Você está na página 1de 6

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE

PATOS DE MINAS- UNIPAM

CURSO DE DIREITO – 5º PERÍODO DIURNO

DISCIPLINA: TÓPICOS INTEGRADORES I

PROFESSOR ESP. ITAMAR JOSÉ FERNANDES

ALUNA: IZABELLA SANT’ANNA BORGES

 ATIVIDADE: RESUMO AÇÕES POSSESSÓRIAS

Como principal efeito da posse conferido ao possuidor, a proteção é


realizada através da legítima defesa e pelo desforço imediato no caso de
autotutela/defesa direta e pelas ações possessória no caso de heterotutela.
O art. 1.210 preceitua em seu caput o direito a ações (proteção ao possuidor)
que visam manter a posse ao possuidor no caso de turbação (manutenção de posse),
restituir no caso de esbulho (reintegração de posse) e lhe assegurar no caso de violência
iminente (interdito proibitório). Vale aqui conceituar de forma sucinta o esbulho e a
turbação, que será melhor explicado dentro das devidas ações:

a) Esbulho: é a perda do poder de fato sobre o bem


b) Turbação: é o ato que embaraça o livre exercício da posse sobre o bem.

AS AÇÕES POSSESÓRIAS EM SENTIDO ESTRITO

A) REINTEGRAÇÃO DE POSSE:
A reintegração de posse é utilizada para restituir da posse aquele indivíduo
que a tenha perdido por ato de esbulho, ou seja, foi privado do poder físico sobre a
coisa) Esta ação tem por finalidade repor ao possuidor o status quo ante ao ato de
exclusão da posse (recuperar o poder fático sobre a coisa). Para que essa ação seja
utilizada é necessário que a agressão provoque a perda de controle e atuação material no
bem antes possuído.
O esbulho pode ser parcial ou total, bastando que o possuidor perca
qualquer parcela de seu poder de fato sobre a coisa, mesmo que pequena se comparada a
fração total do bem. Vale frisar que o esbulho pode ocorrer por qualquer vício objetivo
elencado no art. 1.200, CC (violência, precariedade e clandestinidade).
Para que ocorra o esbulho é necessário que o possuidor demonstre a
atualidade da posse no momento da agressão sob pena de falta de interesse processual
ao possuidor que não demonstre sua posse.

B) MANUTENÇÃO DE POSSE
A manutenção de posse é utilizada para interromper a prática dos atos de
turbação, ou seja, cessar a perturbação ou o severo incomodo no exercício da posse,
sendo que tal agressão não pode ser suficiente para excluir o possuidor do poder físico
sobre o bem. Essa agressão deve ser atual, concreta e efetiva, criando embaraços ao
exercício da posse e dificultando a atividade do possuidor. Essa ação visa obrigar o
causador da agressão a abster-se dos atos de turbação garantindo ao possuidor a
permanência do estado de fato de sua posse.
C) INTERDITO PROIBITÓRIO
O interdito proibitório é utilizado como uma defesa preventiva da posse que
visa impedir a consumação de uma ameaça iminente de atos de esbulho ou turbação. O
possuidor pleiteia a concessão de uma liminar que impeça o réu de concretizar a ameaça
de lesão a posse, com a cominação de uma pena pecuniária em caso de descumprimento
do preceito proibitório.

MANUTENÇÃ REINTEGRAÇÃO INTERDITO


O DE POSSEDE POSSE PROIBITÓRIO
AMEÇA Turbação Esbulho Ameaça de
Esbulho ou
turbação
FINALIDADE Cessar a Repor ao possuidor Defesa
perturbação ou o o status quo ante ao preventiva da
severo incomodo ato de exclusão da posse, antes da
no exercício da posse (recuperar o efetivação da
posse (OBS: tal poder fático sobre a ameaça
agressão não pode coisa)
excluir o poder
físico sobre o
bem)
ASPECTOS PROCESSUAIS DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS (ARTS. 554 A 568,
CPC)

A) ASPECTOS GERAIS
O art. 554, CPC, dispõe acerca do princípio da fungibilidade das ações
possessórias em sentido estrito, ou seja, se uma ação possessória for proposta, mas essa
não se adeque ao caso, o juiz conhecerá o pedido, mas determinará a expedição do
mandado adequado aos requisitos provados.
O art. 555, CPC, permite a cumulação de pedidos de ações possessórias
que é facultativa e pode ocorrer sem prejuízo do rito especial. A cumulação ocorre
entre: condenação em perdas e danos, indenização dos frutos, podendo requerer ainda
medida que evite nova turbação ou esbulho e que cumpra a tutela provisória ou final.
O art. 556, CPC, garante às ações possessórias um caráter dúplice, uma vez
que não há necessidade que haja um pedido reconvencional caso o réu se julgue
ofendido em sua posse, formulando na própria contestação os pedidos que tiver contra o
autor.
O art. 557, CPC, veda a discussão de domínio no âmbito de discussão das
ações possessórias quando houver identidade das partes em ambas ações, sendo
permitida apenas quando a ação de reconhecimento de domínio for intentada em face de
terceira pessoa.
O art. 558, CPC, estabelece um procedimento especial que prevê medida
liminar se a ação for intentada dentro de ano e dia da turbação ou esbulho, passado esse
prazo a ação será comum, mas não perderá o caráter possessório.
O art. 559, CPC, prescreve que no caso de concessão de liminar
reintegrando ou mantendo a posse ao autor da ação, se o réu provar que aquele não
possui idoneidade financeira no caso de sucumbência para responder por perdas e
danos, o juiz poderá designar que o autor requeira caução (real ou fidejussória) no prazo
de 5 dias, sob pena de depositar-se a coisa litigiosa.

B) MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO DE POSSE


Ambas as ações são tratadas em uma única seção do CPC pois apresentam
características e requisitos semelhantes, sendo diferenciadas apenas pela ofensa que
fundamenta cada ação, a manutenção ocorre quando há turbação e a reintegração
quando há esbulho (art. 560, CPC)
O art. 561, CPC, dispõe alguns pressupostos os quais o réu deve provar:
I- Quanto a posse, por ser um pressuposto fundamental a tutela possessória,
deve-se provar se o autor detém posse sobre o bem e se o direito violado é suscetível de
posse, sob pena de rejeição in limine.
II- Quanto a turbação ou do esbulho, o autor deverá descrever quais fatos
estão molestando (turbação) ou cerceando o exercício da posse (esbulho).
III- Quanto a data da ofensa a posse essa se dá para a estipulação do
procedimento a ser adotado, uma vez que para que seja possível o pedido liminar deve-
se provar que a turbação ou o esbulho ocorreu há menos de ano e dia da data do
ajuizamento (decadência).
IV- Por fim, quando a continuação ou perda da posse o autor deve
provar na ação de manutenção sua posse atual que mesmo sendo molestado pelo réu
ainda a mantém. No caso de perda, deve provar que perdeu a posse para o réu para
ajuizar ação de reintegração de posse.
O procedimento especial é regulado pelos arts. 555, 561 e 562, CPC e deve
conter todos os requisitos enumerados no art. 319, CPC, do procedimento comum, por
força do art. 566, CPC para que se possibilite prestar a tutela jurisdicional postulada. O
objeto da ação deve ser perfeitamente individualizado e delimitado, as partes devem ser
identificadas com precisão, dentre outros.
Estando os requisitos preenchidos, o art. 562, CPC autoriza a concessão de
medida liminar de manutenção ou reintegração de posse, sem que seja ouvido o réu.
Convencido o juiz, da suficiência da justificação, após a apreciação da prova pelo
critério da persuasão racional, este deverá ordenar a imediata expedição do mandado
liminar (art. 563, CPC). Por outro lado, a ausência destes requisitos implica a
denegação do mandado liminar e não a extinção do processo.
Vale ressaltar que quando a pessoas jurídicas de direito público figurarem o
polo passivo da demanda essa medida liminar não será concedida sem oitiva dos
representantes judiciais. Há doutrinadores, como Cássio Scarpinella Bueno, que
entendem que essa diferença entre as demais pessoas figuraria como norma
flagrantemente inconstitucional, uma vez que viola a isonomia que deveria existir nas
relações dos particulares e das pessoas de direito público (vetor da administração
pública). Não se pode presumir que as pessoas de direito público não turbem ou não
esbulhem posse dos particulares, sendo assim, a doutrina e a jurisprudência
desenvolveram a desapropriação indireta.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. Construção de uma escada
hidráulica em terreno particular - Legítimo interesse do
proprietário em receber indenização - Ocupação da área pela
Municipalidade - Comprovação - Honorários advocatícios
modificados - Recurso parcialmente provido. (TJ-SP - APL:
994090291468 SP, Relator: Peiretti de Godoy, Data de Julgamento:
03/03/2010, 13ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
23/03/2010)

O art. 564, CPC, preceitua que após a decisão que concede ou não a
medida liminar o autor deve promover nos 5 dias subsequentes a citação do réu para que
ofereça a contestação sob pena de perda da eficácia da liminar. No caso de realizada
justificação prévia com citação do réu o prazo para contestar se inicia da intimação da
decisão que deferir ou não a medida liminar.
O art. 565, CPC, regulamenta a hipótese de litígio coletivo de posse de
bem imóvel. No caso em que a turbação ou esbulho tenha ocorrido há mais de ano e dia
na afirmação da petição inicial, o juiz deverá antes de apreciar a medida liminar,
designar audiência de mediação a se realizar em até 30 dias. O MP e a Defensoria
Pública sempre que houver parte beneficiária da gratuidade da justiça deverão ser
intimados a comparecer na audiência de mediação. É faculdade do juiz intimar os
órgãos públicos responsáveis pela política urbana ou agrária onde se situe a área objeto
do litígio para que se manifestem a cerca do seu interesse no processo e sobre existência
de possibilidade de solução de conflito possessório.
Vale ressaltar que a audiência de mediação deverá ser realizada se não for
executada a liminar no prazo de 1 ano da data de distribuição. O juiz poderá comparecer
à área do objeto do litígio se for necessária à sua presença a efetivação da tutela
jurisdicional.

C) INTERDITO PROIBITÓRIO
A ação de interdito proibitório segundo o art. 567, CPC, pressupõe três
requisitos:
a) Posse atual do autor: a posse pode ser direta ou indireta
b) Ameaça de turbação ou esbulho por parte do réu
c) Justo receio de que seja concretizada a ameaça: temor justificado,
embasado em fatos exteriores, dados objetivos.
Por fim o art. 568, CPC, dispõe que são aplicadas a essa ação o disposto
quanto a manutenção de posse e reintegração de posse.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 13.ed.


Salvador: Editora JUSPODIVM, 2017.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Coisas. 12.ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

Você também pode gostar