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NOÇÕES RELEVANTES DE DIREITO DAS COISAS

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3

2. DA POSSE .......................................................................................... 4

2.1 Teorias da Posse ........................................................................ 4

2.2 Tipos da Posse ........................................................................... 5

2.3 Da posse e sua classificação...................................................... 6

2.4 Dos efeitos da Posse .................................................................. 8

2.5 Das Modalidades de Perda da Posse....................................... 12

3. DOS DIREITOS REAIS ..................................................................... 13

3.1 Da Propriedade......................................................................... 14

3.2 Da Aquisição da Propriedade ................................................... 16

4. DO CONDOMÍNIO GERAL ................................................................ 21

4.1 Dos Direitos e Deveres dos Condôminos ................................. 21

5. DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL.................................. 25

6. DA PERDA DA PROPRIEDADE........................................................ 30

7. DA AQUISIÇÃO POR REGISTRO DO TÍTULO ................................ 32

7.1 Princípios relativos ao Registro de Imóveis .............................. 33

8. PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA ........................................................... 34

9. REFERÊNCIA .................................................................................... 38

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

Direito das coisas é o estudo do estado atual da propriedade. É o complexo de


normas que regulam as relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de
apropriação pelo homem, sejam elas móveis ou imóveis. O Direito das Coisas é
também chamado por alguns autores de Direito Reais. Para iniciarmos o estudo
vamos identificar as principais diferenças entre Direitos Pessoais e Direitos
Reais.

DIREITOS PESSOAIS DIREITOS REAIS


Estabelece na relação entre duas ou O sujeito passivo poderá ser qualquer
mais pessoas determinadas. pessoa que atinja o direito de
propriedade.
Inter partes é ilimitado. A ação é contra quem detiver a coisa,
sendo oponível erga omnes.
É um direito finito pelo cumprimento É um direito infinito.
da obrigação ou prescrição.
Foca nas relações humanas. O titular da coisa goza do direito.
Refere-se à relação pessoal. Refere-se à relação do homem com o
objeto.

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2. DA POSSE

A Posse não é um direito, é a visibilidade ou aparência de propriedade,


independentemente de sua existência. Ou ainda, é uma situação de fato, que
gera efeitos jurídicos (legítima defesa da posse, ação possessória, indenização
em matéria possessória e usucapião). Possuidor é todo aquele que tem de fato
o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade.

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

São três os elementos da propriedade:

USO: tirar o serviço da coisa sem alterar a substância;

GOZO: fazer a coisa frutiferar, jus fruiendi;

DISPOR: dar a coisa o que o proprietário quer.

Por exemplo: nos casos de aluguel o inquilino está usando, enquanto o dono
está gozando do fruto da casa.

2.1 Teorias da Posse

Teoria Subjetiva de Savigny: para existir a posse é preciso ter o corpo da coisa
e a intenção de ser o dono, cuidar como se fosse seu. Tendo como elementos
da posse a figura material da coisa + a figura evolutiva de cuidar da coisa,
elemento da vontade;

Teoria Objetiva de Ihering: a posse é a exteriorização do domínio ou a


visibilidade do domínio;

Desta forma, corpus é a coisa, a matéria; em contrapartida a animus que é à


vontade, a intenção; percebe-se então que nem sempre ter a posse do bem
requer necessariamente à vontade de tê-lo para si.

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Enquanto que para Savigny é necessária retenção física do bem somada à
vontade (proprietário) de ter para si para se ter a posse; Ihering mostra que esta
relação é um comportamento (de proprietário), em face do valor econômico do
bem para se ter a posse; simplificando a relação de dependência entre a coisa
e o possuidor.

A Teoria de Ihering é a que mais se assemelha com o Código Civil Brasileiro.

2.2 Tipos da Posse

1. Posse Plena Direta: A posse plena é quando alguém é o que está com ela;
Direta é quando a pessoa detém materialmente a coisa, mas não é o dono;

2. Posse Plena Indireta: o possuidor indireto que cede o uso do bem ao


possuidor direto detém a posse, mas não está materialmente com a coisa;

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra
o indireto.

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

3. Posse Justa: é quando não tem os vícios da posse, quando não ocorre a
posse de forma: violenta, a que se adquire pela força física ou violência moral;
clandestina, que se estabelece às ocultas daquele que tem interesse; e
precariedade, por se originar do abuso de confiança por parte de quem devia
restituí-la;

4. Posse Injusta: é aquela que se reveste de algum dos vícios acima apontados;

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo


que impede a aquisição da coisa.

5. Posse de Boa-fé: quando o possuidor está convicto de que a coisa realmente


lhe pertence

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6. Posse de Má-fé: o possuidor tem ciência da ilegitimidade de seu direito de
posse;

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento
em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui
indevidamente.

7. Posse Nova: quando tiver a duração de até um ano e dia;

8. Posse Velha: quando a posse tiver com mais de ano e dia;

9. Posse Originária: quando o possuidor adquire por ato unilateral, sem que
ninguém lhe transmita a posse, Usucapião. Pode está de Boa ou de Má-fé;

10. Posse Derivada: aquela que alguém adquire por que houve uma
transmissão da posse. Existe o transmitente e o adquirente, decorrente do
contrato.

2.3 Da posse e sua classificação

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de


dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções suas.

Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve


este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que
prove o contrário.

A detenção surge de mera relação de dependência para com outro, de quem


recebe ordens e instruções; Ex. caseiro, motorista de ônibus ou táxi que dirigi
veiculo de frota.

Diante daquele que cumpre as ordens há uma presunção de detenção, mas que
cabe prova ao contrário (júris tantum), a prova em questão seria de que o
detentor tivesse adquirido o bem do seu empregador;

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Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma
exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros
compossuidores.

A posse admite diversos possuidores do bem é a Composse, quando uma coisa


está na posse concomitantemente por mais de uma pessoa;

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

A posse Justa é a que não tem vícios, é a inexistência de violência,


clandestinidade ou precariedade;

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo


que impede a aquisição da coisa.

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé,
salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta
presunção.

O possuidor não sabe do vício na aquisição do bem e age de boa-fé

O possuidor com justo título age motivado pela boa-fé, essa é uma presunção
do fato, mas se provado ao contrário indicará que o possuidor está agindo de
má-fé ou quando a lei não admitir esta presunção;

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento
em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui
indevidamente.

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo


caráter com que foi adquirida.

Se uma posse injusta for transferida para outrem, ela permanecerá sendo injusta.
Assim ocorrem nas demais classificações de posse;

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2.4 Dos efeitos da Posse

Arts. 1210 a 1222

São as consequências jurídicas que emanam contra o possuidor. São vários os


efeitos, tais como: percepção dos frutos, direito de retenção por benfeitorias,
responsabilidades pela deterioração, usucapião, entre outros.

1º Efeito meios de defesa de posse: Um dos efeitos é a proteção possessória,

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio
de ser molestado.

§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por


sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço,
não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de


propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Turbação – que impede o livre exercício da posse continua com a posse, mas
não está de maneira serena;

Esbulho – perda da posse;

No caso de Turbação pode se valer da ação de manutenção da posse; e no caso


de esbulho se vale da ação de reintegração de posse;

Meio Direto de defesa corresponde a Autotutela, o possuidor defende a posse


com as próprias forças (legítima defesa – esforço físico); permite o desforço
imediato para o possuidor esbulhado e a legitima defesa para o possuidor
turbado;

Não confundir o direito de possuir, jus possidendi, com o direito da posse, jus
possessioni, o fato de ser proprietário não impede as ações possessórias;

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Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de
alguma das outras por modo vicioso.

A posse direta de boa-fé é a melhor posse. De acordo com o artigo estamos na


questão de composse, onde mais de uma pessoa está com a posse;

Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização,


contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.

Tem legitimidade o possuidor de pleitear contra terceiro, que recebeu a coisa


esbulhada, por danos sofridos e reintegração de posse, além daquele que foi
responsável pelo esbulho, legitimidade passiva;

2º Efeito: Direito aos frutos

Fruto é todo e qualquer rendimento que surge por força da natureza, pela
atividade da pessoa sobre a coisa e pela utilização da coisa pela pessoa;

Espécies de frutos:

Naturais – advêm pela força da natureza;

Industrial – fabricados, além da atividade da pessoa sobre a coisa;

Civis – aluguéis, juros, etc.

Frutos Pendentes são os que não foram destacados da sua origem, ex. bezerro
no útero; Frutos Percebidos são os que foram destacados da sua origem, ex. o
bezerro depois que nasceu.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem


ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem
ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.

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O possuidor de boa-fé é aquele que ignora o vício, e enquanto estiver de boa-fé
terá direito aos frutos percebidos.

Cessando a boa-fé tem o dever legal de restituir o bem e os acessórios;

O fruto colhido por antecipação à lei trata como má-fé e deverão ser restituídos.
Mas em observância ao Princípio que veda o enriquecimento sem causa, nos
dois casos devem ressarcir ao antigo possuidor o que foi gasto para colheita dos
frutos;

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo


que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e


percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o
momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e
custeio.

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da


coisa, a que não der causa.

O caso fortuito ou força maior só favorece o possuidor de boa-fé;

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa,


ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando
ela na posse do reivindicante.

3º Efeito: Direito às benfeitorias.

O Direito Brasileiro contempla três tipos:

Necessária: é imprescritível a coisa, tem a finalidade de impedir que a coisa se


deteriore ou pereça;

Úteis: facilita o serviço da coisa, torna a coisa mais produtiva;

Voluptuárias: torna a coisa mais confortável, é uma benfeitoria supérflua.

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Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas,
a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o
direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Possuidor de boa-fé tem direito a ser ressarcido pelas benfeitorias necessárias


e pelas úteis, tendo direito a retenção enquanto não for ressarcido. Enquanto as
voluptuárias se não comprometer o bem principal, existirá possibilidade de
levantá-las;

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao


ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.

A compensação se dar quando duas pessoas são credor e devedor


concomitantemente;

A evicção é a perda de um bem pelo adquirente, em consequência de


reivindicação feita pelo verdadeiro dono, e por cujo resguardo é responsável o
alienante, nos contratos bilaterais;

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de


má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor
de boa-fé indenizará pelo valor atual.

Tudo que pagar em dinheiro tem direito a correção monetária.

Possuidor de boa-fé receberá com uma avaliação atual do bem; Enquanto o de


má-fé receberá entre o valor atual e o valor de custo das benfeitorias.

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2.5 Das Modalidades de Perda da Posse

Arts. 1223 – 1224

1ª Modalidade pela Tradição: é a entrega da coisa, só adquire a coisa móvel


por ato entre vivos e pela tradição, art. 1226, CC. Nem toda tradição é
propriedade.

2ª Modalidade pelo Perecimento: perece o direito quando perece o objeto;

3ª Modalidade pelo Abandono: afasta o bem de si sem nenhuma formalidade.


Pode ser expresso ou tácito.

4ª Modalidade pelo Com Instituto Possessório: clausula Constitute/Ficta;


Quando alguém tem uma coisa em seu nome e passa a tê-la em nome de outro.

Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do


possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o


esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando
recuperá-la, é violentamente repelido.

Se não existir a confirmação da perda fática com o bem, existe a posse;

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3. DOS DIREITOS REAIS

Arts 1225-1227

Para Goffredo Telles Jr., os direitos reais são os direitos subjetivos de ter, como
seus, objetos materiais ou coisas corpóreas ou incorpóreas.

Art. 1.225. São direitos reais:

I - a propriedade;

II - a superfície;

III - as servidões;

IV - o usufruto;

V - o uso;

VI - a habitação;

VII - o direito do promitente comprador do imóvel;

VIII - o penhor;

IX - a hipoteca;

X - a anticrese.

XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;

XII - a concessão de direito real de uso.

Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou


transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos
entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis

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dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste
Código.

Uma das exceções o Usucapião, que se faz por sentença declaratória;

O Negócio Jurídico não é suficiente para transferir a propriedade, é necessária


a Tradição solene, com o Registro no CRI, Cartório de Registro de Imóveis.

3.1 Da Propriedade

Arts. 1228-1232

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o


direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.

§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas


finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas.

§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade,


ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por


necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição,
em caso de perigo público iminente.

§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado


consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de
interesse social e econômico relevante.

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§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida
ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do
imóvel em nome dos possuidores.

A propriedade é um direito real por excelência. Na propriedade tem o direito de


usar, gozar e dispor, sendo que propriedade é diferente de coisa;

Propriedade é um direito subjetivo (faculdade) que tem a pessoa de usar, gozar


e dispor do seu bem. Bem como de reaver de quem tiver injustamente detendo
ou possuindo aquele bem.

Direito de Sequela – acompanha a coisa onde a coisa estiver; - Direito de ação


– reivindicatória própria do proprietário que não tem posse contra o possuidor
que não tem a propriedade; Direito de propriedade – usar, gozar e dispor.

Características da Propriedade:

Absoluta: o proprietário pode usar e dispor do seu bem da maneira que lhe
aprouver, salvo as restrições impostas por lei ou interesse coletivo;

Perpétua: é um direito irrevogável. O direito de propriedade não deixa de existir


pelo fato de seu titular lançar mão do seu direito. Poderá ser revogado pela
usucapião com o desuso e o uso por parte de outrem;

Direito Exclusivo: uma coisa não pode pertencer simultaneamente a mais de


uma pessoa. * Em todo condomínio existe a fração ideal onde se identifica a
parte exclusiva.

Funções da propriedade:

Pessoal – a propriedade se destina a favorecer o individuo para que alcance seu


completo desenvolvimento;

Social – enquanto na função pessoal a propriedade é apenas um direito, na


função social além de direito é responsabilidade. Ex. o Estado tira um bem de
um indivíduo e distribui para a comunidade (desapropriação); Restrição de
natureza civil está em sintonia com a função social.

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A finalidade econômica não usar a propriedade com desperdício, ou seja, só usar
naquilo que lhe basta.

Uma espécie de Usucapião Coletivo indenizado por ocasião da ação


reivindicatória ou como modalidade de Desapropriação;

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo


correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo
o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma
altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais


recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos
arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.

Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos


minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a
transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.

Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.

Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando


separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem
a outrem.

3.2 Da Aquisição da Propriedade

Arts. 1238-1244

Da Usucapião

A Usucapião é a modalidade de aquisição de propriedade móvel e imóvel, que


se dar através de uma posse mansa, pacífica, sem contestação, sem interrupção
durante um determinado tempo.

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Espécies de Usucapião

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir
como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e
boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual
servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Este dispositivo trata Usucapião Extraordinária, dispensa o título e a boa-fé,


durante 15 anos;

Requisitos: - tempo (15 anos) e posse;

- Posse ad usucapione = mansa, pacífica, sem contestação e


interrupção;

A sentença serve para constituir um título aquisitivo de propriedade;

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o


possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele
realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Fica a pergunta: existe Usucapião Extraordinário diferente de 15 anos? A


resposta é Não. O prazo é de 15 anos, apenas será reduzido para 10 anos se o
possuidor:

I – Houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual;

II – Realizar obras ou serviços de caráter produtivo.

4.2 Usucapião Especiais

I. Rural/prolabore

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona
rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho
ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

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Não ser proprietário de imóvel urbano ou rural;

Possua com sua, por 5 anos sem interrupção e oposição;

Área de terra em zona rural não superior a 50 hectares;

Tornando a produtiva por seu trabalho ou de sua família;

Tendo nela sua moradia.

II. Urbano/Pro mísero

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e
cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à


mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao


mesmo possuidor mais de uma vez.

Pro missero/urbano;

Possuir como sua área urbana de até 250m²;

Por 5 anos ininterruptos e sem oposição;

Utilizando para sua moradia e de sua família.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m²
(duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-
cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

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§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais
de uma vez.

III. Habitacional/Pro Moradia.

Criado pela lei minha casa minha vida;

O prazo é de 2 anos sem interrupção e sem oposição;

Em imóvel urbano de até 250m²;

Para aquele cuja propriedade dividia com ex-cônjuge/companheira que


abandonou o lar;

Utilizando para sua moradia ou de sua família

Usucapião Especial: Arts. 1239, 1240 e 1240- A;

Pro moradia/habitacional – criado pela lei “Minha casa minha vida”

Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida,


mediante usucapião, a propriedade imóvel.

Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil
para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e


incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Usucapião Ordinária o justo título é um documento hábil e capaz de transferir


propriedade. Para o Usucapião houve a transferência de propriedade no justo
título, mas não é em conformidade com a lei. Ex. falta a discriminação do bem ,
não tem publicidade.

Para efeito de Usucapião, justo título embora não represente os requisitos legais
exigidos para transferência do imóvel nele existe identificada intenção de alguém
(dono do imóvel) de transferir aquele bem.

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Requisitos: posse, justo título, boa-fé, tempo de 10 anos;

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel
houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do
respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse
social e econômico.

Redução de prazo

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207),
contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com
justo título e de boa-fé.

Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das


causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também
se aplicam à usucapião.

Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e
incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a
propriedade.

Usucapião Ordinária;

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados,
ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos
ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas
coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro
imóvel urbano ou rural.

Usucapião Coletivo. Art. 10 da Lei 10257/01 – Estatuto da cidade.

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4. DO CONDOMÍNIO GERAL

Arts. 1314-1358

Condomínio é a propriedade em comum, onde várias pessoas tem a titularidade


do direito.

I. Pode ser:

I.I Quanto à origem:

Voluntário: surge da vontade dos condôminos (consorte, comunheiro,


coproprietário), ou seja, as partes convencionam por contrato, como na
alienação ou aquisição por mais de um interessado;

Eventual: nos casos de herança;

I.II Quanto à forma:

Pro-Diviso: existe de direito, mas não existe de fato. Nos casos em que mais de
uma pessoa compra um bem, dividem por uma cerca, porém ambos são donos
de toda a propriedade;

Pro-Indiviso: o que se destaca é a indivisão, não há possibilidade de divisão;

Divisão: é a extinção do condomínio, extingue o condomínio quando a divisão


for de fato e de direito;

4.1 Dos Direitos e Deveres dos Condôminos

Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre
ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de
terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la.

Não pode haver desvio de finalidade;

Para vender não precisa de consentimento, somente após oferecer para os


outros condôminos o direito de preferência, mas poderá vender mesmo sem os

21
outros concordarem. Caso algum condômino se sinta prejudicado pode requerer
dentro de 180 dias e desde que deposite o preço;

Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa


comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos
outros.

Já para posse, uso ou gozo, a um estranho precisa do consentimento dos


demais;

Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para


as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que
estiver sujeita.

Obrigação divisível é a que se divide em partes iguais em tantos quantos forem


os devedores;

Credor comum é aquele que é o credor de mais de um;

Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.

Art. 1.316. Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas,


renunciando à parte ideal.

Quando o condômino se negar a pagar a sua parte nas despesas, deve renunciar
a sua parte ideal.

§ 1o Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, a renúncia


lhes aproveita, adquirindo a parte ideal de quem renunciou, na proporção dos
pagamentos que fizerem.

§ 2o Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa comum será


dividida.

Art. 1.317. Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos, sem
se discriminar a parte de cada um na obrigação, nem se estipular solidariedade,

22
entende-se que cada qual se obrigou proporcionalmente ao seu quinhão na coisa
comum.

Por ocasião de uma dívida deve discriminar a obrigação de cada um ou estipular


a solidariedade (solidariedade não se presume, decorre da lei ou do contrato),
se não fizer presume que a obrigação será proporcional a quota de cada um.
Sendo que se um dos condôminos pagar a obrigação se sub-rogará o direito do
credor satisfeito;

Art. 1.318. As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da


comunhão, e durante ela, obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva
contra os demais.

O condômino que contraiu a divida é o responsável diante o credor. Porém terá


direito de ação regressiva contra os demais.

Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da
coisa e pelo dano que lhe causou.

Os frutos pertencem a todos, mas o prejuízo é só de quem lhe causou.

Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa
comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da
divisão.

§ 1o Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo
não maior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.

Podem acordar que a coisa comum fique indivisa pelo prazo máximo de 5 anos,
podendo prorrogar ulteriormente.

§ 2o Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou


pelo testador.

O condômino voluntário, estabelecido pelo doador ou pelo testador, não poderá


estender-se por mais de 5 anos;

23
§ 3o A requerimento de qualquer interessado e se graves razões o
aconselharem, pode o juiz determinar a divisão da coisa comum antes do prazo.

Art. 1.321. Aplicam-se à divisão do condomínio, no que couber, as regras de


partilha de herança (arts. 2.013 a 2.022).

Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-
la a um só, indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado,
preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino ao
estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais
valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.

Exemplo de coisa indivisível: uma casa;

Preferência da venda o condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele


que fez as mais valiosas benfeitorias ou o que tiver quinhão maior;

Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum


e participam todos do condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre
estranhos e, antes de adjudicada a coisa àquele que ofereceu maior lanço,
proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa seja
adjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições iguais,
o condômino ao estranho.

24
5. DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

Usucapião – já visto acima;

Da Acessão art. 1248

Modalidade de aquisição de propriedade imóvel, através da aderência de um


bem a outro, o qual fica pertencendo a um proprietário tudo aquilo que surgir
naquela propriedade;

É o direito do proprietário de acrescer aos seus bens tudo o que se incorpora,


natural ou artificialmente, a propriedade. Trata-se de um modo originário de
aquisição da coisa que pertence a outrem, pelo fato de se considerar acessória
da principal.

Art. 1.248. A acessão pode dar-se:

I - por formação de ilhas;

II - por aluvião;

Consiste no acréscimo lento de terra, acréscimo que altera a extensão de uma


das margens, beneficiando a um, favorecido, e prejudicando a outro, desfalcado;

Neste caso não cabe indenização

III - por avulsão;

Ocorre de maneira violenta e repentina, tendo como exemplo uma tempestade;

Pertence ao favorecido desde que ele indenize o desfalcado. O desfalcado tem


até 1 ano para reclamar com o favorecido

IV - por abandono de álveo;

V - por plantações ou construções

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Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares
pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras
seguintes:

I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos


aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas
testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;

II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se


acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;

III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam


a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por


depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio
das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem
indenização.

Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de


proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada
um sobre a antiga margem.

Por aluvião, não há indenização;

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar
de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do
acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano,
ninguém houver reclamado.

Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio


a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte
acrescida.

O desfalcado pode reclamar, porém não pode exigir, já que o favorecido tem a
opção de devolver ou indenizar,

26
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários
ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos
terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios
marginais se estendem até o meio do álveo.

Álveo abandonado, rio particular, é necessário que o rio tenha aberto novo curso
por força da natureza;

Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se


feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.

Presunção “júris tantum” , é a regra do princípio de que o acessório acompanha


o principal

Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com
sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica
obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu
de má-fé.

Hipótese em um proprietário de um terreno utiliza sementes ou material de outro;

Sendo de boa-fé será considerado dono do material alheio, ainda que deva
restituir os gastos dos materiais;

Se de má-fé pagará o valor das sementes mais indenização por perdas e danos;

Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em
proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de
boa-fé, terá direito a indenização.

Hipótese em que o dono do material planta ou edifica em terreno alheio;

Se de boa-fé terá direito a indenização; Se de má-fé perde em proveito do


proprietário

Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o


valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a

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propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente,
se não houver acordo.

Quando a plantação exceder o valor do terreno

Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as


sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.

Proprietário do terreno tiver conhecimento e bem como o dono das sementes e


quem plantou, o dono do terreno adquirirá as sementes e as plantações,
devendo ressarcir o valor das acessões (É o direito do proprietário de acrescer
aos seus bens tudo o que se incorpora, natural ou artificialmente, a eles)

Afim de não enriquecer ilicitamente;

Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de


construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.

Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não


pertencerem às sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou
em solo alheio.

EXEMPLO: ‘A’ proprietário do terreno, presenciou a plantação e não fez nada;


‘B’ dono das sementes e ‘C’ plantou as sementes de boa-fé;

Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá


cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la
do plantador ou construtor.

Há uma subsidiariedade entre o plantador e o dono do terreno, tendo como


principal beneficiário o proprietário das sementes;

Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo


alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor
de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção
exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o
valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.

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Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo,
o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em
proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder
consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem
grave prejuízo para a construção.

Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder


a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e
responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à
construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente;
se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e
danos apurados, que serão devidos em dobro.

29
6. DA PERDA DA PROPRIEDADE

Arts. 1275 – 1276

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a


propriedade:

Rol exemplificativo e não taxativo;

I - por alienação;

Alienar – transferir, pode ser onerosa ou gratuita;

II - pela renúncia;

Abre mão de maneira formal e expressa, não pode ser tácita. Só pode renunciar
em termo judicial ou escritura;

III - por abandono;

Meio tácito de perda de propriedade, o proprietário abre mão do direito e para


caracterizar é necessário que o objeto não esteja na posse de ninguém, se afasta
por 3 anos, a propriedade é declarado vago e após é incorporado ao município
se for urbano e ao Estado se for rural;

IV - por perecimento da coisa;

Perece o objeto, há destruição física do bem, o dono da coisa tanto perde a


propriedade como da posse;

V - por desapropriação.

Através de indenização, fundamenta-se no princípio da supremacia do interesse


público sobre o interesse privado;

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade
imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato
renunciativo no Registro de Imóveis.

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Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não
mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem,
poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à
propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas
circunscrições.

§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias,


poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à
propriedade da União, onde quer que ele se localize.

O Estado não adquire bem imóvel por abandono, só a União, Distrito Federal e
os municípios;

§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo,


quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus
fiscais.

Cessa os atos de posse e deixa de satisfazer os ônus fiscais;

Esse parágrafo fere o Princípio do devido processo legal, apenas deixar de pagar
não pode ensejar na perda da propriedade automaticamente;

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7. DA AQUISIÇÃO POR REGISTRO DO TÍTULO

Arts. 1245 – 1247

Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título


translativo no Registro de Imóveis.

É específico de coisa imóvel; A transferência só será reconhecida após o registro


no CRI, Cartório de Registro de Imóveis;

§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser


havido como dono do imóvel.

§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de


invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser
havido como dono do imóvel.

O adquirente que registrou tem uma presunção relativa de ser dono, pois por
meio de uma ação anulatória do registro pode anular o registro, art. 1247;

Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título


ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.

Com a solicitação do registro o oficial do registro ao aceitar deverá protocolar o


registro;

Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado


reclamar que se retifique ou anule.

O proprietário do bem pode reivindica-lo com o cancelamento do registro.

32
7.1 Princípios relativos ao Registro de Imóveis

Princípio da Instância: o oficial de registro não pode registrar bens no nome de


outrem de ofício. Deve ser provocado pela parte interessada ou pelo juiz. A
escritura pode fazer em qualquer cartório do Brasil, mas o registro só poderá ser
feito na circunscrição do imóvel;

Princípio da Publicidade: gera o efeito erga omnes, nesse caso qualquer


pessoa pode pedir a certidão do imóvel sem qualquer justificativa;

Princípio da presunção da veracidade: força probante, se alguém alega que


outrem não é o proprietário, o registro tem a força probante. Presunção juris
tantum, só há um registro que é juris et de juris que é o registro de terrenos; o
registro tem presunção de boa-fé;]

Principio da Legalidade: obriga ao oficial de justiça a analisar se existe defeito


intrínseco ou extrínseco no registo. Deve ser de acordo com a lei;

Princípio da Territorialidade: o registro deve ser feito na circunscrição do


imóvel;

Principio da Continuidade: Somente será viável o registro de título contendo


informações perfeitamente coincidentes que aquelas constantes da respectiva
matrícula sobre as pessoas e bem nela mencionados.

Princípio da Especialidade: deve constar no registro os dados do imóvel, que


é objeto do registro;

Princípio da Primazia: quem primeiro registra é o dono.

33
8. PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA

Arts. 1361 – 1368B

Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel


infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.

Com a finalidade de garantir o débito o credor recebe o bem, tornando


proprietário e o mantém até ser pago o preço do débito, extinguindo o domínio
(resolúvel) sobre o bem.

§ 1o Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado


por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de
Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos,
na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no
certificado de registro.

Propriedade fiduciária se dar por meio de contrato escrito, por instrumento


público ou particular, registrado no CRI, a fim de comprovar a existência legal e
se opor erga omnes, sendo automóvel registrado no DETRAN;

§ 2o Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da


posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa.

Feito o contrato e registrado, constitui a propriedade fiduciária e o


desdobramento da posse, ou seja, o devedor passa a ficar com a posse direta e
o credor com a posse indireta, em que se torna titular da posse da propriedade
resolúvel, até o desaparecimento do domínio, onde se dá a transferência do bem
e consequente direito real sobre a coisa; o que diferencia dos demais direitos
reais (penhor, hipoteca e anticrese), pois nestes o direito real sobre a coisa é
limitado;

§ 3o A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o


arquivamento, a transferência da propriedade fiduciária.

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O devedor vindo a adquirir o domínio superveniente, tem o direito de tornar certa,
desde o arquivamento, a transferência da propriedade fiduciária. Ou seja, o
devedor ainda irá adquirir o bem que posteriormente irá transferir o domínio;

Art. 1.362. O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá:

Contrato formal, escrito, público ou particular, registrado;

Com intuito de mostrar a terceiros a verdadeira situação contratual do bem para


garantia, pressupõe uma dívida;

I - o total da dívida, ou sua estimativa;

II - o prazo, ou a época do pagamento;

III - a taxa de juros, se houver;

Os incisos I, II e III, refere-se a dívida;

IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos


indispensáveis à sua identificação.

Descrição do bem, por meio de número. É indispensável para garantir ao credor


em caso de ação de busca e apreensão;

Art. 1.363. Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco, pode
usar a coisa segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário:

O devedor fiduciante tem o direito de usar e gozar da coisa e de conservá-lo,


antes do vencimento;

Neste caso ao invés de entrar com uma ação de busca e apreensão, poderá
entrar com ação de depositário infiel;

I – a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza;

O devedor tem que conservar e guarda a coisa como se fosse sua;

II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento.

35
Não pagando a dívida o fiduciário deverá restituir a coisa ao fiduciário,

Descumprindo será depositário infiel, estando sujeito a ação de depósito;

O credor pode entrar com ação de busca e apreensão para restituir a coisa

Art. 1.364. Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial
ou extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu
crédito e das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor.

O credor é obrigado a vender a coisa; é um meio de cumprir a obrigação;

Havendo saldo remanescente, a diferença fica com o devedor. Havendo saldo


negativo o credor poderá executar o devedor;

Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a
coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento.

Essa cláusula é conhecida como pacto comissório, sendo considerada


inexistente, não produz efeito no âmbito jurídico;

Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito
eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta.

E uma exceção em que o credor não é obrigado a vender logo o bem, que é a
dação em pagamento, o devedor em comum acordo com o credor entrega, logo
após o vencimento da dívida, a coisa

Art. 1.366. Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da
dívida e das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante.

Em caso de que o credor vender extrajudicialmente num valor desprezível o


devedor poderá se defender por meios de embargos, contestando a liquidez e a
certeza da dívida;

Art. 1.367. A propriedade fiduciária em garantia de bens móveis ou imóveis


sujeita-se às disposições do Capítulo I do Título X do Livro III da Parte Especial
deste Código e, no que for específico, à legislação especial pertinente, não se

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equiparando, para quaisquer efeitos, à propriedade plena de que trata o art.
1.231.

Art. 1.368. O terceiro, interessado ou não, que pagar a dívida, se sub-rogará de


pleno direito no crédito e na propriedade fiduciária.

Incluindo o avalista e fiador do devedor

Art. 1.368-A. As demais espécies de propriedade fiduciária ou de titularidade


fiduciária submetem-se à disciplina específica das respectivas leis especiais,
somente se aplicando as disposições deste Código naquilo que não for
incompatível com a legislação especial.

Art. 1.368-B.A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere


direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor. (Incluído
pela Lei nº 13.043, de 2014)

Parágrafo único. O credor fiduciário que se tornar proprietário pleno do bem, por
efeito de realização da garantia, mediante consolidação da propriedade,
adjudicação, dação ou outra forma pela qual lhe tenha sido transmitida a
propriedade plena, passa a responder pelo pagamento dos tributos sobre a
propriedade e a posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros
encargos, tributários ou não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir
da data em que vier a ser imitido na posse direta do bem. (Incluído pela Lei nº
13.043, de 2014).

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9. REFERÊNCIA

BARROS, André Borges de Carvalho. AGUIRRE, João Ricardo Brandão.


Direito Civil - Elementos do Direito. São Paulo: Editora Premier máxima, 2007.

BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, 2002.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Coisas - Sinopses Jurídicas. 8ª


edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2007.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - vol. V - Direito das


Coisas. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.

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