecimento dos stakeholders.

Trata-se do GHG Protocol (protocolo de gases estufa, em tradução livre da sigla em


inglês). Esta metodologia de cálculo de emissões de GEE segue as normas da International
Organization for Standardization (ISO) e está alinhada com os modelos de quantificação (para
emissões e remoções de GEE) do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática
(IPCC). O GHG Protocol estabelece diretrizes para produção do inventário, indica os gases
estufa a serem medidos, e versa sobre os princípios de relevância, integralidade, consistência,
transparência e exatidão que o inventário deve apresentar.

De acordo com o Protocolo de Kyoto, os GEE passíveis de ser medidos em inventários


de emissões são: CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido
nitroso), SF6 (hexafluorido de enxofre), HFC (hidrofluorcarbonos) e PFC (perfluorcarbonos).
A metodologia também delimita o escopo do inventário, estabelecendo os limites para
contabilização das emissões, sejam eles geográficos, operacionais e/ou organizacionais.

9.1 PASSO A PASSO PARA ELABORAÇÃO

a) DEFINIÇÃO DO ESCOPO

Na primeira etapa, é necessário definir o escopo geral do projeto. Com os requisitos


das normas, podem ser definidos dois parâmetros: Organizacional e Operacional. O primeiro
diz respeito aos limites da companhia e as operações que a compõem. Já a Operacional, é
referente a todas as operações que tem relação com GEE.

Também é necessária a divisão entre Emissões Diretas – Ou Escopo 1, que ocorrem


em fontes cuja propriedade são da empresa diretamente e Emissões Indiretas – ou Escopo 2
relacionadas ao consumo de energia e ainda o Escopo 2 que correspondem a fontes
controladas por terceiros, mas que é opcional

b) DEFINIÇÃO DO PERÍODO DE REFERÊNCIA E ANO-BASE

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Com a definição do escopo, é necessário estipular o período de referência. Ele
corresponde a um recorte de tempo da quantificação de emissões. Normalmente os
inventários de GEE possuem um recorte anual.

Fora o período de referência, temos o Ano-Base, que diz respeito ao Inventário


utilizado como referência para acompanhar a evolução das emissões. Ele deve ser
estabelecido por motivos de comparabilidade. Sem ele não é possível avaliar a performance
de emissões.

c) IDENTIFICAÇÃO DE FONTES E SUMIDOUROS DE GEE

Após as duas primeiras etapas, entra a fase de identificação das fontes e sumidouros
de GEE. Estas são unidades físicas ou qualquer outro meio de processo que libera algum gás
de efeito estufa (GEE) para a atmosfera. Já os Sumidouros são unidades ou processos que
removem o gás de efeito estufa da atmosfera.

É importante que as fontes e sumidouros sejam identificados no primeiro inventário e


revalidados anualmente. Isso implica em visitas de campo e avaliações dos processos.
Quando for identificado que uma fonte de GEE deixou de existir, o inventário deve apontar
para essa situação.

d) COLETA DE INFORMAÇÕES

A partir da identificação das fontes de GEE, começa a etapa de coleta de informações.


Essa é uma das partes que mais demanda tempo, por envolver diversas áreas da empresa e
podendo ter origem em registros de dados fiscais, ou outros mais incertos.

e) CÁLCULO DE EMISSÕES E REMOÇÕES

Chegou o momento de executar as quantificações. Para esta atividade o grande


manual é o IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Nele, as emissões são
classificadas em 4 Grupos: Energia, Processos Industriais e Uso de Produto (IPPU),
Agricultura, Florestas e Outros Uso da Terra (LULUCF) e Resíduos.

De forma geral, os cálculos são realizados multiplicando os dados das fontes de GEE,
por exemplo, no consumo de combustíveis, por um fator de emissão. Existem algumas
ferramentas online para o cálculo de emissões, uma delas sendo no Microsoft Excel e
disponibilizada pelo Programa Brasileiro do GHG Protocol.

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f) CÁLCULO DE INCERTEZAS

As incertezas do Inventário de GEE podem ser originadas tanto nos dados das fontes
quanto nos fatores de emissão. No caso dos dados de entrada, as incertezas por causa de
equipamentos com erros ou erro humano na hora do registro. No caso de fatores de emissão,
se registra os limites e erros, também refletindo nos resultados dos inventários.

g) APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

A estrutura dos relatórios do Inventário de GEE são apresentadas pelo GHG Protocol
e pela ISO 14.064. De maneira geral, os resultados são organizados em emissões por Escopo,
emissões por Atividade, emissões por Categoria e emissões por Tipo de GEE.

No Brasil, o Programa do GHG Protocol possui um Registro Público de Emissões que


permite que empresas publiquem seus inventários. Outras iniciativas voluntárias, como o CDP
e o ICO2 da B3, também permitem a transparência por meio do reporte das emissões de GEE
das companhias de capital aberto.

EXEMPLO DE INVENTÁRIO DE EMISSÕES:


http://meioambiente.recife.pe.gov.br/sites/default/files/midia/arquivos/pagina-
basica/3o_inventario_de_emissoes_de_gases_de_efeito_estufa_do_recife.pdf

10. CRÉDITOS FLORESTAIS: REED+

Um dos créditos cuja oferta mais tem crescido no mercado voluntário é o chamado
REDD+, que envolve projetos florestais. REDD+ é um incentivo desenvolvido no âmbito
da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para
recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados de Redução
de Emissões de gases de efeito estufa provenientes do Desmatamento e da Degradação
florestal, considerando o papel da conservação de estoques de carbono florestal, manejo
sustentável de florestas e aumento de estoques de carbono florestal.

Com esse mecanismo, os projetos enquadrados na categoria REDD+ são geradores


de créditos que podem ser vendidos no mercado de carbono, para empresas que precisam
compensar suas emissões inevitáveis.

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Como sabemos, as florestas têm um papel essencial na regulação do clima, na
conservação da biodiversidade e na proteção das bacias hidrográficas. Com um mecanismo
como REDD+, países como o Brasil, por exemplo, são incentivados a manter suas florestas
em pé e a receber dos países desenvolvidos um retorno financeiro pelos créditos de carbono
gerados.

Investir em REDD+ é uma solução inovadora e uma das estratégias mais indicadas
para incluir e melhorar a performance da empresa em práticas ESG (Environmental, Social,
Governance). Além disso, a empresa passa a contribuir ativamente com ao menos dois dos
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: (13) ação contra a mudança global do
clima e (15) vida terrestre.

10.1. FUNCIONAMENTO:

A concretização de um projeto de REDD+ começa com um estudo para avaliar o risco


do desmatamento na região e o tamanho da área de floresta que será conservada. Após o
estudo, o projeto deve prever quais são as estratégias a serem adotadas para que a área seja
efetivamente conservada: aumento de fiscalização, manejo sustentável, atividades
sustentáveis com benefícios sociais e ambientais para a região como alternativas de geração
de renda para a população que antes precisava desmatar para agricultura ou outras
demandas, recuperação de áreas com terras já comprometidas em seu valor ecológico, etc.

O projeto é então implementado e acompanhado com monitoramento e avaliações


periódicas, capazes de medir a quantidade de CO2 evitada e também o sucesso das ações
implementadas. Por fim, os créditos de carbono são verificados de acordo com os padrões
internacionais e disponibilizados em plataformas de compensação.

11. NO BRASIL: INCENTIVOS DE EMPRESA À ADERIR AO MERCADO DE


CARBONO

Mercado de carbono no Brasil ainda está se desenvolvendo, há muito o que crescer e


as regulações são necessárias.Hoje, não existe um mercado regulado no Brasil, ou seja,
nenhuma empresa é obrigada por lei a reduzir ou compensar suas emissões de GEE.
O que acontece é que a temática das emissões de GEE já é alvo de mercados e
exigências internacionais, ou seja, muitas companhias clientes já exigem que seus
fornecedores reduzam as emissões ou as neutralize por completo. Do mesmo modo, muitos

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investidores também já exigem este comprometido para investir numa companhia, por
exemplo.
É como se quase ninguém queira "colocar" o seu dinheiro em empresas e companhias
que não estão alinhadas às temáticas ESG e, dentro disso, as emissões de GEE compõe um
tópico fundamental. Então, além de uma questão ambiental e de contenção do aquecimento
global, o ESG já está intimamente ligado à lucratividade. Clientes preferem comprar de
companhias que estão buscando reduzir os compensar suas emissões. Investidores preferem
investir em companhias que estão buscando reduzir os compensar suas emissões.
Logo, este mercado voluntário de carbono, ou seja, não uma exigência por lei, mas há
uma certa exigência pelo "mercado". Desse modo, quem não procurar se adequar, tende a
perder negócios e lucratividade. Esse é o ponto-chave que precisasse apresentar às
companhias que ainda não veem isso como atrativo. Então não é apenas sobre ser "amigo
do meio ambiente", é sobre continuar a ser competitivo num mercado que cada vez mais exige
ações ESG (e isso só tende a aumentar).
Sobre inventário de emissões de GEE é o primeiro passo para as companhias
começarem a avaliar o quanto emitem de fato (ao menos as emissões de Escopo 1 e de
Escopo 2), ou seja, qual é a sua pegada de carbono, o quanto ela impacta nas emissões.
Dessa forma, permite-se dois avanços: o primeiro é buscar adotar medidas de redução
imediata de emissões, trocando por exemplo algumas fontes de energia, melhorando
processos, buscando eficiência energética, alterando embalagens e matérias primas, e etc; o
segundo é após reduzir, saber o quanto precisa de fato adentrar no mercado de carbono, para
comprar créditos no mercado voluntário e compensar/neutralizar as emissões.
Incentivo do governo para adoção de redução de CO2: Ainda não há de fato um
incentivo governamental para reduzir emissões de GEE. Há sim, para recuperar áreas
degradadas ou proteger áreas em risco de degradação, que são os mecanismos Floresta+ e
Redd+.

12. NET ZERO

Com cada vez mais empresas fazendo compromissos de neutralidade climática, tão
importante quanto entender como funcionam os créditos de carbono é entender qual seu
papel no combate da mudança climática. Se uma empresa diz que quer chegar ao net zero,
mas sua estratégia é apoiada principalmente na compensação, sinal amarelo!
Os créditos de compensação são importantes e bem-vindos, e são cruciais para dar
incentivo a atividades como redução de desmatamento. Mas devem ser usados como
estratégia complementar nos planos corporativos. O importante é ter uma rota de ação para

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reduzir as emissões da própria empresa e da sua cadeia de valor, que inclui os fornecedores
e as emissões advindas do uso de seus produtos. Em outras palavras: no ‘net zero’, o ‘zero’
é mais importante que o ‘net’.
Está na definição de net zero do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC, na sigla em inglês) da ONU: a neutralidade é atingida “ao se reduzir as emissões o
mais próximo possível do zero em um determinado período e compensar quaisquer emissões
remanescentes com projetos que removam emissões de atmosfera.”
A neutralidade, portanto, não pode ser um passe livre para que a companhia continue
o ‘business as usual’. Mais do que isso: se todo mundo decidir plantar árvores ou comprar
offsets para compensar as emissões, simplesmente não vai ter terra ou projetos geradores de
crédito suficientes no mundo. As compensações devem ser destinadas às emissões residuais,
aquelas que são muito difíceis de abater, seja porque não há tecnologia disponível ou porque
o preço dessa tecnologia ainda é impeditivo.

13. PROJETOS DE REDUÇÃO

a) EXEMPLO DE PROJETO 1:

Descrição do projeto: A Dori Alimentos é uma indústria paulista que fabrica


amendoim, balas e outros confeitos. Ao longo de décadas a empresa utilizou o óleo xisto
como combustível nas caldeiras da fábrica, fonte de grande emissão de gases causadores de
efeito estufa (GEEs). Em 2006, determinada a reduzir seu impacto ambiental, as fábricas da
Dori localizadas em Marília/SP e Rolândia/PR substituíram o uso de combustível fóssil por
biomassa renovável. Assim, além de reduzir as emissões, a Dori gerou créditos de carbono e
uma produção mais limpa.

SAIBA MAIS SOBRE O PROJETO: https://www.sustainablecarbon.com/wp-


content/uploads/2021/05/Dori-PT.pdf

b) EXEMPLO DE PROJETO 2:

Descrição do Projeto: A Cerâmica Cavalcante é uma fábrica de tijolos vermelhos


localizada em São Miguel do Guamá (PA), região Norte do Brasil. A fábrica alimentava os
fornos com 1.700 m3 / mês de madeira extraída da Amazônia, a maior floresta tropical do
mundo, para a queima de seus produtos cerâmicos. Na tentativa de reduzir os danos
causados ao meio ambiente, a fábrica implantou um projeto de crédito de carbono em 2007 e
passou a utilizar apenas biomassa renovável. A biomassa renovável utilizada é composta por

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Telefone: (81) 3125.5151
caroço de açaí, fibra de palmeira e serragem. Além dos benefícios ambientais de reduzir as
emissões de gases de efeito estufa e diminuir a ameaça ao bioma Amazônia, a receita dos
créditos de carbono permitiu que a fábrica contribuísse com outras iniciativas locais sociais,
ambientais e econômicas.

SAIBA MAIS SOBRE O PROJETO: https://www.sustainablecarbon.com/wp-


content/uploads/2021/08/2018_Cavalcante_rhPT.pdf (2018).

https://www.sustainablecarbon.com/wp-content/uploads/2021/08/Cavalcante-PT_2021.pdf
(2021).

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