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15/10/2020

POSSE II e III
PROFESSOR ANDRÉ ROBERTO DE SOUZA MACHADO
andreroberto@smga.com.br

Posse Justa ou
Injusta – art.
Vícios da Posse:
1200, CC.

Art. 1.200 - É Violência


justa a posse
que não for
violenta, Clandestinidade
clandestina ou
precária
Precariedade

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• ESBULHO VIOLENTO OU CLANDESTINO


• Mera detenção enquanto não cessar a violência ou a
Autotutela clandestinidade (art. 1208, do CC)

• POSSE INJUSTA DE FORÇA NOVA (até 1 ano e 1 dia)


• Cessada a violência ou clandestinidade, torna-se posse, porém
Tutela
Liminar injusta na origem e de força nova pelo tempo (art. 558, do CPC)

• POSSE INJUSTA DE FORÇA VELHA (após 1 ano e 1 dia)


• O caráter da ação continua sendo possessório, mas a ação não
Rito Comum seguirá o rito especial sumário (art. 558, Parágrafo Único, CPC)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA DE BENS PÚBLICOS OBJETO DE CONTRATO DE


CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO CELEBRADO COM TERCEIRO. OFERTA EM PROCESSO DE
EXECUÇÃO DOS DIREITOS ALUSIVOS AO CONTRATO PELA CONCESSIONÁRIA. PLEITO DE
INDENIZAÇÃO PELAS BENFEITORIAS PELO ATUAL OCUPANTE DOS IMÓVEIS (O ARREMATANTE).
1. O ajuizamento da ação reivindicatória - de natureza real e fundada no direito de sequela -,
reclama a existência concomitante de três requisitos específicos: a prova da titularidade do
domínio pelo autor, a individualização da coisa e a demonstração da posse (ou detenção) injusta
do réu (REsp 1.060.259/MG, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 04.04.2017, DJe
04.05.2017; REsp 1.152.148/SE, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em
13.08.2013, DJe 02.09.2013;
e REsp 1.003.305/DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 18.11.2010, DJe
24.11.2010).
2. Na hipótese dos autos, não há controvérsia sobre a titularidade do domínio do autor, tendo
sido os bens - objeto da reivindicatória - devidamente individualizados. O recorrente, contudo,
afirma que sua "posse" era justa, por não ser violenta, clandestina ou precária, ex vi do disposto
no artigo 1.200 do Código Civil, o que ensejaria a inadmissibilidade da ação reivindicatória.
3. Nada obstante, como bem assinalado pela doutrina, "a noção ampla de posse injusta a que
alude o caput do art. 1.228 do Código Civil não corresponde ao conceito estrito de posse injusta
espelhado no art. 1.200 do mesmo estatuto (posse violenta, clandestina ou precária), posto que
mais extensa", referindo-se àquela que, "mesmo obtida pacificamente - despida dos realçados
vícios -, sobeja desamparada de causa jurídica eficiente capaz de respaldar a atividade do
possuidor" (FARIAS, Cristiano Chaves de. ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil, vol. 5: reais.
Salvador: Juspodivm, 2013, p. 297).

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4. Desse modo, excetuada a hipótese em que for configurada posse ad usucapionem, o


cabimento da ação reivindicatória reclama apenas a constatação de que a posse - ou a
detenção - do réu se contrapõe ao exercício do direito de propriedade do autor,
inexistindo causa jurídica adequada que legitime a atuação do possuidor/detentor.
Nessa perspectiva, até mesmo a posse ad interdicta, defensável por interditos
possessórios, não constitui obstáculo à procedência do pedido reivindicatório,
prevalecendo o direito do titular do domínio de exercer suas faculdades de uso, gozo e
disposição da coisa (artigos 524 do Código Civil de 1916 e 1.228 do Código Civil de 2002).

6. Desse modo, revela-se o caráter injusto da "posse" do réu da ação petitória, ante a
ausência de causa jurídica que o legitimasse a se contrapor ao direito subjetivo do
proprietário de recuperar seus poderes dominiais sobre os bens, motivo pelo qual não
merece reforma o acórdão estadual que estabeleceu o cabimento da reivindicatória.

11. Recurso especial não provido.

(REsp 1403493/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
11/06/2019, DJe 02/08/2019)

• CPC/2015

• Art. 558. Regem o procedimento de


manutenção e de reintegração de posse as
normas da Seção II deste Capítulo quando a
ação for proposta dentro de ano e dia da
turbação ou do esbulho afirmado na petição
inicial.

• Parágrafo único. Passado o prazo referido


no caput , será comum o procedimento, não
perdendo, contudo, o caráter possessório.

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• 1ª QUESTÃO:
• Paulo propõe demanda de reintegração na posse em face de Carlos.
Aduz, em síntese, que foi esbulhado pelo réu, vindo a perder a posse
do imóvel em que residia com sua família. Sustenta que, por ser uma
pessoa pacífica, não exerceu o desforço imediato para recuperar a
posse da coisa, preferido propor a presente demanda a fim de tutelar
seus interesses. Em defesa, o réu não nega os fatos, todavia aduz que
exerce posse no imóvel há mais de uma ano e um dia e que, assim
sendo, sua posse qualifica-se como justa, não podendo ser
questionada por meio dos interditos possessórios.
• Todos os fatos restaram provados, inclusive o esbulho por atos de
violência.
• Decida fundamentadamente a questão.

0011180-13.2020.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO

Des(a). PAULO SÉRGIO PRESTES DOS SANTOS - Julgamento: 01/06/2020 - SEGUNDA


CÂMARA CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO QUE DEFERIU A LIMINAR PARA DETERMINAR QUE


O AGRAVANTE DESOCUPE O IMÓVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE AJUIZADA
PELA AGRAVADA EM FACE DO AGRAVANTE. AGRAVANTE QUE, NO MÊS DE SETEMBRO DE
2019, JUNTAMENTE COM FAMILIARES, ADENTROU, CLANDESTINAMENTE, NO IMÓVEL DE
PROPRIEDADE DA AGRAVADA. OS SÓCIOS DA AGRAVADA E POLICIAIS CIVIS FORAM
REPRIMIDOS COM VIOLÊNCIA PELOS INVASORES DO LOCAL. POSSE CLANDESTINA E
VIOLENTA. A AGRAVADA COMPROVOU O LEGÍTIMO EXERCÍCIO DA POSSE SOBRE O BEM,
SOBRE O QUAL VEM EFETUANDO O PAGAMENTO DE IPTU DESDE O ANO DE 2008 ATÉ OS
DIAS ATUAIS, PAGAMENTO DE CONTAS DE LUZ DESDE O ANO DE 1991 ATÉ A PRESENTE
DATA, E DEMAIS CONTAS INCIDENTES SOBRE O BEM. OS BENS DO IMÓVEL FORAM
OBJETOS DE FURTO PRATICADO POR TERCEIROS, O QUE ENSEJOU A LAVRATURA DO RO
PELA AGRAVADA, COM O OFERECIMENTO DE DENÚNCIA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
(FLS.160/168 DOS AUTOS ORIGINÁRIOS), O QUE DEMONSTRA QUE A PROPRIETÁRIA
SEMPRE DEFENDEU A POSSE SOBRE O IMÓVEL. POSSE INJUSTA DO AGRAVANTE.
LIMINAR DEFERIDA QUE ATENDE AOS REQUISITOS DO ART.560 E 562 DO CPC/15.
AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO.

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• Posse direta e sem animus domini (precária)


Posse Justa

• POSSE INJUSTA DE FORÇA NOVA (até 1 ano e 1 dia)


Constituição
em mora

• POSSE INJUSTA DE FORÇA VELHA (após 1 ano e 1 dia)


• O caráter da ação continua sendo possessório, mas a ação não
Rito Comum seguirá o rito especial sumário (art. 558, Parágrafo Único, CPC)

TEORIA OBJETIVA
DESDOBRAMENTO DA POSSE

POSSE DIRETA E JUSTA, MAS PRECÁRIA

CONSTITUIÇÃO EM MORA = ESBULHO

POSSE INJUSTA DE FORÇA NOVA

POSSE INJUSTA DE FORÇA VELHA

INTERVERSÃO DA POSSE

MELHOR POSSE

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Posse de Boa-fé e Posse de


Má-fé. (art. 1201, CC.)

Art. 1.201 É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o


vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si


a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou
quando a lei expressamente não admite esta
presunção.

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Critério subjetivo, que


considera a ciência do
possuidor quanto ao vício
da posse (injusta);

Presunção de Boa-fé –
Justo Título – Presunção
Observações: Relativa (art. 1201 CC par.
único);

Cessação da Boa-fé –
conhecimento do vício que
afeta a posse.

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IV JORNADA DE DIR. CIVIL


• 302 – Art.1.200 e 1.214. Pode ser considerado justo título
para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir
a posse ad usucapionem, observado o disposto no art.
113 do Código Civil.

• 303 – Art.1.201. Considera-se justo título para presunção


relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe
autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não
materializado em instrumento público ou particular.
Compreensão na perspectiva da função social da posse.

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VI Jornada de Direito Civil


• Enunciado 563 O reconhecimento da posse por parte
do Poder Público competente anterior à sua
legitimação nos termos da Lei n. 11.977/2009
constitui título possessório.

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Quanto aos frutos –


arts. 1.214, 1.215 e
1.216 do CC;

EFEITOS DA Quanto às
benfeitorias – arts.
POSSE: 1.219 a 1.222 do CC;

Quanto à perda ou
deterioração: arts.
1.217 e 1.218, do CC.

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2ª QUESTÃO:
Carlos propõe demanda de reintegração de posse de veículo automotor em face da
Concessionária de Veículos Patos Ltda. Aduz, em síntese, que, por ainda estar na
garantia de fábrica, deixou seu automóvel para reparo no motor na oficina da ré, uma
vez que o mesmo apresentava defeito. Ocorre que, quando do término do reparo, a
demandada apresentou o valor das peças e da mão de obra do serviço, valores que o
autor não concordou em pagar em razão de o veículo estar na garantia de fábrica. Ato
contínuo, compareceu na oficina da demandada para a retirada do veículo, quando
então foi impedido pelos prepostos da ré.
Em defesa, sustenta a demandanda que informou ao cliente que o defeito constatado
ocorreu em virtude da utilização de combustível de qualidade ruim, circunstância que
afastaria a cobertura contratual, sendo certo ainda que o autor autorizou o conserto do
motor. Dessa forma, a demandanda apenas se vale do direito de retenção pelas
benfeitorias necessárias realizadas na coisa, na forma do artigo 1219 do Código Civil,
o que pretende que seja mantido enquanto não lhe for pago o serviço realizado.
Decida, fundamentadamente a questão.

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REsp 1628385 / ES RECURSO ESPECIAL 2016/0006764-0 Relator(a) Ministro


RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147) Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA
Data do Julgamento 22/08/2017 Data da Publicação/Fonte DJe 29/08/2017 Ementa
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. VEÍCULO.
REPARO. SERVIÇO CONTRATADO. PAGAMENTO. RECUSA. DIREITO DE
RETENÇÃO. CONCESSIONÁRIA. BENFEITORIA. IMPOSSIBILIDADE. POSSE DE
BOA-FÉ. AUSÊNCIA. DETENÇÃO DO BEM.
1. A controvérsia a ser dirimida no recurso especial reside em definir se a oficina
mecânica que realizou reparos em veículo, com autorização de seu proprietário, pode
reter o bem por falta de pagamento do serviço ou se tal ato configura esbulho, ensejador
de demanda possessória.
2. O direito de retenção decorrente da realização de benfeitoria no bem, hipótese
excepcional de autotutela prevista no ordenamento jurídico pátrio, só pode ser invocado
pelo possuidor de boa-fé, por expressa disposição do art. 1.219 do Código Civil de 2002.
3. Nos termos do art. 1.196 do Código Civil de 2002, possuidor é aquele que pode
exercer algum dos poderes inerentes à propriedade, circunstância não configurada na
espécie.
4. Na hipótese, o veículo foi deixado na concessionária pela proprietária somente para a
realização de reparos, sem que isso conferisse à recorrente sua posse. A concessionária
teve somente a detenção do bem, que ficou sob sua custódia por determinação e
liberalidade da proprietária, em uma espécie de vínculo de subordinação.
5. O direito de retenção, sob a justificativa de realização de benfeitoria no bem, não pode
ser invocado por aquele que possui tão somente a detenção do bem.
6. Recurso especial conhecido e não provido.

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Art. 1.203. Salvo prova em contrário,


entende-se manter a posse o mesmo
caráter com que foi adquirida.

Interversão do
caráter da Regra: interversão bilateral

posse

Exceção: interversão unilateral

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• 237 – Art. 1.203: É cabível a


modificação do título da
posse – interversio
III possessionis – na hipótese
em que o até então
JORNADA possuidor direto demonstrar
ato exterior e inequívoco de
DE DIR. oposição ao antigo
possuidor indireto, tendo
CIVIL por efeito a caracterização
do animus domini.

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Classificação da Posse quanto ao


modo de aquisição:

• Originária – quando a posse é iniciada sem qualquer


vínculo jurídico com a posse anterior.
Ex. Posse decorrente de ocupação, posse decorrente de
invasão (esbulho).

• Derivada – quando a posse decorre da sucessão ao


possuidor anterior, havendo vínculo entre as posses.
Ex. Compra e Venda.

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A posse
derivada pode Art. 1.206 A posse transmite-se
aos herdeiros ou legatários do

ser à título
possuidor com os mesmos
caracteres.

singular ou à Art. 1.207 O sucessor universal


continua de direito a posse do
título universal seu antecessor; e ao sucessor
singular é facultado unir sua

(art. 1207 CC.) posse à do antecessor, para os


efeitos legais.

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V • Enunciado 494 A faculdade

Jornada conferida ao sucessor


singular de somar ou não o
tempo da posse de seu
de antecessor não significa que,
ao optar por nova contagem,

Direito estará livre do vício objetivo


que maculava a posse
anterior.
Civil

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Informativo nº 0468
Período: 28 de março a 8 de abril de 2011.
Terceira Turma
CONSTITUTO POSSESSÓRIO. AÇÃO POSSESSÓRIA.
A Turma, entre outras questões, entendeu ser cabível o manejo de ação
possessória pelo adquirente do imóvel cuja escritura pública de compra
e venda continha cláusula constituti, já que o constituto possessório
consiste em forma de aquisição da posse nos termos do art. 494, IV, do
CC/1916. Na espécie, a recorrente (alienante do bem) alegou que o
recorrido não poderia ter proposto a ação de reintegração na origem
porque nunca teria exercido a posse do imóvel. Entretanto, segundo a
Min. Relatora, o elemento corpus – necessário para a caracterização da
posse – não exige a apreensão física do bem pelo possuidor; significa,
isso sim, sua faculdade de dispor fisicamente da coisa. Salientou ainda
que a posse consubstancia-se na visibilidade do domínio, demonstrada
a partir da prática de atos equivalentes aos de proprietário, dando
destinação econômica ao bem. Assim, concluiu que a aquisição de um
imóvel e sua não ocupação por curto espaço de tempo após ser lavrada
a escritura com a declaração de imediata tradição – in casu, um mês –
não desnatura a figura de possuidor do adquirente. Precedente citado:
REsp 143.707-RJ, DJ 2/3/1998. REsp 1.158.992-MG, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 7/4/2011.

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Soma • Controvérsia: art. 1.243, do


CC

das • Usucapião ordinária,

Posses extraordinária e
constitucional.

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• 317 – Art. 1.243. A accessio


possessionis, de que trata o
art. 1.243, primeira parte,do
Código Civil, não encontra
IV aplicabilidade relativamente
aos arts. 1.239 e 1.240 do
JORNADA mesmo diploma legal, em
face da normatividade do
usucapião constitucional
urbano e rural, arts. 183 e
191, respectivamente.

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• Lei 11.977/2009;
• MP 759, de
LEGITIMAÇÃO 22/12/2016;

DE POSSE: • Lei 13.465/2017.

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• LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017.


Seção IV
Da Legitimação de Posse
Art. 25. A legitimação de posse, instrumento de uso exclusivo
para fins de regularização fundiária, constitui ato do poder
público destinado a conferir título, por meio do qual fica
reconhecida a posse de imóvel objeto da Reurb, com a
identificação de seus ocupantes, do tempo da ocupação e da
natureza da posse, o qual é conversível em direito real de
propriedade, na forma desta Lei.
§ 1o A legitimação de posse poderá ser transferida por causa
mortis ou por ato inter vivos.
§ 2o A legitimação de posse não se aplica aos imóveis
urbanos situados em área de titularidade do poder público.

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Art. 26. Sem prejuízo dos direitos decorrentes do exercício da posse


mansa e pacífica no tempo, aquele em cujo favor for expedido título
de legitimação de posse, decorrido o prazo de cinco anos de seu
registro, terá a conversão automática dele em título de propriedade,
desde que atendidos os termos e as condições do art. 183 da
Constituição Federal, independentemente de prévia provocação ou
prática de ato registral.
§ 1o Nos casos não contemplados pelo art. 183 da Constituição
Federal, o título de legitimação de posse poderá ser convertido em
título de propriedade, desde que satisfeitos os requisitos de usucapião
estabelecidos na legislação em vigor, a requerimento do interessado,
perante o registro de imóveis competente.
§ 2o A legitimação de posse, após convertida em propriedade,
constitui forma originária de aquisição de direito real, de modo que a
unidade imobiliária com destinação urbana regularizada restará livre e
desembaraçada de quaisquer ônus, direitos reais, gravames ou
inscrições, eventualmente existentes em sua matrícula de origem,
exceto quando disserem respeito ao próprio beneficiário.
Art. 27. O título de legitimação de posse poderá ser cancelado pelo
poder público emitente quando constatado que as condições
estipuladas nesta Lei deixaram de ser satisfeitas, sem que seja devida
qualquer indenização àquele que irregularmente se beneficiou do
instrumento.

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LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017.


Seção III
Da Legitimação Fundiária
Art. 23. A legitimação fundiária constitui forma originária de aquisição do direito real
de propriedade conferido por ato do poder público, exclusivamente no âmbito da
Reurb, àquele que detiver em área pública ou possuir em área privada, como sua,
unidade imobiliária com destinação urbana, integrante de núcleo urbano informal
consolidado existente em 22 de dezembro de 2016.
§ 1o Apenas na Reurb-S, a legitimação fundiária será concedida ao beneficiário,
desde que atendidas as seguintes condições:
I - o beneficiário não seja concessionário, foreiro ou proprietário de imóvel urbano ou
rural;
II - o beneficiário não tenha sido contemplado com legitimação de posse ou fundiária
de imóvel urbano com a mesma finalidade, ainda que situado em núcleo urbano
distinto; e
III - em caso de imóvel urbano com finalidade não residencial, seja reconhecido pelo
poder público o interesse público de sua ocupação.

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§ 2o Por meio da legitimação fundiária, em qualquer das modalidades da


Reurb, o ocupante adquire a unidade imobiliária com destinação urbana livre
e desembaraçada de quaisquer ônus, direitos reais, gravames ou inscrições,
eventualmente existentes em sua matrícula de origem, exceto quando
disserem respeito ao próprio legitimado.
§ 3o Deverão ser transportadas as inscrições, as indisponibilidades ou os
gravames existentes no registro da área maior originária para as matrículas
das unidades imobiliárias que não houverem sido adquiridas por legitimação
fundiária.
§ 4o Na Reurb-S de imóveis públicos, a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, e as suas entidades vinculadas, quando titulares do
domínio, ficam autorizados a reconhecer o direito de propriedade aos
ocupantes do núcleo urbano informal regularizado por meio da legitimação
fundiária.

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§ 5o Nos casos previstos neste artigo, o poder público encaminhará a


CRF para registro imediato da aquisição de propriedade, dispensados a
apresentação de título individualizado e as cópias da documentação
referente à qualificação do beneficiário, o projeto de regularização
fundiária aprovado, a listagem dos ocupantes e sua devida qualificação e
a identificação das áreas que ocupam.
§ 6o Poderá o poder público atribuir domínio adquirido por legitimação
fundiária aos ocupantes que não tenham constado da listagem inicial,
mediante cadastramento complementar, sem prejuízo dos direitos de
quem haja constado na listagem inicial.

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Seção II
Dos Legitimados para Requerer a Reurb
Art. 14. Poderão requerer a Reurb:
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, diretamente
ou por meio de entidades da administração pública indireta;
II - os seus beneficiários, individual ou coletivamente, diretamente ou por
meio de cooperativas habitacionais, associações de moradores,
fundações, organizações sociais, organizações da sociedade civil de
interesse público ou outras associações civis que tenham por finalidade
atividades nas áreas de desenvolvimento urbano ou regularização
fundiária urbana;
III - os proprietários de imóveis ou de terrenos, loteadores ou
incorporadores;
IV - a Defensoria Pública, em nome dos beneficiários hipossuficientes; e
V - o Ministério Público.

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