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Não teve pedido de retificação da CTPS.

59ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro


ATOrd 0101132-02.2022.5.01.0059
RECLAMANTE: ANTONIO SEVERINO DE LIRA
RECLAMADO: MEC MOLDES ESCORAMENTOS E CONSTRUCOES LTDA,
COFIX ESTRUTURAS DE CONCRETO LTDA, COFIX CONSTRUCOES E
EMPREENDIMENTOS LTDA

ATA DE JULGAMENTO

Aos xx dias do mês de março de 2023, às xx:xx horas,


na sala de audiência desta Vara, na presença da Dra. Débora
Blaichman Bassan, Juíza Titular de Vara do Trabalho, foram
apregoadas as partes, ANTONIO SEVERINO DE LIRA, reclamante,
e MEC MOLDES ESCORAMENTOS E CONSTRUCOES LTDA, COFIX
ESTRUTURAS DE CONCRETO LTDA, COFIX CONSTRUCOES E
EMPREENDIMENTOS LTDA, reclamadas.
Partes ausentes.
Preenchidas as formalidades legais, foi proferida a
seguinte

SENTENÇA

Vistos, etc.
ANTONIO SEVERINO DE LIRA, qualificado nos autos,
ajuíza a presente ação trabalhista em face de MEC MOLDES
ESCORAMENTOS E CONSTRUCOES LTDA, COFIX ESTRUTURAS DE
CONCRETO LTDA, COFIX CONSTRUCOES E EMPREENDIMENTOS LTDA,
com a responsabilidade solidária, alegando admissão em
24.01.2006, além da dispensa sem justa causa em 27.06.2022,
quando exercia a função de carpinteiro de forma, com a
remuneração mensal de R$ 2.276,90, postulando a condenação
das rés nas obrigações elencadas no rol da exordial de id
4a74641. Junta procuração e documentos.
As reclamadas foram regularmente citadas, deixando,
entretanto, de apresentar defesa e documentos, comparecendo
à audiência apenas a preposta, ocasião em que a parte
autora requereu a aplicação da pena de confissão (id
fededb7).
Autos conclusos para decisão.
Conciliação inviável.
É o relatório.

DECIDO

DA REVELIA E DA PENA DE CONFISSÃO


As rés foram regularmente citadas por carta
registrada, conforme id 5b849f0, deixando, entretanto, de
apresentar defesa e documentos.
Diante da sua inércia não há como deixar de aplicar-
lhe a confissão ficta prevista no artigo 344 do CPC, sendo,
assim, presumidas verdadeiras as alegações de fato
formuladas pela parte autora.
Excluem-se, no entanto, os efeitos da revelia nas
situações previstas no novo § 4º, do artigo 844, da CLT.

DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
Diante dos efeitos da confissão ficta aplicada às rés,
presume-se a veracidade das alegações autorais de
existência de grupo econômico entre empresas.
Portanto, respondem solidariamente as rés, nos termos
do artigo 2º, § 2º, da CLT.

NO MÉRITO

DA UNICIDADE CONTRATUAL E DAS VERBAS RESILITÓRIAS


O autor alega que as rés constituem grupo econômico e
que foi admitido pela terceira reclamada em 24.01.2006,
transferido para a segunda reclamada em 01.06.2012, sendo
dispensado em 10.06.2021 e recontratado pela primeira ré no
mesmo dia, vindo a ser novamente dispensado em 27.06.2022,
sem o pagamento das verbas rescisórias.
Assim, vindica a declaração de nulidade da rescisão
ocorrida no curso do contrato, com o reconhecimento da
unicidade contratual e o pagamento das verbas rescisórias.
Considerando-se os efeitos da confissão ficta aplicada
às reclamadas e levando-se em conta o conjunto fático
probatório nos autos produzido, presumo verdadeira a
alegação autoral e declaro a nulidade da rescisão do
contrato de trabalho sucessivamente firmado e a existência
de um único contrato de trabalho, com início em 24.01.2006
e término em 27.06.2022, por iniciativa do empregador.
Diante disso, e observados os limites da inicial,
defiro os seguintes pedidos:
- aviso prévio proporcional indenizado de 78 dias
(itens d e e);
- 8/12 de férias proporcionais, acrescidas de 1/3
(item g);
- 13º salário de 2018 e 2019 (integrais) e
proporcional (8/12) de 2022, já considerada a projeção do
aviso prévio (itens h, i e j);
- indenização dos depósitos mensais de FGTS faltantes,
inclusive em relação ao período do aviso prévio (Súmula 305
do C. TST), e da multa de 40% sobre o FGTS (item o);
- multa do artigo 477, § 8º, da CLT (item l); e
- multa do artigo 467 da CLT, a incidir apenas sobre
aviso prévio, férias proporcionais e 13º salário
proporcional de 2022 (item m).
Rejeito o pedido de férias do período 2020/2021 em
dobro, pois não foi apresentada a respectiva causa de pedir
(item g).
Descabe o pagamento de diferenças salariais, pois o
documento do id 241a0c0 não é norma coletiva capaz de
estabelecer obrigações (item k).
Após o trânsito em julgado, expeça-se alvará para
saque do FGTS (item p).

DAS HORAS EXTRAS E DO INTERVALO INTRAJORNADA


O autor indicou a jornada das 07h00 às 17h00, de
segunda à sexta-feira, com apenas 15 minutos de intervalo,
requerendo o pagamento de horas extras e do intervalo
intrajornada, além de 150 horas-prêmio acumuladas.
Não obstante os efeitos da revelia, a jornada narrada
na inicial é parcialmente inverossímil, pois não é crível
que o autor, legalmente idoso desde 2015, se ativasse 10h
diárias com um ínfimo intervalo de 15 minutos.
Diante disso, arbitro para fins de liquidação a
jornada de segunda a sexta-feira, das 07h00 às 17h00, com 1
hora de intervalo.
Deverá ser presumido que o autor também possuía 150
horas pendentes de compensação, as quais deverão ser
consideradas como horas extras.
Defiro, em consequência, o pagamento do sobrelabor
pretendido nos itens a e c do rol, observando-se a
limitação do pedido aos últimos cinco anos do contrato,
sendo que deverão ser consideradas como horas extras
aquelas que ultrapassarem as 44 h semanais, com adicional
de 50%, descontadas, no entanto, as faltas justificadas ou
não, inclusive, por afastamento por doença ou acidente de
trabalho junto ao INSS, os dias de folga e aquelas já
quitadas, tudo ainda a ser apurado em liquidação,
observando o previsto na súmula 347, do C. TST, reflexos
nos repousos semanais remunerados (súmula 172 do C. TST) e
a variação salarial.
Devidas ainda as diferenças reflexas em férias mais
1/3, décimo terceiro salário, aviso prévio e FGTS mais 40%
(item n).
Descabe o pagamento de intervalo intrajornada, pois a
jornada arbitrada considerou a sua correta fruição (item
b).

DOS RECOLHIMENTOS FISCAIS


Observe-se a incidência de contribuição previdenciária
sobre as parcelas deferidas na presente sentença na forma
do artigo 28 da Lei 8.212/1991, com cálculo pelo critério
de competência e cada parte responsável pela sua cota-
parte.
Indefere-se, de plano, a responsabilização exclusiva
da reclamada, por falta de fundamentação legal que subsidie
a pretensão.
Ademais, caberá à reclamada reter a cota da parte
autora, juntamente com a sua, recolhendo-a no prazo do
artigo 30 da Lei 8.212/1991, realizando a sua comprovação
nos autos em cinco dias, sob pena de execução.

DA LIQUIDAÇÃO
Liquidação por simples cálculos.
A correção monetária adotará o IPCA-E na fase pré-
judicial e, a partir do ajuizamento da ação, será utilizada
a taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos das
decisões proferidas pelo STF nas ADCs 58 e 59, e nas ADIs
5867 e 6021, que conferiram interpretação conforme a
Constituição aos artigos 879, § 7º, e 899, § 4º, ambos da
CLT, na redação dada pela Lei 13.467/2017.
Ademais, levando em conta que a taxa SELIC engloba os
juros de mora, não será aplicada a regra prevista no artigo
39 da Lei 8.177/1991.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


Considerando que a presente ação foi ajuizada após a
entrada em vigor da Lei 13.467/2017, as rés deverão pagar
para a parte autora honorários sucumbenciais no importe de
5% sobre o valor dos pedidos julgados procedentes, apurados
em liquidação de sentença, nos termos do artigo 791-A,
caput, da CLT.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Considerando a remuneração inferior ao marco de 40% do
limite máximo do RGPS, defiro a gratuidade de justiça à
parte reclamante, nos termos da nova redação do artigo 790,
§ 3º, da CLT.

CONCLUSÃO

POSTO ISSO, JULGO PROCEDENTES EM PARTE os pedidos


articulados na presente ação trabalhista, à revelia e
mediante a aplicação da pena de confissão, para condenar as
rés a pagarem, com a responsabilidade solidária, para o
autor as parcelas acima deferidas, deduzidas, no entanto,
as verbas já pagas ou adiantadas aos mesmos títulos, tudo
ainda não só nos termos da fundamentação supra e que passa
a integrar este decisum.
Os pedidos deferidos seguem liquidados, observados os
índices fixados pelo C. TST.
Custas pelas rés no importe de R$ XXX, calculadas
sobre R$ XXX, valor da condenação, conforme memória de
cálculo anexa e que integra o presente dispositivo.
Não havendo pagamento, fica a parte autora ciente de
que deverá requerer o que entender cabível, observando-se
os termos do artigo 11-A da CLT.
Cumpra-se em oito dias.
Intimem-se as partes do teor desta decisão, sendo as
rés por notificação postal.

DÉBORA BLAICHMAN BASSAN


JUÍZA TITULAR DE VARA DO TRABALHO

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