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AO DOUTO JUIZO DA 30ª VARA DO TRABALHO DE BOA

VISTA - RORAIMA

Processo nº: 0011250-27.2019.5.11.0030

RÔMULO DELGADO SILVA, brasileiro, viúvo, empresário, portador da identidade nº 113,


CPF 114, residente e domiciliado na Avenida Brás Montes, casa 72, Boa Vista – Roraima,
CEP 222, em que contende com SÔNIA CRISTINA DE ALMEIDA, já qualificada, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado,
com fulcro no art. 884 da CLT, APRESENTAR:

EMBARGOS À EXECUÇÃO

Pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:


I – DOS FATOS

O embargante foi surpreendido com a visita de um Oficial de Justiça em sua residência, que
da primeira vez o citou para pagamento de uma dívida trabalhista de R$ 150.000,00, oriunda
da 30ª Vara do Trabalho de Roraima, no processo nº 0011250-27.2019.5.11.0030 e, em
seguida, 48 horas depois, retornou e penhorou o imóvel em que reside, avaliando-o pelo valor
de mercado, em R$ 180.000,00.

II- DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS

Destaca- se o atendimento dos seguintes requisitos dos embargos à execução:

a) A garantia integral do juízo: O embargante garantiu integralmente o juízo através do


imóvel em que reside com sua filha, avaliado em R$ 180.000, 00;
b) A tempestividade: Os embargos são apresentados no prazo de 5 dias contados da
garantia no dia, observado o disposto no art. 884 da CLT;

III- MÉRITO

1- Impenhorabilidade do bem de família


Na reclamação trabalhista em questão, o embargado, viúvo, teve penhorado o único
imóvel que possui e em que reside com sua filha, avaliado, pelo valor de mercado em
R$ 180.000,00.
Nos termos do art. 1º da lei nº 8.009/90, o imóvel residencial próprio do casal, ou da
entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciário ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou
pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses
previstas nesta lei.
Ressalte-se que, com base na sumula 363 do STJ, a impenhorabilidade do bem de
família abrange também o imóvel pertencente a pessoas viúvas.
Dessa forma, o bem em questão não é passível de penhora, razão pela qual requer que
seja desconstituída a penhora realizada.
2- Correção monetária

Observa-se que nas contas homologadas, sem que a parte contrária tivesse vista a correção
monetária foi calculada considerando o mês da prestação dos serviços.

A luz da súmula 381do TST, a correção monetária deve ser calculada pelo índice do mês
subseqüente ao da prestação dos serviços.

Diante do exposto, postula-se que os cálculos sejam refeitos no que tange á correção
monetária.

3- Multa do art. 523, § 1º do CPC

O juiz aplicou multa de 10% prevista no art. 523, § 1º, do CPC.

Ocorre que tal multa é indevida no processo do trabalho, uma vez que a aplicação subsidiaria
do Código de Processo Civil ao Direito Processual do Trabalho, nos termos dos arts. 769 e
889 da CLT exigem dois requisitos: a ausência de disposição na CLT e a compatibilidade da
norma supletiva com os princípios do Processo do Trabalho. Não se aplica, portanto, a multa
prevista no art. 523, § 1º do CPC, ao processo Trabalhista, haja vista a existência de disciplina
específica, na CLT, acerca do procedimento de execução de sentença, consoante se observa
nos arts. 880 882 e 883 da CLT, que prevêem o prazo e a garantia da dívida, por depósito, ou
a penhora de bens quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescido das
despesas processuais, custas e juros de mora.

Nesse sentido, é o posicionamento do TST firmado no recurso de revista repetitivo Nº IRR-


1786-24.2015.5.04.0000.

Diante do exposto, requer afastada a multa do art. 523 § 1º, do CPC.


IV- REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer o recebimento dos embargos, a notificação do embargado para


manifestar-se no prazo de 5 dias e a precedência dos pedidos formulados.

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Boa Vista – Roraima, 26 de novembro de 2023.

Advogado

OAB n º XXXXXX

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