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A diferença entre posse e propriedade

Posse e propriedade muitas vezes são confundidas como sendo a mesma coisa, mas não são. O proprietário de um

bem pode ou não exercer sua a posse sobre ele, havendo a possibilidade, inclusive, de alguém ser proprietário de uma

casa, um apartamento, um terreno, ou qualquer outro imóvel, sem nunca ter operado qualquer posse sobre ele.

O proprietário é aquele que tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, bem como o direito de a recuperar das

mãos de quem injustamente a possua ou detenha.

Já a posse é o poder de fato sobre a coisa, o qual não decorre, necessariamente, da propriedade. A posse é, então,

exercida pelo possuidor de um imóvel, por aquele que na prática ocupa, mantém, ou utiliza o bem para algum fim.

Fica fácil perceber que o uso do imóvel é uma faculdade do proprietário, ou seja, algo que ele pode optar por

empreender ou não. O fato é que nem sempre o proprietário e o possuidor são a mesma pessoa.

Essa diferenciação é muito importante para se saber o que pode ser feito no momento de uma invasão injusta de um

imóvel.

Você pode repelir o invasor utilizando os meios disponíveis para isso

Pouca gente tem conhecimento disso, mas, diante de uma tentativa de invasão em um imóvel, o possuidor pode

utilizar seus próprios meios para ser mantido no bem. Assim, perante uma invasão ou uma ameaça de invasão, quem

tem a posse do imóvel pode repelir o invasor com os meios que estiverem ao seu alcance para isso.

A Lei exige apenas que, para exercer o chamado “desforço imediato”, a pessoa tenha de fato a posse do bem e aja de

maneira imediata, bem como com reação moderada, proporcional à investida sofrida, utilizando-se apenas da força

necessária para repelir o agressor, sem excessos.

É interessante que o conceito uma “ação imediata” pode variar conforme cada caso. Não se espera, por exemplo, que

uma invasão a uma casa de veraneio, distante vários quilômetros da residência principal de seu possuidor, seja

repelida na mesma velocidade à agressão a um imóvel localizado na mesma rua em que seu possuidor reside, mas em

outro imóvel, por exemplo.

É possível pedir a ajuda de terceiros e até mesmo auxílio policial nesses casos, desde que a ação de repelir o invasor

seja proporcional a de invadir o imóvel.

Você pode ingressar com uma ação possessória


As ações possessórias são procedimentos judiciais que visam a defender de maneira mais célere aqueles que
exercem ou exerceram posse sobre um determinado imóvel. Há ações possessórias para os casos de ocupação ou
tentativa de invasão de um bem.

A exigência principal para se ingressar com uma ação possessória é a obrigação do autor demonstrar que antes da
invasão ou da sua tentativa, concretizou a posse sobre o bem de algum modo.

Isso mesmo, as ações possessórias não são para meros proprietários de imóveis, mas para aqueles que, na prática,
desempenham ou desempenharam a posse sobre o bem. É importante dizer que a posse não exige contato físico
com o imóvel, bastando que ele esteja sob o poder socioeconômico do possuidor.

Assim, desempenha posse aquele que aluga, arrenda ou explora a coisa de algum modo.

As ações possessórias são a ação de manutenção da posse e a ação de reintegração da posse. A principal diferença
entre as duas é se a tentativa de invasão do bem teve ou não teve sucesso.

Se o intruso está apenas tentando ocupar o bem, estando o possuidor legítimo ainda na posse, nós temos a
hipótese de se apresentar a ação de manutenção da posse, na qual o autor busca justamente ser mantido no
imóvel.

Já se o atacante conseguiu tomar posse do imóvel, a ação correta é a ação de reintegração da posse.

Se a ação errada for proposta, porém, o juiz não pode extinguir o processo sem analisar o pedido do autor. Isso
acontece porque as ações possessórias são fungíveis, ou seja, uma pode se transformar na outra sem maiores
problemas para quem iniciou o processo.

Você pode ingressar com uma ação reivindicatória

As “ações de domínio” são as em que o proprietário do imóvel busca retirá-lo da posse injusta promovida por
alguém. A posse injusta é aquela que não tem amparo jurídico, ou seja, aquela a qual o possuidor não tem qualquer
autorização para exercer.

Esse tipo de ação é a ideal para o proprietário que, nunca tendo concretizado a posse sobre um imóvel, necessite
ingressar com uma ação para obter o direito de gozar, fruir e dispor do seu bem, que esteja em posse de outro.

O Supremo Tribunal Federal já decidiu de maneira reiterada que a posse, em casos como esses, deve ser deferida a
quem, evidentemente, for o proprietário. Aqui é importante lembrar dos riscos de um contrato de gaveta nos casos
de compra e venda de imóveis, recomendado-se sempre que o bem seja devidamente registrado no cartório.

O tipo mais comum de ações de domínio, ou seja, daquelas que tem a propriedade como plano de fundo, é a
chamada ação reivindicatória. Essa ação é movida pelo proprietário sem posse contra o possuidor que não é
proprietário.
É importante dizer que essa ação não é cabível nos casos de locação, já que a ação de despejo é a ideal para retirar
um locatário que passou a desempenhar posse injusta sobre um imóvel.

É importante dizer que não se admite que um proprietário sem posse ingresse com uma das ações possessórias
tratadas no tópico anterior, já que o exercício da posse é condição para o ingresso das ações possessórias.

Para o ingresso da ação reivindicatória, portanto, o autor deve demonstrar apenas que é o proprietário do imóvel,
além de individualizar o bem e demonstrar que o réu está exercendo a posse de maneira injusta, requerendo a
concessão da posse do bem.

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