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AÇÕES POSSESSÓRIAS

Artigos 554 à 568 do CPC.

Para entender sobre ações possessórias é necessário entender a diferença entre


posse e domínio de propriedade.

Posse: é o exercício fático de alguns dos poderes decorrentes do domínio, quais


sejam: usar, fruir ou gozar, dispor e reivindicar ou reaver.

Domínio: a própria relação de propriedade que se exerce sobre o bem imóvel,


garantindo o exercício desse direito de propriedade de modo efetivo, podendo
ser oposto contra qualquer reivindicação de terceiros ou dúvida quanto à
legitimidade do ato de aquisição.

Conceito:

As ações possessórias, também conhecidas como interditos possessórios, estão


previstas no Código de Processo Civil e são cabíveis quando há necessidade de
proteção de um bem, seja ele móvel ou imóvel. Existem três tipos de ilicitudes
para que se mova ações possessórias: esbulho, turbação e ameaça.
● Esbulho:
O esbulho consiste na privação total da posse do bem, ou seja, o
possuidor perde todo o contato com a coisa esbulhada.
● Turbação:
A turbação é como se fosse um esbulho em menor grau. O possuidor
perde somente parte da posse do bem e não perde totalmente o contato
com a coisa.
● Ameaça:
A ameaça é a iminência de esbulho ou de turbação. Não é uma lesão
concretizada à posse, mas é um receio justificado de ter o direito de posse
violado(Manifestantes se reúnem na entrada da sua propriedade e
ameaçam invadir e tomar o imóvel). Para cada tipo de lesão há a
possibilidade de uma ação judicial(ações possessórias)que proteja o
direito e a coisa.
1.2 Dos tipos de ações possessórias:

Existem três maneiras de proteger a posse, previstas no Novo Código de


Processo Civil. Logo, são três os principais tipos de ação possessória, que
podem se desmembrar em outros, de acordo com cada caso. São elas: interdito
proibitório, manutenção da posse e reintegração de posse.

1.3 Da natureza jurídica das ações possessórias:

As ações possessórias possuem natureza dúplice. Isso significa que esta


natureza permite que o réu demande também proteção em face do autor, na
própria contestação, não sendo necessária outra ação, nem mesmo
reconvenção.

● Interdito proibitório(art. 567 e na Seção II do Capítulo das


Ações Possessórias do CPC):
Para casos de Ameaça, é um instituto preventivo, ou seja, usado para
proteger a posse que esteja na iminência ou sob ameaça de ser
molestada. Por exemplo, é cabível contra manifestantes reunidos na
entrada de um prédio público, que ameaçam invadir o local.

Quem tem legitimidade:


Legitimidade ativa é de quem sofreu a lesão possessória(aquele que
detém a posse). Já a legitimidade passiva é daquele que provocou a
lesão(aquele que ameaça tomar a posse para si ou outrem)

É necessário demonstrar a data em que ocorreu a ameaça de esbulho ou


turbação e o justo receio de vir a ser efetivada tal ameaça. Na petição
inicial pode-se pedir, liminarmente(tutela antecipada), que a posse seja
protegida.

O valor da causa nas ações de interdito proibitório é equivalente ao valor


do bem, que pode ser definido pelo IPTU/”valor venal”. Cabe ressaltar
que, se houver cumulação de pedidos (danos morais, lucros cessantes,
etc) deve-se incluir no valor da causa, conforme art. 292 VI CPC
● Manutenção da posse:
Em casos de turbação,pretende tutelar a posse e é cabível quando o
possuidor fica impossibilitado de exercer a posse tranquilamente, em
razão de ato de outrem. Exemplificando, a manutenção da posse pode
ocorrer quando há o uso indevido da calçada ou do estacionamento
privativo, ou seja, não há uso indevido de todo o imóvel, apenas de parte
dele(exemplos: calçada ou estacionamento).

● Reintegração de posse:
A reintegração de posse é a medida necessária quando há esbulho, ou
seja, quando a posse é totalmente molestada, injustamente, por meio de
violência, clandestinidade ou precariedade. Trata-se de uma ação para
recuperar a posse perdida. Um exemplo comum é ajuizar a ação de
reintegração de posse contra a pessoa que invadiu as terras de outra e
cercou-as, de forma que o proprietário ficou impossibilitado de acessar o
local.

Esquema de ilicitudes e as ações equivalentes para cada um deles:

Ilícito Ação Possessória


Esbulho Reintegração de posse

Turbação Manutenção de posse

Interdito proibitório
Ameaça (Permite Tutela
Antecipada de Urgên.)

1.4 Princípio da fungibilidade:

Nas ações possessórias, aplica-se o princípio da fungibilidade, que consiste na


admissão de uma ação por outra que seria cabível, na hipótese de existir
erro ou dúvida objetiva sobre a modalidade adequada.
Ou seja, se, no caso concreto, for cabível a ação de interdito proibitório, mas
por erro ou dúvida for ajuizada a ação de manutenção de posse, o juiz
poderá dar andamento na ação, desde que haja os requisitos e
comprovação suficientes à outra, garantindo assim a proteção necessária à
posse.

1.5 Da Cumulação de pedidos:

O Código de Processo Civil prevê, ainda, no Art. 555, a cumulação de


pedidos na ação possessória. Ou seja, o possuidor pode ainda requerer:

Condenação em perdas e danos(dano moral e/ou dano material);

Indenização pelos frutos que eventualmente deixou de receber(lucros


cessantes) e;

Imposição de multa ou medida necessária a fim de evitar nova turbação ou


esbulho e até que seja cumprida a tutela da posse(restrições judiciais ou/e
multa onerosa diária).

1.6 Da competência em ações possessórias (imobiliárias e coisas


móveis):

Sobre a ação possessória imobiliária, é importante ressaltar que: ela deve ser
proposta no foro de situação da coisa e já é pacificado na jurisprudência
que se trata de competência absoluta.
Ou seja, O proprietário reside em Jaboatão, seu imóvel ameaçado é
localizado em Abreu e Lima e o réu reside e é domiciliado em Casa
Amarela. Nesse caso, a ação possessória será julgada no foro de situação da
coisa(o imóvel), em Abreu e Lima.

Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o
foro de situação da coisa. (…)

§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa,


cujo juízo tem competência absoluta.”
Nos demais tipos de ações possessórias, como são ações de natureza pessoal,
poderiam ser propostas no foro do domicílio do Réu, segundo o art. 94 do
CPC. No entanto, o art. 95, também do CPC, atrai a competência territorial,
devendo as ações possessórias serem propostas no foro da situação da coisa.

Competência para julgar ações possessórias:

Via de regra, tais ações devem ser ajuizadas na Justiça Comum Estadual,
MAS o Juizado Especial poderá processar e julgar as ações cujo VALOR
DA CAUSA FOR IGUAL OU INFERIOR A 40 SALÁRIOS MÍNIMOS.

Retirados da revisão:

Ações possessórias diretas:

Interdito proibitório;
Manutenção de posse; e
Reintegração de posse.

Ações possessórias indiretas:


Ação reivindicatória: Recupera a posse com base no domínio.
Ação de imissão na posse: Primeira vez que terei a posse.

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