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Aula 13 e 14 -

● Prof. Câmara

Prova Documental

O que é um documento&

Grafia é gravação. Então documento é a atestação (é o ato de atestar) gravada de um fato.


Quando é gravação de um som é prova fonográfica, foto é fotográfica. Não interessa o meio
usado para gravar, tem que haver a gravação.

Art. 422 do CPC - estabelecer várias espécies de gravação, sempre será ideia de uma
gravação.

Obs.: Quando perguntar o que é algo é para responder o conceito de algum instituto, então
evitar responder com “é quando”, porque automaticamente você vai citar um exemplo.

Obs.: Professor recomenda a leitura dos dispositivos sobre prova.

Documento não é meio de prova é fonte de prova, o meio de prova é a apresentação dele
nos autos. É a diferença de testemunha e prova testemunhal, a prova é o depoimento da
testemunha, a testemunha é a fonte.

Como se produz prova através de um documento:


Como regra geral a prova é produzida pelas partes na fase postulatória do processo (inicial,
contestação, eventualmente na réplica). Art. 434 e 350 do CPC.

Pode acontecer de juntar documento depois disso - art.435 do CPC. Pode juntar novos
documentos para fazer prova de fatos ocorridos supervenientemente ou para contrapor.
O seu parágrafo único também abre a possibilidade quando os documentos só se tornaram
conhecidos, acessíveis ou disponíveis, mas a parte tem que comprovar esse motivo e o juiz
vai avaliar de acordo com a boa-fé da parte.

Comprovar porque não juntou, que estava de boa-fé e tem que haver oportunidade para o
contraditório. A ideia é que se não se trate da possibilidade de guardar no bolso um triunfo.

Nas instâncias ordinárias não tem preclusão em matéria probatória, com boa-fé, com
justificativa, com oportunidade de contraditório, pode admitir a juntada posterior de velhos
documentos. Ex. Declaração que a servidora municipal perdeu porque se mudou e o
município disse que só pagaria com a apresentação dessa declaração. No final dos
embargos no agravo interno que a autora localizou e foi aceito.

O STJ já decidia nesse sentido e o CPC agora prevê expressamente.

Documento eletrônico no processo físico - Art. 439 do CPC

Dependerá da verificação de sua autenticidade e da possibilidade de imprimir.


Art. 440 - quando os autos são eletrônicos não precisa converter o documento na forma
impressa. Tem que garantir ao juiz e às partes o acesso ao seu inteiro teor.

Art. 441 do CPC - serão admitidos os documentos eletrônicos com observância da


legislação específica. Essa legislação específica é a MP 2.200-2 (que de provisória não tem
nada porque é uma da MP que veio antes da EC. 32 que vai vigorar por tempo
indeterminado).
Antes da EC 32 poderia reeditar a EC por diversas vezes por isso tem MP que depois do
traço tem várias edições.

Documento pessoal

É o testemunho da parte no processo. Se produz na AIJ e consiste no testemunho da


própria parte em juízo. A primeira finalidade é a de qualquer meio de prova trazer
esclarecimentos a respeito dos fatos relevantes da causa. A segunda finalidade é provocar
a confissão (art. 385, $1 do CPC).

Através do depoimento pessoal vai tentar provocar a confissão, se ela foi pessoalmente
intimada e não foi injustificadamente ou compareceu e se recusou o efeito é presumir que
tudo aquilo que queria que ela depusesse foi confessado.

É diferente do interrogatório do processo penal, que é um meio de defesa e devido o


princípio da não autoincriminação, ele não é obrigado a prestar.

Quem pode requerer é a outra parte (não pode requerer para si próprio) e o juiz pode
determinar de ofício. Quem pode fazer pergunta é o juiz e a parte contrária, o próprio
advogado também não pode perguntar para seu cliente. Isso porque o advogado não atua
no processo em nome próprio, é procurador da parte, então ele não pratica em nome
próprio, é como se fosse eu perguntando para mim mesmo, ou seja, é o que a parte quer
dizer e isso não é prova é alegação.

O que a própria parte quer dizer é alegação, o que a outra parte quer que diga é prova.

A parte só pode deixar de responder nos casos previstos no art. 388 do CPC - mesmo
assim com ressalva do parágrafo único que não se aplica aos processos de estado
(interdição) e de família, mas esses processos tramitam em segredo de justiça, de modo
que o que a parte disser ficará guardado.

Obs.: o segredo é guardado pelo profissional para proteger o dono do segredo, se o dono
do segredo abre mão e autoriza o profissional é obrigado a depor. Embora não tem previsão
expressa no CPC, esse é o entendimento dominante.

Cuidado para não confundir depoimento pessoal com o interrogatório livre (art. 139,
VIII do CPC):

Um dos poderes do juiz é determinar o comparecimento das partes para inquiri-las sobre
fatos e não incidirá a pena de confesso. Tem duas diferenças: o interrogatório livre é em
qualquer fase do processo e não tem por finalidade provocar a confissão.
Organização criminosa composta por advogados que falsificava documento para fabricar
demanda. Descobriam que “A” tinha nome sujo e as vezes a própria parte não sabia,
falsificava a procuração, o comprovante de residência, ajuizava a ação e embolsaram o
dinheiro. Obs.: nesses casos para saber qual processo era falso e qual tinha de fato um
autor, era útil esse interrogatório livre, inclusive nesse caso concreto o interrogatório
aconteceu em grau de apelação.

Confissão

É a admissão pela parte de um fato que lhe é desfavorável e é favorável a parte adversária.
Art. 389 do CPC - pode ser judicial ou extrajudicial. Pode ser espontânea ou provocada no
caso do depoimento pessoal.
Pode confessar oralmente para alguém.

Uma vez feita é irrevogável - art. 393 do CPC, pode ser anulada por vício de vontade
(coação, erro), mas não pode simplesmente se arrepender.

É ineficaz a confissão de fato relativo à direito indisponível para não ser drible à
indisponibilidade desses direitos.

Não confundam confissão com reconhecimento do pedido:

Na confissão, que pode ser feita pelo autor ou pelo réu, a parte admite um fato. O
reconhecimento é ato que só o réu pode praticar é reconhecida a própria existência do
direito.

Ex. Cobrança de dívida em decorrência por empréstimo. O réu diz que realmente teve o
empréstimo e no valor da ação, mas diz que já pagou (confessou, mas não reconheceu o
direito). É diferente se nessa mesma ação o réu falar que a autora tem razão, que deve o
dinheiro e o pedido é procedente (aqui não está admitindo somente o fato e sim o próprio
direito).

A diferença processual é que no reconhecimento o juiz vai homologar o reconhecimento e


extinguir com resolução de mérito - art. 487, III, “a” do CPC.

Obs.: Se o réu reconhecer e pedir a guia para pagamento o valor dos honorários se reduz à
metade. Em outras leis (inquilinato) proposta ação de despejo por alguns fundamentos
como denúncia vazia ou retomada do imóvel para uso próprio, se ele reconhecer ele tem 6
meses para desocupar e se sair dentro desse prazo não paga nem custas e honorários.

Prova Testemunhal

Testemunha é um terceiro estranho ao processo que levará ao juízo o seu conhecimento


sobre os fatos da causa. Alguém que não é parte detém conhecimento relevante sobre
fatos, que precisa ser objeto de prova.
Essa pessoa que tem o conhecimento é a testemunha, prova que se produz através do
depoimento dela é prova testemunhal. Como regra, é admissível em qualquer tipo de
processo (art. 442 do CPC). Em algumas leis ela é excluída, mandado de segurança,
inventário e partilha (se houver necessidade de prova que não a documental o juiz
determina que as partes discuta essa matéria em processo autônomo).

O art. 443 do CPC estabelece algumas legítimas restrições a produção de prova


testemunhal - fatos já provados por documentos; que só por documento ou exame pericial
puderem ser provado; (Ex. contrato de depósito a lei exige prova documental para essa
demonstração)

No processo penal tem essa possibilidade de substituir a prova de exame de corpo delito
com a testemunhal.

Obs.: uma perícia contratada particularmente pela parte não serve como prova, serve para
instruir a inicial e comprovar que a demanda é séria, mas não tem valor probatório.

Quem pode servir de testemunha - art. 447 do CPC: incapazes, impedidas ou suspeitas.
Não está dizendo que a pessoa é civilmente incapaz, é que não tem aptidão para depor
como testemunha.
Dos suspeitos quando diz interesse é qualquer tipo de interesse (econômico, jurídico,
religioso).

No $4 do art. 447 do CPC - diz que o juiz pode colher depoimento dos impedidos e dos
suspeitos e dos incapazes dos menores (de 16 anos). O Brasil ratificou a Convenção de NY
sobre direito das crianças, essa convenção chama de criança qualquer pessoa que tenha
até 18 anos incompletos, inclui no Brasil crianças e adolescentes, essa convenção diz que a
as crianças podem depor em juízo sobre fatos que digam respeito a seus próprios
interesses.

Ex. Menores de 16 anos - Discussão sobre sua guarda. Agora, está atravessando para ir à
escola e é a única testemunha do acidente - não pode.

Então nesse dispositivo tem que fazer controle de convencionalidade no sentido de permitir
o depoimento de menores de 16 anos quando for para seus próprios interesses.

Nesses casos, os menores de 16 não vão prestar compromisso de dizer a verdade. Isso é
importante para incluir no crime de falso testemunho.

Como regra geral a testemunha vai ser ouvida na AIJ e na sede do juízo.
Excepcionalmente, por uma questão de deferência a testemunha será ouvida em outro
lugar (art. 454 do CPC). E essa é uma deferência ao cargo e não a pessoa física. Se for
desembargador aposentado perde a prerrogativa, por exemplo.

Na audiência as testemunhas são ouvidas, o juiz e as partes podem fazer as perguntas e


entre as partes primeiro faz pergunta a parte que arrolou e depois a parte contrária. O juiz
pode fazer perguntas antes e-ou depois das partes porque é diferente do processo penal
que faz depois das partes. As perguntas das partes são feitas diretamente pelas partes,
não se adota mais o sistema que tem que fazer ao juiz para ele redirecionar a perguntar.

Como a testemunha pode ter alguma despesa ela pode requerer ao juiz que determine o
ressarcimento dessas despesas (art. 462 do CPC). E se a testemunha é empregada pelo
regime da CLT, o dia em que ela vai prestar depoimento não pode ser considerado falta ao
trabalho.

Prova Pericial

A prova pericial é uma prova técnica que vai ser produzida sempre que a apuração do fato
depender de conhecimentos técnicos ou científicos. O perito tem que ser especializado no
objeto da perícia (art. 465 do CPC).

A questão da especialização do perito é um dos maiores problemas. O maior problema é a


médica, na engenharia não dá tanto problema porque ela evoluiu e existem faculdades
diferentes, mas na área médica é difícil delimitar a especialização. O médico pode atuar em
qualquer área da medicina, mas uma coisa é atuar como médico, outra como perito porque
para ser perito tem que ter especialização.

O CPC diz que incumbe ao perito quando nomeado tem que apresentar o currículo com
comprovação de especialização (art. 465, $2, II do CPC). Na prática, o perito não
apresenta, o juiz não exige e isso gera muitos problemas.

A nomeação do perito no NCPC não é livre. O Tribunal é obrigado a manter cadastro de


peritos, que divide o perito por áreas e a nomeação é feita dentro desse cadastro (art. 156,
$1 do CPC). Para formar esses cadastros os Tribunais devem realizar consultas públicas e
diretas e nos órgãos previsto no $2 do art e periodicamente esses profissionais devem ser
reavaliados. A nomeação só será livre se no lugar em que não há perito cadastrado naquela
área ($5).
Quando for nomear o juiz tem que garantir uma distribuição equitativa entre os profissionais
cadastrados. (art. 157, $2 do CPC)

O objetivo é uma nomeação de perito mais republicano. Porque culturalmente nomeia-se


sempre o mesmo perito.

Em alguns casos o procedimento é mais simples, que é a prova técnica simplificada (art.
464, $$2 ao 4), nada mais é do que uma perícia mais simples, que deve ser utilizada
naqueles casos em que não há necessidade de laudo complexo, basta que o perito vá à
AIJ, oralmente para fazer suas conclusões (pode o perito usar recursos audiovisuais e etc.).
Ex. avaliação de imóvel. Mas por exemplo, perícia para saber porque um navio afundou não
tem como fazer pela simplificada.

Art. 473 do CPC - diz o que o laudo pericial deve conter:


Inciso III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se
originou - o Perito não é livre para escolher o método utilizado, ele tem que usar o que é
recomendado pelos especialista e que seja predominante aceito, embasada em um
conhecimento científico consolidado. Até porque está tratando de ciência.

Quando a perícia não for suficientemente esclarecedora, por exemplo, inconclusiva, o juiz
deve determinar uma realização de uma segunda perícia(art. 480 do CPC), que não anula e
nem substitui a primeira e a ideia é que se elas se complementam e na hora de decidir o
juiz levará as duas em consideração.

Inspeção Judicial

A verificação do fato pode se dar através das percepções do próprio juiz, ele pessoalmente
examina uma pessoa ou um objeto.

Ex. 1: O autor foi ao juízo contra o réu vizinho que estava construindo uma varanda que vai
invadir a privacidade do autor porque daria para enxergar dentro da casa dele e pediu o
embargo à obra. No primeiro grau se realizou a prova pericial em que o perito falou de todas
as características estruturais da varanda, que não tinham relevância no processo. E foi
relator na apelação Barbosa Moreira que determinou em complemento que se realizasse
inspeção judicial, marcou o dia e foi pessoalmente e verificou que não daria para ver a casa
do autor.

Ex. 2: Uma senhora proprietária de uma cobertura em copacabana com característica


comum a edifícios antigos, elevador que não chega a cobertura. E o proprietário do andar
antes da cobertura fechou o corredor, e depois colocou o elevador social para seu
apartamento. Ou ela subia pelo elevador de serviço ou ela parava no 8 andar (pq o 9 andar
fez a mesma coisa) e subir de escada. Ela pediu a reintegração de posse da área comum.
Foi pedido a inspeção judicial, mas o juiz nomeou a perícia.

Ex. 3: Processo de revisão de benefício previdenciário, tinha uma organização criminosa


que estava fraudando, então começaram a convocar os autores para saber se eram eles
mesmos.

Seria uma prova de Vida judicial.

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