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VARA
CÍVEL DA COMARCA DE ...
DOS FATOS
Em síntese, João dos Anzóis é possuidor a mais de 40 anos de uma casa de
madeira, com o pátio delimitado por telas e postes de madeira.
Ressalta-se que João sempre utilizou a área sem qualquer inadimplemento ou
oposição da sua vizinhança.
Tal feito pode ser provado pelas contas de prestação de serviços públicos
(fornecimento de água e luz – anexo ...), os quais estão em nome de João, assim como
fotos e todos os outros meios de provas admitidos em direito, com depoimento de
testemunha e outros.
Ocorre que a partir de 10 – 03 – 2022, os réus, além de proferirem graves ameaças
no sentido que iriam invadir e construir um muro no terreno de João, chegando inclusive
a depositar materiais de construção no local, atearem fogo e cortarem a cerca e tramas
localizadas no seu imóvel
Para comprovação do ocorrido, dá-se por cópia do Boletim de Ocorrência (anexo
...) assim como pela juntada de imagens que apontam o pretenso corte e violação das
cercas, o que comprovam os fatos narrados por João.
Além do mais, ainda que o autor proponha uma ação possessória inadequada em
vez de outra, não obstará o juiz que outorgue proteção legal correspondente a demanda
requerida, com base na fungibilidade, bastando a presença dos pressupostos, conforme
disposição do art. 554, do CPC:
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação
ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine
ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
Com fundamentação jurídica nos artigos 562 e 567 do CPC:
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz
deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de
manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o
autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para
comparecer à audiência que for designada.
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação
ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine
ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
Entre outros dispositivos legais, a tutela de urgência tem o sentido de dar resposta
rápida às situações ou demandas com fundamento na urgência, como ocorre com as ações
onde se busca a tutela do direito à saúde.
No que tange às obrigações de fazer ou de não fazer, o artigo 461 do CPC,
especialmente pelo disposto no seu parágrafo 3º, que possibilita a antecipação da tutela
específica reclamada, representou grande avanço no sistema processual brasileiro.
Os requisitos para a antecipação da tutela específica das obrigações de fazer ou de
não fazer são a relevância do fundamento da demanda e o receio de ineficácia do
provimento final. Nesse sentido, o receio de ineficácia relaciona-se mais diretamente ao
perigo na demora na prestação jurisdicional.
A gravidade da situação de saúde do autor exige providências imediatas, pois caso
não receba o adequado tratamento medicamentoso que lhe foi prescrito sua doença pode
evoluir com risco de lesão irreparável ou mesmo de morte prematura pela rápida evolução
do tumor. Diante disso, se impõe a efetivação imediata da providência requerida, por
meio de provimento judicial acautelatório, com a utilização de medida judicial de
urgência, principalmente a concessão da tutela específica, nos moldes do disposto no
artigo 461, parágrafo 3º, do Código de Processo Civil.
Infelizmente tem-se deparado com decisões judiciais denegatórias da tutela de
urgência, ou mesmo protelatória no que concerne ao pedido de tais tutelas, sob o manto
da lei 8.437/92, em analogia legis, relegando o direito e deixando a saúde e, muitas vezes,
a vida de pacientes sem a necessária guarida. A vedação de concessão de liminares em
face do Poder Público, conforme estabelecido naquela e em outras leis, não se pode
aplicar em casos como estes. Mister se faz repensar tais interpretações dogmáticas, pois,
conforme leciona o Ministro Luiz Fux, do STJ:
Destarte, este é o caso, onde risco iminente de lesão irreparável representa, sem
sombra de dúvida, evidente perigo na demora em se aguardar a decisão judicial pleiteada
somente após a exaustão do processo de conhecimento, na via ordinária. Tal razão, por
si, já seria suficiente para a concessão da tutela de urgência.
DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, considerando que a pretensão do autor encontra arrimo
no ordenamento jurídico brasileiro, requer o que segue:
a) A citação da parte ré, na forma do art. 564 do CPC, para que compareça à
audiência de justificação prevista nos artigos 562 e 563 do CPC, a fim de que
sejam ouvidas as testemunhas abaixo arroladas.
b) Após a justificação da posse, na forma do art. 562 do CPC, postula-se a expedição
de mandado liminar inibitório de turbação da área constituída na posse do autor,
com a cominação de multa diária para a hipótese de descumprimento da ordem
judicial.
c) Ao final, postula-se a procedência do pedido para convalidar a medida liminar
concedida, assegurando o autor de iminente turbação, além da determinação para
que a parte requerida se abstenha de criar novos obstáculos à livre utilização da
área pelo autor, sob pena de aplicação de multa, bem como ao pagamento das
custas e honorários advocatícios.
d) Conforme faculta o art. 319, VII, e 334 do CPC, o autor demonstra interesse na
realização da audiência de conciliação.
e) A produção de provas documentais, testemunhais e periciais, assim como outras
admitidas em direito que vierem a se fazer necessárias.
f) A concessão da gratuidade da justiça na forma do art. 98 do CPC.
ROL DE TESTEMUNHAS
...
Dá-se a causa o valor de R$ ..., fulcro no artigo 292, III e VI, do CPC.
Nesses termos,
Pede deferimento.