Você está na página 1de 8

381 - PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA.

Trata-se de uma ação probatória.

O que é uma ação probatória?

É aquela q tem por objeto a produção de uma prova.

A ação de produção antecipada de prova não contém nenhum outro pedido,


apenas a produção da prova. Não há valoração da prova, apenas a sua produção.

No Brasil se consagrou o entendimento de que a prova tem autonomia para


poder ser objeto de uma ação autônoma, ser objeto de tutela.

Não é apenas um direito instrumental, lateral, do direito q queria se fazer em


juízo, é agora um direito exclusivo, um direito autônomo.

Há uma cultura de se achar q o juiz é o destinatário da prova. É claro que ele é o


destinatário, mas além de convencer o juiz a prova também se destina ao
convencimento das próprias partes. O destinatário das provas não é só o juiz, mas
todos os sujeitos do processo.

Deve-se ter em mente que a estratégia processual é traçada de acordo com as


provas que cada parte possui, e conhecer previamente as provas antes mesmo de
ajuizar o processo facilitará às partes traçarem as suas estratégias no processo.

DA AÇÃO PROBATÓRIA.

É uma ação autônoma e independente e que não exige o ajuizamento de outro


processo que pode inclusive, não existir. Não é uma ação cautelar, mas sim de
jurisdição voluntária, cujo propósito é produzir uma prova.

Não se busca valorar a prova, pois quem irá valorar será o juiz do novo processo
com os pedidos substanciais que serão realizados posteriormente.

381 – Permissão legal.

I – Caso clássico da prova urgente. Produzir a prova de forma urgente para


evitar que desapareça ou se torne de alguma forma impossível realiza-la no futuro
(coisa vai perecer, a testemunha vai falecer, o objeto vai ser alterado). Para perpetuar a
prova se ajuíza o pedido da produção antecipada de prova.

II – viabilizar a autocomposição. A prova pode levar as partes a realizar um


acordo antes mesmo de se ajuizar a ação.

III – para justificar a ação ou ainda fazer uma pessoa desistir do processo.
Reforça a premissa q o destinatário das provas não é o juiz.

§1º - arrolamento de bens – O CPC distingue arrolamento de bens cautelar que é


medida constritiva de uma universalidade. O arrolamento permitido na produção
antecipada da prova é apenas uma documentação dos bens que compõem uma
universalidade. Pode ser importante para uma ação divisória futura, uma partilha.

Alguns doutrinadores entendem que pode ser aplicada por analogia a um


requerimento incidental de produção antecipada de prova.

Competência – - TERRITORIAL –

§2º local onde a prova será produzida ou domicílio do réu (aparentemente relativa).
Foro shopping – surge a visão tradicional que o autor tem o direito de escolher
qualquer um dos lugares.

Há dúvidas sobre isso – pois sempre que houver opção para a escolha da
competência, essa opção não pode ser abusiva – deve incidir a incidência do princípio
da boa-fé. O princípio veda abuso de direito. Qual o sentido de produzir uma perícia
sobre imóvel, em lugar diferente só porque que é o domicílio do réu.

Se for indiferente o local, como exemplo a quebra de sigilo bancário, ai não haverá
problema.

§3º - Não há prevenção entre a ação de produção antecipada de prova e a futura


eventual ação.

Prevenção consiste na fixação da competência de um juízo em face de outro, quando ambos


forem competentes. É uma forma de preferência conferida a um desses juízos.
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

§ 4º - Delegação de competência federal para a estadual, se não houver no local


justiça federal.

§5º. Justificação – Coleta e registro de prova testemunhal para servir como simples
documento, sem natureza contenciosa, processo administrativo, ou até mesmo
processo regular.

Ex: ações previdenciárias, servidor público para registrar algum fato relativo a sua vida
funcional.

PROCEDIMENTO.

Na petição inicial já se deverá indicar quesitos ou o rol de testemunhas. Se exige


pois neste procedimento somente se produzirá a prova.

Art. 382 –

§1º - a parte tem de citar aquele contra quem se deseja usar a prova no futuro. É
necessário trazer a outra parte em razão do contraditório. A lei permite que o juiz de
ofício determine a citação de outros que entenda que devam participar do processo. O
JUIZ CITA DE OFICIO, trata-se de intervenção por determinação judicial e independe
de requerimento do Autor. Se inexistente caráter contencioso – produção de prova
unilateral. O sujeito não quer usar contra ninguém é apenas para o autor.

Há uma omissão do CPC – A doutrina já defendia a possibilidade de o réu poder


trazer terceiros a juízo para que a prova seja eficaz também perante ele, q será um
futuro denunciado a lide.

§2º - O juiz não decide sobre a existência ou não de direito sobre o fato provado. Não
se dá valor a prova. O juiz se limita a dizer que a prova foi produzida regularmente
(esta será a sentença).
Como o resultado do processo é apenas a produção da prova sem valoração, há
uma sentença curiosa que não tem vencido e vencedor, a prova constituída é para todo
mundo.

§3º - O CPC cria o pedido contraposto sobre produção de prova. O sujeito


passivo pode pedir para o juiz no mesmo processo para produzir as suas provas.

§ 4º - Não se admitirá defesa – ler com muito cuidado. A interpretação é a


seguinte: não há defesa do direito que será lastreado por essa prova, pois isto será
objeto de outro processo.

Mas é obvio q poderá se defender dos aspectos relacionados a produção da


prova. Ex: incompetência, questionar o rol de testemunhas, impugnar o perito (tudo isto
é defesa). É claro que há defesa.

Não há discussão sobre o direito cujos fatos se busca provar.

Parte final – caberá apelação se o juiz indeferir o pedido de produção.

Na realidade não se admite recurso contra a decisão que autoriza produzir a


prova. Esse dispositivo tem que ser interpretado com calma.
PROVA EMPRESTADA. Art. 372

É o translado de uma determinada prova produzida no processo “A”, a fim de que ela
auxilie na formação do convencimento do juiz no processo “B”.

A prova emprestada consiste no transporte de produção probatória de um processo


para o outro. É o aproveitamento da atividade probat´roia anteriormente desenvolvida.
Qualquer meio de prova pode ser tomado de empréstimo.

Pode ser emprestada de qualquer espécie de processo (criminal, trabalhista,


administrativo, entre outros).

Requisitos: - Deve respeitar o contraditório.

Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor
que considerar adequado, observado o contraditório.

A e B produziram a prova em contraditório no processo X.

B quer emprestar a prova em outro processo contra C. Não pode.

C quer emprestar a prova em um processo contra B. Agora pode.

Isso significa que a prova emprestada só pode ser deferida se a produção dos seus
efeitos for direcionada a quem participou da demanda em que ela foi produzida.

Prova emprestada em processo com segredo de Justiça. Somente será possível se for
em processo com as mesmas partes daquele em que foi produzida a prova. Terceiros
não poderão se utilizar da prova.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA.

Desde que observado o devido processo legal, é possível a utilização de provas colhidas
em processo criminal como fundamento para reconhecer, no âmbito de ação de conhecimento no
juízo cível, a obrigação de reparação dos danos causados, ainda que a sentença penal
condenatória não tenha transitado em julgado. Com efeito, a utilização de provas colhidas no
processo criminal como fundamentação para condenação à reparação do dano causado não constitui
violação ao art. 935 do CC/2002 (1.525 do CC/16). Ademais, conforme o art. 63 do CPP, o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória somente é pressuposto para a sua execução no juízo cível, não
sendo, portanto, impedimento para que o ofendido proponha ação de conhecimento com o fim de obter a
reparação dos danos causados, nos termos do art. 64 do CPP. AgRg no AREsp 24.940-RJ, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/2/2014.

Você também pode gostar