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01/08/2019
- Seminários:
1. Saneamento do Processo
2. Poderes do juiz na instrução probatória
3. Ônus da prova estático e dinâmico
4. Prova pericial: características, procedimento, vinculação do juiz, honorários periciais,
substituição de perícia e perícias complexas
5. Prova oral: características, procedimento, valor probante, falso testemunho e acareação
6. Prova emprestada
7. Prova ilícita
8. Produção ilícita
9. Produção antecipada de provas no NCPC
10. Exibição de documentos da parte e terceiros: ação cautelar e incidente processual
11. Negócio jurídico processual em matéria probatória
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■ Perícia tem por objeto pessoa (exame), coisa (vistoria - inclui animais) ou
quantidade (avaliação).
● Ex.: vistoria para perpetuar a qualidade da coisa - tem um vazamento
na casa do apartamento de cima que está interferindo no meu
apartamento; se eu entrar com um processo, até citar, contestar, fazer
vistoria, sentenciar, o prédio já caiu; o autor, então, entra com um
pedido dessa vistoria, para que, quando propor a ação, já tenha o
laudo e a ação será mais rápida, ou até mesmo o juiz manda consertar
só com esse laudo, sem sentença.
○ Exame in loco.
■ Juiz vai pessoalmente examinar a pessoa (caso de interdição por loucura
furiosa, em que o juiz entrevista o interditando), o local, ● Art. 369. As partes têm o direito de
empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados
neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz - todas as provas previstas em lei (provas típicas) podem ser
utilizadas para convencimento judicial; não apenas as provas típicas, mas também qualquer prova
que tenha sido obtida de forma legítima e moralmente aceitável; provas obtidas ou produzidas de
forma ilegal ou moralmente reprovável não podem ser utilizadas para prejudicar (teoria dos frutos
da árvore envenenada), mas podem ser usadas para beneficiar.
○ Princípio do livre convencimento do juiz a respeito das provas produzidas: o fato de
haver uma determinada prova produzida no termos da lei não significa que, por si só,
isso leve à convicção judicial, ou seja, o juiz não é obrigado a levar todas as provas
em conta, porque podem haver contradições entre as provas (ex.: depoimentos do
autor e do réu). Assim, o juiz leva em consideração as provas que ele repute as mais
coerentes no seu contexto processual em relação àquilo que se pediu e àquilo de se
defendeu.
■ Não pode ser confundido com arbítrio, sendo então um livre convencimento
judicial motivado, por isso deve ter a fundamentação de porquê o juiz não
considerou determinadas provas.
○ A prova produzida no processo é dirigida ao juiz. As partes escolhem os meios de prova
(regulados pelo direito material, Código Civil - confissão, prova testemunhal,
documento, etc.). Os modos de produção são direito processual. A parte atua
diretamente na produção da prova, sob pena de violação da ampla defesa. O juiz
indeferirá as provas inúteis e protelatórias.
22/08/2019
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○ Vocábulo “processo”: Precisa ser processo judicial? Posso utilizar prova produzida em
inquérito policial ou civil (preparatório a ações civis públicas)?
■ O STF reiteradamente decidiu que no inquérito civil não há exigência da
observância do contraditório, então a prova produzida em inquérito civil não
pode ser prova emprestada.
Quando olhamos menos para as normas, para o que deveria ser, e olhamos para o que foi,
estamos fazendo a transição da norma para o fato. As normas trazem tipos ideais de conduta, possuem
suporte fático que, se forem verificados, significa que elas incidiram no caso. Ou seja, como premissa
para incidência de qualquer norma, temos um fato. Não há operacionalização do direito,
funcionamento da atividade jurídica, sem verificar os fatos (circularidade nas relações jurídicas).
Investiga-se no processo as alegações de fato que são feitas pelas partes, o que se questiona. O
juiz não vai se importar sobre aquilo que efetivamente aconteceu, se não aquilo que foi narrado pelo
autor na petição inicial e pelo réu na contestação. Os fatos que justificam a pretensão do autor, a causa
de pedir, são importantes para o processo.
O objeto da prova são os fatos controvertidos, ou seja, aqueles que são reputáveis pelas partes.
O que não for controvertido, reputa-se provado no processo. Saber quais provas eu devo produzir
passa pela análise de quais são os fatos controvertidos no processo.
A investigação factual do processo é limitada. Por mais que se diga que o processo busca a
verdade, a investigação factual é uma atividade diferente dos outros campos. O juiz não vai na “raiz"
do que aconteceu, mas ele desenvolve uma atividade tendencialmente epistemológica, baseada
naquilo apresentados pela parte.
“As provas são meios da obtenção da verdade”. Quando pensamos na apreciação do processo,
a verdade se coloca como uma meta. Dentro do possível, tenta-se permitir através dos meios
processuais que o juiz e as partes sejam capazes de apreciar determinados eventos que permitam a
retrospectiva de eventos passados - então, são meios de permitir o conhecimento de algo que ocorreu.
Há 4 linhas sobre a interrelação verdade-processo:
■ Cética: a discussão é de que o processo tem um compromisso com o verdade, que a
adesão judicial deve encontrar a verdade nos fatos. A linha cética, assim, vem no
sentido de defender que a verdade é uma impossibilidade. Processo pode ter a ver
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com decisão, mas essas decisões são arbitrárias. É uma corrente não operacional, já
que não permite a operacionalização do sistema dogmático sobre isso. Ideia de que
não há compromisso com a verdade, visto que é uma mera alegação e isto não se
atinge.
■ Da retórica probatória: foca o problema da efetiva verificação dos fatos pela
perspectiva do convencimento ou da coerência da narração. Mais que isso, os meios
de prova são introduzidos como suportes da narrativa, e não do próprio fato. As
narrativas processuais sobre os fatos precisam ser coerente internamente, precisam
se sustentar enquanto a apresentação de premissa e resultados entre aqueles que
alegam e aqueles que construíram o processo. A narrativa deve ser estruturalmente
sustentável.
■ Uma crítica a tal linha teórica é que o sentido retórico de convencimento a partir
da narração descreve apenas a atividade dos advogados, mas não do juiz não,
pois ele deve ter uma verdade como correspondência (corresponder aquilo que
concluiu com aquilo que efetivamente se verificou no mundo empírico)
■ Do realismo probatório: diz que o processo tem um compromisso com a verdade e se
desenvolve para a verificação dos fatos com o processo, mas ele não é um exercício
ótimo para tanto. Corrente crítica, mas otimista (no sentido de que o sistema pode
ser melhorado). Procura dizer que a realidade jurídica é diferente do processo na
prática.
■ Do pragmatismo probatório: diz que o processo tem de fato compromisso com a
verdade, que nem sempre é imputada no processo. No entanto, é fundamental essa
discussão para fins de legitimação da atividade processual. Ou seja, o discurso
sobre a verdade é um discurso fundamental, legitimatório, para o exercício do poder
estatal, do poder jurisdicional, através do processo.
■ Corrente epistemológica: procura definir, a partir de determinado contorno, a
possibilidade de uma verdade. Na linha geral, falamos da verdade como uma
pretensão de correspondência entre o que se verificou no passado com aquilo que é
descrito na decisão judicial ao final. Então, tais autores prezam muito a questão da
motivação da decisão judicial. Sentido garantista em relação a participação das
partes, que possuem um direito de prova
Em suma, as provas servem para substanciar algo de matéria relevante e controvertida
Na grande maioria das vezes, a relação entre prova-processo se dá no sentido de formação de
elementos que permitam o convencimento do juiz. Elas servem para convencer o juiz da veracidade
das alegações fáticas.
De maneira geral, o processo civil não tem por objeto apenas a elucidação de fatos (caráter
declaratório). Não se declara fatos. Ela é, na verdade, incidental ao processo - ele se desenvolve a
partir de uma pretensão, e de maneira incidental são apresentadas provas, sendo que no curso dos
processos são formadas novas provas. Provas como meio para julgamento e análise da situação
material, trazendo o juiz como destinatário dos meios de prova.
por outro lado, alguns autores fazem a leitura de que o juiz não é o único destinatário
das provas, mas sim as partes são, igualmente, destinatárias de tais. Noção de que há direito da própria
parte à prova, sendo algo que se coloca em favor da parte, que tem direito de acesso ao seu conteúdo -
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é nesse contexto que se coloca as ações probatórias autônomas, possibilidade esta de se ter uma ação
para a simples produção de provas. Obs.: há ações probatórias autônomas.
● Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o
descobrimento da verdade.
○ Tem que colaborar mas não tem obrigação de produzir prova contra si mesmo.
○ Não é ter que apresentar todos os documentos existentes, mesmo que contrários à sua
própria tese (no Brasil; nos EUA é obrigatório apresentar todo e qualquer prova -
dever de revelação), mas sim que não pode induzir em erro, adulterar alguma prova, a
partir da boa-fé objetiva.
○ Também é endereçado à terceiros, não só às partes. A busca da verdade real no processo
civil não é absoluta, uma vez que existe os interesses das partes, se contentando com a
verdade encontrada nos autos.
● Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si própria, incumbe à parte:
● I – comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;
○ Um dos meios de prova típica é o depoimento das partes. Ninguém pode pedir o próprio
depoimento; a parte contrária que deve pedir.
○ A testemunha é compromissada, ou seja, tem dever de falar a verdade sob pena de falso
testemunho, que é crime. A parte não é obrigada, pois está diretamente envolvida no
conflito; além disso, “a verdade é subjetiva”, de acordo com o ponto de vista de cada
lado (o que não afasta litigância de má-fé se for uma mentira muito descabida).
Muitas vezes o depoimento pessoal é dispensado.
● II – colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que for considerada necessária;
○ Inspeção judicial é algo que não existe na prática, pois o juiz não vai até o local ver a
situação em concreto, mas, ocorrendo, seria dever da parte orientar o juiz na inspeção.
● III – praticar o ato que lhe for determinado.
○ Caso não cumpra, se presume que aquilo alegado que precisava de confirmação pelo ato
não cumprido é verdade.
● Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa:
● I – informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento; ○ Juiz não vai
atrás das informações ele próprio, tem que ser informado.
● II – exibir coisa ou documento que esteja em seu poder.
○ Terceiro que, em princípio, não tem nada a ver com o processo, mas tem que exibir
documentos que são necessários para a resolução do conflito.
● Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, determinar, além da imposição
de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias.
● A exibição de documento ou coisa pelas partes e por terceiros está prevista nos artigos 396 a
404 do CPC.
● Caso não exiba o documento, conforme o ônus da prova, causa a presunção da veracidade da
alegação da parte contrária. Em caso de terceiro que não apresenta a prova, é caso de busca e
apreensão e multa.
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