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Resumo
A pesquisa em Direito no Brasil passa por um processo de crescimento e de exploração de
novas abordagens metodológicas, dentre elas, a pesquisa empírica. Entretanto, a sua
realização é um desafio para o pesquisador do Direito, pois exige habilidades que a formação
acadêmica tradicional não oferece. Esta pesquisa objetiva estudar a pesquisa empírica em
Direito apresentando os desafios e perspectivas do seu desenvolvimento. Para tanto, utiliza-se
de pesquisa teórico-jurídica – tipo metodológico jurídico-exploratório –, análise de conteúdo
de textos acadêmicos e de relatórios de pesquisa. Assim, busca-se analisar as principais
motivações para se realizar uma pesquisa empírica na área jurídica.
Abstract/Resumen/Résumé
The research in brazilian law goes through a process of growth and exploration of new
methodological approaches, among them, empirical research. However, its achievement is a
challenge for the researcher of the Law, because it requires skills that traditional academic
training does not offer. This research aims to study the empirical research in law presenting
the challenges and perspectives of its development. For that it uses theoretical-juridical
research – juridical-exploratory methodological type –, content analysis of academic texts
and research reports. Thus, it is seek to analyze the main motivations to carry out an
empirical research in the legal area.
1Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Sergipe. Especialista em Direito Público pela Estácio de
Sergipe. Bacharel em Direito pela Universidade Tiradentes. Analista do Ministério Público do Estado de
Sergipe.
2Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Sergipe. Especialista em Direito Público pela Faculdade
Guanambi/BA. Bacharela em Direito pela Universidade Tiradentes. Assessora do Tribunal de Justiça do Estado
de Sergipe.
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INTRODUÇÃO
Todavia, realizar este tipo de pesquisa é um desafio para o pesquisador, pois exige
habilidades que a formação tradicional da Academia jurídica não oferece, além de encontrar
obstáculos institucionais como a busca por financiamento. Sendo assim, a presente pesquisa
tem como objetivo geral estudar a pesquisa empírica em Direito apresentando as perspectivas
e os desafios de seu desenvolvimento. Para que o objetivo geral se alcance, o trabalho
desenvolver-se-á de acordo com objetivos específicos, que revelam os passos necessários para
se atingir o objetivo geral. Portanto, apresentar um breve histórico da pesquisa empírica no
Brasil, descrever seu estágio atual e apontar métodos de como desenvolver uma pesquisa
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empírica, são objetivos específicos deste trabalho. Sendo assim, o seguinte problema, refletido
nos objetivos geral e específico, apresenta-se na pesquisa: “Por que fazer pesquisa empírica em
Direito?”.
Para que o questionamento possa ser respondido, foi utilizada, no âmbito da vertente
teórico-metodológica das ciências sociais aplicadas, a linha jurídico-teórica, descrita por Gustin
e Dias (2006), que estuda os aspectos conceituais, ideológicos e doutrinários do campo de
pesquisa investigado. Consequentemente, adota-se o tipo metodológico jurídico-exploratório,
pois analisa-se diversos aspectos da pesquisa empírica em Direito. Vale-se, ainda, da técnica de
análise de conteúdo de textos acadêmicos e relatórios de pesquisas.
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sociedade e a política. Todavia, a realidade tradicional do mundo do Direito é de uma dogmática
jurídica que produz discursos com base em opiniões em vez de dados, apesar de a compreensão
do sistema de justiça e da lógica do campo jurídico como um todo não ser alcançada somente
com o estudo de manuais e doutrinas de Direito1, sendo necessário conjugar saberes empíricos
e teóricos para conhecer este campo.
Este meio social em que cada vez mais surgem novas interações entre os diversos
campos da ciência, principalmente diante dos desafios da contemporaneidade, levam o Direito
a uma crise de legitimidade, ante o descompasso entre o Direito idealmente posto e a prática
jurídica, pondo em xeque a credibilidade do papel institucional do Poder Judiciário.
Dessas novas interações surge uma nova produção jurídico-acadêmica, como apontam
Lins e Horta; Almeida e Chilvarquer (2014, p. 164), que ao explicarem o surgimento da
pesquisa empírica nos Estados Unidos da América (EUA) narram o otimismo com a
possibilidade de o Direito ser utilizado como ferramenta de solução dos problemas sociais. Os
autores narram que a pesquisa empírica surgiu na década de 1920 nos EUA em razão de um
conjunto de fatores que contribuíram substancialmente para o seu surgimento: o início da
atividade de coleta de dados estatísticos sobre o sistema de justiça e das pesquisas
1
O ensino jurídico brasileiro ocorre, majoritariamente, pelo ensino das lições dos “doutrinadores”, isto
é, os estudiosos do direito que alcançaram um status no cenário jurídico para receberem este título,
sendo considerada uma fonte do direito. Nas palavras de Maria Helena Diniz, “doutrinadora”: “A
doutrina é formada pela atividade dos juristas, ou seja, pelos ensinamentos dos professores, pelos
pareceres dos jurisconsultos, pelas opiniões dos tratadistas”. (2009, p. 323)
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criminológicas, e o realismo jurídico, vertente jurídico-filosófica que defende a aplicação de
procedimentos metodológicos para a compreensão de fenômenos sociais para, a partir disso,
modificar as instituições do Estado.
Oliveira e Adeodato (1996) explicam que este novo campo de pesquisas sócio-
jurídicas é um trabalho de juristas com inquietudes sociológicas, e não de sociólogos ou
antropólogos. Todavia, os autores apontam que o desenvolvimento da pesquisa em direito no
Brasil não ocorreu sem resistências, pois havia um conservadorismo de membros da Academia
Jurídica que menosprezavam a pesquisa e a pós-graduação no Direito. Adeodato (1999, p. 3)
ressalta uma interessante característica do jurista: a pouca menção à “prática” do Direito. O
autor observa que o Direito é uma disciplina eminentemente prática, entretanto, os trabalhos
“teóricos” dificilmente referem-se a seus “trabalhos de campo”. Assim, as experiências do
cotidiano do jurista não são comumente utilizadas para confirmar as suas teses, numa
abordagem empírica e metodologicamente determinada, sendo esta prática comum nas outras
áreas da ciência.
2
Law & Society é uma associação norte-americana criada em 1964 que impulsionou a realização de
pesquisas empíricas para aperfeiçoar políticas públicas.
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O desenvolvimento da pesquisa empírica acompanhou as profundas transformações
ocorridas no país nas décadas de 1980 e 1990, como o surgimento da Constituição de 1988 que,
ao constitucionalizar novos direitos, isto é, trazer do debate público para o âmbito das
pretensões judicializáveis, levou ao interesse de pesquisas pela efetivação dos direitos
fundamentais, ampliando o fenômeno da “judicialização” das relações sociais3.
Nesse período, a vitrine desse campo de pesquisa no país foi a Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais – ANPOCS, a partir do Grupo de Trabalho
“Direito e Sociedade”. Oliveira e Adeodato (1996) afirmam que uma das linhas de pesquisa de
destaque é a da Administração da Justiça com ênfase para instâncias de resolução de conflitos
não judiciais. No entanto, havia um grande entrave para o desenvolvimento dessas pesquisas
no país diante da ausência de uma política consistente de financiamento, que somente ocorreu
nos anos 1990 por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
Outro fator fundamental para socializar a pesquisa jurídica no país foi a criação do
Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI). Criado em 17 de
outubro de 1989, o CONPEDI realiza encontros e congressos nacionais anualmente para dar
visibilidade à pesquisa. As ações institucionais do Conselho estão em projetar as pesquisas
jurídicas para contribuir com o avanço social do país e, desde 2014, em parceria com
instituições internacionais de Ensino passou a realizar eventos no Continente Americano e
Europeu para divulgar a produção científica desenvolvida pelos Programas de Pós-Graduação
em Direito do Brasil.
3
Não é objetivo deste trabalho discutir profundamente o conceito de judicialização, mas a própria
Constituição de 1988 se colocou no centro do debate político e isso contribuiu para uma ampliação do
campo de investigação da pesquisa jurídica. Sobre o termo Judicialização da política e das relações
sociais, ensina Luís Roberto Barroso: “Judicialização significa que questões relevantes do ponto de
vista político, social ou moral estão sendo decididas, em caráter final, pelo Poder Judiciário. Trata-se,
como intuitivo, de uma transferência de poder para as instituições judiciais, em detrimento das
instâncias políticas tradicionais, que são o Legislativo e o Executivo. Essa expansão da jurisdição e do
discurso jurídico constitui uma mudança drástica no modo de se pensar e de se praticar o direito no
mundo romano-germânico.” (BARROSO, 2015, p. 228-229)
258
estatístico sobre processos e sentenças dos órgãos do Poder Judiciário (art. 103-B, §4º, inciso
VII, da Constituição Federal). Essa atribuição dada pela Constituição contribuiu para aproximar
a justiça brasileira das universidades e centros de pesquisa, em virtude da necessidade de o CNJ
desenvolver pesquisas para conhecer os órgãos do Judiciário, subsidiando a formulação de
políticas judiciárias.
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2 O ESTÁGIO ATUAL DA PESQUISA EMPÍRICA EM DIREITO NO BRASIL
Para Nobre (2009, p. 5) o atraso da pesquisa jurídica no cenário das ciências humanas
se deveu ao aspecto da “superioridade” que permeou e ainda permeia o Direito. O autor entende
que o Direito brasileiro, em sua história, somente recorre às outras ciências quando deseja e no
que lhe interessa, longe de uma relação dialógica e de debate entre os ramos científicos, fazendo
com que o Direito não acompanhe os avanços científicos das demais ciências humanas, por não
interagir efetivamente com o conhecimento distinto.
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A formação, portanto, é indispensável para o acadêmico e, em pesquisa empírica, é
necessário estar atento às plataformas institucionais que refletem o estágio atual da pesquisa no
país. É neste cenário que a Rede de Pesquisa Empírica em Direito (REED) surgiu em 2011, no
I Encontro de Pesquisa Empírica em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo (USP) de Ribeirão Preto/SP. A Rede é uma organização sem fins lucrativos, acêntrica e
horizontal, constituída por professores e pesquisadores de diversas partes do Brasil, e busca
articular relações entre pesquisadores, divulgar trabalhos e informações da temática, bem como
promover a difusão e capacitação em métodos e técnicas de pesquisa empírica em Direito.
Dentre as suas atividades está a Revista de Estudos Empíricos em Direito, com sua
primeira edição em janeiro de 2014, sendo a primeira revista brasileira com enfoque em
pesquisa empírica em Direito. A Revista é um espaço de diálogo e debate para consolidar a
comunidade de pesquisadores que pesquisam as manifestações concretas do Direito, seleciona
artigos que descreva técnicas e estratégias adotadas na realização de pesquisas.
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O último volume publicado apresenta a pesquisa “Não tinha teto, não tinha nada:
Porque os instrumentos de regularização fundiária (ainda) não efetivaram o direito à moradia
no Brasil.” (IPEA, 2016), a pesquisa buscou desvendar as razões pelas quais instrumentos de
direito urbanístico altamente vocacionados para a legalização de posse e propriedade em
cidades “informais”, como a usucapião especial urbana coletiva, a concessão especial de uso
para fins de moradia e a legitimação de posse, não são levados a efeito na realidade concreta da
vida, exigindo do pesquisador análises empíricas destinadas à verificação dos óbices à
“concretude” dos instrumentos, de forma a superá-los, seja no plano normativo e mesmo de
retroalimentação doutrinária, seja na órbita institucional. De todo o longo trabalho
desenvolvido, resultaram propostas de matiz normativo e institucional que, se espera, possam
contribuir para a efetividade do direito à moradia no Brasil, permitindo que se inverta o sentido
do título da pesquisa (“Não tinha teto, não tinha nada”), com a atenuante pragmática do
reconhecimento de que ter um teto não é ter tudo.
Outro trabalho desenvolvido foi a pesquisa intitulada “As Relações entre o Sistema
Único de Assistência Social (SUAS) e o Sistema de Justiça” (IPEA, 2015). A Pesquisa foi
desenvolvida tendo como ponto de partida a necessidade de compreensão acerca dos problemas
que circundam a relação entre o Sistema de Justiça e o SUAS. Problemática contextualizada a
partir da constatação de que, nos últimos anos, cresceu no Brasil a presença do Estado na vida
das pessoas, seja como forma de intervenção, por meio de estratégias de controle, ou com o
propósito da prestação de políticas públicas para a efetivação de direitos. Nesse quadro, nunca
foi tão importante a atuação conjunta dos órgãos ligados ao Sistema de Justiça, sejam juízes,
promotores, funcionários ou defensores públicos, e os operadores de políticas sociais,
notadamente no campo da Assistência Social.
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A pesquisa “Excesso de prisão provisória no Brasil: um estudo empírico sobre a
duração da prisão nos crimes de furto, roubo e tráfico (Bahia e Santa Catarina, 2008-2012)”
(IPEA, 2015) produziu e examinou informações acerca das condições de aplicação da prisão
cautelar no curso de processos criminais de furto, roubo e tráfico de entorpecentes, ajuizados
em dois Estados da Federação (Bahia e Santa Catarina) entre os anos de 2008 e 2012. Levantou
por amostragem informações constantes de processos criminais sobre o excesso de tempo de
prisão provisória, organizando estatisticamente dados relativos ao tipo de prisão que lhe
constituiu o fundamento, ao tempo de duração do processo, às condições de defesa e à natureza
da resposta processual. Tendo por base esse material, o trabalho procurou construir um diálogo
com o campo, enfrentando o perfil das representações e do debate havido contemporaneamente
sobre o assunto no âmbito da jurisprudência criminal, das pesquisas empíricas e da literatura
penal e processual penal. Como conclusão da investigação, discutiu e indicou medidas voltadas
ao exame crítico e à reformulação da legislação atual no que respeita à matéria dos instrumentos
cautelares à disposição da justiça criminal.
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O pesquisador do Direito deve ter um treinamento de metodologia da pesquisa, haja
vista que os cursos de Direito tradicionais não oferecem uma formação adequada para transmitir
conhecimentos e desenvolver habilidades voltadas para a aplicação de procedimentos
metodológicos, sendo este um dos desafios do pesquisador.
A segunda barreira apontada pela autora é no tocante aos limites para desenvolver
junto aos alunos as competências essenciais para trabalharem com pesquisa empírica. Tal
desafio pode ser solucionado com a criação de uma disciplina específica, além do
acompanhamento durante todo o processo de pesquisa com orientadores que igualmente
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precisam conhecer a prática empírica. O terceiro desafio, envolver os alunos neste projeto, uma
vez que os estudantes de Direito geralmente não tem interesse em disciplinas como matemática
e estatística, assim, ao lidar com dados, principalmente numa pesquisa de abordagem
quantitativa, o pesquisador encontrará grande dificuldade que precisa ser superada com o ensino
das técnicas adequadas.
A metodologia então utilizada é a Estatística, ciência que tem como objeto de estudo
os dados empíricos organizados quantitativamente. Assim, o foco inicial são os dados
quantitativos e, somente após a compreensão e interpretação desses dados, passar às conclusões
qualitativas.
4
A estatística está presente em todas as áreas do conhecimento “que envolvam o planejamento do
experimento, a construção de modelos, a coleta, o processamento e a análise de dados e sua
consequente transformação em informação, para postular, refutar ou validar hipóteses científicas sobre
um fenômeno observável”. A estatística, a partir da Teoria das Probabilidades, fornece técnicas e
métodos de análise de dados que auxiliam o processo de tomada de decisão nos mais variados
problemas onde existe incerteza. (UFU, 2009, online)
265
Antes de serem problemas teóricos, esses obstáculos são também questões práticas. O
que estudar? Onde realizar a pesquisa? Quais métodos empregar? O que observar?
Como observar? Como interagir com as pessoas? O que anotar? Como anotar? Todas
essas perguntas, além de serem pensadas, devem estar explícitas ao longo do trabalho
de um pesquisador.
Assim, se a hipótese não suportar o teste, será refutada, exigindo todo o processo de
argumentos e teste novamente. No entanto, se o contrário ocorrer, a hipótese será ratificada,
porém provisoriamente, até que outra posterior possa falsificá-la (GUSTIN; DIAS, 2006). É
dessa perspectiva que decorre o avanço da ciência, de sua direção:
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possibilidades e vicissitudes da realidade, pois poderão haver imprevistos que o pesquisador
deve estar pronto para enfrentá-los e permanecer com a sua pesquisa.
4 CONCLUSÃO
267
Por fim, explicou-se alguns passos de como desenvolver uma pesquisa empírica,
ressaltando para a necessidade de o pesquisador do Direito ter um treinamento de metodologia
da pesquisa, haja vista que os cursos de Direito tradicionais não oferecem uma formação
adequada para transmitir conhecimentos e desenvolver habilidades voltadas para a pesquisa
empírica, sendo necessário o conhecimento de disciplinas como estatística e o diálogo com
outros conhecimentos das ciências humanas (Filosofia, Sociologia, Antropologia, Ciência
Política, entre outros).
5 REFERÊNCIA
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BAPTISTA, Bárbara Gomes Lupetti. A pesquisa empírica no Direito: obstáculos e
contribuições. Disponível em:
<http://www.abant.org.br/conteudo/ANAIS/CD_Virtual_26_RBA/grupos_de_trabalho/trabal
hos/GT%2016/Microsoft%20Word%20-
%20ABA%202008%20A%20pesquisa%20emp%C3%ADrica%20no%20Direito.pdf>.
Acesso em: 18 nov. 2016.
CUNHA, Alexandre dos Santos; SILVA, Paulo Eduardo Alves da. Pesquisa empírica em
Direito. Rio de Janeiro: IPEA, 2013.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à Ciência do Direito. 20ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando a pesquisa
jurídica: teoria e prática / Miracy Barbosa de Sousa Gustin e Maria Tereza Fonseca Dias. 2ª
Ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
269
POPPER, Karl Raymund. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1975. 148p.
270