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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA
CÍVEL DA COMARCA DE ...

COMPETÊNCIA ABSOLUTA, ART. 47, § 2º, CPC.

JOÃO DOS ANZÓIS, brasileiro, casado, profissão ..., inscrito no


CPF sob o nº ..., portador do Registro Geral sob o nº ..., residente e
domiciliado na rua ..., Bairro ..., Cidade ..., CEP ..., por seu procurador ao
final assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, para
propor a presente

AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE C/C


INDENIZATÓRIA POR ÁREA TURBADA C/C PEDIDO LIMINAR
DE INTERDITO PROIBITÓRIO

Em face de Cândido dos Anzóis e sua esposa Julieta dos Anzóis,


fulcro no art. 554 e seguintes do CPC, consubstanciada nos fundamentos
jurídicos que passa a expor.

DOS FATOS
Em síntese, João dos Anzóis é possuidor a mais de 40 anos de uma casa de
madeira, com o pátio delimitado por telas e postes de madeira.
Ressalta-se que João sempre utilizou a área sem qualquer inadimplemento ou
oposição da sua vizinhança.
Tal feito pode ser provado pelas contas de prestação de serviços públicos
(fornecimento de água e luz – anexo ...), os quais estão em nome de João, assim como
fotos e todos os outros meios de provas admitidos em direito, com depoimento de
testemunha e outros.
Ocorre que a partir de 10 – 03 – 2022, os réus, além de proferirem graves ameaças
no sentido que iriam invadir e construir um muro no terreno de João, chegando inclusive
a depositar materiais de construção no local, atearem fogo e cortarem a cerca e tramas
localizadas no seu imóvel
Para comprovação do ocorrido, dá-se por cópia do Boletim de Ocorrência (anexo
...) assim como pela juntada de imagens que apontam o pretenso corte e violação das
cercas, o que comprovam os fatos narrados por João.

DO DIREITO E DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


Diante da turbação ou esbulho em propriedade alheia, o art. 558 do CPC, prevê
para esta situação a manutenção de posse no procedimento ordinário.
Caso não ocorra no prazo de ano e dia e este discorra, caberá ação de procedimento
comum em caráter processório.

Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de


posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta
dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição
inicial.

Além do mais, ainda que o autor proponha uma ação possessória inadequada em
vez de outra, não obstará o juiz que outorgue proteção legal correspondente a demanda
requerida, com base na fungibilidade, bastando a presença dos pressupostos, conforme
disposição do art. 554, do CPC:

Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não


obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal
correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.

No que se refere a pretensão indenizatória, é notório que o autor está sendo


gravemente prejudicado, em razão das perdas sofridas, decorrentes dos ataques dos réus
à sua propriedade.
Como é sabido, permite-se que o possuidor possa demandar a proteção possessória
e, cumulativamente, pleitear a condenação do réu à indenização por perdas e danos, nos
termos do artigo 555 do CPC:

Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:

I - condenação em perdas e danos;

II - indenização dos frutos.

Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida


necessária e adequada para:

I - evitar nova turbação ou esbulho;

II - cumprir-se a tutela provisória ou final.


Importante se faz ressaltar o dispositivo legal do art. 567 do CPC:

Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação
ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine
ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.

O deferimento de medida liminar, em regra, condiciona-se à verificação efetiva


da plausibilidade do direito suscitado, ou seja, o fumus boni iuris e do risco iminente do
que o perigo da demora possa frustrar os objetivos almejados periculum in mora.
Destarte, estão presentes no caso, todos os pressupostos para a concessão da
medida proibitória, eis que o proprietário está na posse mansa e pacífica, e que há, de
fato, o justo receio de uma nova turbação.
Tal exposto, encontra amparo nos artigos 1.210, 402 e 927 do CC, que assim
preceituam:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de


turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente,
se tiver justo receio de ser molestado.

§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-


se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa,
ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou
restituição da posse.

§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de


propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas


e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.

DA TUTELA DE URGÊNCIA
Com fundamentação jurídica nos artigos 562 e 567 do CPC:
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz
deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de
manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o
autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para
comparecer à audiência que for designada.

Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação
ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine
ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.

Entre outros dispositivos legais, a tutela de urgência tem o sentido de dar resposta
rápida às situações ou demandas com fundamento na urgência, como ocorre com as ações
onde se busca a tutela do direito à saúde.
No que tange às obrigações de fazer ou de não fazer, o artigo 461 do CPC,
especialmente pelo disposto no seu parágrafo 3º, que possibilita a antecipação da tutela
específica reclamada, representou grande avanço no sistema processual brasileiro.
Os requisitos para a antecipação da tutela específica das obrigações de fazer ou de
não fazer são a relevância do fundamento da demanda e o receio de ineficácia do
provimento final. Nesse sentido, o receio de ineficácia relaciona-se mais diretamente ao
perigo na demora na prestação jurisdicional.
A gravidade da situação de saúde do autor exige providências imediatas, pois caso
não receba o adequado tratamento medicamentoso que lhe foi prescrito sua doença pode
evoluir com risco de lesão irreparável ou mesmo de morte prematura pela rápida evolução
do tumor. Diante disso, se impõe a efetivação imediata da providência requerida, por
meio de provimento judicial acautelatório, com a utilização de medida judicial de
urgência, principalmente a concessão da tutela específica, nos moldes do disposto no
artigo 461, parágrafo 3º, do Código de Processo Civil.
Infelizmente tem-se deparado com decisões judiciais denegatórias da tutela de
urgência, ou mesmo protelatória no que concerne ao pedido de tais tutelas, sob o manto
da lei 8.437/92, em analogia legis, relegando o direito e deixando a saúde e, muitas vezes,
a vida de pacientes sem a necessária guarida. A vedação de concessão de liminares em
face do Poder Público, conforme estabelecido naquela e em outras leis, não se pode
aplicar em casos como estes. Mister se faz repensar tais interpretações dogmáticas, pois,
conforme leciona o Ministro Luiz Fux, do STJ:

A vedação, como é possível se entrever evidente, pode


frustrar o dever de prestar jurisdição, consagrado
constitucionalmente, por isso que a regra deve ser
interpretada cum granu salis, posto, apesar de considerada
constitucional pelo STF, restou recomendada a sua exegese
à luz da valoração de interesses em jogo em cada caso,
notadamente os direitos fundamentais, como tem ocorrido
nas liminares de proteção imediata à vida e à saúde do
povo.

Destarte, este é o caso, onde risco iminente de lesão irreparável representa, sem
sombra de dúvida, evidente perigo na demora em se aguardar a decisão judicial pleiteada
somente após a exaustão do processo de conhecimento, na via ordinária. Tal razão, por
si, já seria suficiente para a concessão da tutela de urgência.

DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, considerando que a pretensão do autor encontra arrimo
no ordenamento jurídico brasileiro, requer o que segue:
a) A citação da parte ré, na forma do art. 564 do CPC, para que compareça à
audiência de justificação prevista nos artigos 562 e 563 do CPC, a fim de que
sejam ouvidas as testemunhas abaixo arroladas.
b) Após a justificação da posse, na forma do art. 562 do CPC, postula-se a expedição
de mandado liminar inibitório de turbação da área constituída na posse do autor,
com a cominação de multa diária para a hipótese de descumprimento da ordem
judicial.
c) Ao final, postula-se a procedência do pedido para convalidar a medida liminar
concedida, assegurando o autor de iminente turbação, além da determinação para
que a parte requerida se abstenha de criar novos obstáculos à livre utilização da
área pelo autor, sob pena de aplicação de multa, bem como ao pagamento das
custas e honorários advocatícios.
d) Conforme faculta o art. 319, VII, e 334 do CPC, o autor demonstra interesse na
realização da audiência de conciliação.
e) A produção de provas documentais, testemunhais e periciais, assim como outras
admitidas em direito que vierem a se fazer necessárias.
f) A concessão da gratuidade da justiça na forma do art. 98 do CPC.

ROL DE TESTEMUNHAS
...

Dá-se a causa o valor de R$ ..., fulcro no artigo 292, III e VI, do CPC.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Local ... Data...


Advogado ...
OAB ...

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