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INTRODUÇÃO AO DIREITO

1. DENOMINAÇÕES – A disciplina que, nos currículos jurídicos,


desempenhou a mesma função propedêutica, recebeu, através dos tempos e
dos lugares, diversas denominações: Direito Natural; Propedêutica-
Jurídica; Primeiros Princípios Jurídicos e Direito Puro; Filosofia do Direito;
Filosofia e Historia do Direito; Sociologia Jurídica; Principiologia Jurídica;
Introdução ao Direito (Angel Latorre,Abelardo Torre, Carlos Mouchet -
Ricardo Zorraquin Becu, J. Flóscolo da Nóbrega); Introdução ao Estudo do
Direito (Hastie, Alessandro Groppali, Aftalión- Olano – Vilanova, Julien
Bounnecase); Introdução á Ciência do Direito( Theodor Sternberg, Legaz y
Lacambra, Gaston May); Introdução Geral ao Direito; Introdução
Enciclopédica ao Direito; Introdução ás Ciências Jurídicas; Introdução ás
Ciências Jurídicas e Sociais; Introdução ao Direito e ás Ciências Sociais;
Teoria Geral do Direito; Enciclopédia Jurídica, Prolegomenos do Direito
etc.
Não cabe analisar aqui discussões terminológicas, pois a
exatidão de uma ou outra denominação depende do conteúdo que se
assinale á disciplina, em face das correntes filosóficas predominantes na
época respectiva. Atualmente, a preferida é Introdução ao Direito, em
virtude da oficial consagração e do significado que todos entendem,
integrando o currículo mínimo do curso de graduação em Direito. Além
desta, no Brasil e em outros países, Introdução ao Estudo do Direito e
Introdução á Ciência do Direito possuem grande aceitação.

2. CONCEITO - A Introdução ao Direito tem por objeto dar uma


noção panorâmica e sintética das diversas disciplinas jurídicas e uma
noção elementar dos conceitos fundamentais por elas estudados. É cadeira
propedêutica (do grego pro = preliminar, paideutikê = arte de instruir),
que ministra conhecimentos preparatórios ao estudo do Direito,
fornecendo breves informações jurídicas, filosóficas, psicológicas,
históricas e sociológicas, sem as quais não é possível compreender, em
toda a plenitude, a Ciência do Direito.
É disciplina essencialmente teorética, com propósitos pedagógicos,
que se limita a expor a fenomenologia jurídica, em suas linhas gerais, e o
vasto campo de sua manifestação, que é o convívio humano. Introduz o
estudioso, metódica e paulatinamente, na existência do Direito, na
compreensão de sua realidade total, que é de dimensões infinitas, mas que
pode ser vislumbrada através do exame da essência da juridicidade.

3. CARÁTER- A este respeito existem duas opiniões: uma que


considerava como “ciência geral do direito”, portanto autônoma, e outra,
predominante na atualidade, que lhe assinala o caráter de disciplina
meramente formal ou não autônoma. Esta é indubitavelmente a opinião
acertada e a que hoje em dia prevalece. Com efeito, a Introdução ao
Direito não é uma disciplina jurídica autônoma, mas puramente formal,
porque carece de conteúdo próprio e exclusivo. Contém temas
pertencentes às disciplinas jurídicas - Ciência do Direito, Filosofia do
Direito, História do Direito, Sociologia do Direito, Psicologia do Direito e
Direito Comparado- expostos de forma breve e elementar, com a
finalidade primordial de apresentar ao aluno uma visão orgânica e
sistemática do Direito, enquanto fenômeno humano animado por ideais de
Justiça. Exemplo: estuda o conceito do Direito, suas diferenças e relações
com a moral, o problema as justiça etc., assuntos inerentes á Filosofia
Jurídica.
Em síntese, toda ciência se concentra sobre um objetivo próprio. Sua
falta retira dessa disciplina este caráter, sendo considerada uma
enciclopédia de conhecimentos científicos, que abrange aspectos
jurídicos, filosóficos, sociológicos e históricos, que visa facilitar a
aprendizagem do Direito, o que não diminui a sua importância, pois não é
preciso que o saber humano tenha status de Ciência para que seja útil e
verdadeiro. Por outro lado, cabe reconhecer a dificuldade de expô-la com
clareza e método, porque pressupõe o conhecimento mais ou menos
preciso de todas as disciplinas jurídicas.

4. CONTEÚDO- Com o explicado, fica claro que a Introdução ao


Direito não deve ser somente uma introdução á Filosofia do Direito, senão
também uma introdução á Dogmática Jurídica, á Sociologia respectiva e à
História do Direito. Ademais, por razões óbvias, deve compreender alguns
temas de diversa índole (como os referentes á profissão de advogado, à
vocação jurídica, à ética profissional etc.), constituindo uma parte
preliminar. È por isto que nossa matéria tem simultaneamente perfis
filosóficos, dogmáticos, sociológicos, psicológicos, históricos etc.

5. HISTÓRIA- No Brasil, os doutos sempre reconheceram a


necessidade de uma matéria de iniciação para fornecer ao estudante as
noções fundamentais para a fácil compreensão do Direito.
Os cursos jurídicos de São Paulo e Olinda adotaram, como tal
objetivo, a disciplina Direito Natural, denominação antiga da Filosofia do
Direito (1827).
A reforma do Ensino Secundário e Superior, de autoria de Rui
Barbosa, propôs sua permuta pela Sociologia Jurídica (1877).
A reforma de Benjamin Constant, em razão das idéias
positivistas, adotadas pela República, substituiu Direito Natural pela
Filosofia e História do Direito (1891), posteriormente desmembrada em
filosofia do Direito e História do Direito, lecionadas no primeiro e quinto
ano, respectivamente (1985), sendo a última, mais adiante, retirada do
currículo.

A reforma de Rivadávia Correia instituiu, também como


propedêutica, a Enciclopédia Jurídica (1912), suprimida três anos após
pela reforma Maximiliano (1915), passando a Filosofia do Direito a ser
ministrada no primeiro ano, com aquela finalidade.

A reforma de Francisco Campos colocou a Filosofia do Direito


no último ano e no curso de pós-graduação, substituindo-a pela Introdução
á Ciência do Direito (1931).

Resolução do Conselho Federal de Educação consagrou a


denominação Introdução ao Estudo do Direito (1972).

A denominação oficial da disciplina, atualmente, é Introdução ao


Direito, integrando o currículo mínimo do curso de graduação em Direito,
em substituição à anterior (1996).

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