Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Elencados entre os artigos 539 e 770, são procedimentos especiais aqueles que
aparecem em leis específicas, reguladoras do direito material em questão. Em
ações de família, por exemplo, deve ser considerada a Lei de Alimentos; em
ações possessórias, a Lei de Locações, e assim por diante. São procedimentos
especiais:
Em um caso de divórcio, por exemplo, em que uma das pessoas está pedindo
pensão alimentícia, esse procedimento sofre interferência da Lei de Alimentos
(Lei 5.478/68), de forma que tanto o pedido quanto a cobrança não podem ser
regidos apenas pela norma aplicada aos procedimentos comuns.
Uma vez que o direito processual deve servir ao direito material, isto é, garantir
a tutela do direito justamente buscado no processo, a existência de
peculiaridades de determinadas matérias (como a do divórcio) dificulta – ou até
mesmo impossibilita – que o processo delas seja idêntico ao dos procedimentos
comuns.
Dentro dos Procedimentos Especiais, temos ainda duas classificações, que são
os procedimentos fungíveis e infungíveis.
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade.
Tal classificação é aplicada analogamente aos processos.
Dependendo do caso, se a pessoa requerente (que poderia ajuizar uma ação
especial por conta da particularidade de sua situação) quiser, ela não precisa
ajuizar uma das ações elencadas nos procedimentos especiais, ainda que estes
tenham sido regulamentados para facilitar o decorrer da fase de conhecimento
em casos específicos. Nos procedimentos fungíveis, então, pode-se optar por
dar seguimento ao procedimento comum.
PROPRIEDADE
POSSE
A posse não está configurada como direito pela legislação brasileira. Não é um
direito real! É uma situação de fato que possui proteção jurídica, conforme
explicado pelo próprio Código Civil:
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse
contra o indireto.
Ainda, devemos destacar que o possuidor pode, ou não, ser a mesma pessoa
que o proprietário. Quer-se dizer que é plenamente possível deter a
propriedade sobre a coisa sem deter-lhe, no entanto, a posse.
Digamos que posse é ter a coisa em mãos; coisa essa que pode ser propriedade
alheia.
DETENÇÃO
PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE
PROTEÇÃO DA DETENÇÃO
Uma vez que o conceito de detenção justamente refere-se à pessoa que exerce
a posse do bem em nome ou a mando de terceiro, não há procedimento
judicial específico para a proteção deste instituto, por isso significaria ter direito
a proteger a posse contra o verdadeiro proprietário da coisa.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio
de ser molestado.
PROTEÇÃO DA POSSE
O nome dado às ações que têm a posse como causa de pedir é de Ação
Possessória e, nestas ações, tanto a causa de pedir quanto o pedido em si são
relacionados à posse demandada no processo.
Para separar bem tais institutos, é vedada a exceção de domínio, o que significa
dizer que, em ações nas quais o que está sendo discutido é a posse, não é
possível apresentar defesa alegando propriedade.
Inclusive, existem não uma, mas duas Súmulas versando sobre o assunto, a 228
do STJ e a 415 do STF. Respectivamente, em seus termos:
Súmula 415 STF. "Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente,
sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente,
conferindo direito à proteção possessória"
Nesse caso, mesmo que a servidão de passagem não seja registrada nos moldes
do Art. 1.378 do Código Civil, ela configura um direito mais palpável.
Considerando que a servidão de passagem é o direito de passar por uma
propriedade de outra pessoa, é como se quem tem o direito à servidão tivesse a
posse do caminho, podendo portanto reivindicá-la judicialmente.
Espécies
As Ações Possessórias, aquelas cuja causa de pedir e pedido são relacionados à
posse cuja proteção se pretende, podem ser majoritariamente três: Ação de
Reintegração de Posse, a Ação de Manutenção de Posse e a Ação de Interdito
Proibitório.
Contra a turbação, como acabamos de ver no artigo 560 do NCPC, cabe Ação
de Manutenção de Posse. Prevista no mesmo artigo da Reintegração de Posse,
a Manutenção é proposta quando a posse não foi perdida, mas o possuidor não
está conseguindo exercê-la plenamente. Em outras palavras, a turbação decorre
da prática de atos abusivos que podem afrontar a posse, impedindo seu livre
exercício, ainda que não cause o efeito de sua perda efetiva.
INTERDITO PROIBITÓRIO
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou
esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu
determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
Nesse caso, o Juízo ainda pode estabelecer que a pessoa ameaçando a posse
ou seu exercício tenha que pagar uma multa, incidente durante todo o período
em que ameaça durar.
Art. 554 A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a
que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente
àquela cujos pressupostos estejam provados.
Entretanto, firmemos que as ações possessórias são fungíveis apenas entre si.
Isto é, a Ação de Reintegração de Posse pode ser substituída apenas pela de
Manutenção da Posse ou pelo Interdito Proibitório, mas não por ações de
procedimento comum.
Agora, veremos quem possui a legitimidade ativa e passiva nas ações possessórias.
LEGITIMIDADE ATIVA
As ações possessórias são aquelas que visam à proteção da posse e de seu exercício,
portanto, quem terá a legitimidade ativa para propor qualquer das ações possessórias é
quem está com sua posse tomada, perturbada ou ameaçada. Logo, quem proporá a ação
é o possuidor direto ou o possuidor indireto.
Diferenciemos tais possuidores. O direto é aquele que tem a posse efetiva, ou seja, que
está em contato de fato com a coisa. O possuidor indireto, por sua vez, seria aquele que
tem o direito de exercer a posse sobre a coisa, mas que não o está fazendo no momento.
Esse é o proprietário. Ele, apesar de não estar em contato de fato com a coisa, tem sua
posse indireta por ter direito de demandá-la.
Por mais loucura que possa parecer, uma vez que as ações possessórias são usadas
justamente para combater esbulho, turbação ou ameaça à posse, também é possível que
o esbulhador (quem pratica esbulho) ou o turbador (quem pratica a turbação) tenham a
legitimidade ativa. Em outras palavras, o esbulhador e o turbador também podem
ajuizar ações possessórias contra outros esbulhadores ou turbadores.
Isso ocorre por causa do princípio constitucional de função social da propriedade, que
consiste na ideia de que a propriedade privada cumpra função social. Assim, quem
adere função social à propriedade tem direito de defender a sua posse, ainda que esta
posse seja originalmente ilegítima. Para o legislador, antes posse injusta e produtiva,
cumpridora da função social, do que nenhuma posse ou posse sem função, mal
aproveitada socialmente.
Nestes casos, entretanto, atenção: o esbulhador ou turbador podem apenas defender sua
posse contra uma terceira pessoa que não seja o legítimo possuidor do bem. Em uma
ação possessória, quem ganharia a ação seria o possuidor legítimo da coisa.
LEGITIMIDADE PASSIVA
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados.
Ainda, para evitar que a citação por edital não surta os efeitos esperados, de fazer com
que os réus tomem ciência da ação possessória, o juiz também determinará ampla
publicidade, a fim de tentar garantir que as pessoas que precisem tomem ciência do
processo judicial em andamento.
CONTAGEM DO TEMPO
Uma vez que o único critério para que seja determinada a ação como de força
nova ou de força velha é o tempo transcorrido desde o impedimento ao pleno
exercício da posse, é essencial entender como se dá essa contagem de tempo.
Até porque a ação ser de força nova ou força velha possui consequências
práticas no decorrer da ação possessória.
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Ou seja, em ações de força nova, o legítimo possuidor pode ser reintegrado ou
mantido em sua posse antes mesmo de o Réu ter a oportunidade de oferecer
sua defesa. Justamente por esse motivo que o autor da ação possessória
sempre busca provar que se trata de ação de força nova, pois está é
evidentemente mais vantajosa para fins de processo.
Já nas ações de força velha, aquelas em que o tempo transcorrido entre a
conduta que impede o pleno exercício da posse o ajuizamento da ação
possessória é considerada antiga (superior a um ano e dia), devem ser regidas
pelo procedimento comum, sem a concessão de medida liminar apenas com
base na inicial.
INTERDITO PROIBITÓRIO
PETIÇÃO INICIAL
A petição Inicial das ações possessórias de força nova devem seguir, além dos
requisitos do art. 319 do Código de Processo Civil, os do art. 561 do mesmo
diploma legal, que são, respectivamente:
V - o valor da causa;
I - a sua posse;
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
CONTESTAÇÃO
Assim, o Réu já irá apresentar sua Contestação e, em sua peça defensiva, poderá
alegar que é o Autor da ação quem está cometendo esbulho, turbação ou
ameaça. Nos termos do art. 556 do Código de Processo Civil:
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua
posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Ademais, será possível alegar as matérias já permitidas aos procedimentos
comuns. Por exemplo, em vez de tentar inverter as alegações feitas na inicial, o
Réu pode tentar provar que se trata de ação de força velha, para que não seja
possível a concessão de liminar.
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se
fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.