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XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008
1. APRESENTAÇÃO
O presente artigo relata a experiência de concepção, planejamento e implementação inicial
do Programa de Formação e Capacitação da Escola Nacional de Administração (ENAD),
instituída pelo Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS)
da República de Angola. O texto está estruturado em três partes, além desta apresentação.
Na primeira abordar-se o processo de fortalecimento institucional, descrevendo a evolução
do Instituto de Organização e Administração do Estado (INORADE), criado em 1986 e
transformado no Instituto Nacional de Administração Pública (INAP), em 1994, até chegar-se
à ENAD, refletindo-se sobre o papel desempenhado por estas organizações na formação e
capacitação dos profissionais que atuam no setor público de Angola. A segunda parte
resgata os principais conceitos utilizados para concepção do Programa da ENAD,
principalmente os de formação, capacitação e gestão por competências. A terceira parte
relata o processo de concepção e implementação do Programa de Formação da Escola,
trazendo algumas contribuições para a reflexão desta desafiadora tarefa.
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Neste sentido, Selznick (1957) deu importante contribuição para diferenciar instituição e
organização. Para este autor, a organização seria, simplesmente, um instrumento técnico,
racional, destinado a atingir objetivos prefixados, visto como um arranjo neutro por seus
participantes e por outras organizações. Assim, a sobrevivência da organização dependeria,
exclusivamente, de sua capacidade de atingir, de forma eficaz, os objetivos programados, de
adaptar-se às mudanças ambientais e atualizar-se para evitar a obsolescência técnica. Em
contrapartida, a instituição não é vista como um elemento neutro pelos indivíduos e pelo
ambiente. As instituições procuram, por intermédio da introjeção de suas crenças, valores e
competências técnicas, influenciar indivíduos e outras organizações, atingindo um alto grau
de normatividade em seu meio.
Para além da revisão destes conceitos é importante destacar que a concepção utilizada na
atualidade para desenvolvimento institucional deve incorporar outras categorias igualmente
relevantes. Como ensina Fleury (1996), os processos de modernização, fortalecimento e
desenvolvimento das organizações públicas devem transcender a concepção dos
parâmetros exclusivamente administrativos (eficiência, eficácia, qualidade e
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Tomando como referência o conceito de fortalecimento institucional, pode-se inferir que a
evolução do INORADE para INAP e, agora, ENAD, é um processo natural em organizações
públicas, principalmente em países onde há a necessidade de alinhar e buscar o
aperfeiçoamento dos instrumentos jurídico-institucionais e, ao mesmo tempo, consolidar uma
base de Governo para o desenvolvimento sustentável.
O caráter inovador do INORADE como uma Escola do Estado colaborou para a formação
dos membros do governo da época. Os ministros eram convidados a uma reflexão sobre um
determinado tema de governo. Desde o período da sua inauguração até aproximadamente
1992, as formações tinham sua carga horária dividida entre Lógica e Política Ideológica.
1
Esta parte do texto é fruto de entrevistas realizadas no período de novembro e dezembro de 2007, no âmbito do Projeto de
planejamento e implementação da ENAD. Agradeço a Professora Nancy Franco pelo apoio na realização das entrevistas e
respectivas transcrições, que auxiliaram na elaboração do texto, assim como a todos os entrevistados que contribuíram para
o resgate histórico desta trajetória.
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Pública (INAP). O INAP atuou sob a tutela do Ministério da Administração Pública, Emprego
e Segurança Social (MAPESS, buscando parcerias que pudessem consolidar sua atuação.
Uma das mais profícuas parcerias do INAP foi com o Ministério da Administração do
Território (MAT). A parceria distribuía as atribuições relativas à qualificação dos servidores
públicos entre o MAPESS, que assumiu a questão técnica da formação, e o MAT, que
responsabilizou-se pela logística de funcionamento e operacionalização das formações nas
instalações do INAP.
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Os funcionários das empresas públicas foram inseridos no Plano Geral de Carreiras. Para
que tais administradores pudessem também se beneficiar das formações oferecidas pelo
INAP, as empresas foram agrupadas de acordo com as suas necessidades. Porém, a
demanda era muito grande, alguns temas eram demasiadamente específicos para que o
INAP pudesse dar conta e gerar impacto positivo na gestão pública. Após quatro anos do
lançamento do Plano, começam a surgir em Angola cursos de gestão para empresas
públicas, oferecidos por outras organizações, além do INAP.
Em 2001, a estrutura de funcionamento do INAP sofre alterações. Houve uma ruptura formal
entre MAPESS e MAT. O MAT cria seu próprio Instituto, o Instituto Nacional de Formação da
Administração Local (INFAL), contando com o Instituto Brasileiro de Administração Municipal
(IBAM), do Brasil. Com o desafio de consolidar o INFAL, o MAT direciona seus recursos para
esta finalidade e retira o apoio logístico que viabilizava as formações do administrador
público local, no INAP. O MAT passou a operar diretamente estas capacitações, e em
algunas ocasiões, estabeleceu parceria com o INAP, para realização das ações.
Tomando como referência a perspectiva de educação continuada, pode-se inferir que os 325
municípios existentes em Angola, necessitam de programas de formação específicos,
direcionados às competências necessárias no âmbito local, pois o rompimento da aliança
entre INAP-INFAL fragmentou as formações e dificultou tanto a expansão dos cursos quanto
a ampliação no atendimento às províncias, principalmente pelo fato dessas serem gratuitas.
Com grande esforço, o INAP conseguiu congregar 18 províncias e capacitar até quatro
representantes de cada uma delas para formar formadores locais e, somente em 2006,
consegue-se oferecer um núcleo de formadores para todas as províncias. Atualmente,
somente duas províncias possuem capacidade econômica e infra-estrutura para que a
formação continuada ocorra.
As metas estabelecidas no Plano Geral de Carreiras, previsto por lei para o período de 2000
até 2008, foram parcialmente alcançadas. O Plano focava três vertentes: a formação em
sala, a auto-formação e a formação à distância. O INAP atingiu satisfatoriamente a formação
em sala; passaram por ele mais de 24 mil profissionais. Para auto-formação foram criados
manuais e textos de apoio para oito disciplinas, com a colaboração dos professores. Quanto
à formação à distância, que facilitaria o alcance das províncias e administradores locais, as
metas não foram atingidas, devido, principalmente, às dificuldades de se contar com uma
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O INAP sempre contou com recursos orçamentários para cumprir positivamente com o seu
papel formador, mas por uma questão de recursos físicos, logísticos e humanos, não pode
formar todo o corpo de funcionários da administração pública. Tarefa esta que é um desafio
para qualquer nação, e não seria diferente para Angola, um país em reconstrução.
Enfatize-se, no entanto, que a idéia de criar a ENAD não é recente em Angola. Em 2004, no
período compreendido entre 29 de março a 1º de abril, promoveu-se um workshop intitulado
"Fortalecimento do Sistema de Formação da Administração Pública em Angola: a
transformação do INAP em Escola de Governo". O evento foi organizado pelo MAPESS com
a colaboração do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU e Cooperação
Italiana. Esta iniciativa, pelo que se pode depreender da justificativa do evento, esteve
fortemente associada ao movimento internacional que se denominou Nova Administração
Pública ou New Public Management. Este movimento, apoiado por agências internacionais
de fomento, apregoava processo de reformas estruturais em escala nacional, principalmente
na redefinição do papel do Estado.
A criação da ENAD cumpre, agora, o papel de interlocução entre as diversas áreas e órgãos
da administração pública, procurando atender a maior parte dos extratos do funcionalismo,
mas também, colaborando na formação e capacitação de profissionais que atuam no setor
privado.
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para dois temas. O primeiro relativo aos próprios conceitos de formação e capacitação; o
segundo relaciona-se à gestão por competências.
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Um primeiro desafio, colocado no projeto da ENAD, foi equalizar o uso dos termos formação,
capacitação, treinamento e desenvolvimento. Em Angola, a denominação formação e
capacitação são termos consagrados e partem da cultura das organizações que
antecederam à ENAD e, por isto, a exigência de alinhar estes conceitos com a terminologia
usada no Brasil: capacitação e desenvolvimento (ou, em uma versão mais conservadora:
treinamento e desenvolvimento).
O treinamento foi bastante utilizado entre as décadas de 1950 e 1980, com o objetivo
principal de capacitar tecnicamente os empregados para atender demandas internas, em
uma época que as organizações definiam seus produtos como valores tangíveis e em um
ambiente de pouca competitividade. As profundas alterações introduzidas pela globalização
e pelas novas tecnologias de informação e comunicação, fizeram com que as organizações
repensassem a dinâmica do trabalho e da educação, direcionando-se para estratégias de
aprendizagem corporativa, com o objetivo de gerar inovação,criatividade, eficácia e
orientação por resultados. (Pacheco et alli, 2005).
O termo capacitação passa, então, a ser usado em um sentido mais abrangente, embora os
autores não apresentem consenso a este respeito. Borges-Andrade e Abbad (1996)
consideram que a capacitação engloba um esforço despendido pelas organizações para
propiciar oportunidades de aprendizagem aos seus servidores e, tradicionalmente, está
associada à idéia de identificar e superar deficiências no desempenho dos servidores,
prepará-los para novas funções e possibilitar adaptação dos indivíduos à introdução de
novas tecnologias no trabalho. Pacheco et alli (2005: 21), embora refiram-se ao caráter
instrumental da capacitação, constituindo-se como uma ação de “instrução e transmissão de
informações técnicas, de natureza imediatista (...) de caráter puramente finalista”, também
reconhecem às mudanças ocorridas e a evolução do conceito para uma visão mais
abrangente. Atribuem esta nova concepção aos aportes de autores como Paulo Freire e
Malcom Knowles e a introdução dos princípios da andragogia. Enfatizam, também, a
contribuição de Senge, a partir do conceito de organizações que aprendem, baseadas em
cinco disciplinas:
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Neste sentido, Pacheco et alli (2005) agrega importante ajuda para reflexão sobre o tema ao
afirmar que, o processo de desenvolvimento vai além da capacitação, incorpora o
autodesenvolvimento, que é inerente a cada indivíduo; e mais, abrange a formação integral
do ser humano, abrangendo diferenciadas formas de aprendizagem, onde um dos ambientes
pode ser o de sala de aula ou o das organizações, mas também, diferentes espaços sociais
e de mídias que estão ao alcance de todos.
Assim, qualquer programa de formação e capacitação deve ser visto como um sistema sócio-
técnico, integrado pelo ambiente corporativo, mas também, pelo ambiente social do aprendiz.
Isto sugere, portanto, que programas de formação e capacitação não devem ser
considerados panacéias para resolver todos os problemas organizacionais e, sim, apenas
um dos componentes que o profissional lança mão para o seu desenvolvimento.
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Outros conceitos
associados importantes
à gestão para o entendimento
por competências, da questão
que serão abordados dizem respeito aos conceitos
a seguir.
Apesar da literatura sobre o tema ser ampla e contar com diversas concepções, tomaremos
emprestado o conceito de competência formulado por Fleury e Fleury (2000), com as devidas
adaptações para a área pública. Assim, competência para a ENAD deve ser conceituada
como um saber agir responsável e reconhecido por seu público-alvo, que implica em
mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, de forma a agregar valor
social, econômico e de desenvolvimento para a própria ENAD, para suas organizações-
clientes e para as pessoas envolvidas com a Escola.
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Uma vez que, as competências somente terão validade para a organização se forem
aplicadas. Considere-se, também, que é necessário haver um equilíbrio entre estes três
elementos, de forma a adotar uma visão sistêmica do processo de aprendizagem, no
cruzamento entre o que o indivíduo conhece, o que pratica e como se comporta no cenário
organizacional.
▪ Competências essenciais.
▪ Competências gerenciais.
▪ Competências básicas.
Como exemplo de competências essenciais podemos citar, dentre outras, as seguintes: lidar
com a complexidade, gerar inovação, gerar soluções para os problemas da pobreza, entre
outras. Para Boterf (1999), a competência gerencial é a capacidade de mobilizar e combinar
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os recursos
situação pessoaisEsta
específica. e os competência
recursos de seu ambiente,
envolve de maneira
os recursos adequada,
pessoais em uma
(conhecimento,
habilidades, aptidões ou qualidades pessoais, experiências acumuladas) e os recursos do
ambiente (informações, rede de relações, articulação, instalações, materiais, recursos
financeiros, etc.).
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A partir das informações levantadas, foi elaborada uma proposta preliminar do Programa de
Formação e Capacitação da Escola, abrangendo o período de 2008-2009. Esta proposta
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do país, das atuais tendências internacionais de qualificação para a administração pública.
Além do alinhamento estratégico, procurou-se verificar as possibilidades e limitações para a
realização das ações formativas, questionando-se constantemente as diretrizes e princípios
do Programa e da sua operacionalização. Com este objetivo procurou-se incorporar a análise
de diferentes atores, tais como os dirigentes e funcionários do MAPESS e ENAD,
especialistas em administração pública e com ampla experiência em ações de aprendizagem
na área, coordenadores acadêmicos e professores das áreas contempladas no Programa.
Ao final de abril de 2008, pouco antes da inauguração das instalações físicas da Escola, o
Programa foi validado em sua versão final, criando condições para que as ações fossem
planejadas para sua operacionalização, o que ocorreu a partir do mês de julho deste ano.
Enfatize-se, no entanto, que há a necessidade de analisar-se permanentemente os
resultados alcançados nas ações, o que será realizado pelo modelo de avaliação2 concebido
para o Projeto, introduzindo assim a visão sistêmica e integrada do processo de
aprendizagem.
2 Sobre o modelo de avaliação da ENAD ver o artigo apresentado por Aline Barranco e Flávia Oliveira no XIII Congreso
Internacional del CLAD sobre Reforma del Estado y de la Administración Pública.
3 Órgãos tutelados são semelhantes às autarquias e fundações brasileiras (administração pública indireta).
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Outros aspectos:
▪ Mais de três quintos não usa ou acessa raramente a internet.
▪ Dos que fazem uso constante da internet, metade acessam no local de
trabalho.
▪ Há pré-disposição para o ensino a distância por parte de 70% da amostra, no
entanto, a principal dificuldade para concretizar esta ação relaciona-se à
dificuldade de acesso à internet.
▪ Mais da metade da amostra afirma ter pelo menos uma hora diária para
estudar.
A análise das informações remete a dois grandes desafios a serem enfrentados pela Escola.
O primeiro, diz respeito à dificuldade para introduzir a modalidade de ensino a distância,
como uma alternativa de formação e capacitação dos quadros angolados. No entanto, como
já afirmamos anteriormente neste texto, Angola está passando por um intenso investimento
na sua reconstrução, o que inclui, dentre outros, o setor de comunicações. Cabe à ENAD
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ficar atenta e tomar a iniciativa para implementar o ensino on-line, no momento que a infra-
estrutura estiver equacionada, ampliando o seu escopo de atuação e a interiorização das
ações formativas.
O segundo, nos remete a uma grande equação. Considerando que metade do público-alvo
não conta com ensino superior e que a ENAD constitui-se como a principal organização para
a formação e capacitação dos quadros públicos angolanos, o desafio está em conceber
programas que atendam às expectativas daqueles que almejam acrescer em sua titulação
uma pós-graduação, mas sem frustar àqueles que necessitam desenvolver competências
gerenciais, mesmo sem contar com o ensino superior. Por conseqüência, na elaboração do
Programa de Formação e Capacitação da ENAD, estes aspectos são constantemente
reafirmados, como provocações instigantes e que desafiam nossa criatividade.
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Chega-se, então, à seguinte tipologia de eventos a serem oferecidos pela ENAD, no primeiro
período de implementação:
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duração), para o aprofundamento de determinadas áreas do conhecimento,
com o objetivo de melhoria das capacidades gerenciais existentes ou o de
preparar profissionais para assumirem funções gerenciais.
▪ Especialização – eventos de longa duração, com carga horária acima de 360
horas, destinados a portadores de diploma de ensino superior (licenciatura),
com o objetivo de desenvolver e especializar para o exercício profissional em
determinados domínios de área de administração.
4 A tipologia de cursos da ENAD apresentada neste documento considera a experiência e a legislação de ensino de diversos
países, uma vez que, as diretrizes para o sistema de ensino superior de Angola estão a ser elaboradas. Por conseguinte, os
conceitos aqui adotados deverão ser revistos e adequados à legislação pertinente quando de sua edição.
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▪ Gestão pública
▪ Políticas públicas
▪ Investimentos públicos
▪ Desenvolvimento rural
▪ Gestão do território
▪ Gestão da infra-estrutura
▪ Auditoria e controle
▪ Sistemas de informações gerenciais
▪ Gestão de serviços administrativos
E, por fim, o planejamento das ações formativas ganharam o contorno que é apresentado no
Quadro 1, englobando três grande categorias: (1) cursos de formação e capacitação
profissional; (2) jornadas de estudo e (3) projetos especiais.
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Uma outra ação importante da ENAD será o projeto especial que engloba ações de
capacitação, pesquisa e divulgação de estudos e pesquisas sobre os públicos-alvos da
Escola, que é denominado “Desenvolvendo a Gestão por Competências”. Este projeto tem
por objetivo disseminar a cultura de gestão por resultados nas organizações angolanas e, ao
mesmo tempo, constituir uma rede de parceiros para levantar as competências a
desenvolver, de forma a manter e atualizar a oferta de ações formativas da ENAD. Para isto
o projeto requer conteúdos de gestão estratégica de pessoas, mas também, a capacitação
dos participantes em metodologia científica e elaboração de relatórios de pesquisa. Está
previsto, ainda, um acompanhamento por parte de monitores para apoiar a coleta, tratamento
e análise das informações.
A modelagem do programa, a primeira vista, parece indicar que a ENAD conseguiu dar uma
resposta ao desafio de atender às expectativas do seu público-alvo. No entanto, isto somente
será comprovado se houver acolhimento e procura dos eventos pelos profissionais que
atuam em Angola. A modelagem é apenas uma das facetas do desafio imposto à Escola.
Muitos outros se colocam nas etapas seguintes de implementação e avaliação, dentre os
quais podemos destacar:
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5. PALAVRAS FINAIS
O planejamento do Programa de Formação e Capacitação da Escola Nacional de
Administração de Angola produziu rica experiência aos profissionais envolvidos, além do
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encontro
que ocorredeno
culturas
segundoe busca incensante
semestre de 2008,por inovação.
inicia A implementação
uma outra da programação,
etapa, que certamente estará
crivada de novas e instigantes provocações.
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RESENHA BIOGRÁFICA
Aniceto dos Santos Novais Novais. Licenciado em ciências de educação, pós-graduação em
gestão de escolas de governo. Atualmente é Chefe do Departamento de Formação da
Escola Nacional de Administração (ENAD), em Angola. Em sua experiência profissional
destacam-se: Director de Escola do II ciclo, Director de Escola do Ensino Médio, professor
de matemática, lecciona informática de base, chefe de departamento para os assuntos
científico e pedagogico do Instituto Nacional de Administração Pública, durante 8 anos. Tem
formação em gestão da formação, liderança e trabalho de equipa. Participou de vários
eventos internacionais com destaque o CLAD realizado em Madrid.
Vera Lúcia de Almeida Corrêa é licenciada em ciências pela Pontificia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul. Curso de graduação em Administração de Empresas, pela Faculdade
Portoalegrense de Ciências Administrativas e Contábeis. Mestre em Administração Pública
pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) da Fundação
Getulio Vargas. Curso de Doutorado em Educação – Planejamento e Avaliação da
Educação, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professora da
EBAPE/FGV, atuando também em projeto de consultoria na área pública. Suas áreas de
interesse incluem: Planejamento e Avaliação de Projetos, Educação Corporativa,
Metodologia Científica, Processos de Mudança e Modelagem Organizacional,
Desenvolvimento Institucional.
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▪ Políticas Públicas
▪ Políticas Sociais
▪ A ser programado
▪ Investimentos Públicos
conforme demanda Aprofundar determinadas áreas
Cursos de ▪ Desenvolvimento rural Dirigentes, Chefias,
do conhecimento, melhorar as
formação e ▪ Gestão do território Técnico Superior e Técnico,
Aperfeiçoamento capacidades gerenciais ou 120 a 360
capacitação ▪ Gestão da infra-estrutura com três anos na função ou
preparar profissionais para
profissional ▪ Auditoria diploma de licenciatura
assumirem funções gerenciais
▪ Controle Interno
▪ Sistemas de informações gerenciais
▪ Gestão de serviços administrativos
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10/06/2020 O PROGRAMA DE FORMAO E CAPACITAO DA ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAO (ENAD) DE ANGOLA
Figura 1 – Modelo de progressão nos cursos de atualização, aperfeiçoamento e especialização oferecidos pela ENAD.
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